Amando
ao Senhor, teu
Deus, dando ouvidos à
sua voz e te achegando a ele; pois
ele é a tua
vida e a longura dos teus dias; para
que fiques na terra que o
Senhor jurou a teus pais,a Abraão,
a Isaque e a Jacó ,
que lhes havia de dar.
- Deuteronômio 30.20
O caminho
que Abrão teria que percorrer traçado
por Deus não era um caminho
sem as dificuldades
próprias que surgem na caminhada. Mas seria
um caminho sob a
égide de
Deus, e Abrão não
teria o que temer, porque
Deus cuidaria dele e
tudo quanto possuía.
Entretanto, Abrão se deixou
dominar pelo sentimentalismo familiar e permitiu que seus parentes
interferissem na sua caminhada
traçada por Deus para a “Terra
Prometida”.
Quando Deus
o chamou, fez-lhe um desafio em que a obediência seria o ponto-chave
do sucesso do projeto
de Deus na sua vida.
Esse projeto revelado a Abrão acerca da Terra Prometida não incluía seus
parentes, mas Abrão não conseguiu dizer não para os
seus familiares, e
estes criaram várias dificuldades
ao longo da sua peregrinação desde que saiu de Ur dos Caldeus (Gn
12.1). Havia um sobrinho chamado
Ló que tinha família formada e estava instalado
naquela terra. Ele era ambicioso
e sonhador, por isso, sem que Abrão pudesse explicar que o plano não
o incluía, Ló juntou seus pertences, levando mulher, filhos, servos e servas, seu gado e tudo quanto poderia carregar em
seus animais seguindo a mesma rota do
caminho de Abraão. Na
realidade, o plano
original de Deus
para Abrão foi interceptado por aqueles parentes que lhe
trouxeram muitos problemas. Essa interferência foi mantida por
muitos anos, mas Deus, paciente e amoroso, soube esperar o momento certo para agir e
liberar Abrão e Sarai daquelas amarras familiares.
No
capítulo 13, Abrão ainda era
identificado pelo nome de família, Abrão”, bem como sua esposa, “Sarai”. Depois
alguns anos, desde que saiu de Harã, já com
99 anos de
idade, Deus promove
um encontro pessoal com Abrão,
lhe faz promessas e
muda o seu
nome de Abrão para “Abraão”, com
o significado de “pai de uma multidão de nações”. Também trocou o nome de Sarai
para “Sara”, cujo significado é “mãe de nações”, e lhe promete um filho em sua
velhice (Gn 17.1,4,5,15). Da semente de Abrão formaram-se muitas
nações.
Entretanto, essa história vem demonstrar ao
povo de Deus
hoje, a Igreja, que as
interferências humanas e materiais
podem prejudicar os projetos
de Deus para
a nossa vida. Abrão
deveria, tão somente, obedecer e fazer a vontade de Deus
e, então, todas as coisas fariam seu curso normal porque Deus garante o que
diz. Embora Deus determine todas as coisas, Ele o faz respeitando a vontade do
homem, seu livre-arbítrio. Por
isso, cada um de nós é responsabilizado pelas
decisões que tomamos. Deus tem
sua vontade soberana e pode
determinar o que quiser, mas, ao
mesmo tempo, Ele faz valer suas misericórdias quando não correspondemos
plenamente o que Ele nos ordena fazer.
Por isso, Deus não desistiu de Abrão porque sabia que ele o amava e
queria fazer a sua vontade. Deus sabia
também que Abrão, como homem, tinha as limitações próprias que poderiam criar
algumas dificuldades.
0 CUIDADO
COM NOSSAS ESCOLHAS
Interferência
de Provações Imprevisíveis
Nossas
escolhas podem influenciar nossas decisões para bem e para o mal. Muito das nossas escolhas tem a ver com a
questão da vontade, a nossa vontade e o confronto com a vontade de Deus. Todos
queremos fazer a vontade de Deus,
mas sabemos que fazer a vontade de
Deus, quase sem exceção, envolve riscos, ajustes,
decepções, sucessos e derrotas
e, também, mudanças.
Normalmente amamos tudo
aquilo que for familiar e
conhecido por nós; gostamos em especial
das coisas que podemos controlar. Nossas escolhas pessoais envolvem esses
elementos. Em relação a Deus, queremos entregar a Ele nossos desejos e
alinhá-los com o seu querer.
Porém, quando temos de escolher um
caminho de renúncia que Ele nos
mostra para percorrer, temos dificuldades com a aceitação desse desafio. Abrão,
mesmo percebendo a dureza do caminho que lhe mostrara, creu em Deus,
mas, como homem, cometeu alguns deslizes que resultaram em
consequências ruins.
Há momentos
na vida de um servo de Deus que se tornam difíceis, principalmente quando
se precisa tomar decisões. A fé nas promessas de Deus
era o estímulo
maior para a peregrinação de
Abrão à Terra Prometida. Entretanto, ele teria que se manter fiel ao
plano original de Deus e saber que as provações seriam inevitáveis.
Ao deparar-se
com “a fome
na terra”, deixou
de buscar de
Deus a direção para a sua vida e tomou
a decisão de ir
para o Egito, terra que
tinha pastagens para o seu
gado e
muita riqueza.
Ele baixou seus
olhos para as coisas da terra e, então,
fraquejou na fé quando,
mesmo com o empobrecimento da terra onde estava vivendo, não
lhe faltava nada. Ele
mudou a visão da Terra Prometida por uma visão
limitada e materialista. Foi
dominado por um sentimento de ambição material ao ouvir da prosperidade da
terra do Egito. Decidiu então sair de
terra de Canaã e tomar o caminho do
Egito sem consultar a Deus. Abrão permitiu que a força da carne o
dominasse e seu coração se enchesse de ambição. Dominado
por essa força carnal, ele
decidiu quebrar seus princípios éticos e morais e, para sobreviver sem ser
incomodado, mentiu e usou de engano
(Gn 12.11). N o Egito, Abrão não
levantou um altar ao Senhor como sempre fez desde que havia saído de
Harã. Por pouco não perde tudo, inclusive com a ameaça de morte.O caminho fora da vontade de Deus induz aos
caminhos tortuosos e pecaminosos. Sem
dúvida, Abrão entristeceu
a Deus e não
o consultou sobre qualquer
decisão que tomou naquela terra. Mesmo assim, Deus, que o amava,
não desistiu de dele. Pelo poder
soberano divino, o Senhor interferiu
naquele momento histórico em que Abrão
e Sarai corriam o risco de serem
mortos por terem enganado o próprio rei do Egito. O
Senhor enterneceu o coração
de Faraó para que
o casal não fosse punido
no Egito. O
cuidado de Deus
ainda estava com o casal quando Abrão entendeu que precisava começar tudo de novo e
pedir o perdão de Deus pelo seu
descaminho.Abrão, então, deixou o
Egito e voltou para
Betel, e naquele lugar onde Deus o abençoara tão
abundantemente, ele lembrou-se do Senhor e,
mais uma vez, levantou
um altar de pedras
ao Senhor” (Gn 12.4).
Quando havia saído de Betel e tomou o caminho do Egito, Abrão não ofereceu
culto algum a Deus. Apesar dessa fraqueza de atitude, Deus não o abandonou e manteve seu propósito
com ele. Porém, Abrão ainda enfrentou algumas dificuldades
Interferência
no Plano de Deus
Depois que
Abrão decidiu voltar, também Ló o acompanhou de volta a Canaã. Ambos
progrediram e aumentaram seus gados e riquezas, mas começou a haver conflito
entre os pastores de ambos porque o espaço geográfico ficou pequeno para eles.
Abrão, desde que voltara do Egito, mais que nunca, entendeu que Ló não fazia parte do plano de Deus e ainda estava provocando problemas.A lição
difícil que se aprende nessa
história é que o fruto
da desobediência é sempre amargo. Abrão estava vivendo essa experiência
por ter se deixado dominar por
situações que poderia ter evitado quando se dispôs sair da sua terra em Ur dos
Caldeus. A interferência de Ló começou a provocar problemas de ordem social dentro da
família. O tempo todo o seu sobrinho Ló havia saído com
tudo o que possuía, gados e pessoas para servi-lo e, onde chegavam, os seus
pastores procuravam as melhores pastagens em prejuízo do gado de Abrão. Começou a haver choque de interesses, e Ló
não teve o menor respeito por seu tio Abrão quando seus pastores começaram a
contender com os pastores os dele.Ao
deparar-se com o
problema, Abrão entendeu
a gravidade do conflito e entendeu
que era a hora de definir a situação. Então, procurou fazer isso da melhor
forma possível, confiando na provisão e promessa de Deus
que lhe daria
sabedoria para solucionar esse conflito.
Essa interferência não
invalidou a promessa de Deus
para Abrão, mas ele entendeu que, se não podia voltar ao
início de tudo, pelo menos podia amenizar o problema confiando que Deus o
perdoaria. É sempre perigoso quando permitimos interferências no plano de Deus
para a nossa vida.55
Interferência
de Sentimentalismos
Quando
alguém toma consciência do plano de Deus, deve desvencilhar-se de qualquer
coisa relacionada à sua vida pessoal que possa vir a ser um obstáculo ao plano
divino. No caso de Abrão foi o sentimento familiar que
bloqueou sua decisão de apenas
obedecer a Deus
e sair do meio
de seus parentes
indo para a terra que
o Senhor lhe
havia prometido. Ao estabelecer
esse requisito a Abrão, ele deveria ter saído imediatamente daquela
terra.O desafio e
a promessa envolviam
a conquista de um a
terra de leite e mel
(Gn 12.1), mas ele
ficou empolgado e revelou
o projeto de Deus à família. A revelação do projeto fez pulsar a ambição de
toda a família, a partir do próprio pai
Tera, além de Ló, sobrinho de Abrão,
filho de seu irmão Naor. Então Abraão,
pressionado por seus parentes e, principalmente, pelo pai Tera, não conseguiu
sair só com sua esposa. Ele não conseguiu desvencilhar-se de seus parentes.
Sentimentos familiares
interferiram no plano
original e ele não conseguiu dizer para a família que não
estavam incluídos. Quando permitimos que
os nossos sentimentos pessoais interfiram
no plano de
Deus para a nossa vida, não conseguimos evitar as
consequências dessa atitude.
Interferência
no Espaço e Geográfico que Era Destinado para Abrão
A
vontade de Deus
para Abrão era um a vontade
específica que deveria, tão
somente, ser obedecida sem permitir que interferências a impedissem de
ser concretizada. Entretanto, as
interferências no plano original de Deus para Abrão
foram várias, a começar
pelos parentes; depois, pelo
espaço físico que deveria
pertencer apenas a Abrão e sua
mulher. Mas o texto de Genesis 13.6 diz
literalmente que: “E não tinha
capacidade a terra para poderem habitar
juntos ,
então, começaram a surgir os
conflitos dentro desse espaço.
Há uma lei
na ciência da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.
Metaforicamente entendemos que Deus havia estabelecido um espaço
dentro do seu plano
para Abrão e, portanto, aqueles familiares no contexto do
plano original de Deus eram excedentes e
não faziam parte do
plano divino. Na realidade,
toda essa situação tornou-se uma intromissão no plano de Deus, e Abrão
se viu obrigado a aceitar, trazendo-lhe péssimos
resultados. Não se tratava apenas de um
espaço físico comprimido entre Abrão e
Ló, mas significava uma intromissão no espaço que Deus havia
destinado apenas para Abrão e sua esposa Sarai.
Em nossos
tempos, no meio cristão, especialmente no seio da igreja, desenvolvem-se
desacordos e contendas por causa de campo de trabalho eclesiástico. Se
não houver uma solução
cristã capaz de neutralizar a
contenda, parte-se para a separação de interesses.
Conflitos
Modernos nos Espaços Eclesiásticos
Lamentavelmente, existem
interferências e invasões
de igrejas em campos alheios em que a ética parece ter
sido aposentada na cabeça de algumas lideranças, que justificam suas atitudes
em nome do crescimento da igreja. Não
respeitam limites nem agem com bom
senso, sem levar em conta pelo menos
um limite geográfico que
respeite o campo de trabalho
do outro. Essas
interferências não têm
respaldo bíblico nem apoio do Espírito Santo, porque tais
atitudes promovem conflitos que não glorificam a Deus.
RUPTURAS
GERADAS POR ESCOLHAS MAL FEITAS
Em meu livro Abraão , a
Experiência de nosso
Pai na Fé (CPAD), apresentei como resultado negativo do conflito entre
Abrão e Ló algumas rupturas que culminaram com a quebra de relações familiares
e a separação inevitável entre ambos. Além das interferências
circunstanciais a que havia se submetido, as
rupturas provocadas pela contenda com Ló fizeram com
que Abrão, mais uma vez,
levantasse um altar e ali
invocasse o nome do Senhor a fim
de obter de Deus a
graça para saber administrar aquela
situação entre ele e Ló.
Abrão não queria cometer nenhuma injustiça, mas sabia que, inevitavelmente, a decisão que tomaria traria
pesar e separação entre ambos. Ao oferecer sacrifício ao Senhor, Abrão
foi fortalecido em sua fé (Gn 12.8). Anteriormente, Abrão já havia
experimentado o dissabor da sua estada
no Egito, mas agora, o Senhor desperta a sua mente para
o reinicio de sua caminhada de fé para a conquista final do plano
original. Entretanto, esse reinicio
seria palmilhado por algumas rupturas produzidas por aquela contenda. Destacamos, pelo menos,
três rupturas.
A Primeira
Ruptura Foi Social
Não foi
fácil para Abrão decidir
a separação, porque ele
tinha um coração generoso a despeito
da atitude egoísta de Ló, sua família
e seus pastores. Mas ele precisou
decidir, mesmo sabendo do que iria incidir como resultado daquela
decisão. É natural que, quando tomamos
uma decisão que atinge o nosso emocional, nos assaltem duvidas e hesitações
que poderiam imobilizá-lo. Eram
dúvidas que respondiam
a temores íntimos e que poderiam impedi-lo de agir com convicção. São os medos interiores que embargam nossas
ações e podem prejudicar o nosso futuro.
Mas Abrão foi capaz
de superar esses
medos, e mesmo
com o coração partido, ele
precisou escolher a separação do seu sobrinho.
A separação
entre ambos foi, na verdade, produzida pela contenda entre os
seus pastores, de
Ló e de Abrão,
por causa das pastagens e água que
não eram suficientes para os
dois. Abraão tinha consciência
de que
seu erro iniciou quando saiu de
Harã para ir a terra que Deus
havia lhe prometido. Ló
começou a agir de forma egoísta a ponto de perder o respeito ao seu tio Abrão.
Aceitou os argumentos de seus pastores
de ovelhas e
cabras e permitiu que a
contenda agisse como um vírus que contagiou a relação com os
pastores de Abrão. Brigaram por causa
dos poços abertos
sob a sua tutela e queriam se
apossar desses poços. Abraão entendeu que seria impossível viver
pacificamente com seu sobrinho quando os interesses estavam acima do respeito
familiar e do temor a Deus.
A Segunda
Ruptura da Concessão
Para evitar
maiores confusões, Abrão estava consciente de que o que estava acontecendo era
o fruto de sua falha em ter permitido
que Lo o acompanhasse. M as, acima de
tudo, Abráo estava debaixo da bênção de
Deus e estava disposto a pagar
o preço
pelo erro passado. Quando ofereceu sacrifício
ao Senhor em Betei, Abrão
estava em paz consigo mesmo porque naquele monte ele
havia renovado seu pacto com Deus (Gn
13.4). A partir de então, ele
estava pronto para assumir as responsabilidades de seus atos e decidir sobre
coisas que não mais restringiriam sua obediência completa ao plano original
feito por Deus.
Abraão sabia
que sua decisão implicaria na concessão de coisas, mesmo com perdas, para que o
plano divino não fosse obstruído por qualquer outra circunstância. Para que não
houvesse mais constrangimento entre ambos,
eles deveriam separar-se geograficamente (Gn
13.8,9). Partiu de Abrão a
oportunidade oferecida de escolha. Em
sua decisão, Abrão preferiu fazer concessões que propiciassem a paz entre
ambos, mesmo que se separados
geograficamente.
A Terceira
Ruptura Foi a Cobiça de Ló
Com essa concessão
do velho Abrão para o seu sobrinho Ló, percebe-se que a cobiça de Ló foi um dos
motivos da contenda entre ambos. À sombra da prosperidade de Abrão, o seu
sobrinho Ló ia tirando proveito com o aumento de sua fazenda e de sua riqueza,
mas Ló não tinha visão espiritual do projeto de Deus que só Abrão sabia e
conhecia. Não foi leal com seu tio quando
não puderam mais conviver na
mesma terra. Por isso, com a opção da
escolha concedida por Abrão, Ló expôs sua ambição carnal e material, e não teve a menor consideração pelo seu tio
Abrão.
A
palavra “cobiça” pode ser identificada
na Bíblia como “avareza, avidez, ganância”.
Na verdade, a cobiça que dominou
a mente e o coração de Ló era tão forte
que ele não teve escrúpulos em tirar
proveito do seu tio Abrão. M as o velho Abrão temia ao Senhor, e sabia que Deus
cuidaria dele e o abençoaria onde ele colocasse os pés. Essa ruptura da cobiça aconteceu nas relações
familiares e entre seus pastores,
porque ela sempre produz contenda e infecciona todo um ambiente de paz
(Pv 17.14; Fp 2.3,4). A cobiça de Ló o tornou ardiloso e insensível; por isso,
seu coração endureceu e a contenda provocada trouxe muitos espinhos que
feriram as relações de convivência entre as famílias.
Um dos
mandamentos de Deus para o povo de Israel, alguns séculos depois, destacava a cobiça como algo
que deveria ser punido no meio do povo.
Era o décimo mandamento que condenava e proibia a cobiça de tudo
quanto é coisa que envolvesse a casa do
vizinho, sua esposa, servos, gado
ou qualquer outra coisa alheia (Êx 20.17). Existe uma história no Antigo
Testamento acerca do rei Acabe que, cobiçando a vinha de Nabote, não teve
qualquer escrúpulo juntamente com sua diabólica mulher Jezabel em
mandar matá-lo para
possuir a vinha de Nabote, que
era uma herança de seus pais (1 Rs
21.1-16). No Novo Testamento, a cobiça é condenada como uma forma de
idolatria (Cl 3.5, N T L H ). Na Carta aos Romanos
7.7, Paulo fala da cobiça como uma força da carne que precisa ser bloqueada para obter uma vida
cristã vitoriosa. Jesus condenou a cobiça,
quando fala de
“avareza” em um
dos seus discursos: “Porque
do interior do coração
dos homens saem
os maus pensamentos, os adultérios, as
prostituições, os homicídios,
os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de
dentro e contaminam o homem”
(Mc 7.21-23). Em 1
Timóteo 6.10, o
apóstolo Paulo declara que “o amor
do dinheiro é a raiz de toda espécie de males”.
Foi o caso de Ananias e Safira, que mentiram por causa da cobiça e
avareza de seus corações (At 5.1-11).
N o caso de Ló, sua cobiça o
fez perder o bom senso e o respeito pelo seu tio.
DUAS ESCOLHAS
Abrão chegou
a um ponto no qual não podia mais voltar atrás; tinha que escolher uma decisão
que pudesse resolver o problema do conflito entre ele e Ló. N
a história da Literatura sul-americana, no
Chile, o poeta Pablo
Neruda declarou certa ocasião: “Você
é livre para fazer suas escolhas, mas
é prisioneiro das
consequências”. Ele disse,
ainda: “Escrevo isso porque acredito mesmo que podemos decidir sobre
aquilo que é melhor para
nós”. Uma vez que
as nossas escolhas
definem as consequências que
teremos que viver mais a frente.
A Escolha de
Ló
Saber fazer
as escolhas é sinal de sabedoria. Por
outro lado, devemos entender que tudo o que escolhemos fazer gera consequências
para nós e atinge as pessoas
do nosso convívio.
Até que ponto a nossa escolha afetara as
pessoas ao nosso
redor. Parece-nos que Ló,
dominado pela avareza em seu
coração, não percebeu o mal que estava fazendo para si mesmo e acabaria
atingindo as pessoas do seu convívio.
O texto diz que levantou Lo os seus olhos e viu toda a
campina do Jordão”. Pela ética familiar, o direito de escolha era de Abrão, mas
Abrão preferiu oferecer a Lo a
oportunidade de escolher.
Abrão subiu a um lugar alto e mostrou a Ló os dois lados
das terra à vista, do lado oriental e do
lado ocidental (Gn
13.10,11). A visão
egoísta e materialista, sem pestanejar, focalizou as melhores terras
do lado Oriente, onde estavam as campinas do Jordão, próximas
das cidades de Sodoma e
Gomorra. Havia grandes e vastos campos para o seu gado e para o plantio.
Abrão não duvidou da promessa de Deus e olhou
o outro lado
onde havia enormes montanhas e que não inspiravam qualquer sonho para a
terra de Canaã e habitou ali (Gn 13.12).
Ter atitude
de respeito, compreensão,
contribuição, cooperação,
amizade, amor, tolerância e gratidão são
elementos positivos que encurtam
o caminho de quem faz a vontade de Deus. A escolha egoísta de Ló,
não muito depois
daquela decisão, com poucos
anos naquela terra que havia escolhido em
prejuízo de seu tio Abrão,
converteu-se em morte e
destruição para as
cidades de Sodoma
e Gomorra. Ao escolher o
que entendia ser a melhor parte, nas
campinas do Jordão, não podia
imaginar o dedo de Deus naquele lugar onde perdeu tudo o
que tinha, inclusive
a família. Diz
a Bíblia que Ló
armou as suas tendas
até Sodoma e passou a habitar
naquela cidade (Gn 13.12).
As consequências inevitáveis aconteceram e, mesmo que Ló procurasse ter
uma vida de retidão onde vivia, não conseguiu dominar o ímpeto de sua família,
perdendo a autoridade sobre sua mulher e suas filhas, as quais se
corromperam com o
estilo de vida depravado daquela cidade (Gn 19.14,16,17). Lo
escolheu segundo o espírito do
mundo representado por Sodoma e
Gomorra.
A Escolha de
Fé de Abrão
Abrão,
um homem de fé,
confiou na provisão de
Deus e, por isso armou as suas tendas,
e veio, e habitou nos carvalhais
de Alanre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor”. Nos lugares que lhe restaram
na terra de Canaã, não
havia campinas verdejantes nem terra fértil para o plantio. As fontes de
água eram poucas, porque era uma região pedregosa e montanhosa, mas Abrão sabia que, aquilo que parecia ser o pior,
era, de fato,
o melhor, porque,
ao depender de Deus, o aparente prejuízo foi transformado em
lucro.
No Egito,
Abrão teve que viver por “vista”, e não “por fé”. Por isso, sua visão apenas
horizontal para a prosperidade das terras egípcias roubou a sua visão vertical
para Deus. N o Egito, ele enfrentou dissabores morais e espirituais que
marcaram a sua vida. Ló, enquanto estava à sombra de seu tio Abrão, tinha a
bênção de Deus, mas buscou liberdade para reger sua própria vida, a
prosperidade conquistada não durou muito tempo. Naquelas belas campinas do
Jordão, Ló perdeu sua família, seus bens e até a honra, mas Abrão recebeu a
promessa de uma família que encheria a terra.
Quando Deus é o primeiro em nossa vida, não importa quem é o segundo ou
o último. O que parecia perda com a
escolha gananciosa de Ló, na verdade,
converteu-se em lucro para o patriarca.
CONCLUSÃO
Jesus, em um
dos seus discursos, fez uma séria advertência aos seus discípulos, lembrando a
triste e decadente história de Ló e sua família em meio a uma geração
corrompida, como foi a de Sodoma e Gomor- ra.
Com poucas palavras,
apenas disse: “Lembrai-vos
da mulher de Ló” (
Lc 17.32). Em
nossos dias, muitos cristãos
se deixam levar pela avareza e tornam seus corações
ambiciosos, porque se deixam dominar pelo espírito do mundo moderno, mas Jesus
adverte-nos, dizendo: “E olhai
por vós, para que não aconteça que
o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e
dos cuidados da vida,
e venha sobre vós de improviso aquele dia” (Lc 21.34).
Abraão creu
no invisível e foi abençoado
pelo Senhor. A terra que ele teve que escolher
era inóspita e pedregosa, e
não parecia produzir riqueza
alguma, mas Abrão aprendeu
a depender de Deus, que
o fez prosperar e crescer. Nessa história, a despeito de algumas situações de fraqueza a
que se rendeu Abrão, em nenhum momento deixou de temer ao Senhor.
Se, por um
pouco, oscilou na fé e se descuidou da relação com Deus, seu
caráter passou por uma drenagem e limpeza para que ele aprendesse a não
depender de ações temperamentais. A partir de então, ele pôde iniciar a retomada do caminho
da fé. As decisões erradas de
outrora seriam apenas lembranças de algo que ele não cometeria mais. Seu
caminho estava agora livre para alcançar a vitória do Senhor.
Deus
deu o
livre arbítrio ao homem para
que,com inteligência e temor em
seu coração,saiba escolher e decidir sobre sua vida.
NEGUEBE
Região desértica situada no sul de Canaã (Gn 20.1,
RA; RC, sul).
Gênesis 13:1-18
13.1, 2 Nos dias do Abrão donos de ovelhas e gados podiam adquirir uma
grande riqueza. A riqueza do Abrão não só incluía prata e ouro mas também
ganho. Estes animais eram uma mercadoria valiosa utilizada como comida,
vestido, material para lojas e para sacrifícios. Elas eram pelo general
comercializadas por outros bens e serviços. Abrão pôde observar o crescimento e
a multiplicação diária de sua riqueza.
13.5-9 Ao enfrentar a possibilidade de um conflito com seu sobrinho Ló,
Abrão tomou a iniciativa de resolver a disputa. O permitiu ao Ló que escolhesse
primeiro, mesmo que Abrão, sendo maior, tinha esse direito. Além disso, Abrão
mostrou a disposição de arriscar-se a ser enganado. O exemplo do Abrão nos
mostra como devemos responder às situações familiares difíceis: (1) tomar a
iniciativa para resolver os conflitos, (2) permitir a outros que façam a
primeira eleição, mesmo que isso signifique que não teremos o que queremos; (3)
pôr a paz familiar por cima de nossos desejos pessoais.
13.7, 8 Rodeados de vizinhos hostis, os pastores do Abrão e os do Ló
deveram haver-se unido. Em lugar disso, permitiram que a inveja os separasse.
Situações similares existem hoje em dia. Muitos cristãos discutem e brigam,
enquanto Satanás está trabalhando ao redor deles.
As rivalidades, as discussões, os desacordos entre crentes podem ser
destrutivos de três maneiras:
(1) podem danificar a boa vontade, confiança e paz, a base das relações
humanas;
(2) obstaculizam o progresso de importantes coloque;
(3) fazem-nos nos concentrar em nós mesmos e não no amor. JESUS soube
quão destrutivos podem ser os argumentos entre irmãos. Em sua oração final,
antes de ser traído e detido, JESUS pediu a DEUS que seus seguidores sempre
fossem "um" (Joh_17:21).
13.10, 11 O caráter do Ló se revela por suas eleições. O tomou a melhor
parte da terra mesmo que isto significava viver perto da Sodoma, uma cidade
conhecida por seu pecado. O foi ambicioso, desejou o melhor para si mesmo, sem
deter-se pensar nas necessidades de seu tio Abrão ou no que era justo.
Nossas vidas são uma série de decisões. Também nós podemos escolher o
melhor enquanto ignoramos as necessidades e os sentimentos de outros. Esta
classe de decisões, como o mostrou a vida do Ló, causa problemas. Quando
deixamos de decidir na direção de DEUS, tudo o que fica é decidir na direção
equivocada.
LÓ
Algumas pessoas simplesmente vivem à deriva. Suas alternativas, quando
podem reunir suficiente vontade para tomar decisões, tendem a seguir a lei do
menor esforço. Ló, o sobrinho do Abrão, era esse tipo de pessoa.
Quando era jovem, Ló perdeu a seu pai. Mesmo que isto deveu ter sido
duro para ele, contou com o exemplo de seu avô Terá e de seu tio Abrão, os que
o criaram. Ainda assim, Ló não desenvolveu o sentido de propósito que aqueles
tinham. Estava tão apanhado no momento presente que era incapaz de ver as
conseqüências de suas ações.
É difícil imaginar o que teria sido de sua vida sem a atenção esmerada
do Abrão e a intervenção de DEUS.
No momento em que Ló foi tirado dessa situação sua vida tinha dado um
horrível giro. Tinha estado tão misturado com a cultura de seus dias que não
queria deixá-la. Logo suas filhas cometeram incesto com ele. Sua vida sem rumo
o levou finalmente a um caminho muito definido: a destruição.
Entretanto, Ló é chamado "justo" no Novo Testamento (2Pe_2:7).
Rute, a descendente do Moabe, foi um antepassado do JESUS cristo, mesmo que
Moabe foi o resultado da relação incestuosa do Ló com uma de suas filhas. Isto
nos dá esperança no sentido de que DEUS perdoa e freqüentemente tira circunstâncias
positivas do mal.
Que direção leva sua vida? Vai você para DEUS ou se afasta do? Se sua
vida for à deriva, decidir-se Por DEUS pode lhe parecer difícil, mas é a única
decisão que põe todas as demais decisões em uma luz diferente.
Pontos fortes e lucros :
-- Era um homem de negócios bem-sucedido
-- Pedro o chamou um homem justo (2Pe_2:7-8)
Debilidades e enganos :
-- Quando tinha que tomar alguma decisão, tendia a pospô-la, logo elegia o curso de ação mais fácil
Lição de sua vida :
-- DEUS quer que façamos algo mais que viver à deriva: quer que sejamos
uma influência a seu favor.
Dados gerais :
-- Onde: Viveu primeiro no Ur dos caldeus, logo se transladou ao Canaã
com o Abrão. À larga, mudou-se à malvada cidade da Sodoma
-- Ocupação: Boiadeiro rico (ganho bovino e ovino). Além disso,
funcionário da cidade.
-- Familiares: Pai: Farão. Adotado pelo Abrão quando morreu seu pai. Não
se menciona o nome de sua esposa, que se converteu em uma estátua de sal
Versículo chave :
"E detendo-se ele, os varões agarraram de sua mão, e da mão de sua
mulher e das mãos de suas duas filhas, segundo a misericórdia do Jeová para com
ele; e o tiraram e o puseram fora da cidade" (Gen_19:16).
A história do Ló se relata em Gênese 11-14; 19. Também se menciona em
Deu_2:9; Luk_17:28-32; 2Pe_2:7-8.
13.12 Ao princípio pareceu ser uma sábia decisão por parte do Ló: bom
pasto e água abundante. Mas não se deu conta de que a influência pecaminosa da
Sodoma poderia originar tentações tão fortes que podiam destruir a sua família.
decidiu você viver ou trabalhar em uma "Sodoma"? Mesmo que você possa
ter suficiente força para resistir as tentações, pode ser que outros membros de
sua família não. Enquanto que as Escrituras nos mandam que nos aproximemos às
pessoas da "Sodoma" que está perto de nós para ganhá-los, devemos
evitar nos converter no mesmo tipo de gente que estamos tratando de alcançar.
Notas da Bíblia Diário Vivir.
Gênesis 13:1-18
Notas do Capítulo:
[1] 13.7 Abrão e seus parentes eram pastores seminômades que se
deslocavam de um lugar a outro, geralmente pelos borde das zonas de cultivo, em
busca de pastos para seus rebanhos. A distribuição dos campos de pastoreio e o
uso dos poços de água eram motivo de freqüentes brigas entre os pastores. Cf.
Gn 26.19-21; Ex 2.16-19.
[2] 13.10 A planície do Jordão é o vale que se estende à beira desse rio
antes de sua desembocadura no Mar Morto. Horta do Jeová : outra possível
tradução: Grande jardim. Esta expressão tem provavelmente um sentido
superlativo e indica a grandeza ou excelência do lugar. (Veja-se Gn 1.2 nota d
.) Possivelmente há também uma alusão à horta de Éden (Gn 2.8-14). Zoar estava
situada nesse mesmo vale, ao sul do Mar Morto.
[3] 13.10 Sodoma: cidade destruída posteriormente (Gn 19.24). Seu nome
se conserva ainda no do Yébel Usdum ("montanha da Sodoma"), uma
cadeia montanhosa situada ao sul do Mar Morto. Gomorra também se encontrava
naquela região.
[4] 13.14-17 Cf. At 7.5; Gl 3.16. Aqui se renova a promessa que Jeová
fazia ao Abraão. Veja-se Gn 12.2 N.
[5] 13.18 Hebron : cidade dos Montes do Judá, a 36 km ao sul de
Jerusalém. É uma das mais antigas cidades da Palestina (cf. Nm 13.22), habitada
ininterrumpidamente até o dia de hoje. Os árabes a chamam O Jalil , "o
Amigo", em memória do Abraão, o amigo de DEUS (2 Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23).
O encinar , ou bosque de carvalhos , encontrava-se a 3 km ao norte do Hebron e
era provavelmente um lugar sagrado. Cf. Gn 14.13; 18.1.
Notas da Bíblia Reina - Valera
Pr:
Apazdosemhor.org
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