__/___/____ Peculiaridades
da Autoridade Espiritual
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Atos 2:42-47
42 - E perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43 - E em toda a alma havia temor, e muitas
maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44 - E todos os que criam estavam juntos, e
tinham tudo em comum.
45 - E vendiam suas propriedades e bens, e
repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
46 - E, perseverando unânimes todos os dias
no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de
coração,
47 - Louvando a Deus, e caindo na graça de
todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se
haviam de salvar.
TEXTO
ÁUREO
E aconteceu que, concluindo Jesus este
discurso, a multidão se admirou da sua doutrina;
Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e
não como os escribas.", Mt 7.28,29
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Nas lições abordamos
diversos pontos de vista acerca da autoridade espiritual. Verificamos que o
poder absoluto pertence, exclusivamente, a Deus (Sl 24.1-10).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7LYFZMMVFuHxIEJqv1W2pE3M-IU5lA44nOXCF6YJMaqkOByUhVgEXkCpElN5K4FCJYEfWyKN8UklCx0Y9ok48TOBdLePr_Bp7Do6kM65BSvRJNwUjaHguhe8SnyfCt1ENIiY1c71eLF7p/s320/13%252C+%25282%2529.jpeg)
Analisamos como o corpo de Cristo tornou-se o instrumento
principal por meio do qual se estabelece o Reino de Deus (Ap 1.6). Vimos as
potestades derrotadas enquanto aguardamos a volta de Cristo!
Neste derradeiro estudo, depreenderemos do perfil da Igreja
primitiva algumas características que se constituem marcas genuínas de
autoridade espiritual para os cristãos hodiernos.
1. PERSEVERANÇA NOS
IDEAIS APOSTÓLICOS
No texto bíblico básico, encontram-se os pilares pedagógicos
da Igreja primitiva: os apóstolos (1 Co 12.28). Desse modo, depreenderemos a
importância dada ao dever cristão de perseverar na doutrina dos apóstolos (At
2.42a), a primeira característica que marca uma geração de cristãos cheios da
autoridade e do poder de Deus (Mt 24.13; Mc 13.13).
Dentre as razões que podemos enumerar para a perseverança
nessa marca espiritual, estão:
1.1 As aspirações
apostólicas são as de Cristo
Lucas ressalta, em Atos 5.14, que essa doutrina ensinada por
eles era falar no nome de Jesus. A base do ensino apostólico procede de Cristo
(At 1.2) e, inclusive, hábito salutar que eles praticavam era a prestação de
contas ao Mestre acerca de tudo que faziam e ensinavam (Mc 6.30; Lc 9.10).
1.2. O testemunho
padrão pela pregação
Os apóstolos foram colocados em primazia por Deus na Igreja
para testemunhar de Cristo, Sua morte na cruz e Sua ressurreição (At 4.33; Ap
21.14).
Essa mensagem ideal continha tanto as profecias messiânicas
quanto o mandamento do Senhor e Salvador (2 Pe 3.2), além das instruções
preparatórias sobre as duras provas que seguiriam a decisão por Jesus (Jd
1.17). Assim, a Igreja crescia, edificada sobre o fundamento de sua mensagem
salvífica (Ef 2.20).
2. ÊNFASE NA COMUNHÃO
COM OS IRMÃOS
Comunhão (Gr. koinonia) significa aquilo que se tem em
comum. O refere-se a efetiva participação dos cristãos no Corpo de Cristo (At
2.42b,44,64). A Igreja primitiva era composta por um grupo de cerca de três mil
irmãos, os quais eram ensinados e conduzidos a uma convivência de amor, unidade
e partilha com outros necessitados.
2.1. Relações comuns
A perseverança no ato de compartilhar entre os irmãos é uma
demonstração viva do poder do Espírito Santo no meio deles (Hb 13.16). Paulo
incentiva esse sentimento na carta aos Filipenses, dizendo aos cristãos:
sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa
(Fp 2.2).
2.2. Identidade de
crenças
A uniformidade da crença em relação ao Senhor Jesus, baseada
no testemunho de Seus seguidores, era tão essencial à comunhão da Igreja
primitiva como o é hoje. Os cristãos tem em comum o fato de desfrutar da
relação direta e íntima com Deus, pela fé em Cristo (Jo 17.23). Essa identidade
evangélica foi proposta por Jesus aos apóstolos e, depois, por meio destes,
estendeu-se a cada cristão.
3. APETITE PELA
ORAÇÃO
Lucas evidencia o importante papel da oração na vida
comunitária da Igreja, que se reunia cotidianamente no templo com essa
finalidade (At 2.42c). De fato, o poder de Deus manifesta-se como marca
indelével na vida do cristão que ora continuamente (Lc 21.36).
3.1. A intercessão do
Espírito
Os cristãos devem orar com eficácia (Rm 8.26; Jd 1.20). Para
que tal qualidade ocorra em nossas orações, precisamos ter apetite por essa
atividade (1 Ts 5.17; 1 Tm 2.8); e crer na ininterrupta ajuda do Espírito, pois
o Consolador atua em intercessão constante por nós (Rm 8.26,27).
4. CULTIVO PERMANENTE
DO TEMOR AO SENHOR
Em Atos 2.43a, Lucas afirma que em cada alma havia temor
(Gr. phobos, reverência). Essa é a outra marca distintiva da autoridade e do
poder de Deus na vida do cristão: ele reverencia a trindade santa: Deus Pai (Lc
5.26), Deus Filho (Cl 2.9) e Deus Espírito Santo (Rm 8.15).
4.1. Fonte da
sabedoria
No primeiro capítulo de Provérbios, Salomão afirma que o
temor do Senhor é o princípio da ciência (Pv 1.7), a qual tem sua expressão nos
atos de discernir (Pv 1.2), administrar (Pv 1.3) e proceder (Pv 1.4, sempre de
maneira hábil, com bom senso e pureza de coração (Tg 3.17).
A religião cristã e espiritualidade individual tem seu
começo, meio e fim no temor do Senhor (Sl 111.10). Um homem néscio (Hb. nabhal,
que não usa a razão) não pode temer a Deus, pois vive como se Deus não
existisse (Sl 14.1) concentrado em pensamentos vãos (1 Co 3.20; Tg 1.5).
O culto a Deus não pode ser minimizado nem menosprezado (Cl
3.16; Dt 30.20). Uma igreja carnal será, por definição, um corpo enfermo (1 Co
3.1-3). Entretanto, a partir da conversão pela fé e arrependimento dos pecados
(At 20.21), o corpo de Cristo tem a possibilidade de trilhar um caminho segura
em direção a saúde mental e espiritual (At 2.42), bem como buscar o
amadurecimento e crescimento espirituais (Ef 4.16).
5. ESPÍRITO SOLIDÁRIO
A solidariedade é a marca identitária daqueles que se
preocupam com os outros (At 4.32-35). Esse sentimento foi amplamente divulgado
por Jesus aos discípulos sob a égide do amor (Jo 13.34; 1 Ts 5.15).
A caridade compõe a estrutura da vida cristã. O fracasso em
desenvolvê-la conduz a desintegração do corpo de Cristo, o que pode ocorrer
devido à pressão das perseguições e da ignomínia do mundo. Por isso são
necessárias repetidas exortações à vigilância e ao cuidado mútuo, uma vez que o
amor fraternal mantém a Igreja pura e forte (WILEY, Central Gospel, 2008, p.
538).
Atos 2.44,45 narra um testemunho histórico do trabalho
desenvolvido pela Igreja desde seus primórdios, caracterizado pela
cordialidade, pela compaixão e pelo amor cristão. Tal comportamento era
resultado do poderoso revestimento que os primeiros cristãos receberam do
Espirito Santo (At 2.1-4).
Na Igreja primitiva as necessidades econômicas de grande
parte dos convertidos provocou um movimento solidário, a partir do qual os
apóstolos puderam exercer o cuidado pastoral (At 2.45). Demonstrações de
generosidade e altruísmo, como as que estão descritas no texto bíblico básico
de Atos 2, ilustram bem os laços de união fraternal que une os cristãos.
6. INTREPIDEZ PARA
EVANGELIZAÇÃO
Deus confirmava as ações evangelísticas realizadas pela
igreja dos apóstolos com maravilhas e sinais (At 2.43). A alegria de ser uma
igreja multiplicadora os encorajava a prosseguir, a despeito de todas as
barreiras culturais (At 23.11), sociais (At 4.13), políticas (At 4.29) e,
principalmente, os impedimentos de ordem espiritual (1Ts 2.18).
Aquele mesmo poder, tão evidente na Igreja primitiva, ainda
atua no mundo (2 Co 9.8).
6.1. Ousadia no falar
de Cristo
Deus concede autoridade aos Seus servos, independentemente
de sua condição social ou formação cultural.
Pedro e João, apóstolos muito próximos do Mestre, eram homens iletrados
e indoutos, mas cheios do poder e da autoridade do Espírito Santo para
proclamar, com muita ousadia, Cristo aos pecadores (At 4.13). Essa mesma
coragem acompanhava o ministério do apóstolo de Cristo que possuía maior
conhecimento da Lei, Paulo de Tarso (2 Co 3.12).
A autoridade espiritual produz coragem coletiva, pois os
cristãos são conduzidos por Deus em poder, não em timidez (2 Tm 1.7; Ag 2.4).
Debaixo da autoridade espiritual, cristãos não podem deixar de falar do que têm
visto e ouvido (At 4.20). Para tal, devem orar a Deus e pedir-lhe que os
conduza neste mister (At 4.29).
CONCLUSÃO
A Igreja cristã é a noiva de Cristo (Ap 19.7), selada com o
Espírito Santo (2 Co 1.22), ataviada para as bodas do Cordeiro (Ap 19.9).
Portanto, todos os esforços para marcar esta geração com ações embasadas na
autoridade divina serão tremendamente abençoadores. Devemos ser conduzidos pela
certeza de que não há autoridade espiritual sem fidelidade doutrinária,
espírito solidário, verdadeira adoração e uma comunhão viva, com Deus e com
nossos irmãos, para a glória e honra de Cristo, nosso Senhor.
Fonte: Revista Lições da Palavra
de Deus n° 58
1 – INTRODUÇÃO
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no
partir do pão e nas orações”. At 2.42 “E estes sinais seguirão aos que crerem:
em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas
serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhe fará dano algum; e
porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”. Mc 16.17,18.
2 – A AUTORIDADE DA IGREJA
2.1 – Fundada por Jesus Mt 16.18b “... e sobre esta pedra
(Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo) edificarei a minha (Jesus) igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela”; Missão da igreja: Arrancar as
almas que estão presas no inferno (mundo), chamando-os “para fora”.
2.2 – Assistida e orientada pelo Espírito Santo Jo 14.16 “E
eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco
para sempre”. At 13.1,2 “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o
Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”.
2.3 – Tendo as orações respondidas por Deus At 5.17-32 – (Os
apóstolos são tirados milagrosamente da prisão) v.29 “Porém, respondendo Pedro
e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens”. At
12,1-17 – (Pedro é livre da prisão) v.13,14 “E, batendo Pedro à porta do pátio,
uma menina chamada Rode saiu a escutar: E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo
não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à
porta”. v.16 “Mas Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-no, e se
espantaram”.
3 – ASPECTOS QUE DIFERENCIAM A IGREJA (IDEAIS APOSTÓLICOS)
3.1 – Obediência à vontade de Cristo – Doutrina – Vida
cristocêntrica Gl 2.20 “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu,
mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho
de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. Jo 13.35 “Nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. Mc
8.34 “E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se
alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”.
3.2 – A comunhão At 2.44,45 “E todos os que criam estavam
juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e fazendas, e
repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”. 1Co 11.33 “Portanto,
meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros”. 1Co
12.26 “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele;
e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele”. Rm 12.15
“Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram”. Pv 3.27 “Não
detenhas dos seus donos o bem, estando em tuas mãos poder fazê-lo”.
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3.3 – Oração Lc 21.36 “Vigiai pois em todo o tempo, orando,
para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de
acontecer e de esta de pé diante do Filho do homem”. 1Ts 5.17, 18a “Orais sem
cessar. Em tudo dai graças...”
3.4 – Temor ao Senhor Sl 111.10 “O temor do Senhor é o
princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu
louvor permanece para sempre”. Pv 14.26,27 “No temor do Senhor há firme
confiança e ele será um refúgio para seus filhos. O temor do Senhor é uma fonte
de vida, para preservar dos laços da morte”.
3.5 – Espírito solidário 1Co 13.1 “Ainda que eu falasse as
línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que
soa ou como o sino que tine”. 1Ts 5.15 “Vede que ninguém dê a outrem mal por
mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com
todos”. At 2.45 “E vendiam suas propriedades e fazendas, e repartiam com todos,
segundo cada um havia de mister”.
3.6 – Evangelização – Ide..., sabendo que Jesus está sempre
conosco. Mt 28.19,20 “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até
à consumação dos séculos. Amém”.
4 – CONCLUSÃO
A autoridade espiritual é marcada pelos seguintes pontos:
- Fidelidade doutrinária – Os ensinos de Jesus; -
Solidariedade e bondade – A prática dos ensinamentos; - Comunhão entre os
irmãos – Ser verdadeiramente seu discípulo. - Espírito de adoração – Reverência
a Deus em todo o tempo;
POR : (Pr. Alexandre Ouverney)
ADVEC – ASSEMBLEIA DE
DEUS VITÓRIA EM CRISTO | TAQUARA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – MATERIAL
SUPLEMENTAR LPD n.º 58 – Autoridade Espiritual 2.º Trimestre de 2019
Autoridade Espiritual Genuína
DAVID W. DYER
Préfacio
No deserto, os filhos de Israel foram confrontados com um
problema. Surgiu, entre eles, uma questão sobre quem deveria estar em
liderança. Além de Moisés e Arão, havia outros homens na congregação que eram
bem conhecidos e considerados líderes. Entre eles estavam Datã e Abirão, que
reuniram outros 250 para desafiar a liderança dos ungidos de Deus. Eles estavam
lutando por posições de autoridade e reconhecimento entre o povo de Deus.
Falaremos mais tarde, no capítulo 2, acerca do julgamento de Deus sobre estes
rebeldes, mas aqui a nossa consideração é diferente.
Imediatamente após este confronto relativo à autoridade de
Deus ter sido resolvido, Nosso Senhor sentiu que era necessário ensinar a Seu
povo uma lição sobrenatural. Ele sabia que Seus filhos, no futuro, também
precisariam ser capazes de reconhecer a autoridade espiritual. Eles iriam
necessitar de uma base pela qual poderiam julgar que tipo de autoridade era
simplesmente humana e qual era verdadeiramente divina. Já que a autoridade
terrena pode ser comovente com todo o seu charme e possibilidades, talvez nós
também possamos nos beneficiar da ilustração sobrenatural de Deus.
O que Deus fez foi
isto: Ele instruiu Moisés a tomar um cajado de cada um dos líderes da
congregação. Esta vara era um símbolo de liderança e autoridade. Essa coleção
de varas, entre as quais aquela de Arão, foi colocada no tabernáculo durante a
noite. Pela manhã, algo sobrenatural havia ocorrido. A vara de Arão tinha
mudado de três maneiras. Ela havia brotado, florescido e dado frutos – tudo ao
mesmo tempo! Isto é realmente incrível.Você já viu um galho de uma árvore ter
botões, flores e frutos simultaneamente? As outras varas permaneceram como eram
– velhas, duras e secas. Mas a vara daquele que estava manifestando autoridade
divina tornou-se completamente diferente.
Esta ilustração ainda fala conosco hoje. A autoridade humana
e a autoridade verdadeiramente divina tem, cada uma, um distinto sabor
espiritual. Cada uma tem características individuais que podemos identificar. A
autoridade terrena é dura e seca. Ela exige direitos sobre nós, mas não dá satisfação.
É exercida pela força humana e impingida com medidas terrenas. Assim como uma
vara velha e seca poderia ser usada para bater ou golpear um animal
desobediente, assim também a autoridade humana controla os outros através do
uso da poder, coerção, exigências ou força superior, seja física ou
psicológica. Hoje, por exemplo, entre os grupos cristãos esta autoridade é
freqüentemente escondida através da aceitação ou rejeição do grupo. O líder
manipula a opinião do grupo que, então, serve como um tipo de vara para
disciplinar o desobediente.
A verdadeira autoridade espiritual, por outro lado, tem um
sabor inteiramente diferente! Ninguém nunca pensaria em bater em alguém com um
galho cheio de flores e frutos. Alguma coisa a mais está focalizada aqui. Para
começar, os botões falam de algo novo, macio e fresco, algo que está vivo.
Assim, vemos que a autoridade espiritual está viva e que é cheia da vida
divina. As flores nos falam de algo cheiroso, algo com o doce perfume do
caráter de Cristo. E os frutos nos falam de algo nutritivo, não de exigência,
mas de satisfação. Estas são as características da verdadeira liderança e
autoridade espiritual. Aqueles que a estão exercendo exibirão estas qualidades:
eles estarão cheios da vida de Deus, vivendo em comunhão íntima com Ele. Eles
terão o aroma doce de Cristo porque tiveram o caráter Dele saturando suas
vidas, tendo suas próprias habilidades naturais e autoridade quebradas por Sua
mão. Finalmente, eles serão uma fonte de alimento e satisfação ao invés de
exigência seca, já que eles próprios estão firmemente ligados à videira
celestial.
Aqui, irmãos e irmãs, está o verdadeiro teste de toda e
qualquer autoridade na Igreja cristã. Quais características ela mostra? Que
sabor e aroma ela tem? Verdadeiramente estas coisas são espiritualmente
discernidas e não podem ser compreendidas pelo homem natural. Mas isto não nega
a realidade dela. Cada um de nós é requerido por Deus a se submeter à Sua
autoridade. Portanto, é necessário que cada um de nós seja capaz de discernir e
decidir o que vem verdadeiramente Dele, e o que é apenas a vara do homem. Em
cada lugar e em cada grupo há aqueles que estão declarando ter ou estar com a
verdadeira autoridade. Possa Deus nos dar graça para que possamos discernir o
sabor do que é genuinamente Dele. Possa Deus também usar este livro para ajudar
o Seu povo em todo este importante empreendimento.
AUTORIDADE NA IGREJA
Há, certamente, necessidade de autoridade na Igreja. Não há
dúvida de que Deus usa os homens para serem ambos, líderes e exemplos para
outros e para atraí-los para um relacionamento com Cristo. Mas que tipo de
autoridade deveria ser essa? É uma autoridade que é derivada de uma “posição”
na Assembléia? Ela vem de uma indicação para ser ancião, ministro, diácono ou algo
similar? Um título ou um “cargo” qualifica um homem para liderar o povo de
Deus? Essa responsabilidade é conferida a alguém por outros homens que também
possuem algum título, educação ou posição? Vem por algum tipo de voto de
confiança dado pela maioria? Ou esta honra é colocada sobre alguém pela virtude
de ser a personalidade mais forte do grupo? Certamente não! Todos esses são
apenas métodos terrenos que servem só para impedir os propósitos de Deus e
levar as pessoas á escravidão.
Como vimos, a genuína
autoridade espiritual emana do próprio Deus. Aqueles que exercem tal autoridade
são vasos preparados que transmitem os pensamentos e desejos de Deus para o Seu
povo. É este tipo de autoridade que deveríamos estar exercendo na Igreja hoje.
Precisamos desesperadamente de homens que falem quando Deus fala com eles, que
liderem de acordo com Sua direção e que manifestem Suas revelações. A grande
necessidade atual não é daqueles que foram treinados, eleitos ou indicados para
posições de autoridade, mas daqueles que são íntimos de Deus e através dos
quais Ele pode transmitir livremente Sua vontade.
A genuína autoridade espiritual não vem por uma indicação
para uma “posição” ou “diaconato”. Embora certos homens tenham adquirido no
Novo Testamento rótulos como “ancião”, “diácono” ou “apóstolo”, a autoridade
deles não veio por causa de alguma “posição”. A verdade é exatamente o
contrário. Tais designações vieram como resultado do profundo trabalho
espiritual que Deus fez interiormente neles. Elas eram uma maneira de descrever
suas funções especiais no corpo. Em alguma área específica Deus preparou esses
homens para serem canais de Sua autoridade. Esses nomes foram usados para
identificar essas áreas de serviço, não para qualificá-los para elas.
Sim, a Bíblia diz que os Apóstolos “ordenaram” presbíteros
em cada Igreja (Atos 14:23). Mas o que este termo realmente significa? W. E.
Vine, em seu Dicionário Expositor das Palavras do Novo Testamento, diz o
seguinte: “não se trata de uma ordenação eclesiástica formal, mas a escolha,
para o reconhecimento das Igrejas, daqueles que já tinham sido levantados e
qualificados pelo Santo Espírito e dado evidência disso em suas vidas e em suas
obras.” Você vê que os Apóstolos não estavam arbitrariamente selecionando
homens que preenchessem certas qualificações ou que, talvez, estivessem mais
desejosos de prosseguir com a programação deles ou que, possivelmente, tivessem
muito dinheiro ou influência na comunidade. Ao contrário, com olhos
espirituais, eles estavam indicando, para benefício daqueles que não podiam ver
tão claramente, aqueles que Deus havia selecionado e preparado para usar como
Seus vasos.
Um dano incalculável tem sido causado ao povo de Deus por
meio da má interpretação deste princípio. Muito frequentemente, homens são
indicados por outros homens para uma “posição” com o pensamento que algum tipo
de autoridade é necessário na Igreja. Tremendo prejuízo e perda tem sido
experimentados pelo povo de Deus através dessa prática. Quando nós
estabelecemos na Igreja de Deus a autoridade delegada, terrena, nós estamos
oferecendo uma substituição para a verdadeira. Quando nós elegemos ou indicamos
homens de acordo com a razão ou a percepção humana, nós estabelecemos uma
variedade de autoridade que é estranha ao plano de Deus e que será só um
impedimento para Sua perfeita vontade.
A razão para isto é que, não importa o quão fiel às
Escrituras isto seja, a autoridade hierárquica nunca pode produzir resultados
espirituais. Nada que se origine no nível terreno pode chegar aos desígnios de
Deus. A Bíblia é bem clara: “A carne para nada aproveita” (João 6:63). A
autoridade humana nunca pode transmitir o poder necessário para transformar
vidas humanas. Ela não pode atingir o interior de uma pessoa e tocar em seu
coração. O melhor que toda autoridade delegada pode produzir é um tipo de
arranjo terreno que se aproxima do trabalho do Espírito. Isto não apenas não
efetua algo de valor eterno, mas rouba aos crentes a oportunidade de
experimentar a realidade de Cristo.
Por favor, não compreendam mal isto: esforços humanos
movidos pela autoridade natural podem ser capazes de realizar coisas notáveis
no mundo religioso. Campanhas de “reavivamento,” acionamento de membros,
levantamento de fundos e projetos de construção, podem todos ser executados por
forte liderança humana. Mas, lembremo-nos que “sucesso” não é a medida para
nossas realizações espirituais. Não importa quão grandiosos ou impressionantes
nossos trabalhos possam parecer, se eles tiverem sido construídos com
substâncias erradas – elementos terrenos em vez de sobrenaturais – eles serão
destruídos no dia do julgamento.
UMA MENSAGEM PARA HOJE
Vamos nos dar conta de que todos estes exemplos do Velho
Testamento não são apenas histórias
interessantes. Na verdade eles foram registrados com uma intenção específica:
para que pudéssemos perceber neles verdades espirituais. Assim como era naquela
época, hoje também nós temos escolhas a fazer no que se refere à autoridade.
Claro que, como habitantes desse mundo, nós devemos nos submeter às autoridades
terrenas (1ª. Pedro 2:13). Com referência à nossa interação com o mundo, está
bem claro que a autoridade delegada se aplica a nós. Mas, com respeito à nossa
participação na Igreja, essas duas variações de liderança estão também
presentes–autoridade humana e autoridade espiritual. Um tipo de autoridade é estabelecido
pelo homem e fortalecido por todos os sustentáculos comuns como títulos,
posições e vestimentas. O outro tipo é estabelecido por Deus e é confirmado
pelo Seu Espírito. No corpo de Cristo nós temos uma escolha. Por um lado,
podemos aprender a reconhecer a autoridade de Deus e a nos submeter a ela,
quando Ele nos fala pessoalmente ou quando Sua vontade está sendo transmitida
através de Seus vasos escolhidos. Por outro lado, podemos nos sujeitar a algum
tipo de autoridade humana, delegada, que é estabelecida e reconhecida pelo
homem. Temos diante de nós os dois caminhos o terreno e o celestial.
É verdade que Deus
permitiu a Seu povo seguir seu próprio caminho e indicou um rei para ele. Mesmo
que Ele não quisesse isto, Ele continuou a trabalhar tanto quanto possível
através deste sistema errado para trazer Seu povo a uma intimidade com Ele. Da
mesma forma hoje Ele tolera nosso comportamento desobediente quando
estabelecemos para nós mesmos uma autoridade terrena na Sua Igreja. Em Sua
abundante misericórdia e graça, Ele trabalha mesmo em meio a nossos “sistemas
reais” o tanto quanto Ele pode, para cumprir Seus propósitos. Mas esta não é a
Sua perfeita vontade e isto nunca pode realizar Seus mais sublimes desejos. Em
vez disso, a Bíblia deixa bem claro que estabelecer tal autoridade é uma
rejeição da Sua própria e um grave erro. As três conseqüências deste erro que
Samuel tão claramente predisse, são as seguintes :
1) Rouba às pessoas
os seus frutos espirituais (filhos e filhas). A autoridade humana paralisa o
corpo de Cristo pela colocação de suas próprias orientações e planos no lugar
do Espírito Santo. Embora esta autoridade possa ser bem intencionada e possa
mesmo ter muitos programas, tais como “metas evangelísticas,” o poder tremendo
do Evangelho é diminuído quando a substituição for feita. Um resultado
desfavorável é que os cristãos tendem naturalmente a olhar para a autoridade
humana em busca de direção e aprovação, em vez de estar sendo continuamente
dirigidos por sua verdadeira Cabeça. Consequentemente, aqueles que estão sob
este tipo de autoridade hesitam em iniciar algo por eles mesmos, com receio de
que isto seja visto como um desafio à posição do líder. Com o passar do tempo,
tornam-se incapazes de serem dirigidos pelo Espírito Santo. Isto rouba poder
espiritual dos cristãos. Conforme a intimidade real com a verdadeira Autoridade
é substituída por algo humano e fraco, o fruto que produz em cada faceta da
vida espiritual é constrito.
2) A autoridade humana demanda o dinheiro das pessoas (suas
posses). Está fora de questão que a importância de qualquer posição terrena é
julgada pela sua esfera de influência e por sua extravagância. Quanto mais
pessoas um líder tem sob sua autoridade, mais importante ele é. Quanto maior o
território que ele governa, maior prestígio ele tem. Usualmente, acompanhando
esta elevação perante os olhos humanos, estão roupas extravagantes, meios de
transporte mais caros e moradias mais luxuosas. Na Igreja de hoje não é
diferente. Quase invariavelmente, conforme cresce a influência de um líder,
cresce também o desejo dele de conseguir lugares de encontro que sejam maiores
e mais impressionantes, um guarda-roupa mais condizente com sua posição e, em
geral, um aumento de salário. Isto inevitavelmente custa dinheiro e este
dinheiro vem daqueles que se colocaram sob a influência desta autoridade
terrena.
Pare um momento e compare isto com o exemplo de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Ele não tinha lugar para apoiar Sua cabeça e, provavelmente,
também não tinha uma muda de roupas. Ele nunca construiu palácios ou templos.
Constantemente recusava qualquer posição de autoridade terrena. Seu pagamento
era o que o Pai movia os outros a lhe darem. Como fica o que estamos fazendo,
comparando com isto? É verdade que as Escrituras nos exortam a dar nosso
dinheiro para o obra e para os obreiros de Deus. Mas, se usarmos nossas rendas
para sustentar autoridades e esforços simplesmente humanos, não seremos
recompensados. Quando o fogo de Deus descer, tudo que tiver sido construído de
materiais naturais (madeira, feno e palha) será consumido e nosso dinheiro tão
dificilmente ganho desaparecerá com eles na fumaça. Por outro lado, se formos
cuidadosos para investir nosso dinheiro em coisas que são verdadeiramente
espirituais, nosso investimento produzirá frutos para a eternidade. Quando nós
usamos nossas finanças para sustentar trabalhos e líderes verdadeiramente
espirituais, jamais perderemos nossa recompensa.
3) A autoridade não
espiritual leva o povo de Deus a ser escravo da vontade humana, usando seu tempo,
energia e talentos para construir uma organização terrena em vez de um corpo
espiritual. A autoridade natural, com todos os seus planos e programas,
necessita de pessoas para fazer o trabalho. Então, quando você se coloca sob
tal autoridade, você passa a permitir que a usem como um instrumento para tais
empenhos. Além disso, na mesma proporção que você se submete a ter sua vida
governada por autoridade humana, você exclui a autoridade do Espírito. Você não
pode servir a dois senhores. É inevitável que surgirá um conflito entre os
dois. Seu Mestre Celestial deseja dirigir cada aspecto de sua existência e
qualquer outra autoridade só irá ser competitiva e frustrante. Quando você
escolhe a maneira terrena, como os Israelitas fizeram, você se torna um escravo
da vontade e dos caprichos humanos, em vez de experimentar a verdadeira
liberdade da submissão a Deus.
Esta é uma escravidão da qual Deus não vai nos libertar (1ª.
Samuel 8:18). Deus nunca violará nossa vontade. Quando escolhemos algo, Ele não
irá nos forçar a mudar de decisão. Ele pode trabalhar de muitas maneiras
diferentes para nos fazer ver nosso erro. Nós podemos descobrir nossa percepção
de Sua presença em nossa vida abatida. Podemos começar a achar que problemas
que pareciam pequenos quando estávamos caminhando em intimidade com Jesus,
agora parecem insuperáveis. Ele pode mesmo permitir que nos tornemos miseráveis
no caminho que escolhemos. Mas, quando nós voluntariamente nos sujeitamos à
autoridade humana, Ele não nos livrará dela. Nossa única alternativa é reverter
a escolha. Devemos exercitar nossa própria vontade e escolher nos afastar de
qualquer autoridade na Igreja que seja uma substituição de Sua própria
autoridade.
Isto pode ser uma
surpresa para muitas pessoas mas é, apesar disso, verdade. Quando nós nos
submetemos à autoridade terrena, nós realmente nos colocamos debaixo de uma
maldição. A Escritura diz: “Maldito é o homem que confia no homem e faz da
carne a sua força, cujo coração se aparta do Senhor. Porque ele será como o
arbusto solitário no deserto e não verá quando lhe vier o bem; antes morará nos
lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável” (Jeremias 17:5 e 6).
Note que confiar no homem e afastar-se de Deus estão ligados. Quando você olha
para seres humanos, você não pode evitar de tirar os olhos de Deus. Um outro
verso nos adverte : “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em
quem não há salvação. Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia
perecem todos os seus desígnios.” E continua : “Bem aventurado aquele que tem o
Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor Seu Deus (Salmo
146:3-5).
Pela discussão precedente, deve estar evidente que há dois
tipos básicos de autoridade no mundo hoje. Há o tipo superficial, terreno,
chamado “autoridade delegada,” que Deus usa para exercer algum controle sobre
aqueles que não o conhecem e nem o seguem. E há a “autoridade espiritual,”
transmitida, que sempre foi a escolhida por Deus para governar Seu povo. Uma é
para o mundo, a outra é para o que hoje é chamada Sua Igreja. Uma funciona, de
certa forma, independente de Deus, enquanto que a outra, não. De fato, nem
sequer pode funcionar, a não ser que Deus esteja falando ou se movendo.
A VERDADEIRA
AUTORIDADE ESPIRITUAL
Certamente a maioria
dos leitores já percebeu que a verdadeira questão aqui não é um argumento sobre
personalidades ou opiniões. Não é uma análise de quem teve as melhores idéias
ou conselhos. É a questão da autoridade espiritual. Era uma discussão sobre
quem estava qualificado para liderar o povo de Deus de acordo com a Sua
vontade. Desde que está evidente que este assunto é tão importante e que Deus
foi a graus tão extremos para demonstrar-nos sua seriedade, parece bom gastar
um pouco de tempo aqui e examinar a necessidade de reconhecer a genuína
autoridade espiritual e qual deve ser nossa resposta a ela.
No primeiro artigo desta série sobre autoridade espiritual,
nós descobrimos que há duas variedades de autoridade no mundo hoje. Um tipo é a
autoridade terrena, chamada autoridade “delegada,” que Deus instituiu para
manter o mal deste mundo sob controle. Esta autoridade é exercida por aqueles
que detém títulos e posições em nossas sociedade, tais como policiais, oficiais
do governo, juízes, etc. O outro tipo de autoridade é o “espiritual”, que nós
chamamos autoridade “transmitida.” Aqueles que manifestam esta tipo de
autoridade são simplesmente canais através dos quais a autoridade de Deus flui
diretamente. Estes são vasos autorizados através dos quais Deus escolheu
transmitir Sua vontade. Quando tal autoridade é exercida, é uma revelação do
próprio Deus.
Como vimos anteriormente, Moisés era um tal vaso da
autoridade divina. Ele era um homem que foi usado por Deus para manifestar Seus
próprios planos e propósitos de uma maneira assombrosa. Muito poucos homens na
história do mundo manifestaram tamanha liderança e poder espiritual. Nós
sabemos que Moisés não estava instituindo suas próprias idéias e opiniões. Ele
não estava liderando o povo de Deus de acordo com sua própria sabedoria e
direção. Ele era simplesmente um instrumento sendo usado por Deus para
transmitir Sua vontade ao Seu povo. Ele era um canal através do qual Deus
falava clara e diretamente.
Talvez esta compreensão ajude a explicar a severidade da
reação de Deus ao desafio de Coré e seus companheiros. Eles pensavam que
estavam em desacordo com um homem. Imaginavam que estavam tratando com algum
tipo de autoridade delegada, terrena. Ao contrário, descobriram que estavam se
opondo ao próprio Deus. Embora a autoridade de Deus estivesse sido manifestada
através de em vaso humano, isto não diminui o fato de que era realmente ELE!
Moisés tentou salvá-los de seu erro e explicou-lhes o fato, dizendo: “Portanto
você e seus companheiros estão reunidos contra o Senhor” (Num 16:11), mas eles
se recusaram a ouvir. Conseqüentemente, sofreram o mais espantoso e veloz
julgamento do próprio Deus. Sem o imaginar, haviam desafiado a Ele diretamente
e Ele estava pronto para responder.
UM PRE-REQUISITO
NECESSÁRIO
Aqui está uma verdade essencial sobre a genuína autoridade
espiritual. Antes que alguém possa ser grandemente usado por Deus para
transmitir Sua autoridade, ele precisa ser quebrado. Ele primeiro precisa de um
trabalho sobrenatural realizado em seu ser natural para que não ser mais
inteiro. Ele precisa ser quebrado por Deus. Quando este trabalho termina, ele
não é mais capaz de usar seus talentos naturais e habilidades para servir a
Deus. Ele não fica mais planejando a libertação de Seu povo. A sua própria
capacidade de liderança falhou e, então, a menos que Alguém mais poderoso se
mova nele, ele não via absolutamente se mover. Uma vez que o filho de Deus
alcance esta posição, então ele está pronto para uma grande obra. É então que
tal pessoa pode ser realmente usada por Deus. Quando sua confiança em seus dons
pessoais, em sua personalidade, conhecimento e habilidades termina total e
completamente, então e só então, ele está qualificado para ser usado de uma
maneira poderosa para manifestar a verdadeira autoridade espiritual.
Não apenas o homem chamado Moisés teve que se submeter a
essa experiência, mas todos aqueles que têm sido usados por Deus também
conheceram Sua mão poderosa em suas vidas. Pare um momento e considere
cuidadosamente a história de algumas outras figuras bíblicas. Leia a história
de José e veja quanto sofrimento ele teve que suportar antes de estar pronto
para a grande liderança. Lembre-se de Abraão que recebeu tremendas promessas.
Enquanto não foram aprovados, ele e Sara planejaram cumprir a Palavra de Deus
por sua própria força. O desastre dessa decisão permanece conosco até hoje.
Mas, após muitos anos de tratamento de Deus, quando ele e sua esposa já haviam
esgotado sua própria capacidade, eles viram o poder de Deus revelado.
Reveja a história de Jacó, o “usurpador,” o maquinador,
aquele que estava sempre planejando um modo de levar a melhor. Ele até mesmo
lutou com o anjo até que Deus tocou em sua coxa. A parte mais forte de seu
corpo foi sobrenaturalmente deslocada e ele não foi mais o mesmo. Depois disso
ele não pôde mais caminhar como fazia antes. Alguma coisa tinha mudado
permanentemente. Foi então que o seu nome foi mudado de Jacó, o “usurpador,”
para “Israel,” o “príncipe de Deus.”
Mesmo o rei Davi não se tornou poderoso repentinamente, mas
foi preparado por Deus durante anos, enquanto apascentava as ovelhas e, mais
tarde, durante suas experiências com Saul. Posteriormente, ele foi muito útil a
Deus para subjugar Seus inimigos. Imaginem a tristeza e o quebrantamento que
Naomi e Ruth tiveram que suportar antes de verem a vitória se manifestar a
elas. Esses e muitos outros tiveram que passar pela experiência da “sarça
ardente.” Era necessário para eles serem transformados de homens e mulheres
naturais em seres espirituais de modo a terem sua própria força subjugada por
Deus.
UM PROBLEMA NA IGREJA
HOJE
Hoje na Igreja Cristã
há um problema muito comum. Homens e mulheres jovens nascem de novo, recebem
dons, são chamados por Deus e ungidos para o trabalho do ministério. Seus dons
são reais. Seu chamado é genuíno. Mas o trabalho de preparação de Deus em suas
vidas não está completo. Por razões que examinaremos em breve, irmãos tão
talentosos são freqüentemente colocados em posição de autoridade para as quais
eles não têm alternativa senão agir como homens naturais. Tal autoridade
terrestre introduzida na Igreja interrompe o fluir da autoridade divina, que é
essencial para o funcionamento adequado de Corpo, e macula o trabalho de Deus.
Ela traz um elemento natural, humano, que não pode produzir algo espiritual e
se torna apenas um estorvo.
Por favor, não entendam mal. Jovens crentes podem exibir
algum grau de autoridade espiritual. Enquanto eles operam na esfera do
ministério que o Espírito Santo abre para eles, não há dificuldade. Claro que
no início essa esfera é pequena e cresce conforme aumentam sua habilidade e
sensibilidade para com Deus. Entretanto, conforme eles começam a trabalhar no
Corpo de Cristo, freqüentemente chegam a uma posição em que começam a exercer
uma autoridade que está além de sua capacidade e, consequentemente, caem no
laço do diabo (1ª. Tim 3:7). Este problema parece desenrolar-se de duas
maneiras.
O primeiro enredo é algo assim: Esses novos convertidos são
comumente muito zelosos e têm uma energia enorme para gastar nas coisas de
Deus. Os outros irmãos não podem deixar de notar os dons, a unção e a
habilidade de liderança operando nessa pessoa. Como nós temos visto desde os
capítulos anteriores, os homens naturais freqüentemente desejam uma autoridade
terrena, um “rei.” Eles gostam de ter alguém para lutar as batalhas, para
cuidar dos problemas, descobrir a direção de Deus e outras coisas mais. Então,
quando eles vêem aqueles que estão cheios de energia, aqueles que Deus está
usando e que têm dons espirituais verdadeiros, normalmente os empurram para a
frente na Igreja. Eles os tomam e fazem deles seus pastores, anciãos e assim
por diante. Muito freqüentemente, eles os elevam acima de sua capacidade
espiritual e os colocam em “posições” de autoridade na Igreja, sobre o que
falamos anteriormente.
Claro que estes recém-convertidos não têm sabedoria e
maturidade para evitar esta cilada. Acreditam sinceramente que os que os estão
impelindo devem saber o que é certo. Já que eles estão famintos, como Moisés
estava, para servir a Deus e fazer a Sua vontade, permitem que os homens os
coloquem nessas posições. Mas esse é um sério engano. É impossível para esses
indivíduos agir adequadamente, de acordo com o Espírito. Eles simplesmente não
têm a preparação divina. Sua sensibilidade espiritual a Deus e sua desconfiança
em sua própria capacidade ainda não foram completamente estabelecidas. Isso
então os leva a não ter outra opção a não ser agir naturalmente, confiando em
sua própria capacidade. É esse tipo de injeção de autoridade que tão
rapidamente macula a Igreja.
Se tais indivíduos têm uma personalidade forte e muita
energia, eles podem demonstrar sucesso no que estão fazendo, pelo menos por
enquanto. Os outros podem aplaudir suas realizações. Sua influência pode se
expandir e seu “ministério” cresce muito rapidamente. Em pouco tempo estão
liderando alguma grande organização religiosa e atraindo novos membros.
Todavia, nosso Deus compreende profundamente a verdadeira substância espiritual
de todas as nossas obras. Qualquer coisa que tenha sido feita por nossa própria
energia e esforço é rejeitada por Ele. Tais coisas terrenas serão queimadas no
trono de julgamento de Cristo. Madeira, feno e palha não podem permanecer
naquele dia (1ª. Cor 3:12).
É também possível que
Deus tenha misericórdia desses jovems recrutas e permita que seu trabalho falhe
e pereça. Ele faz isso com muito amor para que eles não se tornem enredados
completamente em seu erro. Ele anseia que eles venham a um lugar de
quebrantamento diante Dele. Contudo, muitos desses indivíduos não compreendem
tais obras nem percebem a mão de Deus em suas derrotas. Eles não entendem como
Deus poderia “abandoná-los” quando eles estavam trabalhando tanto para Ele.
Conseqüentemente, tornam-se amargos e desiludidos. Sua fé naufraga. Para muitos
desses crentes, o que eles vêem outros cristãos fazendo ao redor deles é a sua
única direção. Conforme esse padrão, eles não tiveram sucesso e freqüentemente
acreditam que Deus os abandonou. Parece difícil para alguns mudar esse
conceito. Eles até renunciam a servir a Deus inteiramente ou se mudam para usar
métodos cada vez mais humanos para conseguir os resultados que aprenderam a
esperar.
A segunda razão pela
qual os jovens crentes muitas vezes chegam a posições de autoridade (uma razão
que, geralmente, opera em conjunto com a mencionada anteriormente) é que eles
mesmos as procuram. Essas são pessoas normalmente fortes e mesmo antes de sua
conversão costumavam confiar em suas próprias habilidades. Então, quando vêm
para a Igreja, Deus ainda não teve tempo de mudar essa situação. Como eles são
bem-dotados, ambiciosos e até mesmo chamados por Deus, esses homens e mulheres
naturalmente chegam ao topo em qualquer situação. A menos que haja crentes mais
velhos e maduros que tenham experimentado a mão esmagadora de Deus em suas
vidas para aconselhar e dirigir tais jovens, a tomada da autoridade divina em
suas mãos é quase inevitável. Esses cristãos, pela força natural, se elevam
acima de sua esfera espiritual e se tornam líderes. Isto não apenas se torna um
sério obstáculo na Igreja mas, com o passar do tempo, também provocará um
severo impacto negativo sobre a pessoa que foi assim elevada.
Alguns homens gostam de exercer autoridade sobre os outros.
É um verdadeiro impulso para o seu ego pensar que podem controlar um grande
número de pessoas. Depois que se convertem e se enchem do Espírito Santo,
começam a ver Deus usá-los de muitos modos, talvez até miraculosamente. De
repente se torna muito fácil para eles impressionar as pessoas e atrair
seguidores. Seus dons espirituais só servem para aumentar suas disposições e
habilidades humanas. A menos que esse tipo de personalidade natural seja
humilhada e subjugada por Deus, essas pessoas irão automaticamente agarrar
tanto poder quanto elas possam.
A Igreja hoje está cheia de tais líderes. Alguns se esforçam
para ver quantas pessoas eles podem influenciar. Fazem alarde para quem quiser
ouvir sobre quantas “Igrejas” estão “debaixo” de seu ministério, sobre quantos
“grupos familiares” eles têm ou quantos novos membros conseguiram recrutar.
Muitas vezes tais indivíduos encontram um modo de tirar de suas Igrejas outras
pessoas que estão sendo levantadas por Deus ou qualquer outro que pareça ser
uma ameaça à autoridade deles. Como sua autoridade tem uma base humana, ela só
pode ser defendida por meios humanos. Contendas, orgulho, ciúme, e muitas
outras coisas são evidenciadas em tais situações. Este tipo de “autoridade” é
repugnante para todo aquele que tem olhos verdadeiramente espirituais. Esses
crentes caíram no laço do diabo.
O exercício de autoridade na Igreja de Cristo é algo muito
profundo. Não é uma coisa que se possa analisar superficialmente. Não estamos
tratando aqui de alguma organização ou negócio terrestre. Só porque alguém tem
“capacidade de liderança” no mundo, isso absolutamente não o qualifica para
fazer qualquer coisa na Igreja. Como precisamos examinar esse assunto com o
temor de Deus! Quanto nós homens precisamos nos arrepender de substituir a
autoridade de Deus pela nossa própria! O que se supõe que nós devamos construir
aqui, é algo eterno, algo de substância celestial. Nós precisamos tomar essa
responsabilidade muito seriamente e enfocar o exercício de autoridade com
trêmulo receio de corromper o trabalho de Cristo. O mau uso, e a má
interpretação da autoridade de Deus, é uma das razões primárias pela qual a
Igreja como um todo está em um grau de espiritualidade tão baixo e ainda não
cumpriu sua missão para com o mundo.
VERDADEIRA LIDERANÇA
Este é, então, o plano de Deus. Aqueles que estão sendo
usados por Deus para transmitir Sua autoridade têm uma atitude completamente
diferente daqueles que têm autoridade no mundo. Eles não têm a intenção de
“exercer autoridade” sobre outro irmão ou irmã, mas estão simplesmente expressando
a vontade de Deus de acordo com a Sua direção. Estes homens e mulheres nunca
chegam a uma posição de serem maiores que os outros ou de estarem acima deles,
mas são servos usando seus dons para edificar os outros. O próprio Paulo disse,
referente á autoridade manifesta através dele, “não que tenhamos domínio sobre
a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vossa alegria” (2ª. Cor 1:24).
Embora algumas versões portugueses da Bíblia traduzam 1ª. Tess 5:12 como se
alguém estivesse “sobre” o outro no Senhor, a palavra em grego é PROISTEMI, que
significa basicamente “andar em frente” e não reinar sobre. Como já vimos, o
conceito completo de Jesus e das Escrituras é tornar-se um servo, não um
soberano. Embora alguns possam estar à frente de outros em termos de maturidade
espiritual, isto não significa que eles devem dominar sobre o corpo de Cristo.
Talvez seja útil aqui
investigarmos o que o conceito de liderança requer. “Liderar” no sentido
bíblico não significa comandar, ordenar ou, de modo algum, exercer autoridade
“sobre.” Ao invés disto, significa que alguém vai á frente como um exemplo. O
resto, vendo este exemplo, imagina que vem de Deus e o segue. Este é exatamente
o modo como agia um verdadeiro pastor nos tempos de Jesus. Ele desenvolvia uma
relação íntima com seus animais. Eles o conheciam bem e confiavam nele. Assim,
quando ele deixava o aprisco, eles o seguiam sabendo, por experiência, que ele
os levaria para pastos mais verdes. Estes pastores não dirigiam as ovelhas por
trás. Eles não mandavam uma ordem para as ovelhas se moverem para um
determinado lugar. Era o seu exemplo e a sua fidelidade que os fazia líderes.
Esta é a autoridade no Novo Testamento. É um trabalho de amor, demonstrando
pelo exemplo e fidelidade, a vontade de Deus.
É interessante que Deus tenha escolhido termos como “ancião”
ou “pais” para descrever aqueles que eram mais maduros no Senhor. Estes termos
(em oposição a “general” ou “governador”, por ex.) foram cuidadosamente
escolhidos para expressar o pensamento de Deus. Se você pensar sobre isto, irá
perceber que há um importante aspecto em ser um pai ou um avô, que é
completamente diferente de alguém que está no comando. Simplesmente, um pai tem
em mente o bem-estar de seus filhos. Não é problema para um pai que seus filhos
se tornem maiores que ele. De fato, é seu objetivo que o superem. Se eles podem
ser mais bem educados, mais felizes, mais ricos, ter uma casa e uma vida
melhor, é uma grande alegria para ele. Sua meta é servi-los e ajudá-los a
prosperar em todas as áreas. Os pais devem ser, no verdadeiro sentido, servos
de seus filhos.
Semelhantemente, o objetivo de um sincero servo de Deus é
edificar os outros. Seu trabalho é manifestar a realidade de Jesus a eles de
modo a encorajá-los a se tornarem verdadeiros discípulos. Nossa tarefa é servir
aos outros, não a nós mesmos. Nosso privilégio é encorajar os outros a seguir
Jesus de modo que, se possível, eles se tornem “maiores” do que nós. Se eles se
tornarem mais sábios, mais poderosos, mais usados por Deus ou mais reconhecidos,
isto deveria ser para nós uma fonte da maior bênção. Já que nós somos servos
deles, é somente alegria para nós quando eles são exaltados. Este é um
cumprimento de nosso ministério: fazer com que outros se tornem tudo o que Deus
quer que eles sejam.
Contrastemos isto com o que acontece no mundo hoje. Em
política, negócios, esportes, teatro e qualquer outra atividade, as pessoas
estão batalhando pelo topo. Eles querem ser os maiores e os melhores, os mais
ricos ou os mais famosos. Muitas vezes esta competição para ser grande se torna
uma feia manifestação da natureza humana caída. Conflitos de poder, mentiras e
decepção se tornam parte do processo. Não admitir fraqueza ou falha, não deixar
os outros saberem como realmente você é por dentro – estas são as necessidades
absolutas para seguir em frente. As aparências se tornam muito mais importantes
que a realidade porque isto é o que influencia os outros. Assim, a hipocrisia
corre desmedida. Em resumo, muitos habitantes desta Terra estão diariamente
envolvidos na luta pelo poder. Eles tentam se elevar acima dos outros ao mesmo
tempo em que tentam evitar que os outros chegar na frente.
Autoridade Espiritual
Genuina por David W. Dyer
PUBLICACÃO: MINISTÉRIO
GRÃO DE TRIGO
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