terça-feira, 25 de outubro de 2016

LIÇÃO 5 : As Consequências das Escolhas Precipitadas




Amando ao  Senhor,  teu  Deus,  dando  ouvidos à  sua  voz e te achegando a   ele; pois  ele é  a   tua  vida e a longura dos teus dias; para  que fiques  na  terra que o  Senhor jurou  a   teus pais,a  Abraão,  a  Isaque e a  Jacó ,  que lhes havia de dar.
                                    -  Deuteronômio 30.20  

O caminho que Abrão teria que percorrer traçado  por Deus  não era um  caminho  sem  as  dificuldades  próprias  que surgem  na caminhada. Mas  seria  um  caminho  sob  a égide  de  Deus,  e Abrão  não  teria o  que temer,  porque  Deus  cuidaria dele  e  tudo  quanto  possuía.  Entretanto, Abrão  se deixou dominar pelo sentimentalismo familiar e permitiu que seus  parentes  interferissem  na sua caminhada traçada por Deus  para a “Terra Prometida”.

Quando Deus o chamou, fez-lhe um desafio em que a obediência seria o  ponto-chave  do sucesso  do  projeto  de  Deus  na sua vida.  Esse projeto revelado a Abrão acerca da Terra Prometida não incluía seus parentes, mas Abrão  não  conseguiu dizer não  para os  seus  familiares,  e  estes  criaram várias dificuldades ao longo da sua peregrinação desde que saiu de Ur dos Caldeus  (Gn  12.1).  Havia um sobrinho  chamado  Ló  que  tinha família formada e estava  instalado  naquela terra.  Ele era ambicioso e sonhador, por isso,  sem  que Abrão pudesse explicar que o plano  não  o  incluía,  Ló juntou seus pertences,  levando mulher, filhos, servos e servas,  seu gado e tudo quanto poderia carregar em seus animais seguindo a mesma rota do  caminho de Abraão.  Na realidade,  o  plano  original  de  Deus  para Abrão foi interceptado por aqueles parentes  que lhe  trouxeram  muitos problemas.  Essa interferência foi mantida por muitos  anos,  mas Deus, paciente e amoroso,  soube esperar o momento certo para agir e liberar Abrão e Sarai daquelas amarras familiares.

No capítulo  13, Abrão ainda era identificado pelo nome de família, Abrão”, bem como sua esposa, “Sarai”. Depois alguns anos, desde que saiu  de  Harã, já com  99  anos  de  idade,  Deus  promove  um  encontro pessoal  com Abrão,  lhe  faz promessas  e  muda  o  seu  nome  de Abrão para “Abraão”, com o significado de “pai de uma multidão de nações”. Também trocou o nome de Sarai para “Sara”,  cujo significado é  “mãe de nações”, e lhe promete um filho em sua velhice (Gn  17.1,4,5,15).  Da semente de Abrão formaram-se muitas nações.

Entretanto,  essa história vem  demonstrar ao  povo  de  Deus  hoje, a Igreja,  que  as  interferências  humanas  e  materiais podem  prejudicar os  projetos  de  Deus  para  a  nossa vida.  Abrão  deveria,  tão  somente, obedecer e fazer a vontade de Deus e, então, todas as coisas fariam seu curso normal porque Deus garante o que diz. Embora Deus determine todas as coisas, Ele o faz respeitando a vontade do homem, seu livre-arbítrio.  Por isso,  cada um  de nós é responsabilizado  pelas  decisões que tomamos.  Deus  tem  sua vontade  soberana e  pode  determinar o  que quiser, mas, ao mesmo tempo, Ele faz valer suas misericórdias quando não correspondemos plenamente o que Ele nos ordena fazer.  Por isso, Deus não desistiu de Abrão porque sabia que ele o amava e queria fazer a sua vontade.  Deus sabia também que Abrão, como homem, tinha as limitações próprias que poderiam criar algumas dificuldades.

0 CUIDADO COM NOSSAS ESCOLHAS

Interferência de Provações Imprevisíveis

Nossas escolhas podem influenciar nossas decisões para bem e para o mal.  Muito das nossas escolhas tem a ver com a questão da vontade, a nossa vontade e o confronto com a vontade de Deus. Todos queremos fazer a vontade  de  Deus,  mas  sabemos  que fazer a vontade  de  Deus, quase sem  exceção,  envolve riscos,  ajustes,  decepções,  sucessos e  derrotas  e,  também,  mudanças.  Normalmente  amamos  tudo  aquilo  que for familiar e conhecido por nós;  gostamos em especial das coisas que podemos controlar. Nossas escolhas pessoais envolvem esses elementos. Em relação a Deus, queremos entregar a Ele nossos desejos e alinhá-los com  o  seu querer.  Porém,  quando  temos de escolher  um  caminho  de renúncia que Ele nos mostra para percorrer, temos dificuldades com a aceitação desse desafio. Abrão, mesmo percebendo a dureza do caminho que lhe mostrara,  creu em Deus,  mas,  como homem,  cometeu alguns deslizes que resultaram em consequências ruins.
Há momentos na vida de um servo de Deus que se tornam difíceis, principalmente  quando  se precisa tomar decisões. A  fé  nas promessas de  Deus  era  o  estímulo  maior para a peregrinação  de Abrão  à Terra Prometida.  Entretanto, ele teria que se manter fiel ao plano original de Deus e saber que as provações seriam inevitáveis.
Ao  deparar-se  com  “a  fome  na  terra”,  deixou  de  buscar  de  Deus a  direção  para a sua vida e  tomou  a decisão  de  ir  para o  Egito,  terra que  tinha pastagens para o  seu gado  e  muita riqueza.  

Ele baixou seus olhos  para as  coisas da terra e,  então,  fraquejou  na fé  quando,  mesmo com  o  empobrecimento  da terra onde estava vivendo,  não  lhe  faltava nada.  Ele  mudou  a visão  da Terra Prometida por  uma visão  limitada e materialista.  Foi dominado por um sentimento de ambição material ao ouvir da prosperidade da terra do Egito.  Decidiu então sair de terra de Canaã e tomar o  caminho  do  Egito  sem  consultar a Deus.  Abrão permitiu que  a força da carne  o  dominasse e seu coração  se  enchesse de ambição.  Dominado  por essa força carnal,  ele decidiu quebrar seus princípios éticos e morais e, para sobreviver sem ser incomodado, mentiu e usou de engano  (Gn  12.11).  N o Egito, Abrão  não  levantou um altar ao Senhor como sempre fez desde que havia saído de Harã.  Por pouco não perde tudo,  inclusive com a ameaça de morte.O  caminho fora da vontade de Deus induz aos caminhos tortuosos e  pecaminosos.  Sem  dúvida,  Abrão  entristeceu  a  Deus  e não  o  consultou sobre qualquer decisão que tomou naquela terra. Mesmo assim, Deus,  que o amava,  não desistiu de dele.  Pelo poder soberano divino, o Senhor interferiu  naquele momento histórico em que Abrão  e Sarai corriam o risco de serem  mortos por terem enganado o próprio rei do Egito.  O   Senhor  enterneceu o  coração  de  Faraó  para que  o casal  não fosse  punido  no  Egito.  O   cuidado  de  Deus  ainda estava com  o  casal quando Abrão  entendeu que precisava começar tudo de  novo  e pedir o perdão de  Deus pelo seu descaminho.Abrão,  então,  deixou o  Egito  e voltou  para  Betel,  e naquele  lugar onde Deus o abençoara tão abundantemente, ele lembrou-se do Senhor e,  mais  uma vez,  levantou  um  altar de  pedras  ao  Senhor”  (Gn  12.4). Quando havia saído de Betel e tomou o caminho do Egito, Abrão não ofereceu culto algum  a Deus.  Apesar dessa fraqueza de atitude,  Deus não o abandonou e manteve seu propósito com ele. Porém, Abrão ainda enfrentou algumas dificuldades

Interferência no Plano de Deus

Depois que Abrão decidiu voltar, também Ló o acompanhou de volta a Canaã. Ambos progrediram e aumentaram seus gados e riquezas, mas começou a haver conflito entre os pastores de ambos porque o espaço geográfico ficou pequeno para eles. Abrão, desde que voltara do Egito, mais que nunca,  entendeu que Ló  não fazia parte do plano de Deus  e ainda estava provocando problemas.A  lição  difícil que se aprende  nessa história é que  o  fruto  da deso­bediência é sempre amargo. Abrão estava vivendo essa experiência por ter se deixado  dominar por situações  que poderia ter evitado  quando se dispôs sair da sua terra em  Ur dos  Caldeus. A  interferência de  Ló começou a provocar problemas  de ordem social dentro  da  família.  O  tempo todo o seu sobrinho Ló havia saído com tudo o que possuía, gados e pessoas para servi-lo e, onde chegavam, os seus pastores procuravam as melhores pastagens em prejuízo do gado de Abrão.  Começou a haver choque de interesses, e Ló não teve o menor respeito por seu tio Abrão quando seus pastores começaram a contender com os pastores os dele.Ao  deparar-se  com  o  problema,  Abrão  entendeu  a gravidade  do conflito e entendeu que era a hora de definir a situação. Então, procurou fazer isso da melhor forma possível, confiando na provisão e promessa de  Deus  que  lhe  daria  sabedoria para solucionar  esse  conflito.  Essa interferência não  invalidou  a promessa de  Deus  para Abrão,  mas  ele entendeu que, se não podia voltar ao início de tudo, pelo menos podia amenizar o problema confiando que Deus o perdoaria. É sempre perigoso quando permitimos interferências no plano de Deus para a nossa vida.55

Interferência de Sentimentalismos

Quando alguém toma consciência do plano de Deus, deve desvencilhar-se de qualquer coisa relacionada à sua vida pessoal que possa vir a ser um obstáculo ao plano divino. No caso de Abrão foi o sentimento familiar  que  bloqueou sua decisão  de  apenas  obedecer  a  Deus  e  sair do  meio  de  seus  parentes  indo  para  a  terra  que  o  Senhor  lhe  havia prometido. Ao  estabelecer esse requisito  a Abrão,  ele deveria ter saído imediatamente daquela terra.O   desafio  e  a  promessa  envolviam  a  conquista de  um a  terra  de leite e  mel  (Gn  12.1),  mas ele  ficou  empolgado e  revelou  o  projeto  de Deus à família. A  revelação do projeto fez pulsar a ambição de toda a família,  a partir do próprio pai Tera, além de Ló,  sobrinho de Abrão, filho de seu irmão Naor.  Então Abraão, pressionado por seus parentes e, principalmente, pelo pai Tera, não conseguiu sair só com sua esposa. Ele não conseguiu desvencilhar-se de seus parentes. Sentimentos fami­liares  interferiram  no  plano  original e ele  não  conseguiu dizer para a família que não estavam incluídos.  Quando permitimos que os nossos sentimentos  pessoais  interfiram  no  plano  de  Deus  para a  nossa vida, não conseguimos evitar as consequências dessa atitude.

Interferência no Espaço e Geográfico que Era Destinado para Abrão

A vontade  de  Deus  para Abrão  era  um a vontade  específica  que deveria,  tão  somente,  ser obedecida sem  permitir que interferências a impedissem de ser concretizada.  Entretanto, as interferências no plano original de  Deus  para Abrão  foram várias,  a começar pelos  parentes; depois,  pelo  espaço  físico que deveria pertencer apenas  a Abrão  e  sua mulher. Mas o texto de Genesis  13.6 diz literalmente que:  “E não tinha capacidade  a terra para poderem habitar juntos  ,  então,  começaram a surgir os conflitos dentro desse espaço.

Há uma lei na ciência da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Metaforicamente entendemos que Deus havia estabelecido  um espaço  dentro  do  seu plano  para Abrão  e,  portanto, aqueles familiares no contexto do plano original de Deus eram excedentes e  não  faziam parte  do  plano  divino.  Na realidade,  toda essa situação tornou-se uma intromissão no plano de Deus, e Abrão se viu obrigado a aceitar,  trazendo-lhe  péssimos  resultados.  Não se  tratava apenas  de um  espaço  físico  comprimido entre Abrão  e  Ló,  mas significava  uma intromissão no espaço que Deus havia destinado apenas para Abrão e sua esposa Sarai.
Em nossos tempos, no meio cristão, especialmente no seio da igreja, desenvolvem-se desacordos e contendas por causa de campo de trabalho eclesiástico.  Se  não  houver  uma solução  cristã capaz de  neutralizar a contenda, parte-se para a separação de interesses.
Conflitos Modernos nos Espaços Eclesiásticos

Lamentavelmente,  existem  interferências  e  invasões  de  igrejas  em campos alheios em que a ética parece ter sido aposentada na cabeça de algumas lideranças, que justificam suas atitudes em nome do crescimento da igreja.  Não respeitam limites nem agem com  bom senso, sem levar em  conta pelo  menos  um  limite geográfico  que  respeite o  campo  de trabalho  do  outro.  Essas  interferências  não  têm  respaldo  bíblico  nem apoio do Espírito Santo, porque tais atitudes promovem conflitos que não glorificam a Deus.

RUPTURAS GERADAS POR ESCOLHAS MAL FEITAS

Em   meu  livro Abraão ,  a   Experiência  de  nosso  Pai  na  Fé (CPAD), apresentei como resultado negativo do conflito entre Abrão e Ló algu­mas rupturas que culminaram com a quebra de relações familiares e a separação inevitável entre ambos. Além das interferências circunstan­ciais  a  que havia se submetido,  as  rupturas  provocadas  pela contenda com Ló  fizeram com  que Abrão,  mais  uma vez,  levantasse um altar e ali  invocasse o  nome do  Senhor a fim  de  obter de  Deus  a graça para saber  administrar  aquela  situação  entre  ele  e  Ló.  Abrão  não  queria cometer nenhuma injustiça,  mas sabia que,  inevitavelmente, a decisão que tomaria traria pesar e separação entre ambos. Ao oferecer sacrifício ao  Senhor, Abrão  foi fortalecido  em sua fé  (Gn  12.8). Anteriormente, Abrão já havia experimentado o  dissabor da sua estada no  Egito,  mas agora, o Senhor desperta a sua mente para o reinicio de sua caminhada de fé para a conquista final do plano original.  Entretanto, esse reinicio seria palmilhado por algumas rupturas produzidas por aquela contenda. Destacamos,  pelo menos,  três rupturas.

A Primeira Ruptura Foi Social

Não  foi  fácil  para Abrão  decidir  a separação,  porque  ele  tinha um coração generoso a despeito 
da atitude egoísta de Ló, sua família e seus pastores.  Mas ele precisou decidir,  mesmo sabendo  do que iria incidir como resultado daquela decisão.  É natural que, quando tomamos uma decisão que atinge o nosso emocional, nos assaltem duvidas e hesitações que  poderiam  imobilizá-lo.  Eram  dúvidas  que  respondiam  a temores íntimos e que poderiam impedi-lo de agir com convicção.  São os me­dos interiores que embargam nossas ações e podem prejudicar o nosso futuro.  Mas Abrão  foi  capaz  de  superar  esses  medos,  e  mesmo  com o coração  partido, ele precisou escolher a separação do seu sobrinho.
A separação entre ambos foi,  na verdade,  produzida pela contenda entre  os  seus  pastores,  de  Ló  e  de Abrão,  por causa das  pastagens  e água que  não  eram suficientes  para os  dois. Abraão  tinha consciência de  que  seu  erro  iniciou quando  saiu de  Harã para ir a terra que  Deus havia lhe  prometido.  Ló  começou  a agir de  forma egoísta a ponto  de perder o respeito ao seu tio Abrão. 

Aceitou os argumentos de seus pas­tores  de  ovelhas  e  cabras  e permitiu  que  a contenda agisse  como  um vírus que contagiou a relação com os pastores de Abrão.  Brigaram por causa dos  poços  abertos  sob  a sua tutela e queriam  se  apossar desses poços. Abraão entendeu que seria impossível viver pacificamente com seu sobrinho quando os interesses estavam acima do  respeito  familiar e do temor a Deus.

A Segunda Ruptura da Concessão

Para evitar maiores confusões, Abrão estava consciente de que o que estava acontecendo era o fruto de sua falha em  ter permitido que Lo o acompanhasse.  M as,  acima de  tudo, Abráo  estava debaixo  da bênção de  Deus  e estava disposto a pagar o  preço  pelo  erro passado.  Quando ofereceu  sacrifício  ao  Senhor em  Betei, Abrão  estava  em  paz consigo mesmo porque naquele monte ele havia renovado seu pacto com Deus (Gn  13.4). A partir de então,  ele estava pronto para assumir as respon­sabilidades de seus atos e decidir sobre coisas que não mais restringiriam sua obediência completa ao plano original feito por Deus.
Abraão sabia que sua decisão implicaria na concessão de coisas, mesmo com perdas, para que o plano divino não fosse obstruído por qualquer outra circunstância. Para que não houvesse mais constrangimento entre ambos,  eles  deveriam separar-se geograficamente  (Gn  13.8,9).  Partiu de Abrão a oportunidade oferecida de escolha.  Em sua decisão, Abrão preferiu fazer concessões que propiciassem a paz entre ambos,  mesmo que se separados geograficamente.

A Terceira Ruptura Foi a Cobiça de Ló

Com essa concessão do velho Abrão para o seu sobrinho Ló, percebe-se que a cobiça de Ló foi um dos motivos da contenda entre ambos. À sombra da prosperidade de Abrão, o seu sobrinho Ló ia tirando proveito com o aumento de sua fazenda e de sua riqueza, mas Ló não tinha visão espiritual do projeto de Deus que só Abrão sabia e conhecia. Não foi leal com seu  tio  quando  não  puderam mais conviver na mesma terra.  Por isso, com a opção da escolha concedida por Abrão, Ló expôs sua ambição carnal e material,  e não teve a menor consideração pelo seu tio Abrão.

A palavra  “cobiça” pode ser identificada na  Bíblia como  “avareza, avidez,  ganância”.  Na verdade,  a cobiça que dominou a mente e o  co­ração de Ló era tão forte que ele não  teve escrúpulos em tirar proveito do seu tio Abrão. M as o velho Abrão temia ao Senhor, e sabia que Deus cuidaria dele e o abençoaria onde ele colocasse os pés.  Essa ruptura da cobiça aconteceu nas  relações  familiares e entre seus pastores,  porque ela sempre produz contenda e infecciona todo um ambiente de paz (Pv 17.14; Fp 2.3,4). A cobiça de Ló o tornou ardiloso e insensível; por isso, seu coração endureceu e a contenda provocada trouxe muitos espinhos que feriram  as  relações de convivência entre as  famílias.

Um dos mandamentos de Deus para o povo de Israel, alguns séculos depois,  destacava a cobiça como  algo  que  deveria ser punido no  meio do povo.  Era o décimo mandamento que condenava e proibia a cobiça de  tudo  quanto  é  coisa que envolvesse a casa  do  vizinho,  sua esposa, servos, gado ou qualquer outra coisa alheia (Êx 20.17). Existe uma his­tória no Antigo Testamento acerca do rei Acabe que, cobiçando a vinha de Nabote, não teve qualquer escrúpulo juntamente com sua diabólica mulher Jezabel  em  mandar  matá-lo  para  possuir  a vinha de Nabote, que era uma herança de seus pais (1  Rs 21.1-16). No Novo Testamento, a cobiça é condenada como  uma forma de  idolatria  (Cl 3.5,  N T L H ). Na Carta aos  Romanos  7.7,  Paulo  fala da cobiça como  uma força da carne que  precisa ser bloqueada para obter uma vida cristã vitoriosa. Jesus  condenou  a cobiça,  quando  fala  de  “avareza”  em  um  dos  seus discursos:  “Porque  do  interior do  coração  dos  homens  saem  os  maus pensamentos,  os adultérios,  as  prostituições,  os  homicídios,  os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução,  a inveja, a blasfêmia, a soberba,  a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contami­nam  o  homem”  (Mc 7.21-23).  Em   1  Timóteo  6.10,  o  apóstolo  Paulo declara que “o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males”.  Foi o caso de Ananias e Safira, que mentiram por causa da cobiça e avareza de seus corações  (At  5.1-11).  N o caso  de Ló,  sua cobiça o  fez perder o bom senso e o respeito pelo seu tio.

DUAS ESCOLHAS

Abrão chegou a um ponto no qual não podia mais voltar atrás; tinha que escolher uma decisão que pudesse resolver o problema do conflito entre  ele  e  Ló.  N a  história da Literatura  sul-americana,  no  Chile,  o poeta  Pablo  Neruda declarou  certa ocasião:  “Você  é  livre  para fazer suas escolhas,  mas  é  prisioneiro  das  consequências”.  Ele  disse,  ainda: “Escrevo isso porque acredito mesmo que podemos decidir sobre aquilo que  é  melhor para  nós”.  Uma vez  que  as  nossas  escolhas  definem  as consequências que teremos que viver mais a frente.

A Escolha de Ló

Saber fazer as escolhas é sinal de sabedoria.  Por outro lado, devemos entender que tudo o que escolhemos fazer gera consequências para nós e atinge  as  pessoas  do  nosso  convívio.  Até  que ponto  a nossa escolha  afetara as  pessoas  ao  nosso  redor.  Parece-nos  que Ló,  dominado  pela avareza em seu coração, não percebeu o mal que estava fazendo para si mesmo e acabaria atingindo as pessoas do seu convívio.

O  texto diz que   levantou Lo os seus olhos e viu toda a campina do Jordão”. Pela ética familiar, o direito de escolha era de Abrão, mas Abrão preferiu oferecer a Lo  a oportunidade  de  escolher.  Abrão  subiu a  um lugar alto e mostrou a Ló os dois lados das terra à vista, do lado oriental e do  lado  ocidental  (Gn  13.10,11).  A  visão  egoísta e  materialista,  sem pestanejar, focalizou as melhores terras do lado Oriente, onde estavam as campinas do Jordão,  próximas  das  cidades  de Sodoma e  Gomorra. Havia grandes e vastos campos para o seu gado e para o plantio. Abrão não  duvidou  da promessa de  Deus  e  olhou  o  outro  lado  onde havia enormes montanhas e que não inspiravam qualquer sonho para a terra de Canaã e habitou ali  (Gn  13.12).

Ter  atitude  de  respeito,  compreensão,  contribuição,  cooperação, amizade,  amor,  tolerância e gratidão  são  elementos positivos  que  en­curtam  o caminho de quem faz a vontade de Deus. A  escolha egoísta de  Ló,  não  muito  depois  daquela decisão,  com  poucos  anos  naquela terra  que havia escolhido  em  prejuízo  de seu  tio Abrão,  converteu-se em  morte  e  destruição  para  as  cidades  de  Sodoma  e  Gomorra.  Ao escolher o  que entendia ser a  melhor parte,  nas  campinas  do Jordão, não podia imaginar o  dedo  de  Deus  naquele lugar onde  perdeu tudo o  que  tinha,  inclusive  a  família.  Diz  a  Bíblia que  Ló  armou  as  suas tendas  até  Sodoma e passou a habitar naquela cidade  (Gn  13.12).  As consequências inevitáveis aconteceram e, mesmo que Ló procurasse ter uma vida de retidão onde vivia, não conseguiu dominar o ímpeto de sua família, perdendo a autoridade sobre sua mulher e suas filhas, as quais se corromperam  com  o  estilo  de vida depravado  daquela cidade  (Gn 19.14,16,17).  Lo  escolheu  segundo  o  espírito  do  mundo  representado por Sodoma e Gomorra.

A Escolha de Fé de Abrão

 Abrão,  um homem  de  fé,  confiou  na provisão  de  Deus  e,  por isso armou as suas  tendas,  e veio,  e habitou nos carvalhais de Alanre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor”.  Nos lugares que lhe  restaram  na terra de  Canaã,  não  havia campinas verdejantes nem terra fértil para o plantio. As fontes de água eram poucas, porque era uma região pedregosa e montanhosa,  mas Abrão sabia que,  aquilo que parecia ser o  pior,  era,  de  fato,  o  melhor,  porque,  ao  depender de Deus,  o aparente prejuízo foi transformado em lucro.
No Egito, Abrão teve que viver por “vista”, e não “por fé”. Por isso, sua visão apenas horizontal para a prosperidade das terras egípcias roubou a sua visão vertical para Deus. N o Egito, ele enfrentou dissabores morais e espirituais que marcaram a sua vida. Ló, enquanto estava à sombra de seu tio Abrão, tinha a bênção de Deus, mas buscou liberdade para reger sua própria vida, a prosperidade conquistada não durou muito tempo. Naquelas belas campinas do Jordão, Ló perdeu sua família, seus bens e até a honra, mas Abrão recebeu a promessa de uma família que encheria a terra.  Quando Deus é o primeiro em nossa vida, não importa quem é o segundo ou o último.  O que parecia perda com a escolha gananciosa de Ló,  na verdade, converteu-se em lucro para o patriarca.

CONCLUSÃO

Jesus, em um dos seus discursos, fez uma séria advertência aos seus discípulos, lembrando a triste e decadente história de Ló e sua família em meio a uma geração corrompida, como foi a de Sodoma e Gomor- ra.  Com   poucas  palavras,  apenas  disse:  “Lembrai-vos  da  mulher de Ló”  (  Lc  17.32).  Em  nossos dias,  muitos  cristãos  se  deixam  levar pela avareza e tornam seus corações ambiciosos, porque se deixam dominar pelo espírito do  mundo moderno,  mas Jesus  adverte-nos,  dizendo:  “E olhai  por vós,  para que não  aconteça que  o vosso  coração  se carregue de glutonaria,  de embriaguez,  e  dos  cuidados  da vida,  e venha sobre vós de improviso aquele dia”  (Lc 21.34).
Abraão  creu  no  invisível e foi  abençoado  pelo  Senhor. A  terra que ele teve que  escolher  era inóspita e  pedregosa,  e  não  parecia produzir riqueza alguma,  mas Abrão  aprendeu  a depender de  Deus,  que  o  fez prosperar e crescer.  Nessa história,  a despeito de algumas situações de fraqueza a que se rendeu Abrão, em nenhum momento deixou de temer ao  Senhor.  Se,  por  um  pouco,  oscilou  na fé e se descuidou da relação com Deus, seu caráter passou por uma drenagem e limpeza para que ele aprendesse a não depender de ações temperamentais. A partir de então, ele pôde  iniciar a retomada do  caminho  da fé. As decisões  erradas de outrora seriam apenas lembranças de algo que ele não cometeria mais. Seu caminho estava agora livre para alcançar a vitória do  Senhor.

Deus deu  o  livre arbítrio ao homem para  que,com  inteligência e temor em seu  coração,saiba  escolher e decidir sobre sua  vida.



NEGUEBE
Região desértica situada no sul de Canaã (Gn 20.1, RA; RC, sul).

Gênesis 13:1-18
13.1, 2 Nos dias do Abrão donos de ovelhas e gados podiam adquirir uma grande riqueza. A riqueza do Abrão não só incluía prata e ouro mas também ganho. Estes animais eram uma mercadoria valiosa utilizada como comida, vestido, material para lojas e para sacrifícios. Elas eram pelo general comercializadas por outros bens e serviços. Abrão pôde observar o crescimento e a multiplicação diária de sua riqueza.

13.5-9 Ao enfrentar a possibilidade de um conflito com seu sobrinho Ló, Abrão tomou a iniciativa de resolver a disputa. O permitiu ao Ló que escolhesse primeiro, mesmo que Abrão, sendo maior, tinha esse direito. Além disso, Abrão mostrou a disposição de arriscar-se a ser enganado. O exemplo do Abrão nos mostra como devemos responder às situações familiares difíceis: (1) tomar a iniciativa para resolver os conflitos, (2) permitir a outros que façam a primeira eleição, mesmo que isso signifique que não teremos o que queremos; (3) pôr a paz familiar por cima de nossos desejos pessoais.

13.7, 8 Rodeados de vizinhos hostis, os pastores do Abrão e os do Ló deveram haver-se unido. Em lugar disso, permitiram que a inveja os separasse. Situações similares existem hoje em dia. Muitos cristãos discutem e brigam, enquanto Satanás está trabalhando ao redor deles.
As rivalidades, as discussões, os desacordos entre crentes podem ser destrutivos de três maneiras:
(1) podem danificar a boa vontade, confiança e paz, a base das relações humanas;
(2) obstaculizam o progresso de importantes coloque;
(3) fazem-nos nos concentrar em nós mesmos e não no amor. JESUS soube quão destrutivos podem ser os argumentos entre irmãos. Em sua oração final, antes de ser traído e detido, JESUS pediu a DEUS que seus seguidores sempre fossem "um" (Joh_17:21).

13.10, 11 O caráter do Ló se revela por suas eleições. O tomou a melhor parte da terra mesmo que isto significava viver perto da Sodoma, uma cidade conhecida por seu pecado. O foi ambicioso, desejou o melhor para si mesmo, sem deter-se pensar nas necessidades de seu tio Abrão ou no que era justo.
Nossas vidas são uma série de decisões. Também nós podemos escolher o melhor enquanto ignoramos as necessidades e os sentimentos de outros. Esta classe de decisões, como o mostrou a vida do Ló, causa problemas. Quando deixamos de decidir na direção de DEUS, tudo o que fica é decidir na direção equivocada.

Algumas pessoas simplesmente vivem à deriva. Suas alternativas, quando podem reunir suficiente vontade para tomar decisões, tendem a seguir a lei do menor esforço. Ló, o sobrinho do Abrão, era esse tipo de pessoa.
Quando era jovem, Ló perdeu a seu pai. Mesmo que isto deveu ter sido duro para ele, contou com o exemplo de seu avô Terá e de seu tio Abrão, os que o criaram. Ainda assim, Ló não desenvolveu o sentido de propósito que aqueles tinham. Estava tão apanhado no momento presente que era incapaz de ver as conseqüências de suas ações.

É difícil imaginar o que teria sido de sua vida sem a atenção esmerada do Abrão e a intervenção de DEUS.

No momento em que Ló foi tirado dessa situação sua vida tinha dado um horrível giro. Tinha estado tão misturado com a cultura de seus dias que não queria deixá-la. Logo suas filhas cometeram incesto com ele. Sua vida sem rumo o levou finalmente a um caminho muito definido: a destruição.
Entretanto, Ló é chamado "justo" no Novo Testamento (2Pe_2:7). Rute, a descendente do Moabe, foi um antepassado do JESUS cristo, mesmo que Moabe foi o resultado da relação incestuosa do Ló com uma de suas filhas. Isto nos dá esperança no sentido de que DEUS perdoa e freqüentemente tira circunstâncias positivas do mal.
Que direção leva sua vida? Vai você para DEUS ou se afasta do? Se sua vida for à deriva, decidir-se Por DEUS pode lhe parecer difícil, mas é a única decisão que põe todas as demais decisões em uma luz diferente.


Pontos fortes e lucros :
-- Era um homem de negócios bem-sucedido
-- Pedro o chamou um homem justo (2Pe_2:7-8)
Debilidades e enganos :
-- Quando tinha que tomar alguma decisão, tendia a pospô-la, logo elegia o curso de ação mais fácil
-- Quando lhe dava a escolher, sua primeira reação era pensar em si mesmo
Lição de sua vida :
-- DEUS quer que façamos algo mais que viver à deriva: quer que sejamos uma influência a seu favor.
Dados gerais :
-- Onde: Viveu primeiro no Ur dos caldeus, logo se transladou ao Canaã com o Abrão. À larga, mudou-se à malvada cidade da Sodoma
-- Ocupação: Boiadeiro rico (ganho bovino e ovino). Além disso, funcionário da cidade.
-- Familiares: Pai: Farão. Adotado pelo Abrão quando morreu seu pai. Não se menciona o nome de sua esposa, que se converteu em uma estátua de sal

Versículo chave :

"E detendo-se ele, os varões agarraram de sua mão, e da mão de sua mulher e das mãos de suas duas filhas, segundo a misericórdia do Jeová para com ele; e o tiraram e o puseram fora da cidade" (Gen_19:16).

A história do Ló se relata em Gênese 11-14; 19. Também se menciona em Deu_2:9; Luk_17:28-32; 2Pe_2:7-8.

13.12 Ao princípio pareceu ser uma sábia decisão por parte do Ló: bom pasto e água abundante. Mas não se deu conta de que a influência pecaminosa da Sodoma poderia originar tentações tão fortes que podiam destruir a sua família. decidiu você viver ou trabalhar em uma "Sodoma"? Mesmo que você possa ter suficiente força para resistir as tentações, pode ser que outros membros de sua família não. Enquanto que as Escrituras nos mandam que nos aproximemos às pessoas da "Sodoma" que está perto de nós para ganhá-los, devemos evitar nos converter no mesmo tipo de gente que estamos tratando de alcançar.
Notas da Bíblia Diário Vivir.

Gênesis 13:1-18

Notas do Capítulo:

[1] 13.7 Abrão e seus parentes eram pastores seminômades que se deslocavam de um lugar a outro, geralmente pelos borde das zonas de cultivo, em busca de pastos para seus rebanhos. A distribuição dos campos de pastoreio e o uso dos poços de água eram motivo de freqüentes brigas entre os pastores. Cf. Gn 26.19-21; Ex 2.16-19.

[2] 13.10 A planície do Jordão é o vale que se estende à beira desse rio antes de sua desembocadura no Mar Morto. Horta do Jeová : outra possível tradução: Grande jardim. Esta expressão tem provavelmente um sentido superlativo e indica a grandeza ou excelência do lugar. (Veja-se Gn 1.2 nota d .) Possivelmente há também uma alusão à horta de Éden (Gn 2.8-14). Zoar estava situada nesse mesmo vale, ao sul do Mar Morto.

[3] 13.10 Sodoma: cidade destruída posteriormente (Gn 19.24). Seu nome se conserva ainda no do Yébel Usdum ("montanha da Sodoma"), uma cadeia montanhosa situada ao sul do Mar Morto. Gomorra também se encontrava naquela região.

[4] 13.14-17 Cf. At 7.5; Gl 3.16. Aqui se renova a promessa que Jeová fazia ao Abraão. Veja-se Gn 12.2 N.

[5] 13.18 Hebron : cidade dos Montes do Judá, a 36 km ao sul de Jerusalém. É uma das mais antigas cidades da Palestina (cf. Nm 13.22), habitada ininterrumpidamente até o dia de hoje. Os árabes a chamam O Jalil , "o Amigo", em memória do Abraão, o amigo de DEUS (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23). O encinar , ou bosque de carvalhos , encontrava-se a 3 km ao norte do Hebron e era provavelmente um lugar sagrado. Cf. Gn 14.13; 18.1.
Notas da Bíblia Reina - Valera


Pr: Apazdosemhor.org



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