terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Lição 10 - Liberalismo e Fundamentalismo Teológico




Liberalismo e Fundamentalismo Teológico
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Lições Bíblicas nº 56

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Cl 2.1-7
1 - Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e por quantos não viram o meu rosto em carne;
2 - para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus — Cristo,
3 - em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.
4 - E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas.
5 - Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.
6 - Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
7 - arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças.

TEXTO ÁUREO
 "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós." 1 Pe 3.15

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
O assunto da lição de hoje destaca dois movimentos teológicos surgidos a partir do início do século 18: o Liberalismo e Fundamentalismo Teológico. Duas formas de interpretar as Escrituras Sagradas que propiciaram verdadeiras batalhas intelectuais durante a História.
Mostre aos alunos, no entanto, que esse assunto é muito atual, uma vez que existe um grande número de estudiosos e pessoas comuns que defendem tanto um como o outro ponto de vista.
Esta é uma oportunidade, também, para entenderem o Iluminismo — corrente filosófica que deu origem ao Liberalismo Teológico — e conhecerem os pressupostos de cada uma dessas cosmovisões teológicas.
Boa aula!

Palavra introdutória
O Iluminismo foi um movimento filosófico que transformou o mundo ocidental a partir do início do século 18. O chamado século das luzes promoveu uma variedade de ideias centradas nas ciências e na razão como fonte única e primordial de autoridade.
A sociedade nunca mais foi a mesma. Houve um grande despertar na área da literatura, da filosofia e das ciências. Os inventos mais revolucionários da história humana surgiram a partir do Iluminismo.
No entanto, o mesmo movimento que promoveu a busca do conhecimento científico e defendeu ideais — como a liberdade, incluindo a religiosa; a separação entre Igreja e Estado; a igualdade e a fraternidade —, também questionou a ortodoxia cristã, sua teologia e ensinos.
A base teológica da Igreja foi profundamente influenciada, e duas grandes correntes teológicas, antagônicas, surgiram: Liberalismo e Fundamentalismo Teológico. Este é o assunto desta lição.

1. O LIBERALISMO TEOLÓGICO
Foi inspirado no ideário do Iluminismo, com forte influência do Racionalismo — de René Descartes (1560–1650) — e do Empirismo — de Locke e Hume. Naquela época, havia grande resistência contra tudo que se relacionava à religião e à sua influência sobre a vida das pessoas. Assim, a partir do início do século 18, iniciaram a desconstrução dos principais fundamentos da teologia cristã, aliando a erudição acadêmica e o Racionalismo ao campo da fé, da Igreja e de seus ensinos.
O alvo principal do Liberalismo era uma releitura da Palavra de Deus, evitando que a mesma colidisse com a razão e o conhecimento tido como científico à época. Quando notavam aparentes contradições entre as interpretações tradicionais da fé cristã e as descobertas científicas, essas interpretações bíblicas eram descartadas pelos liberais ou eram reinterpretadas.
Seguem alguns pilares do Liberalismo Teológico:

1.1. Relativização dos dogmas cristãos
O programa do liberalismo exige total complacência com a cultura vigente. Desse modo, negam os absolutos bíblicos e afirmam que a maioria das convicções cristãs não passa de equívocos e ensinos ultrapassados, que devem ser abandonados.

1.2. Superioridade da Razão em relação à Fé na busca da verdade
Os liberais sentem grande desprezo diante das interpretações teológicas tradicionais. Muitas vezes rotulam ensinos fundamentais das Escrituras como fábulas ou mitos. Assim, substituem a Igreja pelas instituições de ensino superior — e a revelação pela razão —, considerando-as as verdadeiras detentoras do conhecimento que levam à verdade.

1.3. Contestação da teologia cristã tradicional
A maior parte dos teólogos liberais contestou os dogmas cristãos. Eles proclamavam que a crença cristã nunca foi unanimidade na história da Igreja, havendo uma evolução histórica nos ensinos bíblicos, conforme a igreja evoluía. Reinterpretaram as doutrinas bíblicas para que elas se adaptassem à cultura vigente. Alguns temas centrais das Escrituras foram relativizados e colocados ao nível de superficialidades e crendices pelo movimento liberal.
Os liberais descreram nos seguintes fundamentos teológicos: na infalibilidade das Escrituras — para eles, a Bíblia contém, mas não é, a Palavra de Deus; na doutrina da Queda — ensinaram que Adão não existiu e o relato da Criação é apenas um mito; na encarnação de Cristo — para eles, Jesus não nasceu de uma virgem, e os ensinos sobre Suas duas naturezas (divina e humana), Sua morte expiatória, ressurreição e retorno à terra são conclusões erradas e enganosas; no relato bíblico de milagres — abandonaram a fé no poder de Deus, na operação de milagres. Negaram veementemente
a autenticidade dos milagres efetuados por Cristo nos Evangelhos. Assim, concluíram que Jesus não é Deus, mas, sim, o maior homem entre todos os homens. Um exemplo de como o europeu deveria portar-se diante da sociedade.
Por conta da influência do Liberalismo Teológico na igreja da Europa, as convicções cristãs foram deixadas de lado por serem consideradas ultrapassadas ou equivocadas. Como resultado, a igreja esvaziou-se e a secularização ganhou proporções gigantescas. Muitos daqueles que outrora eram seguidores de Cristo naufragaram na fé.
O Liberalismo Teológico não pode ser limitado ao passado e ao continente europeu. Ele continua vivo e ativo hoje, inclusive no Brasil. As universidades seculares brasileiras que oferecem cursos de teologia com reconhecimento do MEC, e alguns seminários teológicos, veiculam ensinos de matiz liberal e despejam no mercado evangélico, todo ano, um grande número de formandos comprometidos com esse ponto de vista — o que é lamentável.

2. O FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO
Hoje, ouve-se muito sobre fundamentalismo islâmico, budista, confucionista ou político. A palavra fundamentalismo adquiriu um tom depreciativo, pois se tornou sinônimo de intolerância, radicalismo religioso, dificuldade em interagir com novas ideias e dialogar com as diferenças. O fundamentalista tende ao isolamento à hostilidade quando discorda de certos ideais e convicções; no entanto, é preciso ter o cuidado de não confundir essas ramificações com o movimento histórico chamado fundamentalismo protestante, pois não há associação entre uma coisa e outra.
Seguem alguns esclarecimentos sobre o Fundamentalismo Teológico:

2.1. Uma contraposição ao Liberalismo
O Fundamentalismo Teológico é uma corrente de pensamento em reação ao Liberalismo Teológico. Surgiu nos Estados Unidos e recebeu esse nome em 1895, numa conferência em Niágara, Ontário, Canadá. Neste evento, foi proclamado que certos dogmas da Igreja são absolutos e constituem sua coluna vertebral. Sendo assim, não podem ser relativizados ou modificados em sua essência.

2.2. Uma reafirmação dos fundamentos bíblicos
A migração de teólogos europeus liberais para os Estados Unidos, no início do século 19, culminou com a entrada do liberalismo nas igrejas norte-americanas e em seus seminários. Com isso, as certezas de jovens seminaristas foram abaladas. Eles passaram a questionar muitas coisas dentro da igreja e muitos tornaram-se resistentes ou rebeldes às autoridades eclesiásticas. Além disso, muitos cristãos desviaram-se e perderam a fé.
A conferência fundamentalista de Niágara foi uma reafirmação dos fundamentos bíblicos abandonados pelos liberais. Nela, foram reiteradas as doutrinas que todo cristão deveria acreditar, sem relativizar ou desviar-se delas. São estas as doutrinas:

2.2.1. A infalibilidade das Escrituras
Como na Reforma Protestante, o conceito de Sola Scriptura foi reivindicado e ao Cânon Sagrado foi dada uma posição de proeminência. A Bíblia evoca a si a mesma condição de o Livro do Senhor (Is 34.16); os Oráculos de Deus (Rm 3.2); e o registro inspirado e inerrante do Altíssimo à humanidade (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.20,21).

2.2.2. A divindade de Jesus
As Escrituras Sagradas dão um testemunho inequívoco da divindade de Cristo. No Antigo Testamento, as profecias sobre o Messias apontam para um Ser divino (Is 9.6). No Novo Testamento, temos o testemunho de João (Jo 1.1); Paulo (Cl 2.9); e do próprio Cristo, que declarou a respeito de si: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, [...] que é, e que era, o que há de vir, o Todo-Poderoso (Ap 1.8; cf. 22.13).

2.2.3. A encarnação de Cristo
A encarnação de Cristo figura entre as principais doutrinas da Bíblia. Ela é o ato pelo qual Deus se fez homem ou o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). Através da encarnação, o Altíssimo deu uma grande demonstração do Seu amor incondicional pela humanidade (Jo 3.16; Rm 5.8; Ef 5.2; 1 Jo 3.16; 4.9).

2.2.4. A morte expiatória de Cristo
Na revelação da ilha de Patmos, Jesus é o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Isto significa que a morte de Cristo foi decidida num remotíssimo passado nos conselhos eternos de Deus. Ela está presente em todo Antigo Testamento e está representada na tipologia bíblica, como no protoevangelho, em Gênesis 3.15; no animal que foi morto para fornecer vestimentas de pele para Adão e Eva (Gn 3.21); e nos diversos sacrifícios (como o de Abel) e rituais dos cinco primeiros livros da Antiga Aliança. Nas palavras de Thiessem (1989, p. 223), pode-se perceber um cordão escarlate por toda a Bíblia.
A morte de Cristo não foi um incidente isolado que pode ser relativizado.
Ela mudou a história da humanidade.
De maneira voluntária, o Deus encarnado morreu em lugar dos pecadores (Lc 19.10).
2.2.5. A ressurreição física de Cristo
Compreendendo a importância da ressurreição de Cristo para a vida cristã e para os ensinos bíblicos, Paulo escreveu: Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé (1 Co 15.17). Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação (1 Co 15.14); seremos tidos como falsas testemunhas de Deus (1 Co 15.15); permaneceremos em nossos pecados (1 Co 15.17); e também os que dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.18).

2.2.6. O retorno de Cristo à terra
Não é possível ter coerência cristã sem acreditar ou relativizar a volta de Cristo à terra. Este assunto ocupa grande parte Escrituras.
A Bíblia faz mais de 300 menções ao arrebatamento. Esse acontecimento é citado em capítulos inteiros, e alguns livros da Bíblia tratam exclusivamente do assunto, como 1 e 2 Tessalonicenses e Apocalipse.
2.2.7. Pontos negativos e positivos do Fundamentalismo Teológico
Negativos
Tendência à interpretação literal da Bíblia. Dificuldade em aceitar que as versões bíblicas só podem ser consideradas inspiradas se forem fiéis ao texto bíblico original.
Tendência ao sectarismo e ao isolamento.
Rejeição às interpretações diferentes da Bíblia, mesmo quando elas não afetam o cerne do Evangelho.
Positivos
O amor e a fidelidade à Palavra de Deus.
Reafirmação da vida com Deus, baseada na santidade.
Ênfase na oração; no estudo das Escrituras; na vigilância quanto à influência do pecado e de Satanás no mundo; e no arrebatamento da Igreja.
Distinção entre o Reino de Deus e a cultura humana, mostrando que o mundo de Deus e o mundo dos homens são diferentes; que a salvação não tem relação com o melhoramento intelectual ou a libertação política.

CONCLUSÃO
O Liberalismo relativizou e renunciou a muitos fundamentos do cristianismo: uns deixaram de crer nas Escrituras como infalível; outros passaram a dizer que Jesus é apenas um grande sábio, e não o Deus encarnado, que foi morto, ressuscitou e voltará. É preciso aprender a separar os verdadeiros ensinos bíblicos dos falsos. É imprescindível não se deixar enganar e reter o bem (Cl 2.4; 1 Ts 5.21).

Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 56




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No atual processo de secularização da Igreja, antigas terminologias eclesiásticas são utilizadas para rotular os que estão envolvidos. Os que tentam secularizar a Igreja são chamados de liberais pelos resistentes. O liberalismo teológico, também conhecido como modernismo, teve sua origem na Alemanha, no final do século XIX. As suas características principais são:
 (1) adaptar o cristianismo a cultura e ao pensamento contemporâneo através de uma nova linguagem; (2) a Bíblia não é o registro infalível da revelação sobrenatural de Deus, mas um livro histórico e, portanto, não possui autoridade absoluta;
(3) a negação da transcendência divina e defesa da sua total imanência na criação - panteísmo;
 (4) a valorização da experiência religiosa subjetiva em detrimento da fé e da obediência a Bíblia;
 (5) o otimismo humanista que prega a evolução ética da sociedade pelo esforço humano, por meio da implantação do reino terrestre divino. Não se deve confundir Liberalismo com Neo-Ortodoxia. 

Os que resistem a secularização da Igreja são chamados de fundamentalistas pelos liberais. O Fundamentalismo foi um movimento que surgiu nos Estados Unidos, logo após a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de reafirmar o protestantismo ortodoxo, defendendo-o do liberalismo teológico, da alta-crítica e do darwinismo. Na série de doze volumes chamada Os Fundamentos, a ortodoxia era reafirmada por meio do combate a teologia liberal. Os autores eram das diversas denominações evangélicas (presbiterianos, batistas, anglicanos etc) e os editores responsáveis eram do Instituto Bíblico Moody e do Instituto Bíblico de Los Angeles. Não se deve confundir o Fundamentalismo com o Evangelicalismo.

No Brasil, como produto made in Brazil, temos aqueles que se intitulam hoje de moderados, ou seja, não são nem liberais nem fundamentalistas. Moderado é o adjetivo que qualifica a pessoa que age prudentemente, sem exageros, comedidamente. O termo latino moderatio significa a capacidade ou virtude de permanecer na exata medida. O
apóstolo Paulo recomenda aos cristãos: "Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens" (Fp 4.5). A palavra grega denota o espírito magnânimo que supera ofensas, ou um espírito paciente. Jesus é o exemplo supremo (2 Co 10.1). No atual contexto eclesiástico, porém, moderação ganha novos significados, diferentes dos acima citados.

Primeiro, toda a pessoa que não têm uma posição teológica definida e não defende princípios é reconhecida hoje como moderada. Filosoficamente, diríamos que o moderado é aquele que convictamente tem como posição não ter uma posição definida. Um exemplo bíblico é o do povo de Israel, na época do profeta Elias: "Então, Elias se chegou a todo povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém, o povo nada lhe respondeu" (1 Rs 18.21). Observe que o texto apresenta dois perfis: o de Elias claramente definido: o SENHOR é Deus; e o do povo indeciso claudicando entre dois pensamentos ou duas proposições teológicas: o povo nada lhe respondeu. A indefinição do povo de Israel representa o moderado de hoje.

Segundo, toda pessoa que age politicamente hoje é chamado de moderado. É opoliticamente correto ou o que tem jogo de cintura. O fato de não ter convicção, esse tipo de moderado passa a agir pela conveniência, isto é, pelo interesse ou o seu maior benefício pessoal. A convicção estará sempre onde o lucro for maior. O apóstolo Paulo repreendeu a Pedro por atitude semelhante: "Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tomara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles" (Gl 2.11-13). Infelizmente, na Igreja hoje, a posição teológica dependerá sempre do emprego oferecido ou ameaçado.

Terceiro, toda pessoa que foge da luta cristã é chamada hoje de moderada. Entende-se por esse prisma que o rebanho de Deus e a sã doutrina não precisam ser defendidas. Entretanto, conforme a Bíblia, a fé cristã é por natureza confrontadora e é dever de cada cristão pelejar pela fé: "Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3). O verdadeiro pastor é aquele que, em benefício do rebanho, enfrenta o lobo. Jesus reconhece que a característica principal do mercenário é a covardia: "O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa" (Jo 10.12). Aquele que foge à luta em prol da proteção do rebanho de Deus, não é visto por Jesus Cristo como moderado, mas, sim, como mercenário.

https://bereianos.blogspot.com/2017/03/liberais-fundamentalistas-e-moderados.html


DO LIBERALISMO AO FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO

A Teologia Liberal teve sua primeira etapa em meados do século 18, fase conhecida como Racionalismo ou Iluminismo Os frutos do Racionalismo foram fundamentais para a solidificação do pensamento liberal.

A grande vitalidade intelectual e a reorientação do pensamento contribuíram muito para o nascimento da Teologia Liberal. 
1. Introdução
2. No Iluminismo Seis posições liberais em relação ao cristianismo 
3. Resposta a Teologia liberal DO LIBERALISMO AO FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO
4. O uso pejorativo
5. Considerações finais É notado que o Liberalismo é uma consequência da Iluminismo e o Fundamentalismo é uma resposta a corrente liberal.

O Liberalismo sugere uma desconstrução da fé sem apresentar uma proposta sólida para a reconstrução.

O Fundamentalismo prefere romper com o diálogo, justificando que este seria o único meio para preservar a fé cristã.

É preciso saber dosar o uso de ambas as teologias para um fé cristã atual e sólida.

Ponto defendidos por fundamentalistas A razão passa a ser o meio para analisar a veracidade dos fatos bíblicos. A Teologia liberal ganha força à partir deste tempo. O liberalismo era, de várias formas, um dos frutos do Iluminismo.

A partir do século 16 a filosofia rompe com a teologia  deixando de estar submissa aos princípios extraídos da Bíblia para então fazer uso da razão.

René Descartes (1596 – 1650) - buscou construir um mundo com base na razão cientifica e geométrica. Com a colaboração do progresso da ciência, exposto nos livros de Isaac Newton (1642- 1727).
O uso dos termos “Liberalismo” e “Fundamentalismo”, de forma pejorativa e inconsciente contribuiu para um distanciamento de teólogos com pensamentos distintos, promovendo disputa para demostrar quem possui a verdade sobre o cristianismo.  Foi posto em dúvida a natureza do Cristianismo; 
Foi promovido a dessupervalorização do Cristianismo; 
Foram evocadas filosofias correntes para explicar a natureza do Cristianismo, com a presentação de argumentos antimetafísicos; 

Veio à tona a distinção entre o Jesus teológico e o Jesus histórico;
A historicidade do Cristianismo foi atacado; 
Mudaram as atitudes concernentes ao pecado e à salvação. 
A Bíblia é inspirada, infalível e sem erros
A divindade de Cristo
O nascimento virginal de Cristo e os milagres
O sacrifício propiciatório de Cristo  
A ressurreição literal e física Mais apresentações porrogerio marchiore


 https://prezi.com/abxmjfnxfa8i/do-liberalismo-ao-fundamentalismo-teologico/

FONTE : 


                     Teologia liberal: cachorro morto ou leão adormecido?

O que é essa teologia? De onde vem? O que ensina? Quais são seus riscos e perigos?

por Vinicius Couto

Teologia liberal: cachorro morto ou leão adormecido?
Há alguns meses, enquanto entregava alguns convites para que certos pastores da cidade em que resido participassem de um seminário de teologia, um deles disse de forma sarcástica o seguinte: “Precisamos realmente de um curso de teologia por aqui, pois o liberalismo teológico é uma grande ameaça nos nossos dias”. Acenei a cabeça com um gesto positivo, mas devo admitir que pensávamos em liberalismos diferentes. Enquanto aquele jovem pastor se referia a costumes e trajes de vestimentas, eu refletia sobre a teologia liberal.
Muitos pensam que tal teologia não fornece nenhum perigo nos dias de hoje e adotam um comportamento ufanista em relação a ela. Outros, mais desavisados, agem indiferentes a seus meandros corrompidos, não dando a mínima para suas confusões. E há aqueles que sabem de seus problemas e que não desejam ficar de braços cruzados vendo o circo pegando fogo; Querem fazer algo para minimizar os estragos.
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Mas, afinal, depois de sabermos da existência dessa malévola corrente teológica, vêm à mente algumas perguntas: o que é essa teologia? De onde vem? O que ensina? Quais são seus riscos e perigos? Como devemos agir? Pretendemos, nesse artigo, comentar de forma panorâmica, embora não superficial, sobre os desvios dessa pseudo-teologia, respondendo às perguntas enumeradas na problematização e viabilizando contramedidas práticas.

De onde vem a teologia liberal?

Alguns estudiosos pontuam o início da teologia liberal no final do século XVIII, quando o alemão Friedrich Scheleiermarcher passou a negar a autoridade, bem como a historicidade dos milagres de Jesus. Além de questionar tais aspectos, passou a defender uma posição soteriológica um tanto distante da ortodoxia cristã: bastava a pessoa “sentir” comunhão com Deus e estaria salva, mesmo não crendo nos Evangelhos. Doravante, Cristo era, oficialmente, um mero exemplo de ser humano para os discípulos e simpatizantes da veia liberal e não mais o Redentor da humanidade.
É verdade que tal pensamento inauguraria o que se conhece atualmente por “teologia liberal”, mas não é exatamente no final do século XVIII que ela se origina. Podemos retornar quase dois séculos à Europa racionalista, representada principalmente pela pessoa de René Descartes. É nessa fase que o liberalismo teria seu start up. O racionalismo dava ênfase principalmente a dois pontos: 1) liberdade e dignidade, e 2) investigação científica.
A obra de Emanuel Kant, Crítica da Razão Pura, apresentou argumentos com a finalidade de desconstruir bases racionais de doutrinas centrais do cristianismo. Ele chegou a convencer muita gente de que os argumentos ontológico, cosmológico e teleológico em favor da existência de Deus não eram válidos. Tais idéias levaram muitos teólogos a repensar suas idéias. Schleiermacher foi um desses teólogos que “rejeitaram a teologia natural especulativa, procurando alicerçar as crenças cristãs sobre a consciência universal e subjetiva que o homem tem de Deus.”[1]

Além de Descartes, podemos citar como integrantes do estágio inicial do liberalismo, homens como Baruch Spinoza (judeu holandês), Gottfried Wilhelm Leibniz e Gotthold Ephraim Lessing (alemães), John Locke (inglês), os escritores e filósofos ingleses conhecidos como Platonistas de Cambridge e também os deístas. Alguns anos mais a frente, numa etapa que a sociologia denomina como modernismo, é que surgem os primeiros liberais, representados pelo já citado Schleiermacher, Albret Ritschl, H.E.G. Paulus, D.F. Strauss, Adolf Von Harnack e Ernst Troeschl.
O Rev. Augustus Nicodemus explica um pouco sobre a origem do liberalismo:
Após a Reforma, durante os séculos dezessete e dezoito, a Igreja protestante foi largamente influenciada por idéias originadas do Iluminismo. O racionalismo desejava submeter todas as coisas ao crivo da análise racional. Lentamente a razão humana começou a triunfar sobre a fé. O filósofo L. Feuerbach tentou transformar a teologia em antropologia, dizendo que tudo que se diz sobre Deus, na verdade, é dito sobre o homem. Ele influenciou grandemente K. Marx, S. Freud, R. Bultmann e F. Schleiermacher. Esse último desvinculou a fé cristã da história e da teologia, reduzindo a experiência religiosa ao sentimento de dependência de Deus. Somente depois ficaria evidente que era impossível construir uma teologia em cima de um terreno tão subjetivo, mas na época, e por mais de um século, Schleiermacher foi seguido por muitos e sua influência continua até hoje.[2]
Além desses personagens, um evento histórico mudou a cosmovisão desses homens que “pensavam fora da caixa.” Trata-se da Alta Crítica, um método que parte do pressuposto de que a Bíblia não é inerrante, negando a inspiração divina de seus livros e tratando-a como meros registros humanos falíveis e contraditórios da fé de Israel e dos primeiros cristãos.
A Alta Crítica, também chamada hoje de Crítica Textual, passou a defender que a Bíblia contém erros e que foi escrita muito tempo depois de sua composição, alegando que havia acréscimos e interpolações posteriores. Embora ouvimos que isso não diminui a autoridade das Escrituras, tal afirmação é completamente inconsistente, pois tais erros e modificações deixariam a Bíblia sem nenhuma confiabilidade.
Crer numa Bíblia errante desestabiliza e ridiculariza a fé cristã, pois rebaixa a Bíblia a um livro comum, comparável aos demais escritos religiosos, bem como anula ou reduz a doutrina da inspiração, além de jogar por terra sua confiabilidade. Que garantia teríamos de que Jesus viveu sem pecado? Ou que Ele ressuscitou? Que Ele é o único caminho? Qual é o sentido de viver em santidade? Por isso, concordo com Horton quando comenta que, “abrir mão da doutrina da inerrância é o primei­ro passo para se abrir mão da autoridade da Bíblia.”[3]

O teólogo liberal alemão J. Solomon Semler, seguindo a idéia não inerrantista da Bíblia, propôs uma distinção entre Palavra de Deus e Escrituras. É daí que surgiu a famosa frase: “A Bíblia não é a Palavra de Deus, mas contém a Palavra de Deus”. Tal frase mais uma vez nega a autoridade das Escrituras, bem como a inspiração e a inerrância e cria um problema ainda maior do que os liberais criaram, pois se a Bíblia é parcialmente inspirada, como definir qual parte é e qual não é? Qual é o critério ou parâmetro para tal definição?
Quem teria autoridade para determinar o que é inspirado e o que não é? Isso incorre num relativismo perigoso e descompensado. O que é pecado na Bíblia, pode não mais ser pecado numa interpretação liberal. Na ânsia de separar o que seria inspirado do que não seria, os liberais adotam o método histórico-crítico,[4] como se estivessem fazendo uma exegese “científica,” a fim de descobrir a Palavra de Deus dentro do cânon da Bíblia.

O que é e quais são suas principais ameaças?

O termo “liberal” aparece em outros ramos além da teologia, a saber, na política e na sociologia. De uma forma simplista, a expressão “liberal” reivindica para si a ideia de que alguém tem a mente mais aberta para algo do que a maioria possui; Outros entendem que ser “liberal” é ser liberto da coerção e de controles externos de determinada cosmologia.
Mas, para fins teológicos, a definição mais precisa de liberalismo, é: um sistema que tem “comprometimento com uma série de proposições religiosas que deram origem, na realidade, a uma nova religião, que reteve traços da terminologia ortodoxa tradicional, mas que redefiniu radicalmente esses termos, dando a eles um significado especial”.[5]
A redefinição desses termos pode ser verificada na visão que eles têm da Bíblia. Esta deixa de ser uma Obra inspirada pelo próprio Deus (isenta de erros) e passa a ser considerado um mero documento humano, à semelhança de outros livros antigos, tais como os Vedas, o Alcorão e o Mahabharata. Além de rebaixar a autoridade das Escrituras e isolar um dos princípios da Reforma, o sola scriptura, a teologia liberal nega abertamente os milagres narrados na Bíblia, bem como o nascimento virginal de Cristo e sua ressurreição. O pecado se torna algo socialista e deve ser vencido pela boa vontade e/ou pela pré-disposição do homem em fazer o bem.
A negação ou deturpação de tais doutrinas, essenciais do cristianismo, diga-se de passagem, são as maiores ameaças para o cristianismo atual. Muitos seminários e faculdades estão simplesmente ignorando a posição teológica de alguns professores e contratando liberais para lecionarem em suas instituições. Além de a teologia abordada nessas instituições não ser bíblica, elas não estão preocupadas em preparar os vocacionados, atuam com relativização do pecado e das doutrinas rudimentares da fé cristã, reconhecem todas as religiões como válidas e propagam pensamentos liberais e neo-ortodoxos. Tais conceitos também são vistos nas classes dos cursos de Ciências da religião.
Outro ponto problemático da teologia liberal é a visão pragmática acerca da missão da Igreja, reinterpretando-a como engajamento social a despeito da proclamação do Evangelho para a salvação de almas. A ideia é transferir a práxis missionária para obras de caridade e de responsabilidade social. Troca-se salvação por compaixão.

Nicodemus enumera algumas das principais idéias do liberalismo:[6]

  1. O sobrenatural não invade a história. Milagres não acontecem como fatos no tempo e no espaço, mas são explicações ou projeções das pessoas na tentativa de descrever suas experiências ou entender Deus.
  2. A história se desenrola numa relação natural de causas e efeitos.
  3. Milagres como o nascimento virginal de Cristo, os milagres que o próprio Cristo realizou, sua ressurreição física dentre os mortos, os milagres do Antigo e Novo Testamentos nunca aconteceram na história. No máximo, na heilsgeschichte(história santa, ou história salvífica), diferente do mundo da história bruta, real, factível.
  4. Temas como criação, Adão, queda, milagres, ressurreição, entre outros, pertencem à história salvífica e não à história real e bruta. Adão e Eva não foram pessoas reais.
  5. Não interessa o que realmente aconteceu no túmulo de Jesus no primeiro dia da semana, mas, sim, a declaração dos discípulos de Jesus que diz que Jesus ressuscitou.
  6. Os relatos bíblicos dos milagres são invenções piedosas do povo judeu e dos primeiros cristãos, mitos e lendas oriundos de uma época pré-científica, quando ainda não havia explicação racional e lógica para o sobrenatural.
  7. A Escritura contém erros e contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Nossa tarefa é tentar separar as duas coisas.
  8. Interpretar a Bíblia historicamente significa reconhecer que ela contém contradições. Qualquer abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas contradições.
  9. A Igreja Cristã se perdeu na interpretação da Bíblia através dos séculos e somente com o advento do Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés, etc.
  10. O sentimento religioso é algo universal, isto é, cada ser humano é capaz de experimentá-lo. É esse sentimento que dá validade às experiências religiosas e que torna o ecumenismo possível
Como lutar contra ela?

Como se pode perceber, a indiferença para com o liberalismo teológico pode ser perigosa e já estamos vendo resultados pelo mundo a fora. Muitas denominações históricas já entraram no processo de aceitar a união de pessoas do mesmo sexo, além de estarem ordenando homossexuais e transexuais para o ministério. O ideário da teologia liberal afeta diretamente o futuro de nossas igrejas. Sendo assim, como podemos lutar contra ela?

1) Preterindo, evitando e se possível não aderindo a escolas que professem ou sejam indiferentes com a propagação da teologia liberal: Infelizmente, a maioria dos cursos de graduação em teologia reconhecidos pelo MEC são ministrados com conteúdos e alguns professores liberais. Temo que nas próximas décadas, o Brasil seja invadido por conceitos heterodoxos do liberalismo como numa avalanche. A razão para esse temor é a extinção das integralizações de crédito. Isso forçará os estudantes de teologia que desejam ter o reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação a ingressarem nessas instituições que apóiam de modo direto ou indireto o liberalismo.
Tenho certeza de que você, amigo leitor, jamais iria querer almoçar num restaurante em que soubesse que a comida ali é preparada com alimentos estragados. Tal comida, além de ter um gosto horrível, certamente não faria bem para seu estômago e, por conseguinte, à sua saúde. Lembro-me de uma moça que congregava comigo em certa comunidade e que foi trabalhar como cozinheira numa lanchonete. Ele contou que quando os clientes deixavam algum bolinho ou porção sobrando na mesa, os garçons eram orientados a recolher a sobra e guardar no forno. Quando um novo cliente fizesse o mesmo pedido, então eles deveriam requentar aquelas porções e enviar para os clientes. Bem, nunca tive coragem de ir comer naquele lugar depois que ela me contou aquilo.

2) Preparando-se de forma notória para com o conhecimento correto das doutrinas centrais da fé cristã e resgatando o fundamentalismo teológico: heterodoxia não se mistura com ortodoxia. São como água e óleo. Por isso, aquele que visa conhecer as doutrinas centrais da fé cristã de forma bíblica, preocupado com a sanidade doutrinária e em consonância com a ortodoxia, estará bem equipado com o Evangelho puro e simples. A maioria das heresias são facilmente derrubadas pelo correto entendimento da teologia sistemática.

A expressão “fundamentalismo,” na atualidade, ganhou uma conotação um tanto quanto pejorativa, vindo a significar algo como uma fidelidade absoluta à interpretação literalista da Bíblia e/ou uma atitude de rigidez e intransigência sobre princípios e regras. Na visão popular é como se fosse alguém “fechado” e que não dialoga com outras ideias, mas que só pensa de forma unívoca. Pode significar, ainda, qualquer tipo de conservadorismo. Nesse sentido, alguém que é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pode ser taxado de fundamentalista.
Dreher até comenta que há um conceito realmente inflacionado.[7] Mas, apesar da conotação moderna de “fundamentalismo”, seu surgimento original não tem a ver com isso e sim com uma reação ocorrida no início do século passado para com os conceitos abertos e heterodoxos da teologia liberal. Por isso, se alguém taxar você de “fundamentalista” não se chateie, pois como Dreher colocou: “sempre os outros que são fundamentalistas” e o que esses grupos esquecem é que eles também adotam um certo “fundamentalismo”, quando pensam que os “fechados” deveriam ser “abertos” como eles.
Entretanto, o fundamentalismo que defendemos ser resgatado, não é o que ganhou conceito contemporâneo, de pessoas que parecem colocar uma “viseira” de cavalo e não enxergam mais nada na sua frente. O fundamentalismo ao qual nos referimos é aquele teológico, que procura manter os rudimentos da ortodoxia cristã. Aquele que nasceu do “movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” Nicodemus explica que, “Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta.”[8] E assim partimos para a terceira atitude de como lidar com o liberalismo:

3) Batalhando pela fé que foi dada aos santos: defender a fé cristã, isto é, fazer apologia à sã doutrina, é uma ordenança bíblica (Jd 3). Contudo, é preciso que antes de alguém se aventurar a fazer tal defesa, esteja preparado para tal. Ademais, tal defesa deve ser feita com amor e nuca com soberba (1 Pe 3.15).
Como exemplo de alguém que batalhou por essa fé, podemos nos reportar à biografia do famoso teólogo reformado, John Gresham Machen. Ele foi estudar na Alemanha no início do século XX, passando um semestre pela Universidade de Marburg e mais outro na Universidade de Göttingen, ficando completamente exposto ao liberalismo. Tal encontro deixou Machen bastante confuso, pois se deparou com ensinos bastante controversos.
Seus professores propagavam que a essência da religião está no íntimo de cada pessoa. Diziam que a Bíblia podia ser refutada pela história, que não servia de alicerce para a fé cristã e que é completamente ineficaz para transformar o homem. Tais pontos vão de encontro com verdades essenciais do cristianismo. De que adianta a exposição das Escrituras, se não há fé para pregá-la?
A experiência na Alemanha levou Machen a questionar sua vida de piedade e devoção a Cristo e levou-o também a um desafio intelectual. Ele passou uma crise intensa no tocante à sua identidade cristã e só oito anos depois de regressar da Alemanha é que ele recobrou sua fé.[9]
Depois de sua recuperação, Machen mostrava sua preocupação. De acordo com ele, o liberalismo não é um assunto exclusivamente acadêmico, “Pelo contrário”, asseverava, “seu ataque aos fundamentos da fé cristã está sendo conduzido vigorosamente através de ‘lições’ de Escola Dominical, do púlpito e da imprensa religiosa.”[10]
Machen posicionou-se contundentemente contra a teologia liberal e sofreu várias perseguições por conta de seu posicionamento. Como atitude remonstrante, ele se ajuntou a outros professores e participou da fundação do Seminário Teológico de Westminster, além da coparticipação na criação da Igreja Presbiteriana Ortodoxa.[11]

Considerações finais
A teologia liberal por certo não está morta e não deve ser encarada de forma ufanista como se fosse um cachorro morto. Ela tem produzido muitos estragos, embora não todos quantos ainda possa produzir. Ela entrou em declínio desde a década de 20 do século passado, arrefecendo-se, mas não estando morta por completa. Vemos seus resquícios nas teologias sociais, que empunham a espada do Marxismo e através de conceitos neo-ortodoxos.[12]
A teologia sadia não teme a ciência (ou as ciências) e tampouco a filosofia. A missão precípua das três manifestações racionais é a busca pela verdade. Entretanto, a verdade para a legítima teologia não está nos sistemas teológicos, mas, na própria pessoa de Cristo (Jo 14.6) e em Sua Palavra (Jo 17.17), fundamentos negados pela teologia liberal. Sendo assim, devemos encará-la como um leão adormecido e trabalhar para que fique enjaulado, limitado e sem poder de machucar ninguém.

Notas
[1] CHAMPLIN, Noman; BENTES, João. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia, 1991, p. 802.
[2] NICODEMUS, Augustus. O Liberalismo Teológico Morreu? Disponível em: tempora-mores.blogspot.com.br/2011/09/o-liberalismo-teologico-morreu.html
[3] HORTON, Stanley (Org.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 109.
[4] Em breve estarei postando um artigo sobre o método histórico-gramatical, com a finalidade de mostrar seus benefícios para uma interpretação ortodoxa.
[5] CONSTANZA, José Roberto da Silva. As Raízes Históricas do Liberalismo Teológico. Fides Reformata X, n° 1, 2005, p. 80.
[6] NICODEMUS, Op. Cit.
[7] DREHER, Martim. Fundamentalismo. São Leopoldo: Sinodal, 2006, p. 82.
[8] Entrevista do Dr. Augustus Nicodemus à Revista Defesa da Fé. Disponível em: http://www.icp.com.br/86entrevista.asp.
[9] SANTOS, Valdeci da Silva. John Gresham Machen contra o liberalismo: em defesa da fé cristã. Fides Reformata IX, n° 1, 2004, p. 149.
[10] MACHEN, John. Cristianismo e Liberalismo. Os Puritanos, 2001, p. 27.
[11] Para maiores informações sobre a biografia de Machen, ler o artigo de Valdeci da Silva Santos supracitado na nota 2.
[12] Na visão deste autor, a neo-ortodoxia deveria ser chamada de neo-liberalismo, pois é uma tentativa de ficar no meio da ortodoxia e do liberalismo, entretanto, com uma maior simpatia por esta.



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