O TABERNÁCULO - ELIENAI CABRAL

Lição 7 - O
Lugar Santo
2º Trimestre
de 2019
ESBOÇO
I – LUGAR SANTO: UM LOCAL DE SERVIÇO E COMUNHÃO COM DEUS
II – AS TRES PEÇAS QUE COMPUNHAM O INTERIOR DO LUGAR SANTO
III – O VÉU QUE DEMARCA O LUGAR SANTO E O LUGAR SANTÍSSIMO (Êx 26.31-36)
Elienai
Cabral
sumo sacerdote para descobrir que, para chegar ao Lugar Santíssimo, a
caminhada é progressiva. O homem também descobre que o Tabernáculo foi
projetado para passar ao povo uma noção de relacionamento progressivo com Deus.
Dentro dessa conscientização, o homem descobre ainda que, quanto mais próximo
de Deus, maior é a responsabilidade, porque Deus é Santo, e nenhuma
possibilidade de sujeira entra na sua presença. Também veremos que o Senhor
deseja uma relação íntima com o seu povo, de tal modo que a ordem para
construir o Tabernáculo era para que Ele pudesse habitar com o seu povo e no
meio dele.
O texto
neotestamentário em Hebreus 9.2,3 mostra a distinção dos dois compartimentos do
Tabernáculo e chama ao primeiro “Santuário” e ao segundo “Santo dos Santos”. O
texto bíblico diz: “Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que
havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o
Santuário. Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o
Santo dos santos” (Hb 9.2,3). Os dois compartimentos do Tabernáculo também eram
identificados como “Lugar Santo” e “Lugar Santíssimo”.
I – LUGAR
SANTO: UM LOCAL DE SERVIÇO E COMUNHÃO COM DEUS
1. Que
Lugar É esse?
O “Lugar
Santo” era um lugar de serviço, onde somente os sacerdotes podiam entrar para
ministrar (Hb 9.6). Os israelitas apenas podiam trazer suas ofertas ao Altar de
holocaustos e não podiam passar dali. O povo tinha acesso ao Pátio (Átrio), mas
a entrada para o Tabernáculo era proibida. Porém, quando Cristo entrou no Lugar
Santo e no Lugar Santíssimo com o seu próprio sangue, todos os crentes em
Cristo, havendo sido redimidos e santificados, têm o privilégio de entrar na
presença de Deus e exercer uma nova posição em Cristo como “sacerdotes de Deus”
(ver Ef 2.18,19; Hb 10.19-22).
2. Um
Lugar de Serviço e Adoração
O Modelo
Divino do Tabernáculo
A morada
terrenal levantada chamada “Tabernáculo” (do hebraico, misklan =
“morada”) não ficava exposta, mas tinha uma cobertura de peles que a protegia
do sol causticante do deserto. Era a casa que Deus ordenou a Moisés construir
para sua morada do Altíssimo (ver Êx 25.8). A parte interna tinha um caráter
bem particular. Era um lugar especial, de privilégio e com exclusividade para o
serviço dos sacerdotes diante de Deus.
Esse modelo
foi dado a Moisés quando subiu ao Sinai. Era a revelação do lugar no qual Deus
habitaria com o seu povo, ou seja, a primeira morada de Deus sobre a terra (ver
Êx 25.8). Durante os quarenta dias em que Moisés esteve no alto do monte,
aquela montanha alta tornou-se um lugar santo, de exclusividade divina, pois
Deus mostraria sua glória a Moisés no ponto mais alto. Imaginem um lugar ermo e
de pedras esquecidas dos homens que, de repente, se torna num lugar da
manifestação da glória de Deus.
Naquele
monte, Moisés recebeu a planta de tudo quanto o Senhor queria no Tabernáculo.
Deus foi o arquiteto e concedeu a ajuda do seu Espírito na seleção das pessoas
habilitadas em várias atividades que envolviam habilidade com madeira e metais.
Nesse modelo divino do Tabernáculo, está revelado tipologicamente que Jesus
Cristo edificou sua Igreja, o Tabernáculo espiritual aqui na terra. Na verdade,
todos os detalhes do Tabernáculo demonstram em seu conjunto a revelação de
Jesus Cristo, em sua pessoa, em seu sacrifício e em seu sacerdócio eterno.
3. O
Propósito do Lugar Santo
Antes de
adentrar no Santuário, do lado de fora, dentro da cerca de linho fino
retorcido, estava o Altar de Sacrifícios, que representa a Cruz de Cristo, na
qual Ele, como verdadeira vítima expiatória, seria oferecido por nossos pecados
(ver 1 Jo 2.2). Isso significa que, antes de entrar no Santuário, o pecador
precisa passar pelo Altar de Sacrifícios.
Outrossim ,
os móveis e outros materiais utilizados no Tabernáculo possuem um significado
simbólico para cada elemento. A sua distribuição nos lugares certos passa a ter
um sentido espiritual simbólico. A partir do Pátio (ou Átrio) até entrar no
Santuário, todos os objetos do Tabernáculo, tanto os que estão fora quanto os
que estão dentro, servem de “exemplar e sombra das coisas celestiais” (Hb 8.5).
O autor da carta aos Hebreus reconhece o significado simbólico e diz: “Olha,
faze tudo conforme o modelo que, no monte, se te mostrou” (Hb 8.5). O Novo
Testamento reforça o projeto celestial do Tabernáculo para fortalecer o fato de
que a Igreja seria a demonstração da presença de Deus na terra e que Jesus
Cristo foi a manifestação do “Verbo [que] se fez carne e habitou entre nós” (Jo
1.14). A palavra “habitou”, de João 1.14, aparece na língua grega do NT como
“skenoo”, que significa “tenda, habitação, tabernáculo”. O apóstolo João,
portanto, declara que Jesus foi o verbo que se encarnou, habitou entre nós e
que fez da Igreja o seu Tabernáculo, isto é, o lugar onde Ele habita.
4. Lições
da Tipologia do Tabernáculo em Relação a Israel e à Igreja
Em relação a
Israel, aprendemos que apenas Arão e seus filhos, da tribo de Levi, eram
sacerdotes escolhidos por Deus para essa função na vida religiosa de Israel (Êx
28.1; Nm 3.5-10). Para ser um sacerdote em Israel, era preciso ser nascido na família
de Levi e pertencer a sua tribo.
Em relação à
Igreja, nenhuma pessoa por nascimento natural tem direito a um sacerdócio
espiritual (ver Rm 3.23; Ef 2.12). A Igreja, porém, é fruto de um nascimento
espiritual, que, na linguagem neotestamentária de Jesus, se refere ao novo
nascimento, que torna filhos de Deus todos quantos aceitam a Cristo Jesus como
Senhor e Salvador (ver Jo 1.12,13; Ef 2.13; 1 Pe 2.9), tornando-se, assim,
“sacerdotes para com Deus”.
Em relação a
Israel, a aceitação dos israelitas diante de Deus era mediante os sacrifícios
do Altar de Sacrifícios e, depois, lavados pela água límpida da Pia Lavatório,
bem como a unção com azeite da Santa Unção (ver Êx 30.25-30).
Em relação à
Igreja, nossa aceitação para com Deus, o Pai, foi feita no Amado, limpos pela
regeneração do Espírito Santo e da Palavra de Deus e ungidos com o Espírito
Santo. Esse direito de aceitação diante de Deus foi, portanto, conquistado pelo
sangue de Cristo Jesus (Hb 10.17-25).
Para
entendermos a importância do “Lugar Santo” e a sua tipologia na vida cristã,
precisamos entender que, na esfera celestial, os objetos do Lugar Santo são
tipificados pelas coisas que estão no céu. Precisamos, portanto, descobrir a
tipologia dos objetos que estavam na parte interna do Lugar Santo (ver Êx
26.35; Hb 9.1,2).
Texto extraído da obra “O
TABERNÁCULO”, editada pela CPAD.
O VÉU DO TABERNÁCULO ÊXODO
26.31-37
Entendendo que Deus já Se agradou,
completamente, do sacrifício de Cristo, que é bem constado pelo Novo
Testamento, por que voltar ao passado e estudar as figuras que apontam a este
sacrifício de Cristo no Velho Testamento? É útil estudar sobre o tabernáculo
para aprender mais de nossa Salvação por Cristo. A lei (o Pentateuco) tem “a
sombra dos bens futuros” (a Pessoa e Obra de Cristo) e conhecendo essas sombras
perceberemos melhor o real (Hebreus 10.1). Por isso, convém estudar o que diz a
Bíblia sobre o tabernáculo.
Introdução
O
titulo dessa mensagem, sobre o véu do Tabernáculo, poderia ser:
Da
Separação À Entrada Ousada.
O véu era posicionado entre o santuário,
onde o sacerdote ministrava pelos outros, e o lugar santíssimo, onde Deus
habitava entre os querubins sobre o propiciatório da arca do testemunho ou da
aliança. Fazia separação entre o que não era santo e Aquele que é santíssimo. O
Tabernáculo, com todas as cerimônias ritualísticas, não passou a ser nada mais
além de “a sombra dos bens futuros” (Hb 1.1; 10.1). Por mais bela que a sombra
esteja, ela não é a Verdadeira. O véu do Tabernáculo representava uma triste
verdade: o homem é pecador e é vedado O caminho para ele ir sozinho a Deus (Ex
26.33; Lv 16.2, “que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do
véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque
Eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório”; Is 59.1-3, “Mas as vossas
iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem
o Seu rosto de vós, para que não vos ouça”; Rm 3.23, “Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus”). Enquanto o véu ficava no seu lugar a
consciência pesada do homem existia. Enquanto o véu separava o homem pecador do
Deus santo, o pecador tinha medo do julgamento do seu pecado por Este Deus que
é um fogo consumidor (Hb 10.2,3). A entrada ousada na presença dEste Deus é uma
realidade, hoje, através de umas condições que foram preenchidas completamente
e somente por Jesus Cristo. O Material Usado na Construção do Véu do
Tabernáculo – Ex 26.31 O véu do Tabernáculo era feito de linho fino torcido com
azul, púrpura, carmesim, com a imagem de querubins de obra prima bordada nele.
Desde que tudo no Tabernáculo eram sombras ou tipos simbólicos de Cristo, esse
material apontava para Cristo.
O azul representava: Natureza Celestial
de Cristo, Cristo O Espiritual, ou homem celestial, I Coríntios 15.47,48; João
1.18; Hebreus 7.26; a origem celestial de Cristo. A púrpura representava:
Realeza, Soberania de Cristo, o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores”,
Apocalipse 19.16; Marcos 15.17-18.
O carmesim representava: Sacrifício,
Apocalipse 5.9-10; Números 19.6; Levítico 14.4; Heb 9.11-14, 19, 23, 28.
O linho fino representava: Justiça,
Cristo é o Justo, e os que são dEle tem a Sua justiça, II Coríntios 5.21;
Apocalipse 19.8; I Coríntios 1.30. Sendo torcido, era dobrado o fio seis vezes
fazendo o véu grosso e pesado (Gill).
O branco, do linho fino torcido
representava: perfeição, pureza e santidade de Deus em Cristo, e aos que são
lavados no sangue de Cristo (Ap 7.9-17; Sl 132.9). Os que representam os
querubins: somando tudo que fala dos querubins pela Bíblia podemos resumir que
eles representam a autoridade e o poder judicial de Deus (Gn 3.24). Não há como
chegar a Deus sem responder pelo julgamento dos pecados. Pelos querubins terem
presença no véu do Tabernáculo entendese que a entrada à presença de Deus é
somente através do julgamento dos pecados. Assim aponta para Cristo: O
Espiritual com natureza celestial (azul), O Soberano (púrpura), O Sacrifício
idôneo (carmesim), O Justo (linho fino) e O Perfeito (branco do linho fino).
Cristo, nessas qualidades, deu-Se a Si mesmo na cruz, recebendo assim o
julgamento do pecado de todo pecador arrependido (II Co 5.21; Tt 3.5; I Pd
1.18-21) e repassando a estes as Suas justiças (II Co 5.21; I Pe 3.18).
A
Posição do Véu no Tabernáculo – Ex 26.32-35
O véu do Tabernáculo fazia separação
entre o santuário e o lugar santíssimo. Dentro do véu estava a Arca do
Testemunho. Fora do véu estavam a mesa e o candelabro. O véu do Tabernáculo foi
pendurado debaixo dos colchetes sobre quatro colunas de madeira de Acácia,
representando a humanidade incontaminável de Cristo. Essas colunas eram
cobertas de ouro, representando a divindade pura de Deus. Cristo é tanto homem
quanto Deus, fatos declarados pela simbologia destas colunas que existem para
que o véu do tabernáculo fosse pendurado.
As bases que fixava as colunas no lugar
eram de prata. Prata representa a redenção por ser ela a moeda da expiação
(Levítico 5.15; 27.3; 6,16; Êxodo 30.12-16; Números 18.16).
O fundamento destas bases era a
redenção. A redenção, representada pela prata, é a base da encarnação de
Cristo, representada pelas colunas. A entrada à presença terrível de Deus é
somente pelo julgamento dAquele que é Celestial, Soberano, o Puro Sacrifício
Eterno e Justo, o Único que pode agradar a Deus, o Seu Filho Unigênito, O Jesus
Cristo.
A
Representação do Véu do Tabernáculo – Hb 10.1-23; Is 53.10- 12
O véu mostrava a todos a separação do
homem do Santo Deus. Por Deus ser santo, e o homem ser destituído da glória de
Deus, ou seja, da glória da santidade, há separação (Is 59.1-3).
O véu mostrava a maneira de aproximação
do homem pecador para o Santo e Glorioso Deus. Essa aproximação era somente por
um sacerdote idôneo e somente com sangue (Lv 16.14; Jo 9.7, 14).
Cristo é Quem foi representado pelo véu
do Tabernáculo (Hb 10.19, 20, “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no
santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que Ele nos
consagrou, pelo véu, isto é, pela Sua carne,”; Ef 2.12-16; Cl 2.13-15; 3.7-11).
Cristo é a Entrada – Isa 53.10, 11. Por Ele, o pecador arrependido e crente
pela fé em Cristo Jesus, não apenas tem entrada à presença de Deus, mas ousadia
para entrar no santuário pelo sangue de Jesus (Hb 10.19). Cristo, em Hb
10.10-23, é o grande Sacerdote que se ofereceu a Si mesmo como o verdadeiro
sacrifício aceitável, Que purifica os nossos corações da má consciência (v.
12-14, 21, 22). Ele é o sangue que abriu o caminho pelo véu (v. 19), sendo Ele
mesmo o próprio véu e o Caminho novo e vivo a Deus (v. 20; Jo 1.29; 14.6). Tudo
o que Ele é foi aceito pelo Pai e percebemos isso na Sua morte (Mc 15.38, “E o
véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo”), na Sua ressurreição (At
17.30,31, v. 31, “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de
julgar o mundo, por meio do Homem que destinou; e disso deu certeza a todos,
ressuscitando-O dentre os mortos), e na Sua ascensão (Jo 7.39; At 2.31-36, v.
33, “De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis”).
Por Cristo ser tudo na aproximação do
pecador remido a Deus, somos incentivados a reter firme a confissão da nossa
esperança, a estimular uns aos outros às boas obras e congregar sempre que
temos oportunidade; porque fiel é Ele que prometeu tais bênçãos (v. 23-25).
Conclusão
Cristo é a gloriosa e única entrada à
presença de Deus. Ele é somente a entrada para os que se arrependeram dos seus
pecados e creram nEle pela fé. Como está a sua situação com Deus? Você está
ainda separado, ou tem ousadia para entrar? O diferencial é Cristo, o próprio
véu e o caminho para Deus.
Calvin G Gardner

Adam Clarke
Um
enforcamento para a porta da tenda - Isto
pode ser chamado o primeiro véu, como ocupou a porta ou entrada para o
tabernáculo; o véu que separa o lugar santo do santo dos santos é chamado de
segundo véu, e é usado o segundo véu, hebraico 9: 3. Esses dois véus e a
coberta interna do tabernáculo eram todos do mesmo material e da mesma obra.
Veja Êxodo 27:16 .
1. Para o
significado e design do tabernáculo, veja a nota de Clarke sobre Êxodo
25:40 ; e, enquanto o leitor fica impressionado com a natureza curiosa e
cara deste edifício, como descrito por Moisés, considere quão pura e santa deve
ser aquela Igreja da qual foi um tipo muito expressivo; e que tipo de pessoa
ele deve ser em todo santo diálogo e piedade, que professa ser membro daquela
Igreja para a qual, está escrito, Cristo se deu, para que pudesse santificá-lo
e purificá-lo; que ele possa apresentar a si mesmo uma gloriosa Igreja, não
tendo mancha, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante; mas que deve ser santo e
sem defeito. Veja Efésios 5: 25-27 .
2. No tabernáculo
judaico quase todas as coisas foram colocadas fora da vista do povo. O santo
dos santos era inacessível, o testemunho era comparativamente oculto, como
também o propiciatório e a glória Divina. Sob o Evangelho todas estas coisas
estão abertas, o caminho para o mais santo é manifesto, o véu é rasgado, e nós
temos uma entrada para o santuário pelo sangue de Jesus, por um caminho novo e
vivo, que ele consagrou para nós, através do véu, isto é, sua carne; Hebreus
10:19 , Hebreus 10:20 . Quão abundantemente Deus trouxe vida e
imortalidade para iluminar pelo Evangelho! A terrível distância é abolida, o
ministério da reconciliação é proclamado, o reino dos céus é aberto a todos os
crentes e o Senhor está em seu santo templo. O pecador, cansado de ti mesmo e
de tuas transgressões, desmaiando sob o peso de tuas iniqüidades, olha para
Jesus; ele morreu por ti e te salvará. Crente, permaneça firme na liberdade com
a qual Deus o libertou e não se enrede novamente no jugo da escravidão.
O Único Lugar de Encontro
A arca e o propiciatório, considerados em
conjunto como um todo, são para nós uma figura admirável de Cristo, em Sua
Pessoa e Sua obra. Havendo engrandecido a lei, na Sua vida, e tornando-a
honrosa, veio a ser, por meio da morte, a propiciação ou propiciatório para
todo aquele que crê. A misericórdia de Deus só podia repousar numa base de
perfeita justiça:".. .a graça reina pela justiça para a vida eterna, por
Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm5:21). O único lugar próprio para o
encontro entre Deus e o homem é aquele onde a graça e a justiça se encontram e
se harmonizam perfeitamente. Nada senão a justiça perfeita podia agradar a
Deus; e nada senão a graça perfeita pode convir ao pecador. Mas onde poderiam
estes atributos encontrar-se4 Somente na cruz. E ali que a misericórdia e a
verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram (SI 85:10). E assim que a
alma do pecador crente encontra paz. Vê que a justiça de Deus e a sua
justificação repousam sobre o mesmo fundamento, isto é: a obra consumada por
Cristo. Quando o homem, sob a influência poderosa da verdade de Deus, toma o
seu lugar como pecador, Deus pode, no exercício da graça, tomar o Seu como
Salvador, e então toda a questão se acha solucionada, porque havendo a cruz respondido
a todas as exigências da justiça divina, os rios da graça podem correr sem
impedimento. Quando o Deus justo e o pecador se encontram sobre uma plataforma
salpicada de sangue tudo está solucionado para sempre — solucionado de maneira
a glorificar Deus perfeitamente e salvar o pecador para toda a eternidade. Seja
Deus verdadeiro, ainda que todo o homem seja mentiroso; e quando o homem é
levado inteiramente ao ponto mais baixo da sua condição moral diante de Deus e
está pronto a aceitar o lugar que a verdade de Deus lhe designa, então
reconhece que Deus Se revelou como o Justo justificador. Isto deve dar paz à
consciência; e não apenas paz, mas concede a capacidade de comungar com Deus e
de ouvir os Seus santos preceitos no conhecimento daquela relação em que a
graça divina nos introduziu.
Por isso, "o lugar santíssimo"
oferece-nos uma cena verdadeiramente admirável. A arca, o propiciatório, os
querubins, a glória! Que espetáculo para o sumo sacerdote de Israel quando
entrava dentro do véu! Que o Espírito de Deus abra os olhos do nosso
entendimento de modo a podermos compreender melhor o profundo significado
destes símbolos preciosos.
A Mesa do Pão da Proposição
Moisés recebe em seguida instruções quanto
"à mesa dos pães da proposição", ou pães de apresentação. Sobre esta
mesa estava disposto o alimento dos sacerdotes de Deus. Durante sete dias os
doze pães de "flor de farinha com incenso" estavam dispostos na
presença do Senhor, depois do que, sendo substituídos por outros, eram o alimento
dos sacerdotes, que comiam deles no lugar santo (veja-se Lv 24:5-9).
Escusado será dizer que esses doze pães
simbolizam "o homem Cristo Jesus". A "fiorde farinha" da
qual eram compostos, mostra a Sua perfeita humanidade, enquanto que "o
incenso" indica a inteira consagração dessa humanidade a Deus. Se Deus tem
os Seus sacerdotes ministrando no lugar santo, terá certamente uma mesa para
eles, e uma mesa bem fornecida também. Cristo é a mesa e o pão sobre ela. A
mesa pura e os doze pães mostram Cristo, presente incessantemente diante de
Deus em toda a excelência da Sua imaculada humanidade e como alimento para a
família sacerdotal. Os "sete dias" mostram a perfeição do gozo divino
em Cristo; e os "doze pães" exprimem este gozo no homem e pelo homem.
É possível que exista também a ideia de ligação de Cristo com as doze tribos de
Israel e os doze apóstolos do Cordeiro.
O Candelabro
O castiçal de ouro puro vem a seguir,
porque os sacerdotes de Deus têm necessidade de Luz bem como de alimento: e têm
tanto uma coisa como a outra em Cristo. Neste castiçal não se faz menção de
outra coisa que não seja ouro. "Tudo será de uma só peça, obra batida de
ouro puro" (versículo 36). "As sete lâmpadas", as quais se
"acenderão para alumiar defronte dele", exprimem a perfeição da luz e
energia do Espírito, baseadas e ligadas com a eficácia perfeita da obra de
Cristo. A obra do Espírito Santo nunca poderá ser separada da obra de Cristo.
Isto é indicado, de um modo duplo, nesta magnífica imagem do castiçal de ouro.
As sete lâmpadas estando ligadas à cana de ouro batido indicam-nos a obra
cumprida por Cristo como a única base da manifestação do Espírito na Igreja. O
Espírito Santo não foi dado antes de Jesus ter sido glorificado (comparem-se
João 7:39 com Atos 19:2 a 6). Em Apocalipse, capítulo 3, Cristo é apresentado à
igreja de Sardes como Aquele que tem "os sete espíritos". Quando o
Senhor Jesus foi exaltado à destra de Deus, então derramou o Espírito Santo
sobre a Sua Igreja, a fim de que ela pudesse brilhar segundo o poder e a
perfeição da sua posição no lugar santo, a sua própria esfera de ser, de ação e
de culto.
Vemos, também, que uma das funções
particulares de Arão consistia em acender e espevitar essas sete lâmpadas.
"E falou o SENHORa Moisés, dizendo: Ordena aos filhos de Israel que te
tragam azeite de oliveira puro, batido, para a luminária, para acender as
lâmpadas continuamente. Arão as porá em ordem perante o SENHOR continuamente,
desde a tarde até à manhã, fora do véu doTestemunho, na tenda da congregação; estatuto
perpétuo é pelas vossas gerações. Sobre o castiçal puro porá em ordem as
lâmpadas, perante o SENHOR, continuamente" (Lv 24:1-4). Desta maneira,
podemos ver como a obra do Espírito Santo na Igreja está ligada com a obra de
Cristo na terra e a Sua obra no céu. "As sete lâmpadas" estavam no
tabernáculo, evidentemente, mas a atividade e diligência do sacerdote eram
necessárias para as manter acesas e espevitadas. O sacerdote necessitava
continuamente dos "espevitadores" e dos "apagadores" para
remover tudo que pudesse impedir o livre curso do "azeite batido".
Esses espevitadores e apagadores eram igualmente feitos de "ouro
batido" porque todas essas coisas eram o resultado imediato da operação
divina. Se a Igreja brilha, é unicamente pela energia do Espírito, e esta
energia está fundada em Cristo, que, em virtude do desígnio eterno de Deus,
veio a ser, em Seu sacrifício e sacerdócio, o manancial e poder de todas as
coisas para a Sua Igreja. Tudo é de Deus. Quer olhemos para dentro desse véu
misterioso e contemplemos a arca com a sua coberta e as duas figuras
significativas, ou admiremos o que está da parte de fora desse véu, a mesa pura
e o castiçal puro, com os seus vasos e respectivos utensílios — tudo nos fala
de Deus, quer seja revelando-Se em ligação com o Filho ou o Espírito Santo.
A chamada celestial coloca o leitor
cristão no próprio centro de todas estas preciosas realidades. O seu lugar não
está apenas no meio das" figuras das coisas que estão no céu", mas no
meio das "próprias coisas celestiais". Tem "ousadia para entrar
no santuário pelo sangue de Jesus". É sacerdote para Deus. O pão da
proposição lhe pertence. O seu lugar é à mesa pura, para comer o pão
sacerdotal, na luz. do Espírito Santo. Nada o poderá privar desses privilégios
divinos. São seus para sempre. Esteja em guarda contra tudo que possa privá-lo
do gozo deles. Guarde-se contra toda a irritabilidade, a cobiça, de todo o
sentimento e imaginações. Domine a sua natureza, lance o mundo fora de seu
coração, afugente Satanás. Que o Espírito Santo encha inteiramente a sua alma
de Cristo. Então será praticamente santo e sempre ditoso. Dará fruto, e o Pai
celestial será glorificado, e o seu gozo será completo.
Os Véus que Fecharam as Entradas
O tabernáculo estava dividido em três
partes distintas: "O lugar santíssimo", "o santuário" e
"o pátio do tabernáculo". A entrada para cada uma destas partes era
feita dos mesmos materiais, "azul, púrpura, carmesim e linho fino
torcido" (compare-se o capítulo 26:31 e 36 com 27:16). A sua interpretação
é simples: Cristo é a única porta de entrada aos vários campos de glória que
hão de ser ainda revelados, quer seja na terra, no céu ou no céu dos céus.
"Toda a família nos céus e na terra"
(Ef 3:15) será posta sob a Sua autoridade e introduzida na felicidade e glória
eternas, em virtude da expiação que Ele fez. Isto é bem claro e não exige
esforço de imaginação para ser compreendido. Sabemos que é verdadeiro, e quando
conhecemos a verdade que é simbolizada, o símbolo é facilmente compreendido. Se
os nossos corações estivessem cheios de Cristo, não nos perderemos na nossa
interpretação do tabernáculo e seus acessórios. Não é de um intelecto cheio de
criticismo que precisamos neste estudo, mas de um coração cheio de amor por jesus
e uma consciência em paz pelo sangue da cruz. Que o Espírito Santo nos prepare
para o estudo destas coisas com um maior interesse e inteligência!
Que Ele abra os nossos olhos para que
contemplemos as maravilhas da lei.
Exodo
- C-H-Mackintosh

















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