CAPÍTULO 11
ADOTADOS POR DEUS
A
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adoção é um processo da salvação que ocorre
conjuntamente com a regeneração. Esse é o novo nascimento, a efusão de uma nova
vida que torna o crente apto a ser chamado filho de Deus. Convém distinguir a
adoção da “regeneração, que tem a ver com nossa vida espiritual interior. A
justificação tem a ver com nossa posição diante da lei de Deus. Mas a adoção
tem a ver com nossa comunhão com Deus como nosso Pai, e, por causa da adoção,
são-nos dadas muitas das maiores bênçãos, das quais nos lembraremos por toda a eternidade.”172
A adoção é um dos resultados da morte de
Cristo, onde passamos de criaturas de Deus e servos do pecado para a condição
de filhos libertos, desfrutando de todos os privilégios que essa posição traz
no presente e também no futuro quando desfrutaremos a adoção plena em glória.
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de
Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele” (1 Jo 3.1).
O CONCEITO BÍBLICO
DE ADOÇÃO
No sentido bíblico, os seres humanos são
criaturas de Deus, e não filhos. Para tornar-se filho de Deus, é preciso crer e
receber o sacrifício de Cristo, que tem o poder de tornar a criatura em filho
de Deus (Jo 1.12); assim, antes da salvação, todos são criaturas, depois se
tornam filhos por adoção (Gl 4.5). Em seguida, passam a fazer parte da família
de Deus e chamá-lo de Aba (paizinho) (Gl 4.6), numa relação filial amorosa e
relacional íntima, onde todos os demais membros da família passam a chamá-los e
considerá-los irmãos em Cristo (1 Ts 2.14). A possibilidade da adoção só é
possível por causa de Cristo, em quem fomos adotados como filhos por meio de
Jesus Cristo (cf. Ef 1.5). Os crentes são filhos de Deus por adoção. Isso
significa que eles não são filhos de Deus por natureza, pois nem todos os seres
humanos são filhos de Deus. Somente aqueles que possuem um relacionamento
filial com Deus por meio de Cristo são filhos de Deus. Por meio dessa adoção,
Deus coloca o pecador no estado de filho e passa a tratá-lo como filho. Em
virtude de sua adoção, os crentes são inseridos na família de Deus e passam a
ter direito a todos os privilégios da filiação. Por um lado, eles são adotados
por Deus como filhos. Por outro, eles passam a comportarem-se como filhos de
Deus. Paulo mostra-nos esses dois elementos da adoção funcionando lado a lado:
“[...] Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir
os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E,
porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho,
que clama: Aba, Pai” (Gl 4.4-6). O Espírito de Cristo regenera-nos, e
santifica-nos, e estimula-nos a dirigirmo-nos a Deus cheios de confiança,
vendo-o como nosso Pai. Por isso, devemos assumir nossa relação filial com Deus
e comportarmo-nos como seus filhos.173
Fazer parte de uma família, e, nesse
caso, da família de Deus (Ef 2.19) traz inúmeros benefícios como, por exemplo,
segurança, confiança e conhecimento imediato de pertencer a uma casa paterna.
Casa lembra um lugar de refúgio, paz e descanso; portanto, num mundo conturbado
em que vivemos, encontrar a casa do Pai é um grande alívio e também um antídoto
contra perturbações, angústias e aflições que este mundo traz. Portanto, a
possibilidade de chamar Deus de Pai é um privilégio ímpar, pois já não somos
mais escravos, e sim filhos (cf. Gl 4.7).
Na Oração do Pai Nosso, Jesus deixou claro que
a realidade de ser filho altera o relacionamento com Deus. Antes, as orações
eram frias, repetitivas e enfatizavam apenas a grandeza de Deus. Ele, agora,
importa-se também com as fraquezas e necessidade humanas. No seu ensino sobre a
oração, Jesus enfatiza que Ele é o “teu Pai que vê em oculto”, que Ele
recompensa seus filhos, que Ele conhece as necessidades antes de pedirmos, que
podemos pedir pelo pão diário — ou seja, todas as necessidades básicas —, que
Ele está pronto a perdoar nossos pecados e que Ele nos livra da tentação. Tudo
isso mostra um Deus cheio de cuidados paternos que não poupa esforços em prol
dos seus filhos.
O Espírito Santo testifica no íntimo de
nossos corações, dizendo-nos que somos realmente filhos de Deus (Rm 8.16)
porque fomos adotados por Deus e passamos a fazer parte de sua família e
desfrutar do privilégio de sermos herdeiros (Tt 3.7). “E, se nós somos filhos,
somos, logo, herdeiros também herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” (Rm
8.17). Com a adoção, deixamos de ser escravos, sem herança nem direitos, e
tornamo-nos filhos (Gl 4.7) com todos os privilégios da casa do Pai. A herança
maior é incorruptível, incontaminável e imarcescível e está reservada nos céus
para nós (1 Pe 1.4).
Chamar Deus de Pai ajuda a livrar a
mente humana da perturbação às vezes presente em situações em que não se
compreende corretamente a pessoa de Deus — isso é o que leva a pessoa a pensar
que Ele é um Deus vingativo, irado e pronto a castigar. Essa imagem de Deus é
extremamente maléfica e é vencida na compreensão da doutrina da adoção, que faz
compreender que Ele nos tem concedido seu amor (1 Jo 3.1); que Ele entende cada
um de nós, pois é “como um pai [que] se compadece de seus filhos, assim o
Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura;
lembra-se de que somos pó” (Sl 103.13-14); toma todos os cuidados em nossas
necessidades, pois “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas
coisas” (Mt 6.32); Ele dá a nós bons presentes como gesto de amor, pois “se,
vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas
coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens
aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11); Ele concede-nos também seu Espírito Santo para
confortar e consolar nas angústias (Lc 11.13).
A ADOÇÃO NO TEMPO
PRESENTE
O
apóstolo João afirma que, pelo fato de agora sermos filhos, somos semelhantes
ao Pai, ou seja, manifestamos em nossa vida as características do caráter do
Pai (1 Jo 3.2), cuja principal é o amor (Ef 5.1), que será aperfeiçoado em nós
até o dia final (Fp 1.6). A característica genética do filho não é escolhida
por este, mas, sim, comandada pelo “DNA” do pai; portanto, quem é filho de Deus
automaticamente é parecido com o Pai. Quem não herdou as características do Pai
precisa nascer de novo e passar pelo processo de adoção para ser como o Pai é
(Is 64.8) e ter sua filiação eterna garantida para escapar da condenação do
pecado.
O processo de adoção pelo qual todos nós
passamos ao aceitarmos a salvação que há em Cristo é prova do grande amor que
Deus tem por nós, seus filhos (1 Jo 3.1). Agora, o assombro da culpa do pecado,
das angústias da perdição eterna e a insignificância de ser escravo do pecado
não perturbam mais (Ef 6.23). E, na comunhão do Pai, podemos morrer
gradualmente para nossas ilusões de poder e controle, que fatalmente nos
afastam do Pai, e podemos dar ouvidos à voz de amor paterno escondida no centro
de nosso ser que nos chama para seus braços.174
Os filhos de Deus passam a ter garantias
e direitos (Rm 8.17) de filhos legítimos enxertados (Rm 11.17) na oliveira
verdadeira, que é Cristo. Eles passam a ter um novo nome (Ap 2.17); passam a
fazer parte de uma nova família (Ef 2.19); estão livres e emancipados da lei
que gera morte (Gl 3.25); todos os povos e raças, desde que tenham aceitado a
Cristo, tornam-se filhos de Deus sem distinção (Gl 3.28).
Os amados do Pai são guiados pelo
Espírito de Deus (Rm 8.14) e mortificam a carne com seus apetites desordenados
porque neles habita a vida do Espírito de Deus (Rm 8.13). Eles manifestam sua
aversão ao mundo e aos valores do mundo porque retribuem o amor do Pai amando
da mesma forma (1 Jo 2.15). Portanto, há um antagonismo claro entre amar o Pai
e amar o mundo, pois o filho de Deus não pode ter um coração dividido. Para
permanecer em seu amor, é preciso guardar os seus mandamentos, que sempre serão
contrários aos do mundo (Jo 15.10).
Como filhos, temos o grande privilégio de
fazermos parte da família de Deus. Dessa forma, desfrutamos da comunhão com
nossa grande família de irmãos, que mutuamente se cuidam e se nutrem
espiritualmente, formando a comunidade do Espírito, que se torna um sinal
gracioso da presença, já neste mundo, do Reino vindouro de Deus, quando o amor será
a marca mais evidente deste Reino. A comunhão dos irmãos permite que nossa
verdadeira identidade de filhos seja sempre de novo reafirmada e também que a
tentação de distanciar-se de Deus seja impedida através do cuidado dos
irmãos,175 renovando a voz interior de que somos filhos amados do Pai, lugar
onde nossa verdadeira identidade está ancorada. A compreensão dessa realidade
evita a destrutiva competição entre os irmãos e encoraja a todos para
cooperarem uns com os outros e contribuírem assim para amenizar a dor e o
sofrimento de um mundo tomado pela avareza, individualidade, consumismo e
ignorância relacional. A Bíblia afirma que aqueles que agem contrariamente ao
comportamento de filhos de Deus em relação a seus irmãos são “filhos do diabo”
(1 Jo 3.10).
Para servir aos outros em amor na grande
família de Deus, cada um precisa encontrar-se como filho de Deus. Só quem se
encontrou a si mesmo como filho é capaz de doar-se a si mesmo. “Só quando
alguém sabe que se aceitou a si mesmo é que ele pode aceitar os outros sem
dominá-los. Quem passou a ser livre em si, este pode libertar os outros e
compartilhar seus sofrimentos.”176 Só quem é filho pode transmitir
possibilidade da filiação paterna aos outros.
Os
filhos de Deus têm também deveres que são: apartar-se do mundo e do que é
imundo (2 Co 6.17,18); vencer o mundo (Ap 21.7); praticar a justiça e amar o
seu irmão (1 Jo 3.10); buscar a perfeição do Pai (Mt 5.48); amar os inimigos,
bendizer os que maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos maltratam
e perseguem (Mt 5.44); e com todos esses deveres devemos glorificar a Deus (Mt
5.16). Os filhos também devem aceitar a disciplina do Pai, pois essa disciplina
demonstra o seu amor, que é para nosso aperfeiçoamento em santidade (Hb
12.5-11).
Como Pai, Deus permite que todas as
coisas cooperem para nosso bem (Rm 8.28), o que significa que tudo o que Ele
faz é para sermos conforme Jesus é. Isso leva ao fato de que Ele, como Pai,
também nos corrige, como está escrito na carta aos Hebreus:
“E
já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu,
não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores
repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe
por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que
filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos
são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos” (Hb 12.5-8).
Isso nos leva a encarar o sofrimento,
que normalmente causa angústia e dor, como instrumento de aprendizado da parte
do Pai. Não necessariamente porque fizemos algo errado ou por causa da
consequência de pecados, mas, especialmente, como uma possibilidade de
crescimento e maturidade espiritual, pois, através do sofrimento, descobrimos o
que habita nosso coração e temos possibilidade de sermos libertos e curados
daquilo que nos aprisiona e que, muitas vezes, só é descoberto através das
dificuldades. Isso nos leva a confiar no Pai, pavimentando um caminho de
humildade e dependência em tudo, mesmo em meio ao sofrimento mais atroz. Tendo
isso em mente, John Piper escreveu:
Aprendemos por
meio da dor a fidelidade de Deus e a realidade da nossa fé. As pessoas mais
inabaláveis na esperança são as mais profundamente testadas. As pessoas que
olham com mais sinceridade, firmeza e ânimo para a esperança da glória são as
privadas dos confortos por meio das tribulações. Essas são as pessoas mais
livres de todas. Seu amor não pode ser intimidado por ameaças ou
calamidades.177
Como filhos de Deus, podemos viver num mundo
que proporciona tanto alegria quanto sofrimento, em que estamos sujeitos a
receber tanto elogios quanto reprovação, mas tudo isso pode ser visto como uma
oportunidade de afirmarmos nossa identidade básica de filhos, pois essa
identidade está ancorada em Deus, transcendendo todo louvor ou condenação que
se possa receber.178
A ADOÇÃO PLENA NO FUTURO
Nossa adoção futura prevê que teremos uma
grande herança nos céus. É nessa entrada nos céus que seremos herdeiros de
todas as coisas conquistadas por Cristo na cruz e teremos acesso à “uma herança
incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para
vós que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já
prestes para se revelar no último tempo” (1 Pe 1.4-5).
Por causa do que ainda nos espera de herança
como filhos, Paulo afirmou que “nós mesmos, que temos as primícias do Espírito,
também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso
corpo” (Rm 8.23). Essa redenção, embora precária aqui na terra, será completa,
perfeita e plena no céu. Queremos que “o mortal seja absorvido pela vida.” (2
Co 5.4). Assim como Cristo foi glorificado, nós também o seremos; assim sendo,
essa glorificação é incomparável em relação às aflições que aqui passamos (Rm
8.15-18). Que bendita esperança!
Uma vez que somos filhos de Deus, para
sempre o seremos, mas aqui experimentamos toda sorte de infortúnios e dores,
pois gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu (1 Jo
3.1-3; 2 Co 5.2). Nossas almas anseiam pelo momento em que poderemos adentrar à
casa do Pai eternamente. Habitamos aqui provisoriamente e em intervalos
interruptos com o Pai; mas, naquele grande dia, habitaremos com Ele para todo o
sempre (Ap 22.17).
A Obra da
Salvação Claiton Ivan Pommerening
SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
Adoção
Huiothesia,
formado de huios, 'filho' e thesis, 'posição' cognato de tithemi, 'pôr',
significa o lugar e condição de filho dados àquele a quem não lhe pertence por
natureza. A palavra só é usada pelo apóstolo Paulo.
Em Romanos
8.15, é dito que os crentes receberam 'o espírito de adoção', quer dizer, o
Espírito Santo que, dado como as primícias, os primeiros frutos de tudo o que
será dos crentes, produz neles a realização da filiação e a atitude pertencente
a filhos. Em Gálatas 4.5, é dito que eles receberam 'adoção de filhos*, ou
seja, a filiação dada em distinção de uma relação que é meramente
consequentemente no nascimento; aqui dois contrastes são apresentados:
(1) entre a
filiação do crente e a não originada filiação de Cristo;
(2) entre a
Uberdade desfrutada pelo crente e a escravidão, quer da condição natural pagã,
quer de Israel sob a lei" (Dicionário Vine: O significado exegética e
expositivo das palavras do Antigo e Novo Testamento, 14.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2011, p. 374).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A 'adoção',
um termo jurídico, é o ato da graça soberana mediante o qual Deus concede a
todos os direitos, privilégios e obrigações da filiação àqueles que aceitam
Jesus Cristo. Embora o termo não apareça no Antigo Testamento, a ideia se acha
ali (Pv 17.2). A palavra grega huiothesia, aparece cinco vezes no Novo
Testamento, somente nos escritos de Paulo e sempre no sentido religioso.
Ressalve-se que, ao sermos feitos filhos de Deus, não nos tornamos divinos. A
divindade pertence ao único Deus verdadeiro. A doutrina da adoção, no Novo
Testamento, leva-nos, desde a eternidade passada e através do presente, até a eternidade
futura (se for apropriada semelhante expressão). Paulo diz que Deus 'nos elegeu
nele [em Cristo] antes da fundação do mundo' e 'nos predestinou para filhos de
adoção por Jesus Cristo' (Ef 1.4,5). Diz também, a respeito de nossa
experiência presente: 'Porque não recebeste o espírito de escravidão, para,
outra vez, estardes em temor, mas recebeste o espirito de adoção de filhos
[huiothesia], pelo qual clamamos [em nosso próprio idioma]: Aba [aramaico:
Pai], Pai [gr. ha patêr]' (Rm 8.15). Somos plenamente filhos, embora ainda não
sejamos totalmente maduros. Mas, no futuro, ao deixarmos de lado a mortalidade,
receberemos "a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo' (Rm 8.23). A
adoção é uma realidade presente, mas será plenamente realizada na ressurreição
dentre os mortos. Deus nos concede privilégios de família mediante a obra
salvífica do seu Filho incomparável, daquEle que não se envergonha de nos
chamar irmãos" (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva
pentecostal 1 .ed, Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 374).
A Obra da Salvação Claiton Ivan Pommerening
CONHEÇA MAIS
A Testificação do
Espírito Santo
"Os
filhos de Deus têm o Espírito para que opere neles a disposição de filhos; não
têm o espírito de servidão sob o qual estava o povo do Antigo Testamento, pela
obscuridade dessa dispensação. O Espírito de adoção não fora plenamente
derramado. E refere-se ao Espírito de servidão, ao qual estavam sujeitos muitos
santos em sua conversão. [...] os santificados têm o Espírito de Deus, e este
testemunha aos seus espíritos que lhes dá paz às suas almas." Leia mais em
Comentário Bíblico, de Matthew Henry, CPAD, p.935.
SUBSÍDIO ADICIONAL
( Fonte:
Ensinador Cristão – n° 72 )
Além de
justificar, regenerar e santificar, características de mudança da nossa posição
diante de Deus, o Pai deseja estabelecer conosco um relacionamento mais
próximo, íntimo, e o melhor termo para conceituar esse processo é
"Adoção". Este é um termo técnico jurídico em que os pais concedem
direitos e privilégios à criança filiada de maneira não biológica, mas voluntária.
Foi assim que Deus tratou conosco! Éramos merecedores da condenação eterna, mas
por meio da obra de Jesus Cristo fomos justificados, regenerados, santificados
e adotados, acolhidos na família de Deus, onde "o mesmo Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.16).
Um
apontamento interessante que o teólogo pentecostal Pecotafaz é que não há um
termo para "adoção" no Antigo Testamento, embora a ideia apareça em
Provérbios 17.2: "O servo prudente dominará sobre o filho que procede
indignamente; e entre os irmãos repartirá". Mas em o Novo Testamento a
palavra, do grego huiothesia, aparece cinco vezes nos escritos do apóstolo
Paulo. É uma doutrina que atesta que em Cristo fomos eleitos e predestinados
para sermos da família de Deus (Ef 1.4,5). Diferentemente do tempo de trevas,
de escravidão e de vergonha, na família de Deus fomos chamados para sermos
livres para andar no Espírito, viver no Espírito e, assim, termos uma relação
de pai e filho com Deus (Rm 8.15).
A doutrina
da adoção nos dá a segurança da salvação. Fazer parte da família de Deus é a
certeza de que nEle estaremos seguros. Fomos justificados, regenerados,
santificados e adotados em Cristo Jesus. É um privilégio fazer parte da família
de Deus! Entretanto, sabemos que ainda não vivemos a plenitude do que está
prometido para nós. Embora sejamos plenamente filhos de Deus, num futuro,
quando deixarmos o nosso "tabernáculo terreno", receberemos a
plenitude da adoção, "a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23).
O que significa que vivemos a realidade da adoção neste tempo presente, mas
quando a ressurreição dentre os mortos for realizada, ou por meio do
Arrebatamento da Igreja, a nossa adoção será plena. Será o dia em que veremos o
Pai como Ele é. Por isso, o apóstolo Paulo disse: "Porque, agora, vemos
por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em
parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido" (1Co 13.12).
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