domingo, 5 de maio de 2019

Lição 6 As Cortinas do Tabernáculo

















2º Trimestre de 2019
ESBOÇO 
I – AS COBERTAS E AS CORTINAS DO TABERNÁCULO (ÊX 26.1-14)
II – AS CORTINAS DO PÁTIO DO TABERNÁCULO (ÊX 27.9-15)
III – AS CORES DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO 

                                   AS CORTINAS DO TABERNÁCULO
Elienai Cabral 

“Deus tomou coisas simples do Tabernáculo para compará-las com coisas celestiais a fim de que aprendamos verdades espirituais em linguagem figurada.” (Êx 26.1-14)
Num capítulo anterior, tratamos do cortinado do pátio do Tabernáculo, que cercava aquele lugar sagrado do povo de Israel. Alguns estudiosos fazem distinção entre o Santuário, que o veem como sendo o Lugar Santo, e o Tabernáculo como o hamiskhan de Yahweh, o Deus de Israel. Entretanto, toda a estrutura do Tabernáculo é, sem dúvida, o Santuário do Altíssimo. 
As cortinas internas e as externas do Tabernáculo foram feitas com especial primor e beleza para, em primeiro lugar, enaltecer a presença divina no Tabernáculo e, em segundo lugar, para dar um sentido de santidade aos serviços sacerdotais no seu interior. As cortinas externas eram para cobrir o Tabernáculo. Portanto, toda a sua estrutura teve o trabalho inspirado dos artesãos, os quais receberam de Deus todo o desenho do projeto do Tabernáculo para ser o lugar da habitação de Deus com o seu povo. Era o hamiskhan de Deus, que, em hebraico, significa “habitação, morada” de Deus no meio do seu povo.
Para que as cortinas pudessem ser armadas, toda a construção requereu uma base especial que incluía madeira e metais. A madeira era de cetim, serrada em tábuas lisas, as quais eram ligadas uma a outra e, em seguida, revestidas com ouro, sendo toda a base de sustentação de prata. 
Todo aquele lugar tornou-se santo, um lugar de habitação, uma morada especial para o Deus de Israel, que veio habitar numa “morada santa” com o seu povo. Como era uma habitação especial, todos os materiais utilizados no Tabernáculo tinham um significado especial e celestial, começando com a cobertura de cortinas internas e externas. 
Essas cortinas e cobertas feitas para o Tabernáculo eram figuras e tipos de Jesus Cristo, visto que cada elemento material tinha um tipo celestial e mostrava, numa linguagem figurada, algumas características da obra redentora de Jesus. Num sentido especial, Cristo tornou-se a nossa cobertura perfeita porque Ele cobriu o nosso pecado (ver Sl 32.1,2; Rm 4.6-8).

I – AS COBERTAS E AS CORTINAS DO TABERNÁCULO (ÊX 26.1-14)

A despeito dos detalhes especificados dos materiais e cores utilizadas para compor a estética do Tabernáculo, a construção tinha de ser de fácil montagem e desmontagem por causa das mudanças de locais na vida desértica de Israel. 

1. A Coberta Exterior

Qual a diferença das cortinas internas para as externas? A coberta exterior era rústica, contrastando com a beleza interior. Por isso, tanto as cortinas internas quanto as externas revelam tipologicamente a figura de Jesus, que, sendo Deus, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.6-8). Os olhos humanos não podiam vê-lo como Deus, e sim como “o filho do carpinteiro” (Mt 13.55). Ele, no entanto, era o Verbo (a Palavra viva) feito carne (Jo 1.14). 
Esta coberta era feita de peles de animais marinhos (texugos ou golfinhos) e não tinha beleza exterior que chamasse a atenção (ver Is 53.2). Simbolicamente, a cobertura exterior do Tabernáculo representava a humanidade de Jesus; por isso, sendo Deus fez-se carne (ver Jo 1.14). Uma das finalidades da coberta exterior era resistir às intempéries climáticas do deserto e, por isso, era rústica. Essa coberta tinha uma estrutura de madeira de cetim cortada em tábuas que servia para as partes internas e externas (Êx 26.15-30), a qual recebia uma lâmina de ouro que sustentava as peles estendidas sobre o Tabernáculo. As peles que ficavam por cima de tudo eram de um animal aquático identificado como texugo, mas, de fato, eram de foca ou golfinho. Quem olhasse para a Tenda do lado de fora nada veria de especial, porque essa coberta era parecida com a cor do deserto, ou seja, não tinha beleza alguma. Essa tenda é um tipo de Jesus quando se fez homem, cumprindo, assim, a profecia de Isaías 53.2: “Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza havia, para que o desejássemos”.

2. As Cortinas Internas

Indiscutivelmente, as cortinas internas do Tabernáculo feitas com linho retorcido branco, estofo azul, púrpura e carmesim revelavam, tipologicamente, o caráter de Jesus. O linho retorcido é um símbolo de justiça (ver Ap 19.8). Por baixo da primeira cobertura de peles, eram colocadas peles de carneiro tingidas de vermelho (ver Êx 26.14), que representam a Cristo em seu sacrifício na cruz do Calvário. A cor vermelha representa o seu sangue, que remiu nossos pecados. Ainda por baixo das peles de carneiro de cor vermelha, havia outras peles que eram de cabra, e eram brancas, sem ser tingidas (26.7-13), e elas falam da pureza do Senhor Jesus e da sua justiça perfeita para com os que confiam nEle e no seu sangue (ver 2 Co 5.21; Fp 3.9). Por último, havia uma quarta cortina que podia ser vista apenas do lado de dentro do Tabernáculo. Ela era feita de linho branco e fino com bordados das figuras de querubins (ver Êx 26.1-6) e tinha as cores de púrpura, escarlate e azul. A visão que se tinha dessa cortina interna lembrava o céu de glória. As figuras de querubins, impressas e bordadas naquela cortina, representavam tipos de seres angelicais que servem junto ao Trono de Deus. As cores eram branco, azul, carmesim e púrpura. As cortinas e cobertas do Tabernáculo significavam a morada de Deus e tipificavam o próprio Senhor Jesus, por cujas características a obra redentora de Cristo está expressa e que, em seu conjunto, nos fala claramente daquEle que é nossa cobertura perfeita, pois foi Ele quem cobriu o nosso pecado com seu sangue (ver Sl 32.1,2; Rm 4.6-8). O azul é a cor celestial, símbolo do céu; todavia, os fios entrelaçados de púrpura falam da realeza de Cristo, pois Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

                                      Texto extraído da obra “O TABERNÁCULO”, editada pela CPAD.



                                              As  Cortinas  do Tabernáculo

As tábuas das paredes do tabernáculo e as colunas, que suspendiam os véus, poderiam ser consideradas  a estrutura do  edifício.  Por cima deste  esqueleto  eram  estendidas  quatro grandes cortinas que formavam o teto e protegiam a casa de ouro, assegurando contra o vento e o mau tempo.
Se alguém estivesse no Santo Lugar, ou no Santo dos Santos, e olhasse para cima... ficaria cheio de admiração. Seria como se olhasse direto dentro do céu. Ele veria uma grande e bela cortina em quatro cores, com querubins. Era como se lhe anunciassem: o Santo habita aqui! As quatro cortinas que cobriam todo o tabernáculo estavam uma sobre a outra, e ele só veria a que estava por baixo. Esta media 40 por 28 côvados.Acima desta pousava a segunda cortina, que era feita de pêlos de cabras e media 44 por 30 côvados, sendo portanto maior que a de baixo, e era chamada de “a tenda sobre o tabernáculo” (Êxodo 26:14). Esta “tenda” protegia a bela primeira cortina e, além disso (por descansar também sobre as paredes), servia como uma proteção separando todo o edifício de seus arredores. O que estas cobertas representam simbolicamente, especialmente a segunda, é separação. Isto quer dizer que a casa de Deus tem sido separada do mundo e de tudo que não está de acordo com a presença de Deus. Os verdadeiros crentes, que hoje são a habitação de Deus, têm de ser caracterizados por esse mesmo aspecto.
Notemos que esta separação não significa sermos rigorosos com os incrédulos, mas somente conosco mesmos;  nós devemos nos separar do mal.Cristo fez isso perfeitamente quando esteve aqui na Terra.Peles de carneiros tintas de vermelho formavam a terceira coberta para a tenda.Um  carneiro  era  morto,  por  exemplo,  na  consagração  dos  sacerdotes,  quando  eram dedicados  ao  serviço  de  Deus  (Êxodo  29:15-35;  Levítico  8:2).  Este  animal  sacrificial representa a completa consagração do Filho ao Pai. “Obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:8). Peles tintas de vermelho reforçam o pensamento de Sua morte e o derramamento de Seu sangue.37
A coberta exterior era feita de peles de animais marinhos (texugos).Não parecem atrativas olhando do lado de fora. Alguém que ainda não se converteu não tem como apreciar Cristo. Mas todo aquele que O tem conhecido sabe que está seguro e protegido. A coberta era resistente ao mau tempo, às influências externas. Assim era Cristo, o Invariável, o pecado não podia atingi-LO.
Cristo pôde resistir a toda tentação e toda oposição. Sob a Sua proteção estamos seguros. Em Sua comunhão somos guardados.

Procuram-se  Colaboradores!  Êxodo 31111
Que habilidade e que conhecimento técnico foram necessários nesta construção! Trabalho em madeira, em metal, bordado...Os dois homens que Deus chamou para este trabalho, e que dirigiam a obra, foram Bezalel (seu nome significa: “Debaixo da sombra de Deus”) e Aoliabe (seu nome significa: “O Pai é a minha tenda”). Nas Escrituras, os nomes muitas vezes têm algo a dizer sobre as pessoas que os levam. Pelo significado desses nomes, podemos supor que eles viviam em estreita comunhão com Deus.De Bezalel lemos: “E o enchi do Espírito de Deus” (Êxodo 31:3). Aoliabe o ajudava, mas não era o único. Deus disse, em Êxodo 31:6:  “Dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado”.Hoje em dia todos também podem deixar-se encher do Espírito de Deus (Efésios 5:18) e obter sabedoria (Tiago 1:5), para assim poder ajudar na edificação da casa de Deus na Terra (1 Coríntios 3:10-15; 1 Pedro 2:5).38
Cada israelita podia trazer materiais de construção e ofertas, podia contribuir com alguma coisa na construção (Êxodo 25:1-9 e 35:20-24).Nós podemos fazer mais que isso. Não só podemos dar as nossas posses, como também nós mesmos,  toda a nossa vida.  Podemos  dar,  não  como por obrigação,  mas  de boa vontade.  O  nosso  Deus  é  digno,  Ele  o  merece  milhares  de vezes.  Além  disso,  o  que guardamos para nós mesmos cedo ou tarde deixaremos para trás, e o perderemos. Mas o que damos a Ele é lucro, e para sempre continua sendo crédito a nosso favor!

As Mulheres
Quem teceu e bordou todas as cortinas? Deve ter sido uma tremenda tarefa!E foi. Esta grande obra certamente foi feita pelas mulheres.Não era permitido às mulheres fazer o trabalho do sacerdote no tabernáculo, nem mesmo o serviço do levita. Mas Deus tinha uma tarefa especial para os seus dedos sensíveis: cuidar do revestimento, do exterior de Sua casa. E não segue sendo assim em nossos dias?A mulher crente continua sendo especialmente responsável pelas vestes, o aspecto exterior do povo de Deus, ali onde Ele vive no centro.Ela não zela somente pelo seu próprio “visual” exterior, mas pelo de toda a sua família. A começar pelos filhos: não é a mãe que lhes inculca o senso de modéstia e decência? Não é ela quem veste os filhos? Está principalmente na influência da mãe quais serão amanhã as roupas, o exterior dos jovens. E por fim, na maioria das vezes, é também a mãe quem determina o aspecto do pai. É ela quem determina se toda a família se veste em conformidade com os pensamentos de Deus. Que tarefa para a mulher seguir amorosamente bordando a “vestimenta” da habitação de Deus, a Igreja!
E tal como as mulheres de Israel teceram as coberturas do tabernáculo que simbolizam a glória de Cristo, assim uma irmã em Cristo, pelo seu comportamento, atitude, palavras e influência que tem pode mostrar um pouco do que o Senhor Jesus significa para ela.
                                                  A CASA DE OURO - JAN ROUW E PAUL F. KIANE



                   — CAPÍTULO 26 — A ESTRUTURA DO TABERNÁCULO

Os Materiais Esta parte do livro do Êxodo inclui a descrição das cortinas e da cobertura do tabernáculo, nas quais a mente espiritual discerne as sombras das várias fases e traços do caráter de Cristo. "E o tabernáculo farás de dez cortinas de linho fino torcido, e pano azul,e púrpura, e carmesim; com querubins as farás, de obra esmerada". Aqui temos os diferentes aspectos do "homem Jesus Cristo" (1 Tm 2:5). O "linho fino torcido" representa a pureza imaculada da Sua vida e do Seu caráter; enquanto que o "azul, púrpura e carmesim" no-Lo apresentam como "o Senhor do céu", que deve reinar segundo os desígnios divinos, mas Cuja realeza deve ser o resultado dos Seus sofrimentos. Desta forma, temos n'Ele um homem puro, homem celestial, régio e sofredor. “Os diferentes materiais mencionados aqui não eram apenas limitados às “cortinas” do tabernáculo, como deviam ser também usados para o “véu” (versículo 31), a “coberta” da porta da tenda” (versículo 36), a coberta da "porta do pátio" (capítulo 27:16), e "os vestidos do ministério" e "os vestidos santos para Arão" (capítulo 39:1). Em suma, era Cristo em todo as partes, Cristo em tudo, somente Cristo (¹). __________________
(¹) A expressão "puro e resplandecente" (Ap 19:8) dá força e formosura peculiar ao símbolo que o Espírito Santo nos apresenta no "linho fino torcido". Com efeito, não é possível encontrar-se um emblema mais exato de natureza imaculada.

O LinhoTorcido

O "linho fino torcido", como figura da humanidade imaculada de Cristo, abre um manancial precioso e abundante de pensamento para a inteligência espiritual: dá-nos um tema sobre o qual nunca é demais meditar. A verdade quanto à humanidade de Cristo deve ser recebida com toda a exatidão escriturai, mantida com energia espiritual, guardada com santo zelo e confessada com poder celestial. Se estivermos enganados quanto a este ponto de capital importância não podemos estar dentro da verdade sobre coisa alguma. É uma verdade essencial e fundamental, e se não for recebida, defendida e confessada tal qual Deus a revelou na Sua santa Palavra, todo o edifício não terá solidez. Nada pode ser mais deplorável que o relaxamento que parece prevalecer e predominar nos pensamentos e expressões de alguns sobre esta doutrina tão importante. Se houvesse mais reverência pela palavra de Deus, haveria um conhecimento dela mais perfeito; e, deste modo, evitar-se-iam essas declarações errôneas e irrefletidas que certamente devem entristecer o Espírito de Deus, Cuja incumbência é testemunhar de Jesus. Quando o anjo anunciou a Maria as boas novas do nascimento do Salvador, ela disse-lhe: "Como se fará isto, visto que não conheço varão"?- "A sua fraca inteligência era incapaz de compreender, muito menos profundar, o estupendo mistério de "Deus manifestado em carne" (l Tm 3:16). Mas note-se com atenção a resposta do anjo— resposta dada não a um espírito céptico, mas a um coração piedoso, embora ignorante. "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus" (Lc 1:34-35). Maria imaginava, sem dúvida que este nascimento deveria ter lugar segundo os princípios ordinários da geração. Mas o anjo corrige o seu equívoco, e, corrigindo-o, anuncia uma das maiores verdades da revelação. Declara que o poder divino estava prestes a formar UM HOMEM VERDADEIRO—" o segundo homem, o Senhor do céu" (1 Co 15:47): um homem cuja natureza seria divinamente pura, inteiramente incapaz de receber ou de comunicar a mais pequena mancha. Este Ser santo foi formado, à "semelhança da carne do pecado", sem pecado na carne. Participou inteiramente da carne e do sangue sem uma partícula ou sombra de mal ligado com eles.
Esta verdade é de primacial importância, nunca será retida com fidelidade e firmeza excessiva. A incarnação do Filho, a segunda Pessoa da Trindade eterna, a Sua entrada misteriosa em carne pura e sem mácula, formada pelo poder do Altíssimo, no ventre da virgem, é o fundamento do "mistério da piedade" (ITm 3:16), do qual a cimalha é o Deus homem glorificado no céu, a Cabeça, Representante e Modelo da Igreja remida de Deus. A pureza essencial da Sua humanidade satisfez perfeitamente as exigências de Deus; enquanto que a sua realidade correspondia às necessidades do homem. Era homem, porque só um homem podia responder pela ruína do homem. Porém, era homem tal que podia dar satisfação a todas as exigências do trono de Deus. Era um homem imaculado, verdadeiro homem, em quem Deus podia achar o Seu agrado, e em quem o homem podia apoiar-se sem reservas.

 Não é preciso recordar ao leitor esclarecido que tudo isto, separado da morte e ressurreição, é 
perfeitamente inútil para nós. Nós tínhamos necessidade não somente de um Cristo incarnado, mas de um Cristo crucificado e ressuscitado. Na verdade, Ele fez-se carne para ser crucificado; mas é por Sua morte e ressurreição que a Sua incarnação veio a ser eficaz para nós. É um erro moral crer que Cristo tomou o homem em união consigo na incarnação. Isto era impossível. Ele Próprio ensina expressamente o contrário. "Na verdade, na verdade vos digo que se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica cie só; mas se morrer dá muito fruto" (Jo 12:24). Não podia haver nenhuma união entre carne santa e pecaminosa, pura e impura, corruptível e incorruptível, mortal e imortal. A morte é a única base de união entre Cristo e os Seus membros eleitos. É em ligação com as palavras "levantai-vos, vamos" (Mc 14:42) que o Senhor diz: "Eu sou a videira, vós as varas" (Jo 15:5). Porque "se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte... o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito" (Rm 6:5-6). "No qual também estais circuncidados, com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder deDeus, que o ressuscitou dos mortos" (Cl 2:11-12).

Os capítulos 6 de Romanos e 2 de Colossenses nos dão um relato pormenorizado da verdade sobre este importante assunto. Foi unicamente como morto e ressuscitado que Cristo e o Seu povo puderam tornar-se em um. O verdadeiro grão de trigo tinha de cair na terra e morrer antes que a espiga pudesse ser formada e recolhida no celeiro celestial.
Porém, embora isto seja uma verdade claramente revelada nas Escrituras, é igualmente claro que a incarnação formava, por assim dizer, os alicerces do glorioso edifício; e as cortinas de "linho fino" apresentam-nos, em figura, a beleza moral do "Homem Jesus Cristo". Já vimos a maneira como Ele foi concebido; e, ao longo do curso da Sua vida aqui na terra, encontramos exemplos e mais exemplos da mesma imaculada pureza. Passou quarenta dias no deserto, sendo tentado pelo diabo, mas nada em Sua natureza respondeu às vis sugestões do tentador. Podia tocar os leprosos sem ser contaminado. Podia tocar o esquife de um defunto sem contrair o fedor da morte. Podia passar incólume pela atmosfera mais contaminada. Era, quanto à Sua humanidade, como um raio de sol que vinha da fonte de luz, o qual pode passar, sem ser atingido, pelo ambiente de maior contaminação. Foi perfeitamente único em natureza, caráter e constituição.
Só Ele podia dizer: "Não permitirás que o teu santo veja corrupção" (Sl 16:10). Isto estava em relação com a Sua humanidade, que, sendo perfeitamente santa e pura, podia levar o pecado. "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1 Pe 2:24). Não no madeiro, como alguns querem ensinar-nos, mas "sobre o madeiro". Foi na cruz que Cristo levou os nossos pecados, e somente ali. "Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Co 5:21).

O Azul
"Azul" é a cor etérea e indica o caráter celestial de Cristo, o Qual, a despeito de ter entrado em todas as circunstâncias de verdadeira e autêntica humanidade—exceto o pecado—era "o Senhor do céu" (1 Co 15:47). Sendo homem verdadeiro, andou sempre com o sentimento da Sua própria dignidade, como estrangeiro celestial: jamais olvidou donde tinha vindo, onde estava ou para onde ia. A fonte de todo o Seu gozo estava nas alturas. A terra não podia fazê-lo mais rico nem mais pobre. Achou que este mundo era "uma terra seca e cansada, onde não havia água" (Sl 63:1); e, por isso, o Seu espírito só podia dessedentar-se nas alturas. Era inteiramente celestial: "...ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu" (Jo3:16).

A Púrpura

 "Púrpura" indica realeza, e mostra-nos Aquele que havia "nascido rei dos judeus", que Se apresentou como tal à nação judaica e foi rejeitado; que fezumaboa confissão perante Pôncio Pilatos, decla-rando-Se rei, quando, para a visão humana, não havia um simples traço de realeza. "Tu dizes que eu sou rei" (Jo 18:37). E ".. .vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do poder e vindo sobre as nuvens do céu" (Mt 26:64). E, por fim, a inscrição sobre a Sua cruz, em hebraico, grego e latim—a linguagem da religião, da ciência e do governo—declara, perante todo o mundo, que Ele era "Jesus Nazareno, Rei dos Judeus". A terra negou-Lhe os Seus direitos — desgraçadamente para ela—mas não aconteceu o mesmo com o céu: ali os Seus direitos foram plenamente reconhecidas. Foi recebido como um vencedor nas moradas eternas da luz, coroado de glória e honra, e assentou-Se, por entre aclamações dos exércitos celestiais, no trono da majestade nas alturas, até que Seus inimigos sejam postos por escabelo de Seus pés. "Por que se amotinam as nações e os povos imaginam coisas vãs£ Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então, lhes falará na sua ira, e no seu furor o confundirá. Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Recitarei o decreto: O SENHOR me disse:
Tu és meu Filho; eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servia o SENHOR com temor e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se inflamar a sua ira. BEM-AVENTURADOS TODOS AQUELES QUE NELE CONFIAM" (Salmo 2).

O Carmesim  


O "carmesim", quando genuíno, é produzido pela morte e f ala-nos dos sofrimentos de Cristo:".. .Cristo padeceu por nós na carne" (1 Pe 4:1). Sem morte, tudo teria sido inútil. Podemos admirar "o azul" e a "púrpura", mas sem o "carmesim" o tabernáculo teria perdido um aspecto importante. Foi por meio da morte que Cristo destruiu aquele que tinha o império da morte. O Espírito Santo, pondo diante de nós uma figura admirável de Cristo — o verdadeiro tabernáculo —, não podia omitir aquela fase do Seu caráter que constitui o fundamento da Sua união com o Seu corpo, a Igreja, o Seu direito ao trono de Davi e o senhorio de toda a criação. Em suma, o Espírito não somente nos mostra o Senhor Jesus, nestas cortinas simbólicas, como homem imaculado, homem real, mas também como homem sofredor; aquele que, por meio da morte, adquiriu o direito àquilo que, como homem, tinha direito nos desígnios divinos.

A Primeira Cortina

Contudo, as cortinas do tabernáculo não são apenas a expressão dos diferentes aspectos do caráter de Cristo, como põem também em evidência a unidade e firmeza desse caráter. Cada um desses aspectos está exposto na sua própria perfeição; e nunca interfere com ou prejudica a beleza de outro. Tudo era harmonia perfeita aos olhos de Deus e foi assim apresentado no "modelo que no monte se mostrou" a Moisés e na sua reprodução no meio do povo. "Cinco cortinas se enlaçarão à outra; e as outras cinco cortinas se enlaçarão uma com a outra" (versículo 3). Tal era a proporção e firmeza em todos os caminhos de Cristo, como homem perfeito, andando pelo mundo, em qualquer situação ou relação que O considerarmos. Quando atua segundo um desses caracteres, não encontramos absolutamente nada que seja incompatível com a integridade divina de outro. Ele foi, em todo o tempo, em todo o lugar e em todas as circunstâncias, o homem perfeito. Nada n'Ele faltava a essa encantadora e bela proporção que Lhe era própria, em todos os Seus atos. "Todas estas cortinas serão de uma medida"(versículo 2).
Um par de cinco cortinas pode muito bem simbolizar os dois aspectos principais do caráter de Cristo atuando a favor de Deus e do homem. Vemos os mesmos dois aspectos na lei, a saber, o que era devido a Deus e o que era devido ao homem; de forma que, quanto a Cristo, se olharmos de passagem, vemos que Ele podia dizer, "a tua lei está dentro do meu coração" (SI 40); e se pensarmos na Sua conduta, vemos esses dois elementos ordenados com perfeita precisão, e não só ordenados, mas inseparavelmente unidos pela graça celestial e a energia divina que habitaram na Sua gloriosa Pessoa.
 "E farás laçada de pano azul na ponta de uma cortina, na extremidade, na juntura; assim também farás na ponta da extremidade da outra cortina, na segunda juntura... Farás também cinquenta colchetes de ouro, e ajuntarás com estes colchetes as cortinas, uma com a outra e será um tabernáculo" (versículos 4 e 6). Nas "laçadas" de azul e nos "colchetes de ouro" temos a manifestação daquela graça celestial e energia divina em Cristo que Lhe proporcionou ligar e harmonizar perfeitamente as reivindicações de Deus e as pretensões do homem; de forma que, satisfazendo tanto umas como outras, Ele nunca, nem por um momento, perturbou o Seu caráter. Quando os homens astutos e hipócritas o tentaram com a pergunta: "É lícito pagar o tributo a César, ou não?" a Sua resposta foi, "Dai... a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22:17-21).
 Nem foi apenas César, mas o homem em todas as suas relações que recebeu a resposta a todas as suas pretensões em Cristo. Da mesma maneira que reuniu na Sua Pessoa a natureza de Deus e humana, satisfez em Seus passos de perfeição as exigências de Deus e as pretensões do homem. Seria muito interessante seguir, através da narrativa do evangelho, a exemplificação do princípio sugerido pelas "laçadas de azul" e os "colchetes de ouro"; devo, porém, deixar que o leitor prossiga este estudo sob a direção do Espírito Santo, o Qual deseja alargar-Se sobre cada aspecto d 'Aquele bendito Senhor que é Seu propósito exaltar.

 A Cortina de Pelos de Cabras

A primeira cortina (na verdade, um par de cinco cortinas) era encoberta por outras de "pêlos de cabras" (versículos 7 a 13). Sua beleza estava escondida para os de fora por aquilo que indicava aspereza e severidade. Para aqueles que tinham o privilégio de entrar no recinto sagrado nada era visível senão o "azul", a púrpura", o "camersim" e o "linho fino torcido"—a exposição combinada das virtudes e excelência desse tabernáculo divino no qual Deus habitou atrás do véu: isto é, Cristo, por Cuja carne, o antítipo de todas estas coisas, os raios dourados da natureza divina brilharam tão delicadamente que o pecador podia vê-los acabrunhado pelo seu brilho deslumbrante.
Quando o Senhor Jesus passou por este mundo, quão poucos foram aqueles que realmente o conheceram! Quão poucos tiveram os olhos ungidos com colírio celestial para penetrarem e apreciarem o profundo mistério do Seu caráter! Quão poucos viram o "azul", a "púrpura", o "carmesim" e o "linho fino torcido"! Foi só quando a fé trouxe o homem à sua presença que Ele pôde consentir que o esplendor daquilo que Ele era brilhasse — deixou que a glória atravessasse a nuvem. Para a visão natural era como se houvesse uma reserva e severidade à Sua volta, que era justamente simbolizada pelas "cortinas de pêlos de cabras". Tudo isto era o resultado da Sua profunda separação e apartamento, não dos pecadores pessoalmente, mas dos pensamentos e máximas dos homens. Nada tinha em comum com o homem, nem estava dentro do âmbito da natureza humana compreendê-Lo. "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer"; e quando um daqueles que haviam sido trazidos confessou o Seu nome, disse-lhe que não fora a carne que lho revelara, "mas meu Pai que está nos céus" (compare Jo 6:44 e Mt 16:17). Ele era "como raiz de uma terra seca", sem "parecer" nem "formosura" para atrair a vista ou satisfazer o coração do homem. A corrente da opinião pública nunca poderia correr na direção d'Aquele que, passando rapidamente pelo palco deste mundo, ia envolto numa "cortina de pêlos de cabras". Jesus não foi popular. A multidão pôde segui-Lo por um momento, porque, para ela, o Seu ministério estava ligado com "os pães e os peixes", que respondiam à sua necessidade; mas estava igualmente tão pronta a clamar: "Tira, tira, crucifica-o" como a exclamar "Hosana ao Filho de Davi!"(Mt 21:9). Que os cristãos, os servos de Cristo, os pregadores do evangelho se lembrem disto! Que todos nós e cada um em particular se lembre sempre das "cobertas de pêlos de cabras".

 A Cortina de Peles de Carneiros Tintas de Vermelho

Porém se as peles de cabras representavam o rigor da separação de Cristo do mundo, as "peles de carneiro, tintas de vermelho, representam a Sua consagração e afeto a Deus, mantidos mesmo até à morte. Ele foi o único servo perfeito que trabalhou na vinha de Deus. Teve um só fim, que prosseguiu com firme propósito desde a manj edoura até à cruz, e este foi glorificar o Pai e consumar a Sua obra. "Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai ?-" Era a linguagem da Sua mocidade e o cumprimento desses "negócios" era o fim da Sua vida. A Sua comida era fazer a vontade d'Aquele que o tinha enviado e cumprir a Sua obra (Jo 4:34). As "peles de carneiro tintas de vermelho" formam uma parte tão distinta do Seu hábito normal como os "pêlos de cabras". A sua devoção por Deus separava-O dos hábitos dos homens.

A Cortina de Peles de Texugo

 "As peles de texugo" parece indicarem a santa vigilância com que o Senhor Jesus estava em guarda contra a aproximação de tudo que era hostil ao fim que absorvia toda a Sua alma. Ele tomou a Sua posição ao lado de Deus e manteve-a com uma persistência que nenhuma influência dos homens ou demónios, da terra ou do inferno, pôde j amais vencer. A coberta de peles de texugo estava por "cima" (versículo 14), ensinando-nos que o aspecto proeminente do caráter do "Homem Cristo Jesus" era a determinação de ser uma testemunha de Deus na terra. Foi o verdadeiro Nabote, que preferiu dar a Sua vida a renunciar à verdade de Deus, ou abandonar aquilo para que havia tomado o Seu lugar neste mundo.
A cabra, o carneiro e o texugo devem ser considerados como representando certos aspectos naturais e simbolizando também certas qualidades morais, e devem tomar-se em conta na sua aplicação ao caráter de Cristo. A vista humana só podia distinguir o aspecto natural, porém não podia ver nada da graça moral, beleza e dignidade que se ocultavam debaixo da forma exterior do desprezado e humilde Jesus de Nazaré. Quando os tesouros de sabedoria divina fluíam dos Seus lábios, a interrogação daqueles que O ouviam era esta: "Não é este o carpinteirou" (Mc 6:3). "Como sabe este letras, não as tendo aprendido"?-" (Jo 7:15). Quando declarava que era o Filho de Deus e afirmava a Sua divindade eterna, respondiam-lhe: "Ainda não tens cinquenta anos", ou pegavam "em pedras para lhe atirar" (Jo 8:57- 59). Em suma, a confissão dos fariseus, "este não sabemos donde é" (Jo 9:29) era verdadeira.
Seria completamente impossível, num volume como este, seguir o desenrolar dos aspectos preciosos do caráter de Cristo, que nos mostra o relato do evangelho. Dissemos o bastante para abrir ao leitor um manancial de meditação espiritual e dar uma ideia dos tesouros preciosos que estão envolto nas cortinas e cobertas do tabernáculo. O mistério de Cristo, motivos secretos de ação e suas perfeições inerentes — a Sua aparência exterior desprovida de atrativos —, aquilo que Ele era em Si Mesmo, o que era para Deus, e o que era para os homens, o que era segundo o juízo da fé e no parecer da natureza, tudo isto estava agradavelmente relatado aos ouvidos circuncidados pelas cortinas de azul, púrpura, carmesim e linho fino torcido, bem como na cobertura de peles.

                                                                    Exodo - C-H-Mackintosh



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