___/___/____ A Autoridade da Igreja de Cristo
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Efésios 4.11-14
11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
12 - Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério,
para edificação do corpo de Cristo;
13 - Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho
de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
14 - Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por
todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente.
1 Timóteo 3.1-7
1 - Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente
obra deseja.
2 - Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher,
vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
3 - Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância,
mas moderado, não contencioso, não avarento;
4 - Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição,
com toda a modéstia
5 - (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado
da igreja de Deus? );
6 - Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do
diabo.
7 - Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para
que não caia em afronta, e no laço do diabo.
TEXTO ÁUREO
"Pois também eu te
digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
do inferno não prevalecerão contra ela;", Mt 16.18
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Nesta lição,
trataremos de uma instituição solene, de origem divina, que existe,
exclusivamente, em razão de seu fundador: a casa de Deus (Tt 1.7), a Igreja do
Deus vivo (1 Ts 1.9), coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15).
1. O EMBASAMENTO DA FÉ
O passo
inicial da vida cristã é a fé. Precisamos reafirmá-la a cada dia, a fim de
viver a esperança que nos está proposta por Jesus Cristo, nosso Salvador (1 Tm
3.9,16). Tal fé é libertadora, encorajadora e dinamizadora, gerando uma
inesgotável fonte de vida naqueles que nela se firmam (1 Tm 1.5).
1.1 A confissão de Pedro
Na base da
fundação da Igreja está a comovente confissão de fé proclamada por Pedro, que
reconheceu Jesus como o Messias prometido, ao exclamar: tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo (Mt 16.16b).
Essa
confissão ocorreu num momento crucial. Jesus sabia que, após sua crucificação,
Seus discípulos ficariam dispersos e haveria grande resistência à Sua Igreja, à
qual Ele nomeia por meio de uma expressão figurada: as portas do inferno. A
declaração de fé proferida pelo apóstolo Pedro exaltou o poder do Filho de Deus
para sobrepujar essas estruturas
espirituais da maldade (Mt16.18).
1.2. A confirmação do Espírito
A vida e a
obra dos primeiros seguidores de Cristo, sempre dispostos a morrer pela causa
do evangelho, dão-nos provas evidentes do poder e da autoridade da Igreja
militante. Guiada pelo Espírito de Deus e sob sua confirmação a Igreja
prossegue essa jornada no mundo, confirmando a Palavra de Cristo (Mc 9.23;
16.20; At 6.68).
A sociedade
que nos cerca consegue perceber em nós as manifestações de poder e autoridade
que marcam a comunidade fundada por Jesus?
2. MINISTÉRIOS ECLESIÁSTICOS
Aprendemos,
primeira lição desta revista, o princípio de que toda e qualquer autoridade é
um poder delegado. No caso da Igreja de Cristo, o exercício da autoridade
espiritual dá-se por meio dos líderes aos quais o Senhor delega
responsabilidades e obrigações (Hb 13.7,17).
2.1. Autoridade apostólica
Dentre todos
os Seus discípulos, Jesus selecionou doze para serem Seus apóstolos.
Posteriormente Paulo também foi chamado como apóstolo (1 Co 15.8) por desígnio
do Cristo ressurreto, com quem se encontrara na estrada para Damasco (At
9.3-6). Esse chamado direto de Jesus determina a fonte divina do poderoso
ministério realizado pelos apóstolos.
2.1.1. Caráter doutrinário
A principal forma
de expressão da autoridade apostólica para a Igreja primitiva foi a ministração
do evangelho para obediência a Cristo pela fé (Rm 16.26). Os primeiros cristãos
aprenderam a viver de acordo com o sistema doutrinário que Jesus ensinou (At
4.33). Além disso, vemos a imposição de mãos (At 6.6; 19.6,7) e a defesa da
verdade (Fp 1.7,16; Jd 1.17-19).
2.1.2. Liderança da Igreja
A autoridade
de Deus sobre os apóstolos para liderar a Igreja pode ser facilmente percebida
no relato de Atos 15, que narra o concílio dos apóstolos, reunido em Jerusalém,
para discutir e definir uma importante questão doutrinária, a qual
influenciaria a própria identidade cristã (At 15.6-29). Trata-se da tentativa
de impor a necessidade da circuncisão aos novos convertidos para serem salvos
e, assim, aceitos na comunidade cristã (At 15.1).
2.2. Pastores e bispos
Pastores
(Gr. poimen) e anciãos (Gr. presbíteros) são funções de autoridade na Igreja de
Cristo. Devem guiar e liderar o rebanho, pela instrução na Palavra da verdade e
servir como exemplo de fidelidade a Deus para os demais cristãos (Hb 13.7,17;
Ef 4.11).
São homens
dotados de conhecimento, poderes de consolação, entendidos em governo, simpatia
com os problemas dos outros e conhecimento para continuar o trabalho do
evangelista (CHAMPLIN, Hgnos, 2002, p. 601).
Bispos (Gr.
episkopos) são líderes responsáveis pela supervisão doutrinária e
administrativa da igreja. Verificamos, nos textos bíblicos, que havia vários
irmãos com tal responsabilidade na Igreja primitiva (At 14.23; Tt 1.5-7).
Os líderes
da Igreja não podiam ser neófitos, palavra que significa novo, recém-plantado,
referindo-se a uma pessoa recentemente convertida. O exercício da autoridade
por um líder sem experiência ou maturidade espiritual, geralmente, conduz à
soberba (1 Tm 3.6), que é considerada como a condenação do diabo (Ez 28.11-19).
2.2.1. Servos com autoridade moral
O Senhor
escolhe homens e mulheres para pastorear o rebanho de Cristo (At 20.28), mas,
tais pessoas precisam ser servos de grande autoridade moral, cuja conduta
cristã seja madura e consistente, a fim de que não sejam acusados de algum erro
grave (Tt 1.7).
Em 1 Timóteo
3, Paulo define os critérios que qualificam pessoas para a liderança na
comunidade eclesiástica. Todas as características mencionadas dizem respeito ao
caráter. Deus está muito mais preocupado com a integridade moral do que cm a
instrução, a eloquência ou o carisma desses líderes. (RADMACHER; ELLEN; HOUSE,
Central Gospel, 2010b, p. 594).
2.2.2. Para cuidar
Para que
existe o pastor na Igreja? Essencialmente, a função pastoral consiste em velar,
cuidar e nutrir. Esse cuidado era compartilhado com os anciãos, que também
tinham a tarefa de pastorear (Gr.
poimanate) o rebanho (Gr.primnion) de Deus, para o seu aperfeiçoamento (1 Pe
5.1-3; Ef 1.12).
Pastorear é
um dos serviços mais nobres do Reino de Deus. Sobre os pastores, pesa a grande
responsabilidade de ter cuidado (Gr. apiskopounters) dos membros da Igreja,
isto é, orientá-los em sua expressão de fé e testemunho. Por essa razão, o
trabalho pastoral está em estreita relação com a atividade de vigilância pela
qualidade de vida das ovelhas sob o seu cuidado (Hb 13.17).
2.3. Profetas e evangelistas
O profeta é
um arauto de Deus, pois proclama as mensagens proféticas do Senhor à Igreja. A
ação profética é movida pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21) e possui como
finalidade guardar o povo da corrupção (Pv 29.18) exortar os crentes (1 Co
14.22), entre outras referências.
O
evangelista é o cristão que recebeu de Deus a missão de exortar pela pregação.
No Novo Testamento, essa atividade está intimamente ligada a missão
evangelizadora entre os judeus e os gentios e aparece em subordinação aos
apóstolos. Esses obreiros iam de lugar em lugar, estabelecendo novas
congregações locais, conduzindo os homens à fé em Cristo.
2.4. Doutores e mestres
Dentre as
atividades de liderança eclesiástica, a educação cristã ganha proeminência (Mt
28.20; At 18.11). O ensino da Palavra de Deus, portanto, é imprescindível para
o crescimento e amadurecimento da Igreja de Cristo (Cl 1.28).
Por meio dos
mestres e doutores, Deus doutrina, corrige, disciplina e repreende Sua amada
Igreja. Sob a tutela da autoridade e poder do Espírito, o ensino deve nutrir os
cristãos, preparando-os para frutificar, fortalecendo-os para não serem
enganados pelas falsas doutrinas (Ef 4.14; 1 Tm 1.3-10).
CONCLUSÃO
A pesar de
todos os embates travados no decorrer dos séculos, a Igreja prossegue vitoriosa
em sua marcha pela proclamação do evangelho da paz (Ef 6.15). Cumpre-se, assim,
a promessa de Jesus ao edificar Sua Igreja: autoridade e poder sobre as
influências malignas do inferno (Mt 16.18).
Entretanto,
a batalha continua. Por isso, exerçamos o poder e a autoridade a nós delegados,
enquanto corpo vivo de Cristo. Vivamos em unidade a fim de desvendar ao pecador
o mistério da fé, como afirmou o apóstolo Paulo: Ora aquele que é poderoso para
vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a
revelação do ministério guardado em silêncio nos tempos eternos... que é Cristo
em vós, esperança da glória (Rm 16.25; Cl 1.27).
Pastores,
evangelistas e mestres embasados na fé, comprometidos com o Senhor, serão
poderosamente usados por Deus para o crescimento de Sua obra. Oremos, portanto,
pelos que exercem o ministério da Palavra para que cumpram sua carreira e
inspirem pelo exemplo, levando os homens a Cristo.
Fonte: Revista Lições da Palavra de
Deus n° 58
Pedro é a rocha sobre a
qual a igreja é construída?
por Matt Slick
"E
também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e
as portas do inferno não prevalecerão sobre ela" (Mateus 16:18).
A Igreja
Católica Romana Coloca uma grande ênfase em Pedro e afirma que Jesus disse que
construiria sua igreja sobre ele.
Simão Pedro
ocupa o primeiro lugar no colégio dos Doze; Jesus confiou uma missão única a
ele. Por meio de uma revelação do Pai, Pedro confessou: "Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo". Nosso Senhor então declarou a ele: "Tu és Pedro,
e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Hades não
prevalecerão contra ela". Cristo, a "Pedra viva", assegura assim
sua Igreja, construída sobre Pedro, da vitória sobre os poderes da morte. Por
causa da fé que ele confessou, Pedro continuará sendo a rocha inabalável da
Igreja. Sua missão será manter esta fé de cada lapso e fortalecer seus irmãos
nela. "(Catecismo da Igreja Católica, par. 552).
"Pela
palavra" rocha "o Salvador não pode ter significado a Si mesmo, mas
somente Pedro, como é muito mais aparente em aramaico, em que a mesma palavra
(Kipha) é usada para" Pedro "e" rocha ". Sua declaração
então admite mas uma explicação, a saber, que Ele deseja fazer de Pedro a
cabeça de toda a comunidade daqueles que criam Nele como o verdadeiro Messias,
que através deste fundamento (Pedro) o Reino de Cristo seria invencível, que a
orientação espiritual do fiel foi colocado nas mãos de Pedro, como o
representante especial de Cristo ".
(http://www.newadvent.org/cathen/11744a.htm).
A referência
bíblica à qual a Igreja Católica Romana tenta fundamentar sua posição é
encontrada em Mt. 16:18. Aqui está no contexto.
"Agora,
quando Jesus entrou no distrito de Cesaréia de Filipe, Ele começou a perguntar
a Seus discípulos, dizendo: " Quem dizem as pessoas que o Filho do Homem
é? " 14 E eles disseram:" Alguns dizem João Batista; e outros, Elias;
mas ainda outros, Jeremias, ou um dos profetas. 15 Disse-lhes ele: Mas quem
dizeis que eu sou? 16 E Simão Pedro, respondendo, disse: "Tu és o Cristo,
o Filho do Deus vivo". 17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado
és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai,
que está nos céus. E também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.
19
Dar-te-ei as
chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e
tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. " 20 Então
advertiu os discípulos de que não deveriam dizer a ninguém que era o
Cristo" (Mateus 16). : 13-20).
Existem
problemas com a posição católica romana. Primeiro de tudo, quando olhamos para
o grego de Mateus 16:18, vemos algo que não é óbvio no inglês. "... tu és
Pedro (πέτρος, petros) e sobre esta rocha (πέτρα, petra) eu edificarei a Minha
igreja ..." Em grego, os substantivos têm género. É semelhante ao ator e
atriz de palavras inglesas. O primeiro é masculino e o segundo é feminino. Da
mesma forma, a palavra grega "petros" é masculina; "petra"
é feminina. Pedro, o homem, é apropriadamente referido como Petros. Mas Jesus
disse que a rocha na qual ele construiria sua igreja não era o "petros"
masculino, mas a "petra" feminina. Deixe-me ilustrar usando as
palavras "ator" e "atriz": "Você é o ator; e com essa
atriz, eu farei meu filme". Veja que o gênero influencia como uma sentença
é entendida? Jesus não estava dizendo que a igreja será edificada sobre Pedro,
mas sobre outra coisa. O que, então, petra, o substantivo feminino, se refere?
A
"petra" feminina ocorre quatro vezes no Novo Testamento grego:
Mt16: 18E
também te digo que tu és Pedro (Petros), e sobre esta rocha (Petra) eu
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.
Mt 27:60,
"e colocou-o em seu próprio túmulo novo, que ele havia cavado na rocha
(Petra), e ele rolou uma grande pedra contra a entrada do túmulo e foi
embora."
1Co. 10: 4,
"e todos beberam a mesma bebida espiritual, porque estavam bebendo de uma
rocha espiritual (petras) que os seguia, e a rocha (petra) era Cristo".
1Pe. 2: 8,
falando de Jesus diz que ele é "Uma pedra de tropeço e uma pedra (petra)
de ofensa"; porque tropeçam porque são desobedientes à palavra, e a esta
desgraça também foram designados.
Podemos ver
claramente que nos três outros usos da palavra grega petra (singular
nominativo; "petras" em 1 Coríntios 10: 4 é genitivo singular) nós a
consideramos como uma grande massa imóvel de rocha na qual um túmulo é
esculpido (Mt 27:60) e em referência a Cristo (1 Co 10: 4; 1Pe 2: 8). Note que
o próprio Pedro no último verso se referiu a petra como sendo Jesus! Se Pedro
usa a palavra como referência a Jesus, não deveríamos?
Além disso,
dicionários e léxicos gregos nos dão uma visão mais profunda das duas palavras
gregas em discussão:
Petros
:
·
Petros,
"πέτρος, uma pedra, distinta de πέτρα (Fonte: Liddell, H., 1996. Um
léxico: Resumido do léxico grego-inglês de Liddell e Scott (636). Oak Harbor,
WA: Logos Research Systems, Inc.).
·
Petros, Πέτρος, Peter, que significa pedra. O
masc. do fem. pétra (4073), uma enorme rocha ou penhasco. ”(Spiros Zodhiates, O
Dicionário Completo de Estudo da Palavra: Novo Testamento, ed. eletrônico,
G4074, Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000, c1992, c1993).
·
Petros,
Πέτρος, “um substantivo semelhante a 4073, usado como um nome próprio;
"Uma pedra" ou "uma pedra", Pedro, um dos doze apóstolos: -
Pedro (150), Pedro (5). "(Robert L. Thomas, New American Standard Hebraico-aramaico
e grego Dicionários: Edição atualizada, H8674 , Anaheim: Foundation
Publications, Inc., 1998, 1981).
Petra :
·
Petra,
πέτρα, Ion. e Ep. πέτρη, uma rocha, uma saliência ou uma plataforma de rocha,
Od. 2. uma rocha, ou seja, um pico rochoso ou crista. . . Corretamente, πέτρα é
uma rocha fixa, πέτρος uma pedra. "(Fonte: Liddell, H. (1996). Um léxico:
Resolvido do léxico Grego-Inglês de Liddell e Scott (636). Oak Harbor, WA:
Logos Research Systems, Inc .
·
Petra, πέτρα, (4073) denota uma massa de
rocha, distinta de petros, uma pedra ou pedregulho destacado, ou uma pedra que
pode ser atirada ou facilmente deslocada. "Fonte: Vine, W., & Bruce,
F. (1981 ; Publicado em formato eletrônico por Logos Research Systems, 1996)
Dicionário Expositivo de Vine de palavras do Antigo e do Novo Testamento (2:
302) Old Tappan NJ: Revell)
·
Petra, πέτρα, ας, ἡ (1) literalmente, rocha
viva, rocha fundamental (Mt 7.24), em contraste com πέτρος (pedra isolada);
(Timothy Friberg, Barbara Friberg e Neva F. Miller, vol. 4, Léxico Analítico do
Novo Testamento Grego, biblioteca Grega do Novo Testamento de Baker, 311, Grand
Rapids, Mich .: Baker Books, 2000).
·
Petra, πέτρα, substantivo feminino; ≡ bedrock,
(James Swanson, Dicionário de Línguas Bíblicas com Domínios Semânticos: Grego
(Novo Testamento), ed. Eletrônico, GGK4376 (Oak Harbor: Logos Research Systems,
Inc., 1997).
Petros &
Petros
πέτρα petra;
um prim. palavra; a (massa grande de) rocha: - rocha (10), rochas (3), rochosa
(2). Petέτρος Petros, “um substantivo semelhante a 4073, usado como um nome
próprio; "Uma pedra" ou "uma pedra", Pedro, um dos doze
apóstolos: -
Pedro (150), Pedro (5). "(Robert L. Thomas, New American Standard
Hebraico-aramaico e grego Dicionários: Edição atualizada, H8674 , Anaheim:
Foundation Publications, Inc., 1998, 1981).
"Sobre
esta rocha (ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ). A palavra é feminina e significa uma rocha,
distinta de uma pedra ou fragmento de rocha (πέτρος, acima)." (Marvin
Richardson Vincent, Estudos de Palavra no Novo Testamento, 1:91, Bellingham,
WA: Logos Research Systems, Inc., 2002).
Petros ,
"πέτρος, uma pedra, distinta de πέτρα. Petra , πέτρα, Ion. E Ep. Πέτρη,,
uma rocha, uma saliência ou uma plataforma de rocha, Od. 2. uma rocha, isto é,
um pico ou cume rochoso ... Corretamente, πέτρα é uma pedra fixa, πέτρος uma
pedra. " (Fonte: Liddell, H. (1996). Um léxico: Resumido do léxico
grego-inglês de Liddell e Scott (636). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems,
Inc.).
Uma pedra é
móvel, instável; e é exatamente isso o que vemos com Pedro, que duvidou quando
andou sobre a água, quem negou a Jesus e quem foi repreendido por Paulo em
Antioquia.
Mt 14: 29-30,
"E Pedro, saindo do barco, andou sobre as águas e dirigiu-se a Jesus. 30
Mas, vendo o vento, ficou com medo e começou a afundar-se e clamou,
dizendo:" Senhor, salve mim!"
Lc 22:
57-58: "Mas ele negou, dizendo:" Mulher, eu não O conheço. " 58
E um pouco mais tarde, outro viu e disse:" Você é um deles também!
"Mas Pedro disse: "Cara, eu não sou!"
Gl. 2: 11,14
"Mas quando Cefas [Pedro] veio a Antioquia, eu me opus a ele em sua face,
porque ele estava condenado ... 14 Mas quando eu vi que eles não eram diretos
sobre a verdade do evangelho, eu disse a Cefas na presença de todos, "Se
você, sendo judeu, vive como os gentios e não como os judeus, como é que você
compele os gentios a viver como judeus?"
Jesus, que
conhecia o coração de Pedro, não estava dizendo que Pedro, a pedra móvel e
instável, seria a rocha imóvel sobre a qual a Igreja seria construída. Em vez
disso, seria edificado sobre Jesus; e foi essa verdade que Pedro afirmou o que
ele disse a Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16).
Isso é consistente com a escritura em outros lugares onde o termo rocha é às
vezes usado em referência a Deus, mas nunca a um homem.
Dt. 32: 4,
"The Rocha! Sua obra é perfeita, pois todos os seus caminhos são justos;
um Deus de fidelidade e sem injustiça."
2 Sm. 22:
2-3, "O Senhor é a minha rocha e a minha fortaleza e o meu libertador; 3
Meu Deus, minha rocha, em quem me refugio."
Sl 18:31:
"E quem é a rocha, senão o nosso Deus."
Is 44: 8,
"Existe algum Deus além de mim, ou existe alguma outra rocha? Eu não
conheço nenhum".
Rm 9:33:
"Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, e
quem nela crê não se desapontará."
Deveria ser
óbvio da Palavra de Deus que a rocha a qual Jesus estava se referindo não era
Pedro - mas ele mesmo.
O Kepha
Aramaico
Em contraste
com isso, no parágrafo 2 no início deste artigo, a Igreja Católica Romana diz
que a rocha não pode se referir a Jesus ", mas somente Pedro - como é
muito mais aparente em aramaico em que a mesma palavra (Kipha) é usado para
'Pedro' e 'Rocha'. "O problema é que o texto não está em aramaico - mas em
grego. Como não temos o texto em aramaico, não é apropriado referir-se a ele
como prova da posição católica romana. Temos que nos perguntar por que a Igreja
Católica Romana recorreria a usar algo que não temos: o texto em aramaico. É
porque o argumento deles não é apoiado pelo grego e, portanto, eles devem
inferir algo de um texto que não possuímos?
Além disso,
em João 1:42 diz: "Ele o trouxe a Jesus. Jesus olhou para ele e disse:"
Você é Simão, o filho de João; você será chamado Cefas " (que é traduzido
como Pedro)." A palavra "Pedro" aqui é petros - não petra. É
usado para elucidar o kephas aramaico que não é um nome em aramaico.
"Exceto
em Jo 1:42, onde é usado para elucidar o arásico kēphás, Pétros é usado no NT
somente como um nome para Simão Pedro ... A tradução apóia a visão de que
Kēphás não é um nome próprio, já que geralmente não traduz nomes próprios
" 1
Jesus é a
rocha na qual a igreja é construída
A verdade é que
o único fundamento é Jesus. A única rocha da verdade é Jesus Cristo; e que nós,
como seus remidos, precisamos manter
nossos olhos nele. Não devemos olhar para ninguém mais como a fundação, a fonte
ou a esperança sobre a qual a igreja é construída. A igreja é construída sobre
Jesus - não sobre Pedro.
"Porque
ninguém pode lançar outro fundamento além daquele que está posto, que é Jesus
Cristo" (1 Co 3:11).
por Matt Slick
LIÇÃO 3: MATEUS, O
EVANGELHO DA IGREJA
Pr. Eliseu
Fernandes
INTRODUÇÃO
JESUS :
MINISTÉRIO E REJEIÇÃO
O Evangelho
de Mateus é o único que aparece a palavra igreja por 3 vezes. As quais se
encontram em Mt 16.18 que é o texto básico da lição, e em Mt 18.17 (por 2
vezes).
Mas por que
é o único que aparece? Porque Mateus é um Evangelho escrito para os judeus,
contudo, demonstrada que, como os judeus rejeitaram a Jesus, os gentios agora
são chamados para participar do Reino. Porém, como os gentios podem participar
deste Reino? Por meio da IGREJA,
PORQUE OS
GENTIOS FORAM CHAMADOS PARA O REINO? PORQUE OS JUDEUS REJEITARAM A JESUS – Jo
19.15d (não temos outro rei, senão a César). O Rei foi rejeitado, logo, procura
outros súditos | Jesus é resistido pela liderança judaica de sua época. Qual
dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus:
Na verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no
reino de Deus. (Mt 21.31).
RESISTÊNCIA
DA LIDERANÇA JUDAICA A JESUS
Não é à toa
que, em Mt 12.25, 26 Jesus declara que reino e casa divididos autodestroem-se e
não tem continuidade: importante ler em Mt 12.25-28
25a Todo o
reino dividido contra si mesmo é devastado;
25b e toda a cidade, ou casa (dinastia), dividida contra si mesma não
subsistirá 26a E, se Satanás expulsa a Satanás,
26b está dividido contra si mesmo; como subsistirá pois o seu reino?
27a E, se eu
expulso os demônios por Belzebu, 27b por
quem os expulsam então os vossos filhos? (os fariseus e saduceus eram os
demônios) – diabo do verbo diao = dividir
27c Portanto
eles mesmos serão, os vossos juízes.
28 a Mas, se
eu expulso os demónios pelo Espírito de Deus,
28bé conseguintemente chegado a vós o reino de Deus.
1.A ORIGEM
DA IGREJA – Mt 16.18b
Sobre esta
Pedra edificarei a minha Igreja -Mt 16.18b
Pois ninguém
pode colocar nenhum outro alicerce que não seja aquele que já foi colocado. E
este alicerce é Jesus Cristo (1Co 3.11).
IGREJA x
SINAGOGA
Os judeus no
tempo de Jesus tinham as suas SINAGOGAS – várias = divisão
Syn e
agoge Jesus vai criar a Sua igreja –
Ekklesia – UNA - todos nós formamos UM
só corpo – mesmo havendo muitas igrejas locais, todas estas são UM SÓ CORPO EM
CRISTO.
“edificarei a minha igreja”
·
IGREJA
– ekklesia - de ek preposição “de” – de
dentro para fora / kaleo – chamar
·
(pronúncia
é ekklessia/ a pronúncia ekklezia é latina) – palavras que não foram
traduzidas, mas acomodadas a outras línguas em relação a pronúncia ou algumas
letras
·
Fomos chamados para manifestar a fé, expandir
o Reino fora das nossas fronteiras e limitações – somos chamados para ir ao
mundo, aos gentios, para que estes entrem no reino de Deus.
·
Jesus é o fundador da igreja – uma nova
dispensação iria se iniciar – dispensação da graça de Deus – Jesus é a Pedra na
qual a igreja está edificada ou fundamentada – ele é a pedra de esquina -1Pe
2.4-8
·
A igreja pertence a Cristo – edificarei a
minha igreja – pronome possessivo = a igreja tem dono – NÃO MEXA NO QUE NÃO É
SEU – O DONO DA IGREJA VAI QUERER EXPLICAÇÕES!
1.1 Jesus
fundador da Igreja
Porque Jesus
é o fundador da igreja? Jesus quem iria edificá-la.
Pedro não é
a fundação da igreja nem o fundador – a IGREJA TEM DONO: JESUS
1.2.A Igreja
pertence a Cristo – só quem edifica pode ser dono de algo,
Aqui a
igreja é comparada a uma estrutura = castelo / casa
A frase: eu
edificarei a minha igreja – o verbo edificar está no futuro: a resposta está em
Pv 24.27:
·
Pv
24.27 – ordem das coisas – revelação de Deus
·
Mt 20.1 Reino é como um pai de família (casa)
granjeou trabalhadores para a vinha
·
Mt 21.28 – um pai com dois filhos (mais velho
e mais novo) – Êx 4.22 / Lc 15 –
·
mais velho disse que não ia e foi o mais novo disse que ia e não
foi se arrependeu – fez a vontade do Pai
– publicanos e prostitutas vão anteceder vocês no Reino (v.31)
·
Mt 21.43 – dono da vinha – mataram os enviados
e depois de tantas tentativas envia o próprio filho – a este também matam –
Jesus cita um misto do Sl 118.22 e Is
8.14
·
Sl 118.22 – a pedra rejeitada que vira cabeça
de esquina ou pedra angular – Casa ou edifico
·
Is 8.14 – pedra de esquina será uma rocha de
escândalo para Israel, mas servirá de santuário para outro.
·
Jo 1.42 diz: "Ele o trouxe a Jesus. Jesus
olhou para ele e disse:" Você é Simão, o filho de João; você será chamado
Cefas " (que é traduzido como Pedro)." A palavra "Pedro"
aqui é petros - não petra. É usado para elucidar o kephas aramaico.
·
Dt. 32. 4: "A Rocha! Sua obra é perfeita,
pois todos os seus caminhos são justos; um Deus de fidelidade e sem
injustiça."
·
2 Sm. 22: 2-3, "O Senhor é a minha rocha
e a minha fortaleza e o meu libertador; 3 Meu Deus, minha rocha, em quem me
refugio."
·
Sl 18:31: "E quem é a rocha, senão o
nosso Deus."
·
Is 44: 8, "Existe algum Deus além de mim,
ou existe alguma outra rocha? Eu não conheço nenhum".
·
Rm 9:33: "Eis que eu ponho em Sião uma
pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, e quem nela crê não se
desapontará."
Ainda mais...
Mt 22.2 – o Reino dos céus é semelhante a um rei que celebra as bodas do seu
filho --- os convidados não vão, ele manda chamar os enfermos, doentes,
mendigos e etc.
Depois Jesus
propõe outra parábola, as dez virgens =n damas de honra das bodas– Mt 25.
Mt 12.18 e
21a: 18a “Eis aqui o meu servo que escolhi,
18b o meu amado em quem a minha alma se compraz; 18c porei sobre ele o meu espírito, 18d e ele anunciará aos gentios o juízo
(...) 21a e no seu nome os gentios
esperarão”
2.A
AUTORIDADE DA IGREJA
“Pois também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela”
REF. A
AUTORIDADE DE JESUS Características
recebidas
Mt 7.29
Falava com autoridade (ensinava com autoridade) Autoridade para ensinar e
pregar
Mt 8.9
Curava com autoridade – à distância (centurião) Autoridade para curar
Mt 9.8
Perdoava pecados porque tem autoridade (paralítico) Autoridade para perdoar
pecados
Mt 10.1 Só
quem tem autoridade pode dar autoridade
Autoridade Delegada
Mt 21.22
Autoridade
para purificar o templo – o templo como símbolo da purificação interior do
homem
Autoridade
para mudar a purificação – sangue de ovelhas / seu próprio sangue Mt 21,24
Autoridade vinda do céu De onde vem sua
autoridade? Jo 19.10, 11 Mt 21.27
Autoridade oculta aos líderes, aos grandes, mas revelada ao servos e pequenos
Autoridade Revelada Mt 28.18 Toda autoridade foi entregue a Jesus – Cristo
Triunfante TODA a autoridade é dele Jo 10.18
Ex. para
dirigir um carro o que é necessário? Saber dirigir,( não preciso ter carteira?)
mas a carteira de motorista é a habilitação, ou seja, a autoridade delegada
pelo órgão responsável para que você dirija = em todas as instâncias se tem
autoridade, são níveis diferenciados.
Uma das
simbologias da palavra chaves é AUTORIDADE:
Jesus tem as
chaves e deu a igreja as chaves para a igreja
Quais as
chaves que Jesus tem?
·
Chaves
do Reino – Mt 16.19 - dadas a igreja
também
·
Chaves
da morte e do inferno – Ap 1.18 -
autoridade sobre a vida e sobre a morte
Eu sou o que
vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre! e tenho as chaves
da morte e do inferno
·
Chaves
de Davi – Ap 3.7,8
·
Chave
colocada nos ombros – não no chaveiro = muitas chaves / uma chave = Is 9.6
·
Porque
a chave está no ombro?
·
Porque
ombro representa RESPONSABILIDADE
·
Porque o ombro está próximo a cabeça - Ele é o
Cabeça Igreja é corpo de Cristo
Corpo forma
uma unidade biológica de existência, o corpo é formado por membros, em uma
perfeita harmonia entre as partes, em uma interdependência entre os membros –
nenhum membro vive fora do corpo – o cristão fora da igreja está morto como os
membros também fora do corpo. Cristo é
a Pedra Angular que une as paredes, estas paredes são os judeus e gentios -Ef
2.11-22
Igreja
representante de Cristo
Celebrações
da Igreja (TÓPICO 2.2)
➤Batismo é um ato de fé – uma só vez , só se batiza quem crê verdadeiramente – confissão pública de fé
➤Símbolo de sepultamento – do velho homem para a ressurreição do novo
➤Ceia é um hábito – todas as vezes em memória de Jesus.
➤Batismo é um ato de fé – uma só vez , só se batiza quem crê verdadeiramente – confissão pública de fé
➤Símbolo de sepultamento – do velho homem para a ressurreição do novo
➤Ceia é um hábito – todas as vezes em memória de Jesus.
·
Em
memória – memorial ordenado
3.IGREJA MILITANTE,
IGREJA TRIUNFANTE
IGREJA
MILITANTE
A
igreja militante é a igreja que luta,
que trabalha, que está à disposição de seu Senhor e Rei
Todos os que
compõem a Igreja são chamados para UMA MISSÃO
Jesus tem
uma MISSÃO – como satanás tentou Jesus ara fazer com ele perdesse o foco na
Missão – Mt 4. Na tentação
·
Pedras
em pão – usar seu poder em benefício próprio – ataque do diabo foi na mente de
Cristo – sua arma foi a dúvida “se és” é seu objetivo era: fazer Jesus não
esperar a provisão de Deus – Dt 8.3
·
Jonas
perdeu a VISÃO, consequentemente perdeu a MISSÃO – Deus o conduz até o
propósito dele em Nínive que era símbolo do IDE DA IGREJA HOJE.
IGREJA
TRIUNFANTE A Igreja militante luta
contra o valente, porém a IGREJA TRIUNFANTE VENCE O VALENTE
(quem é este valente que é mais forte que o
homem) – o diabo – mas a igreja tem o Espírito Santo que é mais forte que o
diabo – com o poder do Espírito Santo venceremos o diabo – Mt 4.1; Ef 5.18
E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, - torpor = perda dos sentidos e
domínio mas enchei-vos do Espirito; = força para dominar e vencer
SE VOCÊ
MILITAR PELA CAUSA DO REINO, SERÁ COROADO COMO UM SOLDADO VENCEDOR NA BATALHAS
QUE RECEBE DOS DESPOJOS, O QUE É MAIS PRECIOSO!
Afinal... as
portas( portões e poderes) do Inferno não podem prevalecer contra a IGREJA DE
JESUS CRISTO.
CONCLUSÃO
A comunidade
dos remidos pelo sangue de Cristo é a IGREJA (Mt 16.18; Ap 22.16).
A IGREJA é
aberta a TODOS, porém, NÃO a TUDO!
A Igreja é a
EMBAIXADA do REINO, ela tem as chaves ! – mundo precisa ser colonizado pelo
Reino dos Céus.
Pr.
Eliseu Fernandes
6. OS DONS ESPECÍFICOS PARA A UNIDADE
DA IGREJA — 4.11
A palavra
"dom" significa dádiva, e quando se trata de "dons de
Cristo" refere-se às dádivas concedidas à Igreja, as quais a enriquecem e
fortalecem a sua unidade através dos crentes. Esse direito divino de conceder
"dons" representa os lauréis da vitória de Cristo e o direito pleno
de Ele conceder dons à sua Igreja.
6.1. A distinção dos dons
ministeriais — v. 11
"E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e
outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores". Na mente de Deus não há uma hierarquia ministerial seguindo uma
ordem de valor, pois não teria sentido então a unidade do corpo. 0 destaque de
uma função não representa uma posição mais importante que outra. Paulo fez questão
de ensinar isso à igreja de Corinto com essas palavras: "Porque também o
corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não
sou do corpo; não será por isso do corpo?" (1 Co 12.14,15). Os versos 17 e
18 aclaram ainda mais o texto de Coríntios: "Se todo o corpo fosse olho,
onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora
Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis". A lição
prática da "unidade do Espírito" quanto aos ministérios distribuídos,
é que "cada um" deve assumir seu trabalho na Igreja, porque assim
Deus o quer. Assim sendo, cada qual poderá dar o melhor de si para a unidade da
obra do Senhor. Esses dons são enumerados pelo apóstolo Paulo sem a preocupação
de ordem ou grau. São dons concedidos àqueles que são nomeados ou ordenados
para o ministério do seu corpo, a Igreja, no mesmo nível de valor e propósito.
6.1.1. Apóstolos
"E ele mesmo deu uns para
apóstolos". Uma função no corpo de Cristo que não ficou restrita apenas
aos discípulos de Jesus. Há uma forte corrente de interpretação que restringe
esse ministério aos dias apostólicos, isto é, aos introdutores da Igreja
Primitiva. Essa teoria assegura que "apóstolos" foram somente aqueles
enviados imediatos de Jesus, isto é, os discípulos que estiveram com Ele
fisicamente, presenciaram sua morte e foram testemunhas oculares de sua
ressurreição (1 Co 15.4-8). Entretanto, o mesmo Jesus que enviou aqueles seus
primeiros discípulos e enviou outros nos dias primitivos da Igreja, continua
ainda hoje enviando, de forma especial, homens com uma missão delegada onde
quer que se faça algum trabalho particular em favor de seu reino na face da
Terra.
No grego,
"apóstolo" significa mensageiro; enviado; delegado.
O Novo
Testamento apresenta outros apóstolos além dos 12 discípulos de Jesus. No lugar
de Judas Iscariotes entrou Matias (At 1.25,26). Depois, Paulo é reconhecido
como apóstolo, e também Barnabé (At 14.14).
Há também
uma corrente que ensina a sucessão apostólica e outra que rejeita a idéia da
sucessão. A idéia da não-sucessão pode ser vista de dois modos. O primeiro
afirma que, não havendo sucessão dos apóstolos, não pode haver mais apóstolos,
senão aqueles que foram reconhecidos na Igreja Primitiva. O segundo modo não
admite a sucessão apostólica, mas crê na ação soberana e contínua de Cristo
para chamar e enviar homens com uma missão especial, para realizar um trabalho
que outro não fez.
A igreja
católica romana defende a idéia da sucessão e coloca os papas como sucessores
do apóstolo Pedro. Entretanto, não há no Novo Testamento sucessão apostólica no
sentido de tomar o lugar de outrem. O que os primeiros apóstolos realizaram foi
importante para a formação da Igreja no princípio, porém o mais importante não
é a sucessão deles, e sim a continuidade do seu trabalho. Por isso, creio que
Deus chama homens para o apostolado hoje. Paulo não foi sucessor de nenhum dos
apóstolos que estive-ram com Jesus, nem tampouco Barnabé. O único nome citado
no Novo Testamento que sucedeu a algum apóstolo foi Matias, que entrou no lugar
de Judas Iscariotes (At 1.15-26). Há um conceito errado quanto à função
apostólica hoje. Chamam a alguns de apóstolos por causa de seu tempo de serviço
na causa de Cristo ou por destaque em liderança pastoral. Entretanto, o
ministério de apóstolo é tão importante quanto os demais ministérios expostos
na mesma lista de Efésios 4.11.
Pergunto, então: por que devemos ter
evangelistas, pastores, mestres e profetas e não apóstolos, se esse ministério
foi incluído no mesmo texto? É claro que não podemos generalizar a importância;
ao contrário, queremos dar o devido valor a esse importante e necessário
ministério na igreja atual. Entretanto, entendo que Deus comissiona certos
homens para realizarem trabalhos específicos, à semelhança de um David Wilkerson,
D. L. Moody, Smith Wigglesworth, Jorge Müller, Gunnar Vingren, Daniel Berg,
Hudson Taylor, Carlos Finney, Richard Wurmbrand etc.
6.1.2. Profetas
"... e
outros para profetas". O ministério profético tinha um destaque notável na
Igreja Primitiva. Cabia-lhe a função especial, através do Espírito Santo, de
edificar, exortar e consolar (1 Co 14.3). Não significa apenas pregar ou
ensinar a Palavra de Deus, mas a missão de receber diretamente do Espírito
Santo, pelo dom da profecia, a habilidade de transmitir a Palavra do Senhor. O
próprio significado da palavra "profeta" quer dizer "aquele que
fala por outro".
No sentido popular, a idéia que se tem do
profeta é a daquele que revela °u prediz o futuro. Nos dias primitivos da
igreja, vemos esse ministério bastante ativo, em que a vontade e a mente do
Senhor eram expostos através dos profetas. Em Atos 13.1,2, lemos sobre alguns
Profetas da igreja de Antioquia, na qual se destacaram alguns nomes como
Barnabé, Simeão, Lúcio Cireneu, Manaem e Saulo. Atos 15.32 diz que "Judas
e Silas eram também profetas e consolaram os irmãos com muitos conselhos e os
fortaleceram".
Ainda em
Atos 11.27,28, fala-se de alguns profetas de Jerusalém que foram a Antioquia,
destacando-se Ágabo, que profetizou sobre uma fome que haveria de vir a todo o
mundo e foi cumprida no tempo de Cláudio César. Em Atos 21.8,9, as filhas do
evangelista Filipe eram profetisas.
O ministério
de profeta no Antigo Testamento era um ofício da parte de Deus.
No Novo
Testamento tem-se a impressão de ser, também, um ofício. Mas na lista dos
"dons espirituais" (1 Co 12.10), a profecia aparece como "dom do
Espírito". Como resolver o problema, então? E ofício ou dom? Ou é ofício e
dom ao mesmo tempo? Alguns intérpretes fazem diferença entre dom
e oficio, porém, em relação ao ministério profético no
Novo Testamento, a profecia engloba tanto o dom como o ofício. Paulo, em 1
Coríntios 14.30, dá a entender que o profeta exerce sua função quando o
Espírito Santo lhe inspira repenti-namente uma mensagem advinda duma súbita
revelação e, obediente ao impulso do Espírito, transmite a mensagem de Deus.
Entendemos, então, que o ministério dos profetas na igreja é colocado entre
outros ministérios porque é útil para a edificação da igreja. O profeta difere
do apóstolo pelo fato de que o apóstolo exerce uma missão especial delegada
pelo Senhor.
O profeta
difere do mestre porque o mestre, inspirado pelo Espírito, discorre sobre um
ensinamento lógico e sistemático nas Escrituras; normalmente o mestre segue um
raciocínio preestabelecido e apela mais à razão. O profeta difere do
evangelista, pois este tem como função falar aos pecadores acerca das verdades
divinas, procurando alcançar-lhes o coração. O evangelista apela mais para os
sentimentos, para o coração, do que para a mente, pois busca decisões rápidas.
Estaria
ultrapassado o ministério do profeta do Novo Testamento na atualidade? Seria
mais um título do Novo Testamento dado ao pregador? Não! Existe o ministério de
profeta no Novo Testamento, e a pregação pode receber o impulso profético na
transmissão das verdades divinas.
Devemos
entender que o "profeta" na igreja é indispensável, e não significa
simplesmente o dom de predizer o futuro, nem o de guiar a igreja em negócios
particulares. Essencialmente, o profeta não é um pregador, mas entendemos que
um pregador pode exercer, na pregação, o ministério profético. Uma pregação
devidamente ordenada com pensamentos lógicos e inspirados pode não ser uma
mensagem profética, mas à medida que aqueles pensamentos vão sendo expostos,
novas verdades espirituais são inspiradas ao pregador e se tornam,
automaticamente, uma mensagem profética.
Na verdade,
o profeta é aquele que interpreta o sentimento do Espírito Santo para o povo. E
um ministério que tem função poderosa, à parte a pregação. Quando o Espírito dá
sobrenaturalmente uma mensagem ao profeta, e este a transmite com suas palavras
essa profecia, ou mensagem divina, interpreta o desejo de Deus para a igreja. O
ofício de profeta existe não para acrescentar outra verdade que não tenha base
nas Escrituras, mas para edificar, exortar e consolar com base nas verdades já
reveladas na Bíblia.
6.1.3. Evangelistas
"... e
outros para evangelistas". Este é outro ministério, cuja função é a de
levar as Boas Novas de Cristo, o Salvador. Seu trabalho não é num lugar fixo,
mas itinerante. É o que sai em busca dos perdidos e os traz à casa do Pai
celestial.
É um
ministério de suma importância dado à igreja, ou, mais especificamente, a
homens escolhidos para fazerem esse trabalho. Lamentavelmente, existe em alguns
lugares uma idéia errada dessa missão. E um ministério tão importante quanto os
demais, sem nada diminuir ou aumentar aquele que o exerce. E uma posição
específica no corpo de Cristo, não obedece a uma ordem hierárquica, nem
tampouco é uma posição inferior à de pastor. E uma função pouco reconhecida
como ministério específico, semelhante ao de Filipe, Timóteo e outros (At 21.8;
2 Tm 4.11).
É uma ordenação ministerial bem caracterizada
e distinta dos demais ministérios, conforme Efésios 4.11.
O
evangelista é aquela pessoa habilitada pelo Espírito para falar da salvação em
Cristo. Os demais ministérios, como pastores e mestres, deixarão de ser sem o
ministério do evangelista. E o evangelista quem leva os pecadores ao
conhecimento de Jesus Cristo como Salvador, para, posteriormente, os pastores e
mestres desenvolverem seus ministérios. As marcas de um verdadeiro evangelista
aparecem no poder sobrenatural da Palavra de Deus e nos sinais e maravilhas
operados por sua fé, levando as pessoas a Cristo.
O
evangelista tem um ministério distinto entre os demais, mas não isolado, porque
o evangelista é enviado pela igreja. E um ministério difícil e custoso, porque
é ele quem vai na "frente da batalha" contra os poderes do mal. No
entanto, são os demais ministérios que mantêm a conquista das almas.
6.1.4. Pastores
"... e
outros para pastores".
O ministério
pastoral inclui outros títulos que representam a mesma função de pastor, tais
como ancião, presbítero e bispo. Todos esses nomes têm o mesmo significado em
relação ao ministério pastoral. É o ministério mais desejado na atualidade, e
isto se dá mais pela função atual de um pastor na igreja, que é o de exercer
liderança sobre um povo em local fixo. Entretanto, o real significado de
pastor, no grego, é "guardador de ovelhas". O exemplo mais claro
desse significado está na identificação que Jesus fez acerca de si mesmo como
"o bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas" (Jo 1.11). Em outros
textos do Novo Testamento, como Hebreus 13.20 e 1 Pedro 2.25; 5.4, os
escritores identificam Cristo como o exemplo do verdadeiro pastor.
No princípio
do Evangelho, com a formação de várias igrejas, houve a necessidade de homens
piedosos e respeitados nas congregações para as dirigirem. As primeiras igrejas
eram entregues aos "anciãos" locais (At 11.30; 14.25; 20.17; 28).
Por serem homens idosos e de larga experiência
na vida, eram colocados na direção das igrejas. A palavra "ancião"
referia-se mais à idade e posição deles, mas o título mais oficial era bispos
ou presbíteros. Esse título indicava a idéia de uma posição de liderança na
igreja local. Em outras palavras, eram pastores locais, cujo trabalho era o de
alimentar o rebanho, protegê-lo dos falsos ensinos, conservar a sã doutrina, orientar
os crentes na vida diária, conduzir as reuniões com "ordem e
decência" (At 20.28; 1 Co 14.40; Tt 1.9,1 l;Tg 5.14; 1 Pe5.2; 2Pe2.11).
6.1.5. Mestres (doutores,
ensinadores)
Até certo ponto, o pastor tem um ministério
acompanhado do ensino. Ele pode exercer as duas funções. Entretanto, a função
de "mestre" é específica no ministério cristão, que é ensinar a
Palavra de Deus de forma lógica. Pelo fato de ser um ministério dado por Jesus,
o Espírito Santo atua de maneira poderosa no sentido de aclarar as verdades
divinas ensinadas aos crentes.
O mestre
podia ser ministro itinerante pelas igrejas. Seu trabalho era junto às almas
ganhas pelos evangelistas e apóstolos.
O Novo Testamento destaca Apoio como exímio
ensinador; ele andava pelas igrejas ministrando a Palavra de Deus (At 18.27; 1
Co 16.12; Tt 3.13). É um ministério de extremo valor, mas pouco reconhecido,
ou, então, prejudicado pelo sistema de governo de nossas igrejas, que, por não
reconhecerem a importância de tal ministério, obrigam o "mestre" a
pastorear. E como obrigar um lavrador a fazer o trabalho do alfaiate. Igrejas
sem mestres são igrejas fracas espiritualmente. Por isso, deve-se reconhecer a
importância e a necessidade do ministério do ensino. E através do ensino sadio
e racional, inspirado pelo Espírito Santo, que a igreja se justifica contra as
falsas doutrinas e se fortifica contra os ataques espirituais de Satanás.
Quando os
evangelistas realizam cruzadas, os ensinadores devem ser acionados para
fortalecer a fé dos novos convertidos. Uma igreja não vive só de pregações;
precisa também de ensino constante e firme.
6.2. O propósito dos dons ministeriais — vv.
12-16
Os dons
ministeriais foram dados à igreja com objetivos específicos. Ainda que sejam
manifestos em indivíduos, eles existem através de funções na igreja.
6.2.1. Há um tríplice propósito no uso dos
dons ministeriais — v. 12
• O aperfeiçoamento dos santos
• A obra do ministério
• A edificação do corpo de Cristo
Considerando
cada um desses objetivos, podemos compreender a razão deles.
O termo "santo" designa todos os
crentes vivos. Cada crente, em particular, necessita ser "separado do
mundo", ou "não contaminado com as coisas do mundo", pois ser
santo implica na busca da santidade. E uma condição e um processo em evolução,
isto é, somos "santos" porque participamos da santidade do corpo de
Cristo. Indica uma posição em Cristo e fora dEle; se não tivéssemos essa
santidade em Cristo, jamais seríamos aceitos perante o Pai doutra forma (Hb
12.14).
a. O aperfeiçoamento dos santos A
palavra "aperfeiçoamento" deve ser entendida no contexto da frase e
em todo o texto de Paulo. Várias interpretações têm sido dadas à expressão
"aperfeiçoamento dos santos". Pelo menos cinco idéias são sugeridas
para a interpretação do texto que diz "... querendo o aperfeiçoamento dos
santos".
A primeira
sugere que a expressão significa a complementação do número de santos no corpo
de Cristo; a segunda afirma que a palavra "aperfeiçoar" significa a
renovação e a restrição do número dos santos; a terceira idéia é de que o
sentido da palavra seria "limpeza que reduz e ordena a unidade perfeita no
corpo de Cristo"; a quarta vê na palavra "aperfeiçoar" um estado
de dinamismo, que reporta ao trabalho; a quinta e última preocupa-se com o
sentido literal da palavra, isto é, "completar o que estava
incompleto" ou "acabar com perfeição". Portanto, "os
santos" não são os crentes que já morreram, mas aqueles que procuram viver
de acordo com os ensinos da Palavra de Deus. É o Espírito Santo quem aperfeiçoa
os crentes, os santos no corpo de Cristo. O verbo "aperfeiçoar"
indica um processo relativo aos crentes fiéis. Deus não precisa ser santo pois
Eleja o é, mas nós precisamos sê-lo.
b.
A obra do ministério
O
significado da frase está relacionado com o verso 11, pois entendemos que o
"aperfeiçoamento dos santos" está implícito na obra dos que foram
constituídos ministros. Os dons são dados para "aperfeiçoar os
santos". Indica a importância dos ministérios dentro da igreja. Esses
ministérios são completos e satisfazem plenamente, à medida que eles funcionam
objetivando a unidade dos crentes em Cristo. Esses ministérios são espirituais,
pois são dados pelo Senhor. Nada têm a ver com funções eclesiásticas
profissionais. São ministérios dados por Deus, e os que os receberem devem
desenvolvê-los na igreja. Esses ministérios são funções naturais. Eles não
visam "posições" nem "senhorios", mas existem da mesma
forma que outras atividades espirituais na igreja, ou seja, para o
aperfeiçoamento do corpo de Cristo. O bom desempenho da obra ministerial tem o
propósito de preparar ou habilitar crentes para o serviço de Cristo. O trabalho
do ministério restringe-se aqui, no contexto do verso 12, ao serviço em favor
da igreja através dos "dons ministeriais".
c. A edificação do corpo de Cristo
A palavra
"edificar" surge aqui como uma metáfora, pois indica uma edificação
contínua e espiritual (At 9.31; 20.32; 1 Co 8.1; 14.3,4,17; 2 Co 10.8,23; 1 Tm
1.4). É uma edificação de ordem espiritual feita sob a orientação do Espírito
Santo. A Igreja é um edifício em construção, assim como o corpo místico de
Cristo. Tanto a construção de um edifício quanto o desenvolvimento de um corpo
vivo indicam trabalho, o que na igreja é feito pelo ministério. Os dons foram
dados à Igreja para que ela, através dos seus membros ativos, use esses dons
espirituais e ministeriais na edificação e no desenvolvimento de si mesma, pois
ela é o corpo de Cristo, sendo Cristo a cabeça. As figuras "edifício"
e "templo" têm uma finalidade específica, que é falar do crescimento
e da unidade da igreja.
COMENTÁRIO BÍBLICO EFÉSIOS
- ELIENAI CABRAL
O Propósito da Igreja
O capítulo
17 deste livro trata da missão da Igreja. Antes de concluirmos esta seção, que
fala da natureza da Igreja, vale a pena fazer algumas observações a respeito do
propósito para o qual a Igreja foi chamada à existência. O propósito do Senhor
não era que a Igreja apenas existisse como finalidade em si mesma, para se
tornar, por exemplo, simplesmente mais uma unidade social formada por membros
de mentalidade semelhante. Pelo contrário, a Igreja é uma comunidade formada
por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e
então a revestiu com o poder do dom do Espírito Santo a fim de que ela pudesse
cumprir o plano e propósito de Deus. Muitos itens podem ser incluídos num
estudo sobre a missão da Igreja. Este breve estudo só incluirá, porém, quatro
deles: a evangelização, a adoração, a edificação e a responsabilidade social.
A parte
central das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes da sua
ascensão, foi a ordem (não uma sugestão) de evangelizar o mundo e fazer novos
discípulos (Mt 28.19; At 1.8). Cristo não abandonou aqueles evangelistas à sua
própria capacidade ou técnica. Ele os comissionou a ir com a sua autoridade (Mt
28.18) e no poder do Espírito Santo (At 1.8). O Espírito levaria a efeito a
convicção do pecado (Jo 16.8-11); os discípulos deveriam proclamar o Evangelho.
A tarefa da evangelização ainda faz parte imperativa da missão da Igreja. A
Igreja é chamada a ser uma comunidade evangelizadora. Este mandamento não tem
restrições nem fronteiras geográficas, raciais ou sociais. Erickson declara:
"O evangelismo local, a extensão ou a implantação de igrejas, bem como as
missões mundiais, são uma única e a mesma coisa. A única diferença acha-se na
distância do raio de alcance".29 Os crentes atuais não devem esquecer que,
embora sejam eles os instrumentos da proclamação do Evangelho, não deixa de ser
o Senhor da colheita quem produz o incremento. Os crentes não têm de prestar
contas do seu "sucesso" (segundo os padrões do mundo), mas da sua
dedicação e fidelidade no serviço.
A Igreja
também é chamada a ser uma comunidade que adora. A palavra "adoração', no
inglês antigo, denota a pessoa que recebe honra proporcional à sua dignidade.30
A adoração genuína é caracterizada quando a Igreja centraliza a sua atenção no
Senhor, e não em si mesma.31 Quando Deus é adorado exclusivamente, os crentes
que assim o adoram são invariavelmente abençoados e espiritualmente
fortalecidos. A adoração não precisa ser limitada somente aos cultos regulares
do cronograma da igreja. Na realidade, todos os aspectos da nossa vida cristã
devem caracterizar-se pelo desejo de exaltar e glorificar ao Senhor. Parece ser
esta a razão de Paulo dizer: "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais
outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31).
Um terceiro
propósito da Igreja é ser uma comunidade edificante. Na evangelização, a Igreja
focaliza o mundo; na adoração, volta-se para Deus; e, na edificação, atenta
(corretamente) para si mesma. Repetidas vezes, nas Escrituras, os crentes são
admoestados a edificar uns aos outros para assim formarem uma comunidade idônea
(cf. Ef 4.12-16). A edificação pode ser levada a efeito por muitos meios
práticos. Por exemplo: ensinar e instruir os outros nos caminhos de Deus
certamente enriquece a família da fé (Mt 28.20; Ef 4.11,12). Administrar a
correção espiritual numa atitude de amor é essencial na ajuda ao irmão
desviado, a fim de que permaneça no caminho da fé (Ef 4.15; Gl 6.1).
Compartilhar com os necessitados (2 Co 9), levar os fardos uns dos outros (Gl
6.2) e fornecer oportunidades para convívio e interação social cristãos sadios
são meios relevantes de edificar o corpo de Cristo.
A Igreja é
também chamada a ser uma comunidade com solicitude e responsabilidade sociais.
Infelizmente, esta vocação tem sido minimizada ou negligenciada entre muitos
evangélicos e pentecostais. E possível que muitos crentes sinceros tenham
receio de se tornar modernistas ou rumar na direção do assim chamado
"evangelho social", caso se envolvam em ministérios que visem o
atendimento social. Haveria fundamento para tal receio se esse tipo de obra
fosse levado a extremos malsãos e deixasse de lado verdades eternas ao oferecer
alívio temporário. Por outro lado, o descuido com as necessidades sociais
representa o abandono de um vasto número de admoestações bíblicas dirigidas ao
povo de Deus, no sentido de serem cumpridas essas obrigações. O ministério de
Jesus caracterizava-se pela compaixão amorosa a todos os sofredores e
indigentes deste mundo (Mt 25.31-46; Lc 10.25-37). Idêntica solicitude é
demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq
6.8) quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1 Jo 3.17,18). Expressar
o amor de Cristo de modo tangível pode ser um meio vital de a Igreja cumprir a
missão que lhe foi confiada por Deus. Assim como em todos os aspectos da missão
(ou propósito) da Igreja, é essencial que nossos motivos e métodos visem fazer
tudo para a glória de Deus.
A
Organização da Igreja
Organismo ou
Organização?
A Igreja
deve ser considerada um organismo, algo que possui e gera vida, ou uma
organização, caracterizada pela estrutura e pela forma? Esta pergunta tem sido
postulada de várias maneiras e por vários motivos durante toda a história do
Cristianismo. Cada geração de crentes (inclusive alguns pentecostais do início
do século XX) tem contado com pessoas que consideram a Igreja apenas como
organismo. Enfatizam a natureza espiritual da Igreja e tendem a pensar que
qualquer tentativa de organizar o corpo de crentes resultará na erosão da
Igreja e, finalmente, na morte da espontaneidade e vida que caracterizam a
verdadeira espiritualidade.32 Outros crêem firmemente na necessidade da
estrutura organizacional para a igreja. Chegam ao extremo de ensinar que a
Bíblia oferece pormenores específicos para a ordem e regulamento da igreja
(infelizmente, subvertem seus próprios argumentos ao discordarem entre si sobre
quais pormenores são obrigatórios!).
Talvez a
melhor abordagem à questão, por vezes controvertida, não seja colocar o
problema como pergunta ("Qual dos dois?"), mas como solução: ambos. O
exame da Igreja do Novo Testamento revelará certamente aspectos que favorecem o
conceito de "organismo". A Igreja era dinâmica e desfrutava da
liberdade e do entusiasmo de ser dirigida pelo Espírito. Por outro lado, o
mesmo exame revelará que a Igreja, desde o seu início, operava com certo grau
de estrutura operacional. Os dois pontos de vista (organismo e organização) não
precisam colocar-se em estado de tensão, pois é possível perceber que se
completam mutuamente. Cada uma das descrições bíblicas da Igreja analisadas
supra - povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo - sugerem uma
unidade orgânica. Afinal de contas, a vida espiritual do cristão deriva de seu
relacionamento com Cristo, e sua vida, como consequência, flui através dele à
medida que se torna canal para alimentar e fortalecer a comunidade (Ef
4-15,16). Para o organismo sobreviver, no entanto, precisará de uma estrutura.
A Igreja, para poder levar o Evangelho a todo o mundo e fazer discípulos de
todas as nações, necessitará de algum tipo de sistema organizacional para o
emprego mais eficiente de seus recursos.
O desejo de
se viver uma igreja neotestamentária é uma aspiração digna e nobre. Os crentes
devem continuar a modelar sua teologia de conformidade com os ensinos
apostólicos e permanecer na busca da orientação do Espírito Santo em sua vida.
No entanto, o Novo Testamento indica vários meios de organização para suprir
essa necessidade. Por exemplo: a igreja não escolheu diáconos, a não ser quando
surgiu a necessidade deles. Posteriormente, foram acrescentadas diaconisas.
Existe no Novo Testamento elasticidade para acomodar necessidades geradas por
situações geográficas e culturais as mais diversas. Lembremo-nos de que a
mensagem do Novo Testamento é eterna e não pode ser submetida a meios-termos.
Entretanto, para que a mensagem se torne eficaz, torna-se necessário aplicá-la
ao meio contemporâneo.
Formas
Principais de Governo Eclesiástico
Tem-se
sugerido que a questão da organização eclesiástica, ou seja, o governo ou
constituição da igreja, é, em última análise, questão de autoridade - onde
reside a autoridade da igreja e quem tem o direito de exercê-la.33 Embora a
maioria , dos crentes não hesite em responder que Deus é a derradeira
autoridade da Igreja, ainda precisam determinar como e através de quem Ele
deseja administrar essa autoridade. No decurso da história da cristandade,
surgiram várias formas de constituição eclesiástica. Algumas atribuem maior
grau de autoridade aos clérigos. Outras ressaltam que os leigos devem exercer
maior controle na igreja. Outros ainda buscam uma posição de equilíbrio entre os
dois extremos. Com raras exceções, a maioria dessas estruturas podem ser
classificadas em uma das seguintes formas: episcopal, presbiteriana ou
congregacional.
A forma
episcopal de governo eclesiástico é normalmente considerada a mais antiga. O
próprio título é derivado da palavra grega episkopos, que significa
"supervisor". A tradução mais frequente desse termo é
"bispo" ou "superintendente". Os que apoiam esta forma de
constituição eclesiástica acreditam que Cristo, como Cabeça da Igreja, tenha
confiado o controle de sua Igreja na Terra a uma ordem de oficiais chamados
bispos, que seriam sucessores dos apóstolos. Acreditam ainda que Cristo
constituiu os bispos para serem "uma ordem separada, independente e
autoperpetuante"34 (significa que exercem o controle definitivo nas
questões de governo eclesiático e que selecionam seus próprios sucessores).
A história
da Igreja apresenta evidências da exaltação paulatina da posição de bispo acima
das outras posições de liderança eclesiástica. No século II, Inácio de Antioquia
(sendo ele mesmo um bispo) ofereceu base racional para a sucessão apostólica ao
escrever: "Porque Jesus Cristo - aquela vida da qual não poderemos ser
separados à força - é a mente do Pai, assim como também os bispos, nomeados em
todas as partes do mundo, refletem a mente de Jesus Cristo".35 Em outra
carta, Inácio atribui crédito a outros oficiais eclesiásticos, inclusive
presbíteros e diáconos, e observa que, "sem eles, não se pode ter uma
igreja". Enfatizava, no entanto, que somente o bispo "desempenha o
papel do Pai".36
Cipriano, um
dos pais da Igreja no século III, elevou ainda mais a importância do bispo e a
forma de governo episcopal, declarando: "O bispo está na igreja e a igreja
está no bispo, e onde não houver bispo não há igreja".37 A versão extrema
do sistema episcopal encontra-se na organização da Igreja Católica Romana, que
remonta pelo menos ao século V. Na tradição católica, o papa ("pai
exaltado") aparece como o único sucessor reconhecido do apóstolo Pedro,
este considerado pela Igreja Católica como aquele sobre quem Cristo estabeleceu
a Igreja (Mt 16.17-19) e que veio a ser o primeiro bispo de Roma.38
No
catolicismo há muitos bispos, mas todos são considerados sujeitos à autoridade
do papa, que, no seu papel de "vigário de Cristo", governa como bispo
supremo, ou monárquico, da Igreja Romana.
Outras igrejas que seguem o sistema
episcopal de governo adotam uma abordagem menos exclusivista e possuem vários
(às vezes numerosos) líderes que exercem, como bispos, igual autoridade e
supervisão na igreja. Tais grupos incluem a Igreja Anglicana (ou Episcopal,
fora da Inglaterra), a Igreja Metodista Unida e vários grupos pentecostais,
inclusive a Igreja de Deus (Cleveland, Tennessee) e a Igreja da Santidade
Pentecostal. Os pormenores específicos do governo eclesiástico muitas vezes
diferem grandemente entre os vários grupos, mas têm em comum a forma que
identifica o sistema episcopal.
A forma
presbiteriana de constituição eclesiástica deriva seu nome do cargo e função
bíblicos do presbuteros ("presbítero" ou "ancião"). Este
sistema de governo tem um controle menos centralizado que o modelo episcopal:
confia na liderança de representação. Cristo é reconhecido como o Cabeça da
Igreja (em última análise) e os escolhidos (usualmente por eleição) para ser
seus representantes diante da igreja lideram nas atividades normais da vida
cristã (adoração, doutrina, administração etc).
Assim como
na forma episcopal, a aplicação do sistema presbiteriano varia de denominação
para denominação. Todavia o modelo normalmente consiste em pelo menos quatro
níveis. O primeiro (de baixo para cima) é a igreja local, governada pelo
"concílio", que consiste em "anciãos governantes" (ou
diáconos) e "anciãos ensinantes" (ou ministros). O segundo nível
(para cima) de autoridade é o presbitério, que consiste em anciãos governantes
e ensinantes de determinado distrito geográfico.
Num plano ainda mais alto,
temos o sínodo e, finalmente, na posição suprema de autoridade chegamos à
Assembleia Geral (ou Supremo Concílio). , Da mesma forma, os níveis são
dirigidos por líderes (clérigos e leigos) que agem como representantes dos
membros, por estes eleitos, e são responsáveis pela orientação espiritual e
pragmática. Embora não haja nenhuma forte autoridade centralizada, como no
sistema episcopal, as igrejas que compõem o sistema presbiteriano têm um forte
vínculo de comunhão e uma tradição de doutrina e prática comuns. Entre as
igrejas que adotam esta forma de constituição eclesiástica estão as
presbiterianas e as reformadas e alguns grupos pentecostais, inclusive, em
grande medida, as Assembleias de Deus (a respeito das quais ainda forneceremos
mais dados).
A terceira
forma de governo eclesiástico é o sistema congregacional. Conforme sugere o
nome, seu enfoque de autoridade recai sobre o corpo local de crentes. Entre os
três tipos principais de constituição eclesiástica, é o sistema congregacional
que mais controle coloca nas mãos dos leigos e mais se aproxima da pura
democracia. A congregação local é considerada autônoma nas suas tomadas de
decisões, sendo que nenhuma pessoa ou organização tem autoridade sobre ela, a
não ser Cristo, o verdadeiro Cabeça da Igreja. Não sugerimos com isso que as
igrejas congregacionais ajam em total isolamento ou sejam indiferentes às
crenças e costumes das igrejas irmãs. As igrejas congregacionais da mesma
convicção teológica desfrutam normalmente de fortes laços de comunhão, e não
raro esforçam-se para cooperar entre si nos programas de maior escala, como as
missões ou a educação (conforme se vê, por exemplo, dentro da Convenção Batista
do Sul dos EUA). Ao mesmo tempo, apesar do forte senso de união e coesão quanto
ao propósito e ministério globais, a associação dessas igrejas é voluntária, e
não obrigatória. E sua estrutura tem mais elasticidade que a presbiteriana ou,
especialmente, mais que a episcopal. Entre as igrejas que operam segundo o
modelo congregacional estão a maioria das associações batistas, a Igreja
Congregacional e muitas igrejas contidas no amplo espectro dos movimentos
eclesiásticos independentes.
Os
seguidores de qualquer um dos três principais sistemas de governo acreditam no
apoio do Novo Testamento à sua forma de constituição eclesiástica. Por exemplo,
uma
leitura
informal das epístolas do Novo Testamento revela que os dois títulos: episkopos
("bispo", "supervisor", "superintendente") e
presbuteros ("presbítero", "ancião") são frequentemente
usados com referência aos líderes da Igreja Primitiva. Paulo, em 1 Timóteo
3.1-7, instrui a respeito do cargo de bispo (episkopos) e repete algumas dessas
instruções em Tito 1.5-9. Aqui, no entanto, parece que Paulo emprega os termos
episkopos (v. 7) e presbuteros (v. 5) de modo intercambiável. Em outros trechos
bíblicos, os dois cargos parecem estar separados (cf. At 15.4,22; Fp 1.1). Como
consequência, dependendo da ênfase que se dê a um desses textos, seria possível
interpretar a estrutura da Igreja Primitiva igualmente em termos episcopais ou
presbiterianos.
Um texto das
Escrituras é frequentemente usado pelos dois grupos para ilustrar seu sistema:
Atos 15, que relata o Concílio da Igreja em Jerusalém. Parece que Tiago, irmão
de Jesus, preside o concílio.39 Este fato, juntamente com outras referências a
Tiago como "apóstolo" e "coluna da igreja" (Gl 1.19; 2.9),
tem convencido alguns de que Tiago exercia autoridade de bispo. Por outro lado,
os defensores do sistema presbiteriano acham que Tiago parece mais estar agindo
como moderador (presidente do concílio) que como uma figura de autoridade e que
os demais parecem estar no papel de líderes escolhidos para representar suas
respectivas igrejas. Há, ainda, referências neotestamentárias que favorecem o
sistema congregacional sugerindo que a Igreja Primitiva elegia seus próprios
líderes e delegados (por exemplo, At 6.2-4; 11.22; 14-23)40 e que a congregação
local tinha a responsabilidade de manter a sã doutrina; cabia-lhe também
disciplinar (por exemplo, Mt 18.15-17; 1 Co 5.4,5; 1 Ts 5.21,22; 1 Jo 4-1).
Portanto,
obviamente, nenhum modelo completo de governo eclesiástico é oferecido pelo
Novo Testamento. Os múltiplos modelos vinham a satisfazer as necessidades, e
assim foram estabelecidos princípios para o exercício da autoridade e
oferecidos exemplos que possivelmente dão apoio a qualquer um dos três tipos
históricos de governo eclesiástico. Hoje, a maioria das igrejas segue o modelo
essencial de um desses três tipos, mas não sem modificações, que visam a
adaptação ao modo específico de cada grupo definir e exercer o ministério. E,
embora nenhum desses sistemas seja inerentemente certo ou errado, pode-se ver que
cada um apresenta tanto aspectos positivos quanto negativos.
Seja qual
for o tipo de governo eclesiástico que escolhermos, merecem destaque vários
princípios bíblicos, que devem servir de alicerce a qualquer estrutura desse
tipo. Cristo deve ser sempre reconhecido e honrado como Cabeça suprema da
Igreja. Se os cristãos perderem de vista essa verdade absoluta, nenhuma forma
de governo será bem-sucedida. W. D. Davies declara, com muita razão: "O
critério neotestamentário ulterior de qualquer ordem eclesiástica... é que não
usurpe a coroa real do Salvador dentro da sua Igreja".41 Outro princípio
fundamental deve ser o reconhecimento da união básica da Igreja. Sem dúvida, há
muita diversidade entre as crenças e práticas das várias denominações (e até mesmo
dentro de uma única denominação). Os valores culturais e tradicionais variam
grandemente entre si. Mesmo assim, e levando-se em conta todas as diferenças, o
corpo de Cristo não deixa de ser uma "unidade na multiplicidade",42 e
é necessário muito cuidado para manter a harmonia e união de propósitos entre o
povo de Deus.
Antes de
finalizarmos esta seção, é oportuno dizer algo a respeito da estrutura
organizacional das Assembleias de Deus. Muitos dos pioneiros desta comunhão
reagiram, desde o início, contra uma forte autoridade central a governá-la.
Isto porque as denominações às quais antes pertenciam haviam excluído os
crentes que receberam o Espírito Santo como ameaças ao situacionismo (entre
outras coisas). Alguns dos primeiros pentecostais não estavam mais dispostos a
servir uma religião "organizada" - conforme eles a identificavam. No
decurso do tempo, entretanto, muitos dos primeiros líderes pentecostais
perceberam a necessidade de algum tipo de estrutura através da qual a mensagem
moderna do Pentecostes pudesse ser promovida. Consequentemente, as Assembleias
de Deus foram organizadas como uma "comunhão" ou
"movimento" (muitos ainda repudiavam o termo
"denominação"), que enfatizava a liberdade dos membros dirigidos pelo
Espírito. À medida que as Assembleias de Deus têm crescido e amadurecido, no
decurso do século XX, é reconhecida também a necessidade de uma organização
ainda melhor para manter-se à altura das exigências cada vez maiores impostas
ao ministério.
Há
diferenças de opinião no tocante a qual dos três tipos de governo eclesiástico
é aceito pelas Assembleias de Deus. Talvez se possa sugerir que, de alguma
forma, foram adotados os três. A estrutura organizacional global das
Assembleias de Deus assemelha-se mais estreitamente à constituição eclesiástica
presbiteriana (conforme já foi aludido). Desde a igreja local até os níveis de
distrito e Concílio Geral, a ênfase maior recai na liderança representativa
eleita. Os clérigos são comumente representados por "presbíteros", ao
passo que os leigos são representados por delegados devidamente escolhidos. Por
outro lado, o sistema congregacional de governo pode ser facilmente observado
na igreja local. Embora muitas igrejas das Assembleias de Deus sejam
consideradas "dependentes" por buscarem na liderança distrital a
orientação e o apoio, muitas têm progredido até a condição
"soberana". Possuem bastante autonomia na tomada das decisões
(escolhem seus próprios pastores, compram e vendem propriedades, etc), mas
conservam os laços de união, no tocante à doutrina e prática, com as demais
igrejas da área ou distrito ou com o Concílio Geral. A forma episcopal, segundo
alguns, também está presente até certo ponto nas Assembleias de Deus. Por
exemplo, algumas das agências nacionais ou do Concílio Geral (a Divisão de Missões
Estrangeiras, a Divisão de Missões Nacionais, o Departamento da Capelania) têm
motivos válidos para nomear indivíduos para áreas fundamentais, com base na sua
vocação e aptidão para semelhantes ministérios.
O Ministério
da Igreja
O Sacerdócio
dos Crentes
Uma das
doutrinas mais importantes, ressaltada durante a Reforma Protestante, foi o
sacerdócio de todos os crentes: cada um dos fiéis tem acesso direto a Deus
mediante o sumo sacerdócio do próprio Jesus Cristo. Esta ideia, após ter
passado o ministério muitos séculos sob o controle da Igreja Romana, emocionou
as pessoas. A partir daí, reconheceram que Cristo outorgou ministérios a todos
os crentes, visando o bem da totalidade do Corpo.
O conceito
do sacerdócio de todos os crentes certamente está fundamentado nas Escrituras.
Referindo-se aos crentes, Pedro os descreve como "sacerdócio santo"
(1 Pe 2.5) e tira do Antigo Testamento outra analogia para a Igreja:
"sacerdócio real" (1 Pe 2.9). João diz que os crentes foram feitos
"reis e sacerdotes para Deus" (Ap 1.6; ver também 5.10). Independente
de nossa situação ou vocação na vida, podemos desfrutar dos privilégios e
responsabilidades de servir ao Senhor como membros de sua Igreja. Paul Minear
refere-se ao conceito neotestamentário de cristãos como "acionistas (gr.
koinõnoi) no Espírito e... acionistas na múltipla vocação que o Espírito
atribui aos fiéis".43 Este ponto de vista enfatiza que o ministério é uma
vocação não somente divina mas também universal. Saucy sugere: "Na
realidade, o ministério da igreja é o ministério do Espírito dividido entre os
vários membros, sendo que cada um contribui com seu dom à obra total da
igreja".44 Os crentes dependem do Espírito para trabalhar, mas sua obra
está à disposição de cada crente individualmente.
A Igreja, no
decurso dos séculos, sempre tendeu a dividir-se em duas categorias gerais: o
clero (gr. klêros - "sorte, porção", isto é, a porção que Deus
separou para si) e o laicato (gr. laos - "povo"). O Novo Testamento,
no entanto, não faz uma distinção tão marcante. Pelo contrário, a
"porção" ou klêros de Deus, sua própria possessão, refere-se a todos
os crentes nascidos de novo, e não somente a um grupo seleto (cf. 1 Pe 2.9).
Alan Cole declara com perspicácia que "todos os clérigos são leigos, e
todos os leigos também são clérigos, no sentido bíblico da palavra". 45
Cargos e
Funções do Ministério
Embora o
Novo Testamento enfatize a natureza universal do ministério dentro do corpo de
Cristo, indica também que alguns crentes são separados de modo especial a
funções específicas do ministério. Frequentes alusões são feitas a Efésios
4-11: "Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores" - uma lista dos
"cargos [ou melhor, "ministérios"] carismáticos" da Igreja
Primitiva, conforme ocasionalmente são chamados. Diferenciados destes há os
"cargos administrativos" (bispo, presbítero, diácono), descritos
especialmente nas epístolas posteriores do Novo Testamento. Muitas outras
maneiras têm sido sugeridas para descrever os vários cargos, ou categorias, do
ministério neotestamentário. Por exemplo: H. Orton Wiley refere-se ao
"ministério extraordinário e transicional" e ao "ministério
regular e permanente"; Louis Berkhof prefere "oficiais extraordinários"
e "oficiais comuns"; e Saucy, com razão, emprega designações mais
simples: "ministérios gerais" e "oficiais locais".46 O
papel relevante/aos apóstolos, profetas e evangelistas no ministério da Igreja
Primitiva é bem atestado no Novo Testamento. Para os propósitos do presente
estudo, serão examinados os cargos considerados mais comuns à vida da igreja.
O atual
cargo de "pastor" parece coincidir com a posição bíblica de bispo
(gr. episkopos) ou presbítero (gr. presbuteros) qu de ambos. Parece que os dois
termos eram usados de modo intercambiável no contexto global do Novo
Testamento. Berkhof sugere que a palavra "presbítero" ou
"ancião" surgiu dos anciãos que governavam a sinagoga judaica, e que
o termo foi aproveitado pela Igreja.47 Conforme sugere o próprio nome,
"ancião" com frequência referia-se literalmente aos mais velhos,
respeitados pela sua dignidade e sabedoria. No decurso do tempo, o termo
"bispo" passou a ser mais usado para o cargo, pois ressaltava a
função de "supervisor" do ancião.
O termo
"pastor" é usado hoje mais amplamente para quem tem a
responsabilidade e supervisão espirituais da igreja local. E interessante que o
termo grego poimên ("pastor") é usado uma única vez no Novo
Testamento com referência direta ao ministério do pastor (Ef 4.11). O conceito
ou função de pastor, no entanto, é encontrado por toda a Escritura. Conforme
sugere o nome, pastor é aquele que cuida das ovelhas, (cf. o retrato que Jesus
faz de si mesmo: o "Bom Pastor" - ho poimên ho kalos, em Jo 10.ll ss.)
A conexão entre os três termos: "bispo", "presbítero" e
"pastor" é clara em Atos 20. No verso 17, Paulo convoca os
presbíteros (gr. presbuterous) da igreja em Éfeso. Posteriormente, naquele
contexto, Paulo admoesta os presbíteros: "Olhai, pois, por vós e por todo o
rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos [gr. episkopous]"
(v. 28). Na declaração imediata, Paulo exorta os que acabam de ser chamados
bispos ou supervisores a serem pastores [gr. poimainein] da Igreja de Deus (v.
28).
As
responsabilidades e funções dos pastores de hoje, assim como as dos pastores
neotestamentarios, são muitas e variadas. Três áreas principais a que os
pastores devem se dedicar são: administração (cf. 1 Pe 5.1-4), cuidados
pastorais (cf. 1 Tm 3.5; Hb 13.17) e instrução (cf. 1 Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9).
Quanto a essa última área de responsabilidade, é frequentemente notado que os
papéis de pastor e mestre parecem ter muito em comum no Novo Testamento.
Realmente, quando Paulo menciona os dois dons à Igreja, em Efésios 4.11, a expressão
grega "pastores e mestres" (poimenas kai didaskalous) pode significar
alguém que cumpre as duas funções: um "pastor-mestre". Embora
"mestre" seja mencionado em outros textos separadamente de
"pastor" (Tg 3.1,' por exemplo), o que indica que talvez nem sempre
sejam considerados papéis sinônimos, qualquer pastor autêntico levará a sério a
obrigação de ensinar o rebanho de Deus. Muita coisa pode ser dita a respeito de
cada uma dessas três áreas de responsabilidade, mas basta dizer que os pastores
do rebanho de Deus devem conduzi-lo por meio do seu próprio exemplo, nunca
esquecendo que estão servindo como pasto-res-assistentes daquEle que é o
verdadeiro Pastor e Bispo de suas almas (1 Pe 2.25). Foi Ele quem deu o exemplo
de liderança servil (Mc 9.42-44; Lc 22.27).
Outro cargo
ou função do ministério associado à igreja local é o de diácono (gr. diakonos).
Este termo relaciona-se com diakonia, a palavra mais usada no Novo Testamento
para descrever o serviço cristão normal. Tendo amplo uso nas Escrituras, descreve
o ministério do povo de Deus em geral (Ef 4.12), bem como o ministério dos
apóstolos (At 1.17,25). Até mesmo o próprio Jesus o utiliza, para descrever seu
propósito primários "O Filho do Homem também não veio para ser servido
[diakonêthênai], mas para servir [diakonêsai] e dar a sua vida em resgate de
muitos" (Mc 10.45). Em termos simples: os diáconos são servos, ou
"ministros", no sentido mais fiel da palavra. Esse fato é acentuado
por Paulo ao listar as qualificações para o diaconato, em 1 Timóteo 3.8-13.
Muitas das especificações nesse texto são as mesmas do cargo de bispo (ou
pastor), mencionadas nos versículos anteriores (1 Tm 3.1-7).
No texto
referente aos diáconos, em 1 Timóteo 3, a declaração de Paulo, no verso 11, que
diz respeito às mulheres (literalmente: "Da mesma sorte as mulheres sejam
honestas" - gunaikas hõsautõs semnas), tem despertado diferentes
interpretações. Algumas versões (como a NVI e a KJV) preferem traduzir a
expressão como uma referência à esposa do diácono» o que pode ser uma tradução
aceitável. Outras (como a NASB e a RSV), porém, preferem traduzir gunaikas
simplesmente como "mulheres", deixando em aberto a possibilidade de
as mulheres serem diaconisas. Como sempre, a tradução de um termo depende do
seu uso contextual. Neste caso, infelizmente, o contexto não é suficientemente
claro para permitir uma solução dogmática. Muitos associam o texto de 1 Timóteo
à referência de Paulo a Febe "a qual serve [gr. diakonon]'18 na
igreja" (Rm 16.1). Também neste caso o contexto de Romanos 16 não oferece
evidências suficientes para determinar se Febe era diaconisa, ou se Paulo
simplesmente estava dizendo que ela detinha um ministério valioso na igreja,
qualitativamente semelhante aos serviços desempenhados por outros cristãos.
Quanto aos
versículos de Romanos 16 e 1 Timóteo 3, os estudiosos ficam um pouco divididos
entre si a respeito da tradução correta. Seja como for, a história da Igreja
fornece evidências no sentido de mulheres servirem na função de diaconisas já a
partir do século II. Conforme observa certo estudioso: "O evangelho de
Cristo deu às mulheres dos tempos antigos uma nova dignidade, e não somente
lhes concedeu igualdade pessoal diante de Deus como também lhes ofereceu uma
participação no ministério". 49
A Igreja do Novo Testamento -
TEOLOGIA SISTEMÁTICA
STANLEY M. HORTON - Michael L. Dusing

II. O FUNDAMENTO DA IGREJA
A origem
divina da Igreja é patenteada pela sua origem histórica, bem como pela sua
expansão e confirmação. Não é possível se pensar na Igreja separadamente de
Cristo, nem se pensar em Cristo separadamente da Igreja. Apesar disto a
teologia vaticano - romanista atribuição apóstolo Pedro, méritos de pedra
fundamental sobre a qual a Igreja de Cristo está edificada. Buscando achar
fundamentos escriturísticos para tão absurdo ensino, os teólogos católicos -
romanos, apelam para as seguintes palavras do Salvador: "E Simão Pedro,
respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo,
disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne
e o sangue, mas meu Pai que esta nos céus. Pois também eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do remo dos céus; e tudo o que
ligares. na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus" (Mt 16.16-19). Dessa passagem, a Igreja Romana deriva
o seguinte raciocínio de interpretação:
- Pedro é a
rocha sobre a qual a Igreja estar edificada.
- A Pedro
foi dado o poder das chaves, portanto, só ele e seus sucessores (os papas)
poderão abrir a porta do reino dos céus.
- Pedro
tornou-se o primeiro bispo de Roma.
- toda
autoridade eclesiástica foi conferida a Pedro, até nossos dias, através da
linhagem de bispos e de papas, todos vigários de Cristo.
1. Cristo –
a Pedro
A “pedra”
constante de Mateus 16.18 nada mais é do que a confissão de Pedro: em Cristo
está a verdade fundamental da Igreja! “porque ninguém pode pôr outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11). Em
vários textos da Bíblia encontramos alusões a Cristo, como sendo Ele a “Pedra”.
Parar Daniel, no Antigo Testamento, Cristo é a pedra que do alto será lançada,
e que destruirá a estatua do misterioso sonho de Nabucodonosor (Dn 2.34,35). A
pedra aqui fala de Cristo na sua segunda vinda, destruindo o poder gentílico
mundial. Para Pedro, Cristo era a pedra que os lideres espirituais de Israel
rejeitaram e mataram (Act 4.11). Que Cristo é a pedra, já era prefigurado no
Antigo Testamento (1 Co 10.4). Dos oitenta e quatro chamados Pais da Igreja
primitiva, só dezesseis criam que o Senhor se referiu a Pedro, quando disse
"essa pedra". Os demais, uns diziam que a expressão se referia a
Cristo mesmo, outros à confissão que Pedro acabara de fazer, ou, ainda, a todos
os apóstolos. Só a partir do IV Século começou-se a falar a respeito da
possibilidade de Pedro ser a pedra fundamental da Igreja, e esta discussão
estava intimamente relacionada com a pretensão exclusivista do bispo de Roma.
2. Pedro -
Uma Pedra
A
interpretação da Igreja Romana segundo a qual Cristo estabeleceu a sua Igreja
sobre a pessoa do apóstolo Pedro é insustentável e não suporta a prova da
teologia bíblica. Não consta em parte alguma das Escrituras, nem mesmo na
história do cristianismo, que Pedro tenha assumido essa posição de destaque que
o romanismo lhe atribui. Evidentemente, Pedro teve algumas oportunidades de
ações relevantes junto aos demais apóstolos. Foi, porém, uma posição temporária
ou transitória. Com excessão do que lemos em Gálatas 1.18, não encontramos
nenhuma outra referência a Pedro no restante do Novo Testamento, nem sobre um
possível episcopado sobre os demais apóstolos e comunidades cristãs da sua
época. É bom lembrar que Pedro foi enviado como missionário aos samaritanos e
gentios vizinhos a Jerusalém, sob a orientação de Tiago, quando esse e não
Pedro, era o pastor e líder da Igreja em Jerusalém.Pedro foi uma pedra, mas não
a pedra firme e inabalável sobre a qual foi fundada "a universal
assembléia e igreja dos primogênitos que estão escritos nos céus (Hb 12.23), e
sim uma pedra como são os demais salvos e remidos pelo sangue de Jesus (1 Pd
2.4).
3. Petra e
Petros
O
substantivo grego PETRA designa, no grego, "uma rocha grande e
firme". Já o substantivo masculino PETROS é aplicado geralmente para
designar blocos de pedra, móveis e isolados, bem como a pedras pequenas, tais
como a pederneira, ou pedra de arremesso.
Pedro é
PETROS - parte da rocha, não PETRA - rocha grande e firme.
Cristo é
PETRA - rocha grande e firme.
Pedro foi
uma pedra forte e firme, mas em união com Cristo e nunca desligado dele. Por
exemplo: lemos no Evangelho que Pedro andou sobre o mar encapelado, mas só
enquanto tinha os olhos fixos em Jesus, pois quando começou a olhar para as
ondas do mar, começou a afundar. Era uma pedra que ia se afundando. Como uma Igreja
sobre a qual as portas do Inferno não poderiam prevalecer, iria ser edificada
sobre o homem Pedro?
IV. A IGREJA
EM RELAÇÃO AO REINO DE DEUS
Parece
unânime a opinião dos estudiosos das Escrituras quanto à dificuldade de
conciliar o estudo da doutrina da Igreja com o estudo relacionado com o Reino
de Deus. O problema geralmente começa com as questões: Deve o Reino de Deus, em
algum sentido da palavra, ser identificado com a Igreja? Se não, qual a relação
entre ambos? A busca de resposta a esta questão, passará, sem dúvida à análise
das seguintes questões:
1. O Reino e
a Igreja
Achar-se o
tipo de relação porventura existente entre Reino de Deus e a Igreja dependerá
do conceito que o cristão tiver do Reino. Conclui-se, pois, que, se o conceito
que o cristão fizer do Reino estiver correto, ele nunca deverá ser identificado
com a Igreja."O Reino é primeiramente o reinado dinâmico ou o domínio
soberano de Deus e, derivadamente, a esfera na qual tal soberania é
experimentada. De acordo com a fraseologia bíblica, o Reino não deve ser
identificado com as pessoas que pertencem a Ele. Elas são o povo do domínio de
Deus que entra no Reino, vive sob a autoridade do Reino, e é governado e
orientado pelo Reino. A Igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino.
Os discípulos de Jesus pertencem ao Reino como o Reino lhes pertence; mas eles
não são o Reino. O Reino é o domínio de seus; a Igreja é uma sociedade composta
por seres humanos” (Teologia do Novo Testamento – JUERP – Pág. 106).
2. A Igreja
Não é o Reino
O Novo
Testamento nunca confunde Igreja com o Reino. Os primitivos pregadores do
Evangelho pregaram o Reino de Deus e não a Igreja (Act 8.12; 19.8; 20.25;
28.23,31). Portanto é impossível confundir "reino" por
"igreja" na fraseologia neotestamentária. As únicas referências ao
povo de Deus como Basiléia encontram-se em Apocalipse 1.6 e 5.10; mas as
pessoas que recebem tal designação recebem-na, não em virtude de serem as
pessoas que estão sob o domínio de Deus, mas porque são participantes do reino
de Cristo. “... e eles reinarão sobre a terra" (Ap 5.10). Nestas
declarações, "reino" é sinônimo de "reis", e não de pessoas
sob o governo de Deus. Deste modo é confuso afirmar como fez Sommerlarth, que
"a Igreja é a forma assumida pelo Reino de Deus no intervalo existente
entre a ascensão e a parousia de Cristo"; ou como disse Gilmour: "A
Igreja, (não como instituição, mas como comunidade amada) tem sido o Reino de
Deus dentro do processo histórico".
3. O Reino
Cria a Igreja
O domínio
dinâmico de Deus, presente na missão terrena de Jesus, desafiou o homem no
"Sentido de manifestar uma resposta positiva à sua mensagem,
introduzindo-o em um novo grupo de comunhão. Deste modo, a manifestação do
Reino de Deus assinalava o cumprimento da esperança messiânica do Antigo Testamento,
prometida a Israel. Mas quando Israel como um todo rejeitou a oferta do Reino,
aqueles que a aceitaram foram constituídos o novo povo de Deus, os filhos do
Reino, o verdadeiro Israel, a igreja incipiente. Assim "a Igreja não é
senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão
de Jesus Cristo" (Teologia do Novo Testamento – JUERP – Pág.106). A Igreja
visível e histórica, tem um duplo caráter. Ela se constitui no povo do Reino,
contudo, ela não forma o povo em seu caráter ideal, uma vez que tem no seu seio
pessoas que não podem ser indicadas realmente como filhos do Reino. Por isso se
conclui que a entrada no Reino de Deus significa participação na Igreja; mas a
entrada na Igreja não é uma expressão equivalente da entrada no Reino de Deus.
4. A Igreja
dá Testemunho do Reino
A Igreja é
ineficaz para edificar o Reino é fazê-lo prosperar; no entanto, tem ela o dever
e a autoridade de testemunhar do Reino e para o Reino. Este testemunho diz
respeito aos atos redentores de Deus por meio de Jesus Cristo, cobrindo todo o
período compreendido pela Dispensação da Graça. Os doze enviados, de Mateus 10
e os setenta, de Lucas 10, tinham o mandamento expresso de testemunhar do
Reino. A comissão desses primeiros discípulos de Jesus parece se revestir de
grande simbolismo para a Igreja hodierna. Portanto, é tarefa da Igreja viver e
demonstrar a vida e a comunhão do Reino de Deus e da Era Vindoura numa era
escravizada pela perversidade e egoísmo, orgulho e animosidade. Esta
demonstração da vida característica do Reino é um elemento essencial do
Testemunho da Igreja em favor do Reino de Deus. A Igreja pode e tem o dever de
orar: “Venha o teu reino...”
5. A Igreja
é a Agência do Reino
Os primeiros
discípulos de Jesus, além de proclamarem as boas-novas afetas à presença do
Reino, consideravam a si mesmos agentes instrumentais do Reino. Pesava sobre
seus ombros a grande comissão dada por Jesus antes de voltar para o seio do
Pai. Deste modo, a partir daí, eles consideravam que o que eles faziam era como
se Jesus Cristo mesmo, em pessoa, tivesse realizado. Assim tal como fez Jesus
quando, visivelmente entre eles, quando eles curaram enfermos, expulsaram
demônios e ressuscitaram mortos (Mt 27.10.8; Lc 10.17). Os discípulos tinham
ciência de que o poder de que dispunham para realizar a obra de Deus, fora
outorgado por delegação, mas não tinham a menor dúvida de que esse poder neles
e através deles operante, tinha a mesma eficácia que o poder operante no
ministério terreno de Jesus. Uma vez que o poder que dispunham para realizar a
obra de Deus não lhes pertenciam como condição inata, não tinham porque se
vangloriar. Ao manifestar a decisão de fundar a sua Igreja triunfante Mt
16.18), Jesus estava garantindo que as forças das trevas e do inferno haveriam
de recuar ante a manifestação aterradora do Reino através da ação notória da
Igreja vitoriosa.
6. A Igreja:
a Guardadora do Reino
Os rabinos
judaicos antigos tinham Israel na conta de guardador do Reino de Deus, segundo
eles, inaugurado na terra nos dias de Abraão, finalmente entregue a Israel
quando da outorga da Lei no Sinai. Uma vez que Israel foi feito guardião
exclusivo da Lei divina, o Reino de Jesus se tornava posse exclusiva de Israel.
Quando um gentio queria fazer parte desse Reino, tinha de se deixar
proselitizar, ou se judaizar. Só após essa "conversão" o judaísmo é
que o gentio podia se considerar súdito do Reino. Era indispensável a mediação
de Israel, uma vez que só o israelita era considerado "filho do
Reino".Na pessoa de Jesus Cristo, o domínio de Deus manifestou-se em um
novo evento redentor, demonstrando, de um modo totalmente inesperado, os pobres
do reino escatológico dentro do cenário da história humana. Como a nação de
Israel rejeitou por completo esta nova forma de manifestação do Reino de Deus,
a porta da graça divina se abriu para o mundo gentílico. A barreira de
separação existente entre judeus e gentios fora derribada. Já não haveria
"filhos exclusivos" do Reino. Súditos do Reino seriam todos aqueles
que absorvessem a revelação divina trazida por Jesus Cristo. Os discípulos de
Jesus, a sua ekklesia, agora se tornaram os guardadores do Reino, em lugar da
nação de Israel. O Reino é tirado de Israel e dado a outro povo - a ekklesia de
Jesus. Deste modo, os discípulos de Jesus não somente dão testemunho a respeito
do Reino; eles não apenas se constituem em instrumento do Reino, à medida que
este manifesta o seu poder nesta Era presente, eles são também os guardadores
do Reino (Teologia do Novo Testamento – JUERP – Pág. 110).
V. OS
MEMBROS DA IGREJA
Uma igreja é
uma congregação de crentes em Jesus Cristo batizados depois duma profissão de
fé, e voluntariamente ligados sob a aliança especial para a manutenção do
culto, verdades, ordenanças, e disciplina do evangelho Portanto, face à questão
quanto, a saber, quem são e quais as características dos membros da Igreja de
Cristo, diría-mos:
1. A Igreja
é Composta Somente por Aqueles que Demonstram fé em Cristo.
As unidades
da Igreja são almas regeneradas e que vivem em união com Cristo. Deste modo a
Igreja é uma assembléia de tais almas, atraídas umas às outras por afinidades
espirituais da nova vida que cada uma recebeu e pelo vínculo comum que as une a
Deus. Disse Jesus que “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus” (Jo 3.3). É assim que o novo nascimento espiritual se constitui condição
indispensável e fundamental para a união do homem com a Igreja cristã. Por mais
difícil que pareça ser o estabelecimento duma igreja formada só de pessoas
inteiramente regeneradas, a verdade é que a igreja local que mais trabalha no
sentido de levar os seus membros a demonstrarem uma genuína conversão, mais tem
se aproximado do ideal duma vida de fé e de pureza.
2. Uma
Igreja se Compõe Somente Daqueles que Foram Batizados Depois duma Profissão de
Fé
As
considerações seguintes fazem do batismo em água, não uma opção mas uma
ordenança para ser cumprida pelo crente:
-A comissão
apostólica dada por Jesus nos manda não apenas fazer discípulos, mas também
batizar (Mt 28.19). A ordem de fazer discípulos e depois batizar, se preserve
definitivamente como decreto da autoridade divina.
-Nas
Escrituras, o batismo é o primeiro ato público do crente. Esse ato tem duplo
significado: a) fala do rompimento do crente com a vida de outrora; e b) fala
do seu membramento no corpo de Cristo, que é a Igreja. O batismo em água, desde
o princípio, tem sido considerado como prática uniforme de admissão do
neoconvertido à igreja.
- As
Epístolas do Novo Testamento se dirigem às igrejas, como corpos compostos
exclusivamente de pessoas batizadas em águas (Rm 6.1-14; 1 Pd 3.21).
VI. A
ORGANIZAÇÃO DA IGREJA
Existem três
formas distintas de igrejas, que se diferenciam entre si pelos princípios
fundamentais de sua organização, são elas: Episcopal, Presbiteriana e
Congregacional.
1. O Sistema
Episcopal
O sistema
episcopal de organização da igreja consiste numa rija hierarquia, concentrando
o poder eclesiástico no sacerdócio formado de três ordens de bispos, sacerdotes
e diáconos. Essas três ordens formam uma espécie de governo sacerdotal. Esta
forma é adotada pela Igreja Católica Romana, a Igreja da Inglaterra, a Igreja
Protestante Episcopal dos Estados Unidos, e a Igreja Metodista Episcopal. Nesta
última os bispos se diferenciam dos presbíteros não como uma ordem distinta,
mas somente por razões de funções. Em todas estas igrejas o poder principal
está nas mãos do clero, que se constitui um corpo que se perpetua a si mesmo,
distinto da congregação local, e virtualmente independente dela.
2. O Sistema
Presbiteriano
Nas igrejas
que adotam este sistema de organização, a recepção e disciplina de membros são
confiadas a um conselho, composto de pastores, e anciãos eleitos pela
congregação; mas todos. Os atos eclesiásticos estão sujeitos a revisão por um
conselho superior, composto de pastores e anciãos de muitas outras
congregações. A igreja, segundo a concepção presbiteriana, é formada de muitas
e distintas congregações, reunidas por seus representantes - pastores e anciãos
- em um corpo, no qual reside todo o poder eclesiástico. Por isto há uma cadeia
de comando na seguinte ordem: o conselho, cujos membros são eleitos pela
congregação individual; o presbitério, composto de delegados dos distintos
conselhos; o sínodo, corpo local composto de delegados de vários presbitérios;
e a assembléia geral, composta de delegados de todos os presbitérios, e que
constitui a última corte de apelação. Todos os oficiais eleitos pela
congregação local e todos os atos executados por ela podem ser anulados por
esta mais alta autoridade eclesiástica.
3. O Sistema
Congregacional
No sistema
Congregacional de igreja, todo o poder eclesiástico é exercido por cada igreja
local, reunida em uma congregação, e as decisões tomadas pela igreja local
individual não estão sujeitas a revogação por nenhum outro corpo eclesiástico.
A esta classe pertence, com ligeiras diferenças e pormenores de organização, os
Independentes da Inglaterra, as igrejas congregacionais da América e as igrejas
batistas de todo o mundo (Su Forma de Gobierno y Sus Ordenanzas – Editora Mundo
Hispano – Pág.110). Quando comparadas estes três sistemas de igreja, não há
dúvida que o sistema Congregacional é o que melhor se identifica com o modelo
de organização da Igreja primitiva. De acordo com o Novo Testamento, era a
igreja como congregação local (e não o seu ministério ordinário), que tinha
autoridade de receber, disciplinar e excluir a seus membros (1 Co 5.1-5; 2 Co
2.4,5; Rm 16.17; 2 Ts 3.6). Ela detinha com exclusividade o direito de eleger
os seus próprios oficiais (Act 1.15-26; 6.1-6; 14.23; 1 Co 16.3). De acordo com
a História da Igreja, foram as congregações locais que escolheram
espontaneamente, proeminentes bispos, como Atanásio (328 d.C.), Ambrósio (374
d.C.) e Crisóstomo (398 d.C.). A igreja local, ainda, detém o poder de decidir
assuntos não decididos pelas Escrituras.
VII. O
MINISTÉRIO DA IGREJA
O Lions Club
existe em função dos "leões", o Rotary Club, em função dos
rotarianos, a Maçonaria, em função dos maçons. A Igreja é o único organismo
existente no mundo, cuja preocupação essencial não é o bem-estar de seus
próprios membros. A razão de ser, existir e agir da Igreja na terra é ministrar
em nome de Cristo ao mundo. Em síntese, se constitui missão prioritária da
Igreja no mundo:
1. Ser Aqui
um Lugar de Habitação de Deus
"Edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a
principal pedra de esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para
templo santo do Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para
morada de Deus em Espírito” (Ef 2.20-22). “Não sabeis vós que sois o templo de
Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós” (1 Co 3.16).
2.
Testemunhar da Verdade
Para que se
eu tardar, fiques cientes de como se deve proceder na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade (1 Tm 3.15).
3. Tornar
Conhecida a Multiforme Sabedoria de Deus
"Para
que pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida agora dos
principados e potestades nos lugares celestiais" (Ef 3.10).
4. Dar
Eterna Glória a Deus
"Ora,
àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos,
ou pensamos, conforme o seu poder que em nós opera, a ele seja a glória, na
igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações para todo o sempre. Amém"
(Ef 3.20,21).
5. Edificar
a Seus Membros
"E ele
mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vista ao aperfeiçoamento
dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do
Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo" (Ef 4.11-13).
6.
Disciplinar Seus Membros
"Se teu
irmão pecar, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu
irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para
que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas toda palavra se estabeleça. E,
se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja,
considera-o como gentio e publicano'’ (Mt 18.15-17).
7.
Evangelizar o Mundo
“Jesus,
aproximando-se, falou-Ihes, dizendo: Toda autoridade me foi dada no céu e na
terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas
que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação
dos séculos" (Mt 28.18-20).
8. Sustentar
Uma Norma Digna de Conduta
"Vós
sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que há de salgar? para nada
mais presta senão para se Iançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a
luz do mundo não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se
acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a
todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos
céus" (Mt 5.13-16).
9. Cultivar
a Comunhão Entre Seus Membros
"Um
novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós,
que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros". "Mas, se andardes na luz,
como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus
Cristo seu Filho nos purifica de todo o pecado" (Jo 13.34,35; 1 Jo 1.7).
VIII. A
ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA
O Novo
Testamento não provê um código detalhado de regulamentos e preceitos para o
governo da Igreja, e a própria ldéia de tal código pode parecer repugnante para
a liberdade da Dispensação do Evangelho. No entanto Cristo deixou atrás de si
um corpo de líderes (os apóstolos), por ele mesmo escolhido, ao qual ofereceu
alguns princípios gerais para o exercício de sua função reguladora.
1. Os Doze
Apóstolos
Os doze
apóstolos foram escolhidos, a fim de que estivessem com Jesus Cristo (Marc
3.14), e essa associação pessoal qualificou-os para agirem como suas
testemunhas (Act 1.8). Por isso, desde o princípio foram capacitados a
expelirem demônios e a curarem enfermos (Mt 10.1), poder esse que foi renovado
e aumentado, atingindo a sua plenitude com o derramamento do Espírito Santo
sobre suas vidas (Lc 24.49; Act 1.8). Na sua primeira missão foram enviados a
pregar (Marc 3.14), e na Grande Comissão foram instruídos a ensinar todas as
nações. Assim receberam de Cristo a autoridade para evangelizar o mundo. Porém,
foi-lhes igualmente prometida uma função mais específica como juízes e
governantes do povo de Deus (Mt 19.28; Lc 22.29,30), com o poder de ligarem e
desligarem (Mt 18.18), e de perdoarem e reterem pecados (Jo 20.23). Tal
linguagem deu origem à concepção das chaves tradicionalmente definidas, como:
chave da doutrina, para ensinar qual conduta é proibida e qual é permitida
(esse é o sentido técnico de ligar e desligar na fraseologia legal judaica), e
chave da disciplina, para excomungar os indignos e reconciliar os contritos,
declarando o perdão de Deus mediante a remissão de pecados exclusivamente em
Cristo. Pedro recebeu esses poderes em primeiro lugar (Mt 16.18,19), como
também recebeu a comissão pastoral de alimentar o rebanho de Cristo (Jo 21.15),
mas fê-Io de modo representativo, e não como uma capacidade pessoal; pois
quando tal comissão é repetida por Jesus em Mateus 18.18, a autoridade de
exercer o ministério da reconciliação é investida sobre todo o corpo de
discípulos, como um todo, como também é a congregação fiel, e não qualquer
indivíduo particular, que age em nome de Cristo para abrir o Reino aos crentes
e fechá-lo aos incrédulos. Semelhantemente, essa função autoritativa é exerci
da primariamente pelos pregadores da Palavra, e o processo seletivo, de
conversão, é visto em operação desde a primeira pregação de Pedro, e daí em
diante (Act 2.37-47). Quando Pedro confessou a Cristo, sua fé se tornou típica
do alicerce rochoso sobre o qual a Igreja está edificada; mas, em realidade, o
alicerce da Jerusalém Celeste contém os nomes de todos os apóstolos (Ap 21.14)
e não o de Pedro, apenas, pois estes agiam conjuntamente nos primeiros dias da
Igreja, e a idéia de que Pedro tenha exercido qualquer primado entre eles é
refutada, parcialmente pela posição de liderança ocupada por Tiago no Concílio
de Jerusalém (Act 15.13,19) e parcialmente pelo fato de que Paulo resistiu a
Pedro face a face (Gl 2.11). Era uma capacidade conjunta que os apóstolos
proviam liderança para a Igreja primitiva; e essa liderança era eficaz tanto na
misericórdia (Act 2.42) como no juízo (Act 5.1-11). Exerciam autoridade geral
sobre cada congregação, enviando dois dentre os seus, a fim de supervisionarem
novos desenvolvimentos em Samaria (Act 8.14), e resolvendo com os anciãos qual
a orientação comum para a administração dos gentios (Act 15), enquanto que
"a preocupação com todas as igrejas" (2 Co 11.28), sentida por Paulo,
é ilustrada tanto pelo número de suas viagens missionárias, como pelo grande
volume de sua correspondência.
2. Após a
Ascensão de Cristo
O primeiro
passo dado pelos apóstolos logo após a ascensão de Jesus Cristo foi preencher a
vaga deixada por Judas, e isso fizeram mediante um apelo direto a Deus (Act
1.24-26). Outros foram posteriormente contados entre os apóstolos (Rm 16.7; 1
Co 9.5,6; Gl 1.19),mas as qualificações de ser testemunha ocular da
ressurreição (Act 1.22), e de ter sido de algum modo comissionado por Cristo,
não eram de natureza a poderem ser perpetuadas indefinidamente. Quando a
pressão do trabalho aumentou, fizeram escolher sete assistentes, ou diáconos
(Act 6.1-6), eleitos pela congregação e ordenados pelos apóstolos, a fim de que
administrassem a caridade entre os membros carentes da Igreja. Os oficiais
eclesiásticos com denominação distintiva são pela primeira vez encontrados nos
anciãos de Jerusalém, os quais receberam dons (Act 11.30) e participaram do
Concílio aí realizado (Act 15.6). Esse ofício foi provavelmente copiado do
presbítero das sinagogas judaicas; pois a própria Igreja é chamada de
"sinagoga" em Tiago 2.2, e os anciãos judaicos, aparentemente
ordenados por imposição de mãos, eram os responsáveis pela manutenção da disciplina,
com o poder de ligar e desligar os que desobedecessem à Lei. O presbítero
cristão, todavia, sendo um ministro evangélico, âdquiriu deveres adicionais
para pastorear (Tg 5.14; 1 Pd 5.1-3) e para pregar (1 Tm 5.17). Foram ordenados
anciãos para todas as igrejas da Ásia Menor por Paulo e Barnabé (Act 14.23),
enquanto que Tito foi exortado a fazer o mesmo em relação à igreja em Creta (Tt
1.5); e embora os distúrbios em Corinto possam sugerir que uma democracia mais
completa prevalecia naquela congregação (1 Co 14.26), o padrão geral de governo
eclesiástico na época apostólica parece ter sido uma junta de anciãos ou
pastores, possivelmente aumentada por profetas e mestres, que governavam cada
uma das congregações locais, tendo os diáconos como ajudantes da administração,
e contando com a superintendência geral da Igreja inteira provida pelos
apóstolos e evangelistas. Nada existe neste sistema neotestamentário que
corresponda exatamente ao moderno episcopado diocesano. Os bispos, quando são
mencionados (Fp 1.1), formavam uma junta de oficiais da congregação local, a
posição ocupada por Timóteo e Tito era a de ajudantes pessoais de Paulo em sua
obra missionárias. O que é mais provável é que quando um ancião adquiria
presidência permanente da junta, passava então a ser especialmente designado
pelo título de bispo; porém, mesmo quando o bispo monárquico aparece nas cartas
de Inácio, continuava sendo apenas o pastor de uma única congregação. Na
terminologia semelhante a uma hierarquia, encontramos descrições vagas como
"o que preside", "os que vos presidem no Senhor" (Rm 18.8;
1 Ts 5.12), ou então "vossos guias” (Hb 13.7,17,24). OS anjos das igrejas
citadas em Apocalipse 2 e 3, têm sido algumas vezes considerados como bispos
verdadeiros; porem, mais provavelmente são personificações de suas respectivas
comunidades. Aqueles que ocupam posições de responsabilidade têm o direito de
serem honrados (1 Ts 5.12,13), de serem sustentados (1 Co 9.15), e de estarem a
salvo de acusações frívolas (1 Tm 5.19) .
3.
Princípios Gerais
Cinco
princípios gerais podem ser deduzidos do ensinamento neotestamentário como um
todo: Toda a autoridade se deriva de Cristo (Mt 20.26-28); A humildade de
Cristo provê o padrão para o serviço cristão; O governo d.a Igreja deve ser
exercido conjuntamente e não hierarquicamente: Ensinar e dirigir são funções
intimamente associadas. Ajudantes administrativos são necessários para
cooperarem com os pregadores da Palavra (Act 6.2,3; - O Novo Dicionário da
Bíblia – Edições Vida Nova – Págs. 679-681). Quanto à administração e governo
da Igreja; convém, pois, saber:
- Cristo é a
Cabeça da Igreja. Sabemos que Deus “pôs todas as coisas embaixo dos seus pés e,
para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo;
como também Cristo é a cabeça da igreja; sendo ele próprio o salvador do
corpo" (Ef 1.22; 5.23). Da mesma forma que a cabeça prove, sustenta e
dirige o corpo, assim também Cristo faz a cada um dos membros de seu corpo
espiritual a Igreja. O Senhor é capaz de dirigir os menores detalhes da nossa
vida, e quem desconhece ou se nega a reconhecer a direção do Senhor em sua vida
diária jamais conhecerá as doçuras da vida verdadeiramente cristã.
- Quando o
Cristo subiu ao Céu, concedeu certos dons à sua Igreja. São dons em forma de
homens por Ele chamados. Esses diferentes dons estão relacionados em Efésios
4.11. Esses mesmos dons operaram em Cristo, pois através do Novo Testamento
vemo-Io como apóstolo (Hb 3.1), profeta (Act 3.22,23), evangelista (Lc 4.18),
pastor (Jo 1.10) e mestre (Jo 13.13,14).Agora, exaltado à destra do Pai, Jesus
concede à Igreja esses dons. Ministeriais que nele operaram, para que a Igreja
seja edificada. Nada há mais indefeso que um rebanho de ovelhas sem pastor, e a
Igreja é comparada a um rebanho de ovelhas.
- As
palavras "pastor", "bispo" e "presbítero" têm o
mesmo significado quanto ao cargo. A palavra "pastor" é a tradução de
um vocábulo grego que significa "supervisor". Pastor, no original, e
alguém que conduz e alimenta as ovelhas (1 Pd 1.25). Ao ministro da casa de
Deus não basta ser intelectual capacitado para o exercício do ministério
cristão. É imprescindível que ele seja revestido do poder do Espírito Santo:
Nem mesmo o Senhor Jesus Cristo iniciou o seu ministério terreno senão após
receber a plenitude do Espírito Santo sobre a sua vida. Portanto, se o ministro
deseja que o seu ministério seja uma continuação do ministério do Salvador,
deve se deixar possuir do mesmo poder que Ele (Jo 14.12,13).
É imperioso
que todos os ministros sejam revestidos do poder do alto (Jo 14.16,17).
- Há uma
pesada responsabilidade sobre os ombros do ministério evangélico.O ministro de
Deus é tal qual um atalaia sobre as muralhas de Sião. Ele vê o perigo e avisa
os pecadores do iminente juízo divino. Caso ele não aja assim, será
responsabilizado pela perda das almas sob seus cuidados. A mais terrível
declaração com respeito aos pastores sem fé, vitimadas pelo pecado da
desobediência, avareza, embriaguez e glutonaria, foi proferida pelo Senhor
através do profeta Isaías (Is 56.9-12). O que foi dito aos pastores de Israel,
deverá servir de solene aviso aos ministros da casa de Deus hoje em dia.
ECLESIOLOGIA - As Grandes Doutrinas
da Bíblia
- Pr. Raimundo de Oliveira - CPAD





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