terça-feira, 8 de novembro de 2016

Lição 7 José: Fé em Meio às Injustiças


                     

                                     JOSÉ, SABEDORIA

                                           EM TERRA ESTRANHA

                   
                             José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte;
                                     seus ramos correm sobre o muro.
                                                  — Génesis 49.22

           Nos desígnios de Deus, a história de José ganha um sentido especial. Naturalmente, não cremos que essa história tenha algum caráter determinista, mas cremos que desde o seu nascimento (Gn 30.22-24) o dedo de Deus orientou os seus caminhos para que se cumprissem no tempo próprio esses desígnios. Portanto, a história de José é uma das mais belas histórias registradas na Bíblia Sagrada. É uma história salpicada pelo amor de um pai ancião, a rejeição de seus irmãos invejosos e a beleza dos seus sonhos que revelavam o futuro de sua família. Do capítulo 30, quando se inicia a sua história, não há informações sobre o desenvolvimento físico c mental de José até chegar aos 17 anos de idade. A partir do capítulo 37 até o capítulo 50, a história ganha em 13 capítulos um espaço especial no livro de Génesis nos quais se revelam os desígnios de Deus na sua vida e na vida de sua família, a qual se proliferou e se tornou um grande povo. Alguns fatos, alguns bons e outros ruins, contribuíram para que os desígnios divinos se concretizassem na vida de José, o qual se tornou um instrumento de bênção para toda a sua família.

Nessa história, somos atraídos pela sabedoria de José extremamente útil nas várias circunstâncias de sua vida. José experimentou desde jovem adolescente a inveja dos seus irmãos porque gozava de regalias que os demais filhos não tinham. Era um modo errado de tratamento de Jacó, o pai, com os demais filhos. Por causa dessas regalias de José, seus irmãos o odiaram e o quiseram distante deles. Por isso, eles o prenderam e o jogaram num poço, mas passando um grupo ismaelita que negociava escravos, venderam o irmão, que foi conduzido como escravo e levado para o Egito. Naquela terra, vendido como escravo a um senhor egípcio, não perdeu sua fé em Deus. Na casa de Potifar, o seu senhor, José fez prosperar os negócios desse homem, mas foi alvo da sensualidade sua mulher, que o tentou para um caso sexual. Não aceitando a oferta sensual da mulher de Potifar, foi injustamente acusado de assédio sexual e levado à prisão. N a prisão, sua fidelidade ao Deus do seu pai o fez um líder capaz de interpretar sonhos dos outros presos. Não demorou muito para que fosse descoberto como alguém especial para interpretar os sonhos de Faraó, vindo a conquistar sua confian­ça. Faraó, rei do Egito, ficou tão impressionado com José que o fez o grande e mais inteligente governador do Egito. José deixou uma lição de sabedoria ao saber conduzir-se nas mais difíceis situações amparado pela providência de Deus, mas, acima de tudo, de fidelidade a Deus. Nessa história, trataremos especialmente de aspectos da sua fidelidade a Deus em meio às crises por que passou.

ASPECTOS DA VIDA DE JOSÉ
            Antes do nascimento de José, seus pais experimentaram algumas crises que eclodiram trazendo dissabores e tristezas para Jacó. A despeito de Jacó fazer parte do projeto de Deus, sua vida familiar, ainda que próspera, não foi das mais felizes, porque ele não soube administrar os assuntos familiares com sabedoria. Do capítulo 30 até o 37, alguns fatos foram marcantes para o velho Jacó com a perda de três pessoas importantes em sua vida: Débora, a ama de Rebeca (35.8); sua amada esposa Raquel, no parto de Benjamim (35.16-20), e seu pai Isaque, que morreu com 180 anos de idade e foi sepultado por seus filhos Esaú e Jacó junto à sepultura de Abraão na cova de Macpela (35.27-29). José acompanhou o nascimento de seu irmão Benjamim e teve uma vida de adolescente até aos 17 anos cheia de sonhos e ambições como é típico dessa idade.

                                           
Quem Era José

José não foi um personagem comum da história bíblica. Sua vida é o testemunho vibrante de um homem de enorme integridade que foi capaz de superar as maiores adversidades ao longo de sua vida dando exemplo de amor, inteligência e perdão. Sua história é uma inspiração, e não pode nunca ser esquecida. Ora, entendemos que a Bíblia é a revelação de Deus e sua vontade para a vida humana e, como disse o apóstolo Paulo aos Romanos 15.4: “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. A palavra dantes abrange todas as verdades inseridas nas histórias bíblicas. São verdades que ensinam no presente e são uma esperança para o futuro. Por isso, a vida de José é uma grande inspiração de fé e esperança.

Portanto, do seu nascimento até aos 17 anos (Gn 30.24— 37.2), a sua família era constituída pelos filhos de Lia (ou Leia), pelos filhos das concubinas Zilpa e Bila, e, por último, por seu irmão Benjamim, filho de Raquel (Gn 30.22-24; 35.16-18). A partir dos 17 anos até os 30 anos, iniciou-se um segundo ciclo da sua vida (Gn 37.2-41.46).

José, Objeto de uma Crise de Família

Nesse segundo período de sua vida, o descontrole familiar por parte de Jacó privilegiou uns em detrimento de outros. Jacó não percebeu que sua atitude para com os filhos deu início a um antagonismo dos irmãos de José por causa dos seus privilégios para com o pai. O fruto desse antagonismo familiar para com José resultou em inveja, escravidão, prisão injusta e humilhação que estiveram presentes na sua vida.

A partir dos 30 anos de idade até a sua morte (Gn 41.46-50.26), em especial os oito últimos anos, foram marcados pelo cuidado de Deus à sua vida e houve muita prosperidade no sentido material, político, social c espiritual. Foi a recompensa pela sua fidelidade a Deus e a capacidade tle administrar sua vida de modo inteligente, que fosse bom para si mesmo e para a glória de Deus. Foi nesse período que José deixou a maior lição de perdão aos seus irmãos, superando todos os ressentimentos e vivendo uma vida de paz e harmonia entre todos. Nesse tempo, o Senhor permitiu que visse o rosto de seu pai e ainda trouxesse toda a família para o Egito, perdoando-os, abençoando-os e protegendo-os. Fazendo um retrocesso para entender melhor a história de um vencedor de crises, vamos considerar alguns elementos vitais dessa historia.
José, uma Bênção Transformada em Crise
É interessante perceber na Bíblia que as pessoas que Deus escolheu para manifestar a sua glória e fazer delas o direcionamento de sua vontade nunca foram perfeitas. Pelo contrário, sempre foram pessoas normais, com valores e defeitos, mas que, de algum modo, Deus viu nelas a capacidade de reconhecerem a sua soberania. Foi o caso do pai de José, o velho Jacó. Em termos de qualidade familiar, Jacó náo soube administrar muito bem a seus filhos e a sua casa. Porém, há algo especial que Jacó passou para seus filhos: o seu temor a Deus.

Quando nasceu José, foi considerado como “o filho da sua velhice”, o primeiro de Raquel. Sua paixão por Raquel o fez trabalhar 14 anos para que ela fosse liberada e concedida em casamento com ele. Depois dos primeiros anos trabalhados por Raquel, o velho Labão, seu sogro, o enganou e lhe deu Leia (Lia), a irmã de Raquel, e com Lia (Leia) teve sete filhos. Mas sua paixão por Raquel o fez trabalhar outros sete anos na fazenda de seu sogro Labão, para ter a mão de Raquel em casamento.
Casando-se com Raquel, ficou decepcionado porque ela era estéril e não pôde lhe dar filhos imediatamente, mas ele não deixou de amá-la. A esterilidade era o maior estigma para a mulher naquela antiga cultura e, por isso, Raquel sentia-se humilhada, porque não ter filhos se constituía uma desgraça para ela e seu marido. Mas o Senhor interferiu no útero de Raquel e a capacitou para engravidar de José, para sua alegria e de Jacó. Portanto, a alegria desse filho de Raquel fez com que Jacó o amasse tanto que acabou criando uma situação incomoda dentro da família. Sua dedicação a José o tornou rejeitado pelos irmãos. Para aumentar ainda mais o ódio de seus filhos, o velho Jacó privilegiou José dando-lhe uma túnica de várias cores, enquanto os demais continuavam com suas roupas de linho branco áspero. Essa atitude negativa de Jacó provocou não somente inveja e ciúme dos irmãos de José, mas o desejo de se livrarem dele.
Dentro de uma família, todos devem ser amados por igual, independentemente das diferenças de temperamento que cada filho tenha. Jacó foi um mau exemplo de paternidade, porque não soube administrar com sabedoria os sentimentos de sua família.

 José, o Alvo de uma Crise de Relações entre seus Irmãos

Duas razões principais podem ser percebidas no comportamento dos irmãos de José. O ódio cresceu em seus corações como uma planta venenosa porque eles não conseguiam admitir o tratamento que seu pai dava a José em detrimento dos demais irmãos. Uma das razões do ódio de seus irmãos restava da denúncia que José fazia ao pai das más ações cometidas por seus irmãos quando estavam longe da vista do pai. Seus irmãos o viam como um traidor deles porque era o favorito de seu pai e porque a esposa favorita de seu pai era Raquel, sua mãe (Gn 37.3). E difícil entender por que uma família com vários conflitos e com pessoas cheias de ódio, inveja, falsidade e mau comportamento estaria nos desígnios de Deus para a formação de um grande povo. Mas Deus não pensa como nós e nem julga pelos mesmos critérios que nós humanos julgamos. A justiça de Deus é perfeita e seus desígnios estão acima da nossa capacidade de julgar.


A outra razão desse conflito familiar contra José estava no fato de ele ser um sonhador que sempre despontava como líder. Quando José aparecia, de repente, para ver como estavam os seus irmãos, eles diziam uns para os outros: “Lá vem o sonhador!” (Gn 37.19, ARA). N o seu último sonho, ao contar para seus irmãos, o enredo do sonho irritou tanto a eles que resolveram entre si dar cabo da vida de José. Mas, ouvindo um dos irmãos mais velhos, decidiram não matá-lo, mas vendê-lo para mercadores de escravos. José contou o sonho aos irmãos, quem sabe por uma inocência de malícia, mas o sonho provocou ainda mais o ódio deles, porque entendiam que José se colocava sempre superior a eles (Gn 37.5-8).
Quando José lhes contou o sonho dos feixes de grãos que, atados, estavam em torno do seu feixe, que era o principal, e se inclinavam perante ele, essa história foi o suficiente para que o odiassem ainda mais (v. 8).

Certamente, nem eles, nem José, podiam imaginar que se tratava de uma visão futura que aconteceria dentro dos desígnios divinos, mas não sabiam como interpretar (Gn 42.6; 46.29,30). Sem poderem entender o futuro que lhes reservava, ao ouvirem o sonho de José, preferiam considerar que se tratava de uma ambição e presunção daquele adolescente. N a verdade, nos desígnios de Deus, era uma antevisão do tempo em que ele estaria no Egito como governador e que seu pai e seus irmãos teriam que se inclinar perante ele, o feixe maior (Gn 45.1-8) Nem o seu velho pai aceitou bem o sonho de José, pois o via como presunção da parte dele. Por causa dessa situação, José foi odiado e maltratado por seus irmãos, premeditando até mesmo matá-lo para se verem livres dele (Gn 37.17-20).

JOSÉ SUPERA A CRISE DE HUMILHAÇÃO
          
            A Humilhação da Rejeição de seus Irmãos
          Rúben, o filho primogénito de Jacó, não deixou que seus irmãos cometessem um assassinato com seu próprio irmão (Gn 37.21,22). Mesmo sabendo que o plano irrefletido de seus irmãos traria maldição sobre suas vidas, Rúben sugeriu que jogassem José numa cisterna velha sem água (Gn 37.24). Antes de o lançarem na cisterna, tiraram sua túnica de cores e a encharcaram de sangue de um cabrito morto para levarem ao pai a túnica rasgada e tingida de sangue e, assim, passarem a ideia de que José tivesse sido atacado por algum animal violento (Gn 37.31). Cheios de ódio contra José, depois de o terem lançado numa cisterna, viram uma caravana de ismaelitas de caminho para o Egito e o venderam para essa gente (Gn 37.28).

 A Humilhação da sua Venda aos Ismaelitas

Os ismaelitas eram um povo descendente de Ismael, filho de Abraão e Agar, a escrava egípcia que servia a Sara, sua esposa do patriarca. Naturalmente, tanto Ismael quanto Isaque eram velhos e formaram suas famílias. Ismael cresceu e se desenvolveu no deserto, e Isaque, na terra de Canaã. Muitos anos se passaram e os seus filhos, sem perceberem suas origens abraâmicas, se encontram. Os ismaelitas que passavam por aquela região em que se encontravam os filhos de Jacó eram mercadores, tanto de joias quanto de escravos. Segundo a história bíblica, semelhante às 12 tribos de Israel, também havia uma promessa de Deus sobre os filhos de Ismael, que formariam doze tribos com a sua gente (Gn 17.20; 25.12- 16). Portanto, os ismaelitas, além de meio-irmáos dos filhos de Abraão, eram tribos que viviam no deserto e que negociavam com outros povos. Nesse encontro casual, os filhos de Jacó não perderam a oportunidade de negociar com aqueles mercadores a venda de seu irmão José. Eles o venderam como escravo aos ismaelitas, que lhes deram 20 moedas de prata (Gn 37.28).

A Humilhação da Mentira da Túnica Tingida de Sangue

A ideia de encharcarem a “túnica de cores” que José vestia para enganar o velho pai Jacó é típica de ações modernas de lideranças, não só no mundo dos homens, na vida política, mas até mesmo no seio da igreja. São ações mentirosas e falsas para esconder a verdade. Que Deus nos guarde dessas ações falsas!

Na história dos irmãos de José, a tentativa era de amenizar suas consciências e enganar a Jacó, o pai. Imaginaram ter se livrado de José sem o terem matado, e que essa ação os livraria de uma culpa de assassinato e amenizaria a culpa por terem vendido o próprio irmão. Ao apresentarem a túnica de cores cheia de sangue de cabrito com o intuito de enganar a seu pai Jacó, fizeram-no chorar por muitos dias de tristeza, pois imaginava ter perdido seu filho José para sempre. O velho Jacó não sabia das peripécias enganosas de seus filhos. O ciúme e a inveja de irmãos de José foram de uma crueldade sem precedentes, que encheram o coração do velho pai com grande tristeza (Gn 37.31- 35). Esse estado de coisas ruins foi experimentado por Jacó por causa de má administração familiar. Lamentavelmente, isso não teria acontecido se Jacó tivesse sido mais justo com os seus irmãos na formação do caráter deles. Toda esta situação foi fruto da passividade de Jacó no trato com seus filhos.

JOSÉ SUPERA A CRISE DE SUA ESCRAVATURA NO EGITO
            
  Tão logo chegaram ao Egito, os ismaelitas conduziram José ao mercado de escravos. Seu corpo jovem, forte e bonito chamou a atenção de compradores. Não demorou a aparecer compradores. Surgiu um homem, eunuco de Faraó, capitão da guarda do Palácio de Faraó, e o comprou para servir na sua própria casa. A partir de então a história da vida de José ganha um sentido especial na presciência divina. José Supera as Adversidades de sua Humilhação O que é uma adversidade? Significa “contrariedade, revés, infortúnio, aborrecimento, crise”. José experimentou vários reveses que o fizeram sofrer, mas ele foi capaz de não perder o “bom senso” nem se deixou dominar por sentimentos de mágoa e ressentimento. Da terra de Canaã, José foi comprado pelos mercadores ismaelitas e levado ao Egito. No Egito, José foi conduzido ao mercado de escravos e, mais uma vez, foi vendido para um oficial da corte real de Faraó. O oficial, que se chamava Potifar, levou José para a sua casa. Ao perceber que o jovem escravo tinha características diferentes e superiores aos demais escravos, Potifar o colocou como mordomo sobre toda a sua casa, bem como sobre seus negócios. Mesmo sendo escravo, José era privilegiado pela sua inteligência e caráter, e continuou a acreditar nos seus sonhos, ainda que em circunstâncias que pareciam contradizê-los.

José, Elevando de Simples Escravo à Função de Mordomo

Potifar percebeu que José era um serviçal diferente. Tinha ideias e contribuía com seu senhor para fazer prosperar a sua fazenda. Porfiar percebeu, também, que José era um jovem com qualidades morais invejáveis. Por isso, não teve dúvidas em elevá-lo de simples escravo à função de mordomo, gerindo sobre todos os negócios da sua casa. Deus o honrou porque manteve sua fé no Deus de seu pai. Os negócios geridos por José na casa de Potifar prosperaram grandemente, e Deus era com ele.
Ele poderia, quem sabe, ter vivido uma crise de identidade e ser um homem triste e sem esperança, mas foi capaz de romper com essa adversidade mantendo-se fiel a Deus. José foi um exemplo de superação nas crises porque não perdeu o foco de Deus na sua vida. Uma importante lição que aprendemos com essa situação vivida por José é que se antes ele podia exibir uma túnica de cores que lhe dava a imagem de superioridade, no Egito, nos seus primeiros anos, “a arrogância devia ceder ao caráter, a autoconfiança à dependência e confiança em Deus apenas , escreveu Lloyd John Ogilvie. A mão de Deus estava com ele em tudo que fazia. Os seus sonhos seriam concretizados no tempo de Deus, mas convinha que ele enfrentasse todas aquelas adversidades para reconhecer a soberania divina. Em seu serviço a Potifar, em sua fazenda, Jose manteve sua fé em Deus, e os traços de seu caráter se manifestaram em sua lealdade ao seu senhor e fidelidade ao seu Deus.

José Resistiu à Tentação Sexual da Mulher de Potifar
José estava sob a guarda de Deus. Os planos divinos não foram desfeitos na vida de José por causa daquela circunstância de sua escravatura. Pelo contrário, José sabia que os sonhos eram de Deus e não seriam frustrados. O Diabo é o inimigo dos servos de Deus e procura sempre criar embaraços para a efetivação da vontade divina. Tribulações provocadas e tentações que poderiam obstruir o plano de Deus surgem, e não foi diferente na vida de José.

O registro da história nesse episódio diz que “José era formoso de aparência e formoso à vista” (Gn 39.6). Fisicamente, era um jovem bonito, com porte atlético que chamava a atenção. A mulher de Potifar não tinha escrúpulos nem decência moral. Por isso, atraída pela beleza física de José, procurou seduzi-lo para um caso extraconjugal. Queria levá-lo para a cama de qualquer maneira. Ela tramou situações pelas quais pudesse atrair o jovem mordomo. Mas José, fiel a seus princípios de temor a Deus e de respeito próprio e pelo seu senhor, rejeitou a proposta dessa mulher. Ela armou ciladas para levar José para sua a cama, usando de artifícios ate pegá-lo a força e segurando pela roupa de José, mas ele foi forte o suficiente para escapar das suas mãos a ponto de ficar com parte das vestes rasgadas (Gn 39.12). Antes do ataque dessa mulher, José argumentou com ela que não podia praticar tal ato de traição ao seu senhor, que confiava nele. Ela se fez de vítima e acusou José de tentativa de sedução e estupro (Gn 39.14-18). Potifar ouviu a acusação mentirosa de sua mulher contra José e o mandou para a prisão, onde estavam os presos da casa real de Faraó. Ele venceu a tentação, mas teve que, mais uma vez, sofrer humilhação, indo para a prisão.
Temos dificuldades em entender os propósitos divinos quando Deus permite que passemos por situações embaraçosas para podermos chegar ao que Ele quer. Mesmo que mantenhamos conduta respeitável e sejamos fiéis aos princípios cristãos da Palavra de Deus, Ele espera que sejamos amadurecidos e moldados no crisol da experiência para chegarmos ao ponto ideal da vontade de Deus. Talvez José tivesse dificuldades para entender por que tinha de sofrer aquelas humilhações mesmo sendo fiel a Deus. Mas ele não se deixou vencer por essas circunstâncias, porque, no fundo do seu coração, sabia que havia algo maior para a sua vida.

JOSÉ SOUBE SE CONDUZIR COM SABEDORIA DENTRO DA PRISÃO
           
   José Foi Abençoado por Deus dentro da Prisão
          
  bom senso e o desejo de vingança em algumas circunstâncias. José, pelo contrário, não perdeu o bom senso quando injustamente foi para a prisão, porque tinha a consciência limpa e não havia perdido a fé em Deus que o ajudaria mais uma vez. Em vez de ficar na passividade, ele procurou reagir com atitude disciplinada de não se deixar dominar pela ira, pelo rancor, podendo alimentar ideias de vingança. José procurou agir com coerência, tomando o controle da situação em que estava. Era um preso igual aos outros, mas que podia fazer diferença caso se mantivesse equilibrado e confiante em Deus. Na verdade, ele se tornou uma vítima da injustiça, porque o seu senhor nem quis ouvir a verdadeira história que envolveu a mulher de Potifar. Por algum tempo, mesmo tendo conquistado a confiança do oficial responsável pelos presos, ele estava preso e esquecido.


No mundo em que vivemos, existem tantas histórias de injustiças de pessoas punidas por algo que não praticaram. No Novo Testamento, o apóstolo Pedro parecia estar se referindo a esse tipo de injustiça quando escreveu: “Porque é coisa agradável que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas, se fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (1 Pd 2.19,20). Esta escritura revela a todos nós que Deus age, também, através das circunstâncias adversas para que o conheçamos e nos inteiramos de seu projeto para nós.
José sabia que havia um propósito maior para a sua vida. Ele sabia como Deus trabalha para um propósito, mesmo que não o compreendamos inicialmente. Deus disse ao profeta Isaías: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55.8). Portanto, para José, os sonhos que tivera quando ainda estava na casa de seu pai não eram meras figuras sem sentido, mas continham a revelação de que Deus faria com ele algo muito superior a qualquer circunstância adversa. Eram os sonhos que tivera ainda na casa do pai em Canaã. Ele sabia que, de algum modo, Deus cuidaria dele naquela adversidade dentro da prisão (Rm 2.4; SI 36.7; 119.76). Talvez ele pudesse declarar como Davi no Salmo 124.2-4: “Se não fora o Senhor, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, eles, então, nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendeu contra nós; então, as águas teriam transbordado sobre nós, e a corrente teria passado sobre a nossa alm a; então, as águas altivas teriam passado sobre a nossa alm a”. Lá dentro da prisão, José, inteligentemente alcançou graça e simpatia com o carcereiro-mor, que viu nele qualidades de um homem reto, ético e autêntico, e não um bandido.
José Alcançou Graça perante o Capitão da Guarda dentro da Prisão

Naquela prisão, José foi sustentado pela benignidade de Deus. Ele poderia ter sido afetado psicologicamente com a lembrança ruim de algumas experiências que teve quando foi tratado de modo injusto por seus irmãos. Lembrança da intenção dos seus irmãos de querer matá-lo e, não podendo concretizar o plano de assassinato, o venderam como escravo. Ele poderia, no interior daquela prisão, sentir-se só, abandonado, esquecido de todos. Mas, pelo contrário, José não se deixou vencer pelo negativismo; ele foi capaz de manter seu espírito pronto para superar mais uma vez aquela situação. Logo, o capitão da guarda da prisão agraciou-se tanto de José que o fez líder dentro da prisão. Estavam presos naquela prisão dois funcionários especiais da cozinha da casa de Faraó, o copeiro-mor e o padeiro-mor, com os quais o rei havia se aborrecido e mandou prendê-los. José fez amizade com os dois presos da casa do rei e ganhou a confiança deles. Pela providência divina, aqueles dois presos da casa do rei tiveram sonhos e contaram a José, que os interpretou (Gn 40.5-13). Inteligentemente, José interpreta o sonho do copeiro-mor, afirmando-lhe que seria restaurado à sua posição para com o Faraó. Então, José pediu a esse copeiro-mor que, quando estivesse servindo ao rei o seu vinho, lembrasse dele perante o rei. Posteriormente, a interpretação se confirmou com o destino dos dois presos. O padeiro-mor foi enforcado, mas o copeiro-mor foi restaurado à sua posição. Contudo, diz o texto que “o copeiro-mor [...] não se lembrou de José; antes, se esqueceu dele” (Gn 40.23). Por algum tempo, José continuou preso, esperando apenas em Deus a interferência no momento certo. Dois anos se passaram desde que o copeiro do rei voltou ao seu serviço, até que o Faraó teve um sonho, e o copeiro lembrou-se de José (Gn 41.12-14).

JOSÉ REVELA SABEDORIA E HUMILDADE DIANTE DE FARAÓ
            
  Por algum modo especial, a mão de Deus estava sobre José. Ficou dois anos esquecido no seu cubículo dentro da prisão, tendo oportunidade para pensar, refletir e comungar com Deus sobre todas as coisas na sua vida desde que saiu de casa aos 17 anos de idade. Sua experiência com Deus lhe propiciou a oportunidade de adquirir conhecimento e aguçar sua inteligência para usá-la no momento certo. Depois de dois anos desde que o copeiro do rei fora liberto e voltara à sua posição anterior, não havia se lembrado ainda de José. Então, Faraó teve sonhos que lhe tiraram o sono da noite. Querendo a interpretação dos sonhos e não a tendo pelos seus adivinhos e astrólogos, surge o copeiro, que, ao servir o vinho ao rei, lembrou-se de José. A partir de então, uma nova jornada na vida de José se inicia.

José Foi Lembrado perante Faraó

José tinha o coração íntegro. Embora as nuances daquele momento que vivia na prisão pareciam desmoronar sobre sua vida, mas ele não perdeu a esperança. A providência divina, que age no momento certo, propiciou-lhe a oportunidade da mudança de situação. Deus concedeu dois sonhos tão contundentes e significativos que desestabilizaram completamente o Rei.
Pela cultura egípcia, os sonhos eram supervalorizados e interpretados como presságios bons ou ruins às pessoas que tinham esses sonhos. Não conseguindo entender o que os seus sonhos representavam, Faraó ficou com o espírito angustiado em busca do entendimento desses sonhos. Convocou seus magos, adivinhos e astrólogos para que os interpretassem, mas nenhum deles conseguiu convencer o rei acerca do significado daqueles sonhos. Esses astrólogos e adivinhos viviam à mercê do palácio e, naquele momento, náo conseguiam dar nenhuma interpretação que convencesse o rei das suas pretensas interpretações (Gn 41.8). Então, quando o copeiro do rei lhe servia o vinho, vendo a perturbação do seu coração, já havia se passado dois anos, quando se lembrou de José. Então o copeiro falou ao rei sobre o que acontecera com ele e o padeiro-mor, tendo-se cumprido fielmente a sua interpretação. O rei ficou pasmado com a exatidão do cumprimento dos sonhos do padeiro e do copeiro, e ordenou que trouxessem José à sua presença. O que podia parecer esquecimento e atraso no plano divino era, de fato, o momento exato da interferência divina para que José saísse do seu sofrimento. Os homens podem esquecer facilmente, mas Deus não nos esquece. Tudo quanto José havia passado era, na verdade, uma oportunidade de ser preparado para a grandeza. De experiências sombrias em grande parte da sua vida, José agora experimenta a mão de Deus o conduzindo para um lugar ao sol.

José Foi Conduzido à Presença de Faraó
        
  Ninguém podia ir à presença do rei como um escravo, mal vestido e com imagem de maltrapilho (Gn 41.14). Ele foi preparado para entrar na presença do rei e, quando entra na sala do rei, mesmo estando com vestidos novos e nobres, José não entrou na sala do trono com arrogância, mas com humildade e temor a Deus. Ele sabia que fora Deus quem o fizera chegar à sala do trono. O rei disse da informação que teve a seu respeito como alguém que sabia interpretar sonhos. José, de imediato, respondeu ao rei: “Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó” (Gn 41.16). O rei contou o sonho para José ouvir. Depois de atentamente ter ouvido o rei, José mais uma vez falou: “Esta é a palavra que tenho dito a Faraó; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó” (Gn 41.28).
Esse episódio nos leva a refletir que o sofrimento, quando tratado de modo equilibrado, pode moldar uma vida e levá-la à grandeza. Sem dúvida, as lutas e cicatrizes da vida formam o fundamento para conquistas maiores quando sabemos administrar essas adversidades. Temos dificuldades em admitir que os sofrimentos podem nos ensinar a lidar com circunstâncias adversas. Cada episódio na vida de José, desde sua saída da casa de seu pai, está dentro dos desígnios de Deus. Agora, depois de tantas humilhações, José é abençoado pelo Senhor caindo na graça de Faraó.
José Ouviu e Interpretou os Sonhos de Faraó
Sem dúvida, o ponto crítico desse encontro de José com Faraó foi o seu sonho. José não podia imaginar que nesse dia, como qualquer outro dia na cela da sua prisão, repentinamente ele foi levado perante o rei. Foi o começo de algo maravilhoso preparado por Deus para a vida de José. Aquele dia especial foi precedido por um sonho perturbador que o rei tivera, mas Deus o conduziu àquele momento especial.

 O rei contou os sonhos a José, e o Espírito de Deus abriu o seu entendimento para dar a interpretação. José declara ao Faraó que o Deus de seus pais, o seu Deus, daria a resposta de paz ao coração do rei (Gn 41.16). Com graça e revelação, a mente de José foi iluminada pelo Espírito Santo, e ele interpretou os sonhos afirmando que os dois sonhos se resumiam num só, pois dentro de pouco tempo o Egito passaria por uma grande escassez de alimentos. Para evitar a crise, o rei deveria prover os reservatórios e celeiros de alimentos para os tempos difíceis. José achou graça diante de Faraó, que ficou impressionado com a sua habilidade e facilidade argumentativa sob a égide do Espírito Santo, a ponto de falar com tanta clareza acerca dos sonhos. A graça de Deus foi uma demonstração da soberania divina sobre sua vida. O Faraó, imediatamente, entendeu que José tinha inteligência e habilidade administrativa para ser o seu governador sobre todo o Egito, estando abaixo apenas do próprio Faraó (Gn 41.33-57).

                       

                                   CONCLUSÃO

    
         José foi exaltado em todo o Egito e ninguém era maior que ele. Como governador, José soube ser leal ao Faraó e administrar todo o Egito com muita lucidez e graça diante de Deus. Por isso, José é um testemunho de que Deus nunca nos esquece. Todas as dificuldades pelas quais passamos na vida, especialmente quando estamos dentro de um plano divino, sáo modos distintos de aprendermos a lidar com as várias situações. Antecipadamente, Deus preparou o espírito de José para as crises que enfrentaria quando lhe falou por meio de sonhos. José não se esqueceu de que Deus estava com ele, não só nas humilhações, mas também quando exaltado diante dos homens para que a glória de Deus fosse lembrada.
                  
As crises existenciais são superadas por uma fé genuína em Deus.


                                                   

NOTAS : apazdosenhor.org
Fox escreve: “Inicialmente, este é um relato das emoções de uma família, e de fato são emoções extremas que lhe dão um sabor distintivo. Todos os maiores personagens dão plangente vazão a seus sentimentos, desde o pai fulminado pela perda do filho, dos irmãos maliciosos  à lasciva esposa de potifar, do nostálgico adulto José ao velho Jacó golpeado pela tristeza. É somente através do subconsciente meio de sonhos, em três lances, que chegamos a compreender que um sublime enredo que está em andamento substituirá as forças destrutivas dessas emoções.”Os filhos de Jacó são centrais nesta história, e entre eles estão José e Judá. Rúben funciona como um realce em ambos. Depois de seu incesto com Bila (35.22), sua liderança parece sempre ineficaz (42.22, 37, 38; 49.3, 4; cf. 30.14-17). É provável que ele tentasse reconquistar o favor de seu pai por meio de seu plano de resgatar José das mãos de seus irmãos e “levá-lo de volta a seu pai” (37.22); se foi assim, este foi outro tiro que saiu pela culatra. Judá o logra da oportunidade de exercer o papel de herói, obtendo o apoio dos irmãos em seu plano de vender José para o Egito (37.26, 27). Rúben é covarde. Embora ele suste o plano homicida, só espera resgatar José nas costas de seus irmãos. Em vez disso, o vendem em suas costas. Depois que descobre que seu plano fracassara, ele grita com desespero: “Para onde irei agora?” Ele poderia ter ido para o sul e resgatado José dos mercadores! Seu oferecimento a Jacó, que seus filhos (netos de Jacó!) fossem mortos caso ele não voltasse em segurança com Benjamim, o que provavelmente foi motivado por seu desejo de voltar às boas graças de seu pai, é “ultrajante”7 (42.37, 38). À guisa de contraste, Judá se oferece. No começo do relato, os heróis, José e Judá, são imaturos e atribulados. José não passa de um fedelho portador de recado. Judá é frio e espiritualmente insensível. Mas, no desígnio providencial de DEUS, esses homens são esmerados através de provas difíceis. Embora José comece imaturamente, gabola e contador de histórias sobre seus irmãos, na maioria de suas histórias ele revela um caráter nobre (ver também Análise Literária de atos e cenas individuais). Cada cena no Egito intensifica a descrição de suas virtudes. Ele emerge como
piedoso, leal, sábio e ousado. Finalmente faraó e seus oficiais reconhecem nele o ESPÍRITO de DEUS. Sua sabedoria e discernimento se evidenciam ainda mais quando testa e disciplina seus irmãos, retendo a faculdade de conhecimento sobre eles. Ele é também sensível, chorando amiúde sempre que observa seus irmãos, e por fim os abraça, bem como a seu pai, com intensa sensibilidade, quando estão reunidos.
Judá se põe em luminoso contraste a José. Enquanto este recusa sexo imoral com a esposa de Potifar e se vê forçado a abandonar para trás suas vestes reveladoras com o fim de escapar, Judá dá boas-vindas
ao convite de uma prostituta e espontaneamente deixa com ela seu selo e cajado como garantia de pagamento. A esposa de Potifar acusa José de fazer dela um brinquedo; Judá, porém, realmente se torna um brinquedo. Contudo também Judá é transformado por seu sofrimento. Suas qualidades de liderança, evidentes em toda a história, são por fim usadas para produzir reconciliação na família e conduzir seu pai em segurança ao Egito. No fim, Judá mostra mais sensibilidade por seu pai do que José. Seu ponderado e apaixonado discurso a José propicia a este abraçar seus irmãos e forçá-los a finalmente preocupar-se com o bemestar de seu pai (ver também Análise Literária do Ato 1, Cena 2 e Ato 3, Cena 3).
Dramática Ironia
Esta magistral história é repleta de dramática ironia. O leitor às vezes se sente numa posição de conhecimento especial, justamente quando José se acha acima de seus irmãos (ver também Análise Literária de atos e cenas individuais). À luz do efervescente ódio às roupas encharcadas de sangue, do véu de uma prostituta à incompreendida tristeza e equivocada identidade, o narrador magistralmente organiza os detalhes de modo que o leitor amiúde perceba, porém nunca esteja plenamente cônscio de como a verdade emergirá ou como se trará o livramento. Esta posição de conhecimento limitado sempre arrasta o leitor de volta à onipotência do divino autor que sabe como concretizar seus bons propósitos.
ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO 10, ATO 1, CENA 1
Estrutura e Enredo
A trama desta cena é saturada de conflito. Ela estabelece as devastadoras divisões da casa de Jacó em dois segmentos: José odiado por seus irmãos (37.2-11) e José vendido por seus irmãos (37.12-36). O
primeiro segmento arma o palco para os horrendos crimes no segundo, relacionando quatro eventos breves que captam o problemático favoritismo do pai por José, bem como a terrível e crescente tensão entre
José e seus irmãos: José bisbilhotando seus irmãos (37.2); Jacó dando a José uma túnica régia (37.3, 4); e José contando seu duplo sonho (37.5-11). Com a apresentação destacada destes eventos, a tensão aumenta a uma escalada dramática no segundo segmento com o grito dos irmãos: “Vem lá o sonhador! ... venham, pois, agora e matemo-lo” (37.19, 20). No cume da cena, os irmãos negociam José com os midianitas por vinte peças de prata. O desfecho retrata uma família frágil e ferida: o impotente filho mais velho percebendo seu fracassado plano de resgate, os irmãos empedernidos fraudulentamente reportando o desaparecimento de José a Jacó e este dando rédeas incontroláveis à tristeza.
Palavras-chave
A terrível ironia do conflito que permeia esta cena é trovejada pelos vinte e um usos do termo “irmão” – quinzes vezes pelo narrador (37.2, 4 [2x], 5, 8, 9, 10, 11, 12, 17, 19, 23, 26, 27, 30), três vezes por Jacó (37.10, 13, 14), uma vez por José (37.16) e duas vezes por Judá (37.26, 27). O cúmulo da ironia consiste nas palavras de Judá – “Não ponhamos sobre ele a mão, pois é nosso irmão e nossa carne” (37.27).
Como Fox afirma: “Pouco depois José, sua ‘(própria) carne’, é vendido como escravo e provável morte.”As palavras-chave que arrastam a linha da história da crescente tensão entre os irmãos no primeiro segmento são “ódio” (37.4, 5, 8) e “ciúme” (37.11). Esta é uma ojeriza que se intensifica. A quarta geração da semente de Abraão entra no palco da história sagrada externamente unida pela carne e sangue e, presumivelmente, pela circuncisão; porém, interiormente, dividida por ódio desleal, anelando matar José por causa do sonho que DEUS lhe dera.
Caracterização
Ninguém escapa à censura do narrador. As vinhetas escolhidas pelo narrador retratam as fraquezas de cada personagem. Jacó é um amoroso pai para com José, porém totalmente insensível para com seus demais filhos (37.3, 4). É como se fosse completamente inconsciente à ojeriza que instila por seu favoritismo, o qual se vê quando, sem suspeitar  do mal que faz, envia José aos irmãos que pouco antes haviam
assassinado os siquemitas. Rúben é retratado como um líder fracassado. Embora seu plano de resgatar José do poço o exibisse como um irmão mais velho responsável, fracassa em concretizar seu plano e se
vê sem ação diante do poço (37.29, 30; ver adiante, Notas Exegéticas).
Judá é líder que calcula com frieza: salvando seu irmão de morte imediata para em seguida vendê-lo com lucro para uma vida de morte (37.26-28). Todos os irmãos, não apenas os filhos das concubinas, são
dominados pelo mal (37.2, 4, 8, 11, 20, 31). José é descrito como moralmente bom, porém imaturo e infantil. Sua tagarelice, gabolice e túnica ostensiva inflamam ainda mais a ojeriza de seus irmãos contra si.
Nas palavras de Sternberg: “O futuro agente e porta-voz de DEUS no Egito dificilmente podia dar uma impressão pior de sua aparência à primeira vista: gabola mimado, portador de recado, fanfarrão.
Prefiguração
O destino de José é selado quando conta seus sonhos a seus irmãos. Como numa tragédia grega, os irmãos envidam ferrenho esforço para matar o sonhador e seus sonhos. A chegada de José ao Egito, no final da cena, em retrospecto, é o primeiro passo em sua exaltação. Símbolos A história de Jacó destaca rochas; a de José destaca túnicas (37.3, 23; 39.12; 41.14). Esses objetos tangíveis simbolizam algo das situações sociais e/ou espirituais dos personagens.
Omissões e Lacunas
Nesta cena, o narrador omite as emoções de José, talvez para representar este como uma vítima passiva e impotente nas mãos de seus irmãos mais velhos. Em 42.21, ele permite que os irmãos expressem
como José se sentia e o que ele fez.
NOTAS EXEGÉTICAS AO LIVRO 10, ATO 1, CENA 1
Título do Livro 10 (37.2a)
2. Este é o relato de Jacó. Isto seria mais bem traduzido: “Este é o relato da linhagem de Jacó” (ver 2.4). O relato pertence aos filhos de  Jacó, principalmente a José e Judá (ver Análise Literária do Livro 10).
José Odiado por Seus Irmãos (37.2b-11)
2b. José. No texto hebraico, a conjunção recua dos nomes Jacó e José – amortecida pelo parágrafo interrompido na NVI – aponta para José como o principal personagem deste relato. Ele é o irmão que salvará
a nação de extinção durante a fome. Os sepultamentos de Jacó e José encerram o livro. sendo ainda jovem ... Zilpa. Isto é mais bem traduzido: “José, com dezessete anos, acompanhava os rebanhos com seus irmãos. Agora ele era assistente dos filhos de Bila e os filhos de zilpa.” dezessete. José vive com Jacó até os dezessete anos de sua vida (47.28). Tal simetria revela a providência divina.
irmãos. Esta é a palavra-chave desta cena (ver supra, Análise Literária).
filhos de Bila ... Zilpa. Isto inclui Dã, Naftali, Gade e Aser (30.4-13).
esposas de seu pai.
más notícias. Embora o narrador omita os detalhes, a palavra notícia (D!BB>) por si só denota notícias destinadas a prejudicar a vítima (ver Pv 10.18). Baseado em seu comportamento prévio, é provável que
os irmãos estivessem fazendo algo errado, do quê José com razão se distanciava; contudo, o livro de Provérbios aconselha que se deve retirar o véu de sobre as transgressões dos outros (cf. Gn 34.25; 35.22;
37.20; 38.1-26; Pv 10.12; 11.12, 13; 12.23). Tal graça é uma questão de vida ou morte (ex., Pv 1.8, 9). No mínimo, o jovem José parece ser um irmãozinho importunante e bisbilhoteiro.
3. amava. O favoritismo paterno uma vez mais provoca discórdia e frustração na família, bem como o desaparecimento do filho predileto; não obstante, a graça de DEUS uma vez mais usa o distúrbio para a
concretização de seu beneplácito (ver 25.28). Não obstante, o ciúme dos irmãos é injusto, e DEUS usará José para convertê-los. mais que a todos os outros filhos. Jacó deveria ter consciência do dano que seus pais infligiram sobre a família, demonstrando favoritismo e agindo um contra o outro.
porque era filho de sua velhice. Jacó não amava mais a José porque havia amado mais a Raquel do que a Lia. Ele está ainda se rebelando contra a primogenitura. Além do mais, o nascimento de José assinalara
a reversão na fortuna da vida de Jacó (30.25).
túnica ricamente ornamentada. A palavra para “manto, túnica” é incerta, mas “ricamente ornamentada” interpreta o hebraico passîm, que é de significado incerto uma vez que ocorre sem mais definição somente neste capítulo e em 2 Samuel 13.18, 19. O “casaco de muitas cores” é baseado na LXX. “Túnica de magas longas” é baseado na tradução de Áquila e no significado de pas no hebraico pós-bíblico e/ou em conexão com outro termo hebraico que significa “extremidade”.
Outras propostas baseadas nas etimologias não têm granjeado nenhum consenso. O manto ricamente ornamentado é provavelmente mais que mero símbolo de favoritismo. O termo é usado em outros lugares somente para o vestuário da princesa Tamar (2Sm 13.18, 19). Muitos comentaristas sugerem que tem algo a ver com realeza.10 Se for assim, pode prefigurar o governo real de José no Egito. Por meio desta peça
real (ver 2Sm 13.18), Jacó publicamente designa José o governante sobre a família. Jacó tenciona transferir o governo ao piedoso José; no fim, ele o transferirá a Judá.
4. já não lhe podiam falar pacificamente. Isto poderia ser traduzido “não podiam nem mesmo saudá-lo”. Comportavam-se como Caim, a semente da serpente (ver Gn 4).
5. sonho. No antigo Oriente Próximo, sonhos eram um meio comum de comunicação e predição divinas; os irmãos entendiam bem sua natureza profética. Esta revelação no início da história mostra DEUS como o Diretor por trás de todo o relato. Este é o primeiro sonho na Bíblia no qual DEUS não fala (cf. 20.3; 28.12-15; 31.11, 24).11 Ele forma uma transição nos meios dominantes da revelação divina de teofania, em Gênesis 1-11, para os sonhos e visões em Gênesis 12-35, e agora para providência em Gênesis 36-50. Estes três estágios lembram as três partes de TaNaK (i.e., o AT). Na Tora (“Lei”), DEUS fala a Moisés
em teofania; no Nebiim (“Profetas”), ele fala em sonhos e visões; e no Ketubim (“Escritos”), ele opera em grande parte através da Providência.
o relatou. José é também responsável por sua própria ruína, ao portar notícias de seus irmãos (37.2) mesmo antes de se notar a preferência de Jacó por ele. Ele os irrita insistindo em relatar-lhes seus sonhos
e em reiteradamente partilhar seu segundo sonho (37.9) mesmo depois que passaram a odiá-lo “tanto mais” (37.8). Contraste sua vaidosa narrativa com a silenciosa contemplação de Jacó (37.11); não obstante, por meio da narrativa de José aos personagens dentro da história se pode aprender da soberania de DEUS.
7. Atávamos feixes. Os pastores eram também empregados para juntar a colheita. (DEUS escolheu José como herói neste drama de redenção - ver 20.3; 42.6; 43.26, 28; 44.14)
Seus feixes rodeavam o meu e se inclinavam. A profecia se cumpre na escalada dos estágios: os irmãos inicialmente inclinando-se uma vez (42.6); então, inclinandose duas vezes para honrá-lo (43.26, 28); e, finalmente, lançando-se a seus pés (50.18).
8. os irmãos disseram. Como vai nos governar?
Eventualmente, José receberá os direitos de primogenitura (ver 1Cr 5.2), isto é, a dupla porção da herança, já que Jacó adota os dois filhos de José como seus (ver Gn 48.5). A monarquia está em vista mesmo quando desenvolvida em Edom (ver Gn 36).
o odiaram. Indiretamente, se opunham ao DEUS soberano que tem dado a revelação. Não confiavam em seu programa para eles. e o que ele dizia. Literalmente, o hebraico é “e por suas palavras”
(i.e., não só a informação, mas também o modo como ele o dizia).
9. outro sonho. Os sonhos nesta história vêm em pares (ver Gn 40 e 41) para mostrar que a questão é solidamente decidida por DEUS e virá rapidamente (ver 41.32). Um sonho isolado pode ser mal interpretado.
Dois sonhos com o mesmo sentido confirmam a interpretação.
Raquel morrera quando José tinha cerca de seis ou sete anos de idade. É provável que uma ou outra esposa de Jacó viesse a ser sua mãe substitutiva.
repreendeu. Seu sonho ameaçava reverter a ordem social do patriarcado.
sua mãe. Ver “lua” em 37.9.
Será que eu .. viremos a curvar-nos. Inclusive Jacó tem dificuldade em depor a prioridade dos pais.
11. o pai refletia naquilo. Jacó pode ter-se sentido mistificado e confuso, porém leva a sério o sonho. É possível haver inversões (cf. 2Rs 2.19; Lc 2.19, 20).
José Vendido por Seus Irmãos (37.12-36)
12. seus tinham ido. O narrador omite a razão por que José não se encontra entre eles.
Siquém. O rapto em Siquém ocorreu cerca de dois anos antes, quando José tinha cerca de quinze anos (ver Omissões, Lacunas e Lógica”, em Análise Literária do Livro 8, Ato 3, Cena 1).
14. veja se tudo está bem com seus irmãos. Jacó tem razão em preocupar-se com seus filhos em Siquém (ver Gn 34).
vale de Hebrom. Sarna observa: “Um midrash vê na extraordinária menção deste lugar uma insinuação de que o primeiro estágio no cumprimento da profecia feita a Abraão (15.13) está para começar.”14
Hebrom ... Siquém. José viajou uma distância de 80 quilômetros.
15. um homem. O homem anônimo em Siquém fornece a transição 
do ambiente de um pai amoroso e preocupado para o de irmãos 
hostis e fervendo com fúria. José, sozinho e vulnerável, se sente mais
seguro com um siquemita do que com seus irmãos. 
vagando pelos campos. Mesmo vaguear pelo campo e a chance de 
ouvir por acaso são parte da providência divina. Com esta delonga, a 
chegada de José coincide perfeitamente com o aparecimento dos mercadores
(ver 37.21-28; ver mais adiante, Reflexões Teológicas).
16. Estou procurando por meus irmãos. O narrador oferece um 
momento de dramática ironia. Esta afirmação sumaria a ocupação de 
José. Fazendo um retrospecto, José é precisamente o oposto de Caim
(ver 4.9) e possui as qualidades de liderança.
17. ouvi. Este é ainda outro ato providencial. 
14. Ibid., 258.
GÊNESIS 37.11-17
622
Dotã. Dotã ficava a 21 quilômetros a noroeste de Siquém.
19. Lá vem aquele sonhador! Identificam-no somente por seu ressentimento.
20. vamos matá-lo. A mesma palavra homicida é usada em 4.8.
Brueggemann diz: “o futuro é uma ameaça mortal. Mas pode ser resistido!
Eles resolvem interrompê-lo.”
15 
jogá-lo ... e diremos. Depois de sua impetuosa violência, o plano
emerge gradualmente (cf. 37.31).
cisternas. Arqueólogos têm encontrado um grande número de cisternas
por todo o Israel. São grandes poços na forma de garrafas furados
na rocha para reter a água. Variam de 6 a 20 pés de profundidade. Uma
cisterna seca forma uma excelente masmorra (cf. Gn 40.15; Jr 38.6).
21. Rúben. Ver “Caracterização” em Análise Literária do Livro
10. Como o irmão mais velho, ele exerce o papel do pai enquanto os
irmãos se vão (ver 37.13, 14). Depois de seu incesto com Bila (35.22),
sua liderança parece sempre ineficaz. Jogar o corpo de José no poço
deixa o problema sem solução.
tentou resgatá-lo. Melhor, “veio para seu resgate”.
Não tiremos sua vida. Isto é mais bem traduzido, “Não devemos
tirar sua vida.”
no deserto [m]DB`r]. Isto é mais bem traduzido: “na terra de pastagem”.
16 Nesta área entre vilas, ninguém ouvirá os gritos de José (ver
42.21).
23. lhe despiram. Destronaram o filho régio (ver 37.3) e o jogaram
na cisterna fria.
24. vazia ... sem água. Este detalhe explica por que José não se
afogou. Além disso, sem comer e sem beber, poderia morrer de sede.
25. se assentaram para comer. Com insensível indiferença ante
os gritos de seu irmão naquela nua masmorra (cf. 42.21), desfrutaram
de uma refeição! Sua próxima refeição na presença de José será com
este à cabeceira da mesa (43.32-34).
ismaelitas. Ismaelitas (ver também 37.27, 28; 39.1) e midianitas
(37.28, 36) são designações alternadas para o mesmo grupo de comer-
15. Brueggemann, Genesis, 303.
16. O termo hebraico, midbar, às vezes significa deserto, mas não há desertos no local citado;
midbar pode designar também terras de pastagens (HALOT, 547).
GÊNESIS 37.19-25
623
ciantes (ver 39.1; especialmente Jz 8.24). Os descendentes de Midiã, a
partir de Quetura, e de Ismael, a partir de Sara, podiam casar-se entre si
(ver 25.2, 17, 18; 29.9).17
Gileade. Ver 31.21.
26. Judá. Ver “Caracterização” em Análise Literária do Livro 10.
Em vez de Rúben, Judá emerge como o líder. Seu discurso a seus irmãos
no clímax desta cena se põe em contraste com os discursos ineficientes
de Rúben antes (37.21, 22) e depois (37.30).
se matarmos nosso irmão. José podia ser morto ou por violência
ou sendo abandonado na cisterna para morrer de doença ou de inanição.
27. Vamos vendê-lo. Seqüestro é uma ofensa capital (ver Êx 21.16;
Dt 24.7). Seu plano frio e calculado apenas substitui um mal por outro.
nossas mãos. Por trás da cena está a mão de DEUS (ver 45.5; Sl
105.17).
afinal, é nosso irmão. A terrível ironia parece perdê-lo (ver supra,
Análise Literária).
28. midianitas. Ver supra, “ismaelitas”.
tiraram ... venderam ... levaram. Literalmente, o hebraico registra:
“tiraram José ... venderam José ... levaram José.” “O sino badala
solenemente por José”, diz Longacre.18 A excepcional tríplice repetição
de seu nome “marca um evento extremamente importante e providencial
na família de Jacó e na história da nação embrionária”.19
vinte peças de prata. Ver na introdução, “Historicidade e Gênero
Literário”.
Egito. A venda de escravos asiáticos é bem documentada nos textos
egípcios de aproximadamente nos dias de José. O rei Amen-em-het
III (+ 1800 a.C.) provê a execução de quatro escravos asiáticos que
recebera como presente de seu irmão. Um papiro datado de 1740 a.C.
contém um inventário de trinta e sete escravos asiáticos dentre noventa
e cinco escravos.
30. Para onde irei agora? O frágil líder Rúben não pode concluir
seu plano. Ele deveria ter voltado primeiro a seus irmãos para confron-
17. Hamilton crê que ismaelita aqui não é um termo étnico, mas “um termo improvisado para
viajantes nômades”. Midianita seria o termo étnico (Genesis 18-50, 423).
18. Longacre, Joseph, 44.
19. Ibid., 30.
GÊNESIS 37.26-30
624
tá-los e então saído no encalço de José para resgatá-lo (ver 37.21).
Agora ele se esquivaria da face de seu pai, a quem tem de prestar contas.
31. túnica ... bode. As fraudes anteriores de Jacó têm um preço
terrível. Como Jacó enganara a seu pai com as peles de cabrito e as
roupas de Esaú (ver 27.9, 16), agora será enganado com o sangue de
cabrito e a roupa de seu filho.
32. veja se é de seu filho. A linguagem trai continuamente as divisões.
Falam não de seu irmão, mas do filho de Jacó.
33. animal feroz. Realmente é a obra da ferocidade da ira e do
ciúme dos filhos insensíveis de Jacó.
34. pano de saco e chorou. Sua exibição de tristeza é muito mais
intensa que a de Rúben (ver 37.30).
35. confortá-lo. Isto é hipocrisia da parte de seus filhos.
sepultura. O hebraico se refere ao Sheol; ver mais adiante, Reflexões
Teológicas.
36. Nesse meio tempo. Este versículo arma o palco para o Ato 2.
Venderam. Ver Amós 1.6, 7.
Potifar. Esta é a forma mais abreviada do nome egípcio “Potífera”
(41.45), significando “aquele a quem Ra (o deus sol) tem dado”. O
nome, que não pode ser datado antes do décimo terceiro século a.C.,
pode ser uma modernização de uma forma primitiva.
REFLEXÕES TEOLÓGICAS SOBRE O LIVRO 10, ATO 1,
CENA 1
Providência
DEUS revela sua soberania através tanto de sonhos quanto da providência
(ver “Temas do Livro 10”). A mensagem de sonhos (predestinação)
é uma palavra “dura” para a soberania de DEUS. Providência, como
vista entre outras coisas em lex talionis, é uma palavra “suave”.20
Sonhos
Uma vez mais, a revelação de DEUS começa um relato, desta vez
predizendo o governo de José sobre sua família (ver 37.5, 8, 9 em
Notas Exegéticas). Os sonhos dados a José se cumprirão em Gênesis
20. Brueggemann, Genesis, 293.
GÊNESIS 37.31-36
625
42-47. Estas revelações certas exibem a soberania do Senhor. A soberania
de DEUS é também evidente nos sonhos aos prisioneiros egípcios
e a faraó. Estes dois pares de sonhos declaram a predestinação do Senhor
tanto na criação quanto nas atividades humanas.
Eleição
Não é justo o favoritismo de Jacó, nem os modos de José a quem os
irmãos odeiam. É o sonho. Muitos hoje, como os irmãos, se ofendem
com a doutrina da eleição (ver Rm 9.10-24). DEUS trata a todos com
justiça, porém usa de misericórdia para com alguns (Mt 20.1-16). A moral
de sua eleição é ambígua; sua escolha de José para governar promove
discórdia. Os irmãos têm de aprender a aceitar sua eleição à realeza.
Lex Talionis
Na justiça soberana de DEUS, as pessoas colhem conseqüências por
seus maus-feitos. Os crimes de Jacó contra Esaú são equiparados pelos
crimes de seus filhos contra si. Como ele engendrou fraude contra Esaú
com um cabrito e uma roupa, seus filhos usam um cabrito e uma roupa
para enganá-lo. Como o desejo de Rebeca de tirar vantagem para Jacó
e desvantagem para Esaú levou este a querer assassinar a Jacó, assim o
desejo de Jacó de tirar vantagem para José leva os irmãos a desejarem
assassinar a José. DEUS concede grande misericórdia a Jacó, porém
não permite que os malfeitos deste fiquem impunes.
Transformação
DEUS faz as mais surpreendentes escolhas. Aqui ele escolhe uma
família dividida por favoritismo, imaturidade e vingança. Todavia concretizará
seus propósitos através deles e no processo realizará sua transformação
e restauração radicais. A estrada para a realeza em Israel é
muito mais tortuosa do que em Edom; os eleitos devem ser redimidos
antes que governem.
 




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