CAPÍTULO 4
SALVAÇÃO: O AMOR E A
MISERICÓRDIA DE DEUS
D
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eus é um ser
único e incomparável em um nível muito superior ao que conhecemos simplesmente
por Ele ser Deus. Os critérios que Ele usa para definir o que Ele faz pelo ser
humano não estão condicionados ao que o ser humano pode fazer por Ele e o
quanto o ser humano pode amá-lo e corresponder a esse amor. Da mesma forma, sua
misericórdia não encontra eco nas ações humanas que possam ter como objetivo
algum merecimento, mas, exclusivamente, porque Ele é amor e exerce misericórdia
deliberada e voluntariamente.
A salvação é a culminação do imenso amor
e da misericórdia de Deus e somente é possível porque Deus amou o pecador
infinitamente a ponto de entregar seu filho e continuamente tem misericórdia de
seus filhos preservando-lhes a vida e concedendo-lhes perdão.
O MARAVILHOSO AMOR DE
DEUS
O amor não é um atributo divino assim
como os demais que lhe são próprios por ser Deus, pois o amor é a própria
natureza e essência de Deus (1 Jo 4.16). Sua principal característica é
simplesmente ser amor e criar, manter e gerir todas as coisas sob essa
essência. Deus não precisa esforçar-se para amar, pois nEle não se manifestam o
ódio nem a raiva como nos seres humanos. Todavia, a Bíblia afirma que Deus
manifesta ira, furor e punição, só que esses são frutos de sua justiça exercida
com equidade, e não de qualquer patologia como nos homens. Essas manifestações
são a consequência natural da alienação (separação) do homem de Deus, pois
ninguém consegue viver alienado de Deus sem sofrer as consequências naturais
desse afastamento.
Ele não ama com base na capacidade de
alguém amá-lo. Ele não se envolve com base na capacidade de alguém se envolver
com Ele. Ele não se doou baseado na capacidade de alguém se doar. Ele não
espera ser correspondido para continuar oferecendo graça. Se Ele dependesse da
correspondência humana para retroalimentar sua atitude graciosa, Deus seria um
ser finito e limitado, dependente de fontes externas para estabelecer-se, mas
não! Sua graça é infinita porque Ele não tem fim. Essa graça emana dEle, e é
Ele próprio que a mantém, e também é Ele quem gera a energia permanente e
transformadora dessa graça que Ele ofertou.
Nos seres humanos, o amor é uma força
interior que impele ao autossacrifício e ao bem-estar do sujeito amado, que
leva a nutrir, cuidar e proteger o ser que é alvo desse amor. O amor é a mais
extremada e profunda forma possível de expressão do sujeito e também a mais
incrível e gratificante forma de intimidade nas relações pessoais — nesse caso,
baseada em relações de troca e em mutualidade. Até mesmo o amor de mãe, por
mais sublime, altruísta e abnegado que seja, autorrealiza-se no bem-estar do
filho/a amado/a (Is 49.15-16). Portanto, em certo sentido, o amor de mãe também
é baseado em troca quando ela vê refletido em si mesma o seu cuidado no objeto
do amor. O amor de Deus, porém, vai além dessa categoria humana de amar que tem
como base a troca, pois o seu amor, mesmo não correspondido, não depende disso,
tendo em vista que nenhuma criatura é capaz de amá-lo nem corresponder ao seu
amor na mesma intensidade que Ele ama. Por isso, o amor de Deus é o que
teologicamente se chama de incondicional, pois Ele ama sem ser amado, doa-se
sem receber nada em troca, sacrifica-se sem ser reconhecido, entrega-se sem ser
correspondido e tudo espera mesmo não recebendo nada. No grego, essa forma de
amor é grafada com o verbo agapao e o substantivo ágape.
Somos apenas o alvo dessa graça que
provém dEle e que é sustentada por Ele. Só é preciso estar disposto a cumprir o
papel para o qual fomos designados, que é ser alvo dessa graça, desse favor,
permitir que ela passe por nós, atravesse-nos e cumpra o papel designado a ela
para cumprir em nós e por nós. Deus não ama porque merecemos, não importa o que
façamos ou deixemos de fazer. Deus ama porque Ele é amor. Logo, não amar
significaria negar sua própria essência, significaria Deus negar-se a si mesmo.
Ao amar, Deus está apenas sendo leal a Ele mesmo. Ele não se doa por uma
obrigação de ofício, mas, sim, pelo prazer de poder, mais uma vez e de novo,
manifestar-se assim como Ele é. Quando Ele ama, simplesmente reafirma quem Ele
é. Deus é amor, e sua graça será sempre derramada não por merecimento, mas,
sim, porque Ele nunca deixará de ser quem Ele é. Eis aí algo que parece que
Deus não pode fazer: Ele não pode escolher não amar, pois isso fere sua
essência.
Deus ama não somente a criança
abandonada, a menina abusada, aquele que foi morto por uma bala perdida, a
mulher que teve sua casa incendiada pelo marido com ela dentro, mas Ele também
ama aquele que abandonou a criança, o que abusou da menina, o que apertou o
gatilho, o que incendiou a casa, embora Ele abomine essas atitudes e aja com
justiça contra os maldosos. Deus amou aquele que não o reconheceu, aquele que o
rejeitou, aquele que o traiu, aquele que o negou. O mundo não é um lugar belo e
digno de ser amado, tem muito ódio e malignidade, mas, mesmo assim, Deus amouo.
Por esse motivo, Jesus disse: “[...] sabendo Jesus que já era chegada a sua
hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1).
Jesus amou os do mundo exatamente como
eles eram, sem fantasiar esse amor, sem ser enganado, pois conhecia o coração
deles (Mc 12.15; Lc 11.17). Por isso mesmo, Deus não está iludido em relação a
nós. Ele sabe quem nós somos, que pecamos, que temos dificuldade para amar, que
muitas vezes viramos as costas para Ele; mas, assim mesmo, Ele continua e
continuará amando incondicionalmente. Quando o homem disse “não” para Deus, só
houve um jeito de Deus trazê-lo para si: dando as costas para si mesmo e
encarnando como homem. Dizer “não” para si mesmo para dizer “sim” ao ser humano
a quem Ele ama.
Um dos mais belos textos bíblicos do
Antigo Testamento que exemplifica esse amor de Deus é a vida parabólica de
Oseias, o profeta que toma para si uma mulher totalmente indigna de ser amada
e, mesmo assim, ela é amada por ele, apesar das suas estripulias, traições,
amantes e repulsas pelo profeta. Ele toma todas as medidas para que a sua
esposa venha amá-lo; vai ao encontro dela, recompra-a no mercado de
prostituição, leva-a para casa e cuida dela com um amor incondicional e não
correspondido. Deus quer mostrar ao seu povo que, apesar de não serem
merecedores do seu amor, Ele, assim mesmo, ainda continuaria amando-os (Os
11.8-9). O amor de Deus manifesta-se terno e compassivo, muito acima do amor
humano, que é apenas responsivo. Em Oseias, Deus solicitou ao profeta que Ele
fizesse uma demonstração real do seu amor para com seu povo, atestando, assim,
que Deus ama mesmo que o alvo do seu amor seja totalmente perverso e
indiferente (Os 11.1-4).
Deus é amor (1 Jo 4.8, 16) e, por esse motivo,
Deus prossegue amando até à morte, como demonstrado na própria morte de Cristo
(Gl 2.20; Rm 5.8; 2 Co 5.14). Ele é a própria essência do amor; nós, seres
humanos, somos apenas dotados com a capacidade de amar, mas Ele é o próprio
amor. O objeto desse amor é o mundo todo destinado à salvação (Jo 3.16)
mediante a pregação do evangelho (At 1.8), ou seja, toda a criação existente,
incluindo, logicamente, o homem.
Diferentemente de outras crenças e
religiões cujas divindades precisam ser descobertas (no sentido de não se
revelarem) e agradadas para aplacar-lhes sua ira patológica, a cristandade tem
seu fundamento em um Deus que se revela e que deseja que a humanidade venha
conhecê-lo. Essa revelação baseia-se em amor, pois não são as criaturas que
amam para que Deus venha amá-las, mas é o Deus verdadeiro que as ama para, a
partir desse amor, seus filhos venham amá-lo por terem sido amados primeiro (Jr
31.3). O objeto do amor, o ser humano, não tem nada para ser amado; portanto, o
amor de Deus é espontâneo e ilimitado.
Os evangelhos não apenas descreveram
ditames morais e éticos, mas também estão repletos de ações de Jesus que
revelam o amor de Deus. Quando seus discípulos pediram para que Ele mostrasse o
Pai, Jesus respondeu: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Foi por isso que
Ele compadeceu-se dos pobres e marginalizados, curou os doentes, deu vista aos
cegos, libertou os oprimidos do Diabo e estava sempre pronto para receber os
mais miseráveis pecadores (Lc 15.11). Tudo isso aponta para o grande amor de
Deus para com aqueles que não têm forças por si só de atraírem o amor e o
cuidado dos outros (Lc 7.34), pois são indignos de serem amados pela
seletividade do egoísmo e da individualidade humana; entretanto, Deus ama essas
pessoas em Cristo Jesus.
É baseado nesse amor que o crente tem a
sua segurança da salvação. É na revelação desse amor que ele firma sua
confiança em Deus, que lhe ama incondicionalmente. Isso traz uma grande
responsabilidade para o crente amar a Deus mesmo sabendo que seu amor é
incondicional. Muitos têm medo de expor com clareza o amor de Deus porque os
crentes podem abusar desse amor, entendendo que Ele amará do mesmo jeito, e,
assim, eles aproveitarão para pecar; e Ele amará mesmo, mas é impossível
entender o amor de Deus e não ser constrangido à obediência por amor (2 Co
5.14). Quem não se sujeita obedientemente a esse amor é porque, na verdade, não
o compreendeu nem o experimentou. É preferível servir a Deus por amor a servir
baseado em ideias de medo e punição que são alienadoras e mentirosas em relação
ao que Deus realmente é. Foi por isso que Oseias escreveu: “Atraí-os com cordas
humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre
as suas queixadas; e lhes dei mantimento” (Os 11.4).
UM
DEUS MISERICORDIOSO
A misericórdia de Deus é necessária em
face da miserabilidade do homem. Por esse motivo, a Bíblia refere-se a Deus
como o Pai das misericórdias (2 Co 1.3), de forma que tudo o que Ele faz é
permeado por sua misericórdia (Sl 145.9), especialmente a obra de salvação pela
qual estamos salvos (Tt 3.5). Assim, a misericórdia é a fidelidade de Deus para
com a aliança de amor estabelecida com a humanidade (Sl 89.28) apesar da
infidelidade e da indignidade desta.
Em grego, eleos (correspondente
hebraico de hesed) significa expressar compaixão para com aqueles que sofrem
alguma necessidade, ou que estão em extrema angústia, ou que estão em dívida e
não encontram uma solução favorável. Este, portanto, é o significado da
misericórdia referindo-se a Deus (Sl 103.13): a raça humana encontra-se em
profunda angústia e dívida, merecendo a condenação eterna; Deus, no entanto,
compadece-se dela fazendo irromper sua misericórdia em meio à desgraça humana
simplesmente porque é um Deus de misericórdia e, então, traz-lhes perdão,
alívio e descanso através de Cristo (Ef 2.4-5). Paulo afirma um grande gesto de
misericórdia de Deus quando “havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas
ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de
nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14).
Uma das mais belas histórias que retrata
a misericórdia de Deus e que reflete exatamente o que Ele fez e faz por nós é a
história de Nínive, retratada pelo profeta Jonas. Nela, a pecaminosidade
daquela cidade extrapolou os limites da alienação humana, atraindo a justiça e
a ira de Deus; mas, mediante a pregação dura do profeta Jonas, a cidade
arrependeu-se, e Deus teve misericórdia dela. Isso causou a indignação do
profeta, pois a misericórdia de Deus é paradoxalmente oposta a qualquer senso
de justiça humano. Apesar disso, o profeta entendeu que a destruição da cidade
era a coisa mais correta e justa que Deus poderia fazer (Jn 4.2).
Assim, a misericórdia de Deus faz-se
necessária para que o estado de alienação e pecado em que o homem vive não faça
com que sua ira e justiça divina irrompam em destruição e morte eterna. A
misericórdia interpõe-se entre Deus e o ser humano, entre sua santidade e nossa
pecaminosidade, entre aquilo que Deus deveria fazer conosco e aquilo que
efetivamente Ele faz. Portanto, a misericórdia de Deus é infinitamente maior do
que sua ira (Is 54.8). O nascimento, a vida e a obra de Cristo são a encarnação
dessa misericórdia de Deus.
Quando andou na terra, os atos e
palavras de Jesus demonstraram intensa compaixão para com os pecadores e com o
sofrimento humano, de tal forma que as escrituras afirmam, por várias vezes,
que Jesus sentiu compaixão (Mt 15.32; 20.34; Mc 8.2; Lc 7.13; 15.20; Jo 8.11).
Baseado nessa misericórdia, o crente pode tranquilizar seu coração quando se
sentir perturbado e afligido (Ef 2.4-5) e, quando em pecado, pode alcançar seu
perdão e reconciliação (1 Jo 2.1), pois a sua misericórdia alcança-o a cada dia
e nunca acaba (Lm 3.22, 23; Is 54.7); todavia, sua misericórdia não deve servir
de oportunidade para o pecado (Jo 5.14; Hb 10.27). Certamente, uma das coisas
mais difíceis da vida espiritual é receber o perdão de Deus.
Há alguma coisa em nós, humanos, que
faz com que nos apeguemos aos nossos pecados e impeçamos que Deus exclua o
nosso passado e nos ofereça um recomeçar inteiramente novo. Às vezes, até
parece que quero provar a Deus que a minha mesquinhez leva-me a devolver a
total dignidade da afiliação; persisto em insistir que conseguirei contentar-me
em ser um servo eventual. Receber o perdão exige uma absoluta aceitação para
deixar que Deus seja Deus e faça toda a cura, restauração e reparos.47
Quando aceitamos a misericórdia de Deus,
também nos tornamos aptos a exercê-la em prol dos outros. Nos homens, o mais
baixo grau de qualidade espiritual é a ausência de misericórdia (Rm 1.29-32);
por isso, as Escrituras admoestam os crentes a terem entranháveis afetos e
compaixões (Fp 2.1), como um sentimento que brota das mais intensas emoções e
afetos. Por esse motivo, um dos sinônimos gregos da palavra misericórdia é
justamente splanchnizomai (ter dó, ter misericórdia, sentir empatia), cuja raiz
splanchna é entranhas, partes internas; por isso mesmo que, na antiguidade,
significava a sede das emoções. A Bíblia ensina-nos a expressarmos ternos
afetos de misericórdia (Cl 3.12) e declara que os misericordiosos são
bem-aventurados e serão beneficiados pela misericórdia (Mt 5.7) quando
necessitarem dela. Os escritores bíblicos querem afirmar com isso que a
misericórdia deve ser exercida ativamente para com aqueles que não são dignos
de amor e deve ser gerada como um sentimento que brota das entranhas, ou seja,
extremamente profundo que brota do âmago do ser e que é manifestada em ações
concretas de perdão, acolhimento e serviço em relação ao próximo.
AMOR, BONDADE E COMPAIXÃO NA VIDA
DO SALVO
A
primeira evidência da salvação na vida do crente é a maneira como ele ama a
Deus. Esse amor é demonstrado na singela experiência de comunhão íntima com o
Senhor (Sl 18.1; 116.1) e na obediência aos seus mandamentos (Dt 10.12; Jo
14.21). A segunda evidência é o amor demonstrado ao seu semelhante, que,
conforme João escreveu, é a evidência material de seu amor para com Deus (1 Jo 3.17).
Porém, a luta entre o amor e o desamor é acirrada nos corações.
Desde que a serpente disse: “[...] no dia
em que dele comerem [do fruto da árvore que está no meio do jardim], seus olhos
se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5),
somos tentados a substituir o amor pelo poder. Jesus viveu essa tentação da
maneira mais agonizante possível, do deserto até a cruz.48
O cristão que conhece e entende
(racional e relacionalmente) o amor de Deus, reconhecendo-se como um pecador
amado e alcançado por Ele, manifestará em seus relacionamentos o mesmo tipo de
amor, pois seu amor deriva-se do próprio amor de Deus. Ele é a fonte desse amor
que não cessa de jorrar e provê a capacidade de amar sempre de novo, mesmo sob
circunstâncias adversas (Rm 5.5; 15.30). Estando em Cristo ou Cristo em nós (Gl
2.20), temos a certeza de que a capacidade de amar apoderou-se de nós e
transformou-nos em pessoas amorosas, pois o amor que os seres humanos
manifestam tem a sua fonte no amor de Deus.
O Antigo Testamento referiu-se a amar o
próximo como a si mesmo (Mt 22.39), e essa realidade é muito difícil de ser
atingida, pois o egoísmo e a individualidade fazem transgredir o mandamento.
Jesus, porém, coloca outra medida ainda mais alta para o amor. Ele afirmou que
deveríamos amar uns aos outros, assim como Ele nos amou (Jo 15.12). Sua medida
de amor é entregar-se até à morte por alguém, ou seja, um amor extremado e
imensurável. Nossa essência é pecaminosa, e a dEle é amor; amar como Ele amou é
permitir que Ele habite em nós de forma tal que submeta nossa natureza caída ao
esplendor de sua essência, que é amor. Amar como Ele amou vai além de
parecermo-nos com Ele e fazer o que Ele faz. Não aprenderemos amar apenas
fazendo o que Ele disse para nós fazermos, mas também permitindo que Ele viva
em nós e ame a partir de nós; assim, não aprenderemos cognitivamente, mas
aprenderemos vivendo a experiência de amar.
Nós, porém, somente teremos condições de
amar como Cristo amou se primeiramente compreendermos a grandeza desse amor,
como foi abordado anteriormente no tópico 1 deste capítulo. O motivo pelo qual
muitos crentes não conseguem amar é porque nunca entenderam, por mínimo que
seja, a grandeza desse amor, ou ainda, porque nunca o experimentaram em suas
emoções, as quais não puderam ser tocadas por esse amor.
Sobre a capacidade de compreender o amor
de Deus, Frank Macchia escreveu que, para os crentes pentecostais, as línguas
faladas como evidência do batismo no Espírito Santo são uma linguagem de amor
em que nosso entendimento tateia desajeitadamente para tentar entender o
incomensurável49 e que o pentecostal recebe o batismo no poder do amor de Deus,
que lhe preenche, para autotranscender as limitações de criatura, transpor
fronteiras e desfrutar sensitiva e emocionalmente o amor santificador de
Deus.50 Portanto, uma das maneiras de compreender, com base na experiência, o
que é o amor de Deus, é por meio da ajuda do Espírito Santo, pois, humanamente
falando, seremos levados a duvidar ou mesmo não compreender esse amor
imensurável.
Sygmunt Bauman (1925–2017) afirmou que,
para desenvolvermos nosso amor, precisamos ser amados. Não ser amado, recusar o
amor, não entender que se é amado ou achar que não é objeto digno do amor
alimenta a autoaversão (repugnância de si) porque o “amor-próprio é construído
a partir do amor que nos é oferecido por outros”51; logo, quem se sente amado
por Deus também não se ama e não pode amar o próximo. Dessa forma, para amar o
próximo, passa-se por um processo de receptividade do amor de Deus, de entender
profundamente esse amor, de viver e experimentar constantemente a realidade
desse amor, de forma que a profundidade do ser desfrute objetiva e
subjetivamente esse amor.
Assim, ao compreendermos o imenso amor de
Deus, também seremos capazes de amar o próximo. “A práxis do amor eficaz
consegue uma transformação da realidade. Transforma o círculo vicioso da ‘desgraça’
no círculo [divino] da graça, originando uma reação em cadeia de bênçãos.”52
Somente somos emocionalmente sadios se afirmamo-nos diante do nosso próximo
como um alguém que cuida de nós e do qual cuidamos. Para superar nossas
necessidades humanas, precisamos ser cuidados e cuidar dos outros; assim,
garantimos nossa humanidade. Precisamos cuidar do outro para humanizarmo-nos.53
Entretanto, dentro de nós, “temos impulsos para a bondade, a solidariedade, a
compaixão, o amor.” Mas, ao mesmo tempo, temos em nós “apelos para o egoísmo, a
exclusão, a antipatia e até o ódio. Somos feitos com essas contradições, [...]
gente de inteligência e lucidez e paradoxalmente rudeza e violência.”54
Somos inclinados a não amar. Sabemos que
não amamos e nem sabemos amar, mas, através da salvação amorosa praticada por
Cristo a nosso favor e uma vez convertido a Ele, que negou a si mesmo a sua
condição de Deus para assumir a fraqueza humana, é arrancado do nosso coração o
ódio e, então, cheio com a capacidade de amar. Assim, devemos ser esforçados
para amar. Para isso, muitas vezes precisamos resignar a nós mesmos, suportar,
minimizar, perdoar, não usar de violência nas palavras, acolher, cuidar e fazer
tudo o que se relaciona ao amor. Como afirmou Fiodor Dostoiévski (1821– 1881),
“o amor é um tesouro tão precioso que com ele podes comprar o mundo inteiro, e
ainda redimes não só teus pecados, mas também os dos outros. Vai [amando], e
não tenhas medo.”55
Amar o próximo como na parábola do Bom
Samaritano (Lc 10.30ss) é amar não apenas aquele que escolhemos para ser nosso
próximo, mas também aquele que se interpõe a mim, que eu encontro na caminhada
e que precisa de mim. É o próximo que define que devo amá-lo (Mt 22.39), e não
o meu desejo. O que define quem é meu próximo não é a distância ou a proximidade
dele, mas, sim, a necessidade que essa pessoa tem daquilo que, sendo eu
cristão, posso oferecer. Jesus muda radicalmente a forma como devemos amar. Ele
desafia cada cristão a amar pessoas de etnias diferentes (Lc 10.25ss.); amar
pessoas moralmente discriminadas e excluídas, opondo-se à “vanglória legalista
e moralista” (Lc 7.34; Mt 21.31; Lc 15.1ss.; 18.11; Mc 2.15-17); amar os
inimigos, contrariando o amor “incestuoso”, que não ultrapassa o raio dos
próprios parentes e amigos (Mt 5.38-48); e amar os socialmente desprotegidos
(contra a ideologia do “cada um por si, Deus por todos” (Mt 20.1-16)).56
Amor e sofrimento andam juntos. Quem ama
precisa estar disposto a sofrer, pois as relações com o outro são precárias
pelas próprias limitações do ser humano e pelo estado pecaminoso em que todos
nós vivemos. Ninguém consegue satisfazer plenamente o outro numa relação, e isso
precisa ser entendido para evitar frustrações, rancores e ter de exigir do
outro além do que este pode dar, pois isso não é amor, e sim egoísmo.
Entretanto, ao mesmo tempo em que as relações são precárias, elas também são
uma manifestação do Reino de Deus entre as pessoas. Quando os relacionamentos
são saudáveis e comprometidos, há um esforço para cuidar, nutrir, proteger,
lutar, socorrer, prover, exercer misericórdia e estabelecer comunhão — tudo na
potência desse amor. O apóstolo Pedro afirmou que esse amor é capaz de curar
feridas: “[...] tende ardente amor uns para com os outros, porque o amor
cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4.8).
Certo teólogo disse que o sofrimento do amor é
quando chegamos a ficar cansados de tanto amar, pois aqueles que precisam do
nosso amor levam embora todas as nossas forças, e é exatamente por serem tão
carentes é que precisam mais de nosso abraço. Precisa-se estar pronto a sofrer
decepções, traições e incompreensões e entregar-se ao próximo em amor sempre
novamente (1 Jo 3.14-18). Amar é correr o risco de não ser amado, de colher
ingratidão, injúria e ser perseguido pelo mal em nome do amor. “Quanto mais
alguém é capaz de uma entrega total, maior e mais forte será o seu amor. Tal
entrega supõe extrema coragem, experiência de morte, pois não se retém nada e
se mergulha totalmente no outro.”57
Quando Jesus lavou os pés dos
discípulos, Ele afirmou que, como Ele havia agido em amor, os discípulos
deveriam agir também (Jo 13.14), ou seja, o cristão deve demonstrar na prática
a grandeza do amor de Deus, amando com um amor serviçal e sacrificial a todos a
sua volta. Essa é a maneira mais grandiosa de demonstrar o verdadeiro
discipulado cristão: amar uns aos outros (Jo 13.34).
Dentro dessa realidade de amar como
Cristo amou, somos exortados pela Palavra de Deus a levar as cargas uns dos
outros (Gl 6.2), a alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram
(Rm 12.15), chorar com e pelos que não conseguem chorar e ser sensível ao
insensível (Lc 19.41-44). O Novo Testamento descreve mais de 36 vezes, direta e
indiretamente, a necessidade relacional de “uns aos outros”, das quais 13 vezes
são ligadas diretamente ao amor: lavar os pés (Jo 13.14); amar cordialmente e
honrar (Rm 12.10); acolher (Rm 15.7); admoestar (Rm 15.14; Hb 10.25b); mostrar
afeto (Rm 16.16; 1 Co 16.20; 2 Co 13.12; 1 Pe 5.14); ser servo (Gl 5.13);
suportar (Ef 4.2; Cl 3.13); ser benigno, compassivo e perdoador como Cristo (Ef
4.32); sujeitar-se (Ef 5.21); instruir e aconselhar (Cl 3.16); amar
fraternalmente (I Ts 4.9); consolar com palavras (1 Ts 4.18; 5.11); edificar (1
Ts 5.11); exortar no sentido de animar, incitar, aconselhar, persuadir (Hb
3.13); considerar (Hb 10.24); confessar as culpas (Tg 5.16); orar (Tg 5.16);
amar de coração ardente (1 Pe 1.22); e servir com dons (1 Pe 4.10). Assim,
devemos tratar os outros como se fossem o próprio Jesus e servir os outros como
se nós fôssemos Jesus. “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós
assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram” (2 Co 5.14).
A OBRA DA
SALVAÇÃO
📚 SUBSÍDIO TEOLÓGICO
O Amor de
Deus
Sem
menosprezar a paciência, misericórdia e graça de Deus, a Bíblia associa mais
frequentemente o desejo de Deus em nos salvar ao seu amor. No Antigo
Testamento, o enfoque primário recai sobre o amor segundo a aliança, como se vê
em Deuteronômio 7.
Com respeito
à redenção segundo a aliança, diz o Senhor: 'Com amor [heb, 'ahavah']
eterno te amei [heb. 'ohev']; também com amável benignidade [heb,
chesedh] te atrai" (Jr 31.3). A despeito da apostasia e idolatria de
Israel, Deus amava com amor eterno.
O Novo Testamento emprega agapaõ ou ágape para
referir-se ao amor salvífico de Deus, No grego pré-bíblico, essas palavras
tinham pouca relevância. No Novo Testamento, porém, são óbvios o seu poder e
valor. "Deus é ágape' (Jo 3.16). Por isso, ele deu seu Filho
unigênito' (Jo 3.16) para salvar a humanidade. Deus tem demonstrado seu amor
imerecido para conosco 'em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores
(Rm 5.8). O Novo Testamento dá amplo testemunho do fato de que o amor de Deus
impeliu-o a salvar a humanidade perdida. Por isso, estes quatro atributos de
Deus — a paciência, a misericórdia, a graça e o amor—demonstram a sua bondade
ao promover a nossa redenção" (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática:
Uma perspectiva pentecostal 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.
345,346).
SUBSÍDIO
LEXICOGRÁFICO
Misericórdia
No Antigo Testamento, a palavra
'misericórdia', é a tradução da palavra gregaeleos, ou 'piedade,
compaixão, misericórdia' (veja seu uso em Lucas 10,37; Hebreus 4.16), e oíktirmos,
isto é, companheirismo em meio ao sofrimento (veja seu uso em Filipenses 2,1;
Colossenses 3.12; Hebreus 10.28).
No Antigo Testamento, este termo
representa duas raízes distintas; rehem, que pode significar
maciez, 'o ventre', referindo-se, portanto, à compaixão materna (1Rs 3.26,
'entranhas'), e hesed, que significa força permanente (SI 59,16;
62,12; 144.2) ou 'mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas' —
portanto, lealdade.
A primeira
forma expressa a bondade de Deus, particularmente em relação àqueles que estão
em dificuldades (Gn 43.14; Éx 34,6). A segunda expressa a fidelidade do Senhor,
ou os laços pêlos quais 'pertencemos' ou 'fazemos parte' do grupo de seus
filhos. Seu permanente e imutável amor está subentendido, e se expressa através
do termo berít, que significa 'aliança' ou 'testamento' (Êx 15.13;
Dt 7.9; 51 136.10-24) (Dicionário Bíblico Wycliff e. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2009, p. 1290).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"[...]
É preciso compreender e comparar dois aspectos da salvação, que são: o aspecto
legal e o aspecto ético e moral No aspecto legal está a justificação, que trata
da quitação da pena do pecado. Significa que a exigência da Lei foi cumprida.
Porém, no aspecto moral, está a santificação que trata da vivência cotidiana
após a justificação. Como compreender então a relação entre a justificação e a
santificação?
Em primeiro lugar, a santificação
trata do nosso estado, assim como a justificação trata da nossa posição em
Cristo. Observe isto: Na justificação somos declarados justos, Na santificação
nos tornamos justos. A justificação é a obra que Deus faz por nós como
pecadores. A santificação diz respeito ao que Deus faz em nós. Pela
justificação somos colocados numa correta e legal relação com Deus. Na
santificação aparecem os frutos dessa relação com Deus. Pela justificação nos é
outorgada a segurança. Pela santificação nos é outorgada a confiança na
segurança. Em segundo lugar, a santificação envolve, também, o aspecto
posicional. Na justificação o crente é visto em posição legal por causa do
cumprimento da Lei, na santificação o crente é visto em posição moral e
espiritual. Posicionalmente, o crente é visto nesses dois aspectos abordados
que são: o legal e o moral. Legalmente, ele se torna justo pela obra justificadora
de Jesus Cristo. Moralmente, ele se torna santo por obra do Espírito
Santo"
(CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da
Justiça de Deus, 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.73,74).
NOTA : 📌
(vii) E
fácil ver que a aquisição e a pratica do amor cristão não são uma tarefa fácil.
Em 1 Co 14.1, Paulo usa uma expressão muito significativa. A ARA traduz:
“Segui o
amor.” Mas o verbo que e traduzido por seguir é diõkein que significa
perseguir, correr atrás. O amor cristão não e algo que simplesmente acontece; e
algo que deve ser buscado, desejado, perseguido, algo que exige a oração e a
disciplina do homem para obtê-lo. Longe de ser uma posse automática, e a realização
suprema da vida. Pode-se ate dizer que o amor cristão não e somente difícil;
humanamente falando, e impossível. O amor cristão não e uma realização humana;
faz parte do fruto do Espirito. E derramado em nosso coração pelo Espirito
SANTO.
E, assim,
chegamos a outra verdade a respeito deste amor cristão. Há um versículo
magnifico na carta aos filipenses. Nele, a palavra “amor” propriamente dita não
aparece, mas a ideia e a que esta no centro do amor cristão. Paulo escreve,
conforme diz a AV: “Anseio por todos vos nas entranhas de JESUS CRISTO” (Fp
1.8).
Literalmente,
isto significa: “Amo-vos com o próprio amor de CRISTO. Através de mim CRISTO
vos ama. O amor que eu vos tenho não e outro senão o amor do próprio CRISTO.”
Agapè tem a ver com a mente: não e simplesmente uma emoção que surge em nosso
coração sem ser convidada; e um principio segundo o qual vivemos
deliberadamente. Agapê tem a ver, de modo supremo, com a vontade. E uma
conquista, uma vitória e uma realização. Ninguém já amou por natureza os seus
inimigos. Amar os inimigos e uma conquista de todas nossas inclinações e
emoções naturais.
Este amor
cristão, não e meramente uma experiência emocional que vem a nos sem convite e
sem ser procurada; e um principio deliberado da mente, uma conquista e
realização da vontade. E, na realidade, o poder de amar os que não são amáveis,
de amar as pessoas das quais não gostamos. O cristianismo não pede que amemos
nossos inimigos e os homens em geral da mesma maneira que amamos nossos entes
queridos e os que estão mais próximos de nos; isto seria tanto impossível
quanto errado. Mas realmente ele exige que tenhamos a todo tempo uma certa
atitude e direção da vontade para com todos os homens, sem nos importarmos com
que são eles.
Qual, pois,
e o significado deste agapè?
A principal
passagem para a interpretação do significado de agapè e Mt 5.43-48. Ali, somos
ordenados a amar os nossos inimigos.
Por que?
A fim de que
sejamos como DEUS.
El qual e a
ação típica de DEUS que e citada?
DEUS envia
Sua chuva aos justos e injustos, maus e bons. Ou seja: a natureza do homem, não
importa, DEUS não procura outra coisa senão o sumo bem dele. Quer o homem seja
santo, ou um pecador, o único desejo de DEUS é o seu sumo bem. Ora, isto e
agapê. Agapè e o espirito que diz: “Não importa o que o homem me faca, eu nunca
procurarei lhe fazer mal; nunca intentarei a vingança; sempre buscarei
exclusivamente o sumo bem dele.” Isto
quer dizer que o amor cristão, e' a benevolência invencível, a boa vontade
insuperável. Não e simplesmente uma onda
de emoção; e uma convicção deliberada da mente que tem como resultado uma
politica delibera-] da na vida; e a realização, conquista e vitória da vontade.
Atingir o amor cristão exige a totalidade do homem; exige não somente seu
coração, mas também sua mente e vontade. Sendo assim, duas coisas devem ser
notadas.
(i) O amor
humano para com o nosso próximo, e forçosamente! fruto do ESPÍRITO. O amor
cristão não é natural no sentido de que não é o possivel ao homem natural. O
homem somente pode exercer esta benevolência universal, sendo purificado do
ódio, da amargura e da reação humana natural a inimizade, injuria e antipatia,
quando o Espirito tomar posse ; dele e derramar no seu coração o amor de DEUS.
O amor cristão e impossível a qualquer pessoa que não seja crista. Ninguém pode
por em pratica a ética crista ate que se torne cristão. Pode-se ver bem
claramente a qualidade desejável da ética crista; pode-se perceber que e a
solução para os problemas do mundo; pode-se aceita-la mentalmente ; mas, na
pratica, não pode ser vivido se CRISTO não viver dentro da pessoa.
(ii) Quando
entendemos o que agapè significa, refutamos amplamente a objeção de que uma
sociedade baseada neste amor seria um paraíso para os criminosos, e que isto
significa simplesmente deixar o malfeitor fazer o que quer. Se buscarmos
somente o sumo bem do homem, e bem possível que tenhamos de resisti-lo; e bem
possível que tenhamos de castiga-lo; e bem possível que tenhamos de agir com
severidade diante dele — para o bem da sua alma imortal. No entanto, permanece
o fato de que tudo quanto fizermos ao homem nunca será por vingança; nunca será
uma simples retribuição; sempre será feito com o amor que perdoa e que procura,
não o castigo do homem, e muito menos a eliminação do homem, mas sempre o seu
sumo bem. Noutras palavras, agapè importa em lidar com os homens conforme DEUS
lida com eles — e isso não significa deixa-los agir desenfreadamente segundo a
sua própria vontade. Quando estudamos o NT descobrimos que o amor e a base de
todo relacionamento perfeito no céu e na terra.
(i) O amor e
a base do relacionamento entre o Pai e o Filho, entre DEUS e JESUS. JESUS pode
falar do “amor com que me amaste” (Jo 17.26). Ele e “ o Filho do Seu amor” (Cl
1.13; cf. Jo 3.35; 10.17; 15.9; 17.23, 24).
(ii) O amor
e a base do relacionamento entre o Filho e o Pai. O proposito de toda a vida de
JESUS era que o mundo soubesse que Ele amava o Pai (Jo 14.31).
(iii) E
dever do homem amar a DEUS (Mt 22.37; cf. Mac 12.30 e Lc 10.27; Rm 8.28; 1 Co
2.9;2Tm4.8;l Jo 4.19). O cristianismo
não pensa em termos do homem finalmente se submeter ao poder de DEUS; pensa em
termos de ele finalmente se entregar ao amor de DEUS. Não se trata de a vontade
do homem ser esmagada, trata-se de o seu coração ser quebrantado.
(iv) A forca
motriz da vida de JESUS era o amor pelos homens (Gl 2.20; Ef 5.2; 2 Ts 2.16; Ap
1.5; Jo 15.9). JESUS realmente e aquele
que ama as almas.
(v) A
essência da fé crista e o amor por JESUS (Ef 6.24; 1 Pe 1.8; Jo 21.15, 16).
Assim como JESUS ama as almas, assim também o cristão ama a CRISTO. O NT tem
muita coisa a nos dizer acerca do amor de DEUS pelos homens.
(i) O amor é
da própria natureza de DEUS. DEUS e amor (1 Jo 4.7,8; 2 Co 13.11).
(ii) O amor
de DEUS e universal. Não foi apenas uma nação escolhida, foi o mundo inteiro
que DEUS amou (Jo 3.16).
(iii) O amor
de DEUS e sacrificial. A prova do Seu amor e que deu Seu Filho em prol dos
homens (1 Jo 4.9, 10; Jo 3.16). A garantia do amor de JESUS e que Ele nos amou
e Se deu por nos (Gl 2,20; Ef 5.2; Ap 1.5).
(iv) O amor
de DEUS e amor misericordioso (Ef 2.4). Não e ditatorial, não e possessivo de
modo dominante; e o amor ansioso do coração misericordioso.
(v) O amor
de DEUS salva e santifica (2 Ts 2.13). Salva da situação do passado e capacita
o homem a enfrentar as condições do futuro.
(vi) O amor
de DEUS e um amor fortalecedor. Nele e através dele o homem torna-se mais que
vencedor (Rm 8.37). Não e o amor abrandador e ultra protetor que torna o homem
fraco; e o amor que produz heróis.
(vii) O amor
de DEUS e um amor que galardoa (Tg 1.12; 2.5). Nesta vida, ele e algo precioso,
e suas promessas são ainda maiores para a vida futura.
(viii) O
amor de DEUS e um amor que disciplina (Hb 12.6). O amor de DEUS e o amor que
sabe que a disciplina e uma parte essencial do amor. O NT tem muita coisa a
dizer acerca de como deve ser o amor do homem por DEUS.
(i) Deve ser
um amor exclusivo (Mt 6.24; cf. Lc 16.13). Há lugar para uma só lealdade na
vida crista.
(ii) E um
amor que esta alicerçado na gratidão (Lc 7.42, 47). Os dons do amor de DEUS
exigem em troca a totalidade do amor dos nossos corações.
(iii) E um
amor obediente. Repetidas vezes o NT preconiza que a única maneira de podermos
comprovar que amamos a DEUS e oferecendo-Lhe nossa obediência incondicional (Jo
14.15, 21, 23, 24; 13.35; 15.10;
1 Jo 2.5;
5.2, 3; 2 Jo 6). A obediência e a prova final do amor.
(iv) E um
amor comunicativo. O fato de amarmos a DEUS e comprovado ao amarmos e ajudarmos
nosso próximo (1 Jo 4.12, 20; 3.14; 2.10). A falta em ajudarmos os homens
comprova que nosso amor por DEUS e falso (1 Jo 3.17). A obediência a DEUS e a
ajuda amorosa prestada aos homens são duas coisas que comprovam o nosso amor.
Vejamos, agora, outras características deste amor cristão.
(i) O amor e
sincero (Rm 1.29; 2 Co 6.6; 8.8; 1 Pe 1.22). Não tem segundas intenções; não e
interesseiro. Não e uma gentileza superficial que serve de mascara para a
amargura interior. E o amor que ama com os olhos e coração abertos.
(ii) O amor
e inocente (Rm 13.10). O amor cristão nunca prejudicou alguma pessoa. O falso
amor pode ferir de duas maneiras. Pode levar ao pecado. Burns disse acerca do
homem que conheceu quando estava
aprendendo a
cardar linho em Irvine: “Sua amizade me causou prejuízo.” Ou pode ser
super-possessivo e super-protetor. O amor materno, por exemplo, pode tornar-se
sufocante.
(iii) O amor
e generoso (2 Co 8.24). Há dois tipos de amor - o amor que exige e o amor que
da. O amor cristão e o amor que da, porque e uma copia do amor de JESUS (Jo
13.34), e tem seu motivo principal no amor generoso de DEUS (1 Jo 4.11).
(iv) O amor
e prático (Hb 6.10; 1 Jo 3.18. Não e meramente um sentimento bondoso, não se
limita aos melhores votos piedosos; e amor que resulta em ação.
(v) O amor e
longânime (Ef 4.2). O amor cristão resiste as coisas que tão facilmente
transformam o amor em ódio.
(vi) O amor
traz o aperfeiçoamento da vida cristã (Rm 13.10; Cl 3.14; 1 Tm 1.5; 6.11; 1 Jo
4.12). Não há nada mais sublime neste mundo do que amar. A grande tarefa de
qualquer igreja não e primeiramente
aperfeiçoar
suas construções, ou sua liturgia, musica ou paramentos. Sua grande tarefa e
aperfeiçoar o seu amor.
Finalmente,
o NT preconiza que há certas maneiras segundo as quais o amor pode ser mal
orientado.
(i) O amor
pelo mundo é mal orientado (1 Jo 2.15). Porque Demas amou o mundo, abandonou a
Paulo (2 Tm 4.10). O homem pode amar o tempo a ponto de se esquecer da eternidade.
O homem pode amar as recompensas deste mundo e se esquecer dos galardoes
ulteriores. O homem pode amar o mundo de tal maneira que aceita os padrões
mundanos e abandona os de CRISTO.
(ii) O amor
ao prestigio pessoal e mal orientado. Os escribas e os fariseus amavam os
assentos principais nas sinagogas e os louvores dos homens (Lc 11.43; Jo
12.43). A pergunta do homem não deve ser: “O que os homens pensam sobre isso?”
, mas: “O que DEUS pensa sobre isso?”
(iii) O amor
pelas trevas e o medo da luz são as consequências inevitáveis do pecado (Jo
3.19). Assim que o homem peca, já tem algo para esconder; então passa a amar as
trevas. Mas as trevas podem oculta-lo dos homens não de DEUS. E assim,
finalmente podemos dizer que o amor cristão manifesta-se quando CRISTO e
novamente encarnado através de uma pessoa que se entregou totalmente a Ele.
FONTE:
Apazdosenhor.org
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