Texto Bíblico: Atos 4.5-12, 19, 20.
Texto Áureo: “Porque há um só
mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5)
Lição 05 - A Centralidade de Cristo: Solus Christus (Dc. Odir de Almeida)
1. INTRODUÇÃO
Jesus Cristo
foi o primeiro reformista da história humana. Na criação (formação) do homem,
narrada em Gn 2.7, Cristo esteve presente formando o primeiro ser humano.
Quando o homem pecou e transformou-se (deformouse) em um ser separado da
comunhão com Deus, Cristo veio a terra para reformar (tornar a forma original)
o homem (Cl 1.16-22). Logo, a obra redentora é reformadora.
Entendemos
que a reforma ocorrida no século XVI é uma continuação, ou um reflexo direto,
da obra redentora de Cristo no homem, uma vez que a reforma da igreja contou
com homens reformados (regenerados). A redenção corrigi o estado do homem e a
reforma do século XVI corrigiu a ação da igreja na terra – ambas fundamentadas e
centralizadas em Cristo.
2. CO-MEDIAÇÃO:
Adão após
ter pecado reagiu se escondendo de Deus. Quando o povo de Israel pecou contra
Deus, clamou a Moisés (Nm 11.2) para que este intercedesse por eles. Nestes
dois exemplos podemos observar a tendência do homem caído de se ocultar de Deus
ou procurar por terceiros para resolver suas pendências com Ele. Esta tendência
é um campo fértil para a aceitação de co-mediadores.
2.1 - O
dogma (pontos fundamentais e indiscutíveis de uma crença religiosa) da
maternidade divina:
Em matéria publicada no jornal O Globo, Leneide
Duarte observou, em 1998, que “a Santíssima Trindade pode estar com os dias
contados”. Sua afirmação baseava-se em um estudo da Igreja Católica prestes,
então, a proclamar um novo dogma sobre a virgem Maria, elevando a mãe de Jesus à
posição de quarta pessoa da divindade, em “pé de igualdade com o Pai, o Filho e
o Espírito Santo”, com papéis múltiplos, pois seria venerada como “filha do
Pai, mãe do Filho e esposa do Espírito Santo”1
.
Em 431 d.C.,
no Concílio Geral de Éfeso, a controvérsia sobre as naturezas divina e humana
de Jesus levou a Igreja Católica a dar os primeiros passos para o
estabelecimento do dogma de Maria como “Mãe de Deus”. O argumento para se
chegar a tal consenso encontrava sua força na filosofia grega, que postulava a
impossibilidade de Deus entrar em contato com o universo material e ainda
permanecer como Deus. Assim, para que o nascimento do Deus-homem, Cristo Jesus,
se tornasse logicamente viável, haveria de ser imprescindível que Maria fosse
divina tanto quanto o seu Filho. Através deste dogma, Cristo é uma pessoa
divina e Maria é sua mãe. Argumentam os defensores do culto mariano que “Maria
é mãe de Jesus Cristo; ora, Jesus Cristo é Deus. Logo, Maria é mãe de Deus”.
Em Lc 1.42
(NVI) “Bendita é você entre as mulheres...” podemos observar a humanidade de
Maria – entre as mulheres. Em Lc 1.46,47, vemos Maria dizer que Deus é o seu
Salvador, ela tinha consciência que precisava de salvação. Maria foi concebida
de forma natural e não pela ação do Espírito Santo.1
José Miranda
Rocha, D.Min. Professor de Teologia Pastoral no SALT, Unasp, Campus Engenheiro
Coelho, São Paulo, em “O culto a Maria: uma criação do papado”
2.2 – Doutrina da intercessão dos
santos
Texto
extraído de uma circular (Folhetos Católicos, n° 03 – A interseção de Anjos e
Santos na Bíblia) “É conforme a natureza dos seres criados por Deus que os
inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de
ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos
são amigos de Deus e nossos na glória. (Lc. 16,9). Logo, podem, intercedem por
nós. ”
Em 1 Jo 2.1:
“...temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”
“Há um
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem, o qual se deu a si mesmo
em preço de redenção” (1Tm 2.5-6).
2.3 – Sacramento das penitências
Ainda hoje a
igreja católica afirma que o batismo perdoa os pecados e após o batismo o
pecado é perdoado através das penitências.
A bíblia diz:
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém
pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo 2.1).
3. SOLOCHRISTUS
Os três
ofícios mais importantes que existiam para o povo de Israel no Antigo Testamento
eram: o de Profeta, o de Sacerdote, e o de Rei.
João Calvino
popularizou a noção de Cristo como aquele que exerce os três ofícios do Antigo
Testamento (Institutas II.15).
Os catecismos
de Westminster (BCW e CMW2 ) nos ajudam a entender como Cristo desempenhou os
três ofícios:
BCW – P.
23. Que funções exerce Cristo como nosso Redentor? R. Cristo, como nosso Redentor,
exerce as funções de profeta, sacerdote e rei, tanto no seu estado de
humilhação como no de exaltação. Ref. At 3.22; Hb 5.5-6; Sl 2.6; Jo 1.49.
CMW – 42.
Por que o nosso Mediador foi chamado Cristo? O nosso Mediador foi chamado Cristo porque foi, acima
de toda a medida, ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente
revestido com toda autoridade e poder para exercer os ofícios de profeta,
sacerdote, e rei de sua igreja, tanto no estado de sua humilhação, como no de
sua exaltação. Sl 2.6; Mt 28.18-20; Lc 4.14,18,19,21; Jo 3.34; At. 3.22; Hb
4.14,15; 5.5,6; Ap 19.16; Is 9.6.
CMW – 43.
Como exerce Cristo o ofício de profeta? Cristo exerce o ofício de profeta, revelando à igreja, em
todos os tempos, pelo seu Espírito e Palavra, por diversos modos de
administração, toda a vontade de Deus, em todas as coisas concernentes à sua
edificação e salvação. Jo 1.1,4,18; 20.31; 2Pe 1.21; 2Co 2.9,10; Ef 4.11-13.
[Mateus é um dos livros bíblicos que mostra de maneira mais completa o Jesus
Cristo como profeta]
CMW – 44.
Como Cristo exerce o ofício de sacerdote? Cristo exerce o ofício de sacerdote, oferecendo-se a
si mesmo uma vez em sacrifício, sem mácula a Deus, para ser a propiciação pelos
pecados do seu povo, e fazer contínua intercessão por esse mesmo povo. Hb 2.17;
7.25; 9.14,28. [Hebreus é o livro mais claro em mostrar o sacerdócio perfeito
de Jesus]
CMW – 45.
Como Cristo exerce o ofício de rei? Cristo exerce o ofício de rei, chamando do mundo um povo
para
si,
dando-lhe oficiais, leis e disciplinas para visivelmente o governar; concedendo
a graça salvadora aos seus eleitos; recompensando sua obediência e corrigindo-os
em consequência de seus pecados; preservando-os e sustentando-os em todas as
suas tentações e sofrimentos; restringindo e subjugando todos os seus inimigos,
e poderosamente ordenando todas as coisas para a sua própria glória e para o
bem de seu povo; e também tomando vingança contra os que não conhecem a Deus
nem obedecem ao Evangelho. Sl 2.9; Is 55.5; Mt 18.17,18;25.34-36;28.19, 20; Jo
10.16,27; At 5.31; 12.17; 18.9,10; Rm 2.7;14.11;8.28,35-39; 1Co 5.4,5; 12.9,
10, 28; 15.25; 2Co 12.9,10; Ef 4.11,12; 1Tm 5.20; Tt 3.10; 2Ts 1.8; 22:12; Cl
1.18; Hb 12.6,7; Ap 3.19. [O reinado de Cristo pode ser visto de forma gloriosa
em Apocalipse].
ADVEC – ASSEMBLEIA DE DEUS VITÓRIA EM CRISTO | TAQUARA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – CLASSE DOS PROFESSORES LPD n.º 52 – Reforma Protestante
O Contexto Histórico
A
religiosidade medieval havia criado um sistema de figuras míticas e santos, que
intercediam pelos homens pecadores diante de Deus. O culto a imagens de figuras
bíblicas, de anjos e de pessoas piedosas do passado - bem como a exclusividade
do clero no acesso à leitura e interpretação da Bíblia - tiravam a centralidade
da cruz de Cristo, de seu sacrifício único e suficiente para a remissão de
pecados. Os reformadores do século XVI condenaram veementemente tais práticas:
eles trouxeram a pregação expositiva da Escritura como o centro do culto
público, além de tornarem a Palavra de Deus acessível, incentivando a sua
leitura e estudo por parte de todos. A partir de então, somente o Evangelho de
Cristo voltou a estar no centro da adoração, da meditação e do ensino – pelo
menos por um tempo.
II. O Panorama Doutrinário
A
justificação vem apenas através de Cristo e seu sacrifício na cruz. Dessa
forma, não há nenhum mérito no homem, nos santos, em anjos, ou em quaisquer
obras realizadas por qualquer pessoa, nesta terra. Da mesma maneira, a
revelação de Cristo é suficiente para a condução do pecador ao arrependimento:
não há nenhum outro mensageiro ou mediador que traga outra palavra de Deus, a
não ser o próprio Deus que encarnou, Ele mesmo, em forma humana. Solus Christus
refere-se à obra salvífica de Jesus na cruz. O sacrifício vicário dele ali – e
unicamente este sacrifício! - é não apenas imprescindível, mas totalmente
suficiente para aplacar a justa ira de um Deus santo contra pecadores
miseráveis, em estado de rebelião, efetivamente carregados de culpa moral real
– e, somente assim, livrá-los da
merecida condenação.
III. O Contexto Atual –
AS práticas
espúrias Um cristianismo centrado no homem perde de vista a suficiência da
morte de Cristo na cruz. Passa-se a adotar elementos pagãos dentro dos
ensinamentos e até da fé. Quanto à liturgia - rituais estranhos à tradição
cristã são inseridos no culto, tais como: "orações" extravagantes,
manifestações alienantes ditas “espirituais”, símbolos vétero-testamentários
(que só possuíam a finalidade pedagógica de apontar para Cristo) - e até mesmo
práticas com raízes animistas (como cultos voltados para o curandeirismo e
manifestações de espíritos demoníacos). Tudo isso tira a cruz de Cristo e sua
absoluta suficiência do centro do culto e de nossas vidas. Assim, falsos
profetas conduzem multidões para longe de Deus, muitas vezes até “trajando”
aspectos da fé cristã, mas deturpando-os com falsas doutrinas.
– A
falsa liberdade Uma fé centrada no próprio homem - em seus desejos, sonhos e
sentimentos - alimenta uma igreja consumista, onde a própria pessoa se torna o
parâmetro para o que é certo e errado, bom e ruim. O discurso hipermoderno de
liberdade a qualquer custo faz o homem pôr a sua liberdade de escolha até mesmo
acima da vontade do próprio Deus. O Deus Todo-Poderoso passa a se submeter à
vontade humana a partir de uma premissa (mundana e falaciosa) de que isso é uma
expressão do amor divino por nós. O discurso cada vez mais em voga afirma que o
amor de Deus se expressa na “liberdade que este dá ao homem para decidir o
caminho de sua vida" - quando na realidade sabemos pela Bíblia que apenas
o homem já transformado por uma intervenção ativa do Espírito Santo (Jo
16:8-13), é quem realmente desfruta da verdadeira liberdade do Evangelho (Jo
8:32).
– a “bênção”
e o bem-estar Outra característica - cada vez mais comum no meio evangélico
hoje - é uma espécie de “Teologia do BemEstar”: talvez um subproduto da
Teologia da Prosperidade e da Teologia Triunfalista. Vai-se à igreja
essencialmente em busca de livramento de problemas, do solucionamento das
dificuldades de toda ordem (desemprego, causas judiciais, dívidas, doenças,
etc.) - sempre tendo como meta, primordialmente, apenas uma vida tranquila e
prazeirosa. “Pare de Sofrer!”- é o slogan ostensivo em alguns lugares, e
inconscientemente adotado em muitos outros.
Naturalmente
que Deus atende às súplicas de seus filhos (de todoas as pessoas - até das que
não são!), com respeito aos vários dramas da vida humana. Ele é misericordioso,
benigno, compassivo e pleno de amor.
Mas aqui, o
foco em questão não é uma relação de filhos que pedem algo a seu Pai, a partir
de um relacionamento de intimidade, de amor e de confiança – o foco está,
lamentavelmente, nesse modelo de uma relação utilitarista, interesseira - onde
a divindade que se busca, TEM de atender - em contrapartida às minhas ofertas
financeiras e/ou à minha dedicação religiosa - ao que EU desejo, ao que EU
determinei como me sendo de direito. Esse é o paradigma do Paganismo.
– a “bênção” e o bem-estar
Frases como
“Deus tem o melhor para minha vida”, “Vim buscar a minha bênção”, “Não aceito
tal situação!”, e “Eu declaro vitória!" – geralmente denotam:
primeiramente, uma religião autocentrada e individualista, que valida uma
cômoda e sutil fuga da proposta de vida comunitária, de serviço mútuo e de
abnegação - que o evangelho de Jesus preconiza; e em segundo lugar, essas falas
também se distanciam – e muito! - da cosmovisão bíblica sobre o sofrimento
humano, prometendo como bênção de Deus quase que uma blindagem contra as
adversidades da vida.
IV. A SÃ DOUTRINA: UMA ÊNFASE
PERMANENTE NA CENTRALIDADE DE CRISTO EM TODA A BÍBLIA
1)
NO PROPÓSITO ETERNO DA TRINDADE
– o primeiro
anúncio histórico da vinda do Redentor (Gn 3.15) refere-se à concretização de
fatos acordados pelo Deus TriÚno antes da fundação do mundo. Em João 17, Jesus
ora:“Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te
glorifique. Pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que
conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. Esta é a vida eterna: que
te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu
te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. E
agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes
que o mundo existisse.”(Jo 17:1-5)
2 ) NAS PROFECIAS
- Jesus,
nascido em Belém, Jesus de Nazaré, “nascido de mulher” (Gl 4.4), é “Deus
conosco” – Deus presente na criação do mundo (Jo 1.1-3), Deus presente
redentoramente na história da humanidade (Gn 3.15); Deus presente na Escritura,
de Gênesis a Apocalipse. Essa centralidade envolve infinitude, supremacia e
soberania; tudo o que foi dito é confirmado pela gloriosa profecia de Isaías
9.6-7, na qual o menino que nasceria é chamado “Maravilhoso Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.
3) NA MENSAGEM CENTRAL, FUNDAMENTAL
DA BÍBLIA –
"E o
Pai que me enviou, ele mesmo testemunhou a meu respeito. Vocês estudam
cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna.
E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não
querem vir a mim para terem vida.” (Jo 5.37-40) “Ele lhes disse: Como vocês
custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas
falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua
glória? E, começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que
constava a respeito dele em todas as Escrituras". (Lc 24:25-27)
4) NA OBRA REDENTORA
– A obra
redentora é de Deus em Cristo. Nela participam as três pessoas da Trindade.
Deus o Pai deu o Filho, e este e o Pai enviaram o Espírito. A centralidade de
Cristo na obra redentora é no sentido de que tanto as ações do Pai como as do
Espírito se centralizam no Filho, como enviado e sacrificado pelo Pai, e como
aplicado salvadoramente ao homem pelo Espírito Santo (Gn 3.15; Is 53; Jo 3.16;
At 4.11,12; 1 Co 1.21-24; 2 Co 5.14-21).
– ”Visto
que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana,
agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da
pregação. Os judeus pedem sinais milagrosos, e os gregos procuram
sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, o qual, de fato, é
escândalo para os judeus e loucura para os gentios, mas para os que foram
chamados, tanto judeus como gentios, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de
Deus.” (I Co 1:21-24)
– "Este Jesus é ‘a pedra que vocês,
construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular’. Não há salvação em
nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens,
pelo qual devamos ser salvos”. (At 4:11,12)
“Ele é a
imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação, pois nele foram
criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos sejam soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas
por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é
a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os
mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que
nele habitasse toda a plenitude e por meio dele reconciliasse consigo todas as
coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo
a paz pelo seu sangue derramado na cruz." (Cl 1:15-18)
5) NA OBRA DE CRISTO COMO MEDIADOR
– Além de estar como mediador entre a lei que
condena e a graça que salva, Cristo é apresentado na Escritura explicitamente
como mediador entre Deus e os homens (Jo 14.6; 2 Tm 2.5).
–
“Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai, a não ser por mim". (Jo 14:6) "Pois há um só Deus e um só
mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si
mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo”.
(I Tm 2:5)
6) NOS OFÍCIOS DE CRISTO –
a) Como O
Profeta (Dt 18.15; Mt 17.4-5; Is 61.1-2; Lc 4.18,19, 21; Hb 1.1-4);
b) Como O
Sacerdote (Hb 7.17-28);
c) Como O
Rei dos Reis, atualmente só reconhecido pelos seus, em cujo coração está seu
reino espiritual (Lc 17.21). Mas Ele sustenta todas as coisas pela palavra do
Seu poder (Hb 1.3) e finalmente vai estabelecer seu reino universal e glorioso,
num tempo que, dentro da eternidade imensurável, está “próximo” (Mc 1.15; Fp
2.9-11; Ap 11.15).
7) NA VIDA DO CRISTÃO
– “Cristo em mim, em nós”: expressões
empregadas frequentemente pelo apóstolo Paulo.
“Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e
eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa
alguma”. (Jo 15.5)
"Fui
crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
A vida que agora vivo no corpo, vivoa pela fé no Filho de Deus, que me amou e
se entregou por mim.” (Gl 2.20)
– "Dela me tornei ministro de acordo com
a responsabilidade, por Deus a mim atribuída, de apresentar a vocês plenamente
a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações,
mas que agora foi manifestado a seus santos. Quis Deus dar a conhecer
entre os gentios a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a
esperança da glória". (Cl 1.25-27) •
Algumas das
afirmações mais controversas da Reforma
Protestante do Século XVI:
① Somente Cristo nos salva de toda a
condenação e justo juízo.
② Somente Cristo nos perdoa de todo o
pecado.
③ Somente Cristo nos conduz à comunhão
com Deus, e nos mantém nela.
E já são
afirmações das mais intensamente contestadas pelo pluralismo do Século XXI:
① Todas as religiões são válidas, e
basicamente ensinam as mesmas coisas.
② Cada religião vê Deus por uma
perspectiva e, portanto, precisam todas umas das outras.
③ Todos os “caminhos” (religiões)
levam a Deus, portanto todos são igualmente válidos.
A mensagem
dos reformadores era cristológica e cristocêntrica. Assim deve ser a nossa.
Compete-nos escutar de novo estas declarações que se opõem radicalmente a todo
intento sincretista ou universalista.
Gostemos ou
não, o evangelho neotestamentário é inclusivo e exclusivo:
Inclui todos
que recebem a Jesus Cristo como único mediador entre Deus e os homens, e exclui
todos que resistem à graça de Deus. Não nos cabe incluir o que Deus não
incluiu, nem excluir o que Ele não excluiu.
Só Cristo salva. Mas, qual Cristo?
O Cristo que
salva é senão Aquele que é revelado nas Escrituras.
O Cristo
revelado nas Escrituras é o Cristo Deus — o Logos eterno, associado eternamente
com o Pai e com o Espírito, criador e sustentador dos céus e da terra, o Senhor
da vida e da história, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o “que é, que era
e que há de vir”, o Todo-Poderoso Senhor.
O Cristo
revelado nas Escrituras é o Cristo histórico — manifestado no tempo e no
espaço, em data precisa do calendário de Deus, na plenitude da história humana,
no contexto de uma geografia, de um povo, de uma cultura, de uma
sociedade.
O Cristo
revelado nas Escrituras é o Cristo humano — engendrado pelo Espírito, concebido
pela virgem Maria, participante de carne e sangue, “feito carne”, identificado
plenamente com a humanidade.
O Cristo
revelado nas Escrituras é o Cristo profeta — o arauto de Deus Pai, intérprete
da Divindade, revelador da vontade divina para seu povo e para toda a
humanidade.
O Cristo
revelado nas Escrituras é o Cristo sacerdote — o que está sentado à direita da
Majestade nas alturas e “também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25).
Cristo
revelado nas Escrituras é o Cristo rei, que está para vir — o Juiz de vivos e
de mortos, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Cristo da restauração de
todas as coisas.
"Eis
que venho em breve! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio
e o Fim". (Ap 22:12,13)
IGREJA
NA REFORMA E A REFORMA
Por Pr.
Plínio Sousa.
www.santoevangelho.com.br
INTRODUÇÃO
Reforma
Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do século
XVI por Martinho Lutero, quando através da publicação de suas 95 teses, em 31
de outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou
contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma
reforma no catolicismo romano. Os princípios fundamentais da Reforma
Protestante são conhecidos como os Cinco Solas: Sola Fide (somente a fé), Sola
Scriptura (somente a Escritura), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia
(somente a graça), Soli Deo Gloria (glória somente a Deus). Lutero foi apoiado
por vários religiosos e governantes europeus provocando uma revolução
religiosa, iniciada na Alemanha, estendendo-se pela Suíça (com Ulrico Zwínglio),
França (com Guilherme Farel e João Calvino – posteriormente conhecidos como
Huguenotes), na Inglaterra – com os Puritanos, Países Baixos – com os
Reformados, na Escócia (Reino Unido) – com os presbiterianos, Escandinávia
(norte europeu) e algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países
Bálticos e a Hungria (cf. Os Reformadores). A resposta da Igreja Católica
Romana foi o movimento conhecido como Contrarreforma ou Reforma Católica,
iniciada no Concílio de Trento.
CONCÍLIO DE TRENTO
O Concílio
de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico da Igreja
Católica. Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a
disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação
à divisão então vivida na Europa devido à Reforma Protestante, razão pela qual
é denominado também de Concílio da Contrarreforma. O Concílio foi realizado na
cidade de Trento, no antigo Principado Episcopal de Trento, região do Tirol
italiano. O Concílio de Trento, atrasado e interrompido várias vezes por
divergências políticas ou religiosas, foi um conselho de uma grande reforma,
uma personificação dos ideais da Contrarreforma. Mais de 300 anos se passaram
até ao Conselho Ecumênico seguinte. Ao anunciar o Concílio Vaticano II, o Papa
João XXIII afirmou que os preceitos do Concílio de Trento continuam nos dias
modernos, uma posição que foi reafirmada pelo Papa Paulo VI.
A REFORMA CATÓLICA
Contrarreforma,
que ficou também conhecida por Reforma Católica, é o nome dado ao movimento que
surgiu no seio da Igreja Católica a partir de 1545, e que, segundo alguns
autores, teria sido uma resposta à Reforma Protestante (de 1517) iniciada por
Lutero. Em 1545, a Igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento (na
cidade italiana de Trento) estabelecendo entre outras medidas, a retomada do
Tribunal do Santo Ofício – Inquisição (um grupo de instituições dentro do
sistema jurídico da Igreja Católica Romana, cujo objetivo é combater a
heresia), a criação do “Index Librorum Prohibitorum – Índice dos Livros
Proibidos”, com uma relação de livros proibidos pela Igreja e o incentivo à
catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens religiosas,
dentre elas a Companhia de Jesus (Jesuítas). Outras medidas incluíram a reafirmação
da autoridade papal, a manutenção do celibato eclesiástico, a reforma das
ordens religiosas, a edição do catecismo tridentino, reformas e instituições de
seminários e universidades, a supressão (ato ou efeito de eliminar) de abusos
envolvendo indulgências e a adoção da Vulgata (tradução para o latim da Bíblia,
escrita entre fins do século IV início do século V, por São Jerônimo, a pedido
do bispo Dâmaso I) como tradução oficial da Bíblia. Podemos dizer que a
contrarreforma foi uma resposta direta à Reforma Protestante.
O resultado
da Reforma Protestante foi à divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os
católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o protestantismo.
Durante
muito, os primeiros cristão foram perseguidos e até mortos por causa de Cristo.
A situação mudou quando o imperador romano Constantino (313 d.C), institui uma
série de benefícios ao Cristianismo, tais como: isenção de impostos, terras,
pagamento dos bispos e ajuda na construção de templos. Poder e dinheiro
passaram a influenciar a vida da Igreja, que, em 392 d.C se fundiu com o
Estado, tornando-se a mesma coisa. Com isso, muitos passaram a fazer parte da
“nova religião”, não por convicção e fé, mas por favores e benefícios. Aquela
vida comunitária, aquele amor cristão, o partir o pão de casa em casa e o
socorrer aos necessitados viraram práticas do passado. O Cristianismo começou a
decair moralmente, e seus fiéis não corresponderem à Palavra e à vontade de
Deus. Na Idade Média, quem mandava na Igreja era o Papa. Naquela época, ele
tinha plenos poderes para instituir e derrubar reis e reinos: A igreja passou
de perseguida a perseguidora, e muitos sofreram nas mãos dessa “Igreja Cristã”.
Foi criado o “clero”, que era uma liderança muito mais política que espiritual,
e mantinha uma distância enorme do povo. O clero não parecia de forma alguma
com o grupo dos apóstolos, que viviam em meio ao povo.
Veja alguns erros da Igreja neste
período:
380 d.C. –
Oração pelos mortos. 535 d.C. – Instituição das procissões.
538 d.C. –
Celebração da missa de costa para o povo.
757 d.C. –
Adoração de imagens.
884 d.C. –
Canonização de santos.
885 d.C. – Adoração da “Virgem Maria”.
1022 d.C. –
Legalização da penitência por dinheiro.
1059 d.C. –
Aceitação da transubstanciação dos elementos da Ceia (acreditar que o pão e o
vinho se transformam verdadeiramente no corpo e sangue de Cristo, de forma tal,
que embora pareça pão e vinho, o que você esta comendo e bebendo é o próprio e
real corpo e sangue de Jesus).
1215 d.C. –
Adoção da confissão auricular (Os fiéis católicos aprendem que devem confessar
seus pecados mortais pelo menos uma vez por ano a um sacerdote humano).
1470 d.C. –
Invenção do rosário.
Diante de
tantas coisas erradas e corrompidas uma Reforma era urgente. Quando falamos em
reforma logo pensamos em algo que será melhorado. Você não começaria uma
reforma em sua casa para que ela ficasse em um estado pior. Foi isso o que
aconteceu com a Igreja no período da Reforma Protestante – buscou-se consertar
o que estava errado, voltar à Palavra de Deus sempre foi o objetvo. A igreja
precisava ser restaurada no reto caminho e abandonar os desvios que havia
tomado. Veremos um pouco do que aconteceu naquele período e, principalmente, os
importantes ensinos bíblicos resgatados pelos reformadores.
1 – REFORMA NA IGREJA
É preciso
entender a Reforma Protestante, não como alguns sugerem, apenas um ato
político, em que príncipes e nobres puderam rebelar-se contra o poder dominante
da Igreja Católica. A Reforma envolveu, principalmente, a vida espiritual da
época. Martinho Lutero era um monge católico que, a partir do estudo das
Escrituras, descobriu a verdade de que “o justo deveria viver pela fé” (Romanos
1:17).
Transformado
por essa verdade da Palavra de Deus, Lutero desejava agora corrigir os erros
que encontrava na Igreja Católica. No dia 31 de outubro de 1517, véspera do
“Dia de todos os Santos”, ele afixou suas 95 teses à porta da Igreja do Castelo,
na cidade alemã de Wittemberg, combatendo principalmente a venda de indulgência
praticada pela Igreja.
As
indulgências eram documentos que, quando comprados, concediam perdão pelos
pecados, tanto para vivos, quanto para parentes já mortos. Na doutrina
católica, Indulgência (do latim “indulgentia”, que provém de “indulgeo” – “para
ser gentil”) é o perdão fora dos sacramentos, total ou parcial, e “da pena
temporal devida, para a justiça de Deus, pelos pecados que foram perdoados, ou
seja, do mal causado como consequência do pecado já perdoado, a remissão é
concedida pela Igreja Católica no exercício do poder das chaves, por meio da
aplicação dos superabundantes méritos de Cristo e dos santos, por algum motivo
justo e razoável”. Martinho Lutero combateu Johann Tetzel, um alemão católico
romano, frade dominicano e pregador, que tornouse o grande comissário da Igreja
Católica Romana para pregar a indulgência “cristã” no século XVI, o que ele fez
ao longo de sua vida. Em 1509, exerceu a função de inquisidor da Polônia e, em
1517, o Papa Leão X o fez comissário de indulgências para toda a Alemanha.
A igreja
Romana reagiu duramente a esse ato de Martinho Lutero, mas iniciava-se ali o
movimento da Reforma Protestante. Lutero foi excomungado e perseguido pela Igreja
Católica, mas contou com o apoio do povo alemão. A verdade da justificação pela
fé estava apenas começando a percorrer a Europa. Sucederam a Lutero outros
grandes reformadores, como João Calvino, Melanchton, Ulrico Zwínglio e John
Knox. João Calvino pode ser considerado o grande sistematizador da Teologia da
Reforma com a sua obra: “As institutas da Religião Cristã”, Deus conduziu
homens para que a Igreja voltasse à verdade da sua Palavra. Os discípulos de
Cristo do período da Reforma deixaram marcas profundas na sociedade e na
Igreja. Podemos entender melhor essas marcas estudando as “bandeiras”
levantadas pelos reformadores – os Solas da Reforma.
2 – OS SOLAS DA REFORMA
A palavra
latina Solas significa “somente”. Os reformadores definiram cinco lemas usando
essas palavras e suas variações. Vejamos:
(2)
SOLUS CHRISTUS – SOMENTE CRISTO
Solus
Christus, (às vezes usado na sua forma ablativa Solo Christo). Esta expressão
latina refere-se ao termo: “salvação somente por Cristo”. Cremos que a Bíblia é
a nossa única regra de fé e prática e, estudando-a, verificamos que Cristo é o
tema central das Escrituras. Quando a Palavra de Deus é tomada como regra de
vida, obrigatoriamente temos Cristo como centro de nosso viver. Jesus mesmo
afirmou que as Escrituras testificam dEle (João 5:39). Ao caminhar com os
discípulos de Emaús, após ter ressuscitado, Cristo falou sobre o fato de que
toda a Escritura testificava dEle e que aquelas coisas deveriam acontecer
(Lucas 24:25 – 27).
A Teologia não pode estar centrada no homem,
mas em Cristo. A Igreja Romana, jeitosamente, colocava o homem no centro. Eram
as necessidades do homem que precisavam ser atendidas e não a vontade de Deus
expressa em Sua Palavra. Devemos nos lembrar das palavras do apóstolo Paulo aos
gálatas: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou
procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de
Cristo” (Gálatas 1:10). Somos servos de Cristo e não de homens. Portanto,
somente Cristo. A Teologia Reformada afirma que a Escritura e sua doutrina
sobre a graça e fé enfatizam que a salvação é Solus Christus, “somente por
Cristo”, isto é, Cristo é o único Salvador (Atos 4:12). B.B. Warfield escreveu:
“O poder salvador da fé reside, portanto, não em si mesma, mas repousa no
Salvador Todo Poderoso”.
A
centralidade de Cristo é o fundamento da fé protestante. Martinho Lutero disse
que Jesus Cristo é o “centro e a circunferência da Bíblia” — isso significa que
quem Ele é e o que Ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo
fundamental da Escritura. Ulrico Zwínglio disse: “Cristo é o Cabeça de todos os
crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto”.
Sem Cristo,
nada podemos fazer, nEle, podemos fazer todas as coisas (João 15:5; Filipenses
4:13). Somente Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em Romanos 1 – 2
que, embora haja uma automanifestação de Deus além da sua obra salvadora em
Cristo, nenhuma porção de Teologia natural pode unir Deus e o homem. A união
com Cristo é o único caminho da salvação.
Nós
precisamos urgentemente ouvir Solus Christus em nossos dias de Teologia
pluralista. Muitas pessoas hoje questionam a crença de que a salvação é somente
pela fé em Cristo. Como Carl E. Braaten (1929) diz, eles “estão voltando à
velha e falida forma de abordagem cristológica do século XIX, do liberalismo
protestante, e chamando-a de “nova”, quando, na verdade, é pouco mais que uma
“Jesusologia” superficial”. O resultado final é que, atualmente, muitas
pessoas, como Helmut Richard Niebuhr (1962) disse em sua famosa frase a
respeito do liberalismo — proclamam e adoram “um Deus sem ira, o qual trouxe
homens sem pecado para um reino sem julgamento por meio de ministrações de um
Cristo sem a cruz”.
“Arrependei-vos,
e crede no evangelho de Jesus Cristo – Marcos 1:15.
Nossos
antepassados reformados, aproveitando uma perspectiva que rastreia todo o
caminho de volta aos escritos de Eusébio de Cesaréia, no século IV, acharam
útil pensar a respeito de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei. A Confissão
Batista de Londres de 1689, por exemplo, coloca isso da seguinte forma: “Cristo,
e somente Cristo, está apto a ser o mediador entre Deus e o homem. Ele é o
Profeta, Sacerdote e Rei da Igreja de Deus” (8.9). Observemos mais
detalhadamente esses três ofícios.
Cristo, o Profeta.
Cristo é o
Profeta que precisamos para nos instruir nas coisas de Deus, a fim de curar a
nossa cegueira e ignorância. O Catecismo de Heidelberg o chama de “nosso
principal Profeta e Mestre, que nos revelou totalmente o conselho secreto e a
vontade de Deus a respeito da nossa redenção” (A. 31). “O Senhor, teu Deus”,
Moisés declarou em Deuteronômio 18:15, “te suscitará um profeta do meio de ti,
de teus irmãos, semelhante a mim; a Ele ouvirás”. Ele é o Filho de Deus, e Deus
exige que nós o escutemos (Mateus 17:5). Como o Profeta, Jesus é o único que
pode revelar o que Deus tem planejado na história “desde a fundação do mundo”,
e que pode ensinar e manifestar o real significado das “escrituras dos
profetas” (o Antigo Testamento, cf. Romanos 16:25, 26). Podemos esperar
progredir em nossa vida cristã apenas se dermos ouvidos à sua instrução e
ensino. Cristo, o Sacerdote.
Cristo é
também o Sacerdote — nosso extremamente necessário Sumo Sacerdote que, como diz
o Catecismo de Heidelberg: “pelo sacrifício de Seu corpo, nos redimiu, e faz
contínua intercessão junto ao Pai por nós” (A. 31). De maneira resumida, “por
causa do nosso afastamento de Deus e da imperfeição de nossos melhores
serviços, precisamos de seu ofício sacerdotal para nos reconciliar com Deus e
nos tornar aceitáveis por ele”. A salvação está somente em Jesus Cristo, porque
há duas condições que, não importa o quanto nos esforcemos, nunca poderemos
satisfazer. No entanto, elas devem ser cumpridas se estamos para ser salvos. A
primeira é satisfazer a justiça de Deus pela obediência à lei. A segunda é
pagar o preço de nossos pecados. Nós não podemos cumprir nenhuma dessas
condições, mas Cristo as cumpriu perfeitamente. Romanos 5:19 diz: “por meio da
obediência de um só, muitos se tornarão justos”. Romanos 5:10 diz: “nós, quando
inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho”. Não há
outra maneira de entrar na presença de Deus a não ser por meio de Cristo
somente. O sacrifício de Jesus ocorreu apenas uma vez, mas Ele ainda continua
sendo o nosso grande Sumo Sacerdote, aquele através do qual toda a oração e
louvor são feitos aceitáveis a Deus. Nos lugares celestiais, Ele continua sendo
nosso constante Intercessor e Advogado (Romanos 8:34; 1 João 2:1). Não é de se
admirar, então, que Paulo diz que a glória deve ser dada a Deus “por meio de
Jesus Cristo pelos séculos dos séculos” (Romanos 16:27). O gozo de
achegarmo-nos a Deus pode crescer apenas por uma confiança profunda nEle como
nosso sacrifício e intercessor.
Cristo, o Rei.
Finalmente,
Cristo é o Rei, que reina sobre todas as coisas. Ele reina sobre sua Igreja por
meio de Seu Espírito Santo (Atos 2:30 – 33). Ele soberanamente dá o
arrependimento ao impenitente e concede perdão ao culpado (Atos 5:31). Cristo é
“(...) o nosso Rei eterno que nos governa por Sua Palavra e Espírito, e que
defende e preserva-nos no gozo da salvação que Ele adquiriu para nós” (O
Catecismo de Heidelberg, P&R. 31 – cf. Salmos 2:6; Zacarias 9:9; Mateus
21:5; Lucas 1:33; Mateus 28:18; João 10:28; Apocalipse 12:10, 11). Como o
Herdeiro real da nova criação, Ele nos levará a um reino de eterna luz e amor.
Neste sentido, podemos concordar com João Calvino quando ele diz: “Nós podemos
passar pacientemente por esta vida com sua miséria, frieza, desprezo, injúrias
e outros problemas — satisfeitos com uma coisa: que o nosso Rei nunca nos
deixará desamparados, mas suprirá as nossas necessidades, até que, ao terminar
nossa luta, sejamos chamados para o triunfo”. Podemos crescer na vida cristã
apenas se vivermos obedientemente sob o domínio de Cristo e pelo Seu poder. Se
você é um filho de Deus, Cristo em seu tríplice ofício como Profeta, Sacerdote
e Rei significará tudo para você.
Você ama
Solus Christus? Você o ama em Sua pessoa, ofícios, naturezas e benefícios? Ele
é o Seu Profeta para ensinar-lhe, o Seu Sacerdote para sacrificar e interceder
por você e lhe abençoar, e o Seu Rei para governá-lo e guiá-lo?
Depois de
uma execução empolgante da Nona Sinfonia de Beethoven, o famoso maestro
italiano Arturo Toscanini disse à orquestra: “Eu não sou nada. Você não é nada.
Beethoven é tudo”. Se Toscanini pode dizer isso sobre um compositor brilhante,
mas que está morto, quanto mais os cristãos, devem dizer o mesmo sobre o
Salvador que vive, o qual, no que diz respeito à nossa salvação, é o
compositor, músico e até mesmo a própria bela música.
FONTE :
ESCOLA BEREANA –ADVEC SEDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário