segunda-feira, 29 de maio de 2017

Lição 10 – Perdas Inaceitáveis


 
    






Lição 10 – Perdas         Inaceitáveis

    📌Sofrimento Insuportável

      Não é nenhuma novidade que algumas frases atribuídas a Deus e a bíblia, na verdade, nunca foram ditas por Ele e nem estão registradas nas Escrituras, tais como: “Deus ajuda a quem se ajuda”, “Deus quer que você seja feliz”, “Todos os caminhos levam a Deus” e por aí vai. O fato é que qualquer cristão com o mínimo de conhecimento das Escrituras sabe que essas coisas não são verdadeiras.
No entanto, escrevo este artigo para alertar sobre uma afirmação que ouço da boca de muitos cristãos e que é realmente tratada como uma verdade espiritual por muita gente, mesmo que o que Deus diga sobre o assunto seja exatamente o contrário. Pois é, isso mesmo. Veja se você já ouviu ou mesmo se fala e acredita nessa frase: “Deus nunca permite um sofrimento além do que você possa suportar”
– Mas a bíblia não diz isso, pastor? – Você pode estar me perguntando.
E a minha resposta é Não! O que acontece é que muitas pessoas confundem o sofrimento com a tentação, pois a bíblia realmente diz que Deus não permite que nos sobrevenha tentação que não seja humana, que não tenhamos capacidade de suportar, no entanto, não fala nada nesse sentido sobre o sofrimento.
E sobre sofrimento, há muito material aqui no site, no entanto, eu gostaria que, ao final dessa leitura, você lesse este artigo, que fala sobre como Deus nos chama a glorificarmos a Ele nos sofrimentos: 
Mas voltando ao assunto deste texto, as Escrituras não dizem que Deus não permite sofrimento além da nossa capacidade de suportar, na verdade, para “piorar” a situação dos que acreditam nisso, a bíblia narra uma situação em que está claro exatamente o contrário! Veja só o que Paulo escreveu aos coríntios:
“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos… para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos; o qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda”. (2 Co 1:8) – Grifo meu
Está claro que Paulo está dizendo que na Ásia, eles sofreram com uma tribulação que estava além das forças que tinham para suportar, algo que os fez até perderem as esperanças de viver. E por que Deus fez isso? O texto também nos diz. Ele fez com Paulo e seus companheiros, e também faz conosco, para quebrar nossa autoconfiança, ou seja, para que não achemos que por nós mesmos, podemos coisa alguma. Para nos lembrarmos sempre que sem Ele, nada podemos fazer.
E é fato que Deus permite sim, muitas vezes, sofrimento além da capacidade humana, para que aprendamos a encontrar Nele os recursos de que necessitamos em qualquer área da nossa caminhada. Para que saibamos que nós não podemos nada e que tudo é Ele que opera em nós. Dessa forma, nosso sofrimento glorifica a Deus, em Cristo, e saímos dele ainda mais fortalecidos no Senhor e na força do seu poder, a fim de permanecer firmes para quando chegar o próximo dia mal.
Portanto amados, que aceitemos o convite do Senhor para participar dos sofrimentos de Cristo e que encontremos a beleza de exultar e glorificar ao Senhor, ainda que em nossa dor, pois nos vales, muitas vezes, estão as maiores oportunidades de ver a Glória do Senhor brilhando em nossas vidas, assim como no escuro é muito mais fácil de enxergar a luz de um pequeno vaga-lume.
E em especial a você que está sofrendo agora e já não sabe como continuar ou suportar aquilo que tem passado. Com certeza a Palavra de Deus para você é: Não desista! Não Pare! Não desanime! Não esqueça que ainda que o sofrimento vá ao extremo de tirar sua vida (não estou dizendo que isso vai acontecer, só estou colocando como sendo o máximo que o sofrer aqui na terra pode fazer), o seu homem interior se renova todos os dias para encontrar sua verdadeira esperança, que não está aqui neste mundo, pelo contrário, está na Eternidade, onde você estará para sempre com o Senhor. Essa é nossa esperança! Essa é sua esperança! Essa é a nossa esperança e nada, nem ninguém, pode tirá-la de nós, nunca! Nem morte, nem vida, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem anjos, nem principados e nem qualquer outra criatura pode nos afastar do amor de Deus, que está em Cristo! Pois Cristo pagou com seu sangue e sua Graça nos alcançou com essa promessa. Tudo o mais é o caminho e o caminho é árduo, pois somos convidados a seguir os passos do nosso mestre, que também passou por caminhos árduos aqui na terra.
E para finalizar, não esqueçamos que ainda que Paulo tenha chamado o sofrimento de insuportável, ele sobreviveu para contar. Ou seja, Deus é poderoso para fazer com que o insuportável, humanamente falando, seja superado pela excelência do seu poder que opera em nós, se essa for sua soberana vontade, em Cristo Jesus, nosso Senhor.
E que ele nos abençoe e guarde, sempre.
Com amor,
Pr. Raphael Melo


 📌    Experimentando a Direção de Deus

Muitas vezes os filhos de Deus já se perguntaram se há como reconhecer a direção do Senhor, a vontade de Deus para suas vidas. Em minha opinião, essa é uma das coisas mais difíceis. Mesmo assim, um cristão pode experimentar a direção do Eterno, de uma ou outra forma.
         A seguir vamos meditar a respeito de duas possibilidades que temos para reconhecer a vontade ou a orientação de Deus. 
Orientação pela atuação da Palavra de Deus
         Um cristão que deseja experimentar a condução de Deus precisa, em primeiro lugar, estar cheio de uma confiança profunda e infantil na Palavra revelada de Deus. Se você procura por certeza absoluta, então nunca deixe de pegar a sua Bíblia! O salmista ora assim:
“Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos teus mandamentos” (Sl 119.66).
        Ele quer receber “juízo e conhecimento”, o que significa receber a orientação divina. Mas como isso acontece? Por meio da Palavra de Deus: “...creio nos teus mandamentos”.
         Por que a Palavra de Deus tem condições de permitir que experimentemos a maravilhosa direção do Senhor? Porque não é apenas a palavra do Eterno, mas porque o próprio Cristo é a Palavra! Entretanto, é justamente isso que causa tanta dificuldade a muitos cristãos. Não são poucos os que dizem: “Ah!, se eu pudesse escutar o Senhor assim como os discípulos e tantas outras pessoas O escutaram naquela época – então eu creria mais!” Mas esse argumento não é consistente. Tais irmãos na fé deveriam entender o que significa escutar a Palavra de Deus – então eles perceberiam que a leitura da Bíblia nada mais é que ouvir Jesus falando! O Evangelho de João é muito claro ao falar desse fato:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.1-2,14).
        Esse texto fala de Jesus – e como Ele é chamado? “O Verbo”! É verdade: Jesus Cristo é o Verbo encarnado de Deus! Por isso o último livro da Bíblia também O trata pelo mesmo significativo nome:
“[Jesus] Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus” (Ap 19.13).
         Mesmo que o Senhor tenha nos dado inteligência e até mesmo Seu Espírito Santo (àqueles que crêem em Jesus), durante a leitura da Palavra de Deus às vezes surgem termos, verdades e contextos que não conseguimos entender, seja parcial ou totalmente. Não são poucos os que enfrentam dificuldades até com a afirmação “o Verbo (a Palavra) se fez carne”. Mas justamente quando encontramos palavras e passagens na Bíblia que não entendemos há somente uma fórmula segura: podemos e devemos crer naquilo que está escrito! Pois a Palavra de Deus é a verdade! Em outras palavras: se você tiver diante de si um texto que não dá para entender, minimize sua inteligência e maximize a sua fé!
         Em Jó 8.9 ouvimos Bildade, o suíta, dizer: “Porque nós somos de ontem e nada sabemos...”. Será que nós também não deveríamos confessar isso mais vezes? Não seria tempo de reconhecer que não sabemos nem entendemos muitas coisas? Será que não deveríamos passar a ser cada vez mais honestos nesse ponto? – Se fizermos isso, vamos experimentar uma libertação interna; uma libertação que nos levará à fé infantil! Quem reconhece a sua falta de conhecimento verá que sua fé começa a crescer.
        A propósito: também nas nossas orações volta e meia somos confrontados com a falta de conhecimento, não é mesmo? Sim, é exatamente assim; por isso o apóstolo Paulo escreveu:
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).
        Portanto, quando oramos, confiamos no Espírito Santo, porque no fim das contas somos incapazes de orar da forma que agrada a Deus. É preciso fazer o mesmo quando se trata de verdades bíblicas que não podemos compreender com nossa inteligência. Vamos devotar confiança completa à Palavra de Deus, deixando tudo aos cuidados do Espírito Santo!
         Como cristãos renascidos cremos de todo o coração que Jesus é a Palavra encarnada de Deus. Por isso, as afirmações do Antigo e do Novo Testamento nos permitem experimentar constantemente a orientação divina. Pois quando a Palavra do Eterno fala a nós, o próprio Cristo fala conosco. O próprio Senhor confirmou isso quando disse:


“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39).
        Ao falar de “Escrituras”, Ele se referia ao Antigo Testamento e, no meu entendimento, profeticamente também ao Novo Testamento, que seria divinamente completado cerca de cem anos depois de Seu nascimento. E como toda a Escritura Sagrada testemunha de Cristo, a história dos discípulos de Emaús relata:
“E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, [Jesus] expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24.27).
        Também nisto Jesus testifica de forma muito clara: na Escritura vocês encontram a Mim. E isso significa: a Escritura fala as minhas palavras; Eu sou a Escritura!
         Quem ler sua Bíblia com essa fé, receberá por meio da Palavra de Deus uma força permanente, uma indestrutível fonte de bênção. Pois o Senhor Jesus, que é a verdade em pessoa, deu o seguinte testemunho em relação às Suas palavras: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mt 24.35). Nós, que pertencemos a Jesus, deveríamos confiar e crer muito mais na Palavra de Deus, sabendo que por meio dela podemos e iremos experimentar a Sua orientação! Afinal, a palavra na Bíblia não é “apenas” palavra escrita, mas é o próprio Cristo! Por isso vamos considerar com seriedade a exortação de nosso Pai celeste, que envia a seguinte ordem do céu: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Mc 9.7). Por isso: ouça-O se você quiser experimentar a orientação de Deus. Na prática funciona assim: abra mais a sua Bíblia, leia-a em espírito de oração. Só isso é suficiente para que você trilhe o caminho da salvação de forma sempre nova, que sempre escolha o caminho estreito, pois está escrito:
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Sl 119.105).
        Aqui as palavras maravilhosas falam da orientação divina, pois Cristo, a Palavra encarnada, disse a respeito de si mesmo:
“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (Jo 8.12).
        Essa é a condução divina experimentada por todos aqueles que dedicam total confiança à Palavra de Deus – isto é, Jesus Cristo!
         Alguns exemplos podem esclarecer como experimentar na prática a orientação de Deus na Palavra e por meio da Palavra: há alguns anos, meu pai nos contou que alguém tinha lhe oferecido uma parceria que no fundo girava em torno do dinheiro. Como tinha muitas dúvidas a respeito, ele clamou ao Senhor em sua angústia, abriu a Bíblia e Deus dirigiu seu olhar para as palavras: “...teremos todos uma só bolsa” (Pv 1.14), às quais seguia a advertência:


“Filho meu, não te ponhas a caminho com eles; guarda das suas veredas os pés” (v.15).
        Essas palavras deram a ele uma resposta tão clara naquele momento, que recusou a parceria sem qualquer hesitação. Mais tarde, as circunstâncias mostraram que essa tinha sido a única decisão correta a tomar.
         Talvez agora você se pergunte: podemos usar a Bíblia desse jeito, do mesmo jeito que Wim Malgo fez? Bem, meu pai não forçou a situação para encontrar essa direção, ele simplesmente a recebeu. Em outras palavras: ele experimentou a clara orientação de Deus por meio da Palavra.
         Outra experiência da vida do meu pai foi a seguinte: ele e minha mãe viajavam por conta do ministério. Estavam na estrada, a caminho do próximo compromisso, em um carro bastante “velho”. De repente meu pai disse à minha mãe: “Estou me sentindo estranho e com muita tontura; precisamos parar o mais rapidamente possível”. Graças a Deus, depois da curva seguinte havia um espaço para descanso à beira da estrada, onde eles puderam parar. A “tontura” do meu pai piorava cada vez mais. Ele acabara de estacionar o carro quando uma das rodas traseiras se soltou do eixo. Imediatamente eles perceberam de onde vinha a tontura do meu pai: a roda tinha estado a ponto de se soltar. Como o carro não tinha condições de seguir viagem, ele foi guinchado e levado a uma oficina para o conserto. Nesse meio tempo, eles foram obrigados a pernoitar em um hotel. Quando chegaram ao quarto, meu pai espontaneamente pegou a Bíblia e leu a maravilhosa promessa:
“Sabei, pois, que o SENHOR separou para si aquele que lhe é querido” (Sl 4.3, RC).
        Esta palavra confirmou aos meus pais que haviam estado sob a clara orientação do Senhor! Do contrário, o fim da história poderia ter sido terrível.
         Tenho certeza de que muitos de nossos leitores já experimentaram situações e proteção semelhantes.
         Podemos confiar piamente naquilo que Deus nos diz em Sua Palavra, e assim voltar a experimentar a Sua clara orientação dia após dia. Se o Senhor lhe der uma palavra, não permita que o inimigo a roube de você semeando dúvidas.
         Certa vez li algo a respeito em um dos livros do abençoado servo de Deus Oswald Chambers, que cito aqui livremente:
“Se você ler uma palavra de Deus na Bíblia ou alguém lhe citar uma afirmação de Deus, e ela atingir seu coração como um raio, por ser uma resposta clara a uma pergunta que você tinha apresentado ao Senhor, então não hesite em crer firmemente naquilo que Ele acabou de lhe dizer. Deixe todas as dúvidas para trás, levante-se e aja de acordo com aquilo que lhe foi dito! Pois Deus falou com você, como se um anjo tivesse descido do céu para lhe dar essas palavras”.
         George Müller demonstrou da forma mais clara possível que Deus cumpre a Sua palavra. Afinal, ele dirigiu – somente com base nas promessas da Escritura Sagrada – um orfanato em Bristol, com mais de 2.000 órfãos.
         Também há testemunhos de mulheres que confiaram completamente na Palavra de Deus e não foram envergonhadas. Certa vez tive o privilégio de visitar na Holanda uma senhora judia de mais de oitenta anos, crente em Jesus. Ela já havia chegado à fé em Jesus Cristo quando criança e tinha sobrevivido ao Holocausto. Ela me disse o seguinte em relação à Bíblia: “Primeiro, eu sempre leio o que está escrito, depois aceito o que está escrito e em terceiro lugar faço o que está escrito”. Na época mais difícil de sua vida, essa mulher experimentou de forma maravilhosa como Deus a orientava por meio de Sua Palavra. Deus honra a Sua aliança para com aqueles que dedicam sua total confiança à Sua Palavra em qualquer situação, e permite que estes experimentem a Sua maravilhosa orientação. Por que isso acontece?

A Escritura Sagrada é:
a única revelação de Deus
a única forma pela qual Deus fala diretamente
o único apoio inabalável
a única autoridade infalível.

Só a Escritura Sagrada é:
digna de confiança
imutável
incorruptível.

         Por isso podemos experimentar a maravilhosa direção de Deus em nossa vida quando nos apropriamos das palavras e promessas da Escritura Sagrada. 
Direção debaixo das vistas de Deus
         Uma passagem bíblica que retrata e exemplifica de forma maravilhosa como acontece a direção de Deus em nossa vida está no Salmo 32.8, onde o Senhor diz:
“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho”.  Salmo 32.8
        O Senhor promete aos Seus que vai conduzi-los dirigindo a eles os Seus olhos. Meditando a respeito, lembrei-me do relacionamento cheio de amor entre um pai e o filho que ele vê diante de si. O pai conduz a criança pela mão, enquanto seus olhos vigiam continuamente o filho.
         Quando um jovem questionou o Senhor Jesus sobre a vida eterna (Mc 10.17) e confirmou que desde criança cumpria todos os mandamentos (v. 20), lemos: “E Jesus, fitando-o, o amou...” (v. 21). Por que Jesus olhou para ele? Para guiá-lo; para tomá-lo pela mão para que reconhecesse o caminho certo para sua vida. O jovem rico recebeu a oportunidade de ser guiado pelo próprio Jesus. Os olhos do Senhor já pousavam cheios de amor sobre ele – mas o homem não atendeu ao apelo. Que tragédia! É uma prova ilimitada do Seu amor que os Seus olhos repousem sobre nós, para que Ele nos aconselhe e guie desse jeito
         Se tomarmos consciência de quão maravilhosos são os olhos que repousam sobre nós, então só podemos adorar, dizendo: que grande Senhor é o nosso! Pois a Bíblia descreve dessa forma os Seus olhos, com os quais Ele quer nos guiar:
“A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo” (Ap 1.14).
         Isso significa que os Seus olhos atravessam a mais profunda escuridão. Nada Lhe está oculto. Quando nós já perdemos qualquer perspectiva há muito tempo, Ele ainda enxerga. O que é totalmente incompreensível para nós, está completamente revelado diante dEle. O salmista tinha plena consciência desse fato quando orou:
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl 139.7-10).
        Sim, o Senhor quer que Seus filhos experimentem Sua direção também dessa forma: Ele os guia à medida que Seus olhos estão sobre eles dia e noite, em todas as circunstâncias de suas vidas, onde quer que estejam. E onde quer que Ele tenha essa oportunidade de guiar, conduzir e aconselhar uma pessoa, ali uma luz brilhará mesmo na mais profunda escuridão. Por isso, não desanime, o que quer que você tenha de enfrentar, ou qualquer que seja a sua situação: o Senhor Jesus, que o conduz com Seus olhos, sempre vê uma saída!
         Uma pessoa sobre cuja vida Deus mantém os olhos abertos, que permite que Deus a guie dessa forma, é espiritual. Em outras palavras: a atuação do Espírito Santo é o alicerce da vida dela. O Espírito Santo é também o motor que a impulsiona a fazer as coisas corretas e a escolher o caminho certo. Vamos olhar mais uma vez para o texto de Romanos 8.26, que fala sobre nossa incapacidade na oração e então aborda a ajuda que o Espírito Santo dá:
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. Romanos 8.26
        Afinal, por que o Espírito Santo intercede por nós, para que saibamos orar da forma certa? Qual é a Sua motivação? Será que Ele foi encarregado por alguém a fazer isso? Sim, exatamente: o Espírito Santo nos representa na oração da forma como o Pai deseja. É o que vemos no versículo seguinte:
“E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele [o Espírito Santo] intercede pelos santos” (v. 27).
        Deus, o Pai, quer que oremos de determinada forma. Ele quer nos aconselhar, mantendo Seus olhos dirigidos para nós, e deseja nos guiar conforme a Sua vontade. Então, o Espírito Santo produz essa vontade de Deus em nós.
         O mesmo acontece, por exemplo, com o fato de que o Espírito Santo deseja nos guiar em toda a verdade, como diz Jesus. Por que o Espírito Santo quer e faz isso? Porque o próprio Senhor o deseja, porque Seus olhos estão sobre nós e porque Ele deseja nos conduzir em toda a verdade. O Senhor Jesus diz a esse respeito: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade”. Por que o Espírito Santo faz isso? A resposta é:
“porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido... porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16.13-14).
        Quando o Espírito Santo deseja nos guiar “em toda a verdade” isso está relacionado àquilo que o Senhor Jesus quer de nossa vida: “...porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”.
         São os olhos do Senhor, que descansam incansavelmente sobre nós, que nos guiam e conduzem. Mas é o Espírito Santo que – como um tradutor – nos explica e esclarece a vontade de Deus.
         Naturalmente ainda fica a seguinte questão: como o Espírito Santo produz tudo isso em nós? Como acontece esse processo, pelo qual o Espírito Santo nos representa na oração “com gemidos inexprimíveis”? Como Ele nos revela os motivos pelos quais devemos orar? Bem, Ele não chama um anjo do céu para nos entregar uma lista de motivos. Mas como isso tudo funciona de verdade? Não de forma milagrosa ou espetacular, como muitos irmãos certamente já desejaram. Não, o Espírito Santo simplesmente coloca o motivo em nosso coração. Ou, em outras palavras: desperta em nós o pensamento de orar por este ou aquele motivo.
         Da mesma forma acontece com a principal incumbência do Espírito Santo, isto é, a glorificação de Jesus em nós e por meio de nós. Jesus diz: “Ele [o Espírito Santo] me glorificará” (Jo 16.14). Isso significa que Ele não fala por meio de uma experiência espetacular e extraordinária. Não, o Espírito Santo faz Jesus crescer em nós. Ele nos impulsiona a pensar nEle. Ele desperta em nós o desejo de ter comunhão com Jesus e a Sua palavra. Ou Ele produz em nós um impulso interior de, por exemplo, fazer uma declaração de amor ao nosso Senhor, como Davi fazia: “Eu te amo, ó SENHOR, força minha” (Sl 18.1). Davi não orou dessa forma porque teve alguma revelação especial, mas porque sentia isso em seu coração. Ele simplesmente ficou com vontade de louvar ao Senhor dessa forma. O mesmo acontece com aqueles que se tornaram propriedade de Jesus. De uma hora para outra nosso coração nos mostra o que devemos fazer ou não fazer.
         Os olhos do Senhor voltados para nós e a atuação do Espírito Santo em nós às vezes produzem o desejo de fazer algo ou deixar de fazer outra coisa. Em outras palavras: temos a forte sensação ou até mesmo a certeza de que este caminho é o certo, e o outro, errado.
         Mas os olhos do Senhor não repousam sobre todas as pessoas, sem exceção. Da mesma forma, nem todas as pessoas experimentam a atuação do Espírito Santo que descrevemos acima. Há uma condição, que é a seguinte:
“Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Cr 16.9).
        Portanto, Deus quer nos ensinar e mostrar o caminho em que devemos andar; Ele quer nos aconselhar, Ele quer dirigir Seus olhos para nós (Sl 32.8) – mas só quando nós também o queremos, quando nosso “coração é totalmente dele”. Somente filhos de Deus consagrados vivem essa direção especial de Deus; só eles experimentam isto: os olhos de Deus sobre eles, a atuação do Espírito Santo dentro deles!
         Por isso, certifique-se de que a cada novo dia todos os obstáculos entre você e o Senhor sejam removidos; só assim você experimentará essa extraordinária direção do Senhor! Faça isso, e você experimentará a direção especial de Deus conforme descrita em Isaías 30.21:
“Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele”. Isaías 30.21

Autor: Marcel Malgo


📌                   Estudo completo de Lucas 15
EVANGELHO DE LUCAS - CAPÍTULO. 15

                     I) CONSIDERAÇÕES GERAIS

Podemos chamar o capítulo 15 do Evangelho segundo escreveu Lucas de “A Parábola Dos Bens Perdidos”. Embora muitos a dividam em três (Parábolas) na verdade é única, com três figuras diferentes. Não há interrupção nos versículos. Uma ilustração flui para outra.

Quando lemos: “Jesus lhes propôs esta Parábola” (Lc 15:3), a forma singular, “esta Parábola” significa que o capítulo inteiro constitui de uma única narrativa. Há níveis que se sucedem na parábola, mas não há interrupção. As ilustrações que Jesus usou nela fundem-se e combinam umas com as outras.

Matematicamente podemos visualizar o seguinte:

A Ovelha Perdida – Representava 1% de Perda – Uma em Cem;

A Dracma Perdida – Representava 10% de Perda – Uma em Dez;

O Filho Perdido – Representava 50% de Perda – Um em Dois.

Podemos ainda o acontecido da seguinte forma:

A Ovelha – está perdida

A Prata – desapareceu

O Filho – está perecendo

Quando olhamos para as três figuras expostas, concluímos que simbolizam toda a obra da salvação; mas cada uma, separadamente, propõe a obra, e refere-se a uma outra pessoa divina da Trindade:

O Pastor – com muita dor e sacrifício, procura as ovelhas despreocupadas e errantes;

A Mulher – busca a moeda de prata, insensível, mas perdida;

O Pai – com o beijo de reconciliação, recebe o seu filho errante que volta para casa.

Podemos ver de forma clara que, nos três casos é descrito a inclusão dos desprezados e humildes no Reino de Deus. Podemos ainda resumir todo o capítulo com quatro verbos: Perder, Procurar, Encontrar e Regozijar.

PARA QUEM JESUS PROPÔS ESTA PARÁBOLA

A Parábola dividida em três partes é dirigida a três grupos e seu objetivo é responder os principais questionamentos internos de cada um, segundo aquilo que criam.

1. Publicanos: (Classe Social) Judeus que trabalhavam para o governo romano, cobrando impostos. Sua disposição para trabalhar para o governo era vista como falta de lealdade a Israel e desejo de comerciar com os gentios.

2. Fariseus: (Classe Religiosa) Seita judaica que comandava o poder religioso na Palestina durante o ministério de Cristo. Esses indivíduos, “separados”, criam que as suas descrições detalhadas de como obedecer à lei se igualavam em autoridade à lei mosaica e que a sua obediência meticulosa a essas tradições os tornava os únicos judeus justos vivos.

3. Escribas: (Classe Social) Classe de homens que copiavam, ensinavam e explicavam a lei. Da mesma forma que os fariseus, eles se apegavam à autoridade das tradições orais. Como professores da lei, mantinham um lugar importante na sociedade judaica e também serviam como juizes ou advogados, julgando de acordo com a lei que conheciam tão bem.


                                              A OVELHA PERDIDA

Lucas 15. 1-7

                                    Introdução

Esta parábola fala do regozijo do pastor ao reencontrar a ovelha perdida. Todos estamos perdidos. Devido às dificuldades em que se encontrava, fala-nos das misérias que vivemos estando longe do aprisco. Fala da inclusão dos humildes e desprezados no reino de Deus.

Os escribas e fariseus murmuravam contra Jesus, por receber os pecadores e comer com eles, e Ele aproveitou a oportunidade para contar-lhes esta parábola, a fim de ilustrar seu interesse em salvar o pecador.

Fundo Histórico (v. 1, 2)

Lucas deixa claro que todos os cobradores de impostos de impostos e pecadores reuniram-se ao redor de Jesus para o ouvir. Devido à escória da sociedade estar junto a Jesus, os fariseus e os escribas murmuravam sua desaprovação. Na mente desses homens, o fato de Jesus associar-se com tais indivíduos, que se percebe pelas frases recebe e coe com eles, dá a entender que próprio Jesus não era melhor do que essa corja.

Se Jesus fosse realmente um mestre, dotado da piedade e da teologia judaica, quanto mais se fosse o Messias, ou o Filho de Deus, não deveria associar-se com tais pessoas. Portanto, Jesus narra essas três parábolas como reação a essa atitude errônea.

                              A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA

Fala-nos de um homem que tinha cem ovelhas. Se ele perdesse uma delas, o que faria? Ao formular essa pergunta, Jesus força seus ouvintes a responder. É certo que todos responderão: “Procurá-la-ei até encontra-la”. Essa é a resposta natural humana, quando se perde algo de valor.

No presente caso, o pastor esta disposto até a deixar no deserto as noventa e nove, o que constitui algum risco para estas, a fim de procurar a perdida. E quando a encontra sente-se cheio de alegria e dispõe-se a celebrar o acontecimento. O ponto central dessa parábola é que, quando alguém valoriza muito alguma coisa, se vier a perde-la, irá procura-la diligentemente e, uma vez achada, regozija-se.

Jesus aplica essa parábola à atitude de Deus para com os perdidos que se arrependem. Haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

                          I. Uma Descoberta Penosa

1) Perdera uma ovelha (v. 4). O pastor amoroso possuía cem ovelhas e as cuidava com dedicação, mas uma se perdera. O que representa essa ovelha? O mundo inteiro? Israel? Um pecador apenas? Não importa, Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19. 10).

2)Deixou as 99 no aprisco. Deu pela falta de uma e, angustiado, saiu pelos montes a sua procura. Este é o dever do pastor: buscar a ovelha ausente e juntá-la às noventa e nove no redil, antes que morra!

                      II. Buscou-a com Perseverança

1) “Até acha-la” (v. 4). Foi perseverante, não descansou até acha-la. Buscou-a por amor, ou por causa do valor que ela representava? Que o Senhor nos guarde de sermos mercenários.

2) Buscou-a com amor. Seu amor à ovelha perdida o levou a arriscar sua vida para acha-la. Ès uma ovelha perdida? Deus te ama e enviou seu Filho para morrer na Cruz, para salvar-te (Jo 3.16).

                         III. A Alegria do Pastor

1) “E, achando-a, a põe sobre seus ombros, alegre” (v. 5). Que momento glorioso para o pastor. Achou sua ovelha que perdera! Não usou o cajado para quebrar-lhe a perna. Não a repreendeu, nem a censurou. Levantou-a com carinho e a pôs sobre os ombros, depois de pensar-lhes as feridas.

2) De volta ao aprisco. Que alegria para a ovelha. Antes perdida, sem esperança; agora, em segurança, nos ombros do seu pastor. Quantas ovelhas há desgarradas, andando de aprisco em aprisco, em busca de um pastor..... Ès uma dessas? Descansa nos braços de Jesus (Mt 11. 28 – 30)!

                          IV. Jesus É o Bom Pastor

1) “Dou minha vida pelas ovelhas” (Jo 10. 15). Não há maior amor do que este. Já provaste este amor?

2) “As minhas ovelhas ouvem a minha voz... e me seguem” (Jo 10. 27). Ouves a voz de Jesus a chamar – te? Vem, e segue-o!

3) “Dou-lhes a vida eterna” (Jo 10. 28). Crê em Jesus, e jamais perecerás!

Conclusão

Cristo deu sua vida por nós no Calvário (Jo 12, 32). Crê em Jesus, e jamais perecerás!

                         A DRACMA PERDIDA

Lucas 15. 08 – 10

                               Introdução

Esta parábola fala do regozijo em que a mulher ficou ao encontrar a dracma (moeda) perdida. Fala-nos da insensibilidade da mulher ao perder a dracma. Fala da inclusão dos humildes e desprezados no reino de Deus. Há alegria no céu quando alguém que esteve perdido (um pecador) se encontra (se arrepende), especialmente neste caso que o perdido estava dentro da própria casa.

Tal alegria forma violento contraste com os fariseus e outras pessoas religiosas “respeitáveis” que murmuravam porque Jesus investia tempo naquelas pessoas consideradas “perdidas” pelos fariseus.

Fundo Histórico

Havia um costume que, parte do dote dado ao pai da noiva era retirado e confiado à noiva, geralmente este “presente” era exibido, como no caso da parábola proposta, as moedas. Elas eram colocadas em forma de arco, tiara na cabeça ou em forma de pulseira. Quando na tiara, ganhava o nome de semedi. Esta jóia passava a ser usado simbolizando a aliança, que era uma mulher comprometida. Quando a mulher perdia uma das peças (moeda) isto demonstrava que:

A) Ela não foi zelosa com o seu compromisso (noivado, casamento).

B) Era vista como desleixada com seu compromisso, o que dava direito ao noivo ou marido de romper o compromisso que havia com ela.

C) Era vista como desonrada. Perdeu o símbolo de compromisso. É como se a “aliança” tivesse se quebrado.

Por isso, quando a mulher perde uma de suas dez dracmas, vira a casa de cabeça para baixo e a busca com diligência até acha-la e, quando a encontra, regozija-se muito.

Esta parábola contrasta violentamente com os fariseus e outras pessoas religiosas “respeitáveis” que murmuravam porque Jesus investia tempo naquelas pessoas consideradas “perdidas” pelos fariseus.

Dracma – A dracma era uma moeda de poder aquisitivo pequeno. Uma dracma equivale a U$ 0,25 (1/4 de dólar).

Ela estava sob os cuidados da srª da casa – simboliza a igreja. A Moeda encontrava-se perdida em casa, e estava perdida não por vontade própria, mas por falta de cuidado ou desatenção de seus moradores (habitantes).

A Casa – Era pequena e a principal entrada de luz era pela porta.

O Chão (Piso) – Era de terra batido e, como as ruas não eram calçadas, havia um grande depósito de pó (poeira) nas casas.

A Candeia – A casa pobre não tinha janela; precisava de candeia.

                                       O FILHO PRÓDIGO

Lucas 15. 11 – 24
Pródigo – Dicionário Bíblico: Digno de Pena
Pródigo – Dicionário da Língua Portuguesa: Esbanjador

                          Introdução

Esta parábola fala do regozijo do pai. Deixa livre o ensinamento que podemos nos perder diante das nossas próprias escolhas. Deixa explicito o remorso que o filho sentiu.

O homem afasta-se de Deus por seu livre arbítrio. Porém Ele não se afasta do homem. Se estivermos afastados de Deus é porque queremos. Mas o Senhor espera que voltemos para Ele enquanto podemos acha-lo (Is 55. 6,7). Fala da inclusão dos humildes e desprezados no reino de Deus.

Diferente da ovelha e da dracma que se perdem de forma involuntária, inconsciente, o filho se perde por vontade própria.

                        Fundo Histórico

Jesus procura demonstrar de forma dramática a ingratidão, o pecado e a degradação desse moço. Esse jovem demonstra não ter o mínimo interesse pelo bem-estar de seu pai (ou família). Decidiu partir para longe de todos. Toma posse de sua herança e sai de casa. Partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.

Nas mentes dos judeus respeitáveis do primeiro século, o comportamento desse filho teria sido considerado desleal e ultrajante, e a parábola prossegue, partindo do egoísmo do filho até sua degradação. Termina tendo que trabalhar para um gentio (o que fica implícito pela referência a “terra longínqua”), para quem ele pastoreia porcos (animais imundos para os judeus). Não só alimenta porcos, mas desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam. Do ponto de vista judaico, esse moço atingiu o fundo do poço da degradação e desgraça.

Finalmente, o rapaz acabou caindo em si. Como o contexto indica, o filho mais novo chegou por fim à compreensão de si mesmo e de sua situação. Reconhece ter caído e permanecido no fundo (está numa situação pior do que a dos diaristas de seu pai), e reconhece mais: pecara contra o céu e perante seu pai. Sabe que deixou de ser digno de ser chamado filho. Estando assim arrependido, volta para seu pai.

A parábola atinge seu desfecho dramático no momento em que seu pai o viu quando ainda estava longe, e correu a encontrar-se com ele, e o beijou. Ele ouve a confissão de pecado e recebe-o com alegria. O pai não ficou irado contra o filho pródigo, desviado, mas cheio de alegria dá ordens para que ele seja vestido com a melhor túnica, que se mate o bezerro cevado, e haja um banquete alegre.

Se a parábola se encerrasse no v. 24, teria ficado incompleta. No entanto, com o v. 25, surge uma nova questão. O filho mais velho, que aparentemente estava no campo, ouviu o som e os ruídos da festa e, assim, pergunta o que estava acontecendo. Ao descobrir a causa da celebração, fica indignado e recusa-se a tomar parte nela. Sente-se ludibriado, visto que nenhuma festa foi feita em sua homenagem, a ele que sempre foi fiel. Traz a memória do pai a má ação do irmão, suas aventuras pecaminosas do passado e protesta contra o que considera uma festa imerecida e descabida.

O pai lhe explica que a ele, o filho mais velho, que todas as bênçãos e recompensas da fidelidade permanecem inalteradas. A alegre festa ilustra o regozijo de recuperar o que estava perdido.

No contexto original, os dois filhos representam os judeus:
Filho mais novo: Judeus irreligiosos (os pecadores, os cobradores de impostos, as prostitutas).
Filho mais velho: Judeus fanáticos (os sacerdotes, os fariseus e os doutores da lei).
Em vez de festejar o ministério bem-sucedido de Jesus entre os desprezados da sociedade judaica, os fariseus “murmuram”.
Podemos ainda fazer a seguinte comparação:
Filho mais novo: os gentios e a sociedade judaica marginalizada.
Filho mais velho: representava os judeus religiosos (talvez até os cristãos), cujos padrões mais severos impediam ou dificultavam a aceitação dos gentios como parte da nova comunidade, ou pelo menos a comunhão com eles. (Ver Atos 11; 15).

I. O Pedido Insano de Filho.

1) “Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence” (v. 11). Ele planejava sair da casa do pai. O pai não o despedira. Vê-se por este pedido que os laços do lar já haviam se soltado no coração do jovem. O amor esfriara. Espiritualmente, o pedido do filho mais moço exprime o desejo do homem em proclamar-se independente de Deus e planejar a sua vida de acordo com a própria vontade. Este é o retrato do pecado, o querer impor a própria vontade, que é a raiz dos demais pecados cometidos por ele.

2) “Partiu para uma terra distante” (v. 13). Quantos têm se distanciado para bem longe de Deus, tendo sido criado em sua casa. Preferem as ilusões do mundo! Passou-se um certo tempo até ele deixar a casa do pai. Antes de alguém agir como desviado, já possui um coração desviado. O coração de Filho Pródigo levara-o para longe do pai, antes de seus pés estarem fora da casa.Stº Agostinho escreveu que “A Terra longínqua é o esquecimento de Deus”.

3) “Ali desperdiçou a sua fazenda” (v. 13). Vivendo nas orgias com os falsos amigos. Primeiro ajunta os bens; agora, os dissipa. Viver para o próprio eu é desgastante: gasta os talentos, enfraquece a vontade, destrói as oportunidades e quebranta o corpo.

4) “Começou a padecer necessidades” (v. 14). Onde estavam os “amigos”? Este é o quadro da decadência da alma que deliberadamente se separou da Fonte da felicidade e alegria. Não é de imediato que o pecador descobre seu miserável estado, porque os “prazeres transitórios do pecado” lançam um brilho atraente sobre o caminho da vida.

5) “Mandou-o apascentar porcos” (v. 15). É isto que o diabo faz com os que se apartam de Deus. Ali ele desejou comer com os porcos.

6) “Caindo em si” (v. 17). Precisou sofrer para despertar a consciência. Melhor traduzido seria “Mas quando voltou aos seus sentidos”. O homem distanciado de Deus não vive sua verdadeira personalidade.

Estou aqui morrendo de fome, e na casa do meu pai há fartura de pão.

Que bom voltar e comer do novilho cevado...!

7) “E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.” (v. 16). As Bolotas são também chamadas de Alfarrobas. As alfarrobas têm a forma de um chifre e até hoje são extremamente comuns na Palestina. Chamadas de bainhas de gafanhoto e pão de São João, as alfarrobas concentram no seu interior uma substância gelatinosa, dotada de um sabor adocicado, e, além de servir como alimento para os porcos e gado, eram também consumidas pelos pobres. A Alfarrobeira é árvore formosa e sempre verde, de nove a dez metros de altura, sem espinhos. Produz as vagens em tão grande abundância que, às vezes, atingem a trinta centímetros de comprimento. Da polpa das vagens faz-se um xarope muito apreciado.

Cool “Levantar-me-ei ... e pedir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu” (v. 18). Ele reconheceu a tempo o seu erro. Não só contra o pai, mas contra Deus (Is 1. 18; 55. 7). O filho foi pródigo em desperdiçar seus bens, o pai foi pródigo em esbanjar amor e perdão. Deus é pródigo em amor (Jo 3. 16; Ef 2. 4). A expressão “Levantar-me-ei” sugere ressurreição espiritual. Ele estava morto em delitos e pecados, mas agora levanta-se, inspirado pelo desejo de procurar o pai amoroso e o lar confortável. A salvação começa quando ele se volta à “casa paternal”.

                       II) A Volta ao Lar e a Alegria do Pai

1) “Este meu filho... reviveu” (v. 24). O pecador está morto em delitos e pecados (Ef 2. 1). Mas Deus garante a vida eterna em Cristo, aos que voltam para Ele. Em Cristo, todos renascemos (Jo 3. 3 – 8; Ef 2. 4 – 6).

2) “E começaram a alegrar-se” (v. 24). Grande foi o regozijo do pai com a volta do filho pródigo. Há alegria nos céus quando o pecador se arrepende (v. 10).

               III) A Decepção do Filho Mais Velho

1) Sem amor. Pode se notar a falta de amor quando não diz as palavras “pai”, “meu irmão”, mas diz “Teu filho”. Não demonstra amor nem para com o pai e muito menos com o irmão.

2) “Se indignou ... não queria participar da festa” (v. 28). Julgou ser injustiça do pai toda aquela festa por alguém que não valorizou a família, os bens, perdeu tudo e agora retorna para casa.

3) “Nunca me deste um cabrito ... mas mataste um bezerro cevado” (v. 29, 30). Olhou pelo lado materialista. Nunca me deste algo de pouco valor (um cabrito) e a dele destes um bezerro cevado (algo de muito valor).
4) “E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas” (v 31). Mostra que o filho nunca desfrutou das riquezas do pai por não querer, pois tudo estava à sua disposição. Podemos ver claramente um certo nível de INGRATIDÃO. O pai o adverte, de modo indireto que, está caindo no mesmo erro do irmão, pedindo sua parte nos bens.

5) Tanto o filho mais novo quanto o mais velho são pródigos!
Se analisarmos ambas as situações de cada um dos filhos, veremos que ambos são “dignos de pena”. Um, não valorizou os bens conquistados ao longo da vida da família. Já o outro, não aproveitava e usufruía de tudo que era da sua família e, portanto, seu. Isto é afirmado pelo pai no versículo 31.

                                      Conclusão

Deus está esperando a sua volta (v. 20). Ele perdoará os teus pecados, não os lançará em teu rosto. Tirará de ti as vestes imundas (Is 64. 6), e te dará novas roupas: os dons do Espírito Santo! (At 2. 39). Queres voltar aos braços do Pai celeste? Aceita Jesus e terás um lugar à mesa do banquete com Ele, no céu!

Grande será a alegria ali com tua volta (v. 10). Vem sem demora!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARVALHO, Roberto de. Fique Por Dentro: Curiosidades Bíblicas, Judaicas e Seculares. Gráfica e Editora Renascer. 7ª Ed. Goiânia. 2002
ELWELL, Waiter A. Manual Bíblico do Estudante: Um Guia Para O Melhor Livro do Mundo. CPAD. 2ª Edição. Rio de Janeiro. 1995.
EVANS, Craig. A. Lucas: Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. Editora Vida. São Paulo. 1996.
LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia: Uma Análise Detalhada de Todas as Parábolas das Escrituras. Editora Vida. 1ª Ed. São Paulo. 2000.
PEARLMAN, Myer. Lucas: O Evangelho do Homem Perfeito. CPAD. 4ª Ed. Rio de Janeiro. 2002.

 FONTE: ESCOLA BEREANA -ADVEC





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