2º Trimestre de 2019
ESBOÇO
I – AS COBERTAS E AS CORTINAS DO TABERNÁCULO (ÊX 26.1-14)
II – AS CORTINAS DO PÁTIO DO TABERNÁCULO (ÊX 27.9-15)
III – AS CORES DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO
I – AS COBERTAS E AS CORTINAS DO TABERNÁCULO (ÊX 26.1-14)
II – AS CORTINAS DO PÁTIO DO TABERNÁCULO (ÊX 27.9-15)
III – AS CORES DAS CORTINAS DO TABERNÁCULO
AS CORTINAS DO TABERNÁCULO
Elienai Cabral
“Deus tomou coisas simples do Tabernáculo para compará-las
com coisas celestiais a fim de que aprendamos verdades espirituais em linguagem
figurada.” (Êx 26.1-14)
Num capítulo anterior, tratamos do cortinado do pátio do
Tabernáculo, que cercava aquele lugar sagrado do povo de Israel. Alguns
estudiosos fazem distinção entre o Santuário, que o veem como sendo o Lugar
Santo, e o Tabernáculo como o hamiskhan de Yahweh,
o Deus de Israel. Entretanto, toda a estrutura do Tabernáculo é, sem dúvida, o
Santuário do Altíssimo.
As cortinas internas e as externas do Tabernáculo foram
feitas com especial primor e beleza para, em primeiro lugar, enaltecer a
presença divina no Tabernáculo e, em segundo lugar, para dar um sentido de
santidade aos serviços sacerdotais no seu interior. As cortinas externas eram
para cobrir o Tabernáculo. Portanto, toda a sua estrutura teve o trabalho inspirado
dos artesãos, os quais receberam de Deus todo o desenho do projeto do
Tabernáculo para ser o lugar da habitação de Deus com o seu povo. Era o hamiskhan de
Deus, que, em hebraico, significa “habitação, morada” de Deus no meio do seu
povo.
Para que as cortinas pudessem ser armadas, toda a construção
requereu uma base especial que incluía madeira e metais. A madeira era de
cetim, serrada em tábuas lisas, as quais eram ligadas uma a outra e, em
seguida, revestidas com ouro, sendo toda a base de sustentação de prata.
Todo aquele lugar tornou-se santo, um lugar de habitação,
uma morada especial para o Deus de Israel, que veio habitar numa “morada santa”
com o seu povo. Como era uma habitação especial, todos os materiais utilizados
no Tabernáculo tinham um significado especial e celestial, começando com a
cobertura de cortinas internas e externas.
Essas cortinas e cobertas feitas para o Tabernáculo eram
figuras e tipos de Jesus Cristo, visto que cada elemento material tinha um tipo
celestial e mostrava, numa linguagem figurada, algumas características da obra
redentora de Jesus. Num sentido especial, Cristo tornou-se a nossa cobertura
perfeita porque Ele cobriu o nosso pecado (ver Sl 32.1,2; Rm 4.6-8).
I – AS COBERTAS E AS CORTINAS DO TABERNÁCULO (ÊX 26.1-14)
A despeito dos detalhes especificados dos materiais e cores
utilizadas para compor a estética do Tabernáculo, a construção tinha de ser de
fácil montagem e desmontagem por causa das mudanças de locais na vida desértica
de Israel.
1. A Coberta Exterior
Qual a diferença das cortinas internas para as externas? A
coberta exterior era rústica, contrastando com a beleza interior. Por isso,
tanto as cortinas internas quanto as externas revelam tipologicamente a figura
de Jesus, que, sendo Deus, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo”
(Fp 2.6-8). Os olhos humanos não podiam vê-lo como Deus, e sim como “o filho do
carpinteiro” (Mt 13.55). Ele, no entanto, era o Verbo (a Palavra viva) feito
carne (Jo 1.14).
Esta coberta era feita de peles de animais marinhos (texugos
ou golfinhos) e não tinha beleza exterior que chamasse a atenção (ver Is 53.2).
Simbolicamente, a cobertura exterior do Tabernáculo representava a humanidade
de Jesus; por isso, sendo Deus fez-se carne (ver Jo 1.14). Uma das finalidades
da coberta exterior era resistir às intempéries climáticas do deserto e, por
isso, era rústica. Essa coberta tinha uma estrutura de madeira de cetim cortada
em tábuas que servia para as partes internas e externas (Êx 26.15-30), a qual
recebia uma lâmina de ouro que sustentava as peles estendidas sobre o
Tabernáculo. As peles que ficavam por cima de tudo eram de um animal aquático
identificado como texugo, mas, de fato, eram de foca ou golfinho. Quem olhasse
para a Tenda do lado de fora nada veria de especial, porque essa coberta era
parecida com a cor do deserto, ou seja, não tinha beleza alguma. Essa tenda é
um tipo de Jesus quando se fez homem, cumprindo, assim, a profecia de Isaías
53.2: “Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra
seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza
havia, para que o desejássemos”.
2. As Cortinas Internas
Indiscutivelmente, as cortinas internas do Tabernáculo
feitas com linho retorcido branco, estofo azul, púrpura e carmesim revelavam,
tipologicamente, o caráter de Jesus. O linho retorcido é um símbolo de justiça
(ver Ap 19.8). Por baixo da primeira cobertura de peles, eram colocadas peles
de carneiro tingidas de vermelho (ver Êx 26.14), que representam a Cristo em seu
sacrifício na cruz do Calvário. A cor vermelha representa o seu sangue, que
remiu nossos pecados. Ainda por baixo das peles de carneiro de cor vermelha,
havia outras peles que eram de cabra, e eram brancas, sem ser tingidas
(26.7-13), e elas falam da pureza do Senhor Jesus e da sua justiça perfeita
para com os que confiam nEle e no seu sangue (ver 2 Co 5.21; Fp 3.9). Por
último, havia uma quarta cortina que podia ser vista apenas do lado de dentro
do Tabernáculo. Ela era feita de linho branco e fino com bordados das figuras
de querubins (ver Êx 26.1-6) e tinha as cores de púrpura, escarlate e azul. A
visão que se tinha dessa cortina interna lembrava o céu de glória. As figuras
de querubins, impressas e bordadas naquela cortina, representavam tipos de seres
angelicais que servem junto ao Trono de Deus. As cores eram branco, azul,
carmesim e púrpura. As cortinas e cobertas do Tabernáculo significavam a morada
de Deus e tipificavam o próprio Senhor Jesus, por cujas características a obra
redentora de Cristo está expressa e que, em seu conjunto, nos fala claramente
daquEle que é nossa cobertura perfeita, pois foi Ele quem cobriu o nosso pecado
com seu sangue (ver Sl 32.1,2; Rm 4.6-8). O azul é a cor celestial, símbolo do
céu; todavia, os fios entrelaçados de púrpura falam da realeza de Cristo, pois
Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Texto extraído da obra “O TABERNÁCULO”, editada pela
CPAD.
As
Cortinas do Tabernáculo
As tábuas das paredes do tabernáculo
e as colunas, que suspendiam os véus, poderiam ser consideradas a estrutura do edifício.
Por cima deste esqueleto eram
estendidas quatro grandes
cortinas que formavam o teto e protegiam a casa de ouro, assegurando contra o
vento e o mau tempo.
Se alguém estivesse no Santo Lugar,
ou no Santo dos Santos, e olhasse para cima... ficaria cheio de admiração.
Seria como se olhasse direto dentro do céu. Ele veria uma grande e bela cortina
em quatro cores, com querubins. Era como se lhe anunciassem: o Santo habita
aqui! As quatro cortinas que cobriam todo o tabernáculo estavam uma sobre a
outra, e ele só veria a que estava por baixo. Esta media 40 por 28
côvados.Acima desta pousava a segunda cortina, que era feita de pêlos de cabras
e media 44 por 30 côvados, sendo portanto maior que a de baixo, e era chamada
de “a tenda sobre o tabernáculo” (Êxodo 26:14). Esta “tenda” protegia a bela
primeira cortina e, além disso (por descansar também sobre as paredes), servia
como uma proteção separando todo o edifício de seus arredores. O que estas
cobertas representam simbolicamente, especialmente a segunda, é separação. Isto
quer dizer que a casa de Deus tem sido separada do mundo e de tudo que não está
de acordo com a presença de Deus. Os verdadeiros crentes, que hoje são a
habitação de Deus, têm de ser caracterizados por esse mesmo aspecto.
Notemos que esta separação não
significa sermos rigorosos com os incrédulos, mas somente conosco mesmos; nós devemos nos separar do mal.Cristo fez
isso perfeitamente quando esteve aqui na Terra.Peles de carneiros tintas de
vermelho formavam a terceira coberta para a tenda.Um carneiro
era morto, por
exemplo, na consagração
dos sacerdotes, quando
eram dedicados ao serviço
de Deus (Êxodo
29:15-35; Levítico 8:2).
Este animal sacrificial representa a completa consagração
do Filho ao Pai. “Obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:8).
Peles tintas de vermelho reforçam o pensamento de Sua morte e o derramamento de
Seu sangue.37
A coberta exterior era feita de peles
de animais marinhos (texugos).Não parecem atrativas olhando do lado de fora.
Alguém que ainda não se converteu não tem como apreciar Cristo. Mas todo aquele
que O tem conhecido sabe que está seguro e protegido. A coberta era resistente
ao mau tempo, às influências externas. Assim era Cristo, o Invariável, o pecado
não podia atingi-LO.
Cristo pôde resistir a toda tentação
e toda oposição. Sob a Sua proteção estamos seguros. Em Sua comunhão somos
guardados.
Procuram-se Colaboradores! Êxodo 31111
Que habilidade e que conhecimento
técnico foram necessários nesta construção! Trabalho em madeira, em metal,
bordado...Os dois homens que Deus chamou para este trabalho, e que dirigiam a
obra, foram Bezalel (seu nome significa: “Debaixo da sombra de Deus”) e Aoliabe
(seu nome significa: “O Pai é a minha tenda”). Nas Escrituras, os nomes muitas
vezes têm algo a dizer sobre as pessoas que os levam. Pelo significado desses
nomes, podemos supor que eles viviam em estreita comunhão com Deus.De Bezalel
lemos: “E o enchi do Espírito de Deus” (Êxodo 31:3). Aoliabe o ajudava, mas não
era o único. Deus disse, em Êxodo 31:6:
“Dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que
tenho ordenado”.Hoje em dia todos também podem deixar-se encher do Espírito de
Deus (Efésios 5:18) e obter sabedoria (Tiago 1:5), para assim poder ajudar na
edificação da casa de Deus na Terra (1 Coríntios 3:10-15; 1 Pedro 2:5).38
Cada israelita podia trazer materiais
de construção e ofertas, podia contribuir com alguma coisa na construção (Êxodo
25:1-9 e 35:20-24).Nós podemos fazer mais que isso. Não só podemos dar as
nossas posses, como também nós mesmos,
toda a nossa vida. Podemos dar,
não como por obrigação, mas de
boa vontade. O nosso
Deus é digno,
Ele o merece
milhares de vezes. Além
disso, o que guardamos para nós mesmos cedo ou tarde
deixaremos para trás, e o perderemos. Mas o que damos a Ele é lucro, e para
sempre continua sendo crédito a nosso favor!
As Mulheres
Quem teceu e bordou todas as
cortinas? Deve ter sido uma tremenda tarefa!E foi. Esta grande obra certamente
foi feita pelas mulheres.Não era permitido às mulheres fazer o trabalho do
sacerdote no tabernáculo, nem mesmo o serviço do levita. Mas Deus tinha uma
tarefa especial para os seus dedos sensíveis: cuidar do revestimento, do exterior
de Sua casa. E não segue sendo assim em nossos dias?A mulher crente continua
sendo especialmente responsável pelas vestes, o aspecto exterior do povo de
Deus, ali onde Ele vive no centro.Ela não zela somente pelo seu próprio
“visual” exterior, mas pelo de toda a sua família. A começar pelos filhos: não
é a mãe que lhes inculca o senso de modéstia e decência? Não é ela quem veste
os filhos? Está principalmente na influência da mãe quais serão amanhã as
roupas, o exterior dos jovens. E por fim, na maioria das vezes, é também a mãe
quem determina o aspecto do pai. É ela quem determina se toda a família se
veste em conformidade com os pensamentos de Deus. Que tarefa para a mulher
seguir amorosamente bordando a “vestimenta” da habitação de Deus, a Igreja!
E tal como as mulheres de Israel
teceram as coberturas do tabernáculo que simbolizam a glória de Cristo, assim
uma irmã em Cristo, pelo seu comportamento, atitude, palavras e influência que
tem pode mostrar um pouco do que o Senhor Jesus significa para ela.
A CASA DE OURO - JAN ROUW E PAUL F. KIANE
— CAPÍTULO 26 — A ESTRUTURA DO
TABERNÁCULO
Os Materiais
Esta parte do livro do Êxodo inclui a descrição das cortinas e da cobertura do
tabernáculo, nas quais a mente espiritual discerne as sombras das várias fases
e traços do caráter de Cristo. "E o tabernáculo farás de dez cortinas de
linho fino torcido, e pano azul,e púrpura, e carmesim; com querubins as farás,
de obra esmerada". Aqui temos os diferentes aspectos do "homem Jesus
Cristo" (1 Tm 2:5). O "linho fino torcido" representa a pureza
imaculada da Sua vida e do Seu caráter; enquanto que o "azul, púrpura e
carmesim" no-Lo apresentam como "o Senhor do céu", que deve
reinar segundo os desígnios divinos, mas Cuja realeza deve ser o resultado dos
Seus sofrimentos. Desta forma, temos n'Ele um homem puro, homem celestial,
régio e sofredor. “Os diferentes materiais mencionados aqui não eram apenas
limitados às “cortinas” do tabernáculo, como deviam ser também usados para o
“véu” (versículo 31), a “coberta” da porta da tenda” (versículo 36), a coberta
da "porta do pátio" (capítulo 27:16), e "os vestidos do
ministério" e "os vestidos santos para Arão" (capítulo 39:1). Em
suma, era Cristo em todo as partes, Cristo em tudo, somente Cristo (¹).
__________________
(¹) A expressão "puro e
resplandecente" (Ap 19:8) dá força e formosura peculiar ao símbolo que o
Espírito Santo nos apresenta no "linho fino torcido". Com efeito, não
é possível encontrar-se um emblema mais exato de natureza imaculada.
O LinhoTorcido
O
"linho fino torcido", como figura da humanidade imaculada de Cristo,
abre um manancial precioso e abundante de pensamento para a inteligência
espiritual: dá-nos um tema sobre o qual nunca é demais meditar. A verdade
quanto à humanidade de Cristo deve ser recebida com toda a exatidão escriturai,
mantida com energia espiritual, guardada com santo zelo e confessada com poder
celestial. Se estivermos enganados quanto a este ponto de capital importância
não podemos estar dentro da verdade sobre coisa alguma. É uma verdade essencial
e fundamental, e se não for recebida, defendida e confessada tal qual Deus a revelou
na Sua santa Palavra, todo o edifício não terá solidez. Nada pode ser mais
deplorável que o relaxamento que parece prevalecer e predominar nos pensamentos
e expressões de alguns sobre esta doutrina tão importante. Se houvesse mais
reverência pela palavra de Deus, haveria um conhecimento dela mais perfeito; e,
deste modo, evitar-se-iam essas declarações errôneas e irrefletidas que
certamente devem entristecer o Espírito de Deus, Cuja incumbência é testemunhar
de Jesus. Quando o anjo anunciou a Maria as boas novas do nascimento do
Salvador, ela disse-lhe: "Como se fará isto, visto que não conheço
varão"?- "A sua fraca inteligência era incapaz de compreender, muito
menos profundar, o estupendo mistério de "Deus manifestado em carne"
(l Tm 3:16). Mas note-se com atenção a resposta do anjo— resposta dada não a um
espírito céptico, mas a um coração piedoso, embora ignorante. "Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra; pelo que também o Santo que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus" (Lc 1:34-35). Maria imaginava, sem dúvida que este nascimento
deveria ter lugar segundo os princípios ordinários da geração. Mas o anjo
corrige o seu equívoco, e, corrigindo-o, anuncia uma das maiores verdades da
revelação. Declara que o poder divino estava prestes a formar UM HOMEM
VERDADEIRO—" o segundo homem, o Senhor do céu" (1 Co 15:47): um homem
cuja natureza seria divinamente pura, inteiramente incapaz de receber ou de
comunicar a mais pequena mancha. Este Ser santo foi formado, à "semelhança
da carne do pecado", sem pecado na carne. Participou inteiramente da carne
e do sangue sem uma partícula ou sombra de mal ligado com eles.
Esta verdade
é de primacial importância, nunca será retida com fidelidade e firmeza
excessiva. A incarnação do Filho, a segunda Pessoa da Trindade eterna, a Sua
entrada misteriosa em carne pura e sem mácula, formada pelo poder do Altíssimo,
no ventre da virgem, é o fundamento do "mistério da piedade" (ITm
3:16), do qual a cimalha é o Deus homem glorificado no céu, a Cabeça,
Representante e Modelo da Igreja remida de Deus. A pureza essencial da Sua
humanidade satisfez perfeitamente as exigências de Deus; enquanto que a sua
realidade correspondia às necessidades do homem. Era homem, porque só um homem
podia responder pela ruína do homem. Porém, era homem tal que podia dar
satisfação a todas as exigências do trono de Deus. Era um homem imaculado,
verdadeiro homem, em quem Deus podia achar o Seu agrado, e em quem o homem
podia apoiar-se sem reservas.
Não é preciso recordar ao leitor esclarecido
que tudo isto, separado da morte e ressurreição, é
perfeitamente inútil para
nós. Nós tínhamos necessidade não somente de um Cristo incarnado, mas de um
Cristo crucificado e ressuscitado. Na verdade, Ele fez-se carne para ser
crucificado; mas é por Sua morte e ressurreição que a Sua incarnação veio a ser
eficaz para nós. É um erro moral crer que Cristo tomou o homem em união consigo
na incarnação. Isto era impossível. Ele Próprio ensina expressamente o
contrário. "Na verdade, na verdade vos digo que se o grão de trigo, caindo
na terra, não morrer, fica cie só; mas se morrer dá muito fruto" (Jo
12:24). Não podia haver nenhuma união entre carne santa e pecaminosa, pura e
impura, corruptível e incorruptível, mortal e imortal. A morte é a única base
de união entre Cristo e os Seus membros eleitos. É em ligação com as palavras
"levantai-vos, vamos" (Mc 14:42) que o Senhor diz: "Eu sou a
videira, vós as varas" (Jo 15:5). Porque "se fomos plantados
juntamente com ele na semelhança da sua morte... o nosso homem velho foi com
ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito" (Rm 6:5-6).
"No qual também estais circuncidados, com a circuncisão não feita por mão
no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no
batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder deDeus, que o ressuscitou
dos mortos" (Cl 2:11-12).
Os capítulos
6 de Romanos e 2 de Colossenses nos dão um relato pormenorizado da verdade
sobre este importante assunto. Foi unicamente como morto e ressuscitado que
Cristo e o Seu povo puderam tornar-se em um. O verdadeiro grão de trigo tinha
de cair na terra e morrer antes que a espiga pudesse ser formada e recolhida no
celeiro celestial.
Porém,
embora isto seja uma verdade claramente revelada nas Escrituras, é igualmente
claro que a incarnação formava, por assim dizer, os alicerces do glorioso edifício;
e as cortinas de "linho fino" apresentam-nos, em figura, a beleza
moral do "Homem Jesus Cristo". Já vimos a maneira como Ele foi
concebido; e, ao longo do curso da Sua vida aqui na terra, encontramos exemplos
e mais exemplos da mesma imaculada pureza. Passou quarenta dias no deserto,
sendo tentado pelo diabo, mas nada em Sua natureza respondeu às vis sugestões
do tentador. Podia tocar os leprosos sem ser contaminado. Podia tocar o esquife
de um defunto sem contrair o fedor da morte. Podia passar incólume pela
atmosfera mais contaminada. Era, quanto à Sua humanidade, como um raio de sol
que vinha da fonte de luz, o qual pode passar, sem ser atingido, pelo ambiente
de maior contaminação. Foi perfeitamente único em natureza, caráter e
constituição.
Só Ele podia
dizer: "Não permitirás que o teu santo veja corrupção" (Sl 16:10).
Isto estava em relação com a Sua humanidade, que, sendo perfeitamente santa e
pura, podia levar o pecado. "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos
pecados sobre o madeiro" (1 Pe 2:24). Não no madeiro, como alguns querem
ensinar-nos, mas "sobre o madeiro". Foi na cruz que Cristo levou os
nossos pecados, e somente ali. "Aquele que não conheceu pecado, o fez
pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Co
5:21).
O Azul
"Azul"
é a cor etérea e indica o caráter celestial de Cristo, o Qual, a despeito de
ter entrado em todas as circunstâncias de verdadeira e autêntica
humanidade—exceto o pecado—era "o Senhor do céu" (1 Co 15:47). Sendo
homem verdadeiro, andou sempre com o sentimento da Sua própria dignidade, como
estrangeiro celestial: jamais olvidou donde tinha vindo, onde estava ou para
onde ia. A fonte de todo o Seu gozo estava nas alturas. A terra não podia
fazê-lo mais rico nem mais pobre. Achou que este mundo era "uma terra seca
e cansada, onde não havia água" (Sl 63:1); e, por isso, o Seu espírito só
podia dessedentar-se nas alturas. Era inteiramente celestial: "...ninguém
subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no
céu" (Jo3:16).
A Púrpura
"Púrpura" indica realeza, e
mostra-nos Aquele que havia "nascido rei dos judeus", que Se
apresentou como tal à nação judaica e foi rejeitado; que fezumaboa confissão
perante Pôncio Pilatos, decla-rando-Se rei, quando, para a visão humana, não
havia um simples traço de realeza. "Tu dizes que eu sou rei" (Jo
18:37). E ".. .vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do
poder e vindo sobre as nuvens do céu" (Mt 26:64). E, por fim, a inscrição
sobre a Sua cruz, em hebraico, grego e latim—a linguagem da religião, da
ciência e do governo—declara, perante todo o mundo, que Ele era "Jesus
Nazareno, Rei dos Judeus". A terra negou-Lhe os Seus direitos —
desgraçadamente para ela—mas não aconteceu o mesmo com o céu: ali os Seus
direitos foram plenamente reconhecidas. Foi recebido como um vencedor nas
moradas eternas da luz, coroado de glória e honra, e assentou-Se, por entre
aclamações dos exércitos celestiais, no trono da majestade nas alturas, até que
Seus inimigos sejam postos por escabelo de Seus pés. "Por que se amotinam
as nações e os povos imaginam coisas vãs£ Os reis da terra se levantam, e os
príncipes juntos se mancomunam contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo:
Rompamos as suas ataduras e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita
nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então, lhes falará na sua ira, e no
seu furor o confundirá. Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião.
Recitarei o decreto: O SENHOR me disse:
Tu és meu
Filho; eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os
confins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro;
tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede
prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servia o SENHOR com temor e
alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no
caminho, quando em breve se inflamar a sua ira. BEM-AVENTURADOS TODOS AQUELES
QUE NELE CONFIAM" (Salmo 2).
O Carmesim
O "carmesim",
quando genuíno, é produzido pela morte e f ala-nos dos sofrimentos de
Cristo:".. .Cristo padeceu por nós na carne" (1 Pe 4:1). Sem morte,
tudo teria sido inútil. Podemos admirar "o azul" e a
"púrpura", mas sem o "carmesim" o tabernáculo teria perdido
um aspecto importante. Foi por meio da morte que Cristo destruiu aquele que
tinha o império da morte. O Espírito Santo, pondo diante de nós uma figura
admirável de Cristo — o verdadeiro tabernáculo —, não podia omitir aquela fase
do Seu caráter que constitui o fundamento da Sua união com o Seu corpo, a
Igreja, o Seu direito ao trono de Davi e o senhorio de toda a criação. Em suma,
o Espírito não somente nos mostra o Senhor Jesus, nestas cortinas simbólicas,
como homem imaculado, homem real, mas também como homem sofredor; aquele que,
por meio da morte, adquiriu o direito àquilo que, como homem, tinha direito nos
desígnios divinos.
A Primeira Cortina
Contudo, as
cortinas do tabernáculo não são apenas a expressão dos diferentes aspectos do
caráter de Cristo, como põem também em evidência a unidade e firmeza desse
caráter. Cada um desses aspectos está exposto na sua própria perfeição; e nunca
interfere com ou prejudica a beleza de outro. Tudo era harmonia perfeita aos
olhos de Deus e foi assim apresentado no "modelo que no monte se
mostrou" a Moisés e na sua reprodução no meio do povo. "Cinco
cortinas se enlaçarão à outra; e as outras cinco cortinas se enlaçarão uma com
a outra" (versículo 3). Tal era a proporção e firmeza em todos os caminhos
de Cristo, como homem perfeito, andando pelo mundo, em qualquer situação ou
relação que O considerarmos. Quando atua segundo um desses caracteres, não
encontramos absolutamente nada que seja incompatível com a integridade divina
de outro. Ele foi, em todo o tempo, em todo o lugar e em todas as
circunstâncias, o homem perfeito. Nada n'Ele faltava a essa encantadora e bela
proporção que Lhe era própria, em todos os Seus atos. "Todas estas
cortinas serão de uma medida"(versículo 2).
Um par de
cinco cortinas pode muito bem simbolizar os dois aspectos principais do caráter
de Cristo atuando a favor de Deus e do homem. Vemos os mesmos dois aspectos na
lei, a saber, o que era devido a Deus e o que era devido ao homem; de forma
que, quanto a Cristo, se olharmos de passagem, vemos que Ele podia dizer,
"a tua lei está dentro do meu coração" (SI 40); e se pensarmos na Sua
conduta, vemos esses dois elementos ordenados com perfeita precisão, e não só
ordenados, mas inseparavelmente unidos pela graça celestial e a energia divina
que habitaram na Sua gloriosa Pessoa.
"E farás laçada de pano azul na ponta de
uma cortina, na extremidade, na juntura; assim também farás na ponta da
extremidade da outra cortina, na segunda juntura... Farás também cinquenta
colchetes de ouro, e ajuntarás com estes colchetes as cortinas, uma com a outra
e será um tabernáculo" (versículos 4 e 6). Nas "laçadas" de azul
e nos "colchetes de ouro" temos a manifestação daquela graça
celestial e energia divina em Cristo que Lhe proporcionou ligar e harmonizar
perfeitamente as reivindicações de Deus e as pretensões do homem; de forma que,
satisfazendo tanto umas como outras, Ele nunca, nem por um momento, perturbou o
Seu caráter. Quando os homens astutos e hipócritas o tentaram com a pergunta: "É
lícito pagar o tributo a César, ou não?" a Sua resposta foi, "Dai...
a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22:17-21).
Nem foi apenas César, mas o homem em todas as
suas relações que recebeu a resposta a todas as suas pretensões em Cristo. Da
mesma maneira que reuniu na Sua Pessoa a natureza de Deus e humana, satisfez em
Seus passos de perfeição as exigências de Deus e as pretensões do homem. Seria
muito interessante seguir, através da narrativa do evangelho, a exemplificação
do princípio sugerido pelas "laçadas de azul" e os "colchetes de
ouro"; devo, porém, deixar que o leitor prossiga este estudo sob a direção
do Espírito Santo, o Qual deseja alargar-Se sobre cada aspecto d 'Aquele
bendito Senhor que é Seu propósito exaltar.
A Cortina de Pelos de Cabras
A primeira
cortina (na verdade, um par de cinco cortinas) era encoberta por outras de
"pêlos de cabras" (versículos 7 a 13). Sua beleza estava escondida
para os de fora por aquilo que indicava aspereza e severidade. Para aqueles que
tinham o privilégio de entrar no recinto sagrado nada era visível senão o
"azul", a púrpura", o "camersim" e o "linho fino
torcido"—a exposição combinada das virtudes e excelência desse tabernáculo
divino no qual Deus habitou atrás do véu: isto é, Cristo, por Cuja carne, o
antítipo de todas estas coisas, os raios dourados da natureza divina brilharam
tão delicadamente que o pecador podia vê-los acabrunhado pelo seu brilho
deslumbrante.
Quando o
Senhor Jesus passou por este mundo, quão poucos foram aqueles que realmente o
conheceram! Quão poucos tiveram os olhos ungidos com colírio celestial para
penetrarem e apreciarem o profundo mistério do Seu caráter! Quão poucos viram o
"azul", a "púrpura", o "carmesim" e o "linho
fino torcido"! Foi só quando a fé trouxe o homem à sua presença que Ele
pôde consentir que o esplendor daquilo que Ele era brilhasse — deixou que a
glória atravessasse a nuvem. Para a visão natural era como se houvesse uma
reserva e severidade à Sua volta, que era justamente simbolizada pelas
"cortinas de pêlos de cabras". Tudo isto era o resultado da Sua
profunda separação e apartamento, não dos pecadores pessoalmente, mas dos
pensamentos e máximas dos homens. Nada tinha em comum com o homem, nem estava
dentro do âmbito da natureza humana compreendê-Lo. "Ninguém pode vir a
mim, se o Pai que me enviou o não trouxer"; e quando um daqueles que
haviam sido trazidos confessou o Seu nome, disse-lhe que não fora a carne que
lho revelara, "mas meu Pai que está nos céus" (compare Jo 6:44 e Mt
16:17). Ele era "como raiz de uma terra seca", sem
"parecer" nem "formosura" para atrair a vista ou satisfazer
o coração do homem. A corrente da opinião pública nunca poderia correr na
direção d'Aquele que, passando rapidamente pelo palco deste mundo, ia envolto
numa "cortina de pêlos de cabras". Jesus não foi popular. A multidão
pôde segui-Lo por um momento, porque, para ela, o Seu ministério estava ligado
com "os pães e os peixes", que respondiam à sua necessidade; mas estava
igualmente tão pronta a clamar: "Tira, tira, crucifica-o" como a
exclamar "Hosana ao Filho de Davi!"(Mt 21:9). Que os cristãos, os
servos de Cristo, os pregadores do evangelho se lembrem disto! Que todos nós e cada
um em particular se lembre sempre das "cobertas de pêlos de cabras".
A Cortina de Peles de Carneiros Tintas de
Vermelho
Porém se as
peles de cabras representavam o rigor da separação de Cristo do mundo, as
"peles de carneiro, tintas de vermelho, representam a Sua consagração e
afeto a Deus, mantidos mesmo até à morte. Ele foi o único servo perfeito que
trabalhou na vinha de Deus. Teve um só fim, que prosseguiu com firme propósito
desde a manj edoura até à cruz, e este foi glorificar o Pai e consumar a Sua
obra. "Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai ?-"
Era a linguagem da Sua mocidade e o cumprimento desses "negócios" era
o fim da Sua vida. A Sua comida era fazer a vontade d'Aquele que o tinha
enviado e cumprir a Sua obra (Jo 4:34). As "peles de carneiro tintas de
vermelho" formam uma parte tão distinta do Seu hábito normal como os
"pêlos de cabras". A sua devoção por Deus separava-O dos hábitos dos
homens.
A Cortina de Peles de Texugo
"As peles de texugo" parece
indicarem a santa vigilância com que o Senhor Jesus estava em guarda contra a
aproximação de tudo que era hostil ao fim que absorvia toda a Sua alma. Ele
tomou a Sua posição ao lado de Deus e manteve-a com uma persistência que
nenhuma influência dos homens ou demónios, da terra ou do inferno, pôde j amais
vencer. A coberta de peles de texugo estava por "cima" (versículo
14), ensinando-nos que o aspecto proeminente do caráter do "Homem Cristo
Jesus" era a determinação de ser uma testemunha de Deus na terra. Foi o
verdadeiro Nabote, que preferiu dar a Sua vida a renunciar à verdade de Deus,
ou abandonar aquilo para que havia tomado o Seu lugar neste mundo.
A cabra, o
carneiro e o texugo devem ser considerados como representando certos aspectos
naturais e simbolizando também certas qualidades morais, e devem tomar-se em
conta na sua aplicação ao caráter de Cristo. A vista humana só podia distinguir
o aspecto natural, porém não podia ver nada da graça moral, beleza e dignidade
que se ocultavam debaixo da forma exterior do desprezado e humilde Jesus de
Nazaré. Quando os tesouros de sabedoria divina fluíam dos Seus lábios, a
interrogação daqueles que O ouviam era esta: "Não é este o
carpinteirou" (Mc 6:3). "Como sabe este letras, não as tendo
aprendido"?-" (Jo 7:15). Quando declarava que era o Filho de Deus e
afirmava a Sua divindade eterna, respondiam-lhe: "Ainda não tens cinquenta
anos", ou pegavam "em pedras para lhe atirar" (Jo 8:57- 59). Em
suma, a confissão dos fariseus, "este não sabemos donde é" (Jo 9:29)
era verdadeira.
Seria
completamente impossível, num volume como este, seguir o desenrolar dos aspectos
preciosos do caráter de Cristo, que nos mostra o relato do evangelho. Dissemos
o bastante para abrir ao leitor um manancial de meditação espiritual e dar uma
ideia dos tesouros preciosos que estão envolto nas cortinas e cobertas do
tabernáculo. O mistério de Cristo, motivos secretos de ação e suas perfeições
inerentes — a Sua aparência exterior desprovida de atrativos —, aquilo que Ele
era em Si Mesmo, o que era para Deus, e o que era para os homens, o que era
segundo o juízo da fé e no parecer da natureza, tudo isto estava agradavelmente
relatado aos ouvidos circuncidados pelas cortinas de azul, púrpura, carmesim e
linho fino torcido, bem como na cobertura de peles.
Exodo - C-H-Mackintosh
















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