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autor já havia feito uma serie de exortações,
tomando a rota do Êxodo sob a liderança de Moisés como ponto de partida. Tendo
o grande legislador hebreu morrido, coube a Josué, um dos seus auxiliares mais
próximos, a missão de levar o povo a entrar na Terra Prometida (Js 1.1). Para o
antigo povo de Deus, a entrada em Canaã significava o descanso da jornada e o
cumprimento da promessa de Deus, só que o autor de Hebreus destaca que esse
descanso, de fato, nunca ocorreu em sua plenitude. E não ocorreu porque assim
teria de ser, mas, sim, porque a incredulidade e a rebeldia não permitiram.
Deus não decretara nada daquilo que negativamente marcara seu antigo povo. Da
mesma forma, os destinatários da carta aos Hebreus não podiam responsabilizá-lo
pelo fracasso daqueles que ficariam para trás. O autor alerta que a coisa
parecia repetir-se, não mais rumo à conquista da terra, mas, agora, na
trajetória rumo ao Céu.
Esse descanso é entendido pelos
intérpretes com o a entrada na nova aliança. Nesse aspecto, o autor mostra que
alguns se excluíram dele porque não receberam com fé a mensagem do evangelho
(4.1,2). Essa falta de compromisso com a mensagem da cruz colocava-os numa
posição de perigo. George Howard Guthrie (nascido em 1959) observa que é um
descanso no qual todos devem esforçar-se para entrar (4.11) — já que a entrada
na nova aliança exige um posicionamento corajoso ao lado de Cristo e de sua
Igreja — mas, por outro lado, implica no descanso das próprias obras (4.10).
Guthrie ainda destaca que a carta aos hebreus deixa claro que isso exige uma fé
obediente que está disposta a afastar-se do erro para abraçar a Palavra de
Deus. Esse descanso possui uma dimensão presente, no qual se participa agora
pela fé (4.3) e que terá sua consumação no fim dos tempos.1
“Temamos, pois, que, porventura,
deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fique para
trás" (v. 1).
De uma forma recorrente, como o faz em vários pontos dessa carta, o autor usa
outra vez de um contundente tom exortativo. Temamos é a tradução do grego
phobethomen, derivado de phobeomai, que ocorre 95 vezes no Novo Testamento.
Joseph Henry Thayer (1828-1901) traduz como: temor, medo, ser atingido pelo
medo, ficar alarmado.2 Nessa carta, esse termo aparece novamente nos capítulos
11.23,27 e 13.6. O sentido é de alguém que sente receio, temor ou medo diante
de alguma situação que inspira cuidados. Dessa forma, é traduzido para
descrever o temor que o apóstolo Paulo demonstrou diante de uma real
possibilidade de dano que Satanás poderia causar aos crentes de Corinto.
"Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim
também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da
simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). F. F. Bruce destaca que a intenção
do autor é mostrar que os crentes
"farão bem em temer a possibilidade de perder a
grande bênção que nos está prometida, da mesma maneira que a geração de
israelitas que morreu no deserto perdeu a Canaã terrestre, embora fosse o
objetivo que tinham diante de si quando saíram do Egito”.3
Esse sentido é obtido a partir da
expressão “pareça que algum de vós fique para trás”. Guthrie destaca que o que
suscitava temor no autor é que alguns dos membros da comunidade pareciam não
ter alcançado o prometido descanso. Guthrie observa que o autor não está
afirmando categoricamente que alguns deles deixaram de alcançar o prometido
descanso, mas que é necessário exercer a prudência já que essa possibilidade é
real.4
“Porque também a nós foram
pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes
aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a
ouviram" (v.
2). Ao referir-se à "palavra da pregação”, o autor destaca o modo como
Deus comunicou-se e revelou-se a seu povo no antigo pacto, e não exatamente ao
conteúdo da mensagem pregada, que, evidentemente, era diferente das Boas-Novas
anunciadas no Novo Testamento.5
Ali, a revelação era parcial; aqui,
total. Deus revelara-se aos antigos hebreus, mas eles não quiseram escutar. Da
mesma forma, os novos hebreus, que receberam uma revelação em tudo superior,
não estavam também atentando ao que fora dito. A razão foi a incredulidade que
não permitiu a palavra produzir efeitos naqueles que a ouviram.
"Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal com o
disse: Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso" (v. 3).
A expressão "os que temos crido” é um particípio aoristo e tem o sentido de "nós que nos
tomamos crentes”.6 Os cristãos que perseveram e não recuam ganham o direito de
entrar no descanso de Deus. A. T. Robertson destaca que o verbo “entramos"
está no presente futurista e, nesse texto, tem o sentido de “nós temos a
segurança de entrar [no descanso], os que cremos”.7
O descanso de Deus é uma realidade já
presente, mas a sua plenitude só terá efeito no futuro. Deus proveu um descanso
para seu povo, mas esse repouso não é para os indolentes, negligentes e
descrentes, e sim para os que fazem a jornada até o fim. Richard S. Taylor
(1912-2006) destaca acertadamente que esse descanso provido por Deus não deve
ser interpretado como garantia de que “não importa o que façamos, Ele vai dar
um jeito de levar-nos até lá”. Pelo contrário, essa evidência da grandeza de
Deus deixa-nos completamente indesculpáveis em nossa descrença temerosa. Esses
parágrafos intensos são uma forte tentativa de chacoalhar os cristãos hebreus
em sua falsa segurança, ao mostrar-lhes que não possuem imunidade contra os
perigos da cerca espiritual.8
Neste capítulo, observamos que o autor
refere-se a três tipos de descansos: (1) A entrada do povo de Deus na Terra
Prometida sob a liderança de Josué; (2) O descanso sabático — quando Deus
acabou a obra da Criação; e (3) O descanso trazido por Cristo. A patrística
também via a obra de Cristo como o ponto culminante desse descanso. Dessa
forma, João Crisóstomo (347-407 d.C) destacava que havia três descansos: um do
sábado, em que Deus descansou de suas obras; um segundo, da Palestina, quando
entraram os judeus nela e descansaram das muitas triangulações e fadigas; e o
terceiro, que é o verdadeiro descanso: o Reino dos céus, onde quem o obtiver
descansará realmente das fadigas e dos sofrimentos. Aqui, ele faz menção aos
três. E por que ao falar de um rememora os três? Para mostrar que o profeta
fala deste último. Ele não se referia ao primeiro, pois diz: não sucedeu isso
nos tempos antigos? Nem tampouco ao segundo, o que teve lugar na Palestina;
como iria referir-se a este se já houvesse tido lugar também? Só resta o que se
refere ao terceiro.9
J. Wesley Adams resume o pensamento do
autor sobre a tipificação desse descanso:
1. O descanso em Canaã é um tipo ou símbolo
do repouso espiritual que Deus promete a seu povo, em Cristo;
2. Esse repouso espiritual é prefigurado
pelo descanso sabático de Deus;
3. Esse descanso espiritual — como outros
aspectos do Reino de Deus — envolve tanto a realidade presente quanto a
esperança futura do povo de fé.10
“Porque, em certo lugar, disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de
todas as suas obras no sétimo dia" (v. 4). Recorrendo ao método judaico de fazer hermenêutica,
o autor remete a Gênesis 2.2. Já vimos que essa forma de citar as Escrituras
não demonstra imprecisão por parte do autor; apenas expõe o seu estilo
literário. Os intérpretes destacam que o "repouso” de Deus não significa
ociosidade da parte dEle, mas, sim, que não há nada mais a acrescentar àquilo
que Ele fez.11 Após concluir sua obra no sétimo dia da criação, Deus descansou
de sua obra e continua ainda nesse descanso.
“E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso" (v. 5). Mesmo estando esse descanso
disponível para todos os homens, o autor mostra que alguns se excluíram dele. A
razão foi a dureza de coração, a desobediência e a incredulidade. Todavia, esse
descanso continua acessível para aqueles que creem.
"Visto,
pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram
pregadas as boas-novas não entraram por causa da desobediência” (v. 6).
Aqui, o autor explica o versículo anterior. A geração do êxodo não pode entrar
no descanso de Deus, mas a promessa do descanso continua de pé. Cabe aos crentes da nova aliança entrar nessa promessa.
“Determina, outra vez, um certo dia,
Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a
sua voz, não endureçais o vosso coração” (v. 7). O versículo 7 volta à citação do
Salmo 95. Para o autor, a promessa do descanso divino não havia cessado com a
entrada do povo na Terra Santa, visto que, aproximadamente 500 anos depois,
Davi faz uma atualização dessa promessa no Salmo 95. Se não mais houvesse a
promessa de um descanso para o povo de Deus ao longo de sua história, o
Espírito Santo não teria inspirado o rei-poeta a fazer a atualização dessa
mesma promessa.
Os profetas da Antiga Aliança mantinham
a expectativa de dias de paz e descanso para o povo de Deus, que ocorreria com
a vinda do Messias. O autor de Hebreus já havia lembrado que, antigamente, Deus
falara aos pais pelos profetas e que, naqueles dias, Ele falava pelo Filho. A
chegada da nova aliança significava a entrada nesse descanso. Para o autor, a
expressão "um certo dia, Hoje...”, dita por Davi de forma profética, não
se restringia aos dias daquele monarca, mas, sobretudo, à chegada da Nova
Aliança. Nem Josué — nem tampouco nenhum outro líder hebreu — foi capaz de
conduzir o povo de Deus a um descanso pleno.
"Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso,
de outro dia” (v. 8). O livro de Josué mostra as grandes conquistas
efetuadas por ele, mas destaca que “ainda muitíssima terra ficou para possuir”
(Js 13.1). Josué, sem dúvida, proveu uma forma de “descanso” físico, político e
social, mas o verdadeiro descanso era uma promessa para o povo da nova aliança.
"Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (v. 9). Aqui
no versículo 9, o autor usa a palavra sabbatismos, derivada de sabbath (Sábado)
para referir-se ao descanso ou repouso em vez de katapausis, usada nos demais
versículos desse capítulo, que mantém o mesmo significado.12 Fica evidente que
o autor não se refere ao repouso sabático semanal, o que contrariaria todo o
seu argumento nessa carta, que é um alerta aos seus leitores a não retomarem às
práticas judaizantti (Cl 2.16). Por outro lado, se o autor estivesse se
referindo ao descanso sabático semanal, não haveria necessidade alguma de dizer
que esse descanso era algo ainda a ser alcançado (resta um repouso
(sabbatismos) para o povo de Deus), visto que o Sábado era uma prática
rigorosamente observada no judaísmo dos dias de Jesus.
“Porque
aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus
das suas” (v. 10). Esse repouso é uma referência ao dia anelado pelos
profetas e que agora se cumpria com a vinda do Filho de Deus. Da mesma forma
que Deus descansou de suas obras, não tendo mais necessidade de acrescentar
nada às coisas que Ele criara, os crentes que entraram na nova aliança também
não precisam mais de mérito pessoal ou humano para entrar no descanso provido
por Jesus Cristo, o Filho de Deus. O versículo 11 é encerrado com uma
advertência. “Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia
no mesmo exemplo de desobediência" (v. 11). Adam Clarke comenta in loco:
"A palavra indica todo esforço físico e mental com referência ao assunto.
Para que não caia da graça de Deus, do evangelho e suas bênçãos e pereça para
sempre”.13
“Porque a palavra de Deus é viva, e
eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração" (v. 12). Na sua exposição, o autor faz uma das
maiores declarações sobre a palavra de Deus. Alguns comentaristas não
conseguiram ver o elo existente entre o versículo 12 e os demais versículos
deste capítulo, mas o melhor entendimento desse texto é aquele que encontramos
nas notas de John Wesley sobre a carta aos Hebreus. Wesley observa que a
palavra de Deus pregada no versículo 2 e reforçada com advertências no
versículo 3 é viva e eficaz', é acompanhada pelo poder do Deus vivente e
comunica vida ou morte àqueles que a ouvem; é mais cortante do que espada de
dois gumes e penetra o coração mais do que a espada pode penetrar o corpo; que
penetra totalmente e deixa aberto; a alma e o espírito, as juntas e medulas —
os lugares mais escondidos da mente.14 Nada pode ficar fora do alcance da
Palavra de Deus.
“E não há criatura alguma encoberta
diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com
quem temos de tratar”
(v. 13). O autor usa três termos gregos para mostrar o poder revelador da
palavra de Deus: aphanes (oculto, não manifesto, escondido); gymnós (nu,
aberto, às claras) e trachelizo (expor, descobrir). Aqui, o sentido é de deixar
algo totalmente exposto, sem nada a esconder. Para o expositor bíblico A. T.
Robertson, significa que o microscópio de Deus pode pôr em evidência o mais
diminuto micróbio de dúvida e pecado.15 Tendo em vista que a palavra trachelos
significa "pescoço” e é usada, nesse contexto, como algo que está desnudo,
descoberto, a metáfora pode referir-se a um animal que tinha seu pescoço
exposto para o sacrifício ou a um lutador que era dominado pelo pescoço.16 Em
ambos os casos, a metáfora expõe o domínio e o poder revelador da Palavra de
Deus.
“Visto que temos um grande sumo
sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a
nossa confissão” (v.
14). O versículo 14 introduz o assunto sobre o qual o autor devotará maior
atenção: a doutrina do sacerdócio de Cristo. Essa seção inicia-se aqui e
estende-se até o capítulo 10 e versículo 18. O descanso do qual o autor acabara
de falar e do qual todos os cristãos participam por direito da aliança só se
tom ou possível porque Jesus, como sumo sacerdote, adentrou os céus. O termo
grego dielelythota, derivado de dierxomai, ocorre 42 vezes no Novo Testamento
Grego.17 Esse termo verbal é usado para retratar um fato que ocorreu no
passado, mas que tem seus efeitos no presente. Aqui, o sentido é que Jesus
penetrou os céus, por ocasião de sua morte e ressurreição, e ainda está lá.18
No passado, Jesus levou vicariamente a pena de nossos pecados; no presente, Ele
é o nosso grande sumo sacerdote que continua a interceder por nós. Esse sumo
sacerdote está nos céus, porém não distante do povo. Os cristãos são exortados
a manterem-se firme na sua confissão, que aqui mantém o sentido de profissão de
fé.
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (v. 15). O autor reconhece a fragilidade humana e sua vulnerabilidade diante das tentações. Aqui, o verbo grego peirazo, traduzido como "testar”, "tentar”, deve manter esse último sentido por estar associado à hamartia (pecado) no final do versículo. O autor faz referência a Jesus nos dias de sua humilhação e também às tentações as quais esteve sujeito. Tendo Ele sido tentado em tudo, pode socorrer os que também são tentados. A imagem aqui é extraída do sistema sacerdotal no qual o sacerdote intercedia pelas fraquezas do povo. Richard S. Taylor observa oportunamente que Jesus não foi tentado em todas as particularidades ou em cada situação possível. Por exemplo, Ele não foi tentado como marido, ou pai, ou dono de uma propriedade, ou empregador, ou soldado porque não exerceu nenhuma dessas funções. Taylor observa que Jesus foi tentado nas três áreas básicas da suscetibilidade humana: corpo, alma e espírito. Dessa forma, Jesus conhecia a tentação no campo do apetite do corpo, no campo dos relacionamentos humanos e no campo dos relacionamentos espirituais. Eu - os outros - Deus: Ele foi tentado nesses três pontos. O que deveria governá-lo? Seu desejo por pão? Seu desejo por aceitação? Seu desejo por poder? Ou a sua lealdade a Deus?19 É exatamente nessas áreas onde ocorre o campo de batalha de todo cristão. Como nós, Jesus foi tentado, porém não sucumbiu à tentação!
“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (v. 15). O autor reconhece a fragilidade humana e sua vulnerabilidade diante das tentações. Aqui, o verbo grego peirazo, traduzido como "testar”, "tentar”, deve manter esse último sentido por estar associado à hamartia (pecado) no final do versículo. O autor faz referência a Jesus nos dias de sua humilhação e também às tentações as quais esteve sujeito. Tendo Ele sido tentado em tudo, pode socorrer os que também são tentados. A imagem aqui é extraída do sistema sacerdotal no qual o sacerdote intercedia pelas fraquezas do povo. Richard S. Taylor observa oportunamente que Jesus não foi tentado em todas as particularidades ou em cada situação possível. Por exemplo, Ele não foi tentado como marido, ou pai, ou dono de uma propriedade, ou empregador, ou soldado porque não exerceu nenhuma dessas funções. Taylor observa que Jesus foi tentado nas três áreas básicas da suscetibilidade humana: corpo, alma e espírito. Dessa forma, Jesus conhecia a tentação no campo do apetite do corpo, no campo dos relacionamentos humanos e no campo dos relacionamentos espirituais. Eu - os outros - Deus: Ele foi tentado nesses três pontos. O que deveria governá-lo? Seu desejo por pão? Seu desejo por aceitação? Seu desejo por poder? Ou a sua lealdade a Deus?19 É exatamente nessas áreas onde ocorre o campo de batalha de todo cristão. Como nós, Jesus foi tentado, porém não sucumbiu à tentação!
“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da
graça, para que possa’ mos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos
ajudados em tempo oportuno" (v. 16). Tendo, pois, Jesus como esse grande Sumo Sacerdote
misericordioso, o cristão é convidado para que, com ousadia, chegue-se ao trono
da graça. A palavra "cheguemos” traduz o termo gregoproserxhometha,
derivado de proserchomai, que ocorre 87 vezes no Novo Testamento grego, sendo
sete vezes em Hebreus. É usado em Mateus 9.20 para descrever a ação da mulher
hemorrágica quando se aproximou de Jesus: “E eis que uma mulher que havia já
doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla
da sua veste”. Na Septuaginta, é usado para descrever a aproximação que o
sacerdote mantinha com Deus durante o culto.20 Da mesma forma que o sacerdote levita
adentrava no santuário para ministrar a Deus e da mesma forma que a mulher
hemorrágica demonstrou coragem, ousadia e fé para aproximar-se do trono da
graça, o cristão também deve aproximar-se de Deus através da mediação de Jesus
Cristo.
A Supremacia de Cristo
📌SUBSÍDIO
ADICIONAL
Fonte:
Revista Ensinador Cristão - CPAD, n° 72
O livro
de Josué narra a conquista parcial da terra prometida, a terra de Canaã, sua
distribuição e o estabelecimento do povo israelita nela. A narrativa do texto
mostra batalhas sangrentas para conquistar a terra. Os cananeus não a
entregariam gratuitamente. Entretanto, ao longo do livro é possível perceber
que Deus honrou Israel, fazendo-o vencer os inimigos idólatras e obter a dádiva
da terra prometida ao seu povo. Ali, começaria a se cumprir a promessa da
Aliança de Deus com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.
Nesse contexto que a promessa de
descanso, ou repouso, isto é, a promessa de conquistar e permanecer na terra
prometida, que não foi plenamente realizada, foi cumprida por intermédio de
Josué ao povo de Israel, mas unicamente numa perspectiva terrena, incompleta e
finita. Aqui, o capítulo 4 de Hebreus faz o maior contraste com o
"repouso" proposto no livro de Josué.
A Carta aos
Hebreus mostra que "o repouso prometido por Deus não é somente o
terrestre, mas também o celestial (w.7,8; cf.13.14). Para os crentes, resta
ainda o repouso eterno no céu (Jo 14.1-3; cf. Hb 11.10,16). Entrar nesse
repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição,
tão comuns em nossa vida nesta terra (cf. Ap 14.13); significa participar do
repouso do próprio Deus e experimentar a eterna alegria, deleite, amor e
comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap
21.22)" (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 1905).
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