Liberalismo e Fundamentalismo Teológico
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Lições Bíblicas nº 56
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Cl 2.1-7
1 - Porque quero que saibais quão grande combate tenho por
vós, e pelos que estão em Laodiceia, e por quantos não viram o meu rosto em
carne;
2 - para que os seus corações sejam consolados, e estejam
unidos em amor e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento
do mistério de Deus — Cristo,
3 - em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria
e da ciência.
4 - E digo isto para que ninguém vos engane com palavras
persuasivas.
5 - Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo,
contudo, em espírito, estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a
firmeza da vossa fé em Cristo.
6 - Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim
também andai nele,
7 - arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim
como fostes ensinados, crescendo em ação de graças.
TEXTO ÁUREO
 "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em
vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a
qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós." 1 Pe 3.15
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor,
O assunto da lição de hoje destaca dois movimentos
teológicos surgidos a partir do início do século 18: o Liberalismo e
Fundamentalismo Teológico. Duas formas de interpretar as Escrituras Sagradas
que propiciaram verdadeiras batalhas intelectuais durante a História.
Mostre aos alunos, no entanto, que esse assunto é muito
atual, uma vez que existe um grande número de estudiosos e pessoas comuns que
defendem tanto um como o outro ponto de vista.
Esta é uma oportunidade, também, para entenderem o
Iluminismo — corrente filosófica que deu origem ao Liberalismo Teológico — e
conhecerem os pressupostos de cada uma dessas cosmovisões teológicas.
Boa aula!
Palavra introdutória
O Iluminismo foi um movimento filosófico que transformou o
mundo ocidental a partir do início do século 18. O chamado século das luzes
promoveu uma variedade de ideias centradas nas ciências e na razão como fonte
única e primordial de autoridade.
A sociedade nunca mais foi a mesma. Houve um grande
despertar na área da literatura, da filosofia e das ciências. Os inventos mais
revolucionários da história humana surgiram a partir do Iluminismo.
No entanto, o mesmo movimento que promoveu a busca do
conhecimento científico e defendeu ideais — como a liberdade, incluindo a
religiosa; a separação entre Igreja e Estado; a igualdade e a fraternidade —,
também questionou a ortodoxia cristã, sua teologia e ensinos.
A base teológica da Igreja foi profundamente influenciada, e
duas grandes correntes teológicas, antagônicas, surgiram: Liberalismo e
Fundamentalismo Teológico. Este é o assunto desta lição.
1. O LIBERALISMO TEOLÓGICO
Foi inspirado no ideário do Iluminismo, com forte influência
do Racionalismo — de René Descartes (1560–1650) — e do
Empirismo — de Locke e Hume. Naquela época, havia grande
resistência contra tudo que se relacionava à religião e à sua influência sobre
a vida das pessoas. Assim, a partir do início do século 18, iniciaram a
desconstrução dos principais fundamentos da teologia cristã, aliando a erudição
acadêmica e o Racionalismo ao campo da fé, da Igreja e de seus ensinos.
O alvo principal do Liberalismo era uma releitura da
Palavra de Deus, evitando que a mesma colidisse com a razão e o conhecimento
tido como científico à época. Quando notavam aparentes contradições entre as
interpretações tradicionais da fé cristã e as descobertas científicas, essas
interpretações bíblicas eram descartadas pelos liberais ou eram
reinterpretadas.
Seguem alguns pilares do Liberalismo Teológico:
1.1. Relativização dos dogmas cristãos
O programa do liberalismo exige total complacência com a
cultura vigente. Desse modo, negam os absolutos bíblicos e afirmam que a
maioria das convicções cristãs não passa de equívocos e ensinos ultrapassados,
que devem ser abandonados.
1.2. Superioridade da Razão em relação à Fé na busca da
verdade
Os liberais sentem grande desprezo diante das interpretações
teológicas tradicionais. Muitas vezes rotulam ensinos fundamentais das
Escrituras como fábulas ou mitos. Assim, substituem a Igreja pelas instituições
de ensino superior — e a revelação pela razão —, considerando-as as verdadeiras
detentoras do conhecimento que levam à verdade.
1.3. Contestação da teologia cristã tradicional
A maior parte dos teólogos liberais contestou os dogmas
cristãos. Eles proclamavam que a crença cristã nunca foi unanimidade na
história da Igreja, havendo uma evolução histórica nos ensinos bíblicos,
conforme a igreja evoluía. Reinterpretaram as doutrinas bíblicas para que elas
se adaptassem à cultura vigente. Alguns temas centrais das Escrituras foram
relativizados e colocados ao nível de superficialidades e crendices pelo
movimento liberal.
Os liberais descreram nos seguintes fundamentos teológicos:
na infalibilidade das Escrituras — para eles, a Bíblia contém, mas não é, a
Palavra de Deus; na doutrina da Queda — ensinaram que Adão não existiu e o
relato da Criação é apenas um mito; na encarnação de Cristo — para eles, Jesus
não nasceu de uma virgem, e os ensinos sobre Suas duas naturezas (divina e
humana), Sua morte expiatória, ressurreição e retorno à terra são conclusões erradas
e enganosas; no relato bíblico de milagres — abandonaram a fé no poder
de Deus, na operação de milagres. Negaram veementemente
a autenticidade dos milagres efetuados por Cristo nos
Evangelhos. Assim, concluíram que Jesus não é Deus, mas, sim, o maior homem
entre todos os homens. Um exemplo de como o europeu deveria portar-se
diante da sociedade.
Por conta da influência do Liberalismo Teológico na
igreja da Europa, as convicções cristãs foram deixadas de lado por serem
consideradas ultrapassadas ou equivocadas. Como resultado, a igreja esvaziou-se
e a secularização ganhou proporções gigantescas. Muitos daqueles que outrora
eram seguidores de Cristo naufragaram na fé.
O Liberalismo Teológico não pode ser limitado ao passado
e ao continente europeu. Ele continua vivo e ativo hoje, inclusive no Brasil.
As universidades seculares brasileiras que oferecem cursos de teologia com
reconhecimento do MEC, e alguns seminários teológicos, veiculam ensinos de
matiz liberal e despejam no mercado evangélico, todo ano, um grande número de
formandos comprometidos com esse ponto de vista — o que é lamentável.
2. O FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO
Hoje, ouve-se muito sobre fundamentalismo islâmico,
budista, confucionista ou político. A palavra fundamentalismo adquiriu um tom depreciativo,
pois se tornou sinônimo de intolerância, radicalismo religioso, dificuldade em
interagir com novas ideias e dialogar com as diferenças. O fundamentalista
tende ao isolamento à hostilidade quando discorda de certos ideais e
convicções; no entanto, é preciso ter o cuidado de não confundir essas
ramificações com o movimento histórico chamado fundamentalismo protestante,
pois não há associação entre uma coisa e outra.
Seguem alguns esclarecimentos sobre o Fundamentalismo
Teológico:
2.1. Uma contraposição ao Liberalismo
O Fundamentalismo Teológico é uma corrente de pensamento em
reação ao Liberalismo Teológico. Surgiu nos Estados Unidos e recebeu esse nome
em 1895, numa conferência em Niágara, Ontário, Canadá. Neste evento, foi
proclamado que certos dogmas da Igreja são absolutos e constituem sua coluna
vertebral. Sendo assim, não podem ser relativizados ou modificados em
sua essência.
2.2. Uma reafirmação dos fundamentos bíblicos
A migração de teólogos europeus liberais para os Estados
Unidos, no início do século 19, culminou com a entrada do liberalismo nas
igrejas norte-americanas e em seus seminários. Com isso, as certezas de jovens
seminaristas foram abaladas. Eles passaram a questionar muitas coisas dentro da
igreja e muitos tornaram-se resistentes ou rebeldes às autoridades
eclesiásticas. Além disso, muitos cristãos desviaram-se e perderam a fé.
A conferência fundamentalista de Niágara foi uma reafirmação
dos fundamentos bíblicos abandonados pelos liberais. Nela, foram reiteradas as
doutrinas que todo cristão deveria acreditar, sem relativizar ou desviar-se
delas. São estas as doutrinas:
2.2.1. A infalibilidade das Escrituras
Como na Reforma Protestante, o conceito de Sola Scriptura
foi reivindicado e ao Cânon Sagrado foi dada uma posição de proeminência. A
Bíblia evoca a si a mesma condição de o Livro do Senhor (Is 34.16); os Oráculos
de Deus (Rm 3.2); e o registro inspirado e inerrante do Altíssimo à humanidade
(2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.20,21).
2.2.2. A divindade de Jesus
As Escrituras Sagradas dão um testemunho inequívoco da
divindade de Cristo. No Antigo Testamento, as profecias sobre o Messias apontam
para um Ser divino (Is 9.6). No Novo Testamento, temos o testemunho de
João (Jo 1.1); Paulo (Cl 2.9); e do próprio Cristo, que declarou
a respeito de si: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, [...] que é, e
que era, o que há de vir, o Todo-Poderoso (Ap 1.8; cf. 22.13).
2.2.3. A encarnação de Cristo
A encarnação de Cristo figura entre as principais doutrinas
da Bíblia. Ela é o ato pelo qual Deus se fez homem ou o Verbo se fez carne e
habitou entre nós (Jo 1.14). Através da encarnação, o Altíssimo deu uma
grande demonstração do Seu amor incondicional pela humanidade (Jo 3.16; Rm 5.8;
Ef 5.2; 1 Jo 3.16; 4.9).
2.2.4. A morte expiatória de Cristo
Na revelação da ilha de Patmos, Jesus é o Cordeiro que foi
morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Isto significa que a morte de Cristo
foi decidida num remotíssimo passado nos conselhos eternos de Deus. Ela
está presente em todo Antigo Testamento e está representada na tipologia
bíblica, como no protoevangelho, em Gênesis 3.15; no animal que foi morto para
fornecer vestimentas de pele para Adão e Eva (Gn 3.21); e nos diversos
sacrifícios (como o de Abel) e rituais dos cinco primeiros livros da Antiga
Aliança. Nas palavras de Thiessem (1989, p. 223), pode-se perceber um cordão
escarlate por toda a Bíblia.
A morte de Cristo não foi um incidente isolado que pode ser
relativizado.
Ela mudou a história da humanidade.
De maneira voluntária, o Deus encarnado morreu em lugar dos
pecadores (Lc 19.10).
2.2.5. A ressurreição física de Cristo
2.2.5. A ressurreição física de Cristo
Compreendendo a importância da ressurreição de Cristo para a
vida cristã e para os ensinos bíblicos, Paulo escreveu: Se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé (1 Co 15.17). Se Cristo não ressuscitou, logo é vã
a nossa pregação (1 Co 15.14); seremos tidos como falsas testemunhas de Deus (1
Co 15.15); permaneceremos em nossos pecados (1 Co 15.17); e também os que
dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.18).
2.2.6. O retorno de Cristo à terra
Não é possível ter coerência cristã sem acreditar ou
relativizar a volta de Cristo à terra. Este assunto ocupa grande parte
Escrituras.
A Bíblia faz mais de 300 menções ao arrebatamento. Esse
acontecimento é citado em capítulos inteiros, e alguns livros da Bíblia tratam
exclusivamente do assunto, como 1 e 2 Tessalonicenses e Apocalipse.
2.2.7. Pontos negativos e positivos do
Fundamentalismo Teológico
Negativos
Tendência à interpretação literal da Bíblia. Dificuldade em
aceitar que as versões bíblicas só podem ser consideradas inspiradas se forem
fiéis ao texto bíblico original.
Tendência ao sectarismo e ao isolamento.
Rejeição às interpretações diferentes da Bíblia, mesmo
quando elas não afetam o cerne do Evangelho.
Positivos
O amor e a fidelidade à Palavra de Deus.
Reafirmação da vida com Deus, baseada na santidade.
Ênfase na oração; no estudo das Escrituras; na vigilância
quanto à influência do pecado e de Satanás no mundo; e no arrebatamento da
Igreja.
Distinção entre o Reino de Deus e a cultura humana,
mostrando que o mundo de Deus e o mundo dos homens são diferentes; que a
salvação não tem relação com o melhoramento intelectual ou a libertação
política.
CONCLUSÃO
O Liberalismo relativizou e renunciou a muitos fundamentos
do cristianismo: uns deixaram de crer nas Escrituras como infalível; outros
passaram a dizer que Jesus é apenas um grande sábio, e não o Deus encarnado,
que foi morto, ressuscitou e voltará. É preciso aprender a separar os
verdadeiros ensinos bíblicos dos falsos. É imprescindível não se deixar enganar
e reter o bem (Cl 2.4; 1 Ts 5.21).
Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 56

No atual processo de secularização da Igreja, antigas
terminologias eclesiásticas são utilizadas para rotular os que estão
envolvidos. Os que tentam secularizar a Igreja são chamados de liberais pelos
resistentes. O liberalismo teológico, também conhecido como modernismo, teve
sua origem na Alemanha, no final do século XIX. As suas características
principais são:
(1) adaptar o cristianismo a cultura e ao pensamento contemporâneo através de uma nova linguagem; (2) a Bíblia não é o registro infalível da revelação sobrenatural de Deus, mas um livro histórico e, portanto, não possui autoridade absoluta;
(3) a negação da transcendência divina e defesa da sua total imanência na criação - panteísmo;
(4) a valorização da experiência religiosa subjetiva em detrimento da fé e da obediência a Bíblia;
(5) o otimismo humanista que prega a evolução ética da sociedade pelo esforço humano, por meio da implantação do reino terrestre divino. Não se deve confundir Liberalismo com Neo-Ortodoxia.
(1) adaptar o cristianismo a cultura e ao pensamento contemporâneo através de uma nova linguagem; (2) a Bíblia não é o registro infalível da revelação sobrenatural de Deus, mas um livro histórico e, portanto, não possui autoridade absoluta;
(3) a negação da transcendência divina e defesa da sua total imanência na criação - panteísmo;
(4) a valorização da experiência religiosa subjetiva em detrimento da fé e da obediência a Bíblia;
(5) o otimismo humanista que prega a evolução ética da sociedade pelo esforço humano, por meio da implantação do reino terrestre divino. Não se deve confundir Liberalismo com Neo-Ortodoxia.
Os que resistem a secularização da Igreja são chamados de
fundamentalistas pelos liberais. O Fundamentalismo foi um movimento que surgiu
nos Estados Unidos, logo após a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de
reafirmar o protestantismo ortodoxo, defendendo-o do liberalismo teológico, da
alta-crítica e do darwinismo. Na série de doze volumes chamada Os Fundamentos,
a ortodoxia era reafirmada por meio do combate a teologia liberal. Os autores
eram das diversas denominações evangélicas (presbiterianos, batistas,
anglicanos etc) e os editores responsáveis eram do Instituto Bíblico Moody e do
Instituto Bíblico de Los Angeles. Não se deve confundir o Fundamentalismo com o
Evangelicalismo. 
No Brasil, como produto made in Brazil, temos aqueles que se
intitulam hoje de moderados, ou seja, não são nem liberais nem
fundamentalistas. Moderado é o adjetivo que qualifica a pessoa que age
prudentemente, sem exageros, comedidamente. O termo latino moderatio significa
a capacidade ou virtude de permanecer na exata medida. O 
apóstolo Paulo recomenda aos cristãos: "Seja a vossa
moderação conhecida de todos os homens" (Fp 4.5). A palavra grega denota o
espírito magnânimo que supera ofensas, ou um espírito paciente. Jesus é o
exemplo supremo (2 Co 10.1). No atual contexto eclesiástico, porém, moderação
ganha novos significados, diferentes dos acima citados. 
Primeiro, toda a pessoa que não têm uma posição teológica
definida e não defende princípios é reconhecida hoje como moderada.
Filosoficamente, diríamos que o moderado é aquele que convictamente tem como
posição não ter uma posição definida. Um exemplo bíblico é o do povo de Israel,
na época do profeta Elias: "Então, Elias se chegou a todo povo e disse:
Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é
Baal, segui-o. Porém, o povo nada lhe respondeu" (1 Rs 18.21). Observe que
o texto apresenta dois perfis: o de Elias claramente definido: o SENHOR é Deus;
e o do povo indeciso claudicando entre dois pensamentos ou duas proposições
teológicas: o povo nada lhe respondeu. A indefinição do povo de Israel
representa o moderado de hoje. 
Segundo, toda pessoa que age politicamente hoje é chamado de
moderado. É opoliticamente correto ou o que tem jogo de cintura. O fato de não
ter convicção, esse tipo de moderado passa a agir pela conveniência, isto é,
pelo interesse ou o seu maior benefício pessoal. A convicção estará sempre onde
o lucro for maior. O apóstolo Paulo repreendeu a Pedro por atitude semelhante:
"Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se
tomara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago,
comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se,
temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a
ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles"
(Gl 2.11-13). Infelizmente, na Igreja hoje, a posição teológica dependerá
sempre do emprego oferecido ou ameaçado. 
Terceiro, toda pessoa que foge da luta cristã é chamada hoje
de moderada. Entende-se por esse prisma que o rebanho de Deus e a sã doutrina
não precisam ser defendidas. Entretanto, conforme a Bíblia, a fé cristã é por
natureza confrontadora e é dever de cada cristão pelejar pela fé: "Amados,
quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum
salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a
batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos" (Judas 3). O verdadeiro pastor é aquele que, em benefício do
rebanho, enfrenta o lobo. Jesus reconhece que a característica principal do
mercenário é a covardia: "O mercenário, que não é pastor, a quem não
pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo
as arrebata e dispersa" (Jo 10.12). Aquele que foge à luta em prol da
proteção do rebanho de Deus, não é visto por Jesus Cristo como moderado, mas,
sim, como mercenário. 
https://bereianos.blogspot.com/2017/03/liberais-fundamentalistas-e-moderados.html
DO LIBERALISMO AO FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO 
A Teologia Liberal teve sua primeira etapa em meados do
século 18, fase conhecida como Racionalismo ou Iluminismo Os frutos do Racionalismo
foram fundamentais para a solidificação do pensamento liberal. 
A grande vitalidade intelectual e a reorientação do
pensamento contribuíram muito para o nascimento da Teologia Liberal.  
1. Introdução 
2. No Iluminismo Seis posições liberais em relação ao
cristianismo 
3. Resposta a Teologia liberal DO LIBERALISMO AO FUNDAMENTALISMO
TEOLÓGICO 
4. O uso pejorativo 
5. Considerações finais É notado que o Liberalismo é uma
consequência da Iluminismo e o Fundamentalismo é uma resposta a corrente liberal.
O Liberalismo sugere uma desconstrução da fé sem apresentar
uma proposta sólida para a reconstrução. 
O Fundamentalismo prefere romper com o diálogo, justificando
que este seria o único meio para preservar a fé cristã. 
É preciso saber dosar o uso de ambas as teologias para um fé
cristã atual e sólida. 
Ponto defendidos por fundamentalistas A razão passa a ser o
meio para analisar a veracidade dos fatos bíblicos. A Teologia liberal ganha
força à partir deste tempo. O liberalismo era, de várias formas, um dos frutos
do Iluminismo. 
A partir do século 16 a filosofia rompe com a teologia  deixando de estar submissa aos princípios
extraídos da Bíblia para então fazer uso da razão. 
René Descartes (1596 – 1650) - buscou construir um mundo com
base na razão cientifica e geométrica. Com a colaboração do progresso da
ciência, exposto nos livros de Isaac Newton (1642- 1727). 
O uso dos termos “Liberalismo” e “Fundamentalismo”, de forma
pejorativa e inconsciente contribuiu para um distanciamento de teólogos com
pensamentos distintos, promovendo disputa para demostrar quem possui a verdade
sobre o cristianismo.  Foi posto em
dúvida a natureza do Cristianismo;  
Foi promovido a dessupervalorização do Cristianismo;  
Foram evocadas filosofias correntes para explicar a natureza
do Cristianismo, com a presentação de argumentos antimetafísicos;  
Veio à tona a distinção entre o Jesus teológico e o Jesus
histórico; 
A historicidade do Cristianismo foi atacado;  
Mudaram as atitudes concernentes ao pecado e à
salvação.  
A Bíblia é inspirada, infalível e sem erros 
A divindade de Cristo 
O nascimento virginal de Cristo e os milagres 
O sacrifício propiciatório de Cristo  
A ressurreição literal e física Mais apresentações
porrogerio marchiore 
 https://prezi.com/abxmjfnxfa8i/do-liberalismo-ao-fundamentalismo-teologico/
O que é
essa teologia? De onde vem? O que ensina? Quais são seus riscos e perigos?
por Vinicius
Couto
Teologia
liberal: cachorro morto ou leão adormecido?
Há alguns
meses, enquanto entregava alguns convites para que certos pastores da cidade em
que resido participassem de um seminário de teologia, um deles disse de forma
sarcástica o seguinte: “Precisamos realmente de um curso de teologia por aqui,
pois o liberalismo teológico é uma grande ameaça nos nossos dias”. Acenei a
cabeça com um gesto positivo, mas devo admitir que pensávamos em liberalismos
diferentes. Enquanto aquele jovem pastor se referia a costumes e trajes de
vestimentas, eu refletia sobre a teologia liberal.
Muitos
pensam que tal teologia não fornece nenhum perigo nos dias de hoje e adotam um
comportamento ufanista em relação a ela. Outros, mais desavisados, agem
indiferentes a seus meandros corrompidos, não dando a mínima para suas
confusões. E há aqueles que sabem de seus problemas e que não desejam ficar de
braços cruzados vendo o circo pegando fogo; Querem fazer algo para minimizar os
estragos.
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Mas, afinal,
depois de sabermos da existência dessa malévola corrente teológica, vêm à mente
algumas perguntas: o que é essa teologia? De onde vem? O que ensina? Quais são
seus riscos e perigos? Como devemos agir? Pretendemos, nesse artigo, comentar
de forma panorâmica, embora não superficial, sobre os desvios dessa
pseudo-teologia, respondendo às perguntas enumeradas na problematização e
viabilizando contramedidas práticas.
De onde
vem a teologia liberal?
Alguns
estudiosos pontuam o início da teologia liberal no final do século XVIII,
quando o alemão Friedrich Scheleiermarcher passou a negar a autoridade, bem
como a historicidade dos milagres de Jesus. Além de questionar tais aspectos,
passou a defender uma posição soteriológica um tanto distante da ortodoxia
cristã: bastava a pessoa “sentir” comunhão com Deus e estaria salva, mesmo não
crendo nos Evangelhos. Doravante, Cristo era, oficialmente, um mero exemplo de
ser humano para os discípulos e simpatizantes da veia liberal e não mais o
Redentor da humanidade.
É verdade
que tal pensamento inauguraria o que se conhece atualmente por “teologia
liberal”, mas não é exatamente no final do século XVIII que ela se origina.
Podemos retornar quase dois séculos à Europa racionalista, representada
principalmente pela pessoa de René Descartes. É nessa fase que o liberalismo
teria seu start up. O racionalismo dava ênfase principalmente a
dois pontos: 1) liberdade e dignidade, e 2) investigação científica.
A obra de
Emanuel Kant, Crítica da Razão Pura, apresentou argumentos com a
finalidade de desconstruir bases racionais de doutrinas centrais do
cristianismo. Ele chegou a convencer muita gente de que os argumentos
ontológico, cosmológico e teleológico em favor da existência de Deus não eram
válidos. Tais idéias levaram muitos teólogos a repensar suas idéias.
Schleiermacher foi um desses teólogos que “rejeitaram a teologia natural
especulativa, procurando alicerçar as crenças cristãs sobre a consciência
universal e subjetiva que o homem tem de Deus.”[1]
Além de
Descartes, podemos citar como integrantes do estágio inicial do liberalismo,
homens como Baruch Spinoza (judeu holandês), Gottfried Wilhelm Leibniz e
Gotthold Ephraim Lessing (alemães), John Locke (inglês), os escritores e
filósofos ingleses conhecidos como Platonistas de Cambridge e também os
deístas. Alguns anos mais a frente, numa etapa que a sociologia denomina como
modernismo, é que surgem os primeiros liberais, representados pelo já citado
Schleiermacher, Albret Ritschl, H.E.G. Paulus, D.F. Strauss, Adolf Von Harnack
e Ernst Troeschl.
O Rev.
Augustus Nicodemus explica um pouco sobre a origem do liberalismo:
Após a
Reforma, durante os séculos dezessete e dezoito, a Igreja protestante foi
largamente influenciada por idéias originadas do Iluminismo. O racionalismo
desejava submeter todas as coisas ao crivo da análise racional. Lentamente a
razão humana começou a triunfar sobre a fé. O filósofo L.
Feuerbach tentou transformar a teologia em antropologia, dizendo que tudo
que se diz sobre Deus, na verdade, é dito sobre o homem. Ele influenciou
grandemente K. Marx, S. Freud, R.
Bultmann e F. Schleiermacher. Esse último desvinculou a fé
cristã da história e da teologia, reduzindo a experiência religiosa ao sentimento
de dependência de Deus. Somente depois ficaria evidente que era impossível
construir uma teologia em cima de um terreno tão subjetivo, mas na época, e por
mais de um século, Schleiermacher foi seguido por muitos e sua influência
continua até hoje.[2]
Além desses
personagens, um evento histórico mudou a cosmovisão desses homens que “pensavam
fora da caixa.” Trata-se da Alta Crítica, um método que parte do pressuposto de
que a Bíblia não é inerrante, negando a inspiração divina de seus livros e
tratando-a como meros registros humanos falíveis e contraditórios da fé de
Israel e dos primeiros cristãos.
A Alta
Crítica, também chamada hoje de Crítica Textual, passou a defender que a Bíblia
contém erros e que foi escrita muito tempo depois de sua composição, alegando
que havia acréscimos e interpolações posteriores. Embora ouvimos que isso não
diminui a autoridade das Escrituras, tal afirmação é completamente
inconsistente, pois tais erros e modificações deixariam a Bíblia sem nenhuma
confiabilidade.
Crer numa
Bíblia errante desestabiliza e ridiculariza a fé cristã, pois rebaixa a Bíblia
a um livro comum, comparável aos demais escritos religiosos, bem como anula ou
reduz a doutrina da inspiração, além de jogar por terra sua confiabilidade. Que
garantia teríamos de que Jesus viveu sem pecado? Ou que Ele ressuscitou? Que
Ele é o único caminho? Qual é o sentido de viver em santidade? Por isso,
concordo com Horton quando comenta que, “abrir mão da doutrina da inerrância é
o primeiro passo para se abrir mão da autoridade da Bíblia.”[3]
O teólogo
liberal alemão J. Solomon Semler, seguindo a idéia não inerrantista da Bíblia,
propôs uma distinção entre Palavra de Deus e Escrituras. É daí que surgiu a
famosa frase: “A Bíblia não é a Palavra de Deus, mas contém a Palavra de Deus”.
Tal frase mais uma vez nega a autoridade das Escrituras, bem como a inspiração
e a inerrância e cria um problema ainda maior do que os liberais criaram, pois
se a Bíblia é parcialmente inspirada, como definir qual parte é e qual não é?
Qual é o critério ou parâmetro para tal definição?
Quem teria
autoridade para determinar o que é inspirado e o que não é? Isso incorre num
relativismo perigoso e descompensado. O que é pecado na Bíblia, pode não mais
ser pecado numa interpretação liberal. Na ânsia de separar o que seria inspirado
do que não seria, os liberais adotam o método histórico-crítico,[4] como se
estivessem fazendo uma exegese “científica,” a fim de descobrir a Palavra de
Deus dentro do cânon da Bíblia.
O que é e
quais são suas principais ameaças?
O termo
“liberal” aparece em outros ramos além da teologia, a saber, na política e na
sociologia. De uma forma simplista, a expressão “liberal” reivindica para si a
ideia de que alguém tem a mente mais aberta para algo do que a maioria possui;
Outros entendem que ser “liberal” é ser liberto da coerção e de controles
externos de determinada cosmologia.
Mas, para
fins teológicos, a definição mais precisa de liberalismo, é: um sistema que tem
“comprometimento com uma série de proposições religiosas que deram origem, na
realidade, a uma nova religião, que reteve traços da terminologia ortodoxa
tradicional, mas que redefiniu radicalmente esses termos, dando a eles um
significado especial”.[5]
A
redefinição desses termos pode ser verificada na visão que eles têm da Bíblia.
Esta deixa de ser uma Obra inspirada pelo próprio Deus (isenta de erros) e
passa a ser considerado um mero documento humano, à semelhança de outros livros
antigos, tais como os Vedas, o Alcorão e o Mahabharata. Além de rebaixar a
autoridade das Escrituras e isolar um dos princípios da Reforma, o sola
scriptura, a teologia liberal nega abertamente os milagres narrados na
Bíblia, bem como o nascimento virginal de Cristo e sua ressurreição. O pecado
se torna algo socialista e deve ser vencido pela boa vontade e/ou pela pré-disposição
do homem em fazer o bem.
A negação ou
deturpação de tais doutrinas, essenciais do cristianismo, diga-se de passagem,
são as maiores ameaças para o cristianismo atual. Muitos seminários e
faculdades estão simplesmente ignorando a posição teológica de alguns
professores e contratando liberais para lecionarem em suas instituições. Além
de a teologia abordada nessas instituições não ser bíblica, elas não estão
preocupadas em preparar os vocacionados, atuam com relativização do pecado e
das doutrinas rudimentares da fé cristã, reconhecem todas as religiões como
válidas e propagam pensamentos liberais e neo-ortodoxos. Tais conceitos também
são vistos nas classes dos cursos de Ciências da religião.
Outro ponto
problemático da teologia liberal é a visão pragmática acerca da missão da
Igreja, reinterpretando-a como engajamento social a despeito da proclamação do
Evangelho para a salvação de almas. A ideia é transferir a práxis missionária
para obras de caridade e de responsabilidade social. Troca-se salvação por
compaixão.
Nicodemus
enumera algumas das principais idéias do liberalismo:[6]
- O sobrenatural não invade a
     história. Milagres não acontecem como fatos no tempo e no espaço, mas são
     explicações ou projeções das pessoas na tentativa de descrever suas
     experiências ou entender Deus.
 - A história se desenrola numa
     relação natural de causas e efeitos.
 - Milagres como o nascimento
     virginal de Cristo, os milagres que o próprio Cristo realizou, sua
     ressurreição física dentre os mortos, os milagres do Antigo e Novo
     Testamentos nunca aconteceram na história. No máximo,
     na heilsgeschichte(história santa, ou história salvífica), diferente
     do mundo da história bruta, real, factível.
 - Temas como criação, Adão, queda,
     milagres, ressurreição, entre outros, pertencem à história salvífica e não
     à história real e bruta. Adão e Eva não foram pessoas reais.
 - Não interessa o que realmente
     aconteceu no túmulo de Jesus no primeiro dia da semana, mas, sim, a
     declaração dos discípulos de Jesus que diz que Jesus ressuscitou.
 - Os relatos bíblicos dos milagres
     são invenções piedosas do povo judeu e dos primeiros cristãos, mitos e lendas
     oriundos de uma época pré-científica, quando ainda não havia explicação
     racional e lógica para o sobrenatural.
 - A Escritura contém erros e
     contradições, lado a lado com aquelas palavras que provêm de Deus. Nossa
     tarefa é tentar separar as duas coisas.
 - Interpretar a Bíblia
     historicamente significa reconhecer que ela contém contradições. Qualquer
     abordagem hermenêutica deixa de ser histórica se não aceitar essas
     contradições.
 - A Igreja Cristã se perdeu na
     interpretação da Bíblia através dos séculos e somente com o advento do
     Iluminismo, do racionalismo e das filosofias resultantes é que se começou
     a analisar criticamente a Bíblia e a teologia cristã, expurgando-as dos
     alegados mitos, fábulas, lendas, acréscimos, como, por exemplo, os mitos
     da criação e do dilúvio e de personagens inventados como Adão e Moisés,
     etc.
 - O sentimento religioso é algo
     universal, isto é, cada ser humano é capaz de experimentá-lo. É esse
     sentimento que dá validade às experiências religiosas e que torna o
     ecumenismo possível
 
Como
lutar contra ela?
Como se pode
perceber, a indiferença para com o liberalismo teológico pode ser perigosa e já
estamos vendo resultados pelo mundo a fora. Muitas denominações históricas já
entraram no processo de aceitar a união de pessoas do mesmo sexo, além de
estarem ordenando homossexuais e transexuais para o ministério. O ideário da
teologia liberal afeta diretamente o futuro de nossas igrejas. Sendo assim,
como podemos lutar contra ela?
1)
Preterindo, evitando e se possível não aderindo a escolas que professem ou
sejam indiferentes com a propagação da teologia liberal: Infelizmente, a
maioria dos cursos de graduação em teologia reconhecidos pelo MEC são
ministrados com conteúdos e alguns professores liberais. Temo que nas próximas
décadas, o Brasil seja invadido por conceitos heterodoxos do liberalismo como
numa avalanche. A razão para esse temor é a extinção das integralizações de
crédito. Isso forçará os estudantes de teologia que desejam ter o
reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação a ingressarem nessas
instituições que apóiam de modo direto ou indireto o liberalismo.
Tenho
certeza de que você, amigo leitor, jamais iria querer almoçar num restaurante
em que soubesse que a comida ali é preparada com alimentos estragados. Tal
comida, além de ter um gosto horrível, certamente não faria bem para seu
estômago e, por conseguinte, à sua saúde. Lembro-me de uma moça que congregava
comigo em certa comunidade e que foi trabalhar como cozinheira numa lanchonete.
Ele contou que quando os clientes deixavam algum bolinho ou porção sobrando na
mesa, os garçons eram orientados a recolher a sobra e guardar no forno. Quando
um novo cliente fizesse o mesmo pedido, então eles deveriam requentar aquelas
porções e enviar para os clientes. Bem, nunca tive coragem de ir comer naquele
lugar depois que ela me contou aquilo.
2)
Preparando-se de forma notória para com o conhecimento correto das doutrinas
centrais da fé cristã e resgatando o fundamentalismo teológico: heterodoxia não
se mistura com ortodoxia. São como água e óleo. Por isso, aquele que visa
conhecer as doutrinas centrais da fé cristã de forma bíblica, preocupado com a
sanidade doutrinária e em consonância com a ortodoxia, estará bem equipado com
o Evangelho puro e simples. A maioria das heresias são facilmente derrubadas
pelo correto entendimento da teologia sistemática.
A expressão
“fundamentalismo,” na atualidade, ganhou uma conotação um tanto quanto
pejorativa, vindo a significar algo como uma fidelidade absoluta à
interpretação literalista da Bíblia e/ou uma atitude de rigidez e
intransigência sobre princípios e regras. Na visão popular é como se fosse
alguém “fechado” e que não dialoga com outras ideias, mas que só pensa de forma
unívoca. Pode significar, ainda, qualquer tipo de conservadorismo. Nesse sentido,
alguém que é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pode ser taxado de
fundamentalista.
Dreher até
comenta que há um conceito realmente inflacionado.[7] Mas, apesar da conotação
moderna de “fundamentalismo”, seu surgimento original não tem a ver com isso e
sim com uma reação ocorrida no início do século passado para com os conceitos
abertos e heterodoxos da teologia liberal. Por isso, se alguém taxar você de
“fundamentalista” não se chateie, pois como Dreher colocou: “sempre os outros
que são fundamentalistas” e o que esses grupos esquecem é que eles também
adotam um certo “fundamentalismo”, quando pensam que os “fechados” deveriam ser
“abertos” como eles.
Entretanto,
o fundamentalismo que defendemos ser resgatado, não é o que ganhou conceito contemporâneo,
de pessoas que parecem colocar uma “viseira” de cavalo e não enxergam mais nada
na sua frente. O fundamentalismo ao qual nos referimos é aquele teológico, que
procura manter os rudimentos da ortodoxia cristã. Aquele que nasceu do
“movimento apologético de defesa da fé, porque entendia que a tarefa da Igreja
cristã era defender a fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.”
Nicodemus explica que, “Nesse aspecto, é positiva a disposição de se lutar em
favor da fé bíblica, identificando inimigos potenciais do cristianismo, como o
liberalismo teológico, o humanismo, o evolucionismo e o “evangelicalismo”, que
tem, gradualmente, abandonado a doutrina da infalibilidade da Escritura e
adotado o ecumenismo e o evolucionismo teísta.”[8] E assim partimos para a
terceira atitude de como lidar com o liberalismo:
3)
Batalhando pela fé que foi dada aos santos: defender a fé cristã, isto é, fazer
apologia à sã doutrina, é uma ordenança bíblica (Jd 3). Contudo, é preciso que
antes de alguém se aventurar a fazer tal defesa, esteja preparado para tal.
Ademais, tal defesa deve ser feita com amor e nuca com soberba (1 Pe 3.15).
Como exemplo
de alguém que batalhou por essa fé, podemos nos reportar à biografia do famoso
teólogo reformado, John Gresham Machen. Ele foi estudar na Alemanha no início
do século XX, passando um semestre pela Universidade de Marburg e mais outro na
Universidade de Göttingen, ficando completamente exposto ao liberalismo. Tal
encontro deixou Machen bastante confuso, pois se deparou com ensinos bastante
controversos.
Seus
professores propagavam que a essência da religião está no íntimo de cada
pessoa. Diziam que a Bíblia podia ser refutada pela história, que não servia de
alicerce para a fé cristã e que é completamente ineficaz para transformar o
homem. Tais pontos vão de encontro com verdades essenciais do cristianismo. De
que adianta a exposição das Escrituras, se não há fé para pregá-la?
A
experiência na Alemanha levou Machen a questionar sua vida de piedade e devoção
a Cristo e levou-o também a um desafio intelectual. Ele passou uma crise
intensa no tocante à sua identidade cristã e só oito anos depois de regressar
da Alemanha é que ele recobrou sua fé.[9]
Depois de
sua recuperação, Machen mostrava sua preocupação. De acordo com ele, o liberalismo
não é um assunto exclusivamente acadêmico, “Pelo contrário”, asseverava, “seu
ataque aos fundamentos da fé cristã está sendo conduzido vigorosamente através
de ‘lições’ de Escola Dominical, do púlpito e da imprensa religiosa.”[10]
Machen
posicionou-se contundentemente contra a teologia liberal e sofreu várias
perseguições por conta de seu posicionamento. Como atitude remonstrante, ele se
ajuntou a outros professores e participou da fundação do Seminário Teológico de
Westminster, além da coparticipação na criação da Igreja Presbiteriana
Ortodoxa.[11]
Considerações
finais
A teologia
liberal por certo não está morta e não deve ser encarada de forma ufanista como
se fosse um cachorro morto. Ela tem produzido muitos estragos, embora não todos
quantos ainda possa produzir. Ela entrou em declínio desde a década de 20 do
século passado, arrefecendo-se, mas não estando morta por completa. Vemos seus
resquícios nas teologias sociais, que empunham a espada do Marxismo e através
de conceitos neo-ortodoxos.[12]
A teologia
sadia não teme a ciência (ou as ciências) e tampouco a filosofia. A missão
precípua das três manifestações racionais é a busca pela verdade. Entretanto, a
verdade para a legítima teologia não está nos sistemas teológicos, mas, na
própria pessoa de Cristo (Jo 14.6) e em Sua Palavra (Jo 17.17), fundamentos
negados pela teologia liberal. Sendo assim, devemos encará-la como um leão
adormecido e trabalhar para que fique enjaulado, limitado e sem poder de
machucar ninguém.
Notas
[1]
CHAMPLIN, Noman; BENTES, João. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia. São Paulo: Candeia, 1991, p. 802.
[2] NICODEMUS, Augustus. O Liberalismo Teológico Morreu? Disponível em: tempora-mores.blogspot.com.br/2011/09/o-liberalismo-teologico-morreu.html
[3] HORTON, Stanley (Org.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 109.
[4] Em breve estarei postando um artigo sobre o método histórico-gramatical, com a finalidade de mostrar seus benefícios para uma interpretação ortodoxa.
[5] CONSTANZA, José Roberto da Silva. As Raízes Históricas do Liberalismo Teológico. Fides Reformata X, n° 1, 2005, p. 80.
[6] NICODEMUS, Op. Cit.
[7] DREHER, Martim. Fundamentalismo. São Leopoldo: Sinodal, 2006, p. 82.
[8] Entrevista do Dr. Augustus Nicodemus à Revista Defesa da Fé. Disponível em: http://www.icp.com.br/86entrevista.asp.
[9] SANTOS, Valdeci da Silva. John Gresham Machen contra o liberalismo: em defesa da fé cristã. Fides Reformata IX, n° 1, 2004, p. 149.
[10] MACHEN, John. Cristianismo e Liberalismo. Os Puritanos, 2001, p. 27.
[11] Para maiores informações sobre a biografia de Machen, ler o artigo de Valdeci da Silva Santos supracitado na nota 2.
[12] Na visão deste autor, a neo-ortodoxia deveria ser chamada de neo-liberalismo, pois é uma tentativa de ficar no meio da ortodoxia e do liberalismo, entretanto, com uma maior simpatia por esta.
[2] NICODEMUS, Augustus. O Liberalismo Teológico Morreu? Disponível em: tempora-mores.blogspot.com.br/2011/09/o-liberalismo-teologico-morreu.html
[3] HORTON, Stanley (Org.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 109.
[4] Em breve estarei postando um artigo sobre o método histórico-gramatical, com a finalidade de mostrar seus benefícios para uma interpretação ortodoxa.
[5] CONSTANZA, José Roberto da Silva. As Raízes Históricas do Liberalismo Teológico. Fides Reformata X, n° 1, 2005, p. 80.
[6] NICODEMUS, Op. Cit.
[7] DREHER, Martim. Fundamentalismo. São Leopoldo: Sinodal, 2006, p. 82.
[8] Entrevista do Dr. Augustus Nicodemus à Revista Defesa da Fé. Disponível em: http://www.icp.com.br/86entrevista.asp.
[9] SANTOS, Valdeci da Silva. John Gresham Machen contra o liberalismo: em defesa da fé cristã. Fides Reformata IX, n° 1, 2004, p. 149.
[10] MACHEN, John. Cristianismo e Liberalismo. Os Puritanos, 2001, p. 27.
[11] Para maiores informações sobre a biografia de Machen, ler o artigo de Valdeci da Silva Santos supracitado na nota 2.
[12] Na visão deste autor, a neo-ortodoxia deveria ser chamada de neo-liberalismo, pois é uma tentativa de ficar no meio da ortodoxia e do liberalismo, entretanto, com uma maior simpatia por esta.



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