quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Lição 4 - A Provisão de Deus no Monte do Sacrifício





E  em  tua semente serão  benditas  todas as  nações da   terra, porquanto  obedeceste à   minha  voz.—
 Génesis 22.18


Até o capítulo  16, o velho patriarca tinha o nome Abrão e sua mulher era Sarai. Posteriormente, no capítulo  17, Yahweh muda o nome do casal, e Abrão passou a ser Abraão, que significa “pai de uma multidão”, e Sarai (princesa) passou a ser Sara, que significa “mãe das nações”  (Gn  17.5,15,16). Abraão havia experimentado a intervenção de Deus em várias situações, com grandes vitórias e conquistas. Ainda no capítulo  17, Abraão e Sara, além da mudança de seus nomes, recebem do Senhor a promessa de um filho,  o  qual seria a semente de  uma grande  multidão  que  formaria um povo  especial  que  representaria os  interesses  de  Deus  na face  da terra. Apesar do  conflito  por causa do  filho  da escrava Agar,  o  filho  que seria gerado no ventre de Sara seria um milagre, uma vez que ambos não tinham mais  idade para a procriação.  O   tempo  passou  e quinze anos depois  nasceu Isaque,  o filho da promessa,  o qual foi muito amado por Abraão e Sara.

Ao  chegar  ao  capítulo  22,  Abraão  experimenta  a  maior  prova  de toda  a sua vida,  quando  Deus  lhe pede o  objeto  maior  do seu amor,  o filho  Isaque,  em  sacrifício.  A  obediência à ordem  de  Deus  parecia que iria inviabilizar a concretização da promessa de fazer da sua semente um grande povo. A  história desse capítulo representa o ponto clímax da vida religiosa de  Israel.  Para alguns  críticos  da Bíblia,  essa história significa apenas  uma alegoria  e,  por  isso,  negam  o  sentido  literal  do  texto. Entretanto,  por  mais  irracional  que  pareça  o  episódio,  essa história é verdadeira e os  fatos  da mesma demonstram  o  teste mais  forte  que um homem poderia enfrentar. Abraão foi submetido por Deus a uma experiência que  provaria  a  qualidade  de  sua fé  e confiança no  poder sustentador de Jeová-Jireh,  o Deus de Israel.  Foi  ordenado que fosse a um monte, chamado Moriá, e naquele monte sacrificaria o seu filho, o filho da promessa.  Pela fé, Abraão obedeceu à ordem de Deus e tomou o caminho do sacrifício com seu filho  Isaque.

O  apóstolo Paulo declarou que “a fé opera por amor”  (G1  5.6) e esta verdade mostra que Abraão amava a Deus mais do que a qualquer outra coisa em sua vida.  Quando Deus  o prova pedindo-lhe o  “filho do seu amor”, Abraão, com o coração  estremecido pelo pedido de Deus,  não titubeia em oferecer seu filho Isaque em sacrifício, porque cria que Deus era poderoso até para dos  mortos o  ressuscitar  (Hb  11.18).

0 GRANDE DESAFIO DA FÉ

Abraão É Submetido a uma Prova humanamente Impossível
No caminho da fé trilhado por Abraão, havia uma estreita comunhão com Deus. Ele cria piamente em tudo quanto Deus lhe dizia e prometia. Não duvidava nunca da fidelidade de Deus,  por isso,  a obediência era um elemento que entrelaçado com a fé se constitui num exemplo para a vida cristã  (Rm  1.5; At  5.32). A prova era difícil porque o que Deus lhe pedia não  fazia parte das ações divinas,  uma vez que Deus jamais requeria sacrifício humano para agradá-lo. Todavia, era uma prova para ver se Abraão estaria disposto a obedecer.

Abraão é chamado “pai da fé” no Antigo Testamento porque foi um dos exemplos  maiores  de fé na história bíblica.  Mesmo tendo falhado algumas vezes em decisões precipitadas ao longo do caminho proposto pelo  Senhor,  Deus  conhecia o  seu  coração.  Humanamente,  a prova parecia  um  paradoxo  com  a  imagem  de  um  Deus  amoroso,  justo  e que jamais aceitaria um sacrifício humano para agradá-lo.  Parece um contrassenso, mas Deus pediu a Abraão algo humanamente impossível, uma vez que a prática de sacrifícios humanos era realizada nas religiões pagãs.  Mas  o  desafio  foi  feito,  e Abraão  teria que  provar sua lealdade agora.  Em   outras  ocasiões, Abraão  falhou  como  homem  e chegou  a desobedecer a Deus, mas não seria pelos deslizes passados que
Deus o julgaria nem pelos deslizes momentâneos, senão já teria desistido dele.
Entretanto,  Deus via em Abraão  qualidades  maiores que suas fraquezas.  Ele precisava ser provado  nos seus altos  e  baixos  da vida para aprender a depender de Deus. Abraão desenvolveu uma intimidade com Deus que o tornou modelo de ação e reação diante dos desafios invisíveis e imprevisíveis em sua vida.  No capítulo 21  de Genesis, Abraão já havia experimentado  alguns momentos  de frustração e amargura que o fizeram avaliar melhor suas decisões para com Deus.
Deus o Prova no Limite da Capacidade que Abraão Tinha para Suportar

 A Bíblia nos mostra na história de vários homens e mulheres que Deus conhece a cada um de nós individualmente. Abraão experimentou uma das provas mais fortes de toda a sua vida. Essa prova se constituiu numa crise sem precedentes porque requeria atitudes contra as suas dúvidas, sua história de vida,  a reação de Sara,  sua mulher,  ante o pedido de Deus, o  medo de se sentir enganado  por acreditar na voz invisível  de  Deus. Indiscutivelmente, Abraão foi levado a sentir o coração em ritmo mais forte do que tenha experimentado em outras situações. Talvez uma das crises  maiores  foi  a de  imaginar que  Deus  não  estava agindo  consigo de modo racional. Por que fazer um pedido humanamente impossível? Até onde e como suportaria enfrentar essa prova? Todas as reações eram entendidas  por  Deus  e Ele  não  o julgaria  mal  por algum as  atitudes zangadas.  Abraão  foi levado  ao  limite de sua capacidade  de  entender aquela situação,  mas  preferiu  crer  no poder onipotente de  Deus,  que seria  capaz  de  não  decepcioná-lo.  Pelo  contrário, Abraão  sabia que, mesmo não entendendo Deus naquela situação,  deveria obedecer-lhe.

Há uma palavra do apóstolo Paulo aos coríntios que revela como Deus nos trata nessas situações com as quais não sabemos como lidar:  “Não veio  sobre vós  tentação,  senão  humana;  mas  fiel é  Deus,  que vos  não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape,  para que a possais suportar”  (1  C o  10.13). Abraão chegou ao máximo da sua capacidade emocional e intelectual para aceitar o desa­fio que Deus lhe fizera.  Humanamente, o pedido de Deus pareceu-lhe ilógico,  impróprio, irracional e impossível de ser aceito. Deus havia lhe pedido em holocausto o seu filho, “o filho da promessa”, o único de Sara. Parecia que Deus estivesse pedindo devolução de algo que lhe dera. De fato,  era uma prova que levou Abraão ao limite de sua resistência para que aprendesse a confiar no inexaurível poder de sustentação de Deus. Quantas vezes dizemos para Deus em nossas provas: “Não posso mais”, “Não  aguento  mais”  ou  “Vou  desistir”.  Então  Deus  entra em  ação  e suaviza o nosso sacrifício. Ele não deixa que nossas resistências estourem sem que saibamos que Ele nos prova para que o conheçamos melhor.

0 AUGE DA PROVA

Três Elementos da Prova: Amor, Obediência e Fé
Para entendermos  as prioridades  que devem  nortear a nossa vida, devemos,  de  fato,  saber  o  que é  importante  na nossa vida pessoal.  O que consideramos prioridade máxima em nossa vida?  Era o que Deus queria saber de Abraão, se ele o amava mais que a qualquer outra coisa. Ele o amava mais que ao filho Isaque? Deus não estava querendo exigir de Abraão além do suportável. Deus queria, de fato, que Abraão não se esquecesse de que ele fazia parte de um projeto divino e que seria assistido o tempo todo.  Para que Abraão entendesse bem essa relação com Deus, precisaria passar pela prova desses  três  elementos  importantes:  amor, obediência e fé. Esses três elementos continham a essência da prova.

O   primeiro  elemento  era o  seu  amor para   com  Deus.  Deus  queria provar se  havia ainda alguma coisa mais  forte  no  coração  de Abraão, algum   sentimento  que  fosse  capaz  de  superar  o  amor  a  Deus.  Ora, Abraão  amava o  filho  Isaque  como  se  não  houvesse  nada mais  forte, mas Deus queria que Abraão o amasse pelo fato de que todas as bênçãos sobre sua vida advinham  dEle. Ao  pedir Isaque em  sacrifício,  Deus  o estava provando no máximo de seus sentimentos.

O  segundo elemento era a  obediência, e a Bíblia diz que, depois que Deus pediu-lhe o filho em sacrifício, Abraão “levantou-se, e foi ao lugar que  Deus lhe  dissera”  (Gn  22.3).  Ele passou  nessa prova,  porque  não discutiu com Deus seu pedido, mas dispôs-se a obedecer-lhe sem reservas.

O   terceiro  elemento  dessa  prova  era a  fé .  Se  antes,  em  algum as circunstâncias, Abraão chegou a vacilar na sua fé, agora, amadurecido pela sua  experiência com  Deus,  foi  suficiente  para  passar  não  teste divino. Abraão entendeu pela fé que Deus sabia mais do que ele e seria capaz de operar um milagre.  O   autor da Carta aos  Hebreus definiu a fé como “o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb  11.1). Ora, sabem que a fé é um elemento ativo da vida emocional e espiritual que ajuda a vida psicológica do ser humano, ou então a sua negação, que produz rudez e incredulidade. A fé é um elemento de nossa natureza moral e espiritual que se expressa de acordo com o direcionamento que damos a ela, a Deus ou ao Diabo, às paixões da carne ou ao Espírito Santo. Abraão aprendeu a conhecer a Deus e manter comunhão com Ele. Na experiência específica de Abraão, os três elementos vitais da sua relação com Deus seriam indispensáveis para que Abraão aprendesse a reconhecer que Deus queria o melhor de sua vida para que o projeto  inicial pudesse ser concretizado.


0 Clímax da Prova

Qual  é  a prova  máxima de  nossa fé  hoje?
Nessa história,  a prova máxima para Abraão  foi  a decisão  de confrontar o  desafio  de  Deus  e colocá-lo acima dos nossos interesses pessoais. Abraão teve que superar os seus próprios limites e acreditar que o plano de Deus é sempre me­lhor que o nosso. A obediência ao plano divino requeria sua prontidão para obter  a bênção  maior.  Abraão  não  discutiu  o  plano  com  Deus nem contra-argumentou,  nem questionou com Deus.  Ele apenas creu e obedeceu.

Abraão  tomou a decisão  e  partiu para a viagem  a um  dos  montes de  Moriá a fim  de cumprir o pedido  de Deus.  Depois de três  dias de viagem, Abraão, Isaque e os moços que estavam com eles chegaram ao monte Moriá.  O s dois moços que o acompanhavam ficaram ao pé do monte, e Abraão e o filho Isaque tomaram a lenha e o cutelo e subiram ao  monte  do  sacrifício  (Gn  22.4-6).  No  caminho  da subida,  o  pai  e o  filho  conversam.  Isaque  não  sabia  como  seria feito  esse  sacrifício, uma vez que eles não tinham consigo um animal  (um cordeiro) para o holocausto.  O   filho pergunta ao pai:  “ [...]  onde está o  cordeiro  para o holocausto?”  (Gn 22.7). O  velho Abraão, de forma incisiva e confiante no Deus da Provisão, apenas lhe diz: “Deus proverá para si o cordeiro” (Gn  22.8).  A  confiança  de Abraão  de  que  Deus  faria  algum a  coisa que ele  mesmo  não  poderia imaginar deu-lhe forças para continuar a subida até o alto do monte.  E natural que tenhamos dificuldades para entender as coisas espirituais, mas o Senhor conhece a nossa estrutura e sabe “que somos pó”  (SI  103.14). M as Ele nos fortalece interiormente para que não duvidemos de seu caráter.

0 Momento Decisivo da Prova  

A crise maior vivida por Abraão era aquele momento crucial de falar ao filho que ele era o sacrifício que Deus havia pedido e que precisava ser  realizado. A história  não  diz  o  que aconteceu  naquele  momento. Entretanto,  podemos  deduzir que  Isaque  confiava no  caráter do  seu pai, Abraão,  e  sabia que o  seu Deus  faria alguma coisa que impedisse aquele sacrifício.  Havia uma predisposição  para obedecer a Deus  que o guiara até aquele momento de sua vida.  Sua mulher ainda não sabia do que Abraão faria naquele monte do sacrifício nem imaginava que a vítima do  sacrifício  seria seu filho  Isaque.  Certamente Abraão  entrou numa crise  do  ser  e  do  fazer.  A sua  fé  exemplar parecia agora perder a sua singularidade  e tudo  parecia entrar em  colapso. Abraão  sempre esteve  pronto  a  responder  a  Deus:  “Eis-me  aqui”,  m as  agora  tinha vontade de dizer:  “Não,  Senhor”. Mas aquietou-se e arriscou-se a fazer o que Deus lhe havia pedido.
O  caminho da obediência é sempre mais difícil, mas não impossível,  porque  Deus  age  no  momento  certo.  Tanto  o  pai  quanto  o  filho chegaram  ao  ponto  máximo  de  sua capacidade  de  fé  e  emoção  para submeter-se a essa prova. Mas Abraão sabia que Deus não é homem para minta (Nm 23.19); por isso, ele arriscou no futuro e vislumbrou em sua mente a certeza de que aquele que tira a vida também a dá (1  Sm 2.6).

Abraão  convenceu seu  filho  a aceitar o  desafio  e,  como  fazia com o cordeiro  para o  sacrifício,  o  amarrou e o  colocou sobre  a lenha  em cima do  altar de  pedras  que  levantou.  Preparou-se  para o  momento mais crucial de sua vida, já tendo Isaque amarrado como um cordeiro sobre o altar, e levantou o cutelo para imolá-lo. Nesse momento, o anjo do Senhor, que via tudo quanto Abraão havia feito até aquele instante, bradou forte e declarou:  “Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então,  disse:  Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus  e não me negaste o teu filho,  o teu único” (Gn 22.11,12). Bem perto deles, o anjo trouxe um cordeiro, e Abraão e Isaque passaram no teste de Deus e fortaleceram ainda mais a sua fé.  Sem dúvida, Abraão chegou ao ápice de sua capacidade de fé e emoção.  A Bíblia declara que  “Deus  escolheu as coisas  loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo  para  confundir as  fortes.  E  Deus  escolheu as  coisas vis  deste mundo,  e  as  desprezíveis,  e as  que  não  são  para aniquilar as  que  são; para que nenhuma carne se glorie perante ele”  (1  C o  1.27-29).

0 Monte Moriá, um Tipo do Monte Calvário

Três  elementos  dessa história  de Abraão  se  constituem  tipos  da história  da  nossa salvação:  o  monte,  o  cordeiro  substituto  e  o  altar. O   texto  de  Genesis diz que Abraão viu ao  longe o lugar do  sacrifício e, por três dias,  caminhou até aquele monte. Tal fato lembra-nos que Deus,  o  Pai  celestial,  permitiu que  seu  Filho  unigênito  fosse sacrificado como  o Cordeiro substituto em lugar do mundo pecador e,  por três  dias,  permanecesse  sepultado  no  seio  da  terra,  para  depois  ser ressuscitado  ao  terceiro dia.

A  intervenção  divina  no  monte  Moriá  (Gn  22.11,12)  lembra  o momento  exato  quando Abraão  ia  imolar  seu  filho.  Deus  interveio e  proveu um cordeiro  substituto  para o  sacrifício.  Um  dia,  no  monte Caveira, denominado Calvário, o sacrifício não foi substituído, e Jesus foi  sacrificado  pelos  nossos  pecados.  Na verdade, Abraão viu,  pela re­velação da fé,  o Cordeiro de Deus que  tira o pecado do mundo. Jesus declarou: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia” (Jo 8.56). Que dia era esse? O  dia em que Jesus se entregou como sacrifício vivo, como Cordeiro de Deus (E f 1.7; C l  1.14). O  monte foi o Calvário; o altar foi a cruz de  madeira;  e  o  cordeiro  foi Jesus,  o  Filho  unigênito  de  Deus. Abraão tipifica Deus, o Pai, que ofereceu o filho amado em resgate dos pecadores. João  lembra as  palavras  de Jesus  em vida  terrena quando disse:  “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,  para que todo  aquele que nele crê não pereça,  mas tenha a vida eterna   (Jo  3.16).  O   apóstolo  Paulo  reforça essa verdade quando escreveu aos romanos:   Mas  Deus prova o seu amor para conosco em que  Cristo  morreu por  nós,  sendo  nós  ainda pecadores”  (Rm  5.8). A crise maior dos pecadores  era o pecado,  mas Jesus  tomou o  lugar dos pecadores e deu a sua vida por eles, desfazendo toda a crise de condena­ção do pecado. Diz ainda Paulo aos romanos:  “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”  (Rm 5.1).

CONCLUSÃO
Aprendemos  com Abraão  que Deus provê  todas as nossas  necessidades,  em  qualquer lugar em que estejamos,  desde  que haja em nós a disposição de reconhecer sua soberania e suprema vontade. Aprendemos com Abraão que é perfeitamente possível viver uma vida em consonância com as exigências divinas.

A   sublimidade da  fé  manifesta-se na  obediência.


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