terça-feira, 18 de junho de 2019

Lição 12 - A autoridade das Armas Espirituais




__/___/____    Lição 12 - A autoridade das Armas Espirituais



TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Ef 6.10-17
10 - No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
11 - Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
12 - Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
13 - Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
14 - Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
15 - E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16 - Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17 - Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;

TEXTO ÁUREO
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo."           2 Co 10.4,5


                                                              COMENTÁRIO

Palavra introdutória

Estudaremos, nessa lição, a chave para a vitória nas batalhas espirituais: as armas que compõem a armadura de Deus. O cristão deve conhecer e manusear adequadamente essas armas, pois se constituem em condição imprescindível para a vitória no embate espiritual.
Ao aludir ao legionário do exército romano, Paulo apresenta as seis poderosas armas que formam uma armadura espiritual para o soldado cristão enfrentar o império das trevas.
A armadura (Gr. panóplia, o pacote completo das peças que a compõem) com a qual o cristão deve revestir-se é descrita, pelo apóstolo Paulo, de forma similar a vestidura bélica de um soldado romano. Da mesma forma, ao preparar-se para a batalha, os guerreiros do evangelho precisam equipar-se com as peças de proteção e ataque que compõem seu equipamento.

1.       O CINTURÃO DA VERDADE

O primeiro elemento da armadura espiritual é a verdade (Gr. aletheia, fidelidade, lealdade, integridade). Na figura militar usada por Paulo, o item correspondente ao cinto (Gr. zoma, cinturão) que prendia todas as demais peças ao corpo do soldado. É uma citação da profecia messiânica de Isaías, ao dizer que a verdade será o cinto usado pelo Salvador (Is 11.5b).
Devem os cristãos, motivados pela verdade do evangelho, viver de modo autêntico (Ef 4.25). O Espírito de Deus é responsável por conduzir o rebanho de Cristo pelos caminhos prefeitos de Deus (Jo 16.13; Sl 119.5).
A verdade é considerada fundamental por Paulo (Ef 4.15), porque um cristão desonesto não pode esperar resistir ao pai da mentira, o diabo (Jo 8.44). A verdade em questão aqui também é a integridade, demonstrada por meio da autenticidade e da honestidade (2 Co 8.21; Fp 4.8).

2.       A COURAÇA DA JUSTIÇA

A couraça e a cota da malha aparecem na Bíblia como símbolos de proteção, tanto no sentido próprio como no figurado (1 Sm 17.5,38; 2 Cr 26.14). A couraça também é símbolo de justiça e fé (Is 59.17; 1 Ts 5.8; Ap 9.17).
Na armadura, a couraça (Gr. Thoroka, peitoral) era uma peça de proteção dos órgãos vitais e da parte superior do abdômen. A aplicação dessa peça à justiça ou retidão aponta para o ato de Deus em tornar-nos retos, perdoados, em Cristo, por causa da nossa frágil condição espiritual  (Is 64.6; Rm 3.23).
Jesus Cristo é a fonte de toda justiça. Foi Ele quem, sem jamais ter pecado, fez-se pecado por nós (2 Co 5.21). Essa justiça revela um aspecto forense, imputada através de um decreto divino, escrito com o sangue expiatório de Cristo (1 Co 6.11; Tt 3.7).
Essa peça da armadura espiritual compõe a necessária defesa para proteger o coração do homem contra os ataques de Satanás na esfera emocional, fragilizando-o com mágoas, ressentimentos, iras rancores. Quando o emocional encontra-se enfraquecido, também o corpo físico e alma padecem (Jó 17.7; Gl 5.20).

3.       AS SANDÁLIAS DO EVANGELHO DA PAZ

Os soldados romanos calçavam sandálias (Lt. Caligae, botas) reforçadas para percorrer longas distâncias. No espesso solado, havia grandes travas que firmavam seus pés no chão. O apóstolo Paulo descreve o ato de calçar (Gr. Hypodesamenoi) os pés, aplicando-o ao processo evangelizatório.
Devem portanto, os cristãos calçar as sandálias do evangelho a fim de cumprir a grande comissão (Mt 28.19,20), pregando, em todos os lugares, a boa nova da reconciliação, que é Cristo Jesus (Mq 5.5; Ef 2.14).
Quando os cristãos assumem o compromisso de avançar, com o propósito firme de realizar missões, promove-se, no mundo, a paz real (Is 52.7). Lembremo-nos sempre de que anunciar o evangelho não é uma opção para o cristão, mas uma obrigação! (1 Co 9.16).
A paz de Cristo recoloca o pecador em comunhão com Deus (Is 53.5; Rm 5.10). promove saúde e bem estar social (2 Jo 1.3; Tg 3.18). Por ter sido justificado, o cristão pode prosseguir rumo à perfeição, tendo seu alvo definido: a retidão de Cristo"  (Mt 5.48; Cl 2.10).

4.       O ESCUDO DA FÉ

O escudo (Gr. thyreon, escudo retangular, feito de madeira e coberto de couro) usado pelo soldado romano consistia em uma arma de proteção grande o suficiente para proteger todo o corpo do soldado das flechas incendiárias lançadas pelo arqueiros do exército inimigo. Essa vívida descrição tem uma relação bem próxima com o papel protetor da fé (Sl 5.12).
Dúvidas e questionamentos sobre a vontade de Deus deixam o cristão vulnerável aos ataques do inimigo (Mt 14.31; Tg 1.6; Jd 1.21,22). Satanás aproveita tais brechas para enfraquecer os cristãos e enredá-los para a apostasia (2 Ts 2.3). O pecado alastra-se como o fogo e, por isso, resulta em esfriamento espiritual.
Mas, o apóstolo Paulo reafirma o poder do Senhor em guardar os Seus e edificá-los na fé (Jd 1.20). Além disso, Jesus também promete galardoar os fieis (Hb 11.6), pois Ele tem prazer quando eles lhe dirigem a confiança (Jo 5.46; 17.20). Nesse sentido, fé é sinônimo de entrega total: o coração, pensamento, a vida, enfim, tudo o que somos, temos e fazemos (Pv 3.5; Mt 10.37,38).

5.       O CAPACETE DA SALVAÇÃO

O capacete (Gr. perikephalain, elmo) constitui-se em uma peça fundamental da armadura, uma vez que protege a cabeça do soldado durante os combates. Na guerra, golpes na cabeça são, quase sempre, fatais. Psicologicamente, também, muitas batalhas são ganhas e outras perdidas na mente. Por isso, tanto a cabeça como o cérebro precisam de proteção.
O capacete da salvação protege o cristão da degradação do pecado.
A fonte paulina é o profeta Isaías, que descreve o Messias que traz o elmo da salvação na cabeça (Is 59.17). Ratifica-se, assim, que a salvação de Deus não depende do ser humano (Ez 22.30), mas ocorre com dádiva graciosa de Deus (Ef 2.8; 4.7).
A Bíblia cito os capacetes quando fala sobre o exército de Uzias (2 Cr 26..14). O capacete foi chamado de elmo por Jeremias (Jr 46.4). Os invasores de Jerusalém usariam capacetes (Ez 23.24). Em sentido figurado, o capacete representa a nossa salvação, visto que protege a cabeça (mente) (FILLION, Central Gospel, 2008, p. 705).

6.       A ESPADA DO ESPÍRITO - A PALAVRA DE DEUS

A espada (Gr. Machairan, espadin, punhal) é a única arma de ataque na descrição paulina da armadura de Deus. Todas as demais possuem natureza defensiva.
A Palavra de Deus como a espada do Espírito significa que a terceira pessoa da trindade:
·         Torna  a Palavra eficaz, ativa e vigorosa na vida do cristão (Jo 6.63);
·         Sonda  os pensamentos e propósitos do coração humano (Hb 4.12);
·         Interpreta  a Palavra de Deus ensinado-nos Seus estatutos (Jo 14.26);
·         Determina  a conduta ética e moral a ser praticada pelos homens (Rm 8.5-9).
A cada cristão foi dado o poder de Deus para lutar e vencer pela observância de Sua Palavra. Na lógica divina, obediência é sinônimo de vitória (1 Sm 15.22).
Muitas vezes, sabemos de antemão se as situações em que nos envolvemos resultarão ou não em pecado (Jo 16.8). Portanto, a maneira óbvia de não ceder à tentação é evitar tais circunstâncias. Geralmente, corremos o perigo de ceder às tentações de ordem sexual (1 Co 6.18; 2 Tm 2.22), à idolatria (1 Co 10.14) e à cobiça por bens materiais e riquezas (1 Tm 6.9-11). A Palavra de Deus nos conduz à santificação (Hb 12.14), à perfeita adoração (Hb 13.15) e a não colocarmos nossa esperança na incerteza das riquezas (1 Tm 6.17).

CONCLUSÃO

Precisamos revestir-nos com a armadura de Deus (Ef 6.13-17), pela adesão ao ensino do evangelho. Afinal, somos a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15). O Senhor tem convocado cada cristão para defender, como Seus soldados, os valores do Reino (Mc 8.38).
Para isso, não podemos ficar apenas no conhecimento das armas espirituais. Devemos usá-las, a fim de que possamos lutar, resistir e, por fim, vencer a guerra contra o diabo, seus demônios e contra o pecado que tão de perto nos rodeia (Hb 12.1).


                                                   Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 58




A ARMADURA DE DEUS
Efésios 6:10-20

Quando Paulo se despede dos seus, pensa na enorme luta que os espera. Sem dúvida na antigüidade a vida era muito mais terrível que em nossos dias. As pessoas criam cegamente em demônios, diabos e maus espíritos. Pensavam que o ar estava infestado desses maus espíritos, todos empenhados em danificar ao homem. Os termos que Paulo usa — principados, potestades, governadores — são todos nomes de diferentes classes de espíritos e demônios. Para Paulo o universo inteiro era um campo de batalha. O cristão não só tinha que lutar nos ataques dos homens, mas também nos ataques de forças espirituais que lutavam contra Deus. Nós podemos não interpretar literalmente a linguagem de Paulo; mas sabemos por experiência que o mal é um poder ativo neste mundo.

Robert Louis Stevenson disse uma vez: "Conhecem a estação de ferrovia de Caledonia em Edimburgo? Numa manhã fria quando soprava o vento do Este, encontrei-me ali com Satanás". Não sabemos qual foi de fato a experiência de Stevenson, mas admitimos esta experiência; todos temos sentido a força deste mau influxo que tenta induzir-nos ao pecado. Isto é o que em substância pensa Paulo quando fala dos demônios.

Assim Paulo se prepara para a defesa; e de repente adverte que tem diante dos olhos uma ilustração acabada. Durante todo este tempo Paulo estava encadeado pelo punho a um soldado romano. O soldado estava ali noite e dia para evitar que escapasse; o apóstolo era literalmente um embaixador em cadeias. Agora, Paulo era a classe de homem que podia dar-se bem com qualquer pessoa; sem dúvida tinha falado com freqüência com os soldados forçados a estar tão perto dele. Quando está escrevendo levanta o olhar e a contemplação da armadura do soldado lhe sugere uma imagem. Também o cristão tem sua armadura. Paulo menciona parte por parte a armadura do soldado romano, traduzindo-a em termos cristãos.

Havia o cinto da verdade. Era o cinto que rodeava a túnica do soldado e do qual pendia a espada; o cinto lhe dava liberdade de movimento. Os outros podem conjeturar e andar tateando; o cristão se move livre e rapidamente porque em qualquer situação conhece a verdade.

Havia a couraça de justiça. Quando um homem está revestido da justiça é inexpugnável. Não são as palavras as que defendem contra a acusação, mas sim a vida boa. Uma vez alguém acusou a Platão de certos crimes e pecados. "Pois bem", disse Platão, "devemos viver de tal maneira que demonstremos a mentira destas acusações". A única maneira de enfrentar as acusações contra o cristianismo é demonstrar quão bom pode ser um cristão. Havia as sandálias, que eram o sinal de que alguém estava equipado e preparado para a marcha. O sinal do cristão é seu afã de estar no caminho para pregar o evangelho e participá-lo a outros. Ele está sempre disposto a comunicar a boa notícia de Cristo aos que não a conhecem.

 Havia o escudo. A palavra que Paulo usa para escudo não se aplica ao relativamente pequeno escudo redondo, mas sim ao grande e oblongo que levava o guerreiro pesadamente armado. Uma das armas mais perigosas nas guerras da antigüidade era o dardo aceso. Era um dardo que levava na ponta uma estopa empapada em breu. Esta estopa era acesa ao arrojar o dardo. Mas o grande escudo oblongo era a arma própria para extingui-lo. O escudo era feito de duas placas de madeira grudadas. Quando um desses dardos chocava-se com o escudo cravavase na madeira e a chama se extinguia sozinha. A fé pode enfrentar os dardos da tentação. Para Paulo a fé é sempre plena e perfeita confiança em Cristo. Isto significa que a fé é sempre uma estreita relação pessoal com Cristo; quando partimos estreitamente unidos a Cristo nos vemos livres da tentação.

A salvação é simbolizada pelo capacete. Lembremos sempre que a salvação não apenas olha para trás – não significa apenas o perdão dos pecados passados, mas também a fortaleza frente a todo futuro ataque do pecado. A salvação que está em Cristo nos dá o perdão dos pecados passados e a fortaleza para vencer o pecado futuro.

Há uma espada, que é a palavra de Deus. A palavra de Deus é uma arma que se usa ao mesmo tempo para a defesa e para o ataque. A palavra de Deus é a arma para nos defender contra o pecado e para atacar e vencer o pecado do mundo. Os cavaleiros de Cromwell lutavam com a espada numa mão e a Bíblia na outra. Jamais poderemos derrotar os inimigos de Deus ou ganhar as batalhas divinas sem o Livro divino.

Finalmente Paulo chega à arma mais poderosa — a oração. São três as coisas que devemos notar aqui com respeito à oração.

(a) Deve ser constante. Deve-se orar em todos os momentos da vida. Talvez a maior falha da vida cristã seja que freqüentemente tendemos a orar só nas grandes crises da vida. Só pela oração diária o cristão torna-se forte cada dia.
(b) Tem que ser intensa. Não tem que ser sonolenta, mas sim perseverante. Exige concentração. Uma oração frouxa não leva a parte alguma; exige a concentração em Deus de todas as faculdades. (c) Não deve ser egoísta; deve abranger a todo o povo consagrado de Deus. Os judeus diziam: "Que o homem se una em suas orações com a comunidade". Penso que freqüentemente oramos por nós mesmos e muito pouco por outros. Devemos aprender a orar tanto e tão intensamente pelos outros como por nós.

Finalmente Paulo se encomenda à oração de seus amigos. E não pede o bem-estar e a paz, mas sim a graça de poder transmitir o mistério do evangelho, que o amor de Deus é para todos os homens, para todo mundo. É preciso sempre lembrar que nenhum líder cristão ou pregador cristão podem levar a cabo sua obra se seu povo não sustentar suas mãos com a oração.

A BÊNÇÃO FINAL

Efésios 6:21-24
 Como vimos, a Carta aos Efésios é uma carta encíclica e aquele que a levou de Igreja em Igreja foi Tíquico. Diferente das outras Cartas, Efésios não nos dá nenhuma informação pessoal de Paulo, exceto que estava na prisão; mas Tíquico em seu percurso das Igrejas daria informações sobre o estado de Paulo e transmitiria uma mensagem pessoal de alento.

Assim, pois, Paulo termina com uma bênção em que aparecem de novo todos os termos importantes que conhecemos: a paz que é o bem mais excelente do homem; a fé que descansa total e confidencialmente em Cristo; a graça que é o dom gratuito do amor de Deus. Paulo pede que todos estes dons venham sobre seus amigos do alto, das mãos de Deus. E acima de tudo pede pelo amor: que conheçam o amor de Deus; que amem os homens como Deus os amou; que amem a Jesus Cristo com um amor imperecível.

                                                                                          Efésios (William Barclay)



                                                                                     7 Imagem relacionadaA Conduta dos Crentes na Batalha Espiritual


Depois de mostrar aos efésios o padrão cristão para os vários aspectos da vida cotidiana, o apóstolo Paulo conduz-nos para dentro de um ambiente de guerra. Não se trata de uma guerra comum, física ou política, mas de uma guerra espiritual, em que se luta com armas espirituais. O apóstolo mostra como enfrentar e vencer os inimigos nessa batalha, apresentando um equipamento individual, com o qual,        devidamente preparado, o crente pode lutar.

1                                  .      PREPARAÇÃO PARA A BATALHA — 6.10,11

 Toda e qualquer batalha requer preparação e estratégia. Ninguém se lança numa luta despreparado. Essa preparação requer cuidados que se tornam indispensáveis para o sucesso da batalha.

1.1. Fortalecimento — v. 10

 "No demais, irmãos meus" é uma frase própria de um relacionamento bem pessoal do apóstolo. O uso das palavras "irmãos meus" denota uma linguagem tipicamente cristã, porque indica uma família, a família de Deus. Essa família espiritual não conhece diferenças de cor, língua, raça ou sangue, mas reúne brancos, negros, amarelos e vermelhos, que formam uma só família em Cristo, tendo como Pai o nosso grande Deus e Senhor.

"... fortalecei-vos" ou "sede fortalecidos". A palavra no grego é endunamousthe e significa fortaleza, tornar-se forte. Outra palavra no grego com o mesmo sentido é krataioomai, que quer dizer "ser fortalecido", "ser corroborado". Ninguém poderá entrar numa batalha enfraquecido. O convite do apóstolo — "fortalecei-vos" — implica na busca de poder espiritual que capacita o crente a enfrentar os inimigos no campo de batalha. Paulo sabia que essa luta é renhida e requer força espiritual, por isso ele induz os crentes à busca de poder.

De que tipo de fortalecimento Paulo fala e qual a sua fonte? Note a continuação da frase: "fortalecei-vos nos Senhor e na força do seu poder". Observe que o texto deve ser interpretado espiritualmente. Não se trata de fortalecimento físico, mas espiritual. O crente por si mesmo e com suas próprias forças jamais poderá suportar uma guerra espiritual. Inimigos espirituais são enfrentados com armas espirituais.

"Fortalecei-vos no Senhor" implica um fortalecimento de nossa posição nEIe, isto é, no Senhor. Estamos nEle, posicionados nEle, como os membros estão no nosso corpo. As mãos e os pés sustentam o corpo; se uma das mãos ou um dos pés estiver sem força, todo o corpo sofrerá. As mãos e os pés têm sua posição no corpo, e, para o bem do corpo, cada mão ou cada pé deve ser fortalecido. Paulo fortalecia sua posição no Senhor e por isso diz: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece".

Donde procede essa força espiritual que capacita o crente a lutar contra inimigos espirituais? Tal força procede do poder de Deus, como afirma o texto: "e na força do seu poder". Esse poder e força se encontram na fortaleza do Senhor.
1.2. Conhecimento — v. 11 "Revesti-vos de toda a armadura de Deus". Duas coisas que devem ser conhecidas pelo lutador espiritual se destacam nesse versículo.

Em primeiro lugar, o crente deve conhecer a armadura de Deus, que é o equipamento pessoal de guerra. O texto inicia com um convite: "Revesti-vos". A palavra "revestir" dá a idéia de vestir sobre outra vestimenta, pois o significado da expressão é "vestir de novo". Entendo que, nessa luta espiritual, é necessário mais que as armas próprias do crente, que são válidas, mas incapazes de vencer esses inimigos. Por isso, o convite é: "Revesti-vos" da "armadura de Deus". Nos versos 14 a 17 temos a especificação das armas defensivas e ofensivas. A palavra "armadura" está no original grego como panoplia, que inclui todas as armas; não só um tipo de armamento, mas todas as peças do armamento. A lição que aprendemos aqui é que o crente, para lutar, precisa estar devidamente equipado para a luta, isto é, precisa vestir-se com todas as peças indispensáveis da armadura espiritual — "Revesti-vos de toda a armadura de Deus". Um equipamento incompleto torna o crente vulnerável aos ataques satânicos. Em segundo lugar, o lutador precisa conhecer "as astutas ciladas do diabo". A expressão "astutas ciladas" pode ser explicada por outros termos que ajudarão na elucidação do texto. A palavra grega methodia quer dizer métodos, e "astutas ciladas" podem ser traduzidas por "métodos artificiosos", isto é, meios de engano. Portanto, para a methodia de Satanás o crente tem aplanopia de Deus. Esses artifícios são ciladas perigosas que surgem com ares de inocência, mas que são preparadas para pegar de surpresa o crente desprevenido, tanto na esfera física, como moral, material e espiritual.

1.3. Capacitação — v. 11
"Para que possais estar firmes". O verbo "poder" tem uma conotação especial nesse versículo. Ele tem a ver com a capacitação espiritual para a batalha. Os soldados nas organizações militares são treinados para a guerra: para a defesa e para o ataque; assim também ocorre no plano espiritual. A igreja é o quartel general, onde o soldado de Cristo é preparado e capacitado para a batalha espiritual. Nosso general é Cristo, e o Espírito Santo é o instrutor que capacita o crente para a batalha. Não se trata aqui de capacitação intelectual, mas espiritual. Somos capacitados pela Palavra, isto é, a Palavra é que nos habilita para o combate.

2                                  .      O CAMPO DE BATALHA — 6.11,12

Toda batalha tem seu campo de ação e envolve todos os aspectos próprios de uma guerra, como o lugar de combate, os inimigos, a estratégia, as armas de defesa e de ataque etc. O campo de batalha espiritual não se limita a alguma área geográfica e terrena, mas abrange todo e qualquer lugar onde o reino de Deus esteja. Onde estiver um crente fiel sequer, ali se tornará um campo de batalha.

O apóstolo declara enfaticamente que essa batalha não é física nem terrena, mas espiritual. Essa declaração está no versículo 12: "Porque não temos de lutar contra a carne e o sangue". A expressão "carne e o sangue" denota a espécie da batalha. Não é luta humana de homens contra homens, mas é luta espiritual contra inimigos espirituais. A palavra "lugar" aparece no grego como palé e indica o tipo de luta individual, corpo a corpo. Paulo usou essa palavra baseado no tipo de luta que havia nos jogos gregos e, posteriormente, nas arenas romanas, onde os lutadores lutavam corpo a corpo até a morte de um deles. O que Paulo queria dizer com a expressão "carne e sangue" é que não se tratava de uma luta carnal ou material.

2.1. O lugar de combate — v. 12

"... nos lugares celestiais". Mais uma vez fortifica-se o fato de que se trata de uma luta espiritual, não terrena. No grego, a frase "nos lugares celestiais" aparece como en tois epouraniois. Algumas versões preferem "regiões celestiais". Onde acontece essa batalha? É na Terra ou fora da Terra? É uma batalha visível ou invisível? Claro que não podemos apontar algum ponto no espaço ou na Terra nem esperar algum tipo de combate material, porque a batalha é espiritual, e só os espirituais podem lutar e conhecer esses inimigos, que são espirituais (1 Co 2). Diversas vezes encontramos a expressão "regiões [lugares] celestiais" na carta aos Efésios. Esses "lugares celestiais" possuem conotações distintas em algumas das vezes citadas na carta. A palavra "lugares", no plural, indica que há mais de um lugar nas regiões celestiais. Nas passagens de Efésios 1.3 e 2.6, esses "lugares celestiais" indicam a posição do crente em Cristo. Uma posição elevada, isto é, colocada acima da vida do mundo. Entretanto, no texto de 6.12, o significado da expressão "lugares celestiais" é outro. Indica os lugares onde Satanás e suas hostes habitam e comandam toda a sua guerra contra Deus e contra os remidos do Senhor.

O combate do crente contra as forças do mal é nas "regiões [lugares] celestiais". Como a batalha é espiritual, resta ao crente lutar com as armas espirituais contra poderes espirituais. O ataque de Satanás é contra a nossa posição espiritual. Ele quer nos fazer descer para o plano carnal e material para dominar sobre nós. Nossa luta "nos lugares celestiais" é para conservar a nossa posição em Cristo.

2.2. Os inimigos nessa batalha — vv. 11,12

Destacam-se alguns inimigos que estão sob o mesmo comando de Satanás.
2.2.1.      O diabo —v. 11 "
... astutas ciladas do diabo". Esse versículo identifica pessoalmente o diabo como o inimigo número um dos remidos. Quem é ele? O diabo é um "querubim" caído (Ez 28.12- 17). É o chefe geral de todos os anjos que o acompanharam na sua rebelião contra Deus. Ele é chamado "o príncipe deste mundo" (Jo 12.31); "o deus deste século" (2 Co 4.4). "É o grande dragão"; "a antiga serpente" etc. Ele é o principal inimigo do crente nessa batalha. Ele combate pessoalmente e comanda seus espíritos maus contra o crente.
2.2.2.      hostes espirituais da maldade — v. 12
 Essas hostes incluem várias ordens ou classes de espíritos caídos. O reino de Satanás é organizado em hostes especiais. O texto apresenta basicamente três categorias de inimigos que são os escalões de Satanás.
 "... contra os principados, contra as potestades". São dois tipos de ordens angelicais de Satanás que designam espíritos que exercem atividades de comando sobre outros demônios contra os remidos. A expressão "príncipes das trevas deste século" é a mesma coisa que designar, como está em algumas versões: "governadores das trevas" ou "dominadores mundiais das trevas". Eles são espíritos que comandam o entenebrecimento espiritual (as trevas) neste século.

3                            .      AS ARMAS ESPIRITUAIS DESSA BATALHA — 6.13-17

 3.1.O imperativo da batalha — v. 13

 "Portanto, tomai toda a armadura de Deus". O apóstolo ordena a posse dessas armas com um imperativo: TOMAI. Ele não ordenou que se fizessem armas, mas que se tomassem as armas existentes. Não há o que nos possa preocupar. As armas existem e estão à disposição dos remidos. As armas humanas são frágeis e impróprias para essa batalha espiritual.
3.2. A resistência no "dia mau" da batalha — v. 13
 "... para que possais resistir no dia mau". O "dia mau" não precisa ser especificamente um dia de 24 horas, mas pode representar aquele dia, ou hora ou minuto em que somos surpreendidos com doenças, tentações, circunstâncias inesperadas etc. Para que possamos resistir nesse "dia mau", precisamos estar alerta, tomando posse das armas espirituais que nos capacitam para a resistência. "... e, havendo feito tudo, ficar firmes". Depois de havermos superado as dificuldades e termos vestido toda a armadura de Deus, resta apenas estarmos em pé para o combate. Nossa armadura espiritual não é para ser exibida, mas para ser usada contra o inimigo. Visto que o adversário é sagaz e cheio de malícia, o soldado de Cristo não pode descuidar-se: ele deve "estar firme", isto é, estar em pé com o sentido de prontidão para qualquer eventualidade de ataque do inimigo.

3.3. A designação das armas — vv. 14-17
Notemos que Paulo inspirou-se nas armas militares de seu tempo, mui especialmente nas armas romanas. E claro que essas armas são uma figura das armas espirituais. São armas cujas peças formam um "todo" e envolvem "o corpo total".
a) Armas defensivas para o corpo — "o cinto da verdade" e a "couraça da justiça" (v. 14).
b) Para os pés — "calçados... na preparação do evangelho" (v. 15).
 c) Para as mãos — "o escudo da fé" (v. 16).
d) Para a cabeça — "o capacete da salvação" (v. 17).
e) Para a boca — "a espada do Espírito" (v. 17).

3.3.1. O cinto da verdade — v. 14

O texto literal é "cingidos com a verdade". O cinto é a peça que cinge, isto é, que segura ou prende as roupas à cintura. Significa que todas as roupagens espirituais que usamos devem estar com a verdade. Usava-se no armamento romano um cinto para prender a couraça e o resto da roupa. Esse cinto vinha cheio de pedras semipreciosas e era usado com muito orgulho pelo soldado. A finalidade do cinto era prender os pontos dos vestidos, deixando livres as pernas do soldado, que assim podia se movimentar.

 3.3.2. A couraça da justiça — v. 14
A principal finalidade da couraça é defender, isto é, proteger o peito. A justiça deve permear a vida e os atos do lutador cristão. A justiça aqui se une com a verdade, e elas podem ser notadas frontalmente pelos inimigos (Is 59.17; 1 Ts 5.8). A "couraça" protege das setas mortais do inimigo. Na nossa luta espiritual, a "justiça e a verdade" andam de mãos dadas.

3.3.3. Calçados... na preparação do evangelho — v. 75
 "... e calçados os pés na preparação do evangelho da paz". Os calçados são importantes para os pés do lutador na guerra. Nos tempos romanos, em que Paulo se inspirou para fazer a analogia das armas, o soldado usava um tipo de sandália com cravos nas solas que ajudavam o soldado a não deslizar, dando-lhe segurança. Portanto, a significação da expressão paulina para "calçados na preparação do evangelho da paz" tem a ver com a segurança da mensagem que pregamos. O Evangelho é poder — dunamis, no grego — contra as forças do mal.

A palavra "preparação" tem o sentido de prontidão. Os calçados deviam oferecer segurança e capacidade de prontidão em momentos inesperados, isto é, prontidão sem riscos de quedas ou deslizamentos. Outro termo que se destaca no versículo é "evangelho", que significa boa novas, boas notícias ou mensagem. O soldado calçado com o Evangelho exerce também o papel de mensageiro. Nessa batalha espiritual, nossos inimigos quererão arrancar nossos calçados para que não levemos a vitória do Evangelho da paz ao mundo perdido.
 3.3.4. Escudo da fé — v. 16
 "... tomando sobretudo o escudo da fé". O escudo é a arma defensiva contra os ataques diretos do inimigo. O soldado prendia o escudo num dos braços. Esse escudo tinha a forma de um prato gigante, que servia para proteger todo o corpo. A fé diz respeito à nossa confiança e crença doutrinária. Um soldado cristão sem escudo é soldado vulnerável aos ataques satânicos. O conhecimento da Palavra de Deus forma o "corpo da fé", ou seja, o escudo da fé que protege o crente contra as heresias e mentiras satânicas.
"... com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno". Que são esses dardos inflamados? Eram estopas embebidas em alguma substância inflamável, que eram acesas e lançadas em flechas contra o adversário. Havia naquele tempo escudos muito frágeis, feitos de madeira. Os inimigos lançavam esses "dardos inflamados" para queimar o escudo e tornar vulnerável o corpo do soldado para ser atingido. No sentido espiritual, o diabo lança suas flechas com dardos inflamados de carnalidade e maldade para enfraquecer o crente, mas nosso escudo deve ser o "escudo da fé", que impede a destruição com fogo. Nossa fé deve ser a força incontestável que derrota o diabo. A fé aqui tem um sentido transcendental, não natural. A confiança em Deus deteriora DS poderes malignos.

 3.3.5. O capacete da salvação — v. 17
 "Tomai também o capacete da salvação". No grego, a palavra 'capacete" é perikephalaia. O capacete servia para proteger a cabeça. Nos tempos antigos, os capacetes eram feitos com figuras decoradas de animais ou carrancas para intimidar o adversário ou para representar o usuário do capacete. O apóstolo usou a figura do capacete para representar a salvação. A cabeça é a parte mais vulnerável do corpo, por isso o lutador a protegia com um capacete. As figuras representativas usadas no capacete tinham o objetivo de mostrar a força e a inteligência do lutador. O crente, por sua vez, toma posse do "capacete" da salvação, que é a segurança máxima de sua vida, pois se a cabeça for atingida, ele corre o risco de perder a salvação.

3.3.6. A espada do Espírito — v. 17
"... e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus". Havia dois tipos de espada usadas numa batalha. Uma era feita de várias formas e tamanhos, normalmente de bronze. No grego, esse tipo de espada chamava-se ziphos. O bronze pode representar a presença do Espírito Santo na vida do crente. O outro tipo, no grego machaira, era um pouco mais curta que a ziphos e era usada pelos gladiadores. Quanto à dimensão da espada, o texto não se preocupa; preocupa-se antes com o seu manuseio. A espada era arma de ataque. O texto diz que a "espada do Espírito é a Palavra de Deus". A Palavra das Escrituras é a espada do Espírito contra o erro, contra a mentira e a presunção. Só essa espada pode vencer o diabo e o pecado. É uma arma ofensiva. A Palavra pregada ou ensinada com autoridade é a espada do Espírito em ação. A nossa própria palavra é frágil, mas a Palavra de Deus é poderosa. G. H. Lacy, em seu Comentário da Carta aos Efésios, diz: "Os grandes triunfos dos evangelistas se devem ao fato de fazerem muito uso da Palavra de Deus em suas pregações. Os que pregam filosofia ou sutilezas da lógica moderna podem convencer o intelecto, mas não movem o coração". Portanto, é a Palavra de Deus a maior arma de defesa e ataque que o crente tem à sua disposição: (Hb 4.12; 2 Pe 1.21). A espada de dois fios corta em dois sentidos. De um lado ela convence e converte; do outro, condena (SI 45.3,5). É uma espada que sai da boca de Cristo (Ap 1.16; 19.15). Com a espada nas mãos dos santos (Sl 149.6), o mundo será convencido do Evangelho pelo poder da Palavra de Deus — "a espada do Espírito" (2 Tm 3.16; Hb 3.7; 1 Pe 1.11).

4                                           .      PROVISÃO NA BATALHA — 6.18-20

 Qual a maior provisão do crente na batalha contra o mal? É a oração! Alguns intérpretes têm colocado a oração conforme está no texto: como uma das armas do crente. Esse ponto de vista é aceitável, já que não há nenhuma implicação doutrinária e os intérpretes são livres para apresentar pontos de vista pessoais. Eu, particularmente, creio que a oração faz parte da batalha como provisão para o soldado.

4.1. A oração na batalha — vv. 18,19
"Orando em todo o tempo". A palavra "orando" está no gerúndio, o que dá a idéia de continuidade da ação. Podemos concluir que a oração faz parte permanente de todo o equipamento de guerra exposto nos versículos precedentes (vv. 14-17). Cada uma das armas espirituais, desde o "cinto" até a "espada", deve ser vestida com a oração. Consideremos as partes para compreendermos claramente a finalidade do texto.
4.1.1.      Em todo o tempo — v.18
Orar "em todo o tempo" não significa passar o tempo ajoelhado em oração, mas podemos orar "em todo o tempo" no Espírito, isto é, em comunhão com Deus. O bom lutador é aquele que atenciosamente está ligado ao seu comandante para lutar. A oração, na guerra espiritual, tem o sentido de comunhão com o seu comandante. Não é desligar-se do trabalho que tem a fazer, mas é o soldado fazer exatamente o que o seu comandante espera que ele faça. Na batalha espiritual, a carne é o inimigo mais ferrenho, e, para vencê-la, a melhor arma é a oração. A espada (a Palavra), sem oração, nada pode fazer.

Orar "em todo o tempo" é orar incessantemente. É estar todo o tempo pronto para a comunicação com o Senhor. É a via de comunicação sem fios para falar com Deus (Cl 4.2; 1 Ts 5.17). Podemos orar viajando, andando na rua, trabalhando, descansando ou em outras circunstâncias quaisquer. Esse tipo de oração envolve, antes de tudo, a mente. Jesus condenou os fariseus que oravam nas praças, movendo os lábios para serem vistos pelos homens. Entretanto, posso estar em qualquer lugar e, sem ser notado, estar orando no meu interior. Como se pode orar dessa forma? O tópico seguinte explica.

4.1.2.      Com súplica no Espírito — v. 18
 Existem vários tipos de oração, quais sejam:
a) a oração de invocação;
b) a oração de intercessão;
c) a oração de louvor e adoração;
d) a oração de súplica; e e. a oração de petição. A expressão "com toda a oração" está ligada aos vários tipos de oração sugeridas na Bíblia. A continuação do texto apresenta a oração de "súplica". E a oração humilde que se faz em grandes necessidades. É a oração que se faz com instância, com rogo. E a oração feita com a consciência da necessidade e com o reconhecimento da grandeza do Senhor e da nossa pequenez diante dEle, como fez Jairo diante de Jesus, quando prostrou-se em terra, e disse: "Rogo-te" (Mc 5.22).

"No Espírito". Observe a colocação da frase: "Com toda a oração e súplica no Espírito". Qual é a oração no Espírito? Antes analisemos três tipos de oração que falam da palavra "espírito". Há a "oração com o espírito" (1 Co 14.14,15), que é a oração do espírito do crente, não do Espírito Santo, mas produzida pelo Espírito Santo. Aqui aprendemos que é o Espírito Santo quem ensina o nosso espírito interior a orar. As línguas estranhas, que são a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo, são faladas pelo nosso espírito interior através da boca. É a oração sem a interferência da mente, porque ela surge do espírito do crente. Entretanto, Paulo orienta para que se ore com o espírito (1 Co 14.15) e, também, com o entendimento. O segundo tipo de oração é a "oração em espírito", que é a oração silenciosa, mental, que se faz em qualquer ocasião, trabalhando ou não, na rua ou em casa. É a oração meditativa que se faz com a Bíblia aberta. É a oração em momentos difíceis onde não se pode alçar a voz, mas pode-se elevar o espírito interior à comunhão com Deus e dEle receber a resposta. O terceiro tipo de oração é "a oração no Espírito" (Ef 6.18). Esse tipo envolve aquela oração produzida pelo Espírito Santo, isto é, ensinada por Ele. Portanto, é o Espírito Santo quem nos ensina e habilita a orar a Deus (Rm 8.15,26; Gl 4.6; Jd 20). É a oração que recebe o impulso do Espírito para interceder, para adorar e louvar a Deus.

4.1.3.      Vigiando com perseverança — v. 18
 O sentido da palavra "vigiando" refere-se a não estar dormindo no campo de batalha (Ef 5.14). O lutador tem que vigiar, isto é, estar de olhos abertos e atentos para os eventuais ataques de surpresa do inimigo. A frase pode ficar assim: "vigiando com toda a instância".

4.1.4.      Por todos os santos — v. 18
É a continuação do versículo: "orando em todo o tempo, com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos". Entendemos que essa oração tem o sentido de intercessão. A palavra "santos" diz respeito a todos os remidos por Cristo. Não são os santos mortos e feitos esculturas. São os santos (os crentes) vivos. Paulo exortava os efésios a orarem com intercessão por todos os seus irmãos na fé. A igreja, constituída de pessoas de todas as raças, línguas e nações, forma uma irmandade mais que humana, pois é também espiritual. Nessa irmandade não há diferenças. Todos têm os mesmos direitos e bênçãos. Esse espírito fraterno e cristão deve manifestar-se nas ações de uns para com os outros. Por isso, não importa se não conhecemos fisicamente nossos irmãos na fé do outro lado do mundo. O que importa é que eles participam de nossa santificação espiritual e são chamados "santos" como nós. Por isso oramos "por todos os santos" em todo o mundo.

G. H. Lacy escreveu na pág. 184 de seu Comentário da Carta aos Efésios: "Segundo os ensinos deste versículo (v. 18), o crente: primeiro — deve praticar todas as classes de oração; segundo — tem que orar em toda a ocasião propícia; terceiro — tem que orar no Espírito; quarto — tem que estar alerta e perseverar no desempenho do dever; quinto — tem de orar "por todos os santos".
4.1.5. ...e por mim — v. 19
Paulo solicita a intercessão em seu favor. A lição oferecida aqui é que nenhuma pessoa viva pode dispensar a ajuda intercessória dos santos a seu próprio favor. Paulo era exemplo em tudo quanto ensinava. Ele orava incessantemente por todos e carecia da mesma ajuda. Sua batalha era ferrenha contra as forças do mal, e ele sabia que sozinho não podia vencer. Ele precisava de força espiritual e sabia que as intercessões a seu favor muito o ajudariam. A intercessão sincera anula qualquer presunção diante de Deus e nos torna acessíveis às bênçãos que pedimos.

 4.1.6. A palavra com confiança — vv. 19,20
 A continuação do verso 19 apresenta a razão do pedido de intercessão que Paulo faz em seu favor. Primeiro, "para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança". Paulo não queria "abrir a boca" para falar de si mesmo ou para falar de vãs filosofias, como os gregos, senão de Jesus Cristo, o Salvador e Senhor. Ele precisava de coragem moral e espiritual para que, ao "abrir a boca", a palavra saísse com segurança e confiança. Nessa batalha espiritual, a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, precisava movimentar-se com firmeza, e Paulo deseja usá-la "com confiança" e ter golpes certeiros contra o pecado. Segundo, "para fazer notório o mistério do evangelho" (v. 19). Esse mistério já foi revelado aos "santos", mas aos que estão em trevas lhes é desconhecido. Por isso, precisamos notificá-lo a todos os homens. E o mistério do poder transformador (Rm 1.16) que o Evangelho realiza na vida dos pecadores. Para "fazer notório" esse mistério é preciso poder espiritual. Terceiro, "pelo qual sou embaixador" (v. 20), isto é, representante legal de Cristo. O embaixador é aquele que representa os interesses de um governo e os do seu dirigente máximo. Paulo era representante de Cristo "em cadeias" (v. 20). Quando escreveu a sua carta aos efésios, estava preso em Roma, mas assim mesmo não deixou preso o seu ministério, nem se calou, antes anunciava o reino de Cristo e o mistério do Evangelho. A expressão "em cadeias" aparece no grego como en halusei, que dá a idéia da forma de prisão ou cadeia a que estava preso o apóstolo.

                                                              Comentário Bíblico Efésios
                                                                          - Elienai Cabral



2 comentários:

  1. Muito bom estudo. Deus os abençoe e capacite cada vez mais.

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    1. Obrigada, fico feliz e grata a Deus por estar contribuindo ´para o seu Reino, Deus o abençoe !

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