Lição 11 – O Legado Histórico da Reforma
(Pr. Arno Butzke
Filho)
INTRODUÇÃO -
Colossenses 1.3-6; 9-14
Legados da Reforma protestantes que transformaram homens de
uma forma significante da época.
1. MUDANÇAS NO PERFIL POLÍTICO DOS POVOS
A Reforma mudou a visão, e a maneira do povo pensar na
política trazendo uma posição radical.
1.1.
Mudança
na Forma do Governo Eclesiástico
O papa não tinha mais a centralidade do governo. Lutero e
Zuínglio foram os pivôs da democracia constituída, desmantelando a
centralização do governo eclesiástico.
1.2.
Mudança
na Politica Secular
Com o governo democrático, começou haver uma mudança na
política secular; o povo começou a escolher os seus governantes pelo voto.
1.3.
Mudança
No Mapa Geopolítico Mundial
Com a perseguição dos cristãos que estavam defendendo a
separação entre a Igreja e o Estado, houve um êxodo do povo para outras terras,
fundando assim os EUA e Canadá.
2.
MUDANÇAS
NA ECONOMIA MUNDIAL
Começou haver mudanças radicais na economia europeia com o
crescimento dos cristãos. Vejamos a seguir.
2.1.
A Ética
Romana
A teologia romana via o trabalho e o crescimento econômico
como maldição, um pecado de usura.
2.2.
A
Ética Protestante
Lutero declarou que o trabalho é dom de Deus e o crescimento
financeiro uma benção divina. Os cristãos ofereciam o melhor de si nos
trabalhos, pois sabiam que estavam agradando a Deus. Com a Reforma Protestante
começou a surgir sistemas financeiros.
3. MUDANÇAS RADICAIS
NO VIÉS CULTURAL DAS NAÇÕES
3.1. A Criação de um
Estado Laico
O movimento protestante trouxe uma liberdade religiosa,
trazendo liberdade de culto e crença.
3.2. Mudanças nas
Artes
Naquele tempo só se retratava figuras religiosa da igreja,
tanto na pintura, quanto nas esculturas; com advento da Reforma combatendo todo
o tipo de idolatria, deu espaço aos artistas para retratarem ao homem e
natureza.
3.3. Mudanças na
Ciência
A teologia cristã não
via contradição entre a Bíblia e a ciência, e com isso começou haver uma
harmonia entre a Bíblia e a ciência, com a ciência explicando alguns
fundamentos físicos, matemáticos e químicos do funcionamento do universo.
3. MUDANÇAS NA COSMOVISÃO RELIGIOSA
O sistema papal trouxe o desvio da verdadeira Fé, no entanto
o Espírito Santo trouxe reformadores como Pedro Valdense, Wycliffe, Zuinglio,
Calvino, e Lutero e outros. Estes trouxeram a igreja verdadeira, e podemos
destacar a vida espiritual do povo a seguir.
4.1. Religiosidade
Baseada no Sistema de Troca
A igreja na idade
média baseava-se na base de troca “toma lá, da cá”. Os lideres estavam mais
preocupados com os bens materiais do rebanho, do que com a parte espiritual.
4.2. Religiosidade
Baseada em Superstições
Havia na época muitas superstições a eventos de origem
sobrenaturais, trazendo para responsabilidade humana o castigo divino, ou a boa
vontade dos céus, e viam ações dos santos romanistas, dos demônios, e até do
próprio diabo, o que fez a veneração aos santos, criando também figuras
folclóricas, como duendes, fadas etc.
4.3. Desprezo à Graça
do Senhor Jesus Cristo
Havia um tempo de obscurantismo, queriam bênçãos de qualquer
maneira, e empreender qualquer tipo de sacrifício para obter curas e outros.
4. PILARES DA ESPIRITUALIDADE REFORMADA
Através do protestantismo começou haver derrubada das
crendices populares em posta pelo catolicismo. Começou haver uma restauração da
verdadeira igreja baseada na Palavra de Deus, através do Sacrifício e
ressurreição de Jesus Cristo.
5.1. Só há um Poder
Soberano e Onipotente no Mundo
Superstições foram caindo de figuras mitológicas. O povo
começou a conhecer o verdadeiro Deus, O Soberano, como está no Salmo 86.
5.2. A Devolução da
Bíblia
5.3. A Devolução da
Verdadeira Igreja (Ef. 5:27)
”Para apresentar a si
mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível”.
CONCLUSÃO
O legado da Reforma Protestante tem atravessado tempo,
barreiras teológicas, críticas que vão contra a palavra de deus, de gerações a
gerações tem permanecido firme, trazendo um beneficio para todos os segmentos
das sociedades espalhado pelo planeta, da ciência, das culturas, geografia,
raças, línguas, entre outros. A Reforma
Protestante promoveu um bem comum a todos: pela fé, Escrituras Sagradas, pela
centralidade de Cristo, pela Graça, e pela glória de Deus!
ADVEC – ASSEMBLEIA DE DEUS VITÓRIA EM CRISTO | TAQUARA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – CLASSE DOS PROFESSORES LPD n.º 52 – Reforma Protestante 4.º Trimestre de 2017
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Para que sejam um:
breve panorama do movimento ecumênico
Alderi Souza de Matos
Desde o início do cristianismo, a preocupação com a unidade
tem sido constante. O Antigo Testamento já apresenta essa ênfase (e.g., Sl
133.1), mas é o Novo Testamento que dá amplo testemunho desse interesse, a
começar da oração de Jesus pelos seus discípulos (Jo 17.11, 20-23). O apóstolo
Paulo também aponta para a unidade cristã (1 Co 1.10; 12.12-27; Ef 2.14,16;
4.3-6; Fp 1.27; 2.2). Nos escritos apostólicos, o conjunto dos fiéis é
identificado como “a igreja”. Essa comunidade é descrita como corpo, rebanho,
edifício ou família, figuras que transmitem as idéias de união, comunhão,
solidariedade.
Unidade e diversidade
Acontece que quase desde o início houve manifestações divergentes da fé
cristã. O Novo Testamento já aponta para algumas delas, em especial os
judaizantes e os docetistas. O número dessas variantes aumentou com o passar do
tempo. Assim, no início do segundo século a preocupação com a unidade e a
ortodoxia tornou-se intensa e esse fato conduziu à crescente
institucionalização da igreja, com seus bispos, credo e cânon.
A complexidade das Escrituras, com a possibilidade de
diferentes interpretações, e a variedade cultural, religiosa e filosófica do
ambiente em que se inseriu o cristianismo, contribuíram para a crescente
diversidade teológica. Surgiram grupos como gnósticos, marcionitas, montanistas
e outros, todos tachados de heréticos e rejeitados pela igreja majoritária. Nos
séculos quarto e quinto houve o cisma donatista e ocorreram novas dissidências
duradouras, como nestorianos e monofisitas.
A experiência medieval Na Idade Média, surgiu em sua
plenitude a Igreja Católica, fortemente institucionalizada, centralizada,
aliada do Estado. Ocorreu aquilo que os historiadores denominam “cristandade”,
uma situação de completa uniformidade religiosa em que a igreja exercia forte
influência sobre todos os setores da sociedade. A unidade se tornou um dos
valores supremos, sendo a igreja entendida como “una, santa, católica e
apostólica”.
Em decorrência disso, intensificou-se uma tendência preocupante
— a
manutenção da unidade a todo custo, mesmo que com o emprego
da força. Isso já havia ocorrido com os donatistas no quinto século e agora
também se aplicou a outros grupos heréticos, como os cátaros ou albigenses,
suprimidos mediante uma série de cruzadas. No entanto, não foi possível evitar
duas grandes cisões da cristandade, uma no meio e outra no final desse período:
a separação definitiva entre as igrejas latina e grega e o surgimento da
Reforma Protestante.
Primórdios do movimento ecumênico Sendo o protestantismo o mais fracionado dos
grandes grupos cristãos, foi no seu seio que surgiram as primeiras
manifestações do moderno ecumenismo (do grego oikoumene, que significa “o mundo
habitado”; ver Mt 24.14; Lc 2.1; At 17.6), a saber, o esforço construtivo em
prol da aproximação e união dos cristãos. Os reformadores estavam conscientes
dessa necessidade e tomaram algumas iniciativas nessa direção, como o Colóquio
de Marburg (1529), entre luteranos e reformados. Houve também algumas tentativas
de entendimento entre católicos e protestantes, como os Colóquios de Ratisbona
(1541) e de Poissy (1561). Todavia, a Contra-Reforma e as contínuas cisões
protestantes tornaram a unidade cristã um ideal cada vez mais distante.
O esforço missionário protestante do século 19 deu origem ao
movimento ecumênico. As missões denominacionais que atuavam no terceiro mundo
perceberam a dificuldade de anunciar o evangelho e ao mesmo tempo justificar
uma igreja dividida. Com isso surgiram as primeiras conferências missionárias,
realizadas na Inglaterra e nos Estados Unidos a partir de meados daquele
século. Da aproximação entre as missões nos campos estrangeiros surgiu a idéia
do diálogo, colaboração e possível união das próprias igrejas nos países de
origem.
A Conferência de Edimburgo
No século 19 foram criadas várias organizações cooperativas
interdenominacionais, tais como a Associação Cristã de Moços (1844), a Aliança
Evangélica (1846) e a Federação Mundial de Estudantes Cristãos (1895). Todavia,
o evento que contribuiu de modo mais direto para o surgimento do movimento
ecumênico foi a Conferência Missionária Mundial, realizada em Edimburgo, na
Escócia, em 1910. Essa conferência levou em 1921 à criação do Concílio
Missionário Internacional.
Uma das primeiras iniciativas ecumências foi o movimento de
“vida e obra”, que buscou promover a cooperação das igrejas na área social. Sua
primeira conferência, realizada em Estocolmo em 1925, foi convocada pelo
arcebispo Nathan Söderblom. A Conferência de Edimburgo evitou discutir as
diferenças teológicas entre as igrejas. Sob a liderança do bispo episcopal
Charles H. Brent, surgiu o movimento de “fé e ordem”, voltado para a união
orgânica das igrejas e a
busca de posições teológicas comuns. A primeira conferência
desse movimento realizou-se em Lausanne, em 1927. Após a Segunda Guerra
Mundial, esses dois movimentos se fundiram no Conselho Mundial de Igrejas
(CMI), instalado em 1948 em Amsterdã.
O Conselho Mundial de Igrejas A reunião de instalação do CMI contou com a presença
de 351 delegados procedentes de 147 denominações em 44 países. Foi a mais
abrangente assembléia cristã reunida até então. A base confessional afirma que
o CMI “é uma fraternidade de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como
Deus e Salvador de acordo com as Escrituras e que, portanto, buscam cumprir em
conjunto a sua vocação comum para a glória do único Deus, Pai, Filho e Espírito
Santo”.
A sua principal autoridade reside nas assembléias de
representantes oficiais nomeados pelas igrejas filiadas. Até o momento
realizaram-se as seguintes: Amsterdã (1948), Evanston (1954), Nova Delhi
(1961), Uppsala (1968), Nairobi (1975), Vancouver (1983), Canberra (1991),
Harare (1998) e Porto Alegre (2006). Desde a sua fundação, o CMI teve os
seguintes secretários-gerais: Visser‘t Hooft, Eugene C. Blake, Philip A.
Potter, Emílio Castro, Konrad Raiser e Samuel Kobia. Sua atual estrutura é
composta de três unidades: Fé e Testemunho, Justiça e Serviço, Educação e
Renovação.
O CMI representa a maior parte das igrejas protestantes
históricas e das igrejas ortodoxas orientais. Hoje são 348 igrejas em mais de
120 países. Não participam a maior parte dos evangélicos e dos pentecostais. A
Igreja Católica Romana também não está filiada, embora venha participando do movimento
mais amplo desde o pontificado de João XXIII, que criou o Secretariado para a
Promoção da Unidade Cristã (1960) e convocou o Concílio Vaticano II (1962-65),
no qual se aprovou um importante documento sobre o tema. Além do CMI, muitos
outros organismos mundiais, nacionais e regionais têm se voltado para a
promoção do ideal ecumênico.
Conclusão
O movimento ecumênico está deixando um legado contraditório.
Por um lado, representa um esforço sério na busca de diálogo e cooperação entre
grupos cristãos muito diversos; tem dado testemunho da fé cristã num mundo
dilacerado por divisões e conflitos; tem buscado soluções para alguns dos
problemas mais prementes e angustiosos da atualidade. Por outro lado, sua
agenda inclusivista o tem impelido para o relativismo teológico, para
crescentes concessões a certos valores da sociedade secular, para posicionamentos
missiológicos dúbios, para a erosão da identidade cristã frente a outros
sistemas religiosos. Para ser legítimo, o
ecumenismo precisa observar fielmente o lema paulino:
“Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.
Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela
Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
É autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do
Brasil.
I. A Necessidade de Salvação
A. O Pecado do Homem. De acordo com o relato de Gênesis,
quando Deus criou o homem ele entrou em uma aliança com este na qual, seguindo
o caminho da obediência, o homem poderia então se elevar a um estado confirmado
de santidade; ao passo que, se escolhesse desobedecer, cairia então sob a
escravidão do pecado. A obediência levaria à vida eterna em comunhão com Deus;
a desobediência traria morte e escravidão a Satanás. A dimensão positiva desta
aliança deve ser inferida das Escrituras, embora o lado negativo seja
explícito. Como Gênesis 3 deixa claro, o homem escolheu desobedecer ao seu
Criador. Quando confrontada pela serpente, Eva sucumbiu ao desafio de declarar
sua independência de Deus. Ela se esforçou para deificar-se e destronar a Deus.
O orgulho é a essência do pecado! O pecado não é somente uma falta de
conformidade com a lei de Deus ou alguma transgressão desta lei; é também, e
talvez ainda mais fundamentalmente, uma execução do relacionamento pessoal de
alguém com seu Criador. Quando o homem desobedece a um mandamento de Deus, ele
ofende o ser santo e amoroso que, como Espírito absoluto, sustenta toda vida.
Em Adão, todos os homens pecaram (Rm 5.12). O apóstolo Paulo estabelece a
condenação universal de todos os homens por causa de sua prática do mal. Todos,
sejam gentios ou judeus, pecaram e falham em refletir a glória daquela
impressão original da imago dei (Rm 3.23).
B. A Culpa do Homem. Por causa do pecado o homem é merecedor
do julgamento de Deus. Depois de estabelecer com base no Salmo 14 que judeus e
gentios estão igualmente debaixo do poder do pecado, Paulo afirma, “Ora,
sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale
toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus” (Rm 3.19). Em linguagem
teológica, culpa significa a sujeição ao julgamento por causa do pecado; isto
quer dizer ser responsável diante de Deus por contradizer sua santidade. A culpa
não deve ser confundida com a poluição moral nem com o simples demérito. Por
várias razões alguém pode sentir culpa quando não há nem poluição nem demérito
pessoal. Da mesma forma, alguém pode não se sentir culpado quando ambos
existem. O senso de culpa por desobedecer a Deus é imediatamente evidente no
relato da queda. Após Adão e Eva terem tomado do fruto proibido, nós aprendemos
de seu vão esforço para esconderem- se de Deus. Um senso de vergonha os
compeliu a fugirem de seu Criador. O homem, em sua condição caída, tem feito
isto através de todo o curso da história humana. Mas todos os homens vivem em
um relacionamento de responsabilidade com seu Criador, e se eles não cumprirem
esta responsabilidade em amorosa obediência para com ele por meio da fé em Jesus
Cristo, então somente o julgamento e a segunda morte os esperam.
C. A Alienação do Homem. Por causa do pecado, a situação do
homem pode ser descrita como uma em que ele se encontra como vítima da
ansiedade, do medo, do desespero, da frustração, da alienação, da absurdidade,
da falta de significado e da desavença. Ele se separou de Deus, de seu próximo
e de si mesmo. Nesta situação o homem ou busca um significado para si
procurando se tomar igual a Deus (humanismo), ou admite seu fracasso em
descobrir qualquer significado (niilismo). As evidências da alienação do homem
de seu Deus, de seu próximo e até de si mesmo, se apresentam a nós nas formas
artísticas contemporâneas — literatura, música, pintura, escultura,
arquitetura, drama, filmes.
II. A Natureza da
Salvação
A. Termos bíblicos. 1. Hebraico yvr, Bliz?\ A palavra yash‘
e seus cognatos têm o significado básico de “ser amplo”, “espaçoso”; figurado
“ser rico” ou “próspero”; “ser livre”.
Uma compreensão deste grupo de palavras do AT é imperativa
para uma compreensão do que é sugerido na afirmação de Mateus a respeito do
nome Jesus como significando “salvador” (Mt 1.21). O uso deyasha‘ e seus
cognatos mostra os conceitos importantes seguintes como integrais para o
significado global de salvação.
a. Na maioria das referências do AT a salvação é vista como
sendo a obra de um Deus soberano (Is 43.11). É Yahweh quem salva seu povo do
Egito (SI 106.7-10); da Babilônia (Jr 30.10); da dificuldade (Jr 14.8). Veja
também: 2 Samuel 22.3; Isaías 43.3; Ezequiel 34.22; Oséias 1.7; 13.10-14; etc.
b. A salvação é realizada na história. A primeira ocorrência
da palavra yasha‘ é encontrada em Êxodo 14.30. Nesta referência há o relato da
libertação de Israel da escravidão do Egito: “Assim, o Senhor livrou Israel,
naquele dia, da mão dos egípcios”. Esta libertação nacional produziu a mais
profunda impressão sobre a mente hebraica, uma impressão que deveria ser
mantida por meio da festa anual da Páscoa (Dt 16.1). Esta libertação de Israel
do Egito é o sinal supremo da graça salvadora de Yahweh no AT. Apontava para
além de si mesma, para o evento salvador central da história, a vinda de Jesus
Cristo. É muito significativo que Lucas descreva a vitória decisiva de Cristo
sobre Satanás em termos de um novo êxodo (Lc 9.31, gr.).
c. Salvação é libertação dos inimigos. Entre estes inimigos
estavam a morte e o medo dela (SI 6.4,5; 107.13,14); a boca dos leões (SI
22.21); o campo de batalha (Dt 20.4); o perverso (SI 59.2); as doenças (Is
38.21); as tribulações (Jr 30.7); e os pecados (SI 51.14; 130.8; Ez 36.29). Nos
tempos do AT concebia-se a Deus como sendo o Salvador de todos os inimigos,
tanto espirituais quanto físicos.
d. Salvação é libertação para o Senhor. Yahweh não somente
libertou o seu povo daquilo que poderia destruí-lo, mas ele também os trouxe
para si. Sua salvação não era somente um resgate de uma situação perigosa, mas
era também um resgate para um propósito especial, sendo este propósito que
aqueles resgatados deveriam adorá-lo, louvá-lo e glorificá-lo através de vidas
dedicadas a obedecê-lo em tudo na vida (lCr 16.23; Is 43.11,12; 49.6,7; Zc
8.13). Uma característica única do conceito de salvação do AT, em comparação às
religiões pagãs daquele tempo, é o fato de que ela era entendida mais como um
pré-requisito do que simplesmente o alvo da obediência. A ordem é expressa pelo
salmista, “Clamo a ti; salva-me, e guardarei os teus testemunhos” (SI 119.146).
A Bíblia toda deixa muito claro que, para o homem, o imperativo_/ôze^ está
baseado no indicativo de feito por Deus.
e. A salvação é apropriada unicamente pela fé em Deus à
parte de qualquer confiança em suposto mérito ou esforço humanos. Esta era a
verdadeira salvação tanto em escala nacional quanto individual (SI 44.3; 55.16;
86.2; 138.7; etc.).
2. Grego aampía. Como usada na LXX a palavra era
freqüentemente o equivalente de yasha\ indicando o poder salvador de Deus nas
crises da história nacionalmente e, no povo de Deus, individualmente. Além
disso, esta graça salvadora não deve ser vista como confinada a esta era, mas
também antecipar o futuro, e ela faz com que o homem que a experimentou
glorifique e regozije-se em seu Criador.
No NT soteria é usada para “livramento dos inimigos” (Lc
1.69,71; At 7.25; Jd 25) e para saúde física e segurança (At 27.20,34; Hb
11.7), mas o uso característico é com respeito à libertação espiritual. Várias
idéias importantes emergem nesta esfera:
a. Toda a iniciativa da salvação está em Deus “porque Deus
não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor
Jesus Cristo” (lTs 5.9). Veja também João 3.16,17; 2 Tessalonicenses 2.13; 1
Timóteo 1.15; 2 Timóteo 1.9; Tito 3.5; Apocalipse 7.10; 19.1.
b. Jesus é o centro da obra salvadora de Deus; não há
salvação em nenhum outro (At 4.12; Hb 2.10; 5.9). Sem ele e sua obra não há soteria.
c. Salvação, no sentido neotestamentário de libertação
espiritual, quer dizer uma salvação completa. Deus salva o corpo e a alma do
homem caído. Soteria é especificamente salvação de doenças físicas (Mt 9.21; Lc
8.36), da perdição (Mt 18.11; Lc 19.10), do pecado (Mt 1.21), da ira (Rm 5.9).
d. A salvação é escatológica. Embora o cristão comece a
gozar sua salvação aqui e agora, existe todavia um tempo no porvir quando a
compreenderá em toda sua plenitude. Este tempo será na segunda vinda de Cristo,
um dia em que ele será entronizado como Rei de todo o mundo (Rm 13.11; ICo 5.5;
2Tm 4.18; Hb 9.28; IPe 1.5; Ap 12.10). Em suma, soteria é o resgate do homem
caído por meio de Cristo de tudo o que arruinaria sua alma nesta vida e na vida
porvir.
B. Categorias Bíblicas.
1. Obediência geral.
A palavra ou ideia de obediência que é usada para Cristo com impacto suficiente
no NT, deve ser tomada como uma caracterização compreensiva de sua obra
redentora. Paulo escreveu, “Porque, como, pela desobediência de um só homem,
muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só,
muitos se tomarão justos” (Rm 5.19). Novamente, escrevendo sobre Cristo, ele
afirmou, “e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tomando-se
obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.7,8). O escritor da epístola aos
Hebreus afirma, “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu” (Hb 5.8). Cristo nos redimiu prestando uma perfeita obediência à
vontade de seu Pai. Isto ele fez obedecendo a todas as exigências da lei
(moral, cerimonial e civil) e sofrendo suas sanções penais.
2. Específica. O NT emprega quatro termos que, quando
tomados juntos, dão um retrato mais completo da obra salvadora do Deus triúno.
São eles: sacrifício, propiciação, reconciliação e redenção. O sacrifício vê a
salvação como a resposta para a culpa do homem; a propiciação como a resposta
para ajusta ira de Deus; a reconciliação como a remoção da causa da alienação
de Deus do homem caído; e a redenção como uma libertação da escravidão do
pecado. a. Sacrifício (gr. Swía). Esta palavra, que é usada aproximadamente
trinta e cinco vezes no NT, está diretamente arraigada no AT. A ocorrência
simples mais freqüente do termo no NT é encontrada na epístola aos Hebreus. O
significado primário, embora não exclusivo, do termo nas Escrituras é o de uma
expiação da culpa, redenção (Veja especialmente Hb 5.1; 7.27; 8.3; 9.9,23,26;
10.1,5,8,11,12,26; 11.4; 13.15,16). b. Propiciação (gr. iAaapóç). Esta palavra
é usada somente três vezes no NT (Rm 3.25; lJo 2.2; 4.10). A BJ traduz a
palavra em 1 João como “expiação”, que tem um significado mais restrito. Parece
que por traz do uso de í^aa^óç existe o duplo sentido de propiciação e
expiação. A ênfase particular da palavra é, provavelmente, melhor tomada como
indicando o desvio de Deus de sua ira justa do pecador por meio da obra
expiatória de seu Filho. Propiciação não quer dizer que o Filho tinha que
persuadir um Pai enraivecido a uma expressão de amor para com o homem; antes,
foi precisamente por causa de seu amor eterno que o Pai enviou seu Filho para
ser a propiciação por nossos pecados. c. Reconciliação (gr. Kara^/tóaacü). Esta
palavra é usada somente em quatro passagens paulinas (Rm 5.10,11; 2Co 5.18-20;
Ef 2.16; Cl 1.20-22). A reconciliação foi uma obra de Deus em Cristo, pela qual
ele removeu o motivo de sua santa alienação do pecador e, assim, não imputa
seus pecados contra ele. A mudança subjetiva da atitude do pecador para com
Deus é o resultado do evento histórico da cruz, a obra objetiva de
reconciliação realizada por Cristo. d. Redenção (gr. ócítoÀiJXpoocjiç). Esta
palavra fala a linguagem de compra e resgate. Redenção é a aquisição de uma
libertação pelo pagamento de um preço. No sentido teológico, redenção significa
a libertação do sangue derramado de Cristo. A redenção do pecado abrange os
vários aspectos dos quais este deve ser visto biblicamente: (1) redenção da
culpa (Rm 3.24); (2) redenção do seu poder (Tt 2.14); (3) redenção de sua
presença (Rm 8.23).
A. O Propósito Eletivo Divino — Conceitos.
Sua base é vista no
conselho eterno de Deus — seu propósito eletivo. Existem três conceitos
importantes a serem observados com respeito à doutrina da eleição.
1. O conceito
arminiano. Este conceito afirma que Deus elege com base na fé prevista. De
acordo com Armínio, “Este decreto tem seu fundamento na presciência de Deus,
pela qual ele conhecia desde toda a eternidade aqueles indivíduos que creriam
por meio de sua graça preveniente e, por meio de sua graça subseqüente
perseverariam, de acordo com a administração descrita anteriormente daqueles
meios que são convenientes e próprios para a conversão e a fé; e pela
presciência ele, da mesma forma, conhecia aqueles que não creriam e nem
perseverariam” (The Writings of James Arminius, I, 247). O apelo a esta posição
vem de passagens como, Romanos 8.29,30 e 1 Pedro 1.1,2. Além disso, 2. O
conceito bartiano. De acordo com este conceito, a eleição é, primeiramente, a
eleição de Jesus Cristo; em segundo lugar, a eleição da comunidade; e, em terceiro
lugar, a eleição do indivíduo. A primeira destas idéias é muito importante no
desenvolvimento bartiano desta doutrina. A reconciliação em Cristo pode ser
entendida somente em termos do mistério da palavra de eleição decisiva de Deus
em Cristo, uma palavra que diz respeito a todos os homens. O milagre da graça
eletiva de Deus é descoberto no fato de que Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, o
Deus que elege e o homem eleito. Embora seja necessário falar de uma dupla
predestinação, isto pode ser feito somente em termos da cruz. Todos os homens
são reprovados e eleitos em Cristo. Não há discussão aqui sobre uma
distribuição de eleição e reprovação sobre pessoas específicas, como na posição
reformada histórica, mas somente da dupla predestinação em Cristo e acerca dele.
A revisão radical de Barth do conceito reformado de eleição inevitavelmente
levanta a questão se sua posição não requer, como resultado lógico, a aceitação
do universalismo. Embora Barth responda com um enfático não!, muitos de seus
críticos não podem aceitar tal resposta. G. C. Berkouwer afirma: “Não há
alternativa senão concluir que a recusa de Barth em aceitar o apokatastasis
(universalismo) não possa ser harmonizada com a estrutura fundamental de sua
doutrina de eleição” (The Triumph of Grace in the Theology of Karl Barth, pág.
116).
3. O conceito calvinista. Este conceito afirma que Deus
elege incondicionalmente, isto é, não há nada na criatura que condicione sua
escolha de alguns e sua preterição de outros. A causa motora está somente na
vontade soberana de Deus (Ef 1.4,5). De acordo com este conceito, a eleição é
aquele ato eterno de Deus pelo qual escolhe um certo número de homens para
serem os recipientes da graça salvadora, de acordo com sua boa vontade
soberana, à parte de qualquer mérito real ou previsto na criatura. Aqueles que
adotam esta posição apelam para passagens como Efésios 1.4,5 e Romanos 8.2830.
Diz-se que na primeira passagem a frase “segundo o beneplácito da sua vontade”
(ARA) estabelece o caráter incondicional da eleição. Na última passagem, o
termo “de antemão conheceu”, é tomado como significando “quem ele considerou”,
ou “quem ele conheceu desde a eternidade com soberana e distinta afeição e
deleite”, portanto, “quem ele primeiro amou”. Em suma, pode ser afirmado
sinceramente que seja qual for o conceito que alguém possa adotar com respeito
à eleição, este fato deve ser visto como a base bíblica sobre a qual a obra
redentora de Deus foi realizada. O que Deus determinou em seu conselho eterno,
ele teve que realizar na história.
B. A Obra Redentora
de Cristo — Conceitos. Sua execução é vista na obra redentora de Cristo na
história. Esta é uma área de importante disputa na discussão teológica atual.
Dois conceitos importantes parecem emergir de toda a controvérsia:
(1) A escola existencial - Bultmann; (2) A escola histórica
— Cullmann. 1. A escola existencial. De acordo com Bultmann, a essência da
mensagem cristã como explicada no NT, é a de um chamado à decisão — uma
resposta que traz consigo uma nova compreensão de si mesmo, um senso de
existência autêntica. Bultmann divorcia quase que totalmente a questão da
existência no NT da questão da existência da história da salvação. Com respeito
ao Jesus histórico Bultmann afirma: “Eu, de fato, penso que agora nós não
podemos conhecer quase nada concernente à vida e a personalidade de Cristo...”
(Jesus and the Word. pág. 8). Bultmann sustenta que nós podemos pregar o Cristo
da fé sem o Jesus da história. Seu conceito pode ser chamado de uma abordagem
existencialista da mensagem bíblica desenvolvida no contexto de um ceticismo
histórico. Bultmann pertence à escola da crítica radical do criticismo bíblico
alemão. Seguindo um método de “forma histórica”, ele vê Jesus somente como um
homem que a fé posterior da igreja divinizou. Ele reconhece que os evangelhos
relatam a história de Jesus de uma perspectiva sobrenatural, o que ao mesmo
tempo traz o caráter da pregação, mas ele argumenta que esta pregação não nos
dá um relato confiável do que ocorreu; esta representa somente a fé da igreja
posterior. Ridderbos afirma: “Os evangelhos, de acordo com Bultmann, não se
preocupam com Jesus, mas com a fé e a pregação da igreja com respeito a Jesus.
E o que lhe interessa como um historiador é a questão: Como esta pregação
adquiriu esta forma? Ou em outras palavras: De que jeito ou de que maneira esta
pregação cresceu ou se desenvolveu em nossos relatos do evangelho? (Bultmann,
pág. 12)”.
E. Justificação. Num sentido básico, a justificação não se
preocupa com nossa condição espiritual, mas com nossa relação espiritual; não é
uma questão de nosso estado atual, mas de nossa posição judicial. A
justificação é a resposta para a relação interrompida entre o homem e seu Deus,
produzida pelo pecado. Como resultado do pecado, todos os homens encontram-se
diante de Deus como culpados, condenados e separados de seu Criador.
Justificação é a restauração do homem à sua relação original com Deus através
da obra de Cristo. Significativamente inclui, de acordo com Paulo: remoção da
culpa pela imputação da justiça de Cristo (Rm 8.33), remoção da condenação pelo
dom do perdão (v. 34) e remoção da separação pela restauração da comunhão (v.
35).
Justificação A justificação deve ser vista a partir de uma
dupla perspectiva, real e declarativa. A justificação real significa que o
pecador é declarado justo por ter a justiça de Cristo imputada a ele. Somente
desta forma um Deus justo pode justificar o ímpio. Justificação declarativa
significa que a pessoa que foi declarada justa em Cristo é também considerada
justa diante dele. A justificação é um termo forense ou legal, e deveria ser
cuidadosamente distinguida do significado da santificação, que é experimental e
progressiva. A distinção entre os dois conceitos pode ser expressa como segue:
justificação tem a ver com Cristo por nós, a santificação com Cristo em nós. A
justificação tem a ver com nossa posição; a santificação, com a comunhão. A
justificação tem a ver com nossa aceitação; a santificação com nossa obtenção.
O fundamento da justificação é a graça de Deus não as obras humanas. Paulo
enfatiza que o homem é justificado pela fé à parte das obras da lei (Rm 3.28).
O apóstolo está preocupado em deixar indubitavelmente claro que Deus realizou
em Cristo o que o homem é completamente incapaz de fazer —por si mesmo. O que
Deus fez pelo pecador em Cristo é totalmente imerecido, espontâneo e não
procurado. Esta é a essência da graça (Rm 3.24). Nossa justificação depende
totalmente de Deus e em nada do homem.
Muito tempo atrás Jó perguntou: “Como pode o homem ser justo
para com Deus?” (Jó 9:2). Esta questão, das mais importantes, levanta o
problema do método. A única resposta satisfatória é encontrada na Palavra de
Deus. A justificação do pecador é pronunciada na palavra do Evangelho. A mesma
proximidade que temos da palavra da fé, temos da palavra de absolvição de Deus.
O mérito de nosso Senhor toma-se nosso “através da fé” (Ef 2.18; cp. Rm
3.21,22). E imperativo compreender que a fé nunca é a base da justificação, mas
somente seu meio ou canal; é a mão que simplesmente se estende para aceitar o
presente. As preposições “através” (dia) e “de” ou “por” (ek), apresentam a
forma pela qual o homem aceita a salvação em Cristo. Nenhuma preposição é
empregada com tal caso gramatical do substantivo fé como requerendo uma
tradução: por causa da ou por motivo da fé. A fé nunca é retratada como
meritória; é sempre e somente instrumental. A fé é a resposta positiva do homem
à graça justificadora de Deus; é o correlativo da promessa. Quando consideramos
o valor da justificação, algumas coisas imediatamente tomam-se claras no NT. A
justificação provê a causa da paz com Deus (Rm 5.1). Quando alguém permanece
diante de Deus como justo em Cristo, ele pode experimentar a paz de Deus em sua
vida e compartilhá-la com outros. E também a causa para a liberdade em Cristo.
Isto quer dizer, liberdade da escravidão do pecado e liberdade para servir aos
outros. Quando alguém é libertado da ansiedade de si mesmo, ele é capaz de usar
sua vida para os outros. Também significa liberdade para gozar todas as boas
coisas da vida dentro do contexto de amor genuíno pelos outros (Rm 14).
Santificação Quando alguém é convertido a Deus, ele precisa
perguntar como sua nova vida deve ser vivida aqui na terra. Quando esta questão
é encarada, o assunto da ética bíblica toma-se um aspecto importante da
doutrina da santificação; um não pode ser devidamente considerado sem o outro.
A santificação tem a ver com a operação progressiva da nova vida implantada
pelo Espírito na regeneração (avivamento). A ética cristã tem a ver com o estudo
das bases sobre as quais o poder e o alvo pelos quais a vida do cristão é
vivida, O indicativo da justificação conduz ao imperativo da santificação: a
justificação é a base teológica de uma ética evangélica. O dom de Deus em
Cristo induz a um reconhecimento de nossa tarefa para com ele. Nos escritos
paulinos as exposições sobre a doutrina da justificação são geralmente seguidas
por exortações à obrigação. Não são boas obras que fazem um bom homem, mas um
bom homem faz boas obras. A característica distintiva de uma ética cristã é
encontrada na questão da motivação. Como nosso Senhor deixa claro no Sermão do
Monte (Mt 5.7), mais importante do que o que alguém faz é o por que ele o faz.
Bondade não é meramente uma questão de ação externa, mas mais fundamentalmente
de atitude interior. Jesus interioriza a lei moral. Note, por exemplo, Mateus
5.21,22, “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará
sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se
irar contra seu irmão estará sujeito ajulgamento.,.”. Santificação e ética tem
a ver basicamente com o que somos e não com o que fazemos. O significado básico
de santo é “separado”, ou “colocado à parte”. Além de Deus ser santo como
separado de suas criaturas, ele também é separado do pecado. E este último
aspecto ético da santidade de Deus que fornece a base para nossa compreensão da
doutrina da santificação; e todavia, a santificação não é somente uma separação
do que é pecaminoso, mas também uma separação para refletir a imagem de Deus.
Santificação é a reforma progressiva de
nossa natureza pelo Espírito Santo, na imagem de Deus, através de Jesus Cristo
(veja 2Co 5.17).
Os santificados são os eleitos de Deus. Todos os que o Pai
escolheu na eternidade, ele santifica no tempo em Cristo. Os objetos da
eleição, da redenção e da santificação são as mesmas pessoas (Rm 8.28-30). A
santificação envolve a totalidade do ser do crente — corpo, alma e/ou espírito
(lTs 5.23). Com respeito à alma e/ou espírito, Paulo indica que (1) o
entendimento é iluminado (Ef 4.23), (2) a vontade é subserviente à vontade de
Deus (Fp 2.13), (3) as afeições são tomadas santas (Rm 12.10). Com respeito ao
corpo e todos os seus membros, o apóstolo exorta os crentes a oferecerem-se “a
Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça” (Rm 6.13).
santificação envolve o ser do crente separado posicionalmente para Deus
em virtude de sua nova vida em Cristo. Esta não é uma questão do nível da
espiritualidade de alguém. Acerca dos cristãos carnais de Corinto Paulo
escreveu: “mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, fostes justificados
em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”. (ICo 6.11). (O
tempo passado dos verbos gregos aponta para estes atos como já realizados).
Este aspecto da santificação coincide com a justificação. A santificação inclui
o crente ser separado experimentalmente para Deus por causa do ministério do
Espírito que habita nele. Este aspecto da santificação é progressivo; ele
permite graus. Embora ninguém possa ser mais ou menos regenerado do que outro,
pois a pessoa está morta ou viva, ele pode ser mais santificado do que o outro.
As Escrituras freqüentemente exortam os crentes a crescerem em santidade.
“Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo”. (2Pe 3.18; veja 2Ts 1.3).
A Bíblia fala de crescimento na graça, abundância na
esperança e no amor, e desenvolvimento no conhecimento das- coisas divinas. Não
haveria razão para tal discurso se os santificados fossem experimentalmente
aperfeiçoados no momento da regeneração. A santificação envolve também o ser
completamente separado para Deus. Basicamente, sua prática e sua posição serão
trazidas a um perfeito acordo (veja Ef5.26,27; Jd 24,25). Este aspecto da
santificação coincide com a glorificação. Requer-se a santificação de cada
cristão (lTs 4.3).
Não é
responsabilidade de um grupo de elite dentro da igreja. Não há base na
Escritura para a adoção de um duplo padrão de comprometimento cristão, um para
“obreiros cristãos de tempo integral” e outros para “cristãos leigos”. A
Escritura fala de todos os crentes como santos (“santificados”, ICo 1.1,2). Os
padrões éticos (princípios) para o desenvolvimento de uma vida santa, uma vida
que cada vez mais reflete a imago dei, são apresentados na Escritura tanto num
nível de autenticação social quanto pessoal. Na epístola de Paulo aos Colos-
senses, e.g., ele lida com a ética pessoal sob a rubrica de “despindo” e
“revestindo”.
No capítulo 3, o apóstolo primeiro descreve o que deve ser
mortificado (Cl 3.5,8,9); a saber, “imoralidade, impureza, paixão lasciva,
desejo maligno e a avareza, que é idolatria”, e “ira, indignação, maldade,
maledicência, linguagem obscena e mentira”. Ele fala então do que deve revestir
(vv. 12-14); a saber, “misericórdia, bondade, humildade, mansidão,
longanimidade”; sendo perdoadores e, acima de tudo, amando. Em 3.18-4.1, o
apóstolo lida então com a ética num nível social. Ele dá instruções
concernentes as esposas e maridos (w. 18,19), pais e filhos (v. 21), e escravos
e senhores (3.22-4.1). Esta última área pode encontrar seu equivalente
funcional hoje no relacionamento entre empregado e empregador. Em todos os
relacionamentos da vida, pessoal e social, os cristãos devem buscar o reino de
Deus e sua justiça. A dinâmica para a realização deste alvo é o Espírito Santo.
A motivação é o amor ágape dado por
Deus. A orientação é fornecida pela lei moral, a ser devidamente aplicada sob a
orientação do Espírito Santo em cada situação. Visto que Deus é santo nós
também devemos ser.
Enciclopédia da Bíblia, vol 05; Ed. Cultura Cristã
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