quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Lição 09 - A Reforma e a Condição Humana



TEXTO ÁUREO
Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro,
de que falamos.Hebreus 2.5

                     OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
•   identificar os ensinos dos reformadores no que diz respeito ao homem;
•  entender que o homem foi feito por um ato especial da Trindade Santa;
•  descrever os principais motivos de Deus ter criado o homem.


ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Existem certos professores cujo conhecimento bíblico baseia-se em generalidades. O ensino que ministram, mal comparando, é uma metralhadora que dispara em todas as direções, sem, contudo, atingir um alvo específico.

Na Escola Dominical, o trabalho didático não pode seguir nessa direção. É preciso trabalhar com objetivos de ensino e aprendizagem previamente estabelecidos, como disse Paulo: Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar (1 Co 9.26).
Excelente aula!

COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Quem é o homem? De onde ele veio? O que os reformadores afirmaram sobre ele? O que a Bíblia diz sobre o assunto? Ele é um ser essencialmente bom e o meio o corrompe ou ele é essencialmente mau e corrompe tudo que está a sua volta?

Nesta lição, trataremos desse ser distinto e especial, a quem o Altíssimo coroou de glória e honra (SI 8.5).

1. A BÍBLIA DIZ QUE O HOMEM FOI CRIADO POR ATO DIRETO DE DEUS
Desde o século passado, o tema sobre a origem do homem e da vida alcançou grande destaque no meio acadêmico. Cientistas debruçaram-se sobre o assunto, na tentativa de trazer soluções para o enigma. As teorias sobre a origem da vida, de modo geral, pautam-se em duas vertentes: a evolucionista e a criacionista.

1.1. O evolucionismo
Teoria elaborada pelo cientista britânico Charles Darwin (1B09—1882), autor da obra intitulada "Á origem das espécies", que afirma ter o ente humano surgido pela seleção natural das espécies que habitavam o planeta. Suas conclusões apesar de terem sacudido o mundo — principalmente, na primeira metade do século 20 —, jamais foram unanimemente aceitas como verdadeiras.
Algumas questões constituem-se em objeções concisas à teoria da evolução das espécies, tais como: Se O corpo do homem surgiu de um processo natural, o que dizer da sua alma? Quem deu origem ao processo inicial de vida, que desencadeou os demais estágios? Onde estão os dados que comprovam a passagem da vida do reino vegetal para o reino animal? Onde estão os elos perdidos? Tais questionamentos, dentre outros, levaram as ciências biológicas (e afins) a questionarem vigorosamente a teoria da evolução das espécies.
1.2. A teoria do big bang
Elaborada a partir da primeira metade do século passado, essa teoria preconiza que o universo surgiu a partir de uma imensa explosão ocorrida entre dez e vinte bilhões de anos atrás. A comunidade científica jamais apoiou unanimemente tal postulado. Atualmente, inclusive, esse modelo cosmológico perdeu seu caráter hegemônico, ostentado desde os anos iniciais da década de 1970.

1.3. O criacionismo
Apesar das inúmeras tentativas ateístas e materialistas de explicar o surgimento do homem no cosmos ao longo dos anos, a premissa bíblica contida no livro de Génesis permanece inalterada, forte e convincente: No princípio, criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1).

O homem foi chamado à existência por um ato do Criador (Gn 1.27). Sua parte imaterial veio à existência sem que fosse utilizada qualquer espécie de matéria-prima; por isso a palavra hebraica usada para designar esse ato criativo é bara, que significa criar do nada. Já a palavra hebraica usada para indicar a criação do seu corpo físico é asah, que denota a utilização de material preexistente, reforçando o argumento bíblico de que o homem foi feito a partir do barro (Gn 2.7).

Parece-me que Darwin está em processo de ser descartado, porém, talvez em deferência ao respeitável senhor, que repousa confortavelmente na Abadia de Westminster ao lado de Sir Isaac Newton, isso está sendo feito tão discreta e delicadamente, com um
mínimo de publicidade (Thomas Bethell).

2. A CRIAÇÃO DO HOMEM FOI UM 'ACONTECIMENTO ESPECIAL
O primeiro capítulo do livro de Gênesis informa-nos que as plantas e os animais foram criados segundo a sua espécie (Gn 1.12,21,24,25); o homem, todavia, foi feito de maneira especial e diferenciada (Gn 1.26,27; 2.7).

O termo imagem e semelhança (Gn 1.26) tem relação com Sua imagem natural e moral (não física), pois Deus, sendo Espírito, não possui forma corpórea (Jo 4.24).

Ao que tudo indica, o Criador extraiu elementos de Si mesmo e os imprimiu no homem, tornando-o, assim, Seu representante no Universo.

Em termos gerais, pode-se dizer que a imagem de Deus tatuada no homem significa que ele possui as características destacadas a seguir.

2.1. Racionalidade
Por imagem natural de Deus, devemos entender, dentre outras coisas, a capacidade de raciocínio que torna o homem extremamente diferente dos animais.
Exemplificando: só o homem cria, inventa, utiliza ferramentas, formula teorias, toma decisões, desenvolve-se em diversas áreas do conhecimento e faz história.

2.2. Personalidade
A personalidade humana é formada por razão, sentimentos e volição (ou vontade). Não há na Criação outro ser, além do homem, que possua tais atributos. Deus dotou-o dessas características porque desejava criar alguém com quem pudesse ter comunhão.

2.3. Espiritualidade
Só o homem anela pela presença de Deus e deseja ardentemente prestar-lhe culto (SI 42.1,2; Rm 12.1,2). Ao estudarmos a história das civilizações, encontramos um ser voltado para o Sagrado e para a devoção às entidades, às quais ele atribui poderes sobrenaturais — por esse motivo, há inúmeras religiões e seitas que se contrapõem às Escrituras Sagradas.

2.4. Infinitude
A eternidade é um atributo exclusivo do Criador; o homem, no entanto, foi feito para a infinitude. Os animais são extintos quando morrem; o homem, todavia, é um ser imorredouro. Ao final desta existência, ele é projetado para o seu destino eterno (Ec 12.7), definido por suas escolhas pessoais, em vida, no que tange à cruz de Cristo (1Co 15.19; Hb 9.27).
Quando a Escritura atribui traços físicos a Deus, está simplesmente utilizando-se de antropomorfismos (atribuição de forma ou caráter humanos a objetos e/ou seres não humanos), uma vez que é impossível compreender a ação do Altíssimo, sem o uso desses recursos.

3. PROPÓSITOS DE DEUS AO CRIAR O HOMEM
Para o homem, é muito importante saber sobre o propósito divino de sua criação, uma vez que a resposta a essa pergunta está intimamente ligada ao que ele é, essencialmente, o que pode ser descrito sobre o homem, de maneira resumida, é que ele foi criado do pó da terra e que se tornou alma vi-vante pelo sopro de Deus (Gn 1.27; 2.7).
A criação do homem ocorreu, principalmente, pelas razões que se seguem.

• Ele foi criado para a glória de Deus — É consenso entre os estudiosos da Bíblia que Deus não tinha qualquer necessidade de criar o homem. Contudo, decidiu fazê-lo por um motivo claro: para o louvor da sua glória (Ef 1.11,12). É por isso que o apóstolo abortivo recomenda: quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co 10.31).

• Ele foi criado para refletir o domínio de Deus — Deus é soberano sobre a Criação e elegeu o homem para ser o reflexo do Seu domínio e do Seu poder sobre o Universo. Por esse motivo, encontramos no primeiro capítulo de Génesis a expressão "e domine sobre" (Gn 1.26b,28).
• Ele foi criado para ser o mordomo do mundo — O privilégio de ter sido criado de forma distinta e especial faz dele, depois de Deus, o principal responsável pela Criação.

4. O PECADO NO ÉDEN
A Queda é um dos temas mais importantes da teologia cristã. Ela demarca a entrada do pecado no mundo e é a razão de todas as tragédias e desgraças da espécie humana. A falta de conhecimento sobre sua natureza cria o cenário ideal para a ignorância quanto ao amor e a graça de Deus. Quem não entende a Queda, também não entenderá a Cruz.

Infelizmente, o homem não permaneceu no elevado estado para o qual fora originalmente criado. Pela desobediência, o ser feito à imagem e semelhança de Deus comeu do fruto proibido, da árvore da ciência do bem e do mal (Gn 3).

A Queda expressa o momento histórico da origem do mal na dimensão humana. O homem tornou-se alguém totalmente depravado e incapaz de praticar o bem por sua livre escolha. A partir de então, ele jamais foi o mesmo (Rm 3.11).

4.1. Condições reinantes
Segundo o relato bíblico (Gn 3), Eva foi enganada por Satanás, prefigurado em serpente, e, em seguida, ofereceu o fruto proibido a Adão, que o comeu. Paulo diz que Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão (1Tm 2.14).

Pode-se depreender disso que o pecado foi consciente. A existência da árvore da ciência do Bem e do mal é uma representação do livre-arbítrlo humano, ou seja, do direito de o homem escolher livremente a quem servir e obedecer.

4.2. O resultado da desobediência

Paulo disse: como por intermédio de um homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram (Rm 5.12,19).

A raça humana estava seminalmente ligada ao primeiro casal. Adão e Eva, ao pecarem, levaram consigo toda humanidade, sem exceção, precipitando-a no rompimento da comunhão com o Eterno e na total depravação. O homem tornou-se irremediavelmente incapaz de promover o bem e, por méritos próprios, retomar o acesso à presença de Deus.

4.3. Características do pecado
A entrada do pecado no mundo é responsável por todas as mazelas e desgraças humanas. Desde então, o homem vive em permanente estado de agonia e tristeza. Isaías declara que os ímpios não têm paz (Is 48.22), e o apóstolo Paulo lembra que a tribulação e a angústia estão sobre toda alma que faz o mal (Rm 2.9).

5. A SOLUÇÃO PARA O PECADO DA HUMANIDADE
Os reformadores combateram veementemente o estilo de vida, as doutrinas, a liturgia e as práticas da Igreja Romana; porém, o tema salvação do pecador constituiu-se no grande motivo de cisão entre ambos os segmentos.

Como vimos nas lições 3—6, os postulados soteriológicos defendidos pelos reformadores, em total consonância com as Escrituras Sagradas, são observados nos pontos destacados a seguir.

5.1. A justificação unicamente pela fé
Apoiados nas Escrituras Sagradas, os reformadores pontuaram que a justificação do homem diante de Deus só pode ocorrer pela fé, e só por meio dela (da fé) o pecador pode ser justificado (Rm 1.17; 3.22; 5.1,2,9,18,19; Ef 2.8,9).

5.2. A singularidade das Escrituras
Diferentemente do que defendem os romanistas, os reformados afirmam que só a Escritura contém os princípios que podem trazer o homem de volta à comunhão com Deus. Isso independe de decisões tornadas em concílio ou de qualquer tradição religiosa. A Bíblia, sozinha, revela tudo o que é necessário à salvação e constitui-se no manual de fé e prática de todo cristão (2 Tm 3.15-17).

5.3. A centralidade de Cristo
As Escrituras afirmam que o homem só pode ser salvo por Cristo (Lc 19.10; At 4.12; Jo 3.16-18). A salvação operada pelo Espírito Santo só ocorre pela obra expiatória do Filho Unigênito de Deus, sem qualquer outra espécie de intermediação (Jo 3.14,15; 14.6; Hb 9.14; 10.12).

5.4. A centralidade da Graça
No contrapé dos ensinos da época, os reformadores ensinaram que somente a obra sobrenatural do Espírito Santo, operada unicamente pela Graça, independente de quaisquer méritos humanos, pode redimir o perdido e salvá-lo da condenação eterna (Rm 3.20, 24; Rm 5.18; Ef 2.8,9).
CONCLUSÃO
A morte de Cristo estendeu a graça divina a todos os homens. Assim, todos, indistintamente, podem obter o perdão do Pai e restabelecer a comunhão perdida no Éden: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna (Jo 3.36a).
Ter a vida significa viver na presença de Deus e desfrutar da Sua comunhão; isso nem mesmo a morte pode impedir (Jo 11.25,26).
             📌  REVISTA CENTRAL GOSPEL



                       Lição 09 - A Reforma e a Condição Humana (Pr. Anderson Pereira)
Texto Bíblico: Gn 1.26-28; Hb 2.5-9.
Texto Áureo: Hb 2.5
1.       OBJETIVOS DA LIÇÃO
         Ø  Identificar os ensinos dos reformadores no que diz respeito ao homem;
         Ø   Entender que o homem foi feito por um ato especial da Trindade Santa; e
         Ø   Descrever os principais motivos de Deus ter criado o homem. 

2.       “HOMEM” CRIAÇÃO DE DEUS
 De todas as coisas que Deus fez, só de uma delas, o homem, diz-se ter sido feita “à imagem de Deus”. O que isso significa? Podemos usar a seguinte definição: o fato de ser o homem à imagem de Deus significa que ele é semelhante a Deus e o representa. Quando Deus diz: façamos o homem à nossa semelhança (Gn 1.26) isso significa que ele pretende fazer uma criatura diferente das outras criadas, semelhante a si. As palavras hebraicas que exprimem imagem” (tselem) e “semelhança” (demút) se referem a algo similar, mas não idêntico, à coisa que representa ou de que é uma “imagem”. 
3    
                EVOLUCIONISMO
 Charles Robert Darwin foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria culminou no que é, agora, considerado o paradigma central para explicação de diversos fenômenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859. Darwin começou a se interessar por História Natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue HMS Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da Teoria da Seleção Natural Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.  Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies", ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (1872). Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX. 

  4. CONTRARIANDO DARWIN
 A Teoria da Evolução é apresentada com tanta confiança que muitos acreditam que seja mais do que teoria. Livros didáticos, revistas e programas científicos na televisão dão a impressão que todos aceitam essa teoria como a única e mais adequada explicação das origens da vida, inclusive da vida humana. Se a Teoria da Macroevolução for um fato comprovado, a Bíblia seria absolutamente falsa, pois ela afirma que Deus criou o universo e tudo que nele há (At 17.25-28; Hb 11.3). A nossa fé seria vazia e sem valor, pois a Teoria da Evolução contraria os princípios fundamentais das Escrituras e até nega a existência de Deus. Essa teoria, que domina e limita o pensamento de muitos cientistas hoje, nunca foi e jamais será comprovada. Há mais de 2.000 anos que alguns filósofos sugeriram algumas teorias da evolução. Nos últimos 200 anos, as ideias propostas por Charles Darwin têm se tornado artigos de fé que servem como a base da religião de muitos na comunidade científica. Mas são teorias e interpretações, não fatos. Nem todos os cientistas professam fé na evolução. Lynn Margulis, professora emérita de Biologia na Universidade de Massachusetts diz que a história, futuramente, julgará o neodarwinismo uma "pequena seita religiosa do século XX, dentro da fé religiosa geral da biologia anglo-saxônica". Ela, como muitos outros cientistas, reconhece a falta de provas apoiando a teoria da macroevolução.  A noção de macro evolução (ninguém nega a microevolução, pequenas mudanças em organismos já existentes) sugere que a vida surgiu e se desenvolve por acaso, sem ação inteligente. Até hoje, nem provas científicas, nem evidências arqueológicas irrefutáveis foram apresentadas para sustentar essa explicação. Os proponentes da teoria ficam cada vez mais frustrados. Darwin achou que mais pesquisas e o desenvolvimento tecnológico forneceriam as evidências que faltavam na época dele. Aconteceu ao contrário. Quase dois séculos passaram, e as evidências mostram mais e mais a fraqueza da sua teoria. G. A. Kerkut, bioquímico inglês e autor do livro As Implicações da Evolução, admitiu que "a evidência que apoia [a Teoria da Macroevolução] não é forte o bastante para nos permitir a considerá-la mais do que uma hipótese funcional". Jerry Coyne, do Departamento de Ecologia e Evolução da Universidade de Chicago diz: "Concluímos - inesperadamente - que há poucas provas que sustentam a teoria neodarwiniana: seus alicerces teóricos são fracos, assim como as evidências experimentais que a apoiam".  A Bíblia não menciona a Teoria da Evolução, mas apresenta como fato a criação por Deus. A explicação bíblica, também, fica fora dos limites dos laboratórios científicos. A grande maioria dos seres humanos olha para a evidência ao seu redor e aceita, por fé, a ideia de criação por Deus: "Porque os atributos invisíveis de Deus" são "percebidos por meio das coisas que foram criadas" (Romanos 1:20). A nossa fé é bem colocada, e nada teme da investigação científica. E a fé dos evolucionistas? "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus" (Sl 14.1). 
4.   
         A TEORIA DO “BIG BANG”
A busca pela compreensão sobre como foi desencadeado o processo que originou o universo atual, proporcionou – e ainda proporciona – vários debates, pesquisas e teorias que possam explicar tal fenômeno. É um tema que desperta grande curiosidade dos humanos desde os tempos mais remotos e gera grandes polêmicas, envolvendo conceitos religiosos, filosóficos e científicos. Até o momento, a explicação mais aceita sobre a origem do universo entre a comunidade cientifica é baseada na Teoria da Grande Explosão, em inglês, Big Bang. Ela apoia-se, em parte, na teoria da relatividade do físico Albert Einstein (1879-1955) e nos estudos dos astrônomos Edwin Hubble (1889-1953) e Milton Humason (18911972), os quais demonstraram que o universo não é estático e se encontra em constante expansão, ou seja, as galáxias estão se afastando umas das outras. Portanto, no passado elas deveriam estar mais próximas que hoje, e, até mesmo, formando um único ponto. A Teoria do Big Bang foi anunciada em 1948 pelo cientista russo naturalizado estadunidense, George Gamow (1904-1968) e o padre e astrônomo belga Georges Lemaître (1894-1966). Segundo eles, o universo teria surgido após uma grande explosão cósmica, entre 10 e 20 bilhões de anos atrás. O termo explosão refere-se a uma grande liberação de energia, criando o espaço-tempo. Até então, havia uma mistura de partículas subatômicas (quarks, elétrons, neutrinos e suas partículas) que se moviam em todos os sentidos com velocidades próximas à da luz. As primeiras partículas pesadas, prótons e nêutrons, associaram-se para formarem os núcleos de átomos leves, como hidrogênio, hélio e lítio, que estão entre os principais elementos químicos do universo. Ao expandir-se, o universo também se resfriou, passando da cor violeta à amarela, depois laranja e vermelha. Cerca de 1 milhão de anos após o instante inicial, a matéria e a radiação luminosa se separaram e o Universo tornouse transparente: com a união dos elétrons aos núcleos atômicos, a luz pode caminhar livremente. Cerca de 1 bilhão de anos depois do Big Bang, os elementos químicos começaram a se unir dando origem às galáxias. Essa é a explicação sistemática da origem do universo, conforme a Teoria do Big Bang. Aceita pela maioria dos cientistas, entretanto, muito contestada por alguns pesquisadores. Portanto, a origem do universo é um tema que gera muitas opiniões divergentes, sendo necessária uma análise crítica de cada vertente que possa explicar esse acontecimento.

5.       A CRIAÇÃO DO HOMEM FOI UM ACONTECIMENTO ESPECIAL A.
O homem foi criado diretamente por Deus Ao observar o primeiro relato bíblico da criação, não se pode chegar à outra conclusão senão que o homem é resultado da intervenção direta de Deus. Observe o versículo: “Criou Deus, pois, o homem…” (Gn 1.27). Esse versículo inibe a possibilidade da utilização de um processo evolutivo para a formação do homem. Deus não utilizou formas “preexistentes” ou subumanas de vida para formar Adão. Assim Deus não soprou o fôlego da vida em um “macaco-quase-homem” que veio a ser o primeiro homem. No segundo relato da criação podemos percebem que Deus não se utilizou de formas orgânicas menos desenvolvidas para formar o homem, mas “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra”. Dessa maneira podemos dizer que “essa passagem reforça o fato da criação especial a partir de materiais inorgânicos, não apoiando a ideia de uma criação derivada de alguma forma de vida prévia1”. Entretanto, alguns atestam que a referência ao pó da terra pode ser considerada como uma forma alegórica para um ser vivo preexistente. Mas devemos desconsiderar essa possibilidade, pois o próprio Deus afirmou que o homem voltaria ao pó quando morresse, mas o homem nunca volta a um estado animal na sua morte (Gn 3.19). Portanto, temos que admitir, se cremos que a Palavra de Deus é infalível e inerrante como ela afirma ser, que não existe outra possibilidade verdadeira para a origem do homem fora das escrituras. Deus criou o homem de fato, e isso não pode ser negado.

B. O homem foi criado em distinção das outras criaturas
       Outro fato que deve ser percebido na criação do homem é que ele não foi criado nem derivado de outras criaturas. Na descrição de Gênesis, Deus cria o reino vegetal distinto do animal, e o homem distinto de ambos. Observe: “E disse: Produza a terra relva, ervas, que deem fruto semente, e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cujo a semente esteja nele” (Gn 1.11). Essa identificação exata de Deus em relação ao reino vegetal inclui até mesmo a condição da semente do fruto das árvores. Mas não se encontra aqui nenhuma referência ou semelhança com os animais ou o homem, mas declara que sua reprodução é única e exclusiva segundo a sua espécie, ou como declara o próximo versículo “conforme a sua espécie”. Fato similar acontece com os animais marinhos e as aves: “Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies” (Gn 1.21). Note que cada ser criado por Deus é criado segundo a sua espécie. E o mesmo acontece com os animais selváticos: “E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie.” (Gn 1.25). Assim, cada categoria de animal foi criada em conformidade com sua própria espécie, bem como a sua reprodução de acordo com essa conformidade. Segue-se que não se pode afirmar a partir do relato bíblico que houve nalgum momento da criação um processo evolutivo, mas cada animal foi criado segundo a sua espécie. E, tendo isso como fundamento, na criação do homem não podemos atribuir a utilização de um outro ser vivo para a sua formação. Pois além de ser criado a partir do pó da terra, não pertence à espécie de nenhum outro ser vivo. Portanto, o homem é distinto de qualquer outra forma de vida

C. O homem foi colocado numa posição exaltada

O fato de que o homem não pertence à categoria dos animais pode ser percebido em função da criação distinta dos outros seres vivos, como uma espécie distinta de ser vivo e pela posição distinta que tem das demais criaturas. Essa distinção em termos de posição pode ser observada na declaração: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toa a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” (Gn 1.26). Essa identificação demonstra que existe algo especial, não somente na criação, mas na formação. Além da intervenção especial, o homem é criado à imagem e semelhança de Deus. Isso faz toda diferença entre o homem e os outros seres vivos. Mas é ainda reforçado por sua posição exaltada, pois é criado para ter domínio sobre todos os outros seres vivos. Portanto, o homem está colocado numa posição privilegiada em relação a demais criaturas. Essa posição exaltada é ainda demonstrada de forma poética em Salmos, quando Davi escreve uma exaltação das obras de Deus dizendo: “Quando contemplo os teus céus, obra de teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem para que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras de tua mão, e sob teus pés tudo lhe puseste” (Sl 8.3-6). Portanto, o homem é considerado como ápice da criação, a coroa da criação, e por isso tem sua distinção de todas as outras criações e criaturas e está acima de todas elas.  Outro fator que evidencia essa verdade é que como a criação do homem a Obra Criativa de Deus chegou ao fim. Isso pode ser observado pela frase dita pelo próprio Deus após a criação do homem: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31).

7. O HOMEM E O PECADO
 A. Criou Deus ... o Homem à Sua Imagem O homem foi feito diferente das outras criaturas terrestres (Gn 1.27-28). Ele foi criado semelhante a Deus, com a capacidade de raciocinar, amar e tomar decisões morais. Deus colocou o homem numa posição especial, acima das outras criaturas terrestres (Gn 1.28-30), abaixo dos anjos (Hb 2.7) e sujeito a Deus (Gn 2.15-17).

B. Deus Queria um Relacionamento Especial com os Homens
Desde o princípio, um fato fundamental tem governado a relação do homem com Deus: o homem que faz bem será aceito por Deus (Gn 4.7). Alguns homens faziam bem, e andavam em comunhão com Deus. Enoque andou com Deus e foi poupado do sofrimento da morte (Gn 5.22-24). Noé andou com Deus e foi poupado do dilúvio que destruiu os homens maus (Gn 6.9). Abraão se mostrou fiel, e foi escolhido por Deus para ser o pai de uma nação especial (Gn 12.1-3). Deus separou os descendentes de Abraão e lhes deu instruções especiais para que fossem um povo santo (Lv 11.44-45). Esta relação especial dependia da obediência do povo. “O SENHOR te constituirá para si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do SENHOR, teu Deus, e andares nos seus caminhos” (Dt 28.9). Davi bem expressou a base da comunhão entre Deus e o homem: “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Sl 25.14).
C. O Pecado Criou uma Barreira
O pecado do homem o separa de Deus. Quando o primeiro casal pecou, foi expulso do jardim, onde Deus andava (Gn 3.23; 2.17; 3.8). Isaías viu este problema em relação ao povo de Israel: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.1-2).
 D. O Pecado, a Morte e o Sangue
O pecado traz a morte: “porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Junto com este fato, devemos compreender o papel do sangue na remissão dos pecados. Quando Deus deu permissão para os homens comerem a carne de animais, ele não lhes deu o sangue como alimento. Ele disse: “Carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gn 9.4). O sangue está ligado à vida, e o derramamento de sangue está ligado à morte e, por isso, ao pecado. O pecado traz o derramamento de sangue. Quando Adão e Eva pecaram, Deus matou animais para “cobrir” a vergonha do casal culpado (Gn 3.21). Na época dos patriarcas, os servos de Deus faziam sacrifícios de animais pelo pecado (Jó 1.5; 42.:8). Sob a lei dada ao povo no monte Sinai, os israelitas faziam sacrifícios que incluíam o derramamento de sangue (Lv 6.30; etc.). Os sacrifícios do Antigo Testamento foram necessários, porém ineficazes (Hb 10.3-4). O sangue de animais não foi suficiente para perdoar os pecados dos homens.
O Antigo Testamento diagnosticou o problema – o pecado – mas não trouxe o remédio. Qualquer pessoa doente que procura a ajuda de um médico quer duas coisas: o diagnóstico e o remédio. O Velho Testamento só responde à primeira necessidade, mostrando claramente o problema do pecado. Paulo disse: “Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.... pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Romanos 3:19-20). A segunda necessidade, o remédio, encontra-se na Nova Aliança que nos fala sobre o sangue de Jesus Cristo. “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem” (Gl 3.22; cf. Hb 9.28).

E. A Importância da Obediência
Um tema importante no Novo Testamento é o valor dos exemplos do Velho Testamento para o desenvolvimento da nossa fé. Abraão demonstrou a fé pelas obras de obediência (Tg 2.21-24). Por outro lado, Paulo avisou do perigo de seguir os maus exemplos de desobediência no Antigo Testamento (1 Co 10.6-12). Estes exemplos são de grande valor para nós, porque a obediência no Novo Testamento se torna até mais importante do que naquela época (Hb 2.1-3; 10.28-29).
 Pelo estudo do Antigo Testamento, aprendemos lições importantes sobre a obediência. Entre elas:
·         Fazer o que Deus não ordenou traz a morte. Quando Nadabe e Abiú entraram no tabernáculo com fogo que Deus não autorizou, ele matou os dois (Lv 10.1-2). Quando Uzá estendeu a mão para segurar a arca da aliança, um ato que Deus não autorizou, ele foi morto na hora (1 Cr 13.9-10). Davi e os outros só compreenderam o erro quando fizeram o que deveriam ter feito antes – buscar a vontade de Deus na Palavra (1 Crônicas 15:13).
·         Precisamos da permissão de Deus para nós, não somente para outras pessoas em outras situações. Duas vezes, Deus autorizou que levantassem censo para contar o povo dele (Nm 1.2; 26.2). Em outra ocasião, Davi decidiu fazer um censo (2 Sm 24; 1 Cr 21). Mas Deus não autorizou que Davi levantasse o censo. A consequência foi desastrosa. 70.000 homens morreram por causa deste ato não autorizado (1 Cr 21.:14). Hoje, muitas pessoas buscam, na palavra revelada aos israelitas no Antigo Testamento, uma base para suas doutrinas e obras. Tentar se justificar com instruções dadas a outros povos em outras épocas pode ser desastroso! 
  ·     Obedecer, mesmo quando as ordens de Deus não fazem sentido, traz as bênçãos prometidas. Josué olhava para Jericó quando Deus falou para ele da tática para conquistar esta cidade fortificada (Js 5.13 – 6.5). A estratégia – rodear a cidade 13 vezes, tocar trombetas e gritar – não faz nenhum sentido em termos de tática militar. Mas Josué e o povo obedeceram, e Deus foi fiel. Entregou a cidade nas mãos deles (Js 6.20). 
·          Pecados, mesmo escondidos, trazem o castigo. Durante a conquista de Jericó, Acã tomou algumas coisas proibidas e as escondeu debaixo da sua tenda. O pecado dele levou à derrota do povo na batalha contra a pequena cidade de Ai (Js 7). Devemos ter cuidado. Os nossos pecados, até os ocultos, podem trazer consequências para nós e podem prejudicar outros na família ou na igreja. Enquanto consideramos lições importantes sobre a obediência, não devemos esquecer de um dos fatos fundamentais da Bíblia. Deus merece a adoração porque ele nos criou. “Louvem o nome do Senhor, pois mandou ele, e foram criados” (Sl 148.5).

8. CONCLUSÃO
 Entre as mensagens do Antigo Testamento, destacamos estas: 1. Deus existe. 2. Ele criou o homem e o colocou numa posição especial. 3. O pecado nos afasta do Criador. 4. Precisamos de uma solução para os pecados. 5. O Antigo Testamento não resolve este problema principal do homem. As pessoas que viviam debaixo da lei ainda aguardavam o Salvador.
QUE DEUS VOS ABENÇOE!

 📌FONTE: Escola Bereana -ADVEC SEDE



                        ARREPENDIMENTO, UMA METANOIA DO ESPÍRITO.
    No Antigo Testamento, arrependimento significa girar ou retornar e dedicar-se para Deus ao abandonar o pecado, voltando-se para Ele de todo o coração, alma e forças (Ne 1.9; Is 19.22).143 Essa é a maneira característica do Antigo Testamento para expressar o arrependimento do homem para com Deus. No Novo Testamento, significa uma mudança (metanoia) de mente e transformação de pensamentos, de consciência e de atitudes, abandonando o pecado e voltando-se para Deus, no sentido de dar meia volta na direção em que se estava e tomar outra direção. No arrependimento, sente-se tristeza pelo pecado (2 Co 7.10) e é necessário o seu abandono para abraçar a vontade de Deus.
     O arrependimento “é a negação de uma direção de pensamento e ação, e a afirmação da direção oposta. Aquilo que se nega é o cativeiro [do pecado], e aquilo que se afirma é o novo ser criado pela presença de Deus”.144 O arrependimento livra-nos das amarras do pecado e da culpa que escravizam e tiram a alegria de viver; o arrependimento leva-nos a experimentar cura substancial dos pensamentos e da consciência cauterizada pelo pecado (1 Tm 4.2). Leva, ainda, a desenvolver satisfação e uma autoestima sadia, sem orgulho nem autodesmerecimento, resultando em alegria e paz no coração.
      Jesus afirmou que, para fazer parte do seu Reino, era necessário o arrependimento (Mt 4.17). Arrependimento não é uma reforma apenas, mas também uma entrega total à ação do Espírito Santo para promover as mudanças e transformações mais profundas na alma humana. Zaqueu teve um arrependimento tão genuíno que prometeu devolver quatro vezes mais a quem ele havia roubado (Lc 19.8). Arrependimento é diferente de remorso. Este é momentâneo e passageiro, e aquele deve atingir o mais escuro compartimento do coração humano numa mudança radical de atitudes.
     O arrependimento é acompanhado do sentimento de culpa e do reconhecimento da falta praticada (Sl 51.1-4); de um sincero pedido de perdão (Sl 51.10-12); do abandono do erro (Pv 28.13) e da produção de frutos de arrependimento (Mt 3.8; At 26.20). O arrependimento está incluso no processo de conversão e abrange o ser humano por inteiro: o intelecto (Mt 21.30), as emoções (Lc 18.13) e a vontade (Lc 15.18-19). Portanto, a conversão é uma ruptura com antigas tradições e modos de vida abomináveis e pecaminosos.
     Para que haja perdão de pecados, é necessário arrependimento (Lc 24.47). Isso implica em nascer de novo e converter-se completamente para Deus. Não se trata apenas de uma decisão da mente, mas envolve o ser humano por inteiro. O desejo de Deus é sempre perdoar e amar, e sua atitude em favor da humanidade morrendo numa cruz confirma-nos esse desejo; contudo, a retribuição do homem para com o amor de Deus foi a desobediência e o pecado, e, depois da Queda, não havia possibilidade de perdão para a humanidade caída, a não ser que alguém que fosse superior ao homem pudesse sofrer o castigo em seu lugar. Após a queda do ser humano, o mundo estava coberto de destruição e ira; no entanto, não foi a ira que levou Jesus à cruz, mas o seu indescritível amor.
     Os efeitos do processo Redentor de Cristo são reais e verdadeiros. Isso pode ser confirmado não apenas a partir da Bíblia, mas também porque os efeitos são vistos na vida de muitos, e isso nos garante que o arrependimento, a confissão e o perdão são realidades que nos transformam. Sem a cruz, a confissão seria apenas mais um tipo de terapia; ela, porém, é muito mais, na medida em que promove mudanças reais em nosso relacionamento com Deus, com o próximo e conosco; é um meio de cura e transformação para o/a homem/mulher interior.145
      A proclamação do evangelho através da pregação é um método sublime de convencer o pecador ao arrependimento. A mensagem mais clássica quanto a isso é o primeiro sermão de Pedro, quando foram batizadas 3 mil pessoas. Sua mensagem foi jogar em rosto (imputação de culpa) o que haviam feito com Cristo e seus milagres, sofrimento, morte, ressurreição e glorificação. Porém, o ponto central foi sua morte e ressurreição. Como fruto desse primeiro sermão, os ouvintes foram compungidos (At 2.37 – ARA), aflitos (NVI) — em outras traduções, poderia ser tocados, feridos, picados. Essa palavra provém do grego nusso, que significa espetar, como se um punhal tivesse atravessado o coração deles. Um desespero santo tomou conta do público, mas Pedro não lhes deu nenhum consolo passageiro, nenhuma promessa de vitória fácil. Veio, sim, a proclamação para o arrependimento (At 2.38), que, tendo sido aceita pelos presentes, serviu de base para o batismo, o consolo permanente.
     Para dar o extraordinário efeito de arrependimento nos ouvintes, como relatado em vários textos de Atos dos Apóstolos, o kerygma (pregação) apostólico “consistia de três partes:
1) uma proclamação da morte, ressurreição e exaltação de Jesus;
 2) a consideração de Jesus como Senhor e também como Cristo; e
 3) uma convocação ao arrependimento e a receber perdão de pecados. Assim, o kerygma, em sua plenitude, reunia uma proclamação histórica, uma consideração teológica e uma convocação ética.”146
      O resultado dessa pregação, além do arrependimento verificado, foi a confissão de pecados (At 2.37). A Bíblia admoesta-nos a confessar nossos pecados uns aos outros e a orar uns pelos outros (Tg 5.16). Ela afirma-nos também que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (ver 1 Tm 2.5). Ambas as instruções são encontradas na Bíblia, e uma não exclui a outra. A Igreja de Cristo é denominada como uma comunhão de santos, mas também uma comunhão de pecadores, no sentido de que ninguém ainda alcançou a plenitude da santidade, ou seja, todos ainda carecem de progresso na caminhada cristã.
     O arrependimento atesta o reconhecimento não apenas do pecado, mas também da condição pecaminosa em que se encontra o homem. Contudo, remorso apenas não lhe garante vitória sobre o pecado — nesse sentido, o ato da confissão é de suma importância. Nele expõem-se as limitações a um conselheiro espiritual, e juntos agregam-se forças mútuas no desejo de prosseguir. Não confessar as falhas aos outros indica uma indisposição ao desejo real de mudança, especialmente quando não se consegue obter vitória sozinho sobre determinadas práticas nocivas. A confissão denota aceitação do julgamento e do castigo na intenção de receber perdão e esperança de transformação. Nesse processo, sente-se que a culpa foi superada, e uma nova coragem de ser torna-se possível.
     Confessar nossas necessidades diante de irmãos e irmãs que nos orientarão no caminho correto dá-nos a certeza de que não estamos sozinhos. O orgulho e o medo que se apega em nós quando pensamos em confissão apega-se também aos outros; contudo, somos todos igualmente pecadores e, no ato da confissão mútua, o poder de cura é liberado, e nossa condição humana já não é mais negada, e sim transformada.147

     O indivíduo que conhece, mediante a confissão privada, o perdão e o livramento de persistentes hábitos importunadores regozija-se grandemente nessa prova da misericórdia divina. Sempre existirão áreas na vida do cristão que não foram submetidas ao senhorio de Cristo e que, portanto, não passaram pelo processo de arrependimento (Hb 12.17). Por isso, a Bíblia enfatiza a necessidade de constantemente julgarmo-nos a nós mesmos (1 Co 11.31) e percebermos aquilo que sorrateiramente contamina o coração e que quer afastar-nos de Deus, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). 

       📌A RAZÃO DA NOSSA FÉ   Pr. Claiton Ivan Pommerening




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