IGREJA
REFORMADA, SEMPRE SE REFORMANDO
“Ecclesia
Reformata et Semper Reformanda est”
A frase em
latim é atribuída ao teólogo reformado holandês Gilbertus Voet (1589-1676). Ela
teria sido proferida durante o Sínodo de Dort, realizado em Dordrecht, Holanda,
entre novembro de 1618 e maio de 1619.
É certo que
há muitas interpretações para esta frase, mas abaixo declaro minha compreensão,
tentando ser fiel ao reformador holandês.
- A igreja não consegue mudar a si mesma. Quem muda e transforma a igreja é o Cabeça, nosso Senhor Jesus Cristo.
- A igreja reformada sempre se
reformando não quer dizer que a cada geração a igreja adeque seu ensino ao
sabor das ideologias políticas, sociais, sexuais, de gênero ou seja o que
for.
- A igreja precisa de uma reforma
constante em cada geração, isto é, retornar sempre às Sagradas Escrituras
sob a orientação e iluminação do Espírito Santo. Pois, a cada geração,
surgem novas heresias ou velhas heresias ganham um novo colorido. O
Espírito Santo, Aquele que capacita a igreja para compreender as
Escrituras e responder os desafios de cada geração, está presente para
transformar, orientar e fazer a igreja florescer e frutificar. As reformas
das quais a igreja precisa em cada geração são no sentido de uma
compreensão das Sagradas Escrituras e que levem a uma aplicação e uma
prática relevante para que Cristo seja glorificado.
- A igreja de Cristo precisa
compreender que dentro da igreja institucionalizada (qualquer que seja o
modelo de estrutura), lobos devoradores surgem do meio do rebanho
procurando desviar os fiéis das doutrinas da Graça. É necessário que a
igreja seja sempre restaurada ao primeiro amor, à fé em Cristo, à certeza
de que a salvação é unicamente pela Graça, por intermédio de Cristo Jesus
e que todo crente deve dar Glória somente ao Deus vivo.
- A igreja pode viver uma firmeza
doutrinária (ortodoxa) mas uma ortodoxia fria, sem fervor, sem paixão, sem
amor a Cristo. É doutrina com um fim em si mesma. Ela precisa ser
reformada.
- A igreja pode viver um frenesi
de misticismos idólatras no qual a palavra humana e os sentimentos humanos
sobrepõem as evidentes verdades bíblicas. A igreja precisa ser reformada.
- A igreja pode viver em busca da
prosperidade material e do dinheiro exclusivamente e não pregar mais o
arrependimento, a fé, e a santificação, a doutrina sobre o inferno, a
volta de Cristo, os novos céus e nova terra. Quando a ênfase da mensagem
está no dinheiro e prosperidade financeira, a igreja precisa ser
reformada.
- A igreja pode viver apenas
voltada para a religião, o religiosismo e o legalismo, em que os
frequentantes são apenas consumidores de cultos, produtos e programas
religiosos sem piedade verdadeira e sem buscar a santificação. A igreja
precisa ser reformada.
- A igreja pode viver apenas na
sua força da carne quando firma em seus diplomas, cursos, doutorados,
seminários, milhares de fiéis, orçamento grande, ampla estrutura
administrativa, etc. sem aquela humildade e dependência da unção e
capacitação do Espírito Santo. A igreja precisa ser reformada.
- A igreja pode mundanizar-se:
Suas práticas conciliares, tomadas de decisões, a maneira como usa o
dinheiro, a conduta dos crentes nos negócios, na política, no lar, na
escola, na prática da ética e na conduta sexual não difere dos que não
temem a Cristo. A igreja precisa ser reformada.
A igreja
precisa mesmo ser reformada e restaurada no seu compromisso pessoal com o
estudo da Palavra de Deus. Restaurar o amor e a comunhão tanto entre os de casa
quanto no templo.
A igreja
precisa ser reformada em seu amor por missões, amor pelos que sofrem, amor
pelos perdidos e enfatizar as grandes doutrinas da graça: Sola Scriptura, Sola
Fide, Solus Christus, Sola Gratia, Soli Deo Gloria, isto é, Só a Escritura, Só
a Fé, Só Cristo, Só a Graça e Glória somente a Deus.
Pr. Jeremias
Pereira
Igreja reformada
sempre se reformando
A Reforma Protestante do Século XVI não
foi uma inovação, mas uma volta às origens. A igreja havia se desviado da
verdade e perdido o cristianismo puro e simples. Os dogmas papais haviam
substituído a infalível Palavra de Deus. As heresias tomaram o lugar da verdade
e a apostasia tomou conta da igreja. A Reforma, então, foi um movimento de
retorno à Palavra de Deus e um resgate do evangelho pregado pelos apóstolos.
Depois do Pentecoste não houve nenhum fato mais marcante na história da igreja
do que a Reforma. Ela trouxe cinco ênfases:
1. Só a
Escritura – A Bíblia não é apenas uma fonte da revelação de Deus ao homem, mas
a única regra de fé e prática. As tradições humanas, os dogmas da igreja, as
decisões dos concílios, bem como todo pensamento humano precisam passar pelo
crivo da Palavra de Deus. Ela é a única autoridade da vontade revelada de Deus
para o homem. Não são as experiências que julgam a bíblia, mas a Bíblia que
julga as experiências. A igreja não está acima da Palavra, mas é governada por
ela.
2. Só a Fé –
A justificação é somente pela fé, independente das obras da lei. A base da
salvação não é o esforço humano, mas o sacrifício substitutivo de Cristo na
cruz. Recebemos a salvação oferecida por Deus pela fé e não como resultado das
nossas obras. As obras são conseqüência da salvação e não a sua causa.
3. Só a
Graça – A graça é um dom imerecido de Deus. Fomos escolhidos por Deus para a
salvação não por causa dos nossos méritos, obras ou religiosidade, visto que
éramos inimigos de Deus, estávamos cativos do diabo, do mundo e da carne.
Estávamos cegos, perdidos e mortos nos nossos delitos e pecados. Mas, a
despeito da nossa terrível condição, Deus nos amou e graciosamente nos salvou.
4. Só Cristo
– A Reforma restabeleceu a verdade incontroversa de que existe um único
mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Ele é o único Salvador e Senhor
e não há salvação em nenhum outro nome. Jesus é o caminho para Deus. Ele é a
porta do céu. Ele é o pão da vida, a fonte da água viva. O acesso a Deus não é
por meio de Maria ou Pedro, nem mesmo por meio dos santos, mas, somente por
meio de Jesus.
5. Só a Deus
toda a glória – Deus não reparte a sua glória com ninguém. Ele e não o homem é
o centro e a medida de todas as coisas. Dele, por meio dele e para ele são todas
as coisas. Não é Deus quem vive para a glória do homem, mas é o homem que deve
viver para a glória de Deus. Deus e não o homem é o centro do universo.
Mas a Reforma continua. A igreja reformada sempre deve se reformar. Em que
sentido? Sempre que a igreja se desvia da verdade, ela precisa parar e
confrontar sua teologia e sua vida à luz das Escrituras e voltar ao seu
primeiro amor. Muitas vezes, ao longo da história, a igreja desviou-se das
antigas veredas. Após a Reforma, no afã de defender a ortodoxia, a igreja
tornou-se árida. Ortodoxia sem piedade produz racionalismo. A reação à frieza
espiritual foi o Pietismo, que partiu para o outro extremo: buscou a piedade
sem a ortodoxia. Piedade sem ortodoxia produz misticismo. Hoje, estamos
precisando de uma nova reforma. Algumas igrejas estão descambando para o
liberalismo teológico negando os postulados essenciais da fé. Outras, estão se
desviando para o misticismo sincrético, importando novidades estranhas à
Palavra de Deus, abraçando um outro evangelho e não o evangelho da graça. Há
aquelas igrejas que caíram na sedução do pragmatismo, que estão buscando
sucesso e resultado a qualquer custo. Trocaram a mensagem da cruz pela pregação
da prosperidade e da cura. Estão mais fascinadas pela riqueza do que pela glória
de Deus. Há ainda outras igrejas, que, embora, fiéis na doutrina estão vivendo
sem piedade. Possuem uma ortodoxia morta. A crise na teologia desemboca na
crise da ética. A igreja evangélica cresce em número, mas não em santidade. As
pessoas correm aos borbotões para os templos evangélicos, mas suas vidas não
são efetivamente transformadas. Na mesma medida em que a igreja evangélica
cresce em nossa nação, cresce também a corrupção. Deixamos de ser sal e luz. Em
vez de a igreja abalar o mundo, é o mundo que está abalando a igreja. Em vez de
a igreja entrar no mundo para resgatar os que perecem, é o mundo que está
entrando na igreja e influenciando os crentes. Ó que Deus tenha misericórdia de
nós.
Estamos precisando, e urgente, de uma nova
reforma!
Rev.
Hernandes Dias Lopes.
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