sexta-feira, 10 de março de 2017

Lição 11: Um Estilo Vitorioso de Vida


Lição 11: Um Estilo Vitorioso de Vida


Capítulo 5: O Apóstolo Paulo 

 "Church History", de Andrew Miller.

Tendo esboçado brevemente as vidas dos doze apóstolos, naturalmente chegamos ao que pode ser chamado de décimo terceiro - o apóstolo Paulo.

No capítulo três falamos sobre a "conversão" e sobre o "apostolado" de Paulo. Vamos agora nos esforçar para traçar seu maravilhoso caminho, e tomar nota de algumas características de destaque de seus trabalhos. Mas, antes de tudo, vamos reunir tudo o que sabemos sobre ele antes de sua conversão.

Antes de sua conversão

É bastante evidente, a partir das poucas dicas que temos na narrativa sagrada sobre o começo da vida de Paulo, que ele foi formado de maneira notável, por todo o curso de sua educação, para chegar ao que se tornaria, e para o que ele iria realizar. Foi Deus, que vigiava o desenvolvimento dessa mente e desse coração maravilhoso, desde o começo (Gálatas 1:16). Até então ele era conhecido como "Saulo de Tarso" - seu nome judeu - o nome dado a ele pelos seus pais judeus. Paulo foi seu nome gentio; mas vamos chamá-lo de "Saulo" até que ele seja nomeado "Paulo" pelo historiador sagrado.

Tarso era a capital da Cilícia e, como diz Paulo, "cidade não pouco célebre" (Atos 21:39). Essa cidade era reconhecida como um local de comércio e berço de literatura. Os tutores de ambos Augusto e Tibério eram homens de Tarso. Mas ela ficará famosa em todos os tempos principalmente por ter sido a cidade natal e primeira residência do grande apóstolo.

Mas, embora tenha nascido em uma cidade gentia, ele era "um hebreu de hebreus" (Filipenses 3:5). Seu pai era da tribo de Benjamim e da seita dos fariseus, mas moravam em Tarso. De algum modo ele tinha adquirido a cidadania romana, e seu filho podia dizer ao comandante: "Mas eu o sou de nascimento." (Atos 22:28). Em Tarso ele aprendeu o ofício de fazer tendas. Era um costume saudável entre os judeus ensinar seus filhos algum ofício, embora possa haver pouca perspectiva de seu uso dependendo de sua condição de vida.

Quando Paulo fez sua defesa perante seus compatriotas (Atos 22), ele lhes conta que, embora tenha nascido em Tarso, ele havia sido "criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais." (Atos 22:3) A história fala de Gamaliel como um dos mais eminentes dos doutores da lei; e das Escrituras aprendemos que ele era moderado em suas opiniões, e possuído de muita sabedoria mundana. Mas o zelo perseguidor do pupilo logo apareceu em um forte contraste com os conselhos de seu mestre sobre tolerância.

Na época do martírio de Estêvão, Saulo é mencionado como sendo ainda um jovem, mas consentindo com a morte de Estêvão, e guardando as roupas daqueles que o apedrejaram. Sua conversão parece ter ocorrido cerca de dois anos depois da crucificação, mas a data exata é desconhecida.
A partir de Atos 9 aprendemos que ele não demorou, após sua conversão, para confessar sua fé em Cristo àqueles que estavam à sua volta. "E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. E logo nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o Filho de Deus." (Atos 9:19-20). Este novo testemunho é especialmente digno de nota. Pedro tinha proclamado Jesus como o exaltado Senhor e Cristo; Paulo O proclama em Sua mais elevada e pessoal glória, como o Filho de Deus. Mas a hora de seu ministério público ainda não tinha chegado, ele ainda tinha muito o que aprender e, dirigido pelo Espírito, ele se retira para a Arábia, permanece lá por três anos, e retorna a Damasco (Gálatas 1:17).

Fortalecido e confirmado na fé durante seu retiro, ele prega com maior ousadia, provando que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Os judeus, seus inimigos implacáveis dali em diante, se incitaram contra ele. E eles vigiavam os portões dia e noite para matá-lo. Mas os discípulos o levaram de noite e o desceram pela muralha em um cesto (2 Coríntios 11:32,33). Ele então achou seu caminho até Jerusalém, e através do amigável testemunho de Barnabé, achou seu lugar entre os discípulos. Que maravilhoso e bendito triunfo da graça soberana!

O Martírio de Paulo

Embora não tenhamos registro do segundo estágio de seu julgamento, temos motivos para acreditar que se sucedeu pouco tempo depois do primeiro, e que terminou em sua condenação e morte. Mas a Segunda Epístola a Timóteo é o divino registro do que estava se passando em sua mente profundamente exercitada nesse solene momento. Sua profunda preocupação pela verdade e pela igreja de Deus; seu comovente carinho para com os santos, e especialmente para com seu amado filho Timóteo; sua triunfante esperança frente ao imediato prospecto do martírio; tudo isso só pode ser dito em suas próprias palavras: "Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda." (2 Timóteo 4:6-8)

O tribunal de Nero aqui desaparece de sua vista. A morte em sua forma mais violenta não exerce nele terror. Cristo em glória é o objeto de seus olhos e de seu coração - a fonte de sua alegria e de sua força. Sua obra foi concluída, e as fadigas de seu amor se cumpriram. Embora prisioneiro e pobre - embora velho e rejeitado - ele era rico em Deus, ele possuía Cristo, e nEle todas as coisas. O Jesus que ele tinha visto em glória no início de sua jornada, e que o tinha feito passar por todas as provas e trabalhos pelo evangelho, era agora sua posse e sua coroa. O injusto tribunal de Nero, e a espada manchada de sangue do carrasco, eram para Paulo apenas mensageiros da paz, que tinham vindo fechar seu longo e cansativo caminho, e introduzi-lo na presença de Jesus em glória. A hora tinha agora chegado em que Jesus, que o amava, o levaria para Si mesmo. Ele tinha lutado o bom combate do evangelho até o fim; ele tinha terminado seu curso, e agora só lhe faltava ser coroado, quando o Senhor, o justo Juiz, aparecer em glória.
“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores
Por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida
Nem os anjos, nem os principados, nem as potestades
Nem o presente, nem o porvir
Nem a altura, nem a profundidade
Nem alguma outra criatura
Nos poderá separar do amor de Deus
Que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”
Temos simultâneos testemunhos da antiguidade de que Paulo sofreu martírio durante a perseguição de Nero, e muito provavelmente em 67 d.C. Como cidadão romano, ele foi decapitado em lugar de ser flagelado e crucificado ou exposto a torturas terríveis que então tinham sido inventadas para os cristãos. Como seu Mestre, ele sofreu "fora da porta" (Hebreus 13:12). Há um local na Via Ostia, mais ou menos duas milhas para além dos muros da cidade, onde supõe-se que seu martírio aconteceu. Ali o último ato da crueldade humana foi executado, e o grande apóstolo finalmente estava "fora do corpo, e habitando com o Senhor." (2 Coríntios 5:8). Seu espírito fervente e feliz foi libertado desse frágil e sofrível corpo, e o desejo há muito acalentado de seu coração foi cumprido - "partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor." (Filipenses 1:23)

....
O caráter e os efeitos do ministério de Paulo, como relatados nos capítulos 16 a 20, são realmente maravilhosos. Eles deveriam até se destacar nas páginas de toda a história. Todo servo de Cristo, e especialmente o pregador, deveria estudá-los cuidadosamente e lê-los com frequência. "O vaso do Espírito", disse alguém de maneira tão bela, "brilha com uma luz celestial através de toda a obra do evangelho; ele condescende em Jerusalém; trovoa na Galácia quando almas estão sendo pervertidas, guia os apóstolos a decidirem pela liberdade dos gentios, e usa, ele mesmo, de toda a liberdade de ser um judeu de judeus, e como um sem lei para aqueles que não tinham a lei, como não estando debaixo da lei, mas sempre sujeito a Cristo. Ele também 'procurava sempre ter uma consciência sem ofensa' (Atos 24:16). Nada que havia dentro dele dificultava sua comunhão com Deus, de onde ele tirou suas forças para ser fiel entre os homens. Ele podia dizer, e [talvez, N. do T.] ninguém além dele: 'sede meus imitadores, como também eu de Cristo' (1 Coríntios 11:1). Assim também ele podia dizer: 'Tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.' (2 Timóteo 2:10)"*

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NOTAS ↓💬📌

Ralph Martin diz que antigamente Paulo perseguia os crentes; agora, ele persegue (como caçador) a vocação de uma vida em Cristo. Paulo diz: “… prossigo para o alvo…”. A palavra grega skopos “alvo” é encontrada somente aqui em todas as cartas paulinas. Significa a fita diante da meta, no final da pista, à qual o atleta dirige seu olhar. Werner de Boor diz que embora Paulo esteja nessa corrida de forma voluntária, ele empenha toda a sua força. Ele não é instigado nem atiçado por trás, com ordens; mas atraído pelo alvo, pelo prêmio da vitória. Assim é o cristão!

4. Determinação (3.14)
O apóstolo Paulo ensina outro princípio para o sucesso nessa corrida, quando diz: “Prossigo para o alvo…” (3.14). Esse verbo usado aqui e no versículo 12 tem o sentido de esforço intenso. Os gregos costumavam usar esse termo para descrever um caçador perseguindo avidamente a presa. Um indivíduo não se torna um atleta vencedor ouvindo palestras, lendo livros ou torcendo em jogos. Antes, o atleta bem sucedido entra no jogo e se mostra determinado a vencer!
Ralph Martin diz que antigamente Paulo perseguia os crentes; agora, ele persegue (como caçador) a vocação de uma vida em Cristo. Paulo diz: “… prossigo para o alvo…”. A palavra grega skopos “alvo” é encontrada somente aqui em todas as cartas paulinas. Significa a fita diante da meta, no final da pista, à qual o atleta dirige seu olhar. Werner de Boor diz que embora Paulo esteja nessa corrida de forma voluntária, ele empenha toda a sua força. Ele não é instigado nem atiçado por trás, com ordens; mas atraído pelo alvo, pelo prêmio da vitória. Assim é o cristão!
Paulo era um homem determinado no que fazia: na perseguição a igreja, antes de conhecer a Cristo (3.6); agora, em seguir a Cristo (3.14). Se os crentes tivessem a mesma determinação para lutar pela igreja e pelo reino de Deus que têm pelos estudos, trabalho, esporte, dinheiro haveria uma revolução no mundo.
O que Paulo busca com tanta determinação? O prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. William Hendriksen diz que no final da corrida, o vencedor era convocado, da pista ao estádio, a comparecer diante do banco do juiz a fim de receber o prêmio. Esse prêmio consistia de uma coroa de louros. Em Atenas, desde o tempo de Sólon, o vencedor olímpico recebia também a soma de 500 drachmai. Além de tudo, era-lhe permitido comer às expensas do erário público, e era-lhe concedido sentar-se no teatro em lugares de primeira classe. Na corrida terrena, o prêmio é perecível; na celestial, o prêmio é imperecível (1Co 9.25). Na primeira, apenas um pode vencer (1Co 9.24), na última, todos os que amam a vinda de Cristo são vencedores (2Tm 4.8). Paulo não corre por causa de prosperidade, saúde, sucesso ou fama. Sua ardente aspiração é por Jesus. Os atletas olímpicos corriam por uma coroa de louros, mas os cristãos correm por uma coroa imarcescível.
Muito embora a salvação é gratuita, somente aqueles que se esforçam entram no reino. Werner de Boor afirma acertadamente que o prêmio da vitória é pura dádiva. Nenhum de nós se pôs por si mesmo em movimento rumo a Deus. Ninguém confecciona pessoalmente o prêmio da vitória. Contudo, não obteremos esse prêmio da vitória se permanecermos sentados à beira do estádio e refletirmos sobre ele, nem se fizermos declarações corretas acerca dele. Tampouco somos levados até ele em um automóvel da graça. Temos de “caçá-lo” como o empenho de todas as nossas forças.
5. Disciplina (3.15,16)
Paulo conclui seu pensamento, dizendo: “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos” (3.15,16). Ralph Martin corretamente diz que Paulo não está dizendo que a concordância, ou discordância ao seu ensino seria assunto indiferente, e que aqueles que discutiam seu ensino teriam direito às suas opiniões próprias. Paulo está ainda usando a figura da corrida. A palavra grega, stochein, “andemos” (3.16) é um termo militar que significa “permanecer em linha”.
Não basta correr com disposição e vencer a corrida; o corredor também deve obedecer às regras. Nos jogos gregos, os juízes eram extremamente rígidos com respeito aos regulamentos, e o atleta que cometesse qualquer infração era desqualificado. Não perdia a cidadania (apesar de desonrá-la), mas perdia o privilégio de participar e de ganhar um prêmio. Em Filipenses 3.15,16 Paulo enfatiza a importância de os cristãos lembrarem as “regras espirituais” que se encontram na Palavra, diz Warren Wiersbe.
Mais tarde o apóstolo Paulo, ensinou esse mesmo princípio a Timóteo: “Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas” (2Tm 2.5). Um dia, todo cristão vai se encontrar diante do tribunal de Cristo (Rm 14.10-12). O termo grego para “tribunal” é bema, a mesma palavra usada para descrever o lugar onde os juízes olímpicos entregavam os prêmios. Se nos disciplinarmos a obedecer às regras, receberemos o prêmio. Cada atleta é julgado pelo júri. Um dia vamos comparecer diante do tribunal de Cristo para sermos julgados.
Ben Johnson na Olimpíada de Barcelona perdeu a medalha de ouro na corrida dos cem metros depois de constatar que ele havia violado as regras. Teve de devolver a medalha e perder a posição.
A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que começaram bem a corrida, mas não chegaram ao fim por não levarem as regras de Deus a sério. Devemos correr sem carregar pesos inúteis do pecado e olhando firmemente para Jesus, o nosso alvo.
                                               

UM BALANÇO DA VIDA
O apóstolo Paulo foi o maior bandeirante do Cristianismo. Plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor. Pregou nos lares e em lugares públicos. Viajou por mares e desertos. Percorreu cidades e vilarejos. Pregou com entusiasmo e fervor. Foi preso, açoitado e apedrejado. Enfrentou naufrágios e toda sorte de ameaça. Terminou seus dias pobre e cheio de cicatrizes. Porém, nem todos os Césares de Roma influenciaram tanto a história como ele. Na sua segunda prisão em Roma, de onde saiu para o martírio fez um balanço da sua vida. Primeiro, olhou para o passado disse: "Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé". Segundo, olhou para o presente e disse: "Já estou sendo oferecido por libação e o tempo da minha partida é chegado". Terceiro, olhou para o futuro e disse: "Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual, o Senhor, reto Juiz me dará naquele dia".
Hernandes Dias Lopes
"Quero lhes apresentar esta noite o Apóstolo Paulo. Aquele que foi o maior pastor, missionário, teólogo, plantador de igrejas e educador [...] que morreu pobre, sozinho e cheio de cicatrizes."
 Pr. Hernandes



Imagens Slides : ESCOLA BEREANA -ADVEC


2 comentários:

  1. Lindo resumo desta, que é uma das maiores histórias bíblicas dos tempos, agradecemos pela colaboração.

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