Classe: Adultos
Revista: Do professor -
CPAD
Data da aula: 4 de Junho de 2017
Trimestre: 2° de 2017
Texto Áureo
Então, Maria, tomando uma libra de
unguento de nardo puro, de
muito preço, ungiu os pés de Jesus e
enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do
unguento.(Jo 12.3)
Verdade Prática
Maria, de Betânia, é exemplo do
crente que dá prioridade a Jesus em sua vida, e lhe oferece o melhor em gratidão
por seu amor.
Capítulo 10
MARIA, IRMÃ DE LÁZARO: UMA
DEVOÇÃO AMOROSA
Nos evangelhos, há menção de sete
Marias.1 Neste estudo, veremos a pessoa de Maria, irmã de Lázaro. Era um nome bem
comum. Deriva do nome Miriã, no hebraico, que era a irmã de Moisés e de Arão, e
compunha a liderança do povo de Israel na saída do Egito em direção a Canaã.
Maria, irmã de Lázaro, ou Maria de
Betânia, era uma mulher humilde e, ao mesmo tempo, cheia de energia e ousadia.
Tendo Jesus hospedado-se em sua casa, quando ia para Jerusalém, Maria preferiu
ficar ouvindo a palavra do Mestre enquanto sua irmã envolvia-se nas tarefas
domésticas (Lc 10.39). Ela foi reprovada
por Marta, mas recebeu enorme elogio de Jesus por ter escolhido “a boa
parte” (10.41,42). Na mesma semana
daquele acontecimento, vemos os fatos em que Maria, irmã de Lázaro,
aparece
protagonizando um dos momentos mais interessantes e polêmicos do ministério de
Jesus.
O fato ocorreu na última semana de Jesus
antes de sua morte na cruz do Calvário. Era um período muito tenso em
Jerusalém, pois aproximava-se a Páscoa, a maior festa judaica, e milhares de
pessoas invadiam a cidade para as comemorações pascais (Jo 11.55). Maior motivo
para as tensões era a determinação dos principais dos sacerdotes de materem
Jesus (v. 57), por inveja, por motivo
político em relação a César, ainda que todo o desenrolar dos acontecimentos
estivessem sob o controle de Deus, em cumprimento à sua palavra, às profecias e
também seu plano para a salvação da humanidade.
Naquelas circunstâncias, o evangelista
João narra o que aconteceu em Betânia num jantar que foi oferecido a Jesus.
Quem aparece em primeiro plano é Marta, que ajudou a organizar o evento — como
sempre muito solícita e cuidadosa na demonstração de hospitalidade para com
Jesus. Mas quem toma a cena, de forma bem dramática, é Maria. Ela aparece
inesperadamente e faz algo que deixou os presentes atônitos. “Então, Maria,
tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de
Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do
unguento” (Jo 12.3).
Ela demonstrou ser ousada, cheia de
iniciativa, decidida e generosa. Primeiramente, porque não era comum uma mulher
entrar num ambiente repleto de homens. Ao que tudo indica, ali não era a sua
casa. Depois, porque o valor do perfume derramado sobre os pés de Jesus era
caríssimo. O dispêndio na aquisição daquele unguento era em torno de 300
denários, o valor dos salários de um trabalhador durante quase um ano inteiro.
E ainda,
porque
ela passou por cima de todas as convenções e costumes do seu tempo ao
abaixar-se e enxugar os pés de Jesus com os próprios cabelos, que eram crescidos
e abundantes sem dúvida. E todo o ambiente ficou impregnado com o cheiro
agradável e forte daquele unguento.
Além do episódio protagonizado por
Maria, que ficou conhecido como “a unção em Betânia”, e é narrado por João,
que dá respaldo a este capítulo em seu livro no capítulo 12, do versículo 1 a
8, Mateus faz referência a episódio semelhante no capítulo 26, do versículo 6 a
13, e Marcos no capítulo 14, do versículo 3 a 9, com narrativas diferentes em
alguns aspectos. Há discordâncias se são eventos únicos ou episódios distintos.
No texto em apreço, veremos algumas explicações, a nosso ver, consistentes.
I
- O EXEMPLO DE MARIA DE
BETÂNIA
I. Maria “escolheu a boa parte”
Não se
sabe como Jesus travou conhecimento com a família dos três irmãos Lázaro, Maria
e Marta, que viviam em Betânia, e deles tornou-se bastante amigo, provando bem
de perto de sua amizade fraternal. Sempre que ia a Jerusalém, o Mestre
costumava pousar na casa dessa família. Era uma família amada por Jesus (JoII. 5,32). Certa vez, acompanhado de seus
discípulos, Jesus entrou em Betânia. Ali, Ele foi recebido na casa de Lázaro
por sua irmã, Marta. Na ocasião, sua outra irmã, Maria, percebendo a rica
oopor- tunidade de ter Jesus em sua própria casa, deu prioridade ao estar
na
presença de Jesus, ouvindo suas sábias mensagens. Aquela não era uma ocasião
comum. Jesus só passava por aquela aldeia chamada Betânia quando ia para
Jerusalém. Maria teve a percepção de que aquele era um momento que deveria ser
aproveitado plenamente por várias razões.
1) Jesus entrou na aldeia. Maria tinha conhecimento de quem
era Jesus desde que suas mensagens ecoaram pela Palestina. Mateus diz que Jesus
andava por todas as cidades e aldeias levando sua mensagem, fazendo suas
jornadas a pé com seus discípulos. Certamente, Ele não podia privilegiar uma
cidade em detrimento de outra, visitando-a várias vezes. Estar em Betânia era
uma ocasião especial. “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas
sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as
enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35). Lucas
diz que o
Mestre passava por todos os lugares, mas seu foco era Jerusalém: “E percorria
as cidades e as aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém” (Lc 13.22).
Pouquíssimas cidades tiveram a honra de ter Jesus em suas ruas, em suas praças,
e também de tê-lo hospedado em alguma desuas residências. Como Betânia ficava
próxima de Jerusalém, Jesus, em lugar de pousar na capital, preferia repousar
na tranquilidade da aldeia, algumas vezes na casa da família de Lázaro, seu
amigo (Jo 11.11).
2) Jesus na casa de Maria. O texto de Lucas 10 diz que Marta, irmã de Maria, recebeu
Jesus em sua casa (10.38). Havia muitas casas em Betânia, mas receber Jesus e
seus discípulos no lar era motivo de muita alegria e orgulho para uma família piedosa.
Certamente, a casa não era pequena, pois lá tinha lugar para Jesus e seus
discípulos. Cremos que, ao receber Jesus e seus discípulos em sua caminhada,
Ele não chegou a casa e começou logo a pregar. Tudo indica que Jesus foi
acomodado nas dependências que a família destinou a Ele e a seus seguidores,
comeu de suas refeições e foi acolhido com muita hospitalidade, como era comum
e altamente valorizado em Israel (Hb 13.2).
3) Maria prefere ficar aos pés de
Jesus. Num
momento apropriado, Jesus aproveitou para ministrar sua palavra naquele lar. O
texto em apreço é muito curto, porém encerra lições preciosas para quem sabe
valorizar a presença de Jesus no seu lar. Lucas diz que Marta recebeu Jesus e
que Maria assentou-se aos pés dEle e ouvia a sua palavra: “E tinha esta uma
irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua
palavra” (10.39). Lucas não faz menção do teor da palavra de
Jesus;
por isso, não podemos especular a respeito, mas podemos imaginar que eram
lições preciosas, de grande valor e relevância para aquela família e também
para todos os que ali se encontravam, incluindo os discípulos e o próprio
Lázaro. Enquanto Maria ouvia Jesus, Marta, sua irmã, estava mais preocupada com
as atividades domésticas e, talvez, em como agradar a Jesus, oferecendo-lhe a cortesia
do seu lar. De início, não podemos julgá-la por isso. No entanto, ela
demonstrou não saber aproveitar aquele momento
e ainda
criticou a irmã, julgando que a mesma não estava agindo bem, ficando aos pés de
Jesus: “Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se,
disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe,
pois, que me ajude” (10.40). Além de não priorizar aquele momento de estar ouvindo
Jesus, Marta ainda fez uma insinuação crítica de que Jesus não tinha
sensibilidade para com ela e, diante de todos os presentes, numa atitude
descortez, cobrou de Jesus que dissesse a Maria que fosse ajudá-la.
2. Maria Deu Prioridade a Jesus
Maria é um exemplo de serva de Deus que
soube avaliar as prioridades no relacionamento com Jesus. Ela tinha tarefas domésticas
a realizar assim como Marta, sua irmã, porém entendia também que, se Jesus
estava ali, naquela ocasião, a prioridade era ouvir sua palavra, e não ficar
“distraída em muitos serviços” como Marta ficou. Ao ser questionado por Marta,
que cobrava de Jesus que determinasse que Maria se levantasse de sua presença e
fosse ajudá-la, Jesus respondeu de forma amorosa, porém cheia de ensino
precioso: “ [...] Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas,
mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será
tirada” (w. 41,42). A “boa parte” que Maria escolheu foi ouvir
Jesus, ficar a seus pés em atitude de reverência e adoração e procurar não
perder uma só palavra proferida por Ele — uma grande lição para nós, nos tempos
presentes, quando a agitação da vida pós-moderna faz grande parte dos crentes
perder a noção do que é essencial e do que é secundário no seu dia a dia.
3. Mais Martas do que Marias
Podemos afirmar que, no mundo atual, há
muito mais “Martas” do que “Marias”. Hoje em dia, mulheres e homens cristãos
têm muito mais coisas para se distraírem, afadigarem-se e ficarem ansiosos do
que tinham no tempo de Maria. A vida moderna exige que a mulher deixe de ser
apenas dona de casa, esposa e mãe, e assuma posições na vida dos estudos e na
profissão. Não há nada de errado nessa realidade. Mas o tempo para Deus, o tempo
para estar aos pés de Jesus, ouvindo atenciosamente a sua Palavra é muito mais
escasso do que na época de Marta e Maria. Além dos excessos de atividades em
casa, na escola e na igreja, homens e mulheres estão sendo dominados e até
escravizados por redes sociais, por causa do uso excessivo das tecnologias da informação
e da imagem, a ponto de não haver mais tempo para a maior parte das famílias
estar nos cultos de oração, nos cultos de doutrina e na Escola Bíblica
Dominical. As “Martas” são o tipoMaria, Ermã de Lázaro: Uma Devoção Amorosa de
crente que, além de se deixarem assoberbar de tarefas, ainda criticam aqueles
que buscam mais as coisas de Deus, as “coisas que são de cima” — as “Marias”
(Cl 3.1).
Se, por parte da família, não houver
uma decisão sábia e firme
de dar
prioridade às coisas de Deus, em poucos anos, ocorrerá o que aconteceu na
Europa. O Diabo incutirá de vez o materia- lismo nas escolas, e os filhos serão
dominados pelo ateísmo. As famílias, especialmente os filhos, perderão o
interesse de estar aos pés do Senhor, e a tragédia espiritual será inevitável.
É tempo de seguir o conselho registrado em Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo
determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Notemos
que há tempo “para todo o propósito” debaixo do céu; não diz que há “tempo para
tudo”. Se quisermos
agir como
Maria, escolhendo “a boa parte” — a de estar aos pés do Senhor — precisaremos
ter no coração o propósito de dar prioridade à vida devocional, de ler a
Bíblia, de orar, de ir à igreja, de envolvermo-nos no serviço da Obra do
Senhor. O culto doméstico é a forma mais eficaz de reunir a família para
adoração a Deus no lar. Bastam 20 a 30 minutos, no máximo, para a família louvar
a Deus, ler a Bíblia, pedir orações e orar juntos. Essa simples reunião informal
tem sido usada por Deus para fortalecer a família cristã, livrando-a da
desgraça espiritual e moral que tem
destruído
grande parte dos lares cristãos.
|| - MARIA, A MULHER QUE UNGIU
O SENHOR
Maria, irmã de Lázaro — ou Maria de Betânia — era uma mulher cujo caráter tinha a marca da sensibilidade, da afetividade intensa. Ela amava tanto Jesus como amigo e benfeitor da família que, na última semana, antes da morte do Senhor, ela ungiu-o duas vezes. Jesus estava ameaçado de prisão e morte pelos chefes dos sacerdotes, e Maria resolveu fazer o que achou de melhor para demonstrar seu amor pelo seu Mestre.
1. Maria Ungiu os Pés de Jesus
De acordo com a cronologia dos fatos que
antecederam a morte de Cristo, conforme diz a Bíblia, Jesus dirigiu-se a
Betânia, onde Lázaro encontrava-se: “Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa
a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos”
(Jo12.1).Jesus tinha enorme apreço por Lázaro e sua família. Ele,
milagrosamente, por seu eterno Poder,
ressuscitou
o líder da família quando já não havia mais a mínima esperança. Esse
acontecimento teve um impacto extraordinário sobre toda a sociedade de sua época.
Para o ministério de Jesus, aquela família tinha significância muito especial.
Sempre que ia a Jerusalém ou a seus arredores, Ele hospedava-se na casa de Lázaro
e suas irmãs. Betânia estava situada aproximadamente a 3 quilômetros de
Jerusalém, na estrada que leva a Jericó.
1) Uma ceia para Jesus. Embora o texto não diga que a
ceia foi na casa de Lázaro, Marta certamente foi a organizadora da ceia a ser
oferecida a Cristo. Mais uma vez, ela tinha especial cuidado com a
hospitalidade e com a recepção ao ilustre visitante: “Fizeram-lhe, pois, ali
uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele” (Jo
12.2). Sem dúvida alguma, ela fez o melhor que sabia para atender bem ao grande
amigo da família.
2) Maria unge os pés de Jesus. Tudo indica que, após a ceia cuidadosamente
preparada por Marta, Maria surpreendeu a todos, pois, “ [...] tomando uma libra de unguento de nardo puro,
de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos;
e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (12.3). O gesto de Maria considerado
extravagante provocou grande rebuliço entre os presentes, principalmente em
Judas Iscariotes, o tesoureiro do grupo de discípulos. Diz o texto: “Então, um
dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo,
disse: Por que não se vendeu este unguento por trezentos
dinheiros,
e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isso não pelo cuidado que tivesse dos
pobres, mas porque era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava”
(w. 4-6). Uma libra de “nardo puro” equivalia a cerca de “trezentos denários”,
como acentuou Judas, ou seja, quase o salário de um trabalhador durante um ano inteiro.
Judas, além de traidor, era mentiroso e hipócrita. Seu cuidado não era com os
pobres e nem com a assistência social, mas, sim, com sua ambição desenfreada
por dinheiro.
3) Jesus aprova o gesto de Maria. O traidor
reprovou a generosidade de Maria, mas Jesus reconheceu a grandeza das
intenções do seu coração agradecido. “Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia
da minha sepultura guardou isto” (12.7).
Pela fé, de forma profética, Maria ungiu antecipadamente o corpo de Jesus para
seu sepultamento. Sua visão era mais ampla e mais profunda. Marta via em Jesus
o amigo e visitante ilustre; já Maria via Ele como o seu Salvador, que havería
de morrer em seu lugar e que não tinha familiares que pudessem ungir seu corpo
na sua morte. Ante o argumento falacioso de Judas, pretensamente em defesa dos pobres,
Jesus acrescentou: “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem
sempre me tendes” (v. 8). Maria sabia discernir o tempo e a prioridade das
coisas, e Jesus reforçou essa compreensão. Naquele momento, para ela, o mais
importante era demonstrar sua gratidão e amor a Cristo. Os pobres poderíam ser atendidos
em qualquer tempo. A multidão de judeus acorreu à casa de Lázaro, por saber que
Jesus ali estava, querendo também ver de perto aquele que fora ressuscitado
depois de quatro dias. A repercussão foi tão grande que os principais dos
sacerdotes deliberaram matar a Jesus e também a Lázaro. Um bom número de judeus
creu em Jesus por causa do milagre da ressurreição de Lázaro (12.9-11).
2. Maria Ungiu a Cabeça de Jesus
Na mesma semana que antecedeu à morte
de Jesus, Maria, mais uma vez, foi movida de profundo sentimento de ternura e
valorização do seu Mestre. Mateus diz que Jesus, após o seu sermão profético
proferido em Jerusalém, concluiu seus discursos e disse aos discípulos: “Bem
sabeis que, daqui a dois dias, é a Páscoa, e o Filho do Homem será entregue
para ser crucificado” (Mt 26.2 - grifo
nosso). Dali, Ele dirigiu-se a Betânia, onde, nacasa de “Simão, o leproso”,
ofereceram outro jantar a Ele. Ali,diz o texto, que “uma mulher” ungiu os seus
pés. O evangelista Mateus registra esse fato, dizendo: “E, estando Jesus em
Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um vaso
de alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça,
quando ele estava assentado à mesa” (v.
6,7). Marcos também diz que esse fato ocorreu “dois dias antes da páscoa” (Mc
14.1,3-9). Há indagações sobre se a “mulher” deste texto é mesmo Maria, irmã de
Lázaro. Mas o texto de João, que registra a ressurreição de Lázaro, diz: “Estava,
então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã
Marta. E Maria
era aquela
que tinha ungido o Senhor com unguento e lhe tinha enxugado os pés com os seus
cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo” (Jo 11.1,2).
Os estudiosos do Novo Testamento não são
unânimes em definir se, naquela ocasião, a mulher que ungiu a cabeça de Jesus
era a mesma Maria que ungiu os seus pés
(cf. Jo 12.3). Mas Michaels2 diz
sobre esse fato,
que “O narrador já fez alusão a esse incidente ao
apresentar Lázaro (11.2); todavia, reconta-o
agora com pormenores e na sequência apropriada. Trata-se reconhecidamente da mesma unção
que deve ter ocorrido em Betânia,
na casa de um leproso chamado Simão, de acordo com Marcos 14.3-9 e Mateus 26.6-13”. A Bíblia de Estudo
Cronológica - Aplicação Pessoal, em nota sobre Mateus 26.7, confirma esse
entendimento: “Esta mulher era Maria, a irmã de Marta e Lázaro, que vivia em
Betânia (Jo 12.1-3)”.3 De igual modo, essa Bíblia diz, em
nota sobre Marcos 14.3, que “A mulher
que ungiu os pés de Jesus foi Maria, a irmã de Lázaro e Marta”.4
Mais
uma vez, a devoção extremada de Maria por Jesus, com seu gesto de intensa
generosidade, provocou grande indignação e, dessa feita, não só por parte de
Judas, mas também dos discípulos, que consideraram aquele ato um “desperdício”.
Assim como Judas, eles viram apenas o valor monetário do precioso unguento, que
podería ser vendido “por grande preço” e dado aos pobres. Jesus, porém,
percebendo a inquietação dos discípulos, ficou ao lado da mulher, indagando e
dizendo: “ [...] Por que afligis esta mulher?
Pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto
sempre
tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora,
derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu
sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for
pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua”
(Mt 26.10-13).
3. Devemos Oferecer o Melhor a Jesus
O exemplo de Maria ensina-nos que devemos
oferecer a Jesus aquilo que temos de melhor em nossa vida. Na ocasião extrema, sendo
iminente a morte de Jesus, Maria quis demonstrar seu amor e sua gratidão
oferecendo algo que tivesse valor elevado, e não qualquer coisa por mera formalidade
ou religiosidade. Ela podería ter oferecido um unguento de menor preço, mas
ungiu Jesus “com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a
cabeça”.
O gesto torna-se mais impressionante, e até extravagante, pois, além do valor
do bálsamo, ela derramou-o sobre a cabeça de Jesus, fazendo com que a maior
parte do perfume caísse ao chão do local, o que provocou a indignação dos
circunstantes. O mais importante na adoração a Jesus é saber se Ele aceita nosso
louvor. E Jesus declarou sua aprovação ao gesto de Maria, dizendo: “Em verdade
vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também
será referido o que ela fez para memória sua” (Mt 26.13; Mc 14.9). A adoração a
Deus deve ter um caráter de sacrifício, de algo que tenha valor. O salmista
disse: “Oferece a Deus sacrifício de louvor e paga ao Altíssimo os teus votos”
(Sl 50.14, 23). Chama-nos a atenção o que acontece nos dias presentes. Em
igrejas, cantores e grupos musicais só se apresentam se receberem elevados
“cachês” — àsvezes, quantias exageradas —, dizendo ainda que
são “levitas”, que oferecem sacrifício a Deus. O sacrifício não é o que se
cobra dos outros, e sim o que se oferece a Deus.
III - O CARÁTER HUMILDE DE
MARIADE BETÂNIA
Com base
nos textos citados, podemos concluir que Maria, irmã de Lázaro, era uma mulher
humilde, mesmo sendo possuidora de ótima condição financeira, a ponto de poder
oferecer a Jesus valiosa oferta como verdadeiro sacrifício de louvor e
adoração.
No
episódio em que ela ficou assentada aos pés de Jesus (cf. Lc 10.39), revelou um
profundo senso de valor diante do Mestre, considerando prioridade maior ouvir
seus valiosos ensinos. Na ocasião, mesmo ouvindo sua irmã Marta reclamar diante
de todos que ela deveria sair da presença de Jesus para ajudá-la nas tarefas domésticas,
Maria não revidou, criticando a atitude da irmã, mas ficou em silêncio, sendo
compensada por Jesus, que a defendeu dizendo que ela escolhera “a boa parte, a
qual não lhe será tirada”
(Lc
10.42). Da mesma forma, quando foi criticada por Judas e, em outra ocasião,
pelos discípulos, pelo seu gesto generoso e extravagante de amor e adoração a
Jesus, ela soube ficar calada. Cristo, porém, falou por ela, não aprovando a
atitude dos discípulos e dizendo que ela fizera aquele ato, talvez até
inconscientemente, preparando Jesus para o seu sepultamento (Mt 26.12).
CONCLUSÃO
Maria de Betânia, irmã de Lázaro, deixou
um exemplo de como o cristão deve dar prioridade a Cristo em sua devoção sincera.
O cristão deve saber aproveitar os momentos especiais, de oração, de meditação
e de aprender as santas Escrituras. Uma serva de Deus não deve negligenciar os
afazeres domésticos sob sua responsabilidade, mas precisa saber administrar o
tempo e as oportunidades para não se deixar ficar tão assoberbada, a ponto de
não ter tempo para Jesus, sendo, assim, um exemplo para os crentes em todos os
tempos e lugares.
O Caráter
do Cristão
MARIA
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QUALIDADES E REALIZAÇÕES
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Talvez a única pessoa que entendeu e aceitou a morte iminente de
Jesus, e dedicou seu tempo para ungir seu corpo enquanto Ele ainda estava
vivo. Aprendeu quando ouvir e quando agir.
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LIÇÕES DE VIDA
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As tarefas de servir a Deus podem se tornar uma barreira para
conhecê-lo pessoalmente. Pequenos atos de obediência e serviço tem efeitos
amplos.
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ESTATÍSTICAS
VITAIS
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Local: Betânia. Parentes: Marta e Lázaro.
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VERSÍCULO-CHAVE
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"Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo
preparando-me para o meu sepultamento, Em verdade vos digo que, onde quer que
este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que
ela fez para memória sua" (Mt 26.12,13).
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A História de Duas Irmãs
E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou numa aldeia; e certa
mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
E tinha esta uma irmã, chamada Maria,
a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.
LUCAS 10.38,39
Já tentou fazer de
tudo um pouco?
Eu tento, faço e
provavelmente sempre farei. Não está apenas em minha natureza; também faz
parte da descrição de meu trabalho — e do seu também. Ser mulher requer
mais força, mais criatividade e mais sabedoria do que jamais imaginei quando
era uma garota. E isto não vale somente para as mulheres atarefadas de
hoje. Sempre foi assim.
Em 1814, Martha
Forman estava casada com um abastado proprietário de plantações em
Maryland. Você deve pensar que ela passava os dias tomando chá, usando
vestidos encantadores e dando ordens aos empregados, enquanto conversava com
importantes convidados. Pelo contrário, Martha trabalhava ao lado de seus
empregados das quatro da manhã às onze horas da noite. Dentre suas
atividades diárias estavam:
Transformar de 13,5 kg a 15,5 kg de sebo em vela; cortar quatorze
camisas, casacos ou calças para os escravos (a quem sempre chamava de
“o povo” ou “nossa família”); tricotar meias; lavar; tingir e fazer fios
de lã; assar tortas de carne e pudins de batata; semear ou colher o trigo;
matar animais da fazenda e salgar a carne; plantar ou colher frutas e verduras;
fazer geléias e compotas de frutas; caiar ou pintar as paredes; passar a roupa;
preparar grandes festas; cuidar da família doente e dos escravos.1
Então, o que você
fez hoje? Talvez não tenha abatido um porco ou colhido trigo, mas sei que
esteve ocupada. Se passou o dia fora trabalhando ou em casa cuidando das
crianças (ou ambos), seu dia passou rápido da mesma forma. Enquanto você
lê este livro, sua mente e seu corpo estão, provavelmente, tão cansados quanto
os da pobre Martha Forman.
Tenha o coração de
Maria no mundo de Marta. Esse pensamento a intriga. Em
seu interior há uma fome, uma vocação para conhecer e amar a Deus, para
conhecer verdadeiramente Jesus Cristo e a comunhão com o Espírito
Santo. Você não está em busca de mais conhecimento intelectual — anseia
por uma intimidade sincera.
Uma parte de você
ainda hesita. Exausta, você se pergunta como encontrar forças ou
tempo. Cultivar a vida espiritual parece mais uma obrigação — uma a mais
em uma vida transbordante de responsabilidades.
É quase como se
você estivesse no primeiro degrau de uma escada que se estende até o
céu. Ansiosa, mas atemorizada, você denomina os degraus usando as coisas
espirituais que deve fazer: estudar a Bíblia, orar, congregar...
“Ele está lá em
cima, em algum lugar”, você diz, inclinando-se levemente enquanto olha para
cima, incerta de como começar ou se quer mesmo experimentar a longa e
vertiginosa escalada. Mas não fazer nada significa deixar escapar o que o
seu coração já sabe: Há mais nesta caminhada cristã do que você já experimentou. E
você está faminta o bastante — e desesperada o suficiente — para querer de tudo
um pouco.
A história de duas irmãs
Talvez nenhuma
passagem das Escrituras descreva tão bem o conflito que sentimos como mulheres
do que aquela encontrada no Evangelho de Lucas. Basta mencionar os nomes
de Maria e Marta em um grupo de mulheres cristãs para perceber olhares e
risadinhas nervosas. Todas nós passamos por esse conflito. Queremos
adorar como Maria, mas a Marta dentro de nós continua a nos controlar.
Aí vai um lembrete
caso você tenha se esquecido da história. Está em Lucas. É a história
de duas irmãs. É a história sobre mim e sobre você.
Durante uma de suas
viagens, Jesus e seus discípulos chegaram a uma aldeia onde uma mulher chamada
Marta abriu sua casa ao Senhor. Ela tinha uma irmã, chamada Maria, que se
sentou aos pés de Jesus para ouvir o que Ele dizia. No entanto, Marta
estava distraída com as preparações que devia fazer. Veio até Ele e
perguntou: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe,
pois, que me ajude”.
“Marta, Marta”,
respondeu-lhe o Senhor, “estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma
só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lc
10.38-42).
O mundo de Marta
Quando li a
primeira parte da história de Marta e Maria, devo admitir que me afeiçoei mais
a Marta. Sei que somos propensas a proclamar elogios a Maria em estudos
bíblicos. Mas Marta, para ser honesta, combina melhor com minhas
tendências perfeccionistas.
Que
mulher! Abre sua casa para um grupo de treze homens famintos, talvez
mais. Que anfitriã! Ela não prepara uma panela improvisada de
macarrão semipronto com queijo e salsichas, como costumo fazer nessas
ocasiões. Ela não! Ela é a verdadeira Martha Stewart,2 ou
então a mulher virtuosa descrita em Provérbios 31. Bem, ao menos é assim
que eu a imagino. Ela é a “rainha da cozinha” — e do resto da casa também.
A história de Lucas
começa com Marta em seu momento de glória. Afinal, trata-se de
Jesus. Ela rasga o cardápio comum do dia-a-dia, composto por sopa e pão, e
resgata todos os livros de receitas. Este, decide ela, será um banquete
digno de um messias. Para o Messias. Marta envia um servo ao campo
para abater um cordeiro e outro ao mercado para escolher algumas daquelas
saborosas romãs que vira ontem; como em um quartel-general, ela dita as ordens
para seus assistentes de cozinha: “Ponham as lentilhas de molho! Soquem os
grãos! Sovem a massa!”
Tanta coisa para
fazer em tão pouco tempo. Ela deve se assegurar de que as peças da mesa e
os guardanapos combinam, e que o criado sirva o vinho do lado direito e não do
esquerdo. A mente de Marta está tão ocupada quanto um quarto cheio de
crianças do jardim de infância. O que seria mais adequado para a
sobremesa? Queijo de cabra com uma bandeja de frutas frescas? Será
que Jesus e seus seguidores passarão a noite aqui? Alguém deve trocar os
lençóis e dobrar algumas toalhas.
“Onde está
Maria? Alguém a viu?”, ela pergunta a um servo, apressando-o. Se
Maria trocasse os lençóis, Marta poderia ter tempo para moldar o queijo em
forma de arca e esculpir as frutas como pequenos animais marchando dois a
dois. Produções dessa magnitude requerem a habilidade de uma mestra em
planejamentos. E Marta é uma administradora extraordinária. Sou a
mais velha na família. Talvez seja por isso que eu compreenda quão
frustrada Marta deve ter se sentido quando finalmente encontrou Maria. A
casa inteira está em alvoroço, agitada para receber o mestre mais famoso de seu
tempo, provavelmente o próximo rei de Israel. Posso enxergar a raiva que
ferve dentro de Marta ao olhar sua irmã preguiçosa sentada aos pés do Mestre na
sala de estar.
É muito
simples. Com tantas coisas a serem feitas, lá está sentada a pequena
Maria, muito teimosa, participando de uma reunião somente para
homens. Pior, parece ignorar Marta gesticulando do corredor.
Marta tenta
tossir. Chega até a lançar mão de sua arma mais eficaz: “o olhar de
raiva”, famoso por intimidar os homens. Mas nada do que fazia era capaz de
surtir efeito em sua irmãzinha. Maria só tinha olhos para Jesus.
Já em seu limite,
Marta faz algo inédito. Interrompe a reunião dos rapazes, certa de que
Jesus ficará do seu lado. Afinal, o lugar da mulher é na cozinha. Sua
irmã, Maria, deveria estar ajudando a preparar a refeição.
Marta percebe que
há uma espada afiada em sua voz, mas Jesus vai compreender. Ele sabe mais
do que ninguém o significado de carregar o peso do mundo.
É claro que você
não encontrará tudo isso na Bíblia. Lucas dedicou apenas quatro versículos
para um acontecimento destinado a mudar a vida de Marta para sempre. E a
minha também. E a sua, se permitir que essa verdade fundamental penetre em
seu coração.
Em vez de aplaudir
Marta, Jesus gentilmente a repreendeu, dizendolhe que Maria havia escolhido a
“boa parte”. Ou, como diz outra tradução, “Maria escolheu a melhor parte”
(New Revised Standard Version).
“A melhor parte”,
Marta deve ter repetido sem acreditar.
“A melhor
parte!” É o que digo a Deus em meio a minha pressa de fazer
tudo. “Quer dizer que há mais? Eu tenho que fazer mais?”
Não, não, chega a
resposta ao meu cansado coração. As palavras de Jesus descritas em Lucas
10 são inacreditavelmente libertadoras para aqueles que se ocupam com os
trabalhos árduos desta vida.
Não é “mais” o que
Ele requer de nós. De fato, pode ser menos.
Um coração de Maria
A Bíblia não nos
fala muito a respeito de Marta e Maria. São mencionadas pelo nome apenas
três vezes nas Escrituras: Lucas 10.38-42; João 11.1-44 e João
12.1-11. Mas, através desses breves relatos, um quadro fascinante se
revela sobre como devia ser a vida naquela casa em Betânia — e como a vida
sempre se mostra para nós.
Dizem que a
diversidade é o tempero da vida. Deve ser por essa razão que Deus às vezes
coloca pessoas com personalidades tão diferentes na mesma família (ou então,
Ele está tentando nos preparar para o casamento). Maria era a luz do sol
para os trovões de Marta. Era o breque (freio) para a locomotiva de
Marta. A inclinação de Maria era deslizar pela vida, parando para cheirar
as rosas. Marta era mais propensa a colher as rosas, cortar rapidamente os
talos em ângulo e ajeitá-las no vaso com os cravosde-amor e as samambaias.
Não há como dizer
que uma está certa e a outra errada. Somos todas diferentes e foi assim
mesmo que Deus nos criou. Cada personalidade e talento tem seus pontos
fortes e fracos, suas glórias e tentações.
Acho interessante
que, quando Jesus corrigiu Marta, não disse “Por que você não pode ser mais
parecida com sua irmã Maria?” Ele sabia que Marta nunca seria Maria e
Maria nunca seria Marta. Mas, quando ambas estiveram diante da mesma
escolha — de trabalhar ou de adorar — Jesus disse: “Maria escolheu a melhor
parte”.
Para mim, isso
implica que a melhor parte estava disponível tanto para Maria como para
Marta. E está à disposição de cada uma de nós, não obstante nossa
personalidade e talentos. É uma escolha que cada uma de nós pode fazer.
É verdade que, sob
o ponto de vista da personalidade, a escolha deve ter sido mais fácil para
Maria do que para Marta. Maria parece ser mais propensa a caminhar sob o
orvalho da manhã do que a ser levada pelas obrigações cotidianas.
Tenho certeza de
que quando Jesus chegou de modo inesperado naquela tarde, Maria provavelmente
começou a servir as visitas, como havia feito muitas vezes antes. Posso
vê-la pegando os cajados, enquanto os discípulos se espalhavam pela casa bem
arrumada de sua irmã. Encoberta por mantos e sacos de viagem, observa o
homem que cativou o coração de Israel com suas palavras. Há tanta alegria
e encanto nEle, que é impossível não ser atraída para esse homem.
“Jesus poderia ser
o Messias sobre quem as pessoas falavam?”, Maria se pergunta. Ela sabe que
Ele é um grande mestre. Mas esse homem que admira a tapeçaria feita por
ela, que a liberta de sua timidez e que faz parte do círculo de seus amigos
íntimos poderia ser de fato o Filho de Deus?
Ela coloca os
pertences dos discípulos em um canto e se apressa em servir vinho ao grupo
sedento. Entre eles, há uma tranqüilidade, uma camaradagem
genuína. Os homens riem das brincadeiras dos outros enquanto tiram a
poeira dos pés com o líquido providenciado por ela. Então, se acomodam nas
almofadas ao redor da sala e Jesus começa a ensinar.
Maria nunca tinha
ouvido alguém falar como Ele. Há um magnetismo em suas palavras, como se
contivessem fôlego e vida — coisas que Maria desconhecia necessitar até aquele
dia. Ela se move lentamente para chegar mais perto e ficar em um canto
escuro ouvindo Jesus. Seus braços seguram o cântaro vazio. Está
atenta a qualquer movimento ao seu redor. Vários servos ocupados lavando
pés sujos, enquanto outros colocam a mesa para a refeição, do outro lado da
sala. Maria sabe que há muito a fazer. Mas ainda é incapaz de se
mover — a não ser para chegar mais perto.
Não é costume uma
mulher se sentar com um grupo de homens, mas as palavras de Jesus a
acolheram. Apesar de sua natural discrição, ela se move gradualmente até
se ajoelhar aos pés do Senhor. O ensino de Jesus a envolve, revelando a
verdade ao seu coração faminto.
A Bíblia não deixa
claro se essa foi ou a não a primeira visita de Jesus àquela casa em
Betânia. A franqueza de Marta parece indicar uma familiaridade prévia,
mas, seja qual for o caso, nesse dia Maria escolheu deixar outra pessoa
servindo, para que pudesse ouvir um pouco. Não é todo dia que Deus nos
visita em casa. Então, ela ignora a tradição, quebra a etiqueta social e chega
mais perto. O mais perto possível de Jesus.
Não tem importância
que seu gesto poderia ser mal interpretado. Não se importa com os olhares
estranhos dos discípulos. Em algum lugar distante, ela ouve seu nome, mas
está atraída pelo chamado do Mestre. O chamado para vir. O chamado
para ouvir. E é isso o que ela faz.
A história de todas as mulheres
Através do cenário
de hóspedes inesperados em Betânia, vejo a luta que enfrento todos os dias
quando o trabalho e a adoração entram em conflito.
Parte de mim é
Maria. Quero adorar com ardor. Desejo sentar-me aos seus pés.
Mas parte de mim é
Marta — e há tanta coisa para fazer!
Tantas necessidades
legítimas me cercam, me compelindo ao trabalho. Ouço o terno chamado de
Deus para ir embora cedo e eu respondo “Sim, Senhor, eu irei”. Mas, então
o telefone toca e me lembro do cheque que deveria ser depositado —
ontem. De repente, todas as minhas boas intenções de adorar desaparecem,
engolidas pelo que Charles Hummel chama de “a tirania do urgente”.
“Vivemos em tensão
constante entre o urgente e o importante”, escreve Hummel. “O problema é
que muitas tarefas importantes não precisam ser feitas hoje, ou até mesmo esta
semana. Horas extras de oração e estudo bíblico podem esperar. Mas as
tarefas urgentes requerem uma resposta imediata — demandas intermináveis
pressionam cada dia e hora.”3
Isso soa
familiar? Para mim, sim. As vinte e quatro horas distribuídas por
cada dia raramente são suficientes para o cumprimento de todas as minhas
obrigações. Tenho uma casa para administrar, um marido para amar, crianças
para cuidar e um cão para alimentar. Tenho compromissos na igreja, prazos
para escrever e almoços marcados. E apenas uma pequena parte disso eu
chamaria de inútil. Um tempo atrás, tentei cortar o que pensava ser
insignificante. Esta é a minha vida — e as horas já estão comprometidas.
A revista Today’s
Christian Woman fez um levantamento com mais de mil mulheres
cristãs. Mais de 60% revelaram que trabalham fora em tempo integral.4 Acrescente
o trabalho doméstico e as incumbências de uma carreira de quarenta e quatro
horas semanais e terá uma receita de exaustão. Mulheres que optam por
ficar em casa igualmente mantêm vidas muito ocupadas. Acompanhar crianças
que começam a andar, levar os garotos para o futebol, trabalhar como voluntária
na escola, cuidar dos filhos dos vizinhos — a vida parece agitada em todos os
níveis.
Então, onde
encontramos tempo para seguir Maria até os pés de Jesus? Onde encontramos
energia para servir o Senhor?
Como escolhemos a
melhor parte e ainda conseguimos fazer tudo o que realmente deve ser feito?
Jesus é o nosso
exemplo supremo. Nunca estava apressado. Sabia quem era e para onde
ia. Não se tornou refém das demandas e das necessidades afoitas deste
mundo. “Apenas faço o que o Pai me enviou a fazer”, Jesus disse aos
discípulos.
Alguém disse que
Jesus saía de um lugar de oração para outro e fazia milagres nesses
intervalos. Como é incrível estar em sintonia com Deus, de modo que
nenhuma ação seja desperdiçada e nenhuma palavra caia por terra!
Esta é a intimidade
que Jesus nos convida a compartilhar. Nos convida a conhecer, a vê-lo tão
claramente que, quando olharmos para Ele, veremos a face do próprio Deus.
Assim como acolheu
Maria para se sentar aos seus pés na sala de estar e convidou Marta para deixar
a cozinha por um instante e gozar da melhor parte, Jesus nos chama para vir.
Atendendo ao seu
convite, encontramos a chave para nossos anseios, o segredo de viver além das
pressões diárias, que por sua vez tentam nos afastar com força. À medida
que aprendemos o significado de escolher a melhor parte da intimidade com
Cristo, inicia-se uma mudança em nós.
Não se trata de uma
mudança qualquer. O Salvador nos aceita da maneira como somos — Maria,
Marta ou a combinação de ambas — mas nos ama demais para permitir que
continuemos assim. Ele é o único que pode nos dar um coração de Maria em
um mundo de Marta.
Essa transformação
é exatamente o que vemos na continuação das histórias de Marta e Maria nos
Evangelhos. Marta, como veremos adiante, não põe de lado sua
personalidade, não desiste de seus “hobbies” ou queima seus livros de receitas para
adorar a Jesus. Não tenta ser igual a Maria; simplesmente
obedece. Recebe a repreensão de Jesus e aprende que há o momento para
trabalhar e o momento para adorar. A Marta que vemos mais tarde nos
Evangelhos não é mais inquieta ou ressentida, mas cheia de fé e
confiança. O tipo de fé e confiança que só se adquire aos pés de Jesus.
Maria também
mudou. Embora sua natureza contemplativa faça dela uma adoradora nata,
também a deixa vulnerável ao desespero, como vemos adiante nos
Evangelhos. Quando acontece o infortúnio, Maria tende a ser inundada pela
tristeza e paralisada pelas dúvidas. Mas, no final, quando percebe que
Jesus está próximo, ela coloca em ação o que aprendeu com a adoração. Ela
segue adiante e agarra a oportunidade de servir de um modo maravilhoso e
sacrificial.
Isso é o que vejo
no retrato bíblico das duas irmãs de Betânia. Duas mulheres completamente
diferentes sofrem uma transformação bem diante de nossos olhos: uma santa
renovação. A audaciosa se torna mansa, e a meiga, corajosa. É impossível
estar na presença de Deus e não ser transformado.
Durante a leitura
dos próximos capítulos, peço a Deus que você permita ao Espírito Santo penetrar
em todos os cantos escondidos de sua vida. Se você tende a ser compulsiva
como Marta ou mais contemplativa, como Maria, Deus a chama para uma amizade
íntima com Ele através de Jesus Cristo.
A escolha que Ele
ofereceu a essas duas irmãs diferentes — e a transformação por elas
experimentada — é exatamente o que oferece a cada uma de nós.
Primeiro as coisas mais importantes
A intimidade
da sala de estar que Maria teve com Jesus nunca resultará da
agitação da cozinha de Marta. Agitação, por si só, causa
distração. Vemos em Lucas 10.38 uma mulher com a virtude da
hospitalidade. Marta abriu sua casa para Jesus, mas isso não significa que
ela automaticamente tenha aberto seu coração. Em sua ânsia de servir a
Jesus, ela quase perdeu a oportunidade de conhecê-lo.
Lucas nos diz que
“Marta, porém, andava distraída em muitos serviços”. Em sua mente, ela se
preocupava em fazer o melhor. Tinha que fazer o máximo por Jesus.
Podemos ser pegas
pela mesma cilada de desempenho, sentindo que devemos provar nosso amor a Deus
através de grandes feitos. Então, nos apressamos em deixar a intimidade
da sala de estar para nos ocupar por Ele na cozinha —
realizando grandes ministérios e projetos maravilhosos, no esforço de divulgar
as Boas Novas. Fazemos todo o nosso trabalho em seu nome. Nós o
chamamos “Senhor, Senhor”. Mas, no fim, será que Ele nos
reconhecerá? ...
( do livro: Como Ter O Coração De Maria No Mundo de Marta )
Editora: CPAD
Autor: Joanna Weaver
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