sábado, 18 de maio de 2019

Lição 08 - A autoridade da Igreja de Cristo





___/___/____    A Autoridade da Igreja de Cristo

                                                TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Efésios 4.11-14
11 - E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
12 - Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13 - Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
14 - Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.

1 Timóteo 3.1-7
1 - Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
2 - Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
3 - Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;
4 - Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
5 - (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? );
6 - Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
7 - Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.


TEXTO ÁUREO
"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;", Mt 16.18


                                                              COMENTÁRIO

Palavra introdutória
Nesta lição, trataremos de uma instituição solene, de origem divina, que existe, exclusivamente, em razão de seu fundador: a casa de Deus (Tt 1.7), a Igreja do Deus vivo (1 Ts 1.9), coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15).

1. O EMBASAMENTO DA FÉ
O passo inicial da vida cristã é a fé. Precisamos reafirmá-la a cada dia, a fim de viver a esperança que nos está proposta por Jesus Cristo, nosso Salvador (1 Tm 3.9,16). Tal fé é libertadora, encorajadora e dinamizadora, gerando uma inesgotável fonte de vida naqueles que nela se firmam (1 Tm 1.5).

1.1 A confissão de Pedro
Na base da fundação da Igreja está a comovente confissão de fé proclamada por Pedro, que reconheceu Jesus como o Messias prometido, ao exclamar: tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16b).
Essa confissão ocorreu num momento crucial. Jesus sabia que, após sua crucificação, Seus discípulos ficariam dispersos e haveria grande resistência à Sua Igreja, à qual Ele nomeia por meio de uma expressão figurada: as portas do inferno. A declaração de fé proferida pelo apóstolo Pedro exaltou o poder do Filho de Deus para sobrepujar  essas estruturas espirituais da maldade (Mt16.18).

1.2. A confirmação do Espírito
A vida e a obra dos primeiros seguidores de Cristo, sempre dispostos a morrer pela causa do evangelho, dão-nos provas evidentes do poder e da autoridade da Igreja militante. Guiada pelo Espírito de Deus e sob sua confirmação a Igreja prossegue essa jornada no mundo, confirmando a Palavra de Cristo (Mc 9.23; 16.20; At 6.68).
A sociedade que nos cerca consegue perceber em nós as manifestações de poder e autoridade que marcam a comunidade fundada por Jesus?

2. MINISTÉRIOS ECLESIÁSTICOS
Aprendemos, primeira lição desta revista, o princípio de que toda e qualquer autoridade é um poder delegado. No caso da Igreja de Cristo, o exercício da autoridade espiritual dá-se por meio dos líderes aos quais o Senhor delega responsabilidades e obrigações (Hb 13.7,17).

2.1. Autoridade apostólica
Dentre todos os Seus discípulos, Jesus selecionou doze para serem Seus apóstolos. Posteriormente Paulo também foi chamado como apóstolo (1 Co 15.8) por desígnio do Cristo ressurreto, com quem se encontrara na estrada para Damasco (At 9.3-6). Esse chamado direto de Jesus determina a fonte divina do poderoso ministério realizado pelos apóstolos.

2.1.1. Caráter doutrinário
A principal forma de expressão da autoridade apostólica para a Igreja primitiva foi a ministração do evangelho para obediência a Cristo pela fé (Rm 16.26). Os primeiros cristãos aprenderam a viver de acordo com o sistema doutrinário que Jesus ensinou (At 4.33). Além disso, vemos a imposição de mãos (At 6.6; 19.6,7) e a defesa da verdade (Fp 1.7,16; Jd 1.17-19).

2.1.2. Liderança da Igreja
A autoridade de Deus sobre os apóstolos para liderar a Igreja pode ser facilmente percebida no relato de Atos 15, que narra o concílio dos apóstolos, reunido em Jerusalém, para discutir e definir uma importante questão doutrinária, a qual influenciaria a própria identidade cristã (At 15.6-29). Trata-se da tentativa de impor a necessidade da circuncisão aos novos convertidos para serem salvos e, assim, aceitos na comunidade cristã (At 15.1).

2.2. Pastores e bispos
Pastores (Gr. poimen) e anciãos (Gr. presbíteros) são funções de autoridade na Igreja de Cristo. Devem guiar e liderar o rebanho, pela instrução na Palavra da verdade e servir como exemplo de fidelidade a Deus para os demais cristãos (Hb 13.7,17; Ef 4.11).
São homens dotados de conhecimento, poderes de consolação, entendidos em governo, simpatia com os problemas dos outros e conhecimento para continuar o trabalho do evangelista (CHAMPLIN, Hgnos, 2002, p. 601).
Bispos (Gr. episkopos) são líderes responsáveis pela supervisão doutrinária e administrativa da igreja. Verificamos, nos textos bíblicos, que havia vários irmãos com tal responsabilidade na Igreja primitiva (At 14.23; Tt 1.5-7).
Os líderes da Igreja não podiam ser neófitos, palavra que significa novo, recém-plantado, referindo-se a uma pessoa recentemente convertida. O exercício da autoridade por um líder sem experiência ou maturidade espiritual, geralmente, conduz à soberba (1 Tm 3.6), que é considerada como a condenação do diabo (Ez 28.11-19).

2.2.1. Servos com autoridade moral
O Senhor escolhe homens e mulheres para pastorear o rebanho de Cristo (At 20.28), mas, tais pessoas precisam ser servos de grande autoridade moral, cuja conduta cristã seja madura e consistente, a fim de que não sejam acusados de algum erro grave (Tt 1.7).
Em 1 Timóteo 3, Paulo define os critérios que qualificam pessoas para a liderança na comunidade eclesiástica. Todas as características mencionadas dizem respeito ao caráter. Deus está muito mais preocupado com a integridade moral do que cm a instrução, a eloquência ou o carisma desses líderes. (RADMACHER; ELLEN; HOUSE, Central Gospel, 2010b, p. 594).

2.2.2. Para cuidar
Para que existe o pastor na Igreja? Essencialmente, a função pastoral consiste em velar, cuidar e nutrir. Esse cuidado era compartilhado com os anciãos, que também tinham a tarefa de pastorear  (Gr. poimanate) o rebanho (Gr.primnion) de Deus, para o seu aperfeiçoamento (1 Pe 5.1-3; Ef 1.12).
Pastorear é um dos serviços mais nobres do Reino de Deus. Sobre os pastores, pesa a grande responsabilidade de ter cuidado (Gr. apiskopounters) dos membros da Igreja, isto é, orientá-los em sua expressão de fé e testemunho. Por essa razão, o trabalho pastoral está em estreita relação com a atividade de vigilância pela qualidade de vida das ovelhas sob o seu cuidado (Hb 13.17).

2.3. Profetas e evangelistas
O profeta é um arauto de Deus, pois proclama as mensagens proféticas do Senhor à Igreja. A ação profética é movida pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21) e possui como finalidade guardar o povo da corrupção (Pv 29.18) exortar os crentes (1 Co 14.22), entre outras referências.
O evangelista é o cristão que recebeu de Deus a missão de exortar pela pregação. No Novo Testamento, essa atividade está intimamente ligada a missão evangelizadora entre os judeus e os gentios e aparece em subordinação aos apóstolos. Esses obreiros iam de lugar em lugar, estabelecendo novas congregações locais, conduzindo os homens à fé em Cristo.

2.4. Doutores e mestres
Dentre as atividades de liderança eclesiástica, a educação cristã ganha proeminência (Mt 28.20; At 18.11). O ensino da Palavra de Deus, portanto, é imprescindível para o crescimento e amadurecimento da Igreja de Cristo (Cl 1.28).
Por meio dos mestres e doutores, Deus doutrina, corrige, disciplina e repreende Sua amada Igreja. Sob a tutela da autoridade e poder do Espírito, o ensino deve nutrir os cristãos, preparando-os para frutificar, fortalecendo-os para não serem enganados pelas falsas doutrinas (Ef 4.14; 1 Tm 1.3-10).

CONCLUSÃO
A pesar de todos os embates travados no decorrer dos séculos, a Igreja prossegue vitoriosa em sua marcha pela proclamação do evangelho da paz (Ef 6.15). Cumpre-se, assim, a promessa de Jesus ao edificar Sua Igreja: autoridade e poder sobre as influências malignas do inferno (Mt 16.18).
Entretanto, a batalha continua. Por isso, exerçamos o poder e a autoridade a nós delegados, enquanto corpo vivo de Cristo. Vivamos em unidade a fim de desvendar ao pecador o mistério da fé, como afirmou o apóstolo Paulo: Ora aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do ministério guardado em silêncio nos tempos eternos... que é Cristo em vós, esperança da glória (Rm 16.25; Cl 1.27).
Pastores, evangelistas e mestres embasados na fé, comprometidos com o Senhor, serão poderosamente usados por Deus para o crescimento de Sua obra. Oremos, portanto, pelos que exercem o ministério da Palavra para que cumpram sua carreira e inspirem pelo exemplo, levando os homens a Cristo.

                                                                   Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 58







                      Pedro é a rocha sobre a qual a igreja é construída?

                                                    por Matt Slick 
"E também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela" (Mateus 16:18).

A Igreja Católica Romana Coloca uma grande ênfase em Pedro e afirma que Jesus disse que construiria sua igreja sobre ele.

Simão Pedro ocupa o primeiro lugar no colégio dos Doze; Jesus confiou uma missão única a ele. Por meio de uma revelação do Pai, Pedro confessou: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Nosso Senhor então declarou a ele: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela". Cristo, a "Pedra viva", assegura assim sua Igreja, construída sobre Pedro, da vitória sobre os poderes da morte. Por causa da fé que ele confessou, Pedro continuará sendo a rocha inabalável da Igreja. Sua missão será manter esta fé de cada lapso e fortalecer seus irmãos nela. "(Catecismo da Igreja Católica, par. 552).
"Pela palavra" rocha "o Salvador não pode ter significado a Si mesmo, mas somente Pedro, como é muito mais aparente em aramaico, em que a mesma palavra (Kipha) é usada para" Pedro "e" rocha ". Sua declaração então admite mas uma explicação, a saber, que Ele deseja fazer de Pedro a cabeça de toda a comunidade daqueles que criam Nele como o verdadeiro Messias, que através deste fundamento (Pedro) o Reino de Cristo seria invencível, que a orientação espiritual do fiel foi colocado nas mãos de Pedro, como o representante especial de Cristo ". (http://www.newadvent.org/cathen/11744a.htm).
A referência bíblica à qual a Igreja Católica Romana tenta fundamentar sua posição é encontrada em Mt. 16:18. Aqui está no contexto.

"Agora, quando Jesus entrou no distrito de Cesaréia de Filipe, Ele começou a perguntar a Seus discípulos, dizendo: " Quem dizem as pessoas que o Filho do Homem é? " 14 E eles disseram:" Alguns dizem João Batista; e outros, Elias; mas ainda outros, Jeremias, ou um dos profetas. 15 Disse-lhes ele: Mas quem dizeis que eu sou? 16 E Simão Pedro, respondendo, disse: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". 17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. E também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. 19
Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. " 20 Então advertiu os discípulos de que não deveriam dizer a ninguém que era o Cristo" (Mateus 16). : 13-20).

Existem problemas com a posição católica romana. Primeiro de tudo, quando olhamos para o grego de Mateus 16:18, vemos algo que não é óbvio no inglês. "... tu és Pedro (πέτρος, petros) e sobre esta rocha (πέτρα, petra) eu edificarei a Minha igreja ..." Em grego, os substantivos têm género. É semelhante ao ator e atriz de palavras inglesas. O primeiro é masculino e o segundo é feminino. Da mesma forma, a palavra grega "petros" é masculina; "petra" é feminina. Pedro, o homem, é apropriadamente referido como Petros. Mas Jesus disse que a rocha na qual ele construiria sua igreja não era o "petros" masculino, mas a "petra" feminina. Deixe-me ilustrar usando as palavras "ator" e "atriz": "Você é o ator; e com essa atriz, eu farei meu filme". Veja que o gênero influencia como uma sentença é entendida? Jesus não estava dizendo que a igreja será edificada sobre Pedro, mas sobre outra coisa. O que, então, petra, o substantivo feminino, se refere?

A "petra" feminina ocorre quatro vezes no Novo Testamento grego:

Mt16: 18E também te digo que tu és Pedro (Petros), e sobre esta rocha (Petra) eu edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.
Mt 27:60, "e colocou-o em seu próprio túmulo novo, que ele havia cavado na rocha (Petra), e ele rolou uma grande pedra contra a entrada do túmulo e foi embora."
1Co. 10: 4, "e todos beberam a mesma bebida espiritual, porque estavam bebendo de uma rocha espiritual (petras) que os seguia, e a rocha (petra) era Cristo".
1Pe. 2: 8, falando de Jesus diz que ele é "Uma pedra de tropeço e uma pedra (petra) de ofensa"; porque tropeçam porque são desobedientes à palavra, e a esta desgraça também foram designados.
Podemos ver claramente que nos três outros usos da palavra grega petra (singular nominativo; "petras" em 1 Coríntios 10: 4 é genitivo singular) nós a consideramos como uma grande massa imóvel de rocha na qual um túmulo é esculpido (Mt 27:60) e em referência a Cristo (1 Co 10: 4; 1Pe 2: 8). Note que o próprio Pedro no último verso se referiu a petra como sendo Jesus! Se Pedro usa a palavra como referência a Jesus, não deveríamos?

Além disso, dicionários e léxicos gregos nos dão uma visão mais profunda das duas palavras gregas em discussão:

Petros : 
·         Petros, "πέτρος, uma pedra, distinta de πέτρα (Fonte: Liddell, H., 1996. Um léxico: Resumido do léxico grego-inglês de Liddell e Scott (636). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc.).
·          Petros, Πέτρος, Peter, que significa pedra. O masc. do fem. pétra (4073), uma enorme rocha ou penhasco. ”(Spiros Zodhiates, O Dicionário Completo de Estudo da Palavra: Novo Testamento, ed. eletrônico, G4074, Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000, c1992, c1993).
·         Petros, Πέτρος, “um substantivo semelhante a 4073, usado como um nome próprio; "Uma pedra" ou "uma pedra", Pedro, um dos doze apóstolos: - Pedro (150), Pedro (5). "(Robert L. Thomas, New American Standard Hebraico-aramaico e grego Dicionários: Edição atualizada, H8674 , Anaheim: Foundation Publications, Inc., 1998, 1981).
Petra :
·           Petra, πέτρα, Ion. e Ep. πέτρη, uma rocha, uma saliência ou uma plataforma de rocha, Od. 2. uma rocha, ou seja, um pico rochoso ou crista. . . Corretamente, πέτρα é uma rocha fixa, πέτρος uma pedra. "(Fonte: Liddell, H. (1996). Um léxico: Resolvido do léxico Grego-Inglês de Liddell e Scott (636). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc .
·          Petra, πέτρα, (4073) denota uma massa de rocha, distinta de petros, uma pedra ou pedregulho destacado, ou uma pedra que pode ser atirada ou facilmente deslocada. "Fonte: Vine, W., & Bruce, F. (1981 ; Publicado em formato eletrônico por Logos Research Systems, 1996) Dicionário Expositivo de Vine de palavras do Antigo e do Novo Testamento (2: 302) Old Tappan NJ: Revell)
·          Petra, πέτρα, ας, ἡ (1) literalmente, rocha viva, rocha fundamental (Mt 7.24), em contraste com πέτρος (pedra isolada); (Timothy Friberg, Barbara Friberg e Neva F. Miller, vol. 4, Léxico Analítico do Novo Testamento Grego, biblioteca Grega do Novo Testamento de Baker, 311, Grand Rapids, Mich .: Baker Books, 2000).
·          Petra, πέτρα, substantivo feminino; ≡ bedrock, (James Swanson, Dicionário de Línguas Bíblicas com Domínios Semânticos: Grego (Novo Testamento), ed. Eletrônico, GGK4376 (Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc., 1997).
Petros & Petros 
πέτρα petra; um prim. palavra; a (massa grande de) rocha: - rocha (10), rochas (3), rochosa (2). Petέτρος Petros, “um substantivo semelhante a 4073, usado como um nome próprio; "Uma pedra" ou "uma pedra", Pedro, um dos doze
apóstolos: - Pedro (150), Pedro (5). "(Robert L. Thomas, New American Standard Hebraico-aramaico e grego Dicionários: Edição atualizada, H8674 , Anaheim: Foundation Publications, Inc., 1998, 1981).
"Sobre esta rocha (ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ). A palavra é feminina e significa uma rocha, distinta de uma pedra ou fragmento de rocha (πέτρος, acima)." (Marvin Richardson Vincent, Estudos de Palavra no Novo Testamento, 1:91, Bellingham, WA: Logos Research Systems, Inc., 2002).
Petros , "πέτρος, uma pedra, distinta de πέτρα. Petra , πέτρα, Ion. E Ep. Πέτρη,, uma rocha, uma saliência ou uma plataforma de rocha, Od. 2. uma rocha, isto é, um pico ou cume rochoso ... Corretamente, πέτρα é uma pedra fixa, πέτρος uma pedra. " (Fonte: Liddell, H. (1996). Um léxico: Resumido do léxico grego-inglês de Liddell e Scott (636). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc.).
Uma pedra é móvel, instável; e é exatamente isso o que vemos com Pedro, que duvidou quando andou sobre a água, quem negou a Jesus e quem foi repreendido por Paulo em Antioquia.

Mt 14: 29-30, "E Pedro, saindo do barco, andou sobre as águas e dirigiu-se a Jesus. 30 Mas, vendo o vento, ficou com medo e começou a afundar-se e clamou, dizendo:" Senhor, salve mim!"
Lc 22: 57-58: "Mas ele negou, dizendo:" Mulher, eu não O conheço. " 58 E um pouco mais tarde, outro viu e disse:" Você é um deles também! "Mas Pedro disse: "Cara, eu não sou!"
Gl. 2: 11,14 "Mas quando Cefas [Pedro] veio a Antioquia, eu me opus a ele em sua face, porque ele estava condenado ... 14 Mas quando eu vi que eles não eram diretos sobre a verdade do evangelho, eu disse a Cefas na presença de todos, "Se você, sendo judeu, vive como os gentios e não como os judeus, como é que você compele os gentios a viver como judeus?"
Jesus, que conhecia o coração de Pedro, não estava dizendo que Pedro, a pedra móvel e instável, seria a rocha imóvel sobre a qual a Igreja seria construída. Em vez disso, seria edificado sobre Jesus; e foi essa verdade que Pedro afirmou o que ele disse a Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16). Isso é consistente com a escritura em outros lugares onde o termo rocha é às vezes usado em referência a Deus, mas nunca a um homem.

Dt. 32: 4, "The Rocha! Sua obra é perfeita, pois todos os seus caminhos são justos; um Deus de fidelidade e sem injustiça."
2 Sm. 22: 2-3, "O Senhor é a minha rocha e a minha fortaleza e o meu libertador; 3 Meu Deus, minha rocha, em quem me refugio."
Sl 18:31: "E quem é a rocha, senão o nosso Deus."
Is 44: 8, "Existe algum Deus além de mim, ou existe alguma outra rocha? Eu não conheço nenhum".
Rm 9:33: "Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, e quem nela crê não se desapontará."
Deveria ser óbvio da Palavra de Deus que a rocha a qual Jesus estava se referindo não era Pedro - mas ele mesmo.

O Kepha Aramaico
Em contraste com isso, no parágrafo 2 no início deste artigo, a Igreja Católica Romana diz que a rocha não pode se referir a Jesus ", mas somente Pedro - como é muito mais aparente em aramaico em que a mesma palavra (Kipha) é usado para 'Pedro' e 'Rocha'. "O problema é que o texto não está em aramaico - mas em grego. Como não temos o texto em aramaico, não é apropriado referir-se a ele como prova da posição católica romana. Temos que nos perguntar por que a Igreja Católica Romana recorreria a usar algo que não temos: o texto em aramaico. É porque o argumento deles não é apoiado pelo grego e, portanto, eles devem inferir algo de um texto que não possuímos?

Além disso, em João 1:42 diz: "Ele o trouxe a Jesus. Jesus olhou para ele e disse:" Você é Simão, o filho de João; você será chamado Cefas " (que é traduzido como Pedro)." A palavra "Pedro" aqui é petros - não petra. É usado para elucidar o kephas aramaico que não é um nome em aramaico.

"Exceto em Jo 1:42, onde é usado para elucidar o arásico kēphás, Pétros é usado no NT somente como um nome para Simão Pedro ... A tradução apóia a visão de que Kēphás não é um nome próprio, já que geralmente não traduz nomes próprios " 1

Jesus é a rocha na qual a igreja é construída
A verdade é que o único fundamento é Jesus. A única rocha da verdade é Jesus Cristo; e que nós, como seus remidos, precisamos  manter nossos olhos nele. Não devemos olhar para ninguém mais como a fundação, a fonte ou a esperança sobre a qual a igreja é construída. A igreja é construída sobre Jesus - não sobre Pedro.

"Porque ninguém pode lançar outro fundamento além daquele que está posto, que é Jesus Cristo" (1 Co 3:11).
                                                     por Matt Slick

                                          

                            LIÇÃO 3: MATEUS, O EVANGELHO DA IGREJA

Pr. Eliseu Fernandes
INTRODUÇÃO
JESUS : MINISTÉRIO E REJEIÇÃO

O Evangelho de Mateus é o único que aparece a palavra igreja por 3 vezes. As quais se encontram em Mt 16.18 que é o texto básico da lição, e em Mt 18.17 (por 2 vezes).
Mas por que é o único que aparece? Porque Mateus é um Evangelho escrito para os judeus, contudo, demonstrada que, como os judeus rejeitaram a Jesus, os gentios agora são chamados para participar do Reino. Porém, como os gentios podem participar deste Reino? Por meio da IGREJA, 
PORQUE OS GENTIOS FORAM CHAMADOS PARA O REINO? PORQUE OS JUDEUS REJEITARAM A JESUS – Jo 19.15d (não temos outro rei, senão a César). O Rei foi rejeitado, logo, procura outros súditos | Jesus é resistido pela liderança judaica de sua época. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Na verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. (Mt 21.31).

RESISTÊNCIA DA LIDERANÇA JUDAICA A JESUS 

Não é à toa que, em Mt 12.25, 26 Jesus declara que reino e casa divididos autodestroem-se e não tem continuidade: importante ler em Mt 12.25-28

25a Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado;  25b e toda a cidade, ou casa (dinastia), dividida contra si mesma não subsistirá 26a E, se Satanás expulsa a Satanás,  26b está dividido contra si mesmo; como subsistirá pois o seu reino?

27a E, se eu expulso os demônios por Belzebu,  27b por quem os expulsam então os vossos filhos? (os fariseus e saduceus eram os demônios) – diabo do verbo diao = dividir

27c Portanto eles mesmos serão, os vossos juízes.

28 a Mas, se eu expulso os demónios pelo Espírito de Deus,  28bé conseguintemente chegado a vós o reino de Deus.  
1.A ORIGEM DA IGREJA – Mt 16.18b 
Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja -Mt 16.18b
Pois ninguém pode colocar nenhum outro alicerce que não seja aquele que já foi colocado. E este alicerce é Jesus Cristo (1Co 3.11).

IGREJA x SINAGOGA  
Os judeus no tempo de Jesus tinham as suas SINAGOGAS – várias = divisão 
Syn e agoge   Jesus vai criar a Sua igreja – Ekklesia – UNA  - todos nós formamos UM só corpo – mesmo havendo muitas igrejas locais, todas estas são UM SÓ CORPO EM CRISTO. 
           “edificarei a minha igreja” 
·         IGREJA – ekklesia -  de ek preposição “de” – de dentro para fora / kaleo – chamar
·         (pronúncia é ekklessia/ a pronúncia ekklezia é latina) – palavras que não foram traduzidas, mas acomodadas a outras línguas em relação a pronúncia ou algumas letras  
·          Fomos chamados para manifestar a fé, expandir o Reino fora das nossas fronteiras e limitações – somos chamados para ir ao mundo, aos gentios, para que estes entrem no reino de Deus.
·           Jesus é o fundador da igreja – uma nova dispensação iria se iniciar – dispensação da graça de Deus – Jesus é a Pedra na qual a igreja está edificada ou fundamentada – ele é a pedra de esquina -1Pe 2.4-8
·          A igreja pertence a Cristo – edificarei a minha igreja – pronome possessivo = a igreja tem dono – NÃO MEXA NO QUE NÃO É SEU – O DONO DA IGREJA VAI QUERER EXPLICAÇÕES! 

1.1 Jesus fundador da Igreja  
Porque Jesus é o fundador da igreja? Jesus quem iria edificá-la.

Pedro não é a fundação da igreja nem o fundador – a IGREJA TEM DONO: JESUS

1.2.A Igreja pertence a Cristo – só quem edifica pode ser dono de algo,  
Aqui a igreja é comparada a uma estrutura = castelo / casa
A frase: eu edificarei a minha igreja – o verbo edificar está no futuro: a resposta está em Pv 24.27: 

·         Pv 24.27 – ordem das coisas – revelação de Deus  
·          Mt 20.1 Reino é como um pai de família (casa) granjeou trabalhadores para a vinha 
·          Mt 21.28 – um pai com dois filhos (mais velho e mais novo) – Êx 4.22 / Lc 15 – 
·          mais velho disse que  não ia e foi o mais novo disse que ia e não foi  se arrependeu – fez a vontade do Pai – publicanos e prostitutas vão anteceder vocês no Reino (v.31)
·          Mt 21.43 – dono da vinha – mataram os enviados e depois de tantas tentativas envia o próprio filho – a este também matam – Jesus cita  um misto do Sl 118.22 e Is 8.14
·          Sl 118.22 – a pedra rejeitada que vira cabeça de esquina ou pedra angular – Casa ou edifico
·          Is 8.14 – pedra de esquina será uma rocha de escândalo para Israel, mas servirá de santuário para outro. 
·          Jo 1.42 diz: "Ele o trouxe a Jesus. Jesus olhou para ele e disse:" Você é Simão, o filho de João; você será chamado Cefas " (que é traduzido como Pedro)." A palavra "Pedro" aqui é petros - não petra. É usado para elucidar o kephas aramaico.
·          Dt. 32. 4: "A Rocha! Sua obra é perfeita, pois todos os seus caminhos são justos; um Deus de fidelidade e sem injustiça."
·          2 Sm. 22: 2-3, "O Senhor é a minha rocha e a minha fortaleza e o meu libertador; 3 Meu Deus, minha rocha, em quem me refugio."
·          Sl 18:31: "E quem é a rocha, senão o nosso Deus."
·          Is 44: 8, "Existe algum Deus além de mim, ou existe alguma outra rocha? Eu não conheço nenhum".
·          Rm 9:33: "Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo, e quem nela crê não se desapontará."
Ainda mais... Mt 22.2 – o Reino dos céus é semelhante a um rei que celebra as bodas do seu filho --- os convidados não vão, ele manda chamar os enfermos, doentes, mendigos e etc. 
Depois Jesus propõe outra parábola, as dez virgens =n damas de honra das bodas– Mt 25.
Mt 12.18 e 21a: 18a “Eis aqui o meu servo que escolhi,  18b o meu amado em quem a minha alma se compraz;  18c porei sobre ele o meu espírito,  18d e ele anunciará aos gentios o juízo (...)  21a e no seu nome os gentios esperarão”
2.A AUTORIDADE DA IGREJA 

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”

REF. A AUTORIDADE DE JESUS   Características recebidas
Mt 7.29 Falava com autoridade (ensinava com autoridade) Autoridade para ensinar e pregar
Mt 8.9 Curava com autoridade – à distância (centurião) Autoridade para curar
Mt 9.8 Perdoava pecados porque tem autoridade (paralítico) Autoridade para perdoar pecados
Mt 10.1 Só quem tem autoridade pode dar autoridade  Autoridade Delegada
Mt 21.22
Autoridade para purificar o templo – o templo como símbolo da purificação interior do homem
Autoridade para mudar a purificação – sangue de ovelhas / seu próprio sangue Mt 21,24 Autoridade vinda do céu  De onde vem sua autoridade?  Jo 19.10, 11 Mt 21.27 Autoridade oculta aos líderes, aos grandes, mas revelada ao servos e pequenos Autoridade Revelada Mt 28.18 Toda autoridade foi entregue a Jesus – Cristo Triunfante TODA a autoridade é dele Jo 10.18

  

Ex. para dirigir um carro o que é necessário? Saber dirigir,( não preciso ter carteira?) mas a carteira de motorista é a habilitação, ou seja, a autoridade delegada pelo órgão responsável para que você dirija = em todas as instâncias se tem autoridade, são níveis diferenciados. 
Uma das simbologias da palavra chaves é AUTORIDADE:
Jesus tem as chaves e deu a igreja as chaves para a igreja
Quais as chaves que Jesus tem? 
·         Chaves do Reino – Mt 16.19 -  dadas a igreja também 
·         Chaves da morte e do inferno – Ap 1.18  - autoridade sobre a vida e sobre a morte 
Eu sou o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre! e tenho as chaves da morte e do inferno
·         Chaves de Davi – Ap 3.7,8
·         Chave colocada nos ombros – não no chaveiro = muitas chaves / uma chave = Is 9.6
·         Porque a chave está no ombro? 
·         Porque ombro representa RESPONSABILIDADE 
·         Porque  o ombro está próximo a cabeça - Ele é o Cabeça  Igreja é  corpo de Cristo

Corpo forma uma unidade biológica de existência, o corpo é formado por membros, em uma perfeita harmonia entre as partes, em uma interdependência entre os membros – nenhum membro vive fora do corpo – o cristão fora da igreja está morto como os membros também fora do corpo.   Cristo é a Pedra Angular que une as paredes, estas paredes são os judeus e gentios -Ef 2.11-22

Igreja representante de Cristo
Celebrações da Igreja (TÓPICO 2.2) 

 ➤Batismo é um ato de fé – uma só vez , só se batiza quem crê verdadeiramente – confissão pública de fé 
 ➤Símbolo de sepultamento – do velho homem para a ressurreição do novo 
 ➤Ceia é um hábito – todas as vezes em memória de Jesus.

·         Em memória – memorial ordenado

3.IGREJA MILITANTE, IGREJA TRIUNFANTE 
IGREJA MILITANTE 
A igreja  militante é a igreja que luta, que trabalha, que está à disposição de seu Senhor e Rei
Todos os que compõem a Igreja são chamados para UMA MISSÃO
Jesus tem uma MISSÃO – como satanás tentou Jesus ara fazer com ele perdesse o foco na Missão – Mt 4. Na tentação
·         Pedras em pão – usar seu poder em benefício próprio – ataque do diabo foi na mente de Cristo – sua arma foi a dúvida “se és” é seu objetivo era: fazer Jesus não esperar a provisão de Deus – Dt 8.3
·          Jonas  perdeu a VISÃO, consequentemente perdeu a MISSÃO – Deus o conduz até o propósito dele em Nínive que era símbolo do IDE DA IGREJA HOJE.
IGREJA TRIUNFANTE  A Igreja militante luta contra o valente, porém a IGREJA TRIUNFANTE VENCE O VALENTE
 (quem é este valente que é mais forte que o homem) – o diabo – mas a igreja tem o Espírito Santo que é mais forte que o diabo – com o poder do Espírito Santo venceremos o diabo – Mt 4.1; Ef 5.18
E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, - torpor = perda dos sentidos e domínio mas enchei-vos do Espirito; = força para dominar e vencer

SE VOCÊ MILITAR PELA CAUSA DO REINO, SERÁ COROADO COMO UM SOLDADO VENCEDOR NA BATALHAS QUE RECEBE DOS DESPOJOS, O QUE É MAIS PRECIOSO!
Afinal... as portas( portões e poderes) do Inferno não podem prevalecer contra a IGREJA DE JESUS CRISTO.

                                           CONCLUSÃO 

A comunidade dos remidos pelo sangue de Cristo é a IGREJA (Mt 16.18; Ap 22.16).
A IGREJA é aberta a TODOS, porém, NÃO a TUDO!

A Igreja é a EMBAIXADA do REINO, ela tem as chaves ! – mundo precisa ser colonizado pelo Reino dos Céus. 
                                              Pr. Eliseu Fernandes



 FONTE : 



             6. OS DONS ESPECÍFICOS PARA A UNIDADE DA IGREJA — 4.11 

A palavra "dom" significa dádiva, e quando se trata de "dons de Cristo" refere-se às dádivas concedidas à Igreja, as quais a enriquecem e fortalecem a sua unidade através dos crentes. Esse direito divino de conceder "dons" representa os lauréis da vitória de Cristo e o direito pleno de Ele conceder dons à sua Igreja. 

6.1. A distinção dos dons ministeriais — v. 11
 "E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores". Na mente de Deus não há uma hierarquia ministerial seguindo uma ordem de valor, pois não teria sentido então a unidade do corpo. 0 destaque de uma função não representa uma posição mais importante que outra. Paulo fez questão de ensinar isso à igreja de Corinto com essas palavras: "Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?" (1 Co 12.14,15). Os versos 17 e 18 aclaram ainda mais o texto de Coríntios: "Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis". A lição prática da "unidade do Espírito" quanto aos ministérios distribuídos, é que "cada um" deve assumir seu trabalho na Igreja, porque assim Deus o quer. Assim sendo, cada qual poderá dar o melhor de si para a unidade da obra do Senhor. Esses dons são enumerados pelo apóstolo Paulo sem a preocupação de ordem ou grau. São dons concedidos àqueles que são nomeados ou ordenados para o ministério do seu corpo, a Igreja, no mesmo nível de valor e propósito.
  
6.1.1. Apóstolos
 "E ele mesmo deu uns para apóstolos". Uma função no corpo de Cristo que não ficou restrita apenas aos discípulos de Jesus. Há uma forte corrente de interpretação que restringe esse ministério aos dias apostólicos, isto é, aos introdutores da Igreja Primitiva. Essa teoria assegura que "apóstolos" foram somente aqueles enviados imediatos de Jesus, isto é, os discípulos que estiveram com Ele fisicamente, presenciaram sua morte e foram testemunhas oculares de sua ressurreição (1 Co 15.4-8). Entretanto, o mesmo Jesus que enviou aqueles seus primeiros discípulos e enviou outros nos dias primitivos da Igreja, continua ainda hoje enviando, de forma especial, homens com uma missão delegada onde quer que se faça algum trabalho particular em favor de seu reino na face da Terra.

No grego, "apóstolo" significa mensageiro; enviado; delegado.
O Novo Testamento apresenta outros apóstolos além dos 12 discípulos de Jesus. No lugar de Judas Iscariotes entrou Matias (At 1.25,26). Depois, Paulo é reconhecido como apóstolo, e também Barnabé (At 14.14).

Há também uma corrente que ensina a sucessão apostólica e outra que rejeita a idéia da sucessão. A idéia da não-sucessão pode ser vista de dois modos. O primeiro afirma que, não havendo sucessão dos apóstolos, não pode haver mais apóstolos, senão aqueles que foram reconhecidos na Igreja Primitiva. O segundo modo não admite a sucessão apostólica, mas crê na ação soberana e contínua de Cristo para chamar e enviar homens com uma missão especial, para realizar um trabalho que outro não fez.

A igreja católica romana defende a idéia da sucessão e coloca os papas como sucessores do apóstolo Pedro. Entretanto, não há no Novo Testamento sucessão apostólica no sentido de tomar o lugar de outrem. O que os primeiros apóstolos realizaram foi importante para a formação da Igreja no princípio, porém o mais importante não é a sucessão deles, e sim a continuidade do seu trabalho. Por isso, creio que Deus chama homens para o apostolado hoje. Paulo não foi sucessor de nenhum dos apóstolos que estive-ram com Jesus, nem tampouco Barnabé. O único nome citado no Novo Testamento que sucedeu a algum apóstolo foi Matias, que entrou no lugar de Judas Iscariotes (At 1.15-26). Há um conceito errado quanto à função apostólica hoje. Chamam a alguns de apóstolos por causa de seu tempo de serviço na causa de Cristo ou por destaque em liderança pastoral. Entretanto, o ministério de apóstolo é tão importante quanto os demais ministérios expostos na mesma lista de Efésios 4.11.

 Pergunto, então: por que devemos ter evangelistas, pastores, mestres e profetas e não apóstolos, se esse ministério foi incluído no mesmo texto? É claro que não podemos generalizar a importância; ao contrário, queremos dar o devido valor a esse importante e necessário ministério na igreja atual. Entretanto, entendo que Deus comissiona certos homens para realizarem trabalhos específicos, à semelhança de um David Wilkerson, D. L. Moody, Smith Wigglesworth, Jorge Müller, Gunnar Vingren, Daniel Berg, Hudson Taylor, Carlos Finney, Richard Wurmbrand etc.

6.1.2. Profetas
"... e outros para profetas". O ministério profético tinha um destaque notável na Igreja Primitiva. Cabia-lhe a função especial, através do Espírito Santo, de edificar, exortar e consolar (1 Co 14.3). Não significa apenas pregar ou ensinar a Palavra de Deus, mas a missão de receber diretamente do Espírito Santo, pelo dom da profecia, a habilidade de transmitir a Palavra do Senhor. O próprio significado da palavra "profeta" quer dizer "aquele que fala por outro".

 No sentido popular, a idéia que se tem do profeta é a daquele que revela °u prediz o futuro. Nos dias primitivos da igreja, vemos esse ministério bastante ativo, em que a vontade e a mente do Senhor eram expostos através dos profetas. Em Atos 13.1,2, lemos sobre alguns Profetas da igreja de Antioquia, na qual se destacaram alguns nomes como Barnabé, Simeão, Lúcio Cireneu, Manaem e Saulo. Atos 15.32 diz que "Judas e Silas eram também profetas e consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram".
Ainda em Atos 11.27,28, fala-se de alguns profetas de Jerusalém que foram a Antioquia, destacando-se Ágabo, que profetizou sobre uma fome que haveria de vir a todo o mundo e foi cumprida no tempo de Cláudio César. Em Atos 21.8,9, as filhas do evangelista Filipe eram profetisas.

O ministério de profeta no Antigo Testamento era um ofício da parte de Deus.
No Novo Testamento tem-se a impressão de ser, também, um ofício. Mas na lista dos "dons espirituais" (1 Co 12.10), a profecia aparece como "dom do Espírito". Como resolver o problema, então? E ofício ou dom? Ou é ofício e dom ao mesmo tempo? Alguns intérpretes fazem diferença entre  dom  e  oficio,  porém, em relação ao ministério profético no Novo Testamento, a profecia engloba tanto o dom como o ofício. Paulo, em 1 Coríntios 14.30, dá a entender que o profeta exerce sua função quando o Espírito Santo lhe inspira repenti-namente uma mensagem advinda duma súbita revelação e, obediente ao impulso do Espírito, transmite a mensagem de Deus. Entendemos, então, que o ministério dos profetas na igreja é colocado entre outros ministérios porque é útil para a edificação da igreja. O profeta difere do apóstolo pelo fato de que o apóstolo exerce uma missão especial delegada pelo Senhor.

O profeta difere do mestre porque o mestre, inspirado pelo Espírito, discorre sobre um ensinamento lógico e sistemático nas Escrituras; normalmente o mestre segue um raciocínio preestabelecido e apela mais à razão. O profeta difere do evangelista, pois este tem como função falar aos pecadores acerca das verdades divinas, procurando alcançar-lhes o coração. O evangelista apela mais para os sentimentos, para o coração, do que para a mente, pois busca decisões rápidas.
Estaria ultrapassado o ministério do profeta do Novo Testamento na atualidade? Seria mais um título do Novo Testamento dado ao pregador? Não! Existe o ministério de profeta no Novo Testamento, e a pregação pode receber o impulso profético na transmissão das verdades divinas.

Devemos entender que o "profeta" na igreja é indispensável, e não significa simplesmente o dom de predizer o futuro, nem o de guiar a igreja em negócios particulares. Essencialmente, o profeta não é um pregador, mas entendemos que um pregador pode exercer, na pregação, o ministério profético. Uma pregação devidamente ordenada com pensamentos lógicos e inspirados pode não ser uma mensagem profética, mas à medida que aqueles pensamentos vão sendo expostos, novas verdades espirituais são inspiradas ao pregador e se tornam, automaticamente, uma mensagem profética.

Na verdade, o profeta é aquele que interpreta o sentimento do Espírito Santo para o povo. E um ministério que tem função poderosa, à parte a pregação. Quando o Espírito dá sobrenaturalmente uma mensagem ao profeta, e este a transmite com suas palavras essa profecia, ou mensagem divina, interpreta o desejo de Deus para a igreja. O ofício de profeta existe não para acrescentar outra verdade que não tenha base nas Escrituras, mas para edificar, exortar e consolar com base nas verdades já reveladas na Bíblia. 

6.1.3. Evangelistas
"... e outros para evangelistas". Este é outro ministério, cuja função é a de levar as Boas Novas de Cristo, o Salvador. Seu trabalho não é num lugar fixo, mas itinerante. É o que sai em busca dos perdidos e os traz à casa do Pai celestial.
É um ministério de suma importância dado à igreja, ou, mais especificamente, a homens escolhidos para fazerem esse trabalho. Lamentavelmente, existe em alguns lugares uma idéia errada dessa missão. E um ministério tão importante quanto os demais, sem nada diminuir ou aumentar aquele que o exerce. E uma posição específica no corpo de Cristo, não obedece a uma ordem hierárquica, nem tampouco é uma posição inferior à de pastor. E uma função pouco reconhecida como ministério específico, semelhante ao de Filipe, Timóteo e outros (At 21.8; 2 Tm 4.11).
 É uma ordenação ministerial bem caracterizada e distinta dos demais ministérios, conforme Efésios 4.11.
O evangelista é aquela pessoa habilitada pelo Espírito para falar da salvação em Cristo. Os demais ministérios, como pastores e mestres, deixarão de ser sem o ministério do evangelista. E o evangelista quem leva os pecadores ao conhecimento de Jesus Cristo como Salvador, para, posteriormente, os pastores e mestres desenvolverem seus ministérios. As marcas de um verdadeiro evangelista aparecem no poder sobrenatural da Palavra de Deus e nos sinais e maravilhas operados por sua fé, levando as pessoas a Cristo.
O evangelista tem um ministério distinto entre os demais, mas não isolado, porque o evangelista é enviado pela igreja. E um ministério difícil e custoso, porque é ele quem vai na "frente da batalha" contra os poderes do mal. No entanto, são os demais ministérios que mantêm a conquista das almas. 

6.1.4. Pastores
"... e outros para pastores".
O ministério pastoral inclui outros títulos que representam a mesma função de pastor, tais como ancião, presbítero e bispo. Todos esses nomes têm o mesmo significado em relação ao ministério pastoral. É o ministério mais desejado na atualidade, e isto se dá mais pela função atual de um pastor na igreja, que é o de exercer liderança sobre um povo em local fixo. Entretanto, o real significado de pastor, no grego, é "guardador de ovelhas". O exemplo mais claro desse significado está na identificação que Jesus fez acerca de si mesmo como "o bom Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas" (Jo 1.11). Em outros textos do Novo Testamento, como Hebreus 13.20 e 1 Pedro 2.25; 5.4, os escritores identificam Cristo como o exemplo do verdadeiro pastor.
No princípio do Evangelho, com a formação de várias igrejas, houve a necessidade de homens piedosos e respeitados nas congregações para as dirigirem. As primeiras igrejas eram entregues aos "anciãos" locais (At 11.30; 14.25; 20.17; 28).
 Por serem homens idosos e de larga experiência na vida, eram colocados na direção das igrejas. A palavra "ancião" referia-se mais à idade e posição deles, mas o título mais oficial era bispos ou presbíteros. Esse título indicava a idéia de uma posição de liderança na igreja local. Em outras palavras, eram pastores locais, cujo trabalho era o de alimentar o rebanho, protegê-lo dos falsos ensinos, conservar a sã doutrina, orientar os crentes na vida diária, conduzir as reuniões com "ordem e decência" (At 20.28; 1 Co 14.40; Tt 1.9,1 l;Tg 5.14; 1 Pe5.2; 2Pe2.11).

6.1.5. Mestres (doutores, ensinadores)
 Até certo ponto, o pastor tem um ministério acompanhado do ensino. Ele pode exercer as duas funções. Entretanto, a função de "mestre" é específica no ministério cristão, que é ensinar a Palavra de Deus de forma lógica. Pelo fato de ser um ministério dado por Jesus, o Espírito Santo atua de maneira poderosa no sentido de aclarar as verdades divinas ensinadas aos crentes.
O mestre podia ser ministro itinerante pelas igrejas. Seu trabalho era junto às almas ganhas pelos evangelistas e apóstolos.
 O Novo Testamento destaca Apoio como exímio ensinador; ele andava pelas igrejas ministrando a Palavra de Deus (At 18.27; 1 Co 16.12; Tt 3.13). É um ministério de extremo valor, mas pouco reconhecido, ou, então, prejudicado pelo sistema de governo de nossas igrejas, que, por não reconhecerem a importância de tal ministério, obrigam o "mestre" a pastorear. E como obrigar um lavrador a fazer o trabalho do alfaiate. Igrejas sem mestres são igrejas fracas espiritualmente. Por isso, deve-se reconhecer a importância e a necessidade do ministério do ensino. E através do ensino sadio e racional, inspirado pelo Espírito Santo, que a igreja se justifica contra as falsas doutrinas e se fortifica contra os ataques espirituais de Satanás.
Quando os evangelistas realizam cruzadas, os ensinadores devem ser acionados para fortalecer a fé dos novos convertidos. Uma igreja não vive só de pregações; precisa também de ensino constante e firme.

 6.2. O propósito dos dons ministeriais — vv. 12-16
Os dons ministeriais foram dados à igreja com objetivos específicos. Ainda que sejam manifestos em indivíduos, eles existem através de funções na igreja.

 6.2.1. Há um tríplice propósito no uso dos dons ministeriais — v. 12
•   O aperfeiçoamento dos santos
•   A obra do ministério
•   A edificação do corpo de Cristo
Considerando cada um desses objetivos, podemos compreender a razão deles.
 O termo "santo" designa todos os crentes vivos. Cada crente, em particular, necessita ser "separado do mundo", ou "não contaminado com as coisas do mundo", pois ser santo implica na busca da santidade. E uma condição e um processo em evolução, isto é, somos "santos" porque participamos da santidade do corpo de Cristo. Indica uma posição em Cristo e fora dEle; se não tivéssemos essa santidade em Cristo, jamais seríamos aceitos perante o Pai doutra forma (Hb 12.14). 
a.      O aperfeiçoamento dos santos A palavra "aperfeiçoamento" deve ser entendida no contexto da frase e em todo o texto de Paulo. Várias interpretações têm sido dadas à expressão "aperfeiçoamento dos santos". Pelo menos cinco idéias são sugeridas para a interpretação do texto que diz "... querendo o aperfeiçoamento dos santos".
A primeira sugere que a expressão significa a complementação do número de santos no corpo de Cristo; a segunda afirma que a palavra "aperfeiçoar" significa a renovação e a restrição do número dos santos; a terceira idéia é de que o sentido da palavra seria "limpeza que reduz e ordena a unidade perfeita no corpo de Cristo"; a quarta vê na palavra "aperfeiçoar" um estado de dinamismo, que reporta ao trabalho; a quinta e última preocupa-se com o sentido literal da palavra, isto é, "completar o que estava incompleto" ou "acabar com perfeição". Portanto, "os santos" não são os crentes que já morreram, mas aqueles que procuram viver de acordo com os ensinos da Palavra de Deus. É o Espírito Santo quem aperfeiçoa os crentes, os santos no corpo de Cristo. O verbo "aperfeiçoar" indica um processo relativo aos crentes fiéis. Deus não precisa ser santo pois Eleja o é, mas nós precisamos sê-lo.
b.  
    A obra do ministério
O significado da frase está relacionado com o verso 11, pois entendemos que o "aperfeiçoamento dos santos" está implícito na obra dos que foram constituídos ministros. Os dons são dados para "aperfeiçoar os santos". Indica a importância dos ministérios dentro da igreja. Esses ministérios são completos e satisfazem plenamente, à medida que eles funcionam objetivando a unidade dos crentes em Cristo. Esses ministérios são espirituais, pois são dados pelo Senhor. Nada têm a ver com funções eclesiásticas profissionais. São ministérios dados por Deus, e os que os receberem devem desenvolvê-los na igreja. Esses ministérios são funções naturais. Eles não visam "posições" nem "senhorios", mas existem da mesma forma que outras atividades espirituais na igreja, ou seja, para o aperfeiçoamento do corpo de Cristo. O bom desempenho da obra ministerial tem o propósito de preparar ou habilitar crentes para o serviço de Cristo. O trabalho do ministério restringe-se aqui, no contexto do verso 12, ao serviço em favor da igreja através dos "dons ministeriais". 

c. A edificação do corpo de Cristo
A palavra "edificar" surge aqui como uma metáfora, pois indica uma edificação contínua e espiritual (At 9.31; 20.32; 1 Co 8.1; 14.3,4,17; 2 Co 10.8,23; 1 Tm 1.4). É uma edificação de ordem espiritual feita sob a orientação do Espírito Santo. A Igreja é um edifício em construção, assim como o corpo místico de Cristo. Tanto a construção de um edifício quanto o desenvolvimento de um corpo vivo indicam trabalho, o que na igreja é feito pelo ministério. Os dons foram dados à Igreja para que ela, através dos seus membros ativos, use esses dons espirituais e ministeriais na edificação e no desenvolvimento de si mesma, pois ela é o corpo de Cristo, sendo Cristo a cabeça. As figuras "edifício" e "templo" têm uma finalidade específica, que é falar do crescimento e da unidade da igreja.
COMENTÁRIO BÍBLICO EFÉSIOS
- ELIENAI CABRAL


                                                     O Propósito da Igreja


O capítulo 17 deste livro trata da missão da Igreja. Antes de concluirmos esta seção, que fala da natureza da Igreja, vale a pena fazer algumas observações a respeito do propósito para o qual a Igreja foi chamada à existência. O propósito do Senhor não era que a Igreja apenas existisse como finalidade em si mesma, para se tornar, por exemplo, simplesmente mais uma unidade social formada por membros de mentalidade semelhante. Pelo contrário, a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do dom do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus. Muitos itens podem ser incluídos num estudo sobre a missão da Igreja. Este breve estudo só incluirá, porém, quatro deles: a evangelização, a adoração, a edificação e a responsabilidade social.


A parte central das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes da sua ascensão, foi a ordem (não uma sugestão) de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). Cristo não abandonou aqueles evangelistas à sua própria capacidade ou técnica. Ele os comissionou a ir com a sua autoridade (Mt 28.18) e no poder do Espírito Santo (At 1.8). O Espírito levaria a efeito a convicção do pecado (Jo 16.8-11); os discípulos deveriam proclamar o Evangelho. A tarefa da evangelização ainda faz parte imperativa da missão da Igreja. A Igreja é chamada a ser uma comunidade evangelizadora. Este mandamento não tem restrições nem fronteiras geográficas, raciais ou sociais. Erickson declara: "O evangelismo local, a extensão ou a implantação de igrejas, bem como as missões mundiais, são uma única e a mesma coisa. A única diferença acha-se na distância do raio de alcance".29 Os crentes atuais não devem esquecer que, embora sejam eles os instrumentos da proclamação do Evangelho, não deixa de ser o Senhor da colheita quem produz o incremento. Os crentes não têm de prestar contas do seu "sucesso" (segundo os padrões do mundo), mas da sua dedicação e fidelidade no serviço.

A Igreja também é chamada a ser uma comunidade que adora. A palavra "adoração', no inglês antigo, denota a pessoa que recebe honra proporcional à sua dignidade.30 A adoração genuína é caracterizada quando a Igreja centraliza a sua atenção no Senhor, e não em si mesma.31 Quando Deus é adorado exclusivamente, os crentes que assim o adoram são invariavelmente abençoados e espiritualmente fortalecidos. A adoração não precisa ser limitada somente aos cultos regulares do cronograma da igreja. Na realidade, todos os aspectos da nossa vida cristã devem caracterizar-se pelo desejo de exaltar e glorificar ao Senhor. Parece ser esta a razão de Paulo dizer: "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31).
Um terceiro propósito da Igreja é ser uma comunidade edificante. Na evangelização, a Igreja focaliza o mundo; na adoração, volta-se para Deus; e, na edificação, atenta (corretamente) para si mesma. Repetidas vezes, nas Escrituras, os crentes são admoestados a edificar uns aos outros para assim formarem uma comunidade idônea (cf. Ef 4.12-16). A edificação pode ser levada a efeito por muitos meios práticos. Por exemplo: ensinar e instruir os outros nos caminhos de Deus certamente enriquece a família da fé (Mt 28.20; Ef 4.11,12). Administrar a correção espiritual numa atitude de amor é essencial na ajuda ao irmão desviado, a fim de que permaneça no caminho da fé (Ef 4.15; Gl 6.1). 

Compartilhar com os necessitados (2 Co 9), levar os fardos uns dos outros (Gl 6.2) e fornecer oportunidades para convívio e interação social cristãos sadios são meios relevantes de edificar o corpo de Cristo.

A Igreja é também chamada a ser uma comunidade com solicitude e responsabilidade sociais. Infelizmente, esta vocação tem sido minimizada ou negligenciada entre muitos evangélicos e pentecostais. E possível que muitos crentes sinceros tenham receio de se tornar modernistas ou rumar na direção do assim chamado "evangelho social", caso se envolvam em ministérios que visem o atendimento social. Haveria fundamento para tal receio se esse tipo de obra fosse levado a extremos malsãos e deixasse de lado verdades eternas ao oferecer alívio temporário. Por outro lado, o descuido com as necessidades sociais representa o abandono de um vasto número de admoestações bíblicas dirigidas ao povo de Deus, no sentido de serem cumpridas essas obrigações. O ministério de Jesus caracterizava-se pela compaixão amorosa a todos os sofredores e indigentes deste mundo (Mt 25.31-46; Lc 10.25-37). Idêntica solicitude é demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq 6.8) quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1 Jo 3.17,18). Expressar o amor de Cristo de modo tangível pode ser um meio vital de a Igreja cumprir a missão que lhe foi confiada por Deus. Assim como em todos os aspectos da missão (ou propósito) da Igreja, é essencial que nossos motivos e métodos visem fazer tudo para a glória de Deus.

A Organização da Igreja

Organismo ou Organização?

A Igreja deve ser considerada um organismo, algo que possui e gera vida, ou uma organização, caracterizada pela estrutura e pela forma? Esta pergunta tem sido postulada de várias maneiras e por vários motivos durante toda a história do Cristianismo. Cada geração de crentes (inclusive alguns pentecostais do início do século XX) tem contado com pessoas que consideram a Igreja apenas como organismo. Enfatizam a natureza espiritual da Igreja e tendem a pensar que qualquer tentativa de organizar o corpo de crentes resultará na erosão da Igreja e, finalmente, na morte da espontaneidade e vida que caracterizam a verdadeira espiritualidade.32 Outros crêem firmemente na necessidade da estrutura organizacional para a igreja. Chegam ao extremo de ensinar que a Bíblia oferece pormenores específicos para a ordem e regulamento da igreja (infelizmente, subvertem seus próprios argumentos ao discordarem entre si sobre quais pormenores são obrigatórios!).
Talvez a melhor abordagem à questão, por vezes controvertida, não seja colocar o problema como pergunta ("Qual dos dois?"), mas como solução: ambos. O exame da Igreja do Novo Testamento revelará certamente aspectos que favorecem o conceito de "organismo". A Igreja era dinâmica e desfrutava da liberdade e do entusiasmo de ser dirigida pelo Espírito. Por outro lado, o mesmo exame revelará que a Igreja, desde o seu início, operava com certo grau de estrutura operacional. Os dois pontos de vista (organismo e organização) não precisam colocar-se em estado de tensão, pois é possível perceber que se completam mutuamente. Cada uma das descrições bíblicas da Igreja analisadas supra - povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo - sugerem uma unidade orgânica. Afinal de contas, a vida espiritual do cristão deriva de seu relacionamento com Cristo, e sua vida, como consequência, flui através dele à medida que se torna canal para alimentar e fortalecer a comunidade (Ef 4-15,16). Para o organismo sobreviver, no entanto, precisará de uma estrutura. A Igreja, para poder levar o Evangelho a todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações, necessitará de algum tipo de sistema organizacional para o emprego mais eficiente de seus recursos.

O desejo de se viver uma igreja neotestamentária é uma aspiração digna e nobre. Os crentes devem continuar a modelar sua teologia de conformidade com os ensinos apostólicos e permanecer na busca da orientação do Espírito Santo em sua vida. No entanto, o Novo Testamento indica vários meios de organização para suprir essa necessidade. Por exemplo: a igreja não escolheu diáconos, a não ser quando surgiu a necessidade deles. Posteriormente, foram acrescentadas diaconisas. Existe no Novo Testamento elasticidade para acomodar necessidades geradas por situações geográficas e culturais as mais diversas. Lembremo-nos de que a mensagem do Novo Testamento é eterna e não pode ser submetida a meios-termos. Entretanto, para que a mensagem se torne eficaz, torna-se necessário aplicá-la ao meio contemporâneo.

Formas Principais de Governo Eclesiástico

Tem-se sugerido que a questão da organização eclesiástica, ou seja, o governo ou constituição da igreja, é, em última análise, questão de autoridade - onde reside a autoridade da igreja e quem tem o direito de exercê-la.33 Embora a maioria , dos crentes não hesite em responder que Deus é a derradeira autoridade da Igreja, ainda precisam determinar como e através de quem Ele deseja administrar essa autoridade. No decurso da história da cristandade, surgiram várias formas de constituição eclesiástica. Algumas atribuem maior grau de autoridade aos clérigos. Outras ressaltam que os leigos devem exercer maior controle na igreja. Outros ainda buscam uma posição de equilíbrio entre os dois extremos. Com raras exceções, a maioria dessas estruturas podem ser classificadas em uma das seguintes formas: episcopal, presbiteriana ou congregacional.

A forma episcopal de governo eclesiástico é normalmente considerada a mais antiga. O próprio título é derivado da palavra grega episkopos, que significa "supervisor". A tradução mais frequente desse termo é "bispo" ou "superintendente". Os que apoiam esta forma de constituição eclesiástica acreditam que Cristo, como Cabeça da Igreja, tenha confiado o controle de sua Igreja na Terra a uma ordem de oficiais chamados bispos, que seriam sucessores dos apóstolos. Acreditam ainda que Cristo constituiu os bispos para serem "uma ordem separada, independente e autoperpetuante"34 (significa que exercem o controle definitivo nas questões de governo eclesiático e que selecionam seus próprios sucessores).

A história da Igreja apresenta evidências da exaltação paulatina da posição de bispo acima das outras posições de liderança eclesiástica. No século II, Inácio de Antioquia (sendo ele mesmo um bispo) ofereceu base racional para a sucessão apostólica ao escrever: "Porque Jesus Cristo - aquela vida da qual não poderemos ser separados à força - é a mente do Pai, assim como também os bispos, nomeados em todas as partes do mundo, refletem a mente de Jesus Cristo".35 Em outra carta, Inácio atribui crédito a outros oficiais eclesiásticos, inclusive presbíteros e diáconos, e observa que, "sem eles, não se pode ter uma igreja". Enfatizava, no entanto, que somente o bispo "desempenha o papel do Pai".36

Cipriano, um dos pais da Igreja no século III, elevou ainda mais a importância do bispo e a forma de governo episcopal, declarando: "O bispo está na igreja e a igreja está no bispo, e onde não houver bispo não há igreja".37 A versão extrema do sistema episcopal encontra-se na organização da Igreja Católica Romana, que remonta pelo menos ao século V. Na tradição católica, o papa ("pai exaltado") aparece como o único sucessor reconhecido do apóstolo Pedro, este considerado pela Igreja Católica como aquele sobre quem Cristo estabeleceu a Igreja (Mt 16.17-19) e que veio a ser o primeiro bispo de Roma.38

No catolicismo há muitos bispos, mas todos são considerados sujeitos à autoridade do papa, que, no seu papel de "vigário de Cristo", governa como bispo supremo, ou monárquico, da Igreja Romana. 
Outras igrejas que seguem o sistema episcopal de governo adotam uma abordagem menos exclusivista e possuem vários (às vezes numerosos) líderes que exercem, como bispos, igual autoridade e supervisão na igreja. Tais grupos incluem a Igreja Anglicana (ou Episcopal, fora da Inglaterra), a Igreja Metodista Unida e vários grupos pentecostais, inclusive a Igreja de Deus (Cleveland, Tennessee) e a Igreja da Santidade Pentecostal. Os pormenores específicos do governo eclesiástico muitas vezes diferem grandemente entre os vários grupos, mas têm em comum a forma que identifica o sistema episcopal.
A forma presbiteriana de constituição eclesiástica deriva seu nome do cargo e função bíblicos do presbuteros ("presbítero" ou "ancião"). Este sistema de governo tem um controle menos centralizado que o modelo episcopal: confia na liderança de representação. Cristo é reconhecido como o Cabeça da Igreja (em última análise) e os escolhidos (usualmente por eleição) para ser seus representantes diante da igreja lideram nas atividades normais da vida cristã (adoração, doutrina, administração etc).

Assim como na forma episcopal, a aplicação do sistema presbiteriano varia de denominação para denominação. Todavia o modelo normalmente consiste em pelo menos quatro níveis. O primeiro (de baixo para cima) é a igreja local, governada pelo "concílio", que consiste em "anciãos governantes" (ou diáconos) e "anciãos ensinantes" (ou ministros). O segundo nível (para cima) de autoridade é o presbitério, que consiste em anciãos governantes e ensinantes de determinado distrito geográfico. 
Num plano ainda mais alto, temos o sínodo e, finalmente, na posição suprema de autoridade chegamos à Assembleia Geral (ou Supremo Concílio). , Da mesma forma, os níveis são dirigidos por líderes (clérigos e leigos) que agem como representantes dos membros, por estes eleitos, e são responsáveis pela orientação espiritual e pragmática. Embora não haja nenhuma forte autoridade centralizada, como no sistema episcopal, as igrejas que compõem o sistema presbiteriano têm um forte vínculo de comunhão e uma tradição de doutrina e prática comuns. Entre as igrejas que adotam esta forma de constituição eclesiástica estão as presbiterianas e as reformadas e alguns grupos pentecostais, inclusive, em grande medida, as Assembleias de Deus (a respeito das quais ainda forneceremos mais dados).

A terceira forma de governo eclesiástico é o sistema congregacional. Conforme sugere o nome, seu enfoque de autoridade recai sobre o corpo local de crentes. Entre os três tipos principais de constituição eclesiástica, é o sistema congregacional que mais controle coloca nas mãos dos leigos e mais se aproxima da pura democracia. A congregação local é considerada autônoma nas suas tomadas de decisões, sendo que nenhuma pessoa ou organização tem autoridade sobre ela, a não ser Cristo, o verdadeiro Cabeça da Igreja. Não sugerimos com isso que as igrejas congregacionais ajam em total isolamento ou sejam indiferentes às crenças e costumes das igrejas irmãs. As igrejas congregacionais da mesma convicção teológica desfrutam normalmente de fortes laços de comunhão, e não raro esforçam-se para cooperar entre si nos programas de maior escala, como as missões ou a educação (conforme se vê, por exemplo, dentro da Convenção Batista do Sul dos EUA). Ao mesmo tempo, apesar do forte senso de união e coesão quanto ao propósito e ministério globais, a associação dessas igrejas é voluntária, e não obrigatória. E sua estrutura tem mais elasticidade que a presbiteriana ou, especialmente, mais que a episcopal. Entre as igrejas que operam segundo o modelo congregacional estão a maioria das associações batistas, a Igreja Congregacional e muitas igrejas contidas no amplo espectro dos movimentos eclesiásticos independentes.

Os seguidores de qualquer um dos três principais sistemas de governo acreditam no apoio do Novo Testamento à sua forma de constituição eclesiástica. Por exemplo, uma

leitura informal das epístolas do Novo Testamento revela que os dois títulos: episkopos ("bispo", "supervisor", "superintendente") e presbuteros ("presbítero", "ancião") são frequentemente usados com referência aos líderes da Igreja Primitiva. Paulo, em 1 Timóteo 3.1-7, instrui a respeito do cargo de bispo (episkopos) e repete algumas dessas instruções em Tito 1.5-9. Aqui, no entanto, parece que Paulo emprega os termos episkopos (v. 7) e presbuteros (v. 5) de modo intercambiável. Em outros trechos bíblicos, os dois cargos parecem estar separados (cf. At 15.4,22; Fp 1.1). Como consequência, dependendo da ênfase que se dê a um desses textos, seria possível interpretar a estrutura da Igreja Primitiva igualmente em termos episcopais ou presbiterianos.

Um texto das Escrituras é frequentemente usado pelos dois grupos para ilustrar seu sistema: Atos 15, que relata o Concílio da Igreja em Jerusalém. Parece que Tiago, irmão de Jesus, preside o concílio.39 Este fato, juntamente com outras referências a Tiago como "apóstolo" e "coluna da igreja" (Gl 1.19; 2.9), tem convencido alguns de que Tiago exercia autoridade de bispo. Por outro lado, os defensores do sistema presbiteriano acham que Tiago parece mais estar agindo como moderador (presidente do concílio) que como uma figura de autoridade e que os demais parecem estar no papel de líderes escolhidos para representar suas respectivas igrejas. Há, ainda, referências neotestamentárias que favorecem o sistema congregacional sugerindo que a Igreja Primitiva elegia seus próprios líderes e delegados (por exemplo, At 6.2-4; 11.22; 14-23)40 e que a congregação local tinha a responsabilidade de manter a sã doutrina; cabia-lhe também disciplinar (por exemplo, Mt 18.15-17; 1 Co 5.4,5; 1 Ts 5.21,22; 1 Jo 4-1).

Portanto, obviamente, nenhum modelo completo de governo eclesiástico é oferecido pelo Novo Testamento. Os múltiplos modelos vinham a satisfazer as necessidades, e assim foram estabelecidos princípios para o exercício da autoridade e oferecidos exemplos que possivelmente dão apoio a qualquer um dos três tipos históricos de governo eclesiástico. Hoje, a maioria das igrejas segue o modelo essencial de um desses três tipos, mas não sem modificações, que visam a adaptação ao modo específico de cada grupo definir e exercer o ministério. E, embora nenhum desses sistemas seja inerentemente certo ou errado, pode-se ver que cada um apresenta tanto aspectos positivos quanto negativos.

Seja qual for o tipo de governo eclesiástico que escolhermos, merecem destaque vários princípios bíblicos, que devem servir de alicerce a qualquer estrutura desse tipo. Cristo deve ser sempre reconhecido e honrado como Cabeça suprema da Igreja. Se os cristãos perderem de vista essa verdade absoluta, nenhuma forma de governo será bem-sucedida. W. D. Davies declara, com muita razão: "O critério neotestamentário ulterior de qualquer ordem eclesiástica... é que não usurpe a coroa real do Salvador dentro da sua Igreja".41 Outro princípio fundamental deve ser o reconhecimento da união básica da Igreja. Sem dúvida, há muita diversidade entre as crenças e práticas das várias denominações (e até mesmo dentro de uma única denominação). Os valores culturais e tradicionais variam grandemente entre si. Mesmo assim, e levando-se em conta todas as diferenças, o corpo de Cristo não deixa de ser uma "unidade na multiplicidade",42 e é necessário muito cuidado para manter a harmonia e união de propósitos entre o povo de Deus.

Antes de finalizarmos esta seção, é oportuno dizer algo a respeito da estrutura organizacional das Assembleias de Deus. Muitos dos pioneiros desta comunhão reagiram, desde o início, contra uma forte autoridade central a governá-la. Isto porque as denominações às quais antes pertenciam haviam excluído os crentes que receberam o Espírito Santo como ameaças ao situacionismo (entre outras coisas). Alguns dos primeiros pentecostais não estavam mais dispostos a servir uma religião "organizada" - conforme eles a identificavam. No decurso do tempo, entretanto, muitos dos primeiros líderes pentecostais perceberam a necessidade de algum tipo de estrutura através da qual a mensagem moderna do Pentecostes pudesse ser promovida. Consequentemente, as Assembleias de Deus foram organizadas como uma "comunhão" ou "movimento" (muitos ainda repudiavam o termo "denominação"), que enfatizava a liberdade dos membros dirigidos pelo Espírito. À medida que as Assembleias de Deus têm crescido e amadurecido, no decurso do século XX, é reconhecida também a necessidade de uma organização ainda melhor para manter-se à altura das exigências cada vez maiores impostas ao ministério.

Há diferenças de opinião no tocante a qual dos três tipos de governo eclesiástico é aceito pelas Assembleias de Deus. Talvez se possa sugerir que, de alguma forma, foram adotados os três. A estrutura organizacional global das Assembleias de Deus assemelha-se mais estreitamente à constituição eclesiástica presbiteriana (conforme já foi aludido). Desde a igreja local até os níveis de distrito e Concílio Geral, a ênfase maior recai na liderança representativa eleita. Os clérigos são comumente representados por "presbíteros", ao passo que os leigos são representados por delegados devidamente escolhidos. Por outro lado, o sistema congregacional de governo pode ser facilmente observado na igreja local. Embora muitas igrejas das Assembleias de Deus sejam consideradas "dependentes" por buscarem na liderança distrital a orientação e o apoio, muitas têm progredido até a condição "soberana". Possuem bastante autonomia na tomada das decisões (escolhem seus próprios pastores, compram e vendem propriedades, etc), mas conservam os laços de união, no tocante à doutrina e prática, com as demais igrejas da área ou distrito ou com o Concílio Geral. A forma episcopal, segundo alguns, também está presente até certo ponto nas Assembleias de Deus. Por exemplo, algumas das agências nacionais ou do Concílio Geral (a Divisão de Missões Estrangeiras, a Divisão de Missões Nacionais, o Departamento da Capelania) têm motivos válidos para nomear indivíduos para áreas fundamentais, com base na sua vocação e aptidão para semelhantes ministérios.

O Ministério da Igreja

O Sacerdócio dos Crentes

Uma das doutrinas mais importantes, ressaltada durante a Reforma Protestante, foi o sacerdócio de todos os crentes: cada um dos fiéis tem acesso direto a Deus mediante o sumo sacerdócio do próprio Jesus Cristo. Esta ideia, após ter passado o ministério muitos séculos sob o controle da Igreja Romana, emocionou as pessoas. A partir daí, reconheceram que Cristo outorgou ministérios a todos os crentes, visando o bem da totalidade do Corpo.

O conceito do sacerdócio de todos os crentes certamente está fundamentado nas Escrituras. Referindo-se aos crentes, Pedro os descreve como "sacerdócio santo" (1 Pe 2.5) e tira do Antigo Testamento outra analogia para a Igreja: "sacerdócio real" (1 Pe 2.9). João diz que os crentes foram feitos "reis e sacerdotes para Deus" (Ap 1.6; ver também 5.10). Independente de nossa situação ou vocação na vida, podemos desfrutar dos privilégios e responsabilidades de servir ao Senhor como membros de sua Igreja. Paul Minear refere-se ao conceito neotestamentário de cristãos como "acionistas (gr. koinõnoi) no Espírito e... acionistas na múltipla vocação que o Espírito atribui aos fiéis".43 Este ponto de vista enfatiza que o ministério é uma vocação não somente divina mas também universal. Saucy sugere: "Na realidade, o ministério da igreja é o ministério do Espírito dividido entre os vários membros, sendo que cada um contribui com seu dom à obra total da igreja".44 Os crentes dependem do Espírito para trabalhar, mas sua obra está à disposição de cada crente individualmente.

A Igreja, no decurso dos séculos, sempre tendeu a dividir-se em duas categorias gerais: o clero (gr. klêros - "sorte, porção", isto é, a porção que Deus separou para si) e o laicato (gr. laos - "povo"). O Novo Testamento, no entanto, não faz uma distinção tão marcante. Pelo contrário, a "porção" ou klêros de Deus, sua própria possessão, refere-se a todos os crentes nascidos de novo, e não somente a um grupo seleto (cf. 1 Pe 2.9). Alan Cole declara com perspicácia que "todos os clérigos são leigos, e todos os leigos também são clérigos, no sentido bíblico da palavra". 45

Cargos e Funções do Ministério

Embora o Novo Testamento enfatize a natureza universal do ministério dentro do corpo de Cristo, indica também que alguns crentes são separados de modo especial a funções específicas do ministério. Frequentes alusões são feitas a Efésios 4-11: "Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores" - uma lista dos "cargos [ou melhor, "ministérios"] carismáticos" da Igreja Primitiva, conforme ocasionalmente são chamados. Diferenciados destes há os "cargos administrativos" (bispo, presbítero, diácono), descritos especialmente nas epístolas posteriores do Novo Testamento. Muitas outras maneiras têm sido sugeridas para descrever os vários cargos, ou categorias, do ministério neotestamentário. Por exemplo: H. Orton Wiley refere-se ao "ministério extraordinário e transicional" e ao "ministério regular e permanente"; Louis Berkhof prefere "oficiais extraordinários" e "oficiais comuns"; e Saucy, com razão, emprega designações mais simples: "ministérios gerais" e "oficiais locais".46 O papel relevante/aos apóstolos, profetas e evangelistas no ministério da Igreja Primitiva é bem atestado no Novo Testamento. Para os propósitos do presente estudo, serão examinados os cargos considerados mais comuns à vida da igreja.

O atual cargo de "pastor" parece coincidir com a posição bíblica de bispo (gr. episkopos) ou presbítero (gr. presbuteros) qu de ambos. Parece que os dois termos eram usados de modo intercambiável no contexto global do Novo Testamento. Berkhof sugere que a palavra "presbítero" ou "ancião" surgiu dos anciãos que governavam a sinagoga judaica, e que o termo foi aproveitado pela Igreja.47 Conforme sugere o próprio nome, "ancião" com frequência referia-se literalmente aos mais velhos, respeitados pela sua dignidade e sabedoria. No decurso do tempo, o termo "bispo" passou a ser mais usado para o cargo, pois ressaltava a função de "supervisor" do ancião.

O termo "pastor" é usado hoje mais amplamente para quem tem a responsabilidade e supervisão espirituais da igreja local. E interessante que o termo grego poimên ("pastor") é usado uma única vez no Novo Testamento com referência direta ao ministério do pastor (Ef 4.11). O conceito ou função de pastor, no entanto, é encontrado por toda a Escritura. Conforme sugere o nome, pastor é aquele que cuida das ovelhas, (cf. o retrato que Jesus faz de si mesmo: o "Bom Pastor" - ho poimên ho kalos, em Jo 10.ll ss.) A conexão entre os três termos: "bispo", "presbítero" e "pastor" é clara em Atos 20. No verso 17, Paulo convoca os presbíteros (gr. presbuterous) da igreja em Éfeso. Posteriormente, naquele contexto, Paulo admoesta os presbíteros: "Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos [gr. episkopous]" (v. 28). Na declaração imediata, Paulo exorta os que acabam de ser chamados bispos ou supervisores a serem pastores [gr. poimainein] da Igreja de Deus (v. 28).
As responsabilidades e funções dos pastores de hoje, assim como as dos pastores neotestamentarios, são muitas e variadas. Três áreas principais a que os pastores devem se dedicar são: administração (cf. 1 Pe 5.1-4), cuidados pastorais (cf. 1 Tm 3.5; Hb 13.17) e instrução (cf. 1 Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9). 

Quanto a essa última área de responsabilidade, é frequentemente notado que os papéis de pastor e mestre parecem ter muito em comum no Novo Testamento. Realmente, quando Paulo menciona os dois dons à Igreja, em Efésios 4.11, a expressão grega "pastores e mestres" (poimenas kai didaskalous) pode significar alguém que cumpre as duas funções: um "pastor-mestre". Embora "mestre" seja mencionado em outros textos separadamente de "pastor" (Tg 3.1,' por exemplo), o que indica que talvez nem sempre sejam considerados papéis sinônimos, qualquer pastor autêntico levará a sério a obrigação de ensinar o rebanho de Deus. Muita coisa pode ser dita a respeito de cada uma dessas três áreas de responsabilidade, mas basta dizer que os pastores do rebanho de Deus devem conduzi-lo por meio do seu próprio exemplo, nunca esquecendo que estão servindo como pasto-res-assistentes daquEle que é o verdadeiro Pastor e Bispo de suas almas (1 Pe 2.25). Foi Ele quem deu o exemplo de liderança servil (Mc 9.42-44; Lc 22.27).
Outro cargo ou função do ministério associado à igreja local é o de diácono (gr. diakonos). Este termo relaciona-se com diakonia, a palavra mais usada no Novo Testamento para descrever o serviço cristão normal. Tendo amplo uso nas Escrituras, descreve o ministério do povo de Deus em geral (Ef 4.12), bem como o ministério dos apóstolos (At 1.17,25). Até mesmo o próprio Jesus o utiliza, para descrever seu propósito primários "O Filho do Homem também não veio para ser servido [diakonêthênai], mas para servir [diakonêsai] e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10.45). Em termos simples: os diáconos são servos, ou "ministros", no sentido mais fiel da palavra. Esse fato é acentuado por Paulo ao listar as qualificações para o diaconato, em 1 Timóteo 3.8-13. Muitas das especificações nesse texto são as mesmas do cargo de bispo (ou pastor), mencionadas nos versículos anteriores (1 Tm 3.1-7).

No texto referente aos diáconos, em 1 Timóteo 3, a declaração de Paulo, no verso 11, que diz respeito às mulheres (literalmente: "Da mesma sorte as mulheres sejam honestas" - gunaikas hõsautõs semnas), tem despertado diferentes interpretações. Algumas versões (como a NVI e a KJV) preferem traduzir a expressão como uma referência à esposa do diácono» o que pode ser uma tradução aceitável. Outras (como a NASB e a RSV), porém, preferem traduzir gunaikas simplesmente como "mulheres", deixando em aberto a possibilidade de as mulheres serem diaconisas. Como sempre, a tradução de um termo depende do seu uso contextual. Neste caso, infelizmente, o contexto não é suficientemente claro para permitir uma solução dogmática. Muitos associam o texto de 1 Timóteo à referência de Paulo a Febe "a qual serve [gr. diakonon]'18 na igreja" (Rm 16.1). Também neste caso o contexto de Romanos 16 não oferece evidências suficientes para determinar se Febe era diaconisa, ou se Paulo simplesmente estava dizendo que ela detinha um ministério valioso na igreja, qualitativamente semelhante aos serviços desempenhados por outros cristãos.

Quanto aos versículos de Romanos 16 e 1 Timóteo 3, os estudiosos ficam um pouco divididos entre si a respeito da tradução correta. Seja como for, a história da Igreja fornece evidências no sentido de mulheres servirem na função de diaconisas já a partir do século II. Conforme observa certo estudioso: "O evangelho de Cristo deu às mulheres dos tempos antigos uma nova dignidade, e não somente lhes concedeu igualdade pessoal diante de Deus como também lhes ofereceu uma participação no ministério". 49
A Igreja do Novo Testamento - TEOLOGIA SISTEMÁTICA
STANLEY M. HORTON - Michael L. Dusing

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                              II. O FUNDAMENTO DA IGREJA

A origem divina da Igreja é patenteada pela sua origem histórica, bem como pela sua expansão e confirmação. Não é possível se pensar na Igreja separadamente de Cristo, nem se pensar em Cristo separadamente da Igreja. Apesar disto a teologia vaticano - romanista atribuição apóstolo Pedro, méritos de pedra fundamental sobre a qual a Igreja de Cristo está edificada. Buscando achar fundamentos escriturísticos para tão absurdo ensino, os teólogos católicos - romanos, apelam para as seguintes palavras do Salvador: "E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai que esta nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do remo dos céus; e tudo o que ligares. na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16.16-19). Dessa passagem, a Igreja Romana deriva o seguinte raciocínio de interpretação:
- Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja estar edificada.
- A Pedro foi dado o poder das chaves, portanto, só ele e seus sucessores (os papas) poderão abrir a porta do reino dos céus.
- Pedro tornou-se o primeiro bispo de Roma.
- toda autoridade eclesiástica foi conferida a Pedro, até nossos dias, através da linhagem de bispos e de papas, todos vigários de Cristo.

1. Cristo – a Pedro

A “pedra” constante de Mateus 16.18 nada mais é do que a confissão de Pedro: em Cristo está a verdade fundamental da Igreja! “porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11). Em vários textos da Bíblia encontramos alusões a Cristo, como sendo Ele a “Pedra”. Parar Daniel, no Antigo Testamento, Cristo é a pedra que do alto será lançada, e que destruirá a estatua do misterioso sonho de Nabucodonosor (Dn 2.34,35). A pedra aqui fala de Cristo na sua segunda vinda, destruindo o poder gentílico mundial. Para Pedro, Cristo era a pedra que os lideres espirituais de Israel rejeitaram e mataram (Act 4.11). Que Cristo é a pedra, já era prefigurado no Antigo Testamento (1 Co 10.4). Dos oitenta e quatro chamados Pais da Igreja primitiva, só dezesseis criam que o Senhor se referiu a Pedro, quando disse "essa pedra". Os demais, uns diziam que a expressão se referia a Cristo mesmo, outros à confissão que Pedro acabara de fazer, ou, ainda, a todos os apóstolos. Só a partir do IV Século começou-se a falar a respeito da possibilidade de Pedro ser a pedra fundamental da Igreja, e esta discussão estava intimamente relacionada com a pretensão exclusivista do bispo de Roma.

2. Pedro - Uma Pedra

A interpretação da Igreja Romana segundo a qual Cristo estabeleceu a sua Igreja sobre a pessoa do apóstolo Pedro é insustentável e não suporta a prova da teologia bíblica. Não consta em parte alguma das Escrituras, nem mesmo na história do cristianismo, que Pedro tenha assumido essa posição de destaque que o romanismo lhe atribui. Evidentemente, Pedro teve algumas oportunidades de ações relevantes junto aos demais apóstolos. Foi, porém, uma posição temporária ou transitória. Com excessão do que lemos em Gálatas 1.18, não encontramos nenhuma outra referência a Pedro no restante do Novo Testamento, nem sobre um possível episcopado sobre os demais apóstolos e comunidades cristãs da sua época. É bom lembrar que Pedro foi enviado como missionário aos samaritanos e gentios vizinhos a Jerusalém, sob a orientação de Tiago, quando esse e não Pedro, era o pastor e líder da Igreja em Jerusalém.Pedro foi uma pedra, mas não a pedra firme e inabalável sobre a qual foi fundada "a universal assembléia e igreja dos primogênitos que estão escritos nos céus (Hb 12.23), e sim uma pedra como são os demais salvos e remidos pelo sangue de Jesus (1 Pd 2.4).

3. Petra e Petros

O substantivo grego PETRA designa, no grego, "uma rocha grande e firme". Já o substantivo masculino PETROS é aplicado geralmente para designar blocos de pedra, móveis e isolados, bem como a pedras pequenas, tais como a pederneira, ou pedra de arremesso.
Pedro é PETROS - parte da rocha, não PETRA - rocha grande e firme.
Cristo é PETRA - rocha grande e firme.
Pedro foi uma pedra forte e firme, mas em união com Cristo e nunca desligado dele. Por exemplo: lemos no Evangelho que Pedro andou sobre o mar encapelado, mas só enquanto tinha os olhos fixos em Jesus, pois quando começou a olhar para as ondas do mar, começou a afundar. Era uma pedra que ia se afundando. Como uma Igreja sobre a qual as portas do Inferno não poderiam prevalecer, iria ser edificada sobre o homem Pedro?

IV. A IGREJA EM RELAÇÃO AO REINO DE DEUS

Parece unânime a opinião dos estudiosos das Escrituras quanto à dificuldade de conciliar o estudo da doutrina da Igreja com o estudo relacionado com o Reino de Deus. O problema geralmente começa com as questões: Deve o Reino de Deus, em algum sentido da palavra, ser identificado com a Igreja? Se não, qual a relação entre ambos? A busca de resposta a esta questão, passará, sem dúvida à análise das seguintes questões:

1. O Reino e a Igreja

Achar-se o tipo de relação porventura existente entre Reino de Deus e a Igreja dependerá do conceito que o cristão tiver do Reino. Conclui-se, pois, que, se o conceito que o cristão fizer do Reino estiver correto, ele nunca deverá ser identificado com a Igreja."O Reino é primeiramente o reinado dinâmico ou o domínio soberano de Deus e, derivadamente, a esfera na qual tal soberania é experimentada. De acordo com a fraseologia bíblica, o Reino não deve ser identificado com as pessoas que pertencem a Ele. Elas são o povo do domínio de Deus que entra no Reino, vive sob a autoridade do Reino, e é governado e orientado pelo Reino. A Igreja é a comunidade do Reino, mas nunca o próprio Reino. Os discípulos de Jesus pertencem ao Reino como o Reino lhes pertence; mas eles não são o Reino. O Reino é o domínio de seus; a Igreja é uma sociedade composta por seres humanos” (Teologia do Novo Testamento – JUERP – Pág. 106).

2. A Igreja Não é o Reino

O Novo Testamento nunca confunde Igreja com o Reino. Os primitivos pregadores do Evangelho pregaram o Reino de Deus e não a Igreja (Act 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31). Portanto é impossível confundir "reino" por "igreja" na fraseologia neotestamentária. As únicas referências ao povo de Deus como Basiléia encontram-se em Apocalipse 1.6 e 5.10; mas as pessoas que recebem tal designação recebem-na, não em virtude de serem as pessoas que estão sob o domínio de Deus, mas porque são participantes do reino de Cristo. “... e eles reinarão sobre a terra" (Ap 5.10). Nestas declarações, "reino" é sinônimo de "reis", e não de pessoas sob o governo de Deus. Deste modo é confuso afirmar como fez Sommerlarth, que "a Igreja é a forma assumida pelo Reino de Deus no intervalo existente entre a ascensão e a parousia de Cristo"; ou como disse Gilmour: "A Igreja, (não como instituição, mas como comunidade amada) tem sido o Reino de Deus dentro do processo histórico".

3. O Reino Cria a Igreja

O domínio dinâmico de Deus, presente na missão terrena de Jesus, desafiou o homem no "Sentido de manifestar uma resposta positiva à sua mensagem, introduzindo-o em um novo grupo de comunhão. Deste modo, a manifestação do Reino de Deus assinalava o cumprimento da esperança messiânica do Antigo Testamento, prometida a Israel. Mas quando Israel como um todo rejeitou a oferta do Reino, aqueles que a aceitaram foram constituídos o novo povo de Deus, os filhos do Reino, o verdadeiro Israel, a igreja incipiente. Assim "a Igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo" (Teologia do Novo Testamento – JUERP – Pág.106). A Igreja visível e histórica, tem um duplo caráter. Ela se constitui no povo do Reino, contudo, ela não forma o povo em seu caráter ideal, uma vez que tem no seu seio pessoas que não podem ser indicadas realmente como filhos do Reino. Por isso se conclui que a entrada no Reino de Deus significa participação na Igreja; mas a entrada na Igreja não é uma expressão equivalente da entrada no Reino de Deus.

4. A Igreja dá Testemunho do Reino

A Igreja é ineficaz para edificar o Reino é fazê-lo prosperar; no entanto, tem ela o dever e a autoridade de testemunhar do Reino e para o Reino. Este testemunho diz respeito aos atos redentores de Deus por meio de Jesus Cristo, cobrindo todo o período compreendido pela Dispensação da Graça. Os doze enviados, de Mateus 10 e os setenta, de Lucas 10, tinham o mandamento expresso de testemunhar do Reino. A comissão desses primeiros discípulos de Jesus parece se revestir de grande simbolismo para a Igreja hodierna. Portanto, é tarefa da Igreja viver e demonstrar a vida e a comunhão do Reino de Deus e da Era Vindoura numa era escravizada pela perversidade e egoísmo, orgulho e animosidade. Esta demonstração da vida característica do Reino é um elemento essencial do Testemunho da Igreja em favor do Reino de Deus. A Igreja pode e tem o dever de orar: “Venha o teu reino...”

5. A Igreja é a Agência do Reino

Os primeiros discípulos de Jesus, além de proclamarem as boas-novas afetas à presença do Reino, consideravam a si mesmos agentes instrumentais do Reino. Pesava sobre seus ombros a grande comissão dada por Jesus antes de voltar para o seio do Pai. Deste modo, a partir daí, eles consideravam que o que eles faziam era como se Jesus Cristo mesmo, em pessoa, tivesse realizado. Assim tal como fez Jesus quando, visivelmente entre eles, quando eles curaram enfermos, expulsaram demônios e ressuscitaram mortos (Mt 27.10.8; Lc 10.17). Os discípulos tinham ciência de que o poder de que dispunham para realizar a obra de Deus, fora outorgado por delegação, mas não tinham a menor dúvida de que esse poder neles e através deles operante, tinha a mesma eficácia que o poder operante no ministério terreno de Jesus. Uma vez que o poder que dispunham para realizar a obra de Deus não lhes pertenciam como condição inata, não tinham porque se vangloriar. Ao manifestar a decisão de fundar a sua Igreja triunfante Mt 16.18), Jesus estava garantindo que as forças das trevas e do inferno haveriam de recuar ante a manifestação aterradora do Reino através da ação notória da Igreja vitoriosa.

6. A Igreja: a Guardadora do Reino

Os rabinos judaicos antigos tinham Israel na conta de guardador do Reino de Deus, segundo eles, inaugurado na terra nos dias de Abraão, finalmente entregue a Israel quando da outorga da Lei no Sinai. Uma vez que Israel foi feito guardião exclusivo da Lei divina, o Reino de Jesus se tornava posse exclusiva de Israel. Quando um gentio queria fazer parte desse Reino, tinha de se deixar proselitizar, ou se judaizar. Só após essa "conversão" o judaísmo é que o gentio podia se considerar súdito do Reino. Era indispensável a mediação de Israel, uma vez que só o israelita era considerado "filho do Reino".Na pessoa de Jesus Cristo, o domínio de Deus manifestou-se em um novo evento redentor, demonstrando, de um modo totalmente inesperado, os pobres do reino escatológico dentro do cenário da história humana. Como a nação de Israel rejeitou por completo esta nova forma de manifestação do Reino de Deus, a porta da graça divina se abriu para o mundo gentílico. A barreira de separação existente entre judeus e gentios fora derribada. Já não haveria "filhos exclusivos" do Reino. Súditos do Reino seriam todos aqueles que absorvessem a revelação divina trazida por Jesus Cristo. Os discípulos de Jesus, a sua ekklesia, agora se tornaram os guardadores do Reino, em lugar da nação de Israel. O Reino é tirado de Israel e dado a outro povo - a ekklesia de Jesus. Deste modo, os discípulos de Jesus não somente dão testemunho a respeito do Reino; eles não apenas se constituem em instrumento do Reino, à medida que este manifesta o seu poder nesta Era presente, eles são também os guardadores do Reino (Teologia do Novo Testamento – JUERP – Pág. 110).

V. OS MEMBROS DA IGREJA

Uma igreja é uma congregação de crentes em Jesus Cristo batizados depois duma profissão de fé, e voluntariamente ligados sob a aliança especial para a manutenção do culto, verdades, ordenanças, e disciplina do evangelho Portanto, face à questão quanto, a saber, quem são e quais as características dos membros da Igreja de Cristo, diría-mos:

1. A Igreja é Composta Somente por Aqueles que Demonstram fé em Cristo.
As unidades da Igreja são almas regeneradas e que vivem em união com Cristo. Deste modo a Igreja é uma assembléia de tais almas, atraídas umas às outras por afinidades espirituais da nova vida que cada uma recebeu e pelo vínculo comum que as une a Deus. Disse Jesus que “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). É assim que o novo nascimento espiritual se constitui condição indispensável e fundamental para a união do homem com a Igreja cristã. Por mais difícil que pareça ser o estabelecimento duma igreja formada só de pessoas inteiramente regeneradas, a verdade é que a igreja local que mais trabalha no sentido de levar os seus membros a demonstrarem uma genuína conversão, mais tem se aproximado do ideal duma vida de fé e de pureza.

2. Uma Igreja se Compõe Somente Daqueles que Foram Batizados Depois duma Profissão de Fé
As considerações seguintes fazem do batismo em água, não uma opção mas uma ordenança para ser cumprida pelo crente:
-A comissão apostólica dada por Jesus nos manda não apenas fazer discípulos, mas também batizar (Mt 28.19). A ordem de fazer discípulos e depois batizar, se preserve definitivamente como decreto da autoridade divina.
-Nas Escrituras, o batismo é o primeiro ato público do crente. Esse ato tem duplo significado: a) fala do rompimento do crente com a vida de outrora; e b) fala do seu membramento no corpo de Cristo, que é a Igreja. O batismo em água, desde o princípio, tem sido considerado como prática uniforme de admissão do neoconvertido à igreja.
- As Epístolas do Novo Testamento se dirigem às igrejas, como corpos compostos exclusivamente de pessoas batizadas em águas (Rm 6.1-14; 1 Pd 3.21).

VI. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA

Existem três formas distintas de igrejas, que se diferenciam entre si pelos princípios fundamentais de sua organização, são elas: Episcopal, Presbiteriana e Congregacional.

1. O Sistema Episcopal

O sistema episcopal de organização da igreja consiste numa rija hierarquia, concentrando o poder eclesiástico no sacerdócio formado de três ordens de bispos, sacerdotes e diáconos. Essas três ordens formam uma espécie de governo sacerdotal. Esta forma é adotada pela Igreja Católica Romana, a Igreja da Inglaterra, a Igreja Protestante Episcopal dos Estados Unidos, e a Igreja Metodista Episcopal. Nesta última os bispos se diferenciam dos presbíteros não como uma ordem distinta, mas somente por razões de funções. Em todas estas igrejas o poder principal está nas mãos do clero, que se constitui um corpo que se perpetua a si mesmo, distinto da congregação local, e virtualmente independente dela.

2. O Sistema Presbiteriano

Nas igrejas que adotam este sistema de organização, a recepção e disciplina de membros são confiadas a um conselho, composto de pastores, e anciãos eleitos pela congregação; mas todos. Os atos eclesiásticos estão sujeitos a revisão por um conselho superior, composto de pastores e anciãos de muitas outras congregações. A igreja, segundo a concepção presbiteriana, é formada de muitas e distintas congregações, reunidas por seus representantes - pastores e anciãos - em um corpo, no qual reside todo o poder eclesiástico. Por isto há uma cadeia de comando na seguinte ordem: o conselho, cujos membros são eleitos pela congregação individual; o presbitério, composto de delegados dos distintos conselhos; o sínodo, corpo local composto de delegados de vários presbitérios; e a assembléia geral, composta de delegados de todos os presbitérios, e que constitui a última corte de apelação. Todos os oficiais eleitos pela congregação local e todos os atos executados por ela podem ser anulados por esta mais alta autoridade eclesiástica.

3. O Sistema Congregacional

No sistema Congregacional de igreja, todo o poder eclesiástico é exercido por cada igreja local, reunida em uma congregação, e as decisões tomadas pela igreja local individual não estão sujeitas a revogação por nenhum outro corpo eclesiástico. A esta classe pertence, com ligeiras diferenças e pormenores de organização, os Independentes da Inglaterra, as igrejas congregacionais da América e as igrejas batistas de todo o mundo (Su Forma de Gobierno y Sus Ordenanzas – Editora Mundo Hispano – Pág.110). Quando comparadas estes três sistemas de igreja, não há dúvida que o sistema Congregacional é o que melhor se identifica com o modelo de organização da Igreja primitiva. De acordo com o Novo Testamento, era a igreja como congregação local (e não o seu ministério ordinário), que tinha autoridade de receber, disciplinar e excluir a seus membros (1 Co 5.1-5; 2 Co 2.4,5; Rm 16.17; 2 Ts 3.6). Ela detinha com exclusividade o direito de eleger os seus próprios oficiais (Act 1.15-26; 6.1-6; 14.23; 1 Co 16.3). De acordo com a História da Igreja, foram as congregações locais que escolheram espontaneamente, proeminentes bispos, como Atanásio (328 d.C.), Ambrósio (374 d.C.) e Crisóstomo (398 d.C.). A igreja local, ainda, detém o poder de decidir assuntos não decididos pelas Escrituras.

VII. O MINISTÉRIO DA IGREJA

O Lions Club existe em função dos "leões", o Rotary Club, em função dos rotarianos, a Maçonaria, em função dos maçons. A Igreja é o único organismo existente no mundo, cuja preocupação essencial não é o bem-estar de seus próprios membros. A razão de ser, existir e agir da Igreja na terra é ministrar em nome de Cristo ao mundo. Em síntese, se constitui missão prioritária da Igreja no mundo:

1. Ser Aqui um Lugar de Habitação de Deus
"Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo do Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (Ef 2.20-22). “Não sabeis vós que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós” (1 Co 3.16).

2. Testemunhar da Verdade
Para que se eu tardar, fiques cientes de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade (1 Tm 3.15).

3. Tornar Conhecida a Multiforme Sabedoria de Deus
"Para que pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestiais" (Ef 3.10).

4. Dar Eterna Glória a Deus
"Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que em nós opera, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações para todo o sempre. Amém" (Ef 3.20,21).

5. Edificar a Seus Membros
"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vista ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4.11-13).

6. Disciplinar Seus Membros
"Se teu irmão pecar, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano'’ (Mt 18.15-17).

7. Evangelizar o Mundo
“Jesus, aproximando-se, falou-Ihes, dizendo: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mt 28.18-20).

8. Sustentar Uma Norma Digna de Conduta
"Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que há de salgar? para nada mais presta senão para se Iançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mt 5.13-16).

9. Cultivar a Comunhão Entre Seus Membros
"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros". "Mas, se andardes na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo o pecado" (Jo 13.34,35; 1 Jo 1.7).

VIII. A ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA

O Novo Testamento não provê um código detalhado de regulamentos e preceitos para o governo da Igreja, e a própria ldéia de tal código pode parecer repugnante para a liberdade da Dispensação do Evangelho. No entanto Cristo deixou atrás de si um corpo de líderes (os apóstolos), por ele mesmo escolhido, ao qual ofereceu alguns princípios gerais para o exercício de sua função reguladora.

1. Os Doze Apóstolos

Os doze apóstolos foram escolhidos, a fim de que estivessem com Jesus Cristo (Marc 3.14), e essa associação pessoal qualificou-os para agirem como suas testemunhas (Act 1.8). Por isso, desde o princípio foram capacitados a expelirem demônios e a curarem enfermos (Mt 10.1), poder esse que foi renovado e aumentado, atingindo a sua plenitude com o derramamento do Espírito Santo sobre suas vidas (Lc 24.49; Act 1.8). Na sua primeira missão foram enviados a pregar (Marc 3.14), e na Grande Comissão foram instruídos a ensinar todas as nações. Assim receberam de Cristo a autoridade para evangelizar o mundo. Porém, foi-lhes igualmente prometida uma função mais específica como juízes e governantes do povo de Deus (Mt 19.28; Lc 22.29,30), com o poder de ligarem e desligarem (Mt 18.18), e de perdoarem e reterem pecados (Jo 20.23). Tal linguagem deu origem à concepção das chaves tradicionalmente definidas, como: chave da doutrina, para ensinar qual conduta é proibida e qual é permitida (esse é o sentido técnico de ligar e desligar na fraseologia legal judaica), e chave da disciplina, para excomungar os indignos e reconciliar os contritos, declarando o perdão de Deus mediante a remissão de pecados exclusivamente em Cristo. Pedro recebeu esses poderes em primeiro lugar (Mt 16.18,19), como também recebeu a comissão pastoral de alimentar o rebanho de Cristo (Jo 21.15), mas fê-Io de modo representativo, e não como uma capacidade pessoal; pois quando tal comissão é repetida por Jesus em Mateus 18.18, a autoridade de exercer o ministério da reconciliação é investida sobre todo o corpo de discípulos, como um todo, como também é a congregação fiel, e não qualquer indivíduo particular, que age em nome de Cristo para abrir o Reino aos crentes e fechá-lo aos incrédulos. Semelhantemente, essa função autoritativa é exerci da primariamente pelos pregadores da Palavra, e o processo seletivo, de conversão, é visto em operação desde a primeira pregação de Pedro, e daí em diante (Act 2.37-47). Quando Pedro confessou a Cristo, sua fé se tornou típica do alicerce rochoso sobre o qual a Igreja está edificada; mas, em realidade, o alicerce da Jerusalém Celeste contém os nomes de todos os apóstolos (Ap 21.14) e não o de Pedro, apenas, pois estes agiam conjuntamente nos primeiros dias da Igreja, e a idéia de que Pedro tenha exercido qualquer primado entre eles é refutada, parcialmente pela posição de liderança ocupada por Tiago no Concílio de Jerusalém (Act 15.13,19) e parcialmente pelo fato de que Paulo resistiu a Pedro face a face (Gl 2.11). Era uma capacidade conjunta que os apóstolos proviam liderança para a Igreja primitiva; e essa liderança era eficaz tanto na misericórdia (Act 2.42) como no juízo (Act 5.1-11). Exerciam autoridade geral sobre cada congregação, enviando dois dentre os seus, a fim de supervisionarem novos desenvolvimentos em Samaria (Act 8.14), e resolvendo com os anciãos qual a orientação comum para a administração dos gentios (Act 15), enquanto que "a preocupação com todas as igrejas" (2 Co 11.28), sentida por Paulo, é ilustrada tanto pelo número de suas viagens missionárias, como pelo grande volume de sua correspondência.

2. Após a Ascensão de Cristo

O primeiro passo dado pelos apóstolos logo após a ascensão de Jesus Cristo foi preencher a vaga deixada por Judas, e isso fizeram mediante um apelo direto a Deus (Act 1.24-26). Outros foram posteriormente contados entre os apóstolos (Rm 16.7; 1 Co 9.5,6; Gl 1.19),mas as qualificações de ser testemunha ocular da ressurreição (Act 1.22), e de ter sido de algum modo comissionado por Cristo, não eram de natureza a poderem ser perpetuadas indefinidamente. Quando a pressão do trabalho aumentou, fizeram escolher sete assistentes, ou diáconos (Act 6.1-6), eleitos pela congregação e ordenados pelos apóstolos, a fim de que administrassem a caridade entre os membros carentes da Igreja. Os oficiais eclesiásticos com denominação distintiva são pela primeira vez encontrados nos anciãos de Jerusalém, os quais receberam dons (Act 11.30) e participaram do Concílio aí realizado (Act 15.6). Esse ofício foi provavelmente copiado do presbítero das sinagogas judaicas; pois a própria Igreja é chamada de "sinagoga" em Tiago 2.2, e os anciãos judaicos, aparentemente ordenados por imposição de mãos, eram os responsáveis pela manutenção da disciplina, com o poder de ligar e desligar os que desobedecessem à Lei. O presbítero cristão, todavia, sendo um ministro evangélico, âdquiriu deveres adicionais para pastorear (Tg 5.14; 1 Pd 5.1-3) e para pregar (1 Tm 5.17). Foram ordenados anciãos para todas as igrejas da Ásia Menor por Paulo e Barnabé (Act 14.23), enquanto que Tito foi exortado a fazer o mesmo em relação à igreja em Creta (Tt 1.5); e embora os distúrbios em Corinto possam sugerir que uma democracia mais completa prevalecia naquela congregação (1 Co 14.26), o padrão geral de governo eclesiástico na época apostólica parece ter sido uma junta de anciãos ou pastores, possivelmente aumentada por profetas e mestres, que governavam cada uma das congregações locais, tendo os diáconos como ajudantes da administração, e contando com a superintendência geral da Igreja inteira provida pelos apóstolos e evangelistas. Nada existe neste sistema neotestamentário que corresponda exatamente ao moderno episcopado diocesano. Os bispos, quando são mencionados (Fp 1.1), formavam uma junta de oficiais da congregação local, a posição ocupada por Timóteo e Tito era a de ajudantes pessoais de Paulo em sua obra missionárias. O que é mais provável é que quando um ancião adquiria presidência permanente da junta, passava então a ser especialmente designado pelo título de bispo; porém, mesmo quando o bispo monárquico aparece nas cartas de Inácio, continuava sendo apenas o pastor de uma única congregação. Na terminologia semelhante a uma hierarquia, encontramos descrições vagas como "o que preside", "os que vos presidem no Senhor" (Rm 18.8; 1 Ts 5.12), ou então "vossos guias” (Hb 13.7,17,24). OS anjos das igrejas citadas em Apocalipse 2 e 3, têm sido algumas vezes considerados como bispos verdadeiros; porem, mais provavelmente são personificações de suas respectivas comunidades. Aqueles que ocupam posições de responsabilidade têm o direito de serem honrados (1 Ts 5.12,13), de serem sustentados (1 Co 9.15), e de estarem a salvo de acusações frívolas (1 Tm 5.19) .

3. Princípios Gerais

Cinco princípios gerais podem ser deduzidos do ensinamento neotestamentário como um todo: Toda a autoridade se deriva de Cristo (Mt 20.26-28); A humildade de Cristo provê o padrão para o serviço cristão; O governo d.a Igreja deve ser exercido conjuntamente e não hierarquicamente: Ensinar e dirigir são funções intimamente associadas. Ajudantes administrativos são necessários para cooperarem com os pregadores da Palavra (Act 6.2,3; - O Novo Dicionário da Bíblia – Edições Vida Nova – Págs. 679-681). Quanto à administração e governo da Igreja; convém, pois, saber:
- Cristo é a Cabeça da Igreja. Sabemos que Deus “pôs todas as coisas embaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo; como também Cristo é a cabeça da igreja; sendo ele próprio o salvador do corpo" (Ef 1.22; 5.23). Da mesma forma que a cabeça prove, sustenta e dirige o corpo, assim também Cristo faz a cada um dos membros de seu corpo espiritual a Igreja. O Senhor é capaz de dirigir os menores detalhes da nossa vida, e quem desconhece ou se nega a reconhecer a direção do Senhor em sua vida diária jamais conhecerá as doçuras da vida verdadeiramente cristã.
- Quando o Cristo subiu ao Céu, concedeu certos dons à sua Igreja. São dons em forma de homens por Ele chamados. Esses diferentes dons estão relacionados em Efésios 4.11. Esses mesmos dons operaram em Cristo, pois através do Novo Testamento vemo-Io como apóstolo (Hb 3.1), profeta (Act 3.22,23), evangelista (Lc 4.18), pastor (Jo 1.10) e mestre (Jo 13.13,14).Agora, exaltado à destra do Pai, Jesus concede à Igreja esses dons. Ministeriais que nele operaram, para que a Igreja seja edificada. Nada há mais indefeso que um rebanho de ovelhas sem pastor, e a Igreja é comparada a um rebanho de ovelhas.

- As palavras "pastor", "bispo" e "presbítero" têm o mesmo significado quanto ao cargo. A palavra "pastor" é a tradução de um vocábulo grego que significa "supervisor". Pastor, no original, e alguém que conduz e alimenta as ovelhas (1 Pd 1.25). Ao ministro da casa de Deus não basta ser intelectual capacitado para o exercício do ministério cristão. É imprescindível que ele seja revestido do poder do Espírito Santo: Nem mesmo o Senhor Jesus Cristo iniciou o seu ministério terreno senão após receber a plenitude do Espírito Santo sobre a sua vida. Portanto, se o ministro deseja que o seu ministério seja uma continuação do ministério do Salvador, deve se deixar possuir do mesmo poder que Ele (Jo 14.12,13).

É imperioso que todos os ministros sejam revestidos do poder do alto (Jo 14.16,17).
- Há uma pesada responsabilidade sobre os ombros do ministério evangélico.O ministro de Deus é tal qual um atalaia sobre as muralhas de Sião. Ele vê o perigo e avisa os pecadores do iminente juízo divino. Caso ele não aja assim, será responsabilizado pela perda das almas sob seus cuidados. A mais terrível declaração com respeito aos pastores sem fé, vitimadas pelo pecado da desobediência, avareza, embriaguez e glutonaria, foi proferida pelo Senhor através do profeta Isaías (Is 56.9-12). O que foi dito aos pastores de Israel, deverá servir de solene aviso aos ministros da casa de Deus hoje em dia.

ECLESIOLOGIA - As Grandes Doutrinas da Bíblia
- Pr. Raimundo de Oliveira - CPAD



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