“Não me sinto bem comigo mesma.”
“Ninguém se importa comigo.”
“Sou
horrível.”
“Não faço nada direito.”
“Todos são melhores que eu.”
“Parece que os outros se incomodam com a minha
presença.”
“Sinto que
minha família, escola ou igreja, seriam melhores sem mim”.
Se uma
menina descrever esses sentimentos a uma psicóloga, o que provavelmente ouvirá?
“Sua autoestima é muito baixa. Você precisa trabalhar nisso”. Autoestima é um
conceito comum em nossos dias, até mesmo dentro das igrejas. Mas será que este
é o diagnóstico correto? Essa menina precisa aprender a se valorizar mais? Já
li e ouvi muito isso e até já acreditei nisso. Porém, o que Deus tem a dizer
sobre essas teorias? Muitas vezes aceitamos o que o mundo diz, mas precisamos
voltar nossas mentes para a Bíblia e renovar nosso modo de pensar segundo o que
Ele diz.
O diagnóstico
“O seu problema é que você não se ama o suficiente.” Existe
base bíblica para sustentar esse argumento? Não, o que existe é a instrução de
termos um conceito equilibrado de nós mesmos, de acordo com a fé (conjunto de
doutrinas) que Ele nos concedeu (Rm 12.3). Porém, não há na Bíblia versículos
que nos direcionem para a busca do amor próprio. Deus ordena o amor a Ele e aos
outros e não a nós mesmas. O fato é que a Bíblia ensina que já amamos a nós
mesmas. O que precisamos aprender, na verdade, é a amar a Deus com todo o nosso
ser e amar aos outros assim como já sabemos naturalmente amar a nós mesmas (Mt
22.37-39, Ef 5.28-30). Deus nos exorta a cuidar dos interesses dos outros além
dos nossos e a colocar os outros acima de nós mesmas (Fp 2.4-5) Isso não se
assemelha em nada ao ensino da autoestima. São opostos. O diagnóstico de Deus
é: “O seu problema é que você se ama demais, mais do que os outros e mais do
que a Mim”.
Os defensores da autoestima também dirão: “Você não é tão
ruim quanto pensa. Valorize-se. Coloque seu foco nos seus pontos positivos.”
Deus, porém, vai à direção oposta e declara que, na verdade, o coração do ser
humano é inclinado sempre e somente para o mal (Gn 6.5; Rm 3.10-18). Somos, por
natureza, distantes de Deus e cheias de pecado. Como poderíamos ser otimistas e
realistas sobre nosso coração ao mesmo tempo? Como poderíamos encontrar
esperança em nós mesmas? Os defensores cristãos da autoestima ainda tentarão
arriscar: “Mas você é filha de Deus, criada e escolhida por Ele, feita à imagem
dEle, salva por Cristo! Deus te valoriza! Você precisa se valorizar também!”
Porém, o amor de Deus por nós não existe por sermos amáveis. O perdão, a
salvação e a transformação que Ele nos oferece não são por ter visto em nós
algo de bom; pelo contrário. A morte de Jesus na cruz não demonstra o quanto
somos valiosos para Deus, mas como são graves os nossos pecados e como é grande
a Sua misericórdia por nós. Não temos nenhum mérito por nenhuma coisa boa e
nenhuma esperança em nós mesmas – e não devemos buscar isso
(Ef 2.8,9). O que Deus nos diz a respeito de nós é diferente do que a teoria da
autoestima diz. “Você não é tão boa quanto pensa. Arrependa-se. Coloque seu
foco em Cristo.”
Mudando o foco
O que está, então, por trás, da suposta “baixa autoestima”?
Orgulho, egoísmo, ingratidão, descontentamento, foco errado... Uma pessoa com “baixa autoestima” pode ser,
na verdade, um orgulhoso que não recebeu aplausos. Como assim? Por exemplo, uma
menina orgulhosa pode ficar muito triste e frustrada por não ser tão
inteligente ou tão bonita quanto aquela outra. O problema não é que ela precisa
valorizar mais a própria inteligência e beleza. O problema é que ela precisa se
arrepender de seu orgulho, de seu foco em si mesma e de achar que merece mais
(mais inteligência, mais beleza, mais elogios ou mais qualquer outra coisa) do
que tem. Precisa aprender a ser grata a Deus e a colocar seu foco (sua alegria,
satisfação, identidade, segurança) nEle e não mais em si mesma.
O irônico é que o que muitos chamam de “baixa autoestima” é,
na verdade, uma gigantesca autoestima e uma microscópica estima de Cristo
. O que nós precisamos desesperadamente é tirar o nosso foco
de nós mesmas e colocar o nosso foco em Cristo. É a Cristo que precisamos
estimar, com todo o nosso coração. É para ele que devemos viver, e não mais
para nós mesmas, porque “ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não
vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”
(2 Co 5:15).
Devemos nos arrepender dos nossos pecados e da nossa forma
errada de pensar, renovar a nossa mente de acordo com o que Ele ensina e buscar
mudança baseada em Sua graça (com oração, com Bíblia, com comunhão na Igreja).
Deus não rejeita um coração quebrantado e Ele é fiel e justo para perdoar os
nossos pecados e nos purificar (Sl 51.16-17, 1 Jo 1.9).
O exemplo de Paulo Talvez, mesmo lendo tudo isso, você pense
que não se aplica a você ou que é uma mensagem muito dura para a sua realidade.
Muitas vezes pensamos que somos exceção, que ninguém nos entende nem pode nos
julgar porque não sabem o que enfrentamos no passado ou no presente. Mas as
nossas circunstâncias não podem nos dominar nem determinar como agimos. Nossos
sentimentos, palavras e ações vêm de nosso coração, não são produtos de
circunstâncias externas. Essas apenas revelam o que já está em nós. Por isso,
não temos desculpa.
O apóstolo Paulo é um exemplo de alguém que sofreu demais:
foi açoitado, golpeado, apedrejado, encarcerado e abandonado, além de ter
enfrentado naufrágios e diversos perigos (2 Co 11.23-27). Porém, será que
podemos imaginá-lo sentado cabisbaixo, lamentando por ser rejeitado pelos
outros e por sofrer tanto apesar de tentar fazer tudo certo? Podemos imaginá-lo
chegando à conclusão de que precisava se valorizar e cuidar mais de si mesmo?
Por que não? Por que em meio a tudo isso ele não desanimava??? Ele mesmo
responde:
"Por isso não desanimamos. Embora exteriormente
estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia,
pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma
glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não
naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o
que não se vê é eterno." (2 Co 4:16-18)
A minha oração é que o nosso foco seja como o de Paulo. Ele
amava e valorizava tanto a Cristo que, comparado com Ele, tudo o mais era como
esterco (Fp 3.7-9). Afirmou que, para ele, o viver era Cristo (Fp 1.21). Também
dizia que não considerava sua vida de valor para si mesmo, só queria obedecer a
Deus, viver em Sua vontade (At 20.24). A graça de Deus bastava para ele (2 Co
12.9-10).
Em Deus, Paulo tinha força
para viver contente em qualquer situação (Fp 4.10-13).Tudo isso porque ele
fixava seus olhos, não em si mesmo nem em suas circunstâncias, mas em Deus e na
eternidade. Que esse seja o nosso foco também: não em nós mesmas, mas naquEle
em quem temos tudo de que precisamos para a vida e a piedade (2 Pe 1.3).
Auto-estima: sua capacidade de gostar de si
Por Ana Lucia Santana
Disponível em:
http://www.infoescola.com/psicologia/auto-estima/
A auto-estima é o julgamento, a apreciação que cada um faz de si mesmo,
sua capacidade de
gostar de si.
O caminho mais viável para uma auto-avaliação positiva é o
autoconhecimento.
Conhecer seu próprio eu é fundamental, pois implica ter ciência de seus
aspectos positivos e
negativos, e valorizar as virtudes encontradas. Este diálogo interior
requer um voltar-se para si
mesmo, a determinação de empreender essa jornada rumo à essência do
ser, deixando um
pouco de lado o domínio do ego.
Esse reconhecimento subjetivo torna o indivíduo mais apto a enfrentar
os obstáculos e
desafios do cotidiano, uma vez que agora ele conhece seu potencial de
resistência e a
intensidade de sua coragem e determinação. Assim ele pode evitar as
armadilhas que
caracterizam a baixa auto-estima, tais como a insegurança, a
inadaptação, o perfeccionismo, as
dúvidas, as incertezas, a falta de confiança na sua capacidade, o medo
de errar, a busca
incessante de reconhecimento e de aprovação, entre outros. Fortalecido,
o sujeito pode resistir
aos fatores que provocam a queda na auto-estima – crítica e
autocrítica, culpa, abandono,
rejeição, carência, frustração, vergonha, inveja, timidez, insegurança,
medo, raiva, e tantos
outros.
A auto-estima se forma ao longo da infância, com base na educação e no
tratamento recebido
dos familiares, amigos e professores. É muito importante o ambiente, o
contexto em que a
criança cresce, pois este meio pode edificar ou destruir a confiança do
infante em si mesmo. Se
os pais tornam a criança um ser dependente, ela pode se tornar imbuída
de falsas crenças, o
que contribui para sua baixa auto-estima.
Segundo a psicologia, a auto-estima pode abranger o
que se chama de crenças auto-significantes –
“Eu sou inteligente/ignorante” -, emoções auto
significantes agregadas – segurança/insegurança – e traços de
comportamento. Ela pode ser
um aspecto definitivo da personalidade ou um estado emocional
passageiro.
Se a criança tem uma capacidade inata para o aprendizado e é produtiva
na escola, isto
contribui automaticamente para sua auto-estima. Nessa relação com a
esfera educativa,
incluindo o relacionamento com os colegas, vê-se este sentimento se
desenvolver bem cedo.
Neste momento a criança é facilmente influenciada e moldada pelos que a
cercam,
especialmente os pais, que são para ela o modelo de comportamento, a
imagem em que ela se
reflete. Assim se formam os elos de amor ou de ódio, que refletirão
imediatamente na
formação da sua auto-estima. Se os filhos crescem em um ambiente
depreciativo, em meio a
zombarias e ironias, sua auto-imagem será naturalmente inferior. Esse
mesmo padrão pode se
repetir na escola e com o círculo de amigos, o que reforçará este
sentimento.
Há caminhos que se pode seguir para elevar a auto-estima. Um deles,
talvez o mais
importante, já foi citado, o autoconhecimento. Também é necessário
cuidar da aparência física,
para que se tenha prazer de olhar no espelho, saber valorizar nossas
qualidades, deixando de
superestimar os defeitos, aprender com as vivências experimentadas ao
longo da vida, saber
desenvolver por si mesmo amor e carinho, ouvir a intuição e acreditar
que se tem o
merecimento de ser feliz, de ser amado, bem como desfrutar os prazeres
mais simples da vida,
mas que efetivamente nos fazem felizes. Assim o indivíduo receberá mais
tranqüilamente os
elogios e afetos, e aprenderá a retribuí-los, diminuirá sua ansiedade,
terá mais coerência em
seus sentimentos, que estarão sintonizados com seu discurso, não terá
tanta necessidade de
receber a aprovação alheia, será mais flexível, sua autoconfiança
crescerá, bem como seu amor
próprio, sua produtividade profissional será incrementada e, acima de
tudo, ele sentirá uma
intensa paz interior.
Auto-Estima Para Crentes?
Crianças e adultos precisam realmente de auto-estima?
A baixa auto-estima conduz a sérios problemas na vida?
Os pais deveriam se esforçar para desenvolver a auto-estima em seus
filhos?
A Bíblia incentiva a auto-estima?
Muitos cristãos têm suposições sobre este assunto; mas, o que diz a
Bíblia?
O que dizem as pesquisas?
A gênese da auto-estima
O movimento da auto-estima tem seus fundamentos mais recentes na
psicologia clínica, isto é, nas teorias da personalidade elaboradas por Wiliam
James, Alfred Adler, Erich Fromm, Abraham Maslow e Carl Rogers, cujos
seguidores popularizaram o movimento. Contudo, as raízes do movimento da
auto-estima retrocedem aos primórdios da história humana.
Tudo começou no terceiro capítulo de Gênesis. Inicialmente, Adão e Eva
tinham consciência de Deus, consciência um do outro, das coisas à sua volta e
não de si próprios. A percepção de si mesmos era incidental e secundária na sua
focalização em Deus e um no outro. Adão compreendia que Eva era osso dos seus ossos
e carne de sua carne (comp. Gn 2.23), mas não estava consciente de si do mesmo
modo que seus descendentes seriam. O ego não era problema até a queda.
Comer da árvore do conhecimento do bem e do mal não trouxe a sabedoria
divina. Resultou, sim, em culpa, medo e na separação de Deus. Assim, quando
Adão e Eva ouviram que Deus se aproximava, esconderam-se entre as árvores. Mas
Deus os viu e perguntou: "Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da
árvore de que te ordenei que não comesses?" (Gn 3.11).
O ego pecaminoso
Adão e Eva responderam dando-nos o primeiro exemplo de
autojustificação. Primeiro Adão culpou Eva e Deus, e então Eva culpou a
serpente. O fruto do conhecimento do bem e do mal gerou o ego pecaminoso
representado pelo amor-próprio, auto-estima, auto-aceitação, autojustificação,
hipocrisia, auto-realização, autodifamação, autopiedade, e outras formas de
autofocalização e egocentrismo.
Desse modo, o atual movimento da auto-etc. tem suas raízes no pecado de
Adão e Eva. Através dos séculos, a humanidade continua a se deleitar na árvore
do conhecimento do bem e do mal, que tem disseminado seus ramos do saber
mundano, incluindo as vãs filosofias humanas e, mais recentemente, as
filosofias "científicas" e a metafísica da psicologia moderna.
As fórmulas religiosas do valor-próprio, do amor-próprio e da
auto-aceitação escorrem do tubo da televisão, fluem pelas ondas do rádio e
seduzem através da publicidade. Do berço ao túmulo, os defensores do ego
prometem a cura de todos os males da sociedade por meio de doses de
auto-estima, valor-próprio, auto-aceitação e amor-próprio. E todo mundo, ou
quase todos, repetem o refrão: "Você só precisa amar e aceitar a si
próprio como você é. Você precisa se perdoar", e: "Eu só tenho de
aceitar-me como sou. Eu mereço. Eu sou uma pessoa digna de
amor, de valorização, de perdão."
A resposta cristã para o mundo
Como o cristão deve combater o pensamento do mundo, que exalta o ego e
o coloca no centro como a essência da vida? Como o cristão deve ser fiel à
ordem de nosso Senhor, de estar no mundo mas não ser do mundo? Ele pode adotar
e adaptar-se à filosofia/psicologia popular de sua cultura, ou ele deve
manter-se como quem foi separado por Deus e encarar sua cultura à luz da
Palavra? Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de
mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mt 11.28-30).
Este é um convite para deixarmos o nosso próprio caminho,
submetendo-nos a um jugo de humildade e servidão – com ênfase no jugo – num
relacionamento de aprendizado e vida. Jesus fez Seu convite ao discipulado com
palavras diferentes, mas para o mesmo relacionamento e o mesmo objetivo, quando
disse: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz
e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a
vida por minha causa achá-la-á" (Mt 16.24-25).
Nenhum mandamento para amar a si próprio
Jesus não nos ordena que amemos a nós mesmos, mas que amemos a Deus e
ao próximo. A Bíblia apresenta uma base para o amor completamente diferente
daquilo que a psicologia humanista anuncia. Ao invés de promover o amor-próprio
como a base para amarmos os outros, a Bíblia diz que o amor de Deus é a fonte
verdadeira. O amor humano é misturado com o amor-próprio e, em última análise,
pode estar em busca de seus próprios interesses. Mas o amor de Deus entrega a
si mesmo. Portanto, quando Jesus convida Seus discípulos a negarem a si
próprios e tomarem sobre si o Seu jugo e a Sua cruz, Ele os conclama a um amor
que doa a si mesmo, não a um amor que satisfaz a si mesmo. Até o advento da
psicologia humanista e de sua intensa influência na igreja, os cristãos
geralmente consideravam a auto-estima como uma atitude pecaminosa.
Apesar da Bíblia não ensinar o amor-próprio, a auto-estima, o
valor-próprio ou a autorealização como virtudes, recursos ou objetivos, um
grande número de cristãos de hoje têm sido enganado pelos ensinos pró-ego da
psicologia humanista. Ao invés de resistirem à sedução do mundo, eles se
submetem à cultura do mundo. Não somente eles não resistem à gigantesca onda do
egocentrismo; como estão na crista da onda da auto-estima, da autoaceitação e
do amor-próprio. Na área do ego, dificilmente se pode perceber a diferença
entre o cristão e o não-cristão, exceto que o cristão afirma ser Deus a fonte
principal de sua autoestima, auto-aceitação, auto-valorização e amor-próprio.
Através de slogans, bordões e textos bíblicos deturpados, muitos
crentes professos seguem a onda existencial da psicologia humanista e
estabelecem seu próprio sistema motivacional. Desse modo, qualquer crítica
contra os ensinamentos do valor-próprio, amor-próprio e auto
estima é considerada, por isso mesmo, como prova de que se deseja que
as pessoas sejam infelizes. Além do mais, qualquer crítica contra o movimento
da auto-estima é vista como um perigo para a sociedade, já que a auto-estima é
considerada como panacéia para seus males. Então se alguém, na igreja, não
apóia completamente a teologia da auto-estima, é acusado de promover uma
teologia desprezível.
Se há algo que o mundo e muitos na igreja têm em comum nos dias atuais,
é a psicologia da auto-estima. Embora cristãos professos possam discordar em
algumas das nuanças da autoestima, auto-valorização, auto-aceitação, e mesmo em
alguns dos pontos mais delicados de suas definições e de como elas são
alcançadas, muitos têm reunido forças contra o que acreditam ser um inimigo terrível
– a baixa auto-estima. Contudo, mesmo o mundo ainda não consegue justificar o
incentivo da alta auto-estima pelos seus próprios métodos de pesquisa.
As pesquisas não apresentam justificativas em favor da auto-estima
Há alguns anos, o legislativo da Califórnia aprovou o projeto de
criação da "Força-Tarefa Californiana para Desenvolver a Auto-Estima e a
Responsabilidade Social e Pessoal". O legislativo reservou para o projeto
245.000 dólares ao ano durante três anos, num total de 735.000 dólares. O duplo
título da Força-Tarefa foi realmente muito pretensioso. Ninguém nunca conseguiu
demonstrar que o estímulo à auto-estima está, de algum modo, ligado com a
responsabilidade social e pessoal. Nem se provou que todos aqueles que
demonstram responsabilidade social e pessoal possuem auto-estima elevada. Na
verdade a auto-estima e a responsabilidade social e pessoal têm relação
negativa e não positiva.
A Declaração do Objetivo da Força-Tarefa foi a seguinte:
Procurar determinar se a auto-estima e a responsabilidade social e
pessoal são as chaves para descobrir os segredos do desenvolvimento humano
sadio, de modo que consigamos atingir as causas e desenvolver soluções eficazes
para os principais problemas sociais, fornecendo a cada californiano as mais
recentes experiências e práticas quanto à importância da auto-estima e da
responsabilidade social e pessoal.(1)
A Força-Tarefa acreditava que apreciar a si mesmo e fortalecer a
auto-estima reduziria "dramaticamente os níveis epidêmicos dos problemas
sociais que enfrentamos atualmente".(2)
Há uma relação positiva entre a alta ou baixa auto-estima e a
responsabilidade social e pessoal?
Com o objetivo de pesquisar esta relação, a Força-Tarefa estadual
contratou oito professores da Universidade da Califórnia para examinar a
pesquisa sobre a auto-estima e sua relação com as seis áreas seguintes:
1. Crime, violência e reincidência;
2. Abuso de drogas e álcool;
3. Dependência da Previdência Social;
4. Gravidez na adolescência;
5. Abusos sofridos por crianças e esposas;
6. Deficiência infantil no aprendizado escolar.
Sete dos professores pesquisaram as áreas acima e o oitavo resumiu os
resultados, que foram publicados num livro intitulado The Social Importance of
Self-Esteem (A Importância Social da Auto-Estima).(3) Esta pesquisa confirmou a
relação entre a auto-estima e os problemas sociais?
David L. Kirk, colunista do jornal San Francisco Examiner, disse
rudemente:
Esse... volume erudito, The Social Importance of Self-Esteem, resume
todas as pesquisas sobre o assunto numa ridícula abordagem maçante de
cientistas pretensiosos. Economize seus 40 dólares que o livro custa e conclua:
Há pouquíssima evidência de que a auto-estima seja a causa de nossos males
sociais. (ênfase acrescentada.)
Mesmo tendo procurado uma conexão entre a baixa auto-estima e o
comportamento problemático, eles não puderam encontrar uma relação de causa e
efeito. (Contudo, estudos mais recentes indicam uma clara relação entre o
comportamento violento e a alta autoestima.) Apesar disso, a fé na auto-estima
não morre, e as escolas continuam a trabalhar para elevar a auto-estima.
Pior do que a continuação nos ensinamentos da auto-estima no mundo é a
confiança que cristãos professos continuam a depositar nos ensinamentos da
autovalorização e do amor a si próprios. Assim, o movimento secular da
auto-estima não é um ataque frontal contra a Bíblia com linhas de batalha claramente
demarcadas. Ao invés disso, é habilidosamente subversivo, e realmente não é
obra de carne e sangue, mas dos principados e potestades, dos dominadores deste
mundo tenebroso, das forças espirituais do mal nas regiões celestes, como Paulo
diz em Efésios 6.12. Lamentável é que muitos cristãos não estão alertas para os
perigos. Muitos mais do que podemos enumerar estão sendo sutilmente enganados
por um outro evangelho: o evangelho do ego.
O amor bíblico
Jesus convida os Seus para um relacionamento de amor com Ele e de um
para com o outro. A alegria dos Seus deve ser encontrada nEle, não em si
mesmos. O amor vem de Seu amor por eles. Assim o amor deles, de um para o
outro, não vem do amor-próprio e da auto-estima, tampouco aumenta a
auto-estima. A ênfase está na comunhão, na frutificação e na prontidão para ser
rejeitado pelo mundo. A identificação do crente está em Jesus ao ponto de
sofrer e segui-lO até a cruz. Somente através da semântica forçada, da lógica
violentada e da exegese ultrajada alguém pode querer demonstrar que a
auto-estima é bíblica ou mesmo parte da tradição ou do ensino da igreja.
O foco do amor na Bíblia é para cima e para fora ao invés de ser para
dentro. O amor é tanto uma atitude como uma ação de uma pessoa para com a
outra. Embora o amor possa incluir sentimentos e emoções, ele é essencialmente
uma ação determinada pela vontade para a glória de Deus e para o bem dos
outros. Assim, quando Jesus disse: "Amarás, pois o Senhor, teu Deus de
todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a
tua força" (Mc 12.30), Ele quis explicar que todo o nosso ser deve estar
comprometido para amar e, portanto, agradar a Deus. O amor a Deus é expresso
com um coração agradecido e determinado a fazer o que agrada a Ele de acordo
com o que está revelado na Bíblia. Não se trata de um tipo de obediência
mecânica, mas de um desejo para conformar-se à Sua graciosa vontade e de
concordar que Deus é a fonte e o padrão para tudo que é certo e bom.
A segunda ordem é uma extensão ou expressão da primeira: "Amarás o
teu próximo como a ti mesmo" (Mc 12.31). João acrescentou detalhes a
respeito. Ele descreveu a seqüência do amor. Em contraste com os mestres do
amor-próprio, que dizem que as pessoas não podem amar a Deus e aos outros até
que amem a si mesmas, João diz que o amor começa em Deus e, então, se estende
aos outros: "Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser:
Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu
irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte
dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão"
(1 Jo 4.19-21).
Deus nos amou primeiro, o que nos capacita a amá-lo, o que se expressa,
então, em amar uns aos outros.
Desde o primeiro fôlego de Adão, os homens foram destinados a viver em
relacionamento com Deus, e não como egos autônomos. A Bíblia inteira está
apoiada nesse relacionamento, porque após responder ao fariseu, afirmando que o
grande mandamento é amar a Deus e o segundo é amar ao próximo como a si mesmo,
Jesus acrescentou: "Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os
Profetas " (Mt 22.40). Jesus veio para nos livrar do ego e para
restabelecer esse relacionamento de amor para o qual fomos criados. Durante
séculos, foram escritos livros sobre amar a Deus e uns aos outros. Contudo,
atualmente, cada vez mais, a igreja está sendo inundada por literatura
ensinando-nos como amar-nos melhor, nos estimarmos mais, aceitarnos como somos
e desenvolvermos o nosso próprio valor. (BDM 12/97 – extraído e/ou adaptado das
edições 3-4 e 5-6/96 da PsychoHeresy
Awareness Letter).
Por : ESCOLA BEREANA -
ADVEC
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