segunda-feira, 29 de maio de 2017

Lição: 10- Maria, a Irmã de Lázaro, uma Devoção Amorosa


Classe: Adultos
Revista: Do professor - CPAD
Data da aula: 4 de Junho de 2017
Trimestre: 2° de 2017
Texto Áureo
Então, Maria, tomando uma libra de unguento de nardo puro, de
muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.(Jo 12.3)
Verdade Prática
Maria, de Betânia, é exemplo do crente que dá prioridade a Jesus em sua vida, e lhe oferece o melhor em gratidão por seu amor.

                                          Capítulo 10

          MARIA, IRMÃ DE LÁZARO: UMA
                DEVOÇÃO AMOROSA

Nos evangelhos, há menção de sete Marias.1 Neste estudo, veremos a pessoa de Maria, irmã de Lázaro. Era um nome bem comum. Deriva do nome Miriã, no hebraico, que era a irmã de Moisés e de Arão, e compunha a liderança do povo de Israel na saída do Egito em direção a Canaã.
      Maria, irmã de Lázaro, ou Maria de Betânia, era uma mulher humilde e, ao mesmo tempo, cheia de energia e ousadia. Ten­do Jesus hospedado-se em sua casa, quando ia para Jerusalém, Maria preferiu ficar ouvindo a palavra do Mestre enquanto sua irmã envolvia-se nas tarefas domésticas  (Lc 10.39). Ela foi re­provada por Marta, mas recebeu enorme elogio de Jesus por ter escolhido “a boa parte”  (10.41,42). Na mesma semana daquele acontecimento, vemos os fatos em que Maria, irmã de Lázaro,
aparece protagonizando um dos momentos mais interessantes e polêmicos do ministério de Jesus.
       O fato ocorreu na última semana de Jesus antes de sua morte na cruz do Calvário. Era um período muito tenso em Jerusalém, pois aproximava-se a Páscoa, a maior festa judaica, e milhares de pessoas invadiam a cidade para as comemorações pascais (Jo 11.55). Maior motivo para as tensões era a determinação dos principais dos sacerdotes de materem Jesus  (v. 57), por inveja, por motivo político em relação a César, ainda que todo o desen­rolar dos acontecimentos estivessem sob o controle de Deus, em cumprimento à sua palavra, às profecias e também seu plano para a salvação da humanidade.
       Naquelas circunstâncias, o evangelista João narra o que aconteceu em Betânia num jantar que foi oferecido a Jesus. Quem aparece em primeiro plano é Marta, que ajudou a organizar o evento — como sempre muito solícita e cuidadosa na demonstra­ção de hospitalidade para com Jesus. Mas quem toma a cena, de forma bem dramática, é Maria. Ela aparece inesperadamente e faz algo que deixou os presentes atônitos. “Então, Maria, tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento”  (Jo 12.3).
      Ela demonstrou ser ousada, cheia de iniciativa, decidida e generosa. Primeiramente, porque não era comum uma mulher entrar num ambiente repleto de homens. Ao que tudo indica, ali não era a sua casa. Depois, porque o valor do perfume derramado sobre os pés de Jesus era caríssimo. O dispêndio na aquisição daquele unguento era em torno de 300 denários, o valor dos sa­lários de um trabalhador durante quase um ano inteiro. E ainda,
porque ela passou por cima de todas as convenções e costumes do seu tempo ao abaixar-se e enxugar os pés de Jesus com os próprios cabelos, que eram crescidos e abundantes sem dúvida. E todo o ambiente ficou impregnado com o cheiro agradável e forte daquele unguento.
       Além do episódio protagonizado por Maria, que ficou co­nhecido como “a unção em Betânia”, e é narrado por João, que dá respaldo a este capítulo em seu livro no capítulo 12, do versículo 1 a 8, Mateus faz referência a episódio semelhante no capítulo 26, do versículo 6 a 13, e Marcos no capítulo 14, do versículo 3 a 9, com narrativas diferentes em alguns aspectos. Há discordâncias se são eventos únicos ou episódios distintos. No texto em apreço, veremos algumas explicações, a nosso ver, consistentes.

             I  - O EXEMPLO DE MARIA DE
                             BETÂNIA

I. Maria “escolheu a boa parte”
Não se sabe como Jesus travou conhecimento com a família dos três irmãos Lázaro, Maria e Marta, que viviam em Betânia, e deles tornou-se bastante amigo, provando bem de perto de sua amizade fraternal. Sempre que ia a Jerusalém, o Mestre costumava pousar na casa dessa família. Era uma família amada por Jesus (JoII.  5,32). Certa vez, acompanhado de seus discípulos, Jesus entrou em Betânia. Ali, Ele foi recebido na casa de Lázaro por sua irmã, Marta. Na ocasião, sua outra irmã, Maria, percebendo a rica oopor- tunidade de ter Jesus em sua própria casa, deu prioridade ao estar
na presença de Jesus, ouvindo suas sábias mensagens. Aquela não era uma ocasião comum. Jesus só passava por aquela aldeia chamada Betânia quando ia para Jerusalém. Maria teve a percepção de que aquele era um momento que deveria ser aproveitado plenamente por várias razões.

1)  Jesus entrou na aldeia. Maria tinha conhecimento de quem era Jesus desde que suas mensagens ecoaram pela Palestina. Mateus diz que Jesus andava por todas as cidades e aldeias levando sua mensagem, fazendo suas jornadas a pé com seus discípulos. Certamente, Ele não podia privilegiar uma cidade em detrimento de outra, visitando-a várias vezes. Estar em Betânia era uma ocasião especial. “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35). Lucas
diz que o Mestre passava por todos os lugares, mas seu foco era Jerusalém: “E percorria as cidades e as aldeias, ensinando e cami­nhando para Jerusalém” (Lc 13.22). Pouquíssimas cidades tiveram a honra de ter Jesus em suas ruas, em suas praças, e também de tê-lo hospedado em alguma desuas residências. Como Betânia ficava próxima de Jerusalém, Jesus, em lugar de pousar na capital, preferia repousar na tranquilidade da aldeia, algumas vezes na casa da família de Lázaro, seu amigo (Jo 11.11).

2) Jesus na casa de Maria. O texto de Lucas  10 diz que Marta, irmã de Maria, recebeu Jesus em sua casa (10.38). Havia muitas casas em Betânia, mas receber Jesus e seus discípulos no lar era motivo de muita alegria e orgulho para uma família piedosa. Certamente, a casa não era pequena, pois lá tinha lugar para Jesus e seus discípulos. Cremos que, ao receber Jesus e seus discípulos em sua caminhada, Ele não chegou a casa e começou logo a pregar. Tudo indica que Jesus foi acomodado nas dependências que a família destinou a Ele e a seus seguidores, comeu de suas refeições e foi acolhido com muita hospitalidade, como era comum e altamente valorizado em Israel (Hb 13.2).

3) Maria prefere ficar aos pés de Jesus. Num momento apropriado, Jesus aproveitou para ministrar sua palavra naquele lar. O texto em apreço é muito curto, porém encerra lições pre­ciosas para quem sabe valorizar a presença de Jesus no seu lar. Lucas diz que Marta recebeu Jesus e que Maria assentou-se aos pés dEle e ouvia a sua palavra: “E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra” (10.39). Lucas não faz menção do teor da palavra de
Jesus; por isso, não podemos especular a respeito, mas podemos imaginar que eram lições preciosas, de grande valor e relevância para aquela família e também para todos os que ali se encontravam, incluindo os discípulos e o próprio Lázaro. Enquanto Maria ouvia Jesus, Marta, sua irmã, estava mais preocupada com as atividades domésticas e, talvez, em como agradar a Jesus, oferecendo-lhe a cortesia do seu lar. De início, não podemos julgá-la por isso. No entanto, ela demonstrou não saber aproveitar aquele momento
e ainda criticou a irmã, julgando que a mesma não estava agindo bem, ficando aos pés de Jesus: “Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Senhor, não te im­portas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude” (10.40). Além de não priorizar aquele momento de estar ouvindo Jesus, Marta ainda fez uma insinuação crítica de que Jesus não tinha sensibilidade para com ela e, diante de todos os presentes, numa atitude descortez, cobrou de Jesus que dissesse a Maria que fosse ajudá-la.

2. Maria Deu Prioridade a Jesus

      Maria é um exemplo de serva de Deus que soube avaliar as prioridades no relacionamento com Jesus. Ela tinha tarefas do­mésticas a realizar assim como Marta, sua irmã, porém entendia também que, se Jesus estava ali, naquela ocasião, a prioridade era ouvir sua palavra, e não ficar “distraída em muitos serviços” como Marta ficou. Ao ser questionado por Marta, que cobrava de Jesus que determinasse que Maria se levantasse de sua presença e fosse ajudá-la, Jesus respondeu de forma amorosa, porém cheia de ensino precioso: “ [...] Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”  (w. 41,42).  A “boa parte” que Maria escolheu foi ouvir Jesus, ficar a seus pés em atitude de reverência e adoração e procurar não perder uma só palavra proferida por Ele — uma grande lição para nós, nos tempos presentes, quando a agitação da vida pós-moderna faz grande parte dos crentes perder a noção do que é essencial e do que é secundário no seu dia a dia.

3. Mais Martas do que Marias
       Podemos afirmar que, no mundo atual, há muito mais “Martas” do que “Marias”. Hoje em dia, mulheres e homens cristãos têm muito mais coisas para se distraírem, afadigarem-se e ficarem ansiosos do que tinham no tempo de Maria. A vida moderna exige que a mulher deixe de ser apenas dona de casa, esposa e mãe, e assuma posições na vida dos estudos e na profissão. Não há nada de errado nessa realidade. Mas o tempo para Deus, o tempo para estar aos pés de Jesus, ouvindo atenciosamente a sua Palavra é muito mais escasso do que na época de Marta e Maria. Além dos excessos de atividades em casa, na escola e na igreja, homens e mulheres estão sendo dominados e até escravizados por redes sociais, por causa do uso excessivo das tecnologias da informação e da imagem, a ponto de não haver mais tempo para a maior parte das famílias estar nos cultos de oração, nos cultos de doutrina e na Escola Bíblica Dominical. As “Martas” são o tipoMaria, Ermã de Lázaro: Uma Devoção Amorosa de crente que, além de se deixarem assoberbar de tarefas, ainda criticam aqueles que buscam mais as coisas de Deus, as “coisas que são de cima” — as “Marias” (Cl 3.1).
        Se, por parte da família, não houver uma decisão sábia e firme
de dar prioridade às coisas de Deus, em poucos anos, ocorrerá o que aconteceu na Europa. O Diabo incutirá de vez o materia- lismo nas escolas, e os filhos serão dominados pelo ateísmo. As famílias, especialmente os filhos, perderão o interesse de estar aos pés do Senhor, e a tragédia espiritual será inevitável. É tempo de seguir o conselho registrado em Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Notemos que há tempo “para todo o propósito” debaixo do céu; não diz que há “tempo para tudo”. Se quisermos
agir como Maria, escolhendo “a boa parte” — a de estar aos pés do Senhor — precisaremos ter no coração o propósito de dar prioridade à vida devocional, de ler a Bíblia, de orar, de ir à igreja, de envolvermo-nos no serviço da Obra do Senhor. O culto do­méstico é a forma mais eficaz de reunir a família para adoração a Deus no lar. Bastam 20 a 30 minutos, no máximo, para a família louvar a Deus, ler a Bíblia, pedir orações e orar juntos. Essa sim­ples reunião informal tem sido usada por Deus para fortalecer a família cristã, livrando-a da desgraça espiritual e moral que tem
destruído grande parte dos lares cristãos.
  
          
                            || - MARIA, A MULHER QUE UNGIU
                                               O SENHOR
    
       



Maria, irmã de Lázaro — ou Maria de Betânia — era uma mulher cujo caráter tinha a marca da sensibilidade, da afetividade intensa. Ela amava tanto Jesus como amigo e benfeitor da família que, na última semana, antes da morte do Senhor, ela ungiu-o duas vezes. Jesus estava ameaçado de prisão e morte pelos chefes dos sacerdotes, e Maria resolveu fazer o que achou de melhor para demonstrar seu amor pelo seu Mestre.

1.  Maria Ungiu os Pés de Jesus
      
      De acordo com a cronologia dos fatos que antecederam a morte de Cristo, conforme diz a Bíblia, Jesus dirigiu-se a Betânia, onde Lázaro encontrava-se: “Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos” (Jo12.1).Jesus tinha enorme apreço por Lázaro e sua família. Ele, milagrosamente, por seu eterno Poder,
ressuscitou o líder da família quando já não havia mais a mínima esperança. Esse acontecimento teve um impacto extraordinário sobre toda a sociedade de sua época. Para o ministério de Jesus, aquela família tinha significância muito especial. Sempre que ia a Jerusalém ou a seus arredores, Ele hospedava-se na casa de Lázaro e suas irmãs. Betânia estava situada aproximadamente a 3 quilômetros de Jerusalém, na estrada que leva a Jericó.

1) Uma ceia para Jesus. Embora o texto não diga que a ceia foi na casa de Lázaro, Marta certamente foi a organizadora da ceia a ser oferecida a Cristo. Mais uma vez, ela tinha especial cuidado com a hospitalidade e com a recepção ao ilustre visitante: “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele” (Jo 12.2). Sem dúvida alguma, ela fez o melhor que sabia para atender bem ao grande amigo da família.

2) Maria unge os pés de Jesus. Tudo indica que, após a ceia cuidadosamente preparada por Marta, Maria surpreendeu a todos, pois, “ [...]  tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (12.3). O gesto de Maria considerado extravagante provocou grande rebuliço entre os presentes, principalmente em Judas Iscariotes, o tesoureiro do grupo de discípulos. Diz o texto: “Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este unguento por trezentos
dinheiros, e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isso não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava” (w. 4-6). Uma libra de “nardo puro” equivalia a cerca de “trezentos denários”, como acentuou Judas, ou seja, quase o salário de um trabalhador durante um ano inteiro. Judas, além de traidor, era mentiroso e hipócrita. Seu cuidado não era com os pobres e nem com a assistência social, mas, sim, com sua ambição desenfreada por dinheiro.
     3)   Jesus aprova o gesto de Maria. O traidor reprovou a gene­rosidade de Maria, mas Jesus reconheceu a grandeza das intenções do seu coração agradecido. “Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto”  (12.7). Pela fé, de forma profética, Maria ungiu antecipadamente o corpo de Jesus para seu sepultamento. Sua visão era mais ampla e mais profunda. Marta via em Jesus o amigo e visitante ilustre; já Maria via Ele como o seu Salvador, que havería de morrer em seu lugar e que não tinha familiares que pudessem ungir seu corpo na sua morte. Ante o argumento falacioso de Judas, pretensamente em defesa dos pobres, Jesus acrescentou: “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes” (v. 8). Maria sabia discernir o tempo e a prioridade das coisas, e Jesus reforçou essa compreensão. Naquele momento, para ela, o mais importante era demonstrar sua gratidão e amor a Cristo. Os pobres poderíam ser atendidos em qualquer tempo. A multidão de judeus acorreu à casa de Lázaro, por saber que Jesus ali estava, querendo também ver de perto aquele que fora ressuscitado depois de quatro dias. A repercussão foi tão grande que os principais dos sacerdotes deliberaram matar a Jesus e também a Lázaro. Um bom número de judeus creu em Jesus por causa do milagre da ressurreição de Lázaro (12.9-11).

2.  Maria Ungiu a Cabeça de Jesus
        Na mesma semana que antecedeu à morte de Jesus, Maria, mais uma vez, foi movida de profundo sentimento de ternura e valorização do seu Mestre. Mateus diz que Jesus, após o seu sermão profético proferido em Jerusalém, concluiu seus discur­sos e disse aos discípulos: “Bem sabeis que, daqui a dois dias, é a Páscoa, e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26.2 -  grifo nosso). Dali, Ele dirigiu-se a Betânia, onde, nacasa de “Simão, o leproso”, ofereceram outro jantar a Ele. Ali,diz o texto, que “uma mulher” ungiu os seus pés. O evangelista Mateus registra esse fato, dizendo: “E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa”  (v. 6,7). Marcos também diz que esse fato ocorreu “dois dias antes da páscoa” (Mc 14.1,3-9). Há indagações sobre se a “mulher” deste texto é mesmo Maria, irmã de Lázaro. Mas o texto de João, que registra a ressurreição de Lázaro, diz: “Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. E Maria
era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo” (Jo 11.1,2).
       Os estudiosos do Novo Testamento não são unânimes em definir se, naquela ocasião, a mulher que ungiu a cabeça de Jesus era a mesma Maria que ungiu os seus pés  (cf. Jo  12.3). Mas Michaels2 diz sobre  esse  fato,  que  “O  narrador já fez alusão a esse incidente ao apresentar Lázaro  (11.2); todavia, reconta-o agora com pormenores e na sequência apropriada. Trata-se  reconhecidamente  da mesma unção  que  deve ter ocorrido em Betânia, na casa de um leproso chamado Simão, de acordo com Marcos  14.3-9 e Mateus 26.6-13”. A Bíblia de Estudo Cronológica - Aplicação Pessoal, em nota sobre Mateus 26.7, confirma esse entendimento: “Esta mulher era Maria, a irmã de Marta e Lázaro, que vivia em Betânia  (Jo  12.1-3)”.3 De igual modo, essa Bíblia diz, em nota sobre Marcos  14.3, que “A mulher que ungiu os pés de Jesus foi Maria, a irmã de Lázaro e Marta”.4
       Mais uma vez, a devoção extremada de Maria por Jesus, com seu gesto de intensa generosidade, provocou grande indignação e, dessa feita, não só por parte de Judas, mas também dos discípulos, que consideraram aquele ato um “desperdício”. Assim como Judas, eles viram apenas o valor monetário do precioso unguento, que podería ser vendido “por grande preço” e dado aos pobres. Jesus, porém, percebendo a inquietação dos discípulos, ficou ao lado da mulher, indagando e dizendo: “ [...]  Por que afligis esta mulher? Pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto
sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. Em ver­dade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua” (Mt 26.10-13).

3.  Devemos Oferecer o Melhor a Jesus
      O exemplo de Maria ensina-nos que devemos oferecer a Jesus aquilo que temos de melhor em nossa vida. Na ocasião extrema, sendo iminente a morte de Jesus, Maria quis demonstrar seu amor e sua gratidão oferecendo algo que tivesse valor elevado, e não qualquer coisa por mera formalidade ou religiosidade. Ela podería ter oferecido um unguento de menor preço, mas ungiu Jesus “com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a
cabeça”. O gesto torna-se mais impressionante, e até extravagante, pois, além do valor do bálsamo, ela derramou-o sobre a cabeça de Jesus, fazendo com que a maior parte do perfume caísse ao chão do local, o que provocou a indignação dos circunstantes. O mais importante na adoração a Jesus é saber se Ele aceita nosso louvor. E Jesus declarou sua aprovação ao gesto de Maria, dizendo: “Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua” (Mt 26.13; Mc 14.9). A adoração a Deus deve ter um caráter de sacrifício, de algo que tenha valor. O salmista disse: “Oferece a Deus sacrifício de louvor e paga ao Altíssimo os teus votos” (Sl 50.14, 23). Chama-nos a atenção o que acontece nos dias presentes. Em igrejas, cantores e grupos musicais só se apresentam se receberem elevados “cachês” — àsvezes, quantias exageradas —, dizendo ainda que são “levitas”, que oferecem sacrifício a Deus. O sacrifício não é o que se cobra dos outros, e sim o que se oferece a Deus.
                    
                III  - O CARÁTER HUMILDE DE
                             MARIADE BETÂNIA
Com base nos textos citados, podemos concluir que Maria, irmã de Lázaro, era uma mulher humilde, mesmo sendo possuidora de ótima condição financeira, a ponto de poder oferecer a Jesus valiosa oferta como verdadeiro sacrifício de louvor e adoração.
No episódio em que ela ficou assentada aos pés de Jesus (cf. Lc 10.39), revelou um profundo senso de valor diante do Mestre, considerando prioridade maior ouvir seus valiosos ensinos. Na ocasião, mesmo ouvindo sua irmã Marta reclamar diante de todos que ela deveria sair da presença de Jesus para ajudá-la nas tarefas domésticas, Maria não revidou, criticando a atitude da irmã, mas ficou em silêncio, sendo compensada por Jesus, que a defendeu dizendo que ela escolhera “a boa parte, a qual não lhe será tirada”
(Lc 10.42). Da mesma forma, quando foi criticada por Judas e, em outra ocasião, pelos discípulos, pelo seu gesto generoso e extra­vagante de amor e adoração a Jesus, ela soube ficar calada. Cristo, porém, falou por ela, não aprovando a atitude dos discípulos e dizendo que ela fizera aquele ato, talvez até inconscientemente, preparando Jesus para o seu sepultamento (Mt 26.12).

                         CONCLUSÃO
      Maria de Betânia, irmã de Lázaro, deixou um exemplo de como o cristão deve dar prioridade a Cristo em sua devoção sincera. O cristão deve saber aproveitar os momentos especiais, de oração, de meditação e de aprender as santas Escrituras. Uma serva de Deus não deve negligenciar os afazeres domésticos sob sua responsabilidade, mas precisa saber administrar o tempo e as oportunidades para não se deixar ficar tão assoberbada, a ponto de não ter tempo para Jesus, sendo, assim, um exemplo para os crentes em todos os tempos e lugares.
O Caráter do Cristão

MARIA
QUALIDADES E REALIZAÇÕES
Talvez a única pessoa que entendeu e aceitou a morte iminente de Jesus, e dedicou seu tempo para ungir seu corpo enquanto Ele ainda estava vivo. Aprendeu quando ouvir e quando agir.
LIÇÕES DE VIDA
As tarefas de servir a Deus podem se tornar uma barreira para conhecê-lo pessoalmente. Pequenos atos de obediência e serviço tem efeitos amplos.
ESTATÍSTICAS VITAIS
Local: Betânia. Parentes: Marta e Lázaro.
VERSÍCULO-CHAVE
"Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento, Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua" (Mt 26.12,13).



A História de Duas Irmãs
E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.
LUCAS 10.38,39
Já tentou fazer de tudo um pouco?
Eu tento, faço e provavelmente sempre farei. Não está apenas em minha natureza; também faz parte da descrição de meu trabalho — e do seu também. Ser mulher requer mais força, mais criatividade e mais sabedoria do que jamais imaginei quando era uma garota. E isto não vale somente para as mulheres atarefadas de hoje. Sempre foi assim.
Em 1814, Martha Forman estava casada com um abastado proprietário de plantações em Maryland. Você deve pensar que ela passava os dias tomando chá, usando vestidos encantadores e dando ordens aos empregados, enquanto conversava com importantes convidados. Pelo contrário, Martha trabalhava ao lado de seus empregados das quatro da manhã às onze horas da noite. Dentre suas atividades diárias estavam:
Transformar de 13,5 kg a 15,5 kg de sebo em vela; cortar quatorze camisas, casacos ou calças para os escravos (a quem sempre chamava de “o povo” ou “nossa família”); tricotar meias; lavar; tingir e fazer fios de lã; assar tortas de carne e pudins de batata; semear ou colher o trigo; matar animais da fazenda e salgar a carne; plantar ou colher frutas e verduras; fazer geléias e compotas de frutas; caiar ou pintar as paredes; passar a roupa; preparar grandes festas; cuidar da família doente e dos escravos.1
Então, o que você fez hoje? Talvez não tenha abatido um porco ou colhido trigo, mas sei que esteve ocupada. Se passou o dia fora trabalhando ou em casa cuidando das crianças (ou ambos), seu dia passou rápido da mesma forma. Enquanto você lê este livro, sua mente e seu corpo estão, provavelmente, tão cansados quanto os da pobre Martha Forman.
Tenha o coração de Maria no mundo de Marta. Esse pensamento a intriga. Em seu interior há uma fome, uma vocação para conhecer e amar a Deus, para conhecer verdadeiramente Jesus Cristo e a comunhão com o Espírito Santo. Você não está em busca de mais conhecimento intelectual — anseia por uma intimidade sincera.
Uma parte de você ainda hesita. Exausta, você se pergunta como encontrar forças ou tempo. Cultivar a vida espiritual parece mais uma obrigação — uma a mais em uma vida transbordante de responsabilidades.
É quase como se você estivesse no primeiro degrau de uma escada que se estende até o céu. Ansiosa, mas atemorizada, você denomina os degraus usando as coisas espirituais que deve fazer: estudar a Bíblia, orar, congregar...
“Ele está lá em cima, em algum lugar”, você diz, inclinando-se levemente enquanto olha para cima, incerta de como começar ou se quer mesmo experimentar a longa e vertiginosa escalada. Mas não fazer nada significa deixar escapar o que o seu coração já sabe: Há mais nesta caminhada cristã do que você já experimentou. E você está faminta o bastante — e desesperada o suficiente — para querer de tudo um pouco.

A história de duas irmãs
Talvez nenhuma passagem das Escrituras descreva tão bem o conflito que sentimos como mulheres do que aquela encontrada no Evangelho de Lucas. Basta mencionar os nomes de Maria e Marta em um grupo de mulheres cristãs para perceber olhares e risadinhas nervosas. Todas nós passamos por esse conflito. Queremos adorar como Maria, mas a Marta dentro de nós continua a nos controlar.
Aí vai um lembrete caso você tenha se esquecido da história. Está em Lucas. É a história de duas irmãs. É a história sobre mim e sobre você.
Durante uma de suas viagens, Jesus e seus discípulos chegaram a uma aldeia onde uma mulher chamada Marta abriu sua casa ao Senhor. Ela tinha uma irmã, chamada Maria, que se sentou aos pés de Jesus para ouvir o que Ele dizia. No entanto, Marta estava distraída com as preparações que devia fazer. Veio até Ele e perguntou: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude”.
“Marta, Marta”, respondeu-lhe o Senhor, “estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lc 10.38-42).

O mundo de Marta
Quando li a primeira parte da história de Marta e Maria, devo admitir que me afeiçoei mais a Marta. Sei que somos propensas a proclamar elogios a Maria em estudos bíblicos. Mas Marta, para ser honesta, combina melhor com minhas tendências perfeccionistas.
Que mulher! Abre sua casa para um grupo de treze homens famintos, talvez mais. Que anfitriã! Ela não prepara uma panela improvisada de macarrão semipronto com queijo e salsichas, como costumo fazer nessas ocasiões. Ela não! Ela é a verdadeira Martha Stewart,ou então a mulher virtuosa descrita em Provérbios 31. Bem, ao menos é assim que eu a imagino. Ela é a “rainha da cozinha” — e do resto da casa também.
A história de Lucas começa com Marta em seu momento de glória. Afinal, trata-se de Jesus. Ela rasga o cardápio comum do dia-a-dia, composto por sopa e pão, e resgata todos os livros de receitas. Este, decide ela, será um banquete digno de um messias. Para o Messias. Marta envia um servo ao campo para abater um cordeiro e outro ao mercado para escolher algumas daquelas saborosas romãs que vira ontem; como em um quartel-general, ela dita as ordens para seus assistentes de cozinha: “Ponham as lentilhas de molho! Soquem os grãos! Sovem a massa!”
Tanta coisa para fazer em tão pouco tempo. Ela deve se assegurar de que as peças da mesa e os guardanapos combinam, e que o criado sirva o vinho do lado direito e não do esquerdo. A mente de Marta está tão ocupada quanto um quarto cheio de crianças do jardim de infância. O que seria mais adequado para a sobremesa? Queijo de cabra com uma bandeja de frutas frescas? Será que Jesus e seus seguidores passarão a noite aqui? Alguém deve trocar os lençóis e dobrar algumas toalhas.
“Onde está Maria? Alguém a viu?”, ela pergunta a um servo, apressando-o. Se Maria trocasse os lençóis, Marta poderia ter tempo para moldar o queijo em forma de arca e esculpir as frutas como pequenos animais marchando dois a dois. Produções dessa magnitude requerem a habilidade de uma mestra em planejamentos. E Marta é uma administradora extraordinária. Sou a mais velha na família. Talvez seja por isso que eu compreenda quão frustrada Marta deve ter se sentido quando finalmente encontrou Maria. A casa inteira está em alvoroço, agitada para receber o mestre mais famoso de seu tempo, provavelmente o próximo rei de Israel. Posso enxergar a raiva que ferve dentro de Marta ao olhar sua irmã preguiçosa sentada aos pés do Mestre na sala de estar.
É muito simples. Com tantas coisas a serem feitas, lá está sentada a pequena Maria, muito teimosa, participando de uma reunião somente para homens. Pior, parece ignorar Marta gesticulando do corredor.
Marta tenta tossir. Chega até a lançar mão de sua arma mais eficaz: “o olhar de raiva”, famoso por intimidar os homens. Mas nada do que fazia era capaz de surtir efeito em sua irmãzinha. Maria só tinha olhos para Jesus.
Já em seu limite, Marta faz algo inédito. Interrompe a reunião dos rapazes, certa de que Jesus ficará do seu lado. Afinal, o lugar da mulher é na cozinha. Sua irmã, Maria, deveria estar ajudando a preparar a refeição.
Marta percebe que há uma espada afiada em sua voz, mas Jesus vai compreender. Ele sabe mais do que ninguém o significado de carregar o peso do mundo.
É claro que você não encontrará tudo isso na Bíblia. Lucas dedicou apenas quatro versículos para um acontecimento destinado a mudar a vida de Marta para sempre. E a minha também. E a sua, se permitir que essa verdade fundamental penetre em seu coração.
Em vez de aplaudir Marta, Jesus gentilmente a repreendeu, dizendolhe que Maria havia escolhido a “boa parte”. Ou, como diz outra tradução, “Maria escolheu a melhor parte” (New Revised Standard Version).
“A melhor parte”, Marta deve ter repetido sem acreditar.
“A melhor parte!” É o que digo a Deus em meio a minha pressa de fazer tudo. “Quer dizer que há mais? Eu tenho que fazer mais?”
Não, não, chega a resposta ao meu cansado coração. As palavras de Jesus descritas em Lucas 10 são inacreditavelmente libertadoras para aqueles que se ocupam com os trabalhos árduos desta vida.
Não é “mais” o que Ele requer de nós. De fato, pode ser menos.

Um coração de Maria
A Bíblia não nos fala muito a respeito de Marta e Maria. São mencionadas pelo nome apenas três vezes nas Escrituras: Lucas 10.38-42; João 11.1-44 e João 12.1-11. Mas, através desses breves relatos, um quadro fascinante se revela sobre como devia ser a vida naquela casa em Betânia — e como a vida sempre se mostra para nós.
Dizem que a diversidade é o tempero da vida. Deve ser por essa razão que Deus às vezes coloca pessoas com personalidades tão diferentes na mesma família (ou então, Ele está tentando nos preparar para o casamento). Maria era a luz do sol para os trovões de Marta. Era o breque (freio) para a locomotiva de Marta. A inclinação de Maria era deslizar pela vida, parando para cheirar as rosas. Marta era mais propensa a colher as rosas, cortar rapidamente os talos em ângulo e ajeitá-las no vaso com os cravosde-amor e as samambaias.
Não há como dizer que uma está certa e a outra errada. Somos todas diferentes e foi assim mesmo que Deus nos criou. Cada personalidade e talento tem seus pontos fortes e fracos, suas glórias e tentações.
Acho interessante que, quando Jesus corrigiu Marta, não disse “Por que você não pode ser mais parecida com sua irmã Maria?” Ele sabia que Marta nunca seria Maria e Maria nunca seria Marta. Mas, quando ambas estiveram diante da mesma escolha — de trabalhar ou de adorar — Jesus disse: “Maria escolheu a melhor parte”.
Para mim, isso implica que a melhor parte estava disponível tanto para Maria como para Marta. E está à disposição de cada uma de nós, não obstante nossa personalidade e talentos. É uma escolha que cada uma de nós pode fazer.
É verdade que, sob o ponto de vista da personalidade, a escolha deve ter sido mais fácil para Maria do que para Marta. Maria parece ser mais propensa a caminhar sob o orvalho da manhã do que a ser levada pelas obrigações cotidianas.
Tenho certeza de que quando Jesus chegou de modo inesperado naquela tarde, Maria provavelmente começou a servir as visitas, como havia feito muitas vezes antes. Posso vê-la pegando os cajados, enquanto os discípulos se espalhavam pela casa bem arrumada de sua irmã. Encoberta por mantos e sacos de viagem, observa o homem que cativou o coração de Israel com suas palavras. Há tanta alegria e encanto nEle, que é impossível não ser atraída para esse homem.
“Jesus poderia ser o Messias sobre quem as pessoas falavam?”, Maria se pergunta. Ela sabe que Ele é um grande mestre. Mas esse homem que admira a tapeçaria feita por ela, que a liberta de sua timidez e que faz parte do círculo de seus amigos íntimos poderia ser de fato o Filho de Deus?
Ela coloca os pertences dos discípulos em um canto e se apressa em servir vinho ao grupo sedento. Entre eles, há uma tranqüilidade, uma camaradagem genuína. Os homens riem das brincadeiras dos outros enquanto tiram a poeira dos pés com o líquido providenciado por ela. Então, se acomodam nas almofadas ao redor da sala e Jesus começa a ensinar.
Maria nunca tinha ouvido alguém falar como Ele. Há um magnetismo em suas palavras, como se contivessem fôlego e vida — coisas que Maria desconhecia necessitar até aquele dia. Ela se move lentamente para chegar mais perto e ficar em um canto escuro ouvindo Jesus. Seus braços seguram o cântaro vazio. Está atenta a qualquer movimento ao seu redor. Vários servos ocupados lavando pés sujos, enquanto outros colocam a mesa para a refeição, do outro lado da sala. Maria sabe que há muito a fazer. Mas ainda é incapaz de se mover — a não ser para chegar mais perto.
Não é costume uma mulher se sentar com um grupo de homens, mas as palavras de Jesus a acolheram. Apesar de sua natural discrição, ela se move gradualmente até se ajoelhar aos pés do Senhor. O ensino de Jesus a envolve, revelando a verdade ao seu coração faminto.
A Bíblia não deixa claro se essa foi ou a não a primeira visita de Jesus àquela casa em Betânia. A franqueza de Marta parece indicar uma familiaridade prévia, mas, seja qual for o caso, nesse dia Maria escolheu deixar outra pessoa servindo, para que pudesse ouvir um pouco. Não é todo dia que Deus nos visita em casa. Então, ela ignora a tradição, quebra a etiqueta social e chega mais perto. O mais perto possível de Jesus.
Não tem importância que seu gesto poderia ser mal interpretado. Não se importa com os olhares estranhos dos discípulos. Em algum lugar distante, ela ouve seu nome, mas está atraída pelo chamado do Mestre. O chamado para vir. O chamado para ouvir. E é isso o que ela faz.

A história de todas as mulheres
Através do cenário de hóspedes inesperados em Betânia, vejo a luta que enfrento todos os dias quando o trabalho e a adoração entram em conflito.
Parte de mim é Maria. Quero adorar com ardor. Desejo sentar-me aos seus pés.
Mas parte de mim é Marta — e há tanta coisa para fazer!
Tantas necessidades legítimas me cercam, me compelindo ao trabalho. Ouço o terno chamado de Deus para ir embora cedo e eu respondo “Sim, Senhor, eu irei”. Mas, então o telefone toca e me lembro do cheque que deveria ser depositado — ontem. De repente, todas as minhas boas intenções de adorar desaparecem, engolidas pelo que Charles Hummel chama de “a tirania do urgente”.
“Vivemos em tensão constante entre o urgente e o importante”, escreve Hummel. “O problema é que muitas tarefas importantes não precisam ser feitas hoje, ou até mesmo esta semana. Horas extras de oração e estudo bíblico podem esperar. Mas as tarefas urgentes requerem uma resposta imediata — demandas intermináveis pressionam cada dia e hora.”3
Isso soa familiar? Para mim, sim. As vinte e quatro horas distribuídas por cada dia raramente são suficientes para o cumprimento de todas as minhas obrigações. Tenho uma casa para administrar, um marido para amar, crianças para cuidar e um cão para alimentar. Tenho compromissos na igreja, prazos para escrever e almoços marcados. E apenas uma pequena parte disso eu chamaria de inútil. Um tempo atrás, tentei cortar o que pensava ser insignificante. Esta é a minha vida — e as horas já estão comprometidas.
A revista Today’s Christian Woman fez um levantamento com mais de mil mulheres cristãs. Mais de 60% revelaram que trabalham fora em tempo integral.Acrescente o trabalho doméstico e as incumbências de uma carreira de quarenta e quatro horas semanais e terá uma receita de exaustão. Mulheres que optam por ficar em casa igualmente mantêm vidas muito ocupadas. Acompanhar crianças que começam a andar, levar os garotos para o futebol, trabalhar como voluntária na escola, cuidar dos filhos dos vizinhos — a vida parece agitada em todos os níveis.
Então, onde encontramos tempo para seguir Maria até os pés de Jesus? Onde encontramos energia para servir o Senhor?
Como escolhemos a melhor parte e ainda conseguimos fazer tudo o que realmente deve ser feito?
Jesus é o nosso exemplo supremo. Nunca estava apressado. Sabia quem era e para onde ia. Não se tornou refém das demandas e das necessidades afoitas deste mundo. “Apenas faço o que o Pai me enviou a fazer”, Jesus disse aos discípulos.
Alguém disse que Jesus saía de um lugar de oração para outro e fazia milagres nesses intervalos. Como é incrível estar em sintonia com Deus, de modo que nenhuma ação seja desperdiçada e nenhuma palavra caia por terra!
Esta é a intimidade que Jesus nos convida a compartilhar. Nos convida a conhecer, a vê-lo tão claramente que, quando olharmos para Ele, veremos a face do próprio Deus.
Assim como acolheu Maria para se sentar aos seus pés na sala de estar e convidou Marta para deixar a cozinha por um instante e gozar da melhor parte, Jesus nos chama para vir.
Atendendo ao seu convite, encontramos a chave para nossos anseios, o segredo de viver além das pressões diárias, que por sua vez tentam nos afastar com força. À medida que aprendemos o significado de escolher a melhor parte da intimidade com Cristo, inicia-se uma mudança em nós.
Não se trata de uma mudança qualquer. O Salvador nos aceita da maneira como somos — Maria, Marta ou a combinação de ambas — mas nos ama demais para permitir que continuemos assim. Ele é o único que pode nos dar um coração de Maria em um mundo de Marta.
Essa transformação é exatamente o que vemos na continuação das histórias de Marta e Maria nos Evangelhos. Marta, como veremos adiante, não põe de lado sua personalidade, não desiste de seus “hobbies” ou queima seus livros de receitas para adorar a Jesus. Não tenta ser igual a Maria; simplesmente obedece. Recebe a repreensão de Jesus e aprende que há o momento para trabalhar e o momento para adorar. A Marta que vemos mais tarde nos Evangelhos não é mais inquieta ou ressentida, mas cheia de fé e confiança. O tipo de fé e confiança que só se adquire aos pés de Jesus.
Maria também mudou. Embora sua natureza contemplativa faça dela uma adoradora nata, também a deixa vulnerável ao desespero, como vemos adiante nos Evangelhos. Quando acontece o infortúnio, Maria tende a ser inundada pela tristeza e paralisada pelas dúvidas. Mas, no final, quando percebe que Jesus está próximo, ela coloca em ação o que aprendeu com a adoração. Ela segue adiante e agarra a oportunidade de servir de um modo maravilhoso e sacrificial.
Isso é o que vejo no retrato bíblico das duas irmãs de Betânia. Duas mulheres completamente diferentes sofrem uma transformação bem diante de nossos olhos: uma santa renovação. A audaciosa se torna mansa, e a meiga, corajosa. É impossível estar na presença de Deus e não ser transformado.
Durante a leitura dos próximos capítulos, peço a Deus que você permita ao Espírito Santo penetrar em todos os cantos escondidos de sua vida. Se você tende a ser compulsiva como Marta ou mais contemplativa, como Maria, Deus a chama para uma amizade íntima com Ele através de Jesus Cristo.
A escolha que Ele ofereceu a essas duas irmãs diferentes — e a transformação por elas experimentada — é exatamente o que oferece a cada uma de nós.

Primeiro as coisas mais importantes
A intimidade da sala de estar que Maria teve com Jesus nunca resultará da agitação da cozinha de Marta. Agitação, por si só, causa distração. Vemos em Lucas 10.38 uma mulher com a virtude da hospitalidade. Marta abriu sua casa para Jesus, mas isso não significa que ela automaticamente tenha aberto seu coração. Em sua ânsia de servir a Jesus, ela quase perdeu a oportunidade de conhecê-lo.
Lucas nos diz que “Marta, porém, andava distraída em muitos serviços”. Em sua mente, ela se preocupava em fazer o melhor. Tinha que fazer o máximo por Jesus.
Podemos ser pegas pela mesma cilada de desempenho, sentindo que devemos provar nosso amor a Deus através de grandes feitos. Então, nos apressamos em deixar a intimidade da sala de estar para nos ocupar por Ele na cozinha — realizando grandes ministérios e projetos maravilhosos, no esforço de divulgar as Boas Novas. Fazemos todo o nosso trabalho em seu nome. Nós o chamamos “Senhor, Senhor”. Mas, no fim, será que Ele nos reconhecerá? ...

( do livro: Como Ter O Coração De Maria No Mundo de Marta )
Editora: CPAD
Autor: Joanna Weaver



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