LIÇÃO 5 CENTRAL GOSPEL
___/___/____ A
Autoridade Suprema das Escrituras
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Ne 8.1-6
1 - E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel
nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da
porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei
de Moisés, que o SENHOR tinha ordenado a Israel.
2 - E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a
congregação, tanto de homens como de mulheres, e todos os que podiam ouvir com
entendimento, no primeiro dia do sétimo mês.
3 - E leu no livro diante da praça, que está diante da porta
das águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres, e os que
podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.
4 - E Esdras, o escriba, estava sobre um púlpito de madeira,
que fizeram para aquele fim; e estava em pé junto a ele, à sua mão direita,
Matitias, Sema, Anaías, Urias, Hilquias e Maaséias; e à sua mão esquerda,
Pedaías, Misael, Melquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.
5 - E Esdras abriu o livro perante à vista de todo o povo;
porque estava acima de todo o povo; e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6 - E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo
respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e
adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.
TEXTO ÁUREO
"Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o
meu caminho."
Sl 119.105
Palavra introdutória
Nesta lição vamos descobrir porque devemos dar às Escrituras
o valor e o direito de nortear nossa vida. também aprenderemos a diferença
entre revelação, inspiração e iluminação espiritual, para entender como Deus é
o autor da Bíblia - sua Palavra, mesmo que homens tenha sido usados por Ele
para escrevê-la.
1. A ORIGEM DAS ESCRITURAS
1.1 O material utilizado
Um dos materiais usados na produção da Bíblia é o papiro.
Além do papiro (2 Jo 1.12), dois outros materiais foram
empregados para compor os textos originais sagrados: a pedra e o pergaminho.
1.2. Da oralidade à escrita
Antes da invenção da
escrita, as pessoas transmitiam as histórias bíblicas oralmente. Por muito
tempo foi assim (Sl 44.1). Com o desenvolvimento da linguagem escrita, porém,
as revelações de Deus adquiriram um formato literário. Moisés (Ex 17.14; Dt
31.24), Samuel (1 Sm 10.25), Isaías (Is 30.8) e tantos outros escritores formam
o grupo de autores inspirados por Deus para essa tarefa.
1.3 Gêneros discursivos
Vejamos suas características:
1.3.1. Narração
Há um plano maior por detrás de cada história bíblica (1 Sm
10.25). São histórias que descrevem aspectos da vida na sociedade israelita dos
tempos antigos e servem de parâmetro para entendermos as exigências de Deus, o
protagonista da narração, em relação aos Seus filhos (Dt 10.12; Mq 6.8).
1.3.2. Leis
São as leis bíblicas que orientam a relação do homem com
Deus (Êx 20.3-11), com o próximo (Êx 20.12-17) e capacitam-no para a obediência
perfeita: aquela que é produzida pela fé em Cristo (Hb 8.10).
1.3.3. Poesia
A coleção de poesias mais conhecidas da Bíblia são os
Salmos, os quais eram declamados e cantados durante as reuniões dos judeus no
templo e nas sinagogas (Ne 7.44; Hb 3.19). São também poéticos os livros de
Salomão: Provérbios, Eclesiástes e Cantares.
1.34 Profecia
As profecias são mensagens de Deus ao povo, por meio de um
homem inspirado por Ele (Nm 11.29; Dn 9.10). Estas mensagens propõem atitudes
de arrependimento e confissão de pecados, de volta à Deus e à Sua vontade e de
manifestação da fé na aliança com o Salvador (Jr 26.1-3; Am 3.7).
1.3.5. Evangelhos
Neste gênero literário, encontram as passagens acerca da
vida, das obras e das palavras de Jesus, as quais apontam para a essência da
pregação: a obra redentora de Deus por intermédio de Jesus Cristo.
1.3.6. Epístolas
As cartas escritas pelos apóstolos Paulo, Pedro, Tiago, João
e Judas formam grande parte do material revelado por Deus que compõe o Novo
Testamento (2 Pe 3.16). Esses escritos foram endereçados a pessoas e a igrejas
espalhadas pelo império romano.
2. INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
2.1. Teorias insensatas
Há teorias falsas sobre a inspiração das Escrituras, as
quais devem ser evitadas porque apresentam um conteúdo cético em relação à
autoridade da Bíblia:
Teoria do ditado verbal: entende a inspiração como se o
texto bíblico tivesse sido verbalmente ditado por Deus aos escritores da
Bíblia.
Teoria da inspiração natural: argumenta que a Bíblia foi
apenas escrita por homens dotados de gênio e força intelectual especiais,
negando-se a ação sobrenatural de Deus.
Teoria da inspiração das ideias: defende que Deus teria
inspirado as ideias da Bíblia, mas não as suas palavras; estas teriam ficado a
cargo dos escritores.
2.2. Teoria coerente
O modo correto de
entender a inspiração da Bíblia é expresso pela teoria verbal e plenária, a
qual esclarece que todas as palavras da Escritura bem como os livros e os
processos de transmissão são inspirados por Deus.
3. O PODER DAS ESCRITURAS
Esdras descreve três fatos sobre a autoridade e o poder das
Escrituras em favor do povo de Deus.
3.1. A Lei é ouvida
Esdras desempenha a
atividade sacerdotal, com a responsabilidade de ler a Lei e ensiná-la
criteriosamente aos israelitas (Ne 8.1-6).
Merece destaque o fato de o pedido para ouvir a Lei, vir do
povo. Todos queriam entendê-la (Ne 8.1).
3.2. A reverência do povo
O poder da Palavra provocou nos que a ouviam a consciência
do pecado com profundo arrependimento (Ne 8.9). Certamente a Bíblia continua a
ser autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem ser
aferidas a doutrina e a conduta dos homens, exercendo os mesmo efeito sobre o
povo de Deus, hoje (Sl 19.7-9; Is 8.20).
3.3. Adoração consciente
Esdras louvou o Senhor, isto é, identificou-o como fonte de
bênçãos para o povo (Ne 8.6a; Sl 103.1). O povo respondeu amém e levantou as
mãos, indicando concordância com Esdras na oração. Então, os judeus inclinaram
a cabeça e adoraram ao Senhor com o rosto em terra, um ato de submissão
voluntária ao seu Criador.
CONCLUSÃO
Precisamos sempre estar dispostos à transformação e ao
aperfeiçoamento proporcionados pelo conhecimento bíblico, a fim de que sejamos,
cada dia, mais parecidos com Jesus. Portanto, não nos esqueçamos da leitura e
meditação nas Escrituras, pois somente a Palavra de Deus pode mudar, para
melhor, o rumo de nossa existência.
Fonte:
Revista Lições da Palavra de Deus n° 58

A investigação do caráter
das Escrituras se constitui num esforço no sentido de descobrir a verdadeira
base da sua autoridade. As Escrituras do Antigo e Novo Testamento formam um
cânon devido ao fato de que estas são pala¬vras ou oráculos autorizados. A
autoridade das Escrituras é inerente, sendo como é, nada menos que um edito
impe¬rial: “Assim diz o Senhor”.
Bases da Autoridade das Escrituras
O mundo moderno, que se
encontra vacilante entre a influência desmoralizadora dos ideais satânicos e
das filo¬sofias de homens sem Deus não aprecia nem respeita a Bíblia. Podemos
dizer, porém, que até mesmo essa mani¬festa hostilidade que o mundo tem para
com a Bíblia, se constitui, dalgum modo, numa prova do caráter sobrena¬tural
dela, positivamente analisado é uma prova insofis¬mável da autoridade das
Escrituras.
a) A Bíblia Emana de Deus
Declarar das Escrituras como
elas fazem de si mes¬mas, que são de origem divina (2 Tm 3.16), é reconhecer a
autoridade suprema que só pertence a Deus e que elas procedem dire¬tamente de
Deus. Isto significa que, em seu caráter plenário, as Escrituras são, em sua
totalidade, a Palavra de Deus. Elas possuem a peculiaridade indiscutível de ser
nada menos que o decreto real divino – “Assim diz o Se¬nhor”.
b) A Bíblia foi Escrita por Homens Escolhidos
Este aspecto da autoridade
bíblica está estranhavelmente relacionada com o fato de que a mensagem que
es¬ses homens escolhidos receberam e registraram, era inspirada por Deus (2
Pd1. 20,21). A contribuição específica que isto dá ao estudo da autoridade
bíblica é que garante que a partici¬pação humana na autoria da Bíblia não afeta
em nada a perfeição e valor infinito da mensagem divina através do Livro
Sagrado. As Escrituras são inerrantes, acima de tu¬do, porque procedem de
Deus.Prova evidente de que a autoridade da Bíblia inde¬pende dos homens
inspirados que a escreveram, reside no fato de que mesmo aqueles livros cujos
nomes dos autores são ignorados, são inspirados por Deus tanto quanto os
de¬mais que compõem o cânon sagrado.
c) A Bíblia foi Crida Pelos que a Receberam
No caso do Antigo
Testamento, a congregação de Is¬rael, sob a liderança de seus anciãos, reis,
sacerdotes e pro¬fetas, deu sua aprovação àqueles escritos como sendo
divi¬namente inspirados e inerrantes. No caso do Novo Testa¬mento, a Igreja
primitiva deu sua sanção aos escritos aí contidos, completando, assim, o cânon
das Escrituras. Sem terem consciência, tanto num caso como no outro, de que
estavam sendo usados por Deus para realizar um obje¬tivo tão importante
aprovaram o cânon da Bíblia como algo de singular valor para todos os homens,
em todos os lugares e em todos os tempos.
d) A Bíblia foi Autenticada por Jesus
Os quatro Evangelhos contêm
nada menos do que trinta e cinco referências diretas do Antigo Testamento,
citadas diretamente por Jesus. Estas, como se pode notar, não apenas registram
seu testemunho no tocante ao caráter divino da inspiração plenária das
Escrituras, mas também, tomadas como um todo completam o Antigo Testamento e
certificam os aspectos plenários da sua perfeição.
Quando Cristo declarou: “Eu
sou… a verdade” (Jo 14.6). Ele estava declarando ser algo mais que a
verdadeiro. Ele se declarou como sendo a verdade no sentido em que Ele é o tema
central da Palavra da Verdade. Ele é o Amém, a testemunha Fiel e Verdadeira (Ap
1.5; 3.14; Is 55.4).
2. Os Antigos Atestaram as Escrituras
Os profetas do Antigo
Testamento foram divinamente incumbidos de transmitir ao povo os oráculos de
Deus, do mesmo modo também os escritores do Novo Testamento. Quando falava com
o apóstolo João na ilha de Patmos, o anjo disse:’’…eu sou conservo teu e de
teus irmãos, os profetas…” ( Ap 22.9). A lei mosaica designou responsabilidades específicas a
vários grupos e ofíciosdo Antigo Testamento com respeito às escrituras.
a) As Escrituras com Relação ao Povo Israelita
À congregação de Israel foi
dito: “Não acrescentarás à Palavra que vos mando, nem diminuíres dela, para que
guardais os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4.2). Está
entendido que o povo não possuía autoridade para questionar o valor da Palavra
de Deus, nada podendo aumentar ou omitir dela. Cabia-lhe apenas obedecer-lhe.
b) As Escrituras em Relação ao Rei
A obrigação do rei de Israel
para com as Escrituras era como se segue: “Será também que, quando se assentar
sobre o trono do seu reino, então escreverá para si um traslado desta lei num
livro, do que está diante dos sacerdotes levitas. E terá consigo, e nele lerá
todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, para
guardar todas as palavras desta lei, e estes estatutos, para fazê-los” (Dt
17.18,19). O rei possuía autoridade governamental para matar ou manter vivo a
quem ele quisesse, porém, em relação à Palavra de Deus ele tinha o dever de
obedecer a ela. Nesta particular, o rei em nada era superior ao mais humilde de
seus súditos.
c) As Escrituras em Relação aos Juízes
Os juízes eram mediadores em
assuntos comuns, domésticos, dentro da nação de Israel, porém se fosse trazido
perante eles algum assunto muito difícil de resolver, apelavam para o
sacerdote, que servia como suprema corte entre os juízes. O juiz era instruído
da seguinte maneira: “Quando alguma coisa te for dificultosa em juízo…então te
levantarás, e subirás ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; e virás aos
sacerdote levitas, e ao juiz que houver naqueles dias, e inquirirás, e te
anunciarão a palavra que for do juízo. E farás conforme ao mandado da palavra
que te anunciarão do lugar que escolher o Senhor; e terás cuidado de fazer
conforme a tudo que te ensinaram” (Dt 16.18-20; 17.8-12). Os juízes eram
constituídos sobre o povo para exercer o juízo conforme a Lei, conforme a
Palavra do Senhor.
d) As Escrituras em Relação aos Levitas
Aos levitas foi a custódia
das Escrituras. Deste modo eles foram instruídos a procederem da seguinte
maneira: “Tomai este livro da Lei e ponde-o ao lado da arca do concerto do
Senhor, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti ” (Dt 31.26).
e) As Escrituras em Relação aos Profetas
Aos profetas foi confiada a
sublime responsabilidade de receber e comunicar a Palavra de Deus. A prova
entre o verdadeiro e o falso profeta era tanto razoável como natural. As
instruções eram: “E se disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que
o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra
se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com
soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.
FONTE: AS GRANDES DOUTRINAS
DA BÍBLIA – RAIMUNDO DE OLIVEIRA
AULA 1 –A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS / A TRINDADE
A Bíblia é a Palavra de Deus Toda a Escritura divinamente
inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça;
para que
o homem de
Deus seja perfeito,
e perfeitamente instruído para toda a boa obra(2 Tm 3.16,17).
A palavra Bíblia não aparece
nas Escrituras. Este termo originou-se da palavra
grega biblos, nome dado
à folha de papiro
usada para a
escrita. Um pequeno rolo
de papiro era chamado biblione bíblia era o nome
dado ao
conjunto destes rolos.
Sendo assim, a palavra Bíblia significa coleção de pequenos
livros. Com o surgimento do papel, os
rolos deixaram de
ser usados e a
palavra biblos passou a
significar livro.
Ela contém sessenta
e seis livros separados de
várias formas literárias, tais como
cartas, história, narrativas, poesia épica,
canções líricas e
apocalipse, mas com um só tema. Deus
compilou este livro
durante um período de
1500 anos –desde 1400 a.C.
a 100 d.C.
Os seus quarenta autores incluíram
pastores de ovelhas, pescadores, guerreiros, sacerdotes, profetas, reis,
um médico, um estudioso e
um copeiro.
A tão
diversificada verdade bíblica
que vem impactando cada
geração e cada cultura, nação
e tribo só
poderia ter sido colocada
em conjunto pela
mão de Deus.
A Bíblia é diferente de todos os demais livros do
mundo em razão
da sua inspiração divina
(2 Pe 1.21;
Jó 32.8). Por isso,
ela é chamada
a Palavra de Deus.
O vocábulo inspirada
significa soprada para dentro, ou
seja, comunicada aos escritores
por Deus, por meio
do seu Santo
Espírito (Jo 14.26). Os
escritores da Bíblia
foram inspiradosa escrever Sua
Palavra, tocados profundamente, orientados na escolha e interpretação
dos fatos (1
Co 2.13)
(CHAVES,
Gilmar; MAGNO, Jefferson. Autoridade Espiritual. Revista
Lições da Palavra de
Deus, n.33. Rio de Janeiro:
Central Gospel, Ano 9, p.41).
1.A Bíblia é inspirada por Deus(Jr 1.9).
A Bíblia é verdadeira, porque vem de Deus (Dt 4.2,5-14).
As palavras do
Antigo e do Novo Testamento foram inspiradas
por Deus(2 Pe1.20,21).2.A Bíblia
é o guia para o viver do cristão(Sl 78.5; Dt 4.40), pois:
estabelece como os homens devem viver e desfrutar a vida(1
Rs 2.3; 1Cr 28.8; Sl 119.32);
é imprescindível para a formação do homem de Deus (Pv 2;
3.1-23);
representa a
mais alta autoridade
em todos os
assuntos para a Igreja(Sl 119.66,98; Pv 1.7).3.A Bíblia é o
livro dos pensamentos de Deus (Is 55.7-11).
Deus e Sua Palavra são um (Jo 1.1).
Deus e Sua Palavra são imutáveis (1Pedro 1.24,25;
Sl33.10,11).
A Escritura Sagrada, como a Palavra de Deus escrita, é
perfeita (Sl12.6; Sl19.7-10).
A Palavra de Deus oferece soluções para todos os problemas
da vida(Sl 111.10; Pv 8.14).4.A Palavra de Deus:
tem poder(Is 55.11; 1Co 1.18;Hb 4.12);
proporciona crescimento espiritual (1Pe 2.2);
forma discípulos de Jesus(Jo 8.31);faz-nos livres quando
nós a conhecemos (Sl 119.45);produz fé (Rm10.17);
muda o pensamento e transforma as vidas dos que nela
creem(Rm12.1,2).5.A Palavra de
Deus fornece tudo que o
cristão necessita para
desenvolvimento da vida espiritual (Mt
4.4).
A Palavra de Deus contém promessas para vida
eterna(1Pe1.3,4).
Deus se expressa através da
Sua Palavra, trabalhando no coração
e na mente dos cristãos(1 Ts2.13).
A Trindade
Portanto ide, fazei
discípulos de todas
as nações, batizando-os
em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt
28.19).A natureza divina
é uma unidade
de três pessoas. Mas como Deus
pode ser uno e trino ao mesmo tempo?
A palavra Trindade não se encontra
no texto bíblico,
no entanto a doutrina
da Trindade está revelada de
forma clara na Palavra de Deus. O nosso Deus é uno, mas também
trinitário, um único Deus que se manifesta
em três pessoas diferentes:
Pai, Filho e Espírito
Santo. Eles são
iguais em substância, porém
diferentes nas funções que exercem
(CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de Educação
Cristã. Rio de
Janeiro: Central Gospel,
2012, p.114,115)
6.Os cristãos creem num único Deus(1 Co 8.6; 1Tm 1.17).
“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”(Dt
6.4; Is 43.10-11; 44.8).
Há somente um Deus
verdadeiro. Todos os outros deuses e ídolos são falsos(Lv 26.1; Dt 32.21).
7.Um
Deus que se expressa em três pessoas distintas(2Co 13.13).
No tempo da criação,Deus disse:“Façamos...” (Gn1.26).
Deus refere-se a si mesmo no plural(Gn11.6,7; Is 6.8).
A Trindade inclui: Deus, o Pai; Deus, o Filho; Deus, o
Espírito Santo (Mt28.19).
As três pessoas divinas presentes de forma distinta
(Lc3.22). 8.A Bíblia refere-se a cada uma das três pessoas da Trindade como
Deus(Jd 20,21).
Deus é Deus (Êx 3.14).Jesus é Deus (Jo1.1,14; 14.6-11; Is
9.6).O Espírito Santo é Deus (At 5.3,4).
Texto 1-Quão verdadeira é a Bíblia?
Desde o início da Igreja cristã até boa parte do século 18,
a grande maioria dos cristãos de
todas as denominações reconhecia
que as Escrituras
do Antigo e
do Novo Testamento eram
unicamente a Palavra de Deus.
Nesses livros Deus fala. E porque Deus fala nas Escrituras
–como não faz em nenhum outro lugar da mesma forma –todos os que alegavam ser
cristãos reconheciam a Bíblia como uma autoridade divina trazendo a todos um
conjunto de verdades objetivas que transcendem a compreensão subjetiva.
Nesses livros, os
atos de salvação
de Deus na
história são revelados
a nós para
que
possamos crer. E
os eventos dessa
história são divinamente
interpretados para que homens e mulheres possam entender o
evangelho e responder a ele com inteligência, tanto em
pensamentos como em
ações. A Bíblia
é a Palavra
de Deus escrita.
Como a Bíblia é a Palavra
de Deus, as
Escrituras do Antigo
e do Novo
Testamento têm autoridade e não
falham.
A visão dos primeiros 16 séculos Há muitas
declarações que substanciam
a existência desta
visão estimada das Escrituras nos documentos da Igreja
primitiva.
Ireneu, que vivera
em Lyon no
início do segundo
século [em Contra
Heresias, II, xxvii, 1ª
edição 1885], escreveu
que “deveríamos estar
plenamente convencidos de
que as Escrituras são de fato
perfeitas, uma vez que foram ditas pela Palavra de Deus e de Seu
Espírito”(Roberts e Donaldson, p. 399).
Cirilo de Jerusalém, que viveu no quarto século,
disse:Nem mesmo uma
declaração casual pode
ser feita sem
as Escrituras Sagradas; nem devemos ser levados para outro
lado por meras possibilidades e artifícios do discurso [...]
Porque essa salvação
na qual cremos
não depende de
argumentos ingênuos, porém da demonstração das Sagradas Escrituras.
(Schaff e Wace, 1893, p. 23)
Em carta a Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, Agostinho
revelou:
Eu [...] acredito
com firmeza que
nenhum desses autores
errou ao escrever qualquer coisa
que fosse. Se
porventura encontro algo
nesses livros que
pareça contrário à verdade, decido
que o texto
é ora corrompido,
ora o tradutor
não seguiu o que
realmente foi dito,
ou que eu
falhei ao entender
[...] Os livros canônicos são livres de falsidade.
(Pais da Igreja, 1951, p. 392, 409)
E em seu tratado Sobre a Trindade, Agostinho advertiu:
Não se
disponham a render-se
a meus escritos
como às Escrituras
canônicas; porém nessas, quando vós tiverdes descoberto até mesmo o que
vós outrora não críeis, crede sem hesitação. (Schaff, 1887, p. 56)
A mesma posição é mantida por Lutero. Alguns consideram que
a referência de Lutero à Bíblia como “o berço de Cristo” provaria que ele
acreditava numa revelação na Bíblia, não numa idêntica a ela, e que ele tinha
as Escrituras em menor estima do que o Cristo da qual
ela falava. Para
alguns, isso significaria
que nem toda
a Bíblia é
a Palavra de Deus. Contudo, isso não é correto.
A expressão de
Lutero, o berço
de Cristo, ocorre
no fim do
terceiro parágrafo de seu
Prefácio ao Antigo
Testamento. E ali,
como o falecido
estudioso luterano J. Theodore Mueller demonstrou,
Lutero estava na
verdade defendendo o
valor do Antigo Testamento para
os cristãos. Longe
de estar condenando
as Escrituras, Lutero
estava na verdade preocupado
em “expressar sua
mais reverente estima
às Escrituras Sagradas,que
oferecem aos homens a bênção suprema da salvação eterna em Cristo”
(Cristianismo hoje, 24/10/1960, p. 11).
O próprio Lutero disse em seu Prefácio ao Antigo Testamento:
Rogo e
de forma verdadeira
exorto que cada
Cristão piedoso não
seja ofendido pela
simplicidade da linguagem
e das histórias
que encontrará aqui
no Antigo Testamento. Permita que
ele não duvide
que, por mais
simples que possam
parecer, são as
próprias palavras, obras, julgamentos
e atos da
grande majestade, poder
e sabedoria de
Deus. (Plass, 1959, p. 71)
Em Aquelas doutrinas de homens que devem ser rejeitadas,
Lutero afirmou:
As escrituras, embora tenham sido também escritas por
homens, não são de homens nem vêm de homens, mas de Deus. (Plass, 1959, p. 63)
Em Conversa de mesa, Lutero assinalou que: Precisamos
diferenciar muito bem a Palavra de Deus da palavra de homens. A palavra do
homem é
um pequeno som,
que ecoa pelo
ar, e logo
se esvai, entretanto
a Palavra de Deus é maior que os céus e a terra, sim,
maior que a morte e o inferno, pois faz parte do poder de Deus, e perdura para
sempre. (Kerr, 1943, p. 10)
Em alguns momentos, Calvino é ainda mais direto. Comentando
sobre 2 Timóteo 3.16, o reformista de Genebra afirmou:
Esse é o princípio que distingue nossa religião de todas as
outras, pois sabemos que Deus falou
conosco e estamos
totalmente convencidos de
que os profetas
não falaram de si
mesmos, todavia por
intermédio do Espírito
Santo, pronunciavam apenas
aquilo que haviam sido
comissionados para declarar.
Todos aqueles que
desejam beneficiar-se das Escrituras precisam
primeiro aceitá-las como
princípio estabelecido, a
Lei e os ensinamentos dos profetas não são
transmitidos ao bel-prazer de homens, ou elaborados a partir
de doutrinas terrenas,
foram escritos por
homens, contudo inspiradas
pelo Espírito Santo. Devemos
às Escrituras a
mesma reverência que
devemos a Deus,
uma vez que
Ele é sua única fonte e não há nada de origem humana
misturado a elas. (Calvino, 1964, p. 330)
Em seus comentários
de Salmos, Calvino
falou da Bíblia
como aquela regra certa
e infalível(Sl 5.11). Em Um catecismo romano, John Wesley disse algo
parecido:
A Escritura é,
por isso, regra
suficiente em si
mesma, e foi
por homens divinamente inspirados ao mesmo tempo entregue
ao mundo. (Wesley, 1872, p. 90).Se houver erros na Bíblia, pode ser que haja
milhares. Se houver falsidade nesse Livro, não veio do Deus da verdade.
(Wesley, 1872, p.82)
Nos séculos 16 e 17, a glória de Cristo resplandecia em
todos os cristãos, em diversos lugares, apesar das diferenças do entendimento
sobre teologia ou em questões sobre a
Igreja.Naquela época, os
cristãos eram fiéis
às verdades bíblicas.
As Sagradas Escrituras eram
autoridade suprema e
inerrante em todos
os aspectos para
os seguidores de Cristo.
A Palavra podia
ser negligenciada e
até contestada, havendo discordância sobre
o que o
Livro realmente ensinava,
no entanto, mesmo
assim, a Bíblia era
aceita comoa Palavra
de Deus. E
essa era a
única regra de
fé e prática infalível dos cristãos.
BOICE, James Montogomery.Fundamentos da fé cristã. Rio de
Janeiro: Central Gospel, 2011, p.62-64.
Texto 2 -A inspiração divina
A inspiração divina
desempenhou um papel
ativo no recebimento
e registro da revelação
pelos escritores bíblicos
da antiguidade. Muito
embora não possamos explicar adequadamente o método e o
processo de inspiração, as Escrituras testificam que Deus
teve participação ativa
em seu processo
de escrita (2
Tm 3.16,17; 2 Pe
1.20,21).
Alguns cristãos entendem a inspiração como se o texto
bíblico tivesse sido ditado por Deus
aos escritores da
Bíblia (teoria da
inspiração ditada). Teólogos
evangélicos wesleyanos reconhecem o envolvimento ativo do Espírito Santo
no processo de escrita das Escrituras (teoria da inspiração dinâmica).
O Espírito Santo preparou os escritores bíblicos para
receber e comunicar a revelação. Os escritores bíblicos receberam
entendimento especial em
relação às atividades
de Deus na História,
as quais eles
interpretaram aos olhos
de suas tradições
de fé e comunicaram-nas por meio da escrita.
A teoria dinâmica se concentra no real envolvimento do
Espírito de Deus na vida e na obra desses escritores. Uma vez que o Espírito
Santo é o Agente ativo na comunicação da
revelação por meio
das Escrituras, precisamos
submeter-nos à autoridade
e à direção do Espírito para o
entendimento correto da Palavra de Deus.VARUGHESE, Alex. Descobrindo a Bíblia.
Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 26
FONTE: PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL
GOSPEL
Capítulo I: As Escrituras
"O céu e a terra
passarão, mas as minhas palavras não hão de
passar" (Mat. 24:35).
"Seca-se a erva, e caem
as flores, porém a palavra de nosso
Deus subsiste
eternamente" (Isa. 40:8).
"Quem destruísse este
Livro, como já tentaram fazer os inimigos da felicidade humana, nos
deixaria profundamente desconhecedores do nosso Criador, da criação do
mundo que habitamos, da origem e dos progenitores da raça, como também do
nosso futuro destino, e nos subordinaria para sempre ao domínio do
capricho, das dúvidas e da concepção visionária. A destruição deste Livro
nos privaria da religião cristã, com todos os seus confortos
espirituais, esperanças e perspectivas animadoras, e no lugar desses, nada
nos deixaria a não ser a penumbra triste da infidelidade e
as monstruosas sombras do paganismo. A destruição deste
Livro despovoaria o céu, fechando para sempre suas portas contra
a miserável posteridade de Adão, restaurando ao rei dos terrores
o seu aguilhão; enterraria no mesmo túmulo que recebe os
nossos corpos, todos os que antes de nós morreram, e deixando a nós
o mesmo triste destino. Enfim, a destruição deste Livro nos roubaria
de uma vez tudo quanto evita que a nossa existência se tome a maior das
maldições; cobriria o sol; secaria o oceano e removeria a atmosfera do
mundo moral, e degradaria o homem a ponto de ele ter ciúmes da posição dos
próprios animais."
I. A necessidade das Escrituras
"Que é a verdade?"
perguntou Pilatos, e o tom de sua voz inferiu que em vão se buscaria essa
qualidade.
Se não houvesse um meio de
chegar ao conhecimento de Deus, do homem e do mundo, Pilatos então teria
razão.
Mas não há razão de andar às
apalpadelas nas dúvidas e no ceticismo, porque existe um livro — as
Sagradas Escrituras — que "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé
que há em Cristo Jesus" (2 Tim. 3:15).
1. Essa revelação é desejável.
O Deus que criou o universo
só pode ser um Deus sábio, e um Deus sábio certamente terá um propósito para
suas criaturas. Negligenciar esse propósito é loucura e contrariá-lo
constitui pecado. "Mas, como se verifica com certeza o propósito
divino? A história prova que os homens chegam a conclusões muito diversas
e muitas pessoas não chegam a conclusão nenhuma! A experiência demonstra que esse problema
não se resolve somente pelos estudos. Alguns não dispõem de tempo suficiente, e
outros, ainda que tenham o desejo, não possuem a habilidade; mesmo que
alcançassem êxito, suas conclusões seriam alcançadas lentamente e com
grande desconfiança. Os sábios são capazes de levantar escadas de pensamentos
no esforço de alcançarem as verdades celestiais, mas a escada
mais elevada ainda estaria muito aquém da necessidade. "O mundo
pela sabedoria (filosofia) não conheceu a Deus." As verdades
que informam o homem como passar da terra para o céu devem
ser enviadas do céu à terra. Em outras palavras, o homem precisa de
uma revelação.
2. Essa revelação é de se esperar.
A natureza é a revelação de
Deus que se alcança pela razão. Mas quando o homem está algemado pelos
seus pecados e sobrecarregada a alma, a natureza e a razão são impotentes
para esclarecer e aliviar a situação. Vamos permitir que os homens da
razão testifiquem. Disse Kant, um dos maiores pensadores de todos
os tempos, acerca dos cristãos: "Fazem bem em basear a sua paz
e piedade nos Evangelhos porque somente neles está a fonte
das verdades profundas e espirituais, depois de a razão haver explorado em
vão todas as possibilidades." Outro físico de renome, Hegel, quando
estava no leito de morte, não permitiu que se lesse nenhum outro livro para ele
a não ser a Bíblia. Ele disse que no caso de se prolongar a sua vida ele
faria desse Livro o seu único estudo, pois nele encontrara o que a razão não
lhe pudera proporcionar.
Se existe um bom Deus, como
cremos, é razoável crer que ele conceda às suas criaturas uma revelação
pessoal de si mesmo. Assim escreveu David S. Clarke:" não podemos
crer que um pai se oculte para sempre de seu filho, sem nunca se comunicar
com ele. Nem tampouco podemos imaginar um Deus que retivesse o
conhecimento do seu ser e de sua vontade, ocultando-o às suas criaturas
que ele criara à sua própria imagem.
Deus fez o homem capaz e
desejoso de conhecer a realidade das coisas. Será que ele ocultaria uma
revelação que satisfizesse esse anelo? A mitologia egípcia antiga conta a
história da fabulosa Esfinge que propunha enigmas aos transeuntes e como
os matava quando não lhe podiam decifrá-los. Não é de crer que um
Deus amoroso e sábio permita que o homem pereça por falta de conhecimento,
perplexo diante do enigma do universo.E o Dr. Hodges escreve: "A
inteligência divina nos leva a crer que Deus tenha adaptado os meios ao
fim, e que ele, enfim, coroará essa natureza religiosa com uma religião
sobrenatural. A benevolência de Deus nos conduz a esperar que ele
solucione a grave perplexidade e evite o perigo para as suas criaturas. A
justiça de Deus nos conduz à esperança de que falará ele em tons claros e
com autoridade à nossa consciência."
3. Essa revelação deveria estar em forma
escrita.
É razoável que sua mensagem
tomasse forma de livro. Como disse o Dr. Keyser: "Os livros
representam o melhor meio de preservar a verdade em sua integridade e
transmiti-la de geração a geração. A memória e a tradição não merecem
confiança. Portanto, Deus agiu com a máxima sabedoria e também dum modo
normal dando ao homem a sua revelação em forma de livro. De nenhuma outra
maneira, pelo que podemos ver, podia ter ele entregue aos homens um
ideal infalível que estivesse acessível a todos os homens e que continuasse
intacto através dos séculos e do qual todos os povos pudessem obter a
mesma norma de fé e prática."
É razoável concluir que Deus
inspirasse os seus servos a arquivarem essas verdades, verdades que não
poderiam ser descortinadas pela razão humana. E, finalmente, é razoável
crer que Deus tivesse preservado, por sua providência, os manuscritos das
escrituras bíblicas e que tivesse influenciado a sua igreja a incluir no
cânon sagrado somente os livros que fossem divinamente inspirados.
II. A inspiração das Escrituras
É possível que haja uma
religião divina sem uma literatura inspirada. O professor Francis L.
Patton observa: Se o simples testemunho histórico prova que Jesus operou
milagres, pronunciou profecias e proclamou a sua divindade — se pode ser
demonstrado que ele foi crucificado para redimir os pecadores, e que
foi ressuscitado dentre os mortos e que fez com que o destino
dos homens dependesse de aceitá-lo como o seu Salvador então, sejam
inspirados ou não os registros, aí daquele que descuidar de tão grande
salvação."
Todavia, não tomaremos mais
tempo com isso, pois não existe nenhuma dúvida quanto à inspiração da
Bíblia. "Toda a Escritura é divinamente inspirada"
(1iteralmente: "é dada pelo sopro de Deus"), declara Paulo. (2
Tim. 3:16.) "Porque a profecia não foi antigamente produzida por
vontade de homem algum", escreve Pedro, "mas os homens santos de Deus
falaram, inspirados pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21).
Assim define Webster a
inspiração: "A influência sobrenatural do Espírito de Deus sobre a
mente humana, pela qual os profetas, apóstolos e escritores sacros foram
habilitados para exporem a verdade divina sem nenhuma mistura de
erro."
Segundo o Dr. Gaussen,
"é o poder inexplicável que o Espírito Divino exerce sobre os autores
das Escrituras, em guiá-los até mesmo no emprego correto das palavras e em
preservá-los de todo erro, bem como de qualquer omissão".
Assim escreveu o Dr. William
Evans: "A inspiração divina, como é definida por Paulo nesta passagem
(2 Tim. 3:16), é a forte inspiração espiritual de Deus sobre os homens,
capacitando-os a expressarem a verdade; é Deus falando pelos homens, e,
por conseguinte, o Antigo Testamento é a Palavra de Deus. é como se o
próprio Deus houvesse falado cada palavra do livro. As Escrituras são o
resultado da divina inspiração espiritual, da mesma maneira em que o falar
humano é efetuado pela respiração pela boca do homem." Podemos dizer
que a declaração de Pedro revela que o Espírito Santo estava presente duma
maneira especial e milagrosa sobre os escritores das Escrituras,
revelando-lhes as verdades que antes não conheciam e guiando-os também no
registro dessas verdades e dos acontecimentos, dos quais eram
testemunhas oculares, de maneira que as pudessem apresentar com exatidão substancial
ao conhecimento de outrem.
Alguém poderia julgar, pela
leitura dos vários credos do Cristianismo, tratar-se de assunto bastante
complexo, cheio de enigmas teológicos e tumultuado por definições
obscuras. Mas esse não é o caso. As doutrinas no Novo Testamento,
como originalmente expostas, são simples e se podem definir de
maneira simples. Mas, com o passar dos tempos, a igreja teve de
enfrentar doutrinas e opiniões erradas e defeituosas e, por conseguinte,
se viu obrigada a cercar as doutrinas certas e protegê-las
com definições. Deste processo de definições exatas e
detalhadas surgiram os credos. As declarações doutrinárias ocuparam uma
parte importante e necessária na vida da igreja, e
constituíram impedimento a seu progresso unicamente quando uma aquiescência formal
a essas doutrinas veio substituir a viva fé.
A doutrina da inspiração,
como é apresentada na Palavra, é relativamente simples, mas o surgimento
de idéias errôneas criou a necessidade de proteger a doutrina certa com
definições completas e detalhadas. Contra certas teorias, é
necessário afirmar que a inspiração das Escrituras é a seguinte:
1. Divina e não apenas humana.
O modernista identifica a
inspiração das Escrituras Sagradas com o mesmo esclarecimento espiritual e
sabedoria de que foram dotados tais homens como: Platão, Sócrates,
Browning, Shakespeare e outros gênios do mundo literário, filosófico e
religioso. A inspiração, dessa forma, seria considerada apenas uma coisa
puramente natural. Essa teoria rouba à palavra inspiração todo o seu significado e não combina, em absoluto,
com o caráter sobrenatural e único da Bíblia.
2. Única e não comum.
Alguns confundem a inspiração
com o esclarecimento. Refere-se à influência do Espírito Santo, comum a
todos os cristãos, influência que os ajuda a compreender as coisas de Deus. (1
Cor. 2:4; Mat. 16:17.) Eles mantêm a opinião de que esse esclarecimento
espiritual seja a explicação adequada sobre a origem da Bíblia. Existe uma
faculdade nos homens, assim ensinam eles, pela qual se pode conhecer a Deus
— uma espécie de olho da sua alma. Quando os homens piedosos da antiguidade
meditavam em Deus, o Espírito Divino vivificava essa faculdade, dando-lhes
esclarecimentos dos mistérios divinos.
Tal esclarecimento é
prometido aos crentes e tem sido experimentado por eles. Mas este
esclarecimento não é o mesmo que inspiração. Sabemos, segundo está escrito em
1Ped. 1:10-12, que às vezes os profetas recebiam verdades por inspiração e
lhes era negado esclarecimento necessário à sua compreensão dessas mesmas verdades.
O Espírito Santo inspirou-lhes as palavras mas não achou por bem
conceder-lhes a compreensão do seu significado. Descreve-se Caifás como sendo o
veículo duma mensagem inspirada (se bem que o foi inconscientemente), apesar de
não estar ele pensando em Deus. Nesse momento ele foi inspirado mas
não esclarecido. (João 11:49-52.)
Notemos duas diferenças
especificas entre o esclarecimento e a inspiração:
1) Quanto à duração, o
esclarecimento é, ou pode ser, permanente. "Porém a vereda dos justos é
como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito" (Prov. 4:18). A unção que o crente recebeu do Espírito Santo
permanece nele, diz o apóstolo João (1 João 2:20-27). Por outro lado, a
inspiração também era intermitente; o profeta não podia profetizar à
vontade, porém estava sujeito à vontade do Espírito. "Porque a profecia
não foi antigamente produzida por vontade de homem algum", declara
Pedro, "mas os homens santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito
Santo" (2 Pedro 1:21). Que a inspiração profética
viesse repentinamente está implícita na expressão comum: "A palavra
do Senhor veio" a este ou àquele profeta. Uma distinção clara se
faz entre os verdadeiros profetas, que profetizam unicamente
quando lhes vem a palavra do Senhor, e os profetas falsos que proferem
uma mensagem de sua própria invenção. (Jer. 14:14; 23:11, 16; Ezeq. 13:2,
3.)
2) O esclarecimento admite a
graduação, enquanto a inspiração não admite graduação alguma. Varia de pessoa
para pessoa o grau de esclarecimento, mas no caso da inspiração, no
sentido bíblico, a pessoa ou recebeu ou não recebeu a inspiração.
3. Viva e não mecânica.
A inspiração não significa
ditado, no sentido de que os escritores fossem passivos, sem que tomassem
parte as suas faculdades no registro da mensagem, embora sejam algumas
porções das Escrituras ditadas, como por exemplo os Dez Mandamentos e a
Oração Dominical. A própria palavra inspiração exclui o sentido de
ação meramente mecânica, e a ação mecânica exclui qualquer sentido
de inspiração. Por exemplo, um homem de negócios não inspira sua
secretária ao ditar-lhe as cartas. Deus não falou pelos homens como quem fala
por um alto falante. Antes seu Divino Espírito usou as suas faculdades
mentais, produzindo desta maneira uma mensagem perfeitamente divina, e
que, ao mesmo tempo, conservasse os traços da personalidade do autor.
Embora seja a Palavra do Senhor, é ao mesmo tempo, em certo sentido, a
palavra de Moisés, ou de Paulo.
"Deus nada fez a não ser
pelo homem; o homem nada fez, a não ser por Deus. é Deus quem fala no
homem, é Deus quem fala pelo homem, é Deus quem fala como homem, é Deus
quem fala a favor do homem."
O fato de haver cooperação
divina e humana na produção duma mensagem inspirada é bastante conhecido;
mas "como" se processa esta cooperação é mais difícil de explicar. Se
o entrosamento de mente e corpo já é um mistério demasiado grande, mesmo
para o homem mais sábio; quanto mais não é o entrosamento do Espírito de
Deus e o espírito do homem!
4. Completa e não somente parcial.
Segundo a teoria da
inspiração parcial, os escritores seriam preservados do erro em questões
necessárias à salvação dos homens, mas não em outras matérias como sejam:
história, ciência, cronologia e outras semelhantes. Portanto, segundo essa opinião,
seria mais correto dizer que "A Bíblia contém a Palavra, em lugar de
dizer que é a Palavra de Deus".
Essa teoria nos submergiria
num pântano de incertezas, pois quem pode, sem equívoco, julgar o que é e
o que não é essencial à salvação? Onde está a autoridade infalível que
decida qual parte é a Palavra de Deus e qual não o é? E se a história da
Bíblia é falha, então a doutrina também o é, porque a doutrina bíblica
se baseia na história bíblica. Finalmente, as Escrituras
mesmas reivindicam para si a inspiração plenária. Cristo e seus apóstolos
aplicaram o termo "Palavra de Deus" a todo o Antigo Testamento.
5. Verbal e não apenas de conceitos.
Segundo outra teoria, Deus
inspirou os pensamentos mas não as palavras dos escritores. Isto é, Deus
inspirou os homens, e deixou ao critério deles a seleção das palavras e das
expressões. Mas a ênfase bíblica não está nos homens inspirados, mas sim
nas palavras inspiradas. "Havendo antigamente falado aos pais pelos
profetas" (Heb. 1:1). "Homens santos de Deus falaram inspirados
pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21). Ainda mais, é difícil separar a
palavra do pensamento; um pensamento é uma palavra antes de ser ela
proferida. ("não comeceis a dizer em vossos corações"; "o
tolo disse em seu coração"); uma palavra é um pensamento ao qual se
deu expressão. Pensamentos divinamente inspirados naturalmente teriam sua
expressão em palavras divinamente inspiradas. Paulo nos fala de
"palavras ensinadas pelo Espírito" (1Cor. 2:13). Finalmente, uma
simples palavra é citada como sendo o fundamento de doutrinas básicas.
(João 10:35; Mat. 22:42-45; Gál. 3:16; Heb. 12:26, 27.)
Precisamos fazer distinção
também entre a revelação e a inspiração. Por revelação queremos dizer aquele
ato de Deus pelo qual ele dá a conhecer o que o homem por si mesmo não
podia saber; por inspiração queremos dizer que o escritor é preservado de
qualquer erro ao escrever essa revelação. Por exemplo, os Dez
Mandamentos foram revelados, e Moisés foi inspirado ao registrá-los
no Pentateuco.
A inspiração nem sempre
implica revelação; por exemplo, Moisés foi inspirado a registrar eventos
que ele mesmo havia presenciado e que dessa maneira estavam dentro do
âmbito do seu próprio conhecimento.Distingamos também entre as
palavras inspiradas e os registros inspirados. Por exemplo, muitos dizeres
de Satanás são registrados nas Escrituras e sabemos que o diabo certamente
não foi inspirado por Deus ao proferi-los; mas o registro dessas
expressões satânicas foi inspirado.
III. A verificação das Escrituras
1. Elas reivindicam inspiração.
O Antigo Testamento
declara-se escrito sob uma inspiração especial de Deus. A expressão "e Deus
disse", ou equivalente, é usada mais de 2.600 vezes. A história, a lei, os
salmos e as profecias são declarados escritos por homens sob inspiração
especial de Deus. (Vide Êxo. 24:4; 34:28; Jos, 3:9; 2 Reis 17:13; Isa.34:16;
59:21; Zac. 7:12; Sal. 78:1; Prov. 6:23.) Cristo mesmo sancionou o Antigo
Testamento, citou-o e viveu em harmonia com os seus ensinos. Ele aprovou a
sua veracidade e autoridade (Mat. 5:18; João 10:35; Luc. 18:31-33; 24:25, 44;
Mat.23:1, 2; 26:54). E o mesmo fizeram os apóstolos. (Luc. 3:4; Rom. 3:2; 2
Tim. 3:16; Heb. 1:1; 2 Pedro 1:21; 3:2; Atos 1:16; 3:18; l Cor. 2:9-16.)
Arroga-se o Novo Testamento
uma inspiração semelhante? Quanto à inspiração dos Evangelhos é garantida
pela promessa de Cristo de que o Espírito traria à mente dos apóstolos
todas as coisas que ele lhes havia ensinado, e que o mesmo Espírito os
guiaria em toda verdade. Em todo o Novo Testamento ele se declara uma
revelação mais completa e clara de Deus do que aquela dada no
Antigo Testamento, e com absoluta autoridade declara a ab-rogação
das leis antigas. Portanto, se o Antigo Testamento é inspirado,
a mesma inspiração deve ter o Novo. Parece que Pedro procura colocar
as epístolas de Paulo no mesmo nível dos livros do Antigo Testamento, (2
Ped. 3:15,16), e Paulo e os demais apóstolos afirmam falar com a
autoridade divina, (1 Cor. 2:13; 14:31; 1Tess. 2:13; 4:2; 2 Ped. 3:2; l João
1:5; Apoc. 1:1.)
2. Dão a impressão de serem inspiradas.
As Escrituras se dizem
inspiradas; um exame delas revelará o fato de que seu caráter sustenta
essa posição. A Bíblia, ao se apresentar em juízo, o faz com bom
testemunho! Quanto a seus autores, foi ela escrita por homens cuja honestidade
e integridade não podem ser postas em dúvida; quanto ao seu conteúdo, há nele a
mais sublime revelação de Deus ao mundo; quanto à influência, tem trazido a luz
salvadora às nações e indivíduos, e possui um poder infalível para guiar
os homens a Deus e transformar-lhes o caráter; quanto à sua autoridade,
desempenha o papel dum tribunal supremo em assuntos religiosos, de maneira
que até mesmo os cultos falsos são obrigados a citar suas palavras para
poderem impressionar o público.
Falam sobre coisas
especificas. Notemos:
1) Sua exatidão. Nota-se a
ausência total dos absurdos que se encontram em outros livros "sagrados".
não lemos, por exemplo, que a terra saísse dum ovo, tendo transcorrido
certo número de anos para a sua incubação, descansando ele sobre uma tartaruga;
a terra rodeada por sete mares de água salgada, suco de cana, bebidas alcoólicas, manteiga
pura, leite coalhado, etc. Escreve o Dr. D. S. Clarke: "Há uma diferença
insondável entre a Bíblia e qualquer outro livro. Essa diferença deve-se à sua
origem."
2) Sua unidade.
Contendo sessenta e seis livros, escritos por uns quarenta
diferentes autores, num período de mais ou menos mil e seiscentos
anos, abrangendo uma variedade de tópicos, ela, no entanto,
demonstra uma unidade de tema e propósito que só se explica como tendo
ela uma mente diretriz.
3) Quantos livros suportam
serem lidos mesmo duas vezes? Mas a Bíblia pode ser lida centenas de vezes
sem se poder sondar suas profundezas ou sem que se perca o
interesse do leitor.
4) A sua assombrosa
circulação, estando já traduzida em milhares de idiomas e dialetos, e lida em
todos os países do mundo.
5) O tempo não a afeta. é um
dos livros mais antigos do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. A alma
humana nunca a pode dispensar. O pão é um dos alimentos mais antigos,
e ao mesmo tempo o mais moderno. Enquanto os homens tiverem
fome, desejarão o pão para o corpo; e enquanto anelarem por Deus e
as coisas eternas, desejarão a Bíblia.
6) Sua admirável preservação
em face de perseguição e a oposição da ciência. "Os martelos se
gastam mas a bigorna permanece."
3. Sente-se que são inspiradas.
"Mas será que você crê
naquele livro?" disse um professor de um colégio de Nova York a uma
aluna que havia assistido às classes bíblicas. "Oh, sim," ela
respondeu; "acontece que conheço pessoalmente o Autor." Ela declarou
a mais ponderável razão de crer na Bíblia como a Palavra de Deus; a saber,
o seu apelo ao nosso conhecimento pessoal, falando em tom que nos faz sentir
sua origem divina.
A Igreja Romana assevera que
a origem divina das Escrituras depende, em última análise, do testemunho
da igreja, a qual se considera o guia infalível em todas as questões de fé e
prática. "Como se a verdade eterna e inviolável de Deus dependesse do
juízo do homem!" declarou João Calvino, o grande Reformador.
Ainda, declarou ele:
Assevera-se que a igreja decide qual a reverência que se deve às
Escrituras, e quais os livros que devem ser incluídos no cânone sagrado.
Esta interrogação: "Como saberemos que vieram de Deus as Escrituras, a não
ser que haja uma decisão da igreja?" é tão tola quanto a seguinte
pergunta:"como discerniremos a luz das trevas, o branco do negro, o amargo
do doce?"O testemunho do Espírito é superior a todos os argumentos.
Deus, na sua Palavra, é a
única testemunha fidedigna concernente a si mesmo: da mesma maneira a sua
Palavra não achará crença verdadeira nos corações dos homens enquanto não for
selada pelo testemunho do seu Espírito. O mesmo Espírito que falou pelos
profetas deve entrar em nossos corações para convencer-nos de que esses
profetas fielmente entregaram a mensagem que Deus lhes confiara. (Isa. 59:21.)
Que este então seja um
assunto resolvido: aqueles que são ensinados internamente pelo Espírito Santo
depositam confiança firme nas Escrituras; que as Escrituras são a sua própria
evidência; que elas não podem legalmente estar sujeitas às provas e aos
argumentos, mas sim que obtenham, pelo testemunho do Espírito, a confiança que
merecem.
Sendo assim, por que aduzimos
evidências externas da exatidão das Escrituras e de seu merecimento geral?
Fazemos isto primeiramente, não para poder crer que são certas, mas sim porque sentimos
que são certas; em segundo lugar, é natural motivo de alegria poder apontar
evidências externas das coisas que cremos no coração; finalmente, estas provas
servem de veiculo e receptáculo, por assim dizer, pelos quais podemos expressar
em palavras a nossa convicção íntima, e dessa maneira "estando sempre
preparados para responder a qualquer que vos pedir a razão da esperança
que há em vos" (1 Ped. 3:15).
4. Provam ser inspiradas.
O Dr. Eugene Stock disse:
Quando em menino, li uma história que me mostrou os diferentes meios pelos
quais podemos ter certeza de que esta grande biblioteca de Livros
Sagrados, a que chamamos bíblia, é realmente a Palavra de Deus, e sua
revelação aos homens.
O escritor da história havia
explicado três classes de evidências — a histórica, a interna e a experimental.
Então ele contou como certa vez enviou um menino a um químico para comprar
uns gramas de fósforo. O menino voltou com um pacotinho; seria
mesmo fósforo? O menino relatou que foi à drogaria e pediu fósforo. O químico
foi às prateleiras, tirou uma substância dum frasco, colocou-a num
pacotinho e lho deu. O menino o levou diretamente à casa. Esta foi então a
evidência histórica de que no pacotinho havia fósforo. Ao abrir-se o
pacotinho, notava-se que o conteúdo parecia ser fósforo e cheirava também a
fósforo. Essa foi a evidência interna. Quando ateou fogo à substância
houve fortíssima combustão! Essa foi a evidencia experimental!
As defesas intelectuais da
Bíblia têm seu lugar; mas, afinal de contas, o melhor argumento é o
prático. A Bíblia tem produzido resultados práticos. Tem influenciado a
civilização, transformado vidas, trazido luz, inspiração e conforto a
milhões e sua obra ainda continua.
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