quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Lição 1 - A Sobrevivência em Tempos de Crise


             4º TRIMESTRE DE 2016 

                      
  

                                                             INTRODUÇÃO

A Bíblia narra histórias de homens e mulheres cujos testemunhos demonstram o poder de Deus para levá-los à realização de grandes feitos. A relação entre Deus e os homens sempre foi marcada por experiências, em que a fé no impossível torna-se a força para a realização da obra de Deus na terra. Este livro traz a história de alguns personagens reais que experimentaram o poder da provisão divina. São homens e mulheres, pessoas humanamente falíveis, que em algumas atividades dependeram do poder sobrenatural de Deus. Encontramos o Deus de toda provisão operando milagres na vida de pessoas comuns que se dispuseram a crer que não há nada impossível para Ele.
Começo este livro com o testemunho pessoal das operações de Deus, ensinando, apesar das nossas limitações, a confiar no inexaurível poder de Deus para mudar situações impossíveis aos homens comuns.
Em 1957, minha família experimentou uma crise que marcou a vida de meus pais, a minha e de meus irmãos. Meu pai, pastor Osmar Cabral, foi acometido por um câncer, consequência de sua vida pastoral num campo de trabalho difícil, numa região rural montanhosa, tendo como ponto central das atividades pastorais a cidade de Rio do Sul, Santa Catarina.
Seus transportes eram bicicleta, carroça, motocicleta, caminhonetes para estradas de terra e, principalmente, andando a pé, para atender as pequenas congregações. Dificuldades climáticas contribuíam para o desgaste físico, mas o evangelista e pastor era um homem dedicado à obra de Deus e fazia com alegria. Então começaram a surgir problemas físicos que levaram o pastor Osmar Cabral a um tratamento intensivo e doloroso. Fez uma cirurgia no Hospital de Rio do Sul, mas a doença não foi extirpada. Desenganado pelos médicos, pediu licença à igreja que pastoreava e decidiu buscar outro tratamento. Tomou a família e mudou-se para São José dos Pinhais, cidade próxima de Curitiba, PR. Chegando a essa cidade, sem recursos financeiros para manter a família e para fazer o tratamento, fomos agraciados por um médico especialista cujo nome era Itamar Pucci. Esse homem foi usado por Deus para fazer outra cirurgia a fim de neutralizar o foco daquele câncer. Entretanto, Deus não se esqueceu de meu pai e, de um modo especial, tratou de sua alma amargurada pela doença, provendo suas necessidades. Foi necessário muito tempo e cuidados médicos para a sua recuperação.
À época, a comunicação era difícil. Os recursos financeiros das igrejas eram poucos e, por mais de um ano não recebemos sequer um centavo. Estávamos a depender de favor de meus avós, que tinham poucos recursos, mas cederam a casa onde moravam para que ficássemos durante o tratamento de saúde do meu pai.
Sem escola para os filhos, sem sustento material, passamos a viver de milagres. Eu, 12 anos de idade, descobri que podia pegar serragem das madeireiras e vender nas casas que tinham fogo a lenha. Colocava essa serragem de madeira em sacos e num carrinho de mão, saía pelas ruas a vender a serragem nas casas da cidade. Com o pouco dinheiro que angariava num dia, comprávamos a cada dia, pães, margarina, um pouco de café. Mas tivemos dias em que nada havia para comer. Meu pai acamado; minha mãe a chorar; eu e meus irmãos menores sem saber o que fazer. Mas o Deus de toda provisão começou a operar milagres. De vez em quando, encontrávamos um envelope sem remetente com dinheiro colocado por baixo da porta da frente de nossa casa. Certo dia, meu pai desesperou-se com a situação e começou a chorar e dizer a Deus: “Por que, Senhor, tenho que ver minha família passar necessidades?” Meu pai estava a viver um momento de crise existencial! Desejou morrer por algumas vezes, mas o Deus de toda provisão nunca deixou de olhar para nós. Por algumas semanas seguidas, o milagre acontecia quando um servo de Deus, tocado pelo Espírito Santo, colocava o envelope anônimo debaixo da porta, sempre com uma mensagem de conforto. Alguns anos depois, descobrimos a pessoa que nos abençoava a cada semana. Não demorou muito, meu pai recuperou sua saúde e ainda pastoreou por muitos anos.
 Não há crise em que Deus não possa interferir e mudar a situação! Ele é o Deus de toda provisão.                    

O DEUS DE TODA PROVISÃO
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam. – Hebreus 11.6
O melhor modo de entender a realidade de Deus é conhecê-lo pela sua natureza, quando se discute, não o que Deus pode ser, mas sim o que Ele é. A mente humana entende e define o que pode ser avaliado pelas limitações do pensamento humano. Então, é evidente que a mente humana e finita nunca poderá conceber de forma adequada a Deus e à natureza da sua existência. No Novo Testamento, declara-se e fala-se de Deus como “aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja a honra e poder sempiterno. Amém!” (1 Tm 6.16).

No Catecismo de Westminster, a definição do texto apresenta a Deus como “um Espírito infinito, eternal, imutável em seu ser, poder, santidade justiça, bondade e verdade”. A natureza de Deus tem sido revelada de maneira progressiva e, um dos modos dessa revelação é através de títulos e nomes divinos. Os nomes de Deus nas Escrituras revelam e descrevem o seu caráter. Além da revelação de Deus pelos seus nomes e títulos, Deus se revela através de atributos que lhe são próprios, isto é, qualidades que pertencem apenas ao Deus Trino, como eternidade, imutabilidade, onipotência, onisciência, onipresença. Existem outros atributos divinos que são comunicáveis, ou seja, Ele compartilha com suas criaturas racionais, anjos e homens.
Neste capítulo queremos destacar que Deus é o Soberano absoluto que age livremente na história conforme está revelado no Antigo e no Novo Testamento. Um dos atributos divinos é a demonstração da soberania de Deus operando em um mundo que está em crise.
Nos vários capítulos a seguir, destacaremos alguns homens e mulheres que enfrentaram crises físicas, materiais, morais e espirituais, os quais foram alcançados pela providência divina, interferindo em situações e transformando-as em vitórias espirituais. A palavra crise será tratada em experiências vividas por pessoas que a superaram com a ajuda do Deus da provisão. Portanto, a definição dessa palavra começa pelo seu significado original do latim krisis, que pode significar “o agravamento de uma doença grave emocional ou mental; figurativamente, pode ser a manifestação repentina de um sentimento desagradável, ou pode atribuir-se a um estado de incerteza, vacilação, declínio moral e espiritual”.
O mundo está em crise, e para essa situação há um Deus que age poderosamente para detê-la ou para amenizá-la, mediante sua infinita justiça e misericórdia. Entretanto, para que entendamos os resultados da intervenção divina, precisamos identificar o Deus de toda provisão. Precisamos, de fato, saber quem é Ele e como age no nosso mundo.

QUEM É ESSE DEUS


Se quisermos conhecer a Deus, antes de tudo, Ele se revela a nós. O apóstolo Paulo declara que para conhecer a Deus não temos que fazer qualquer coisa excepcional, porque Ele mesmo se manifesta a nós. O texto de Romanos 1.19 diz que “porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou”. Subtende-se, então, que Deus se faz conhecer pela demonstração dos seus atributos na natureza humana mediante a capacidade racional e pela lei moral que rege a vida do homem (Rm 1.20,21,28,32). Portanto, Ele se torna conhecido pela qualidade própria a qual denominamos cognoscibilidade.

Ele É o Deus Cognoscível

Em síntese, Deus se revela, independentemente da necessidade de precisar se revelar. Ele se revela para cumprir o desígnio da criação do homem numa relação pessoal. Dos atributos naturais, Deus é aquEle que “[não] é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25). Ele existe por si mesmo e não depende de fonte alguma para existir. A palavra cognoscível significa “aquilo ou aquele que pode ser conhecido”. Podemos conhecê-lo como aquEle que é Espírito e Pessoa, e nos trata como pessoas. No seu livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas registra as palavras da mensagem de Paulo em Atenas, perante os sábios e filósofos do Areópago, quando disse:
(At 17:25-27)

Quando Ele se revela aos homens, o faz mediante a identificação de nomes e títulos que o demonstram como Ser Pessoal. Visto que nunca foi visto por ninguém (Jo 1.18), Ele é o Deus que se oculta, conforme está escrito em Isaías 45.15, que diz: “Verdadeiramente, tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador”. O que é que Deus oculta de nós? Ele é um Deus misterioso, e as circunstâncias do momento que Isaías, o profeta, e o próprio povo de Israel estavam vivendo escondiam os propósitos divinos para com seu povo. Ele só revelaria posteriormente, para que Israel aprendesse a reconhecer a soberania de Deus. Em outras circunstâncias, Ele é, também, o Deus que se revela e se torna cognoscível quando quer. Agar, a serva de Sara, quando despedida da casa de sua senhora, tomou o caminho do deserto de Berseba e, nesse deserto, em sua necessidade de água, Deus lhe abriu uma fonte para saciar a sua sede e a de Ismael. Mediante o milagre, Agar declarou: “Tu és o Deus que vê” (Gn 16.13, ARA). Ele quer que o conheçamos, não meramente por uma aparição materializada, mas como o Deus que é Espírito e Verdade. Portanto, Deus não mudou seus propósitos para conosco e, quando necessário, Ele se manifesta a nós de modo maravilhoso. Nas várias experiências de homens e mulheres mencionadas na Bíblia, o testemunho acerca das manifestações de Deus é incontestável.
Ele É o Deus que se Revela por vários Modos Quem é Deus? Como ele se identifica em sua revelação? O que as Escrituras declaram acerca dEle? Três coisas revelam Deus como um Deus Vivo, como Ser Pessoal e como Espírito.

O primeiro elemento que identifica Deus é o fato de que Ele é um Deus Vivo. Vários textos bíblicos declaram essa verdade. Depois que Deus escreveu as suas leis em tábuas de pedras, do alto do monte e do meio do fogo, Ele falou com Israel. Moisés falou ao povo de Israel que o Deus Vivente falou do meio do fogo (Dt 5.22-27). O testemunho da história do povo de Deus está registrado que Deus se revelou ao povo, aos profetas e líderes do povo de Israel como o Deus Eterno, Invisível, Poderoso e Vivo utilizando situações, circunstâncias históricas e demonstrações pessoais por meio de títulos, nomes que o identificavam como Alguém que é Pessoa e Espírito. Quando o Espírito Santo revelou a Pedro quem era Jesus, Pedro confessou e disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mt 16.16). O monte Sião, onde está Jerusalém, é chamado “a cidade do Deus Vivo” (Hb 12.22). O Deus vivo é aquEle que se opõe a toda idolatria, por isso, qualquer imagem esculpida é abominação para Deus. Cultuar um ídolo significa cultuar um objeto morto, mas Ele é o Deus verdadeiro e Vivo, e Jeremias declarou que “o Senhor é o Deus verdadeiro; ele é o Deus vivo; o rei eterno” (Jr 10.10,NVI). Se Ele é o Deus vivo, significa que possui vida em si mesmo, e sua vida não veio de outra fonte. Como o Deus Vivo, Ele se manifesta a nós como um rio de águas vivas que a todos produz força, energia, refrigério, purificação. Como ser pessoal, Deus se manifesta contra toda ideia de panteísmo que o torna algo impessoal.

Ele É Deus Pessoal

Ao definir personalidade, sabemos que a mesma é a soma de suas propriedades e qualidades que caracterizam a existência pessoal de alguém. Quando atribuímos personalidade a Deus, estamos falando de algo que é intrínseco à sua natureza como onipotente e onisciente. Nada pode ser comparado à personalidade dos anjos e dos homens que são limitados. Os textos bíblicos que atribuem à pessoa de Deus qualidades que nós, seres humanos temos, revelam apenas que Deus existe por si mesmo, sem depender de outro ser. Acima de tudo, revelam a capacidade de conhecimento desse Deus. Portanto, Ele se revela como Pessoa, e essa qualidade faz parte da essência do seu Ser. Ele não foi criado por nada e ninguém. Sempre existiu como o Deus Eterno, Pessoal, que se faz conhecido no seu relacionamento com o homem mediante seus nomes e títulos. Como Ser Pessoal, 

Deus se manifesta contra toda ideia de panteísmo que o torna algo impessoal. Ele se faz conhecer por nomes pessoais, porque Deus mantém relações pessoais com a criatura humana. Existem alguns antropomorfismos que ocorrem nas Escrituras em que Ele toma forma humana para se revelar aos homens. Ele ri, chora, pensa e deseja como os homens. Isso não quer dizer que Deus tenha caraterísticas físicas, mas significa que, mesmo sendo Espírito, Ele não é algo amorfo. O antropomorfismo revela a existência singular de Deus. O modo de Ele se manifestar com traços físicos, algumas vezes, devemos entender como expressões vivas pelas quais Deus se revela como Ser Pessoal. Entretanto, um dos modos pelo qual Deus revela sua natureza é por meio de nomes e títulos. Esses nomes e títulos comunicam em graus variados o conhecimento da natureza divina e revelam os mistérios inescrutáveis que envolvem a sua existência eterna.

NOMES E TÍTULOS PELOS QUAIS DEUS SE FAZ CONHECIDO

Uma das identificações mais extraordinárias da Bíblia acerca do nome de Deus, o Adonai de Israel, é quando Ele fala com Moisés no alto do monte Horebe. Moisés, então pergunta a Deus: “Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3.13,14). A identificação neutra que Deus fez a Moisés do seu nome não anula a sua realidade, mas revela o que Ele faz e pode fazer pelo seu povo. O nome de uma pessoa diz quem ela é; revela seu caráter, seu jeito de ser, sua etnia, raça, cor e estética. Por isso, em relação à Divindade, a palavra “deus” é neutra, porque, na linguagem do Antigo Testamento, o Deus de Israel se revela como Alguém Pessoal, mas se identifica por características de suas obras. Deus, o nosso Deus, não é uma coisa inerte; não é mera figura de retórica; não é um poder, um fogo, um símbolo. Ele é o Criador do universo, e os vários nomes e títulos atribuídos a Ele revelam a sua realidade.

A Importância dos seus Nomes e Títulos

É importante entender que nada pode revelar a Deus, senão o fato de que Ele só pode ser conhecido por meio da revelação que Ele faz de si mesmo. Nas Escrituras, o nome de uma pessoa expressa a natureza do seu portador. No mundo das criaturas humanas, os pais escolhem os nomes para seus filhos, e, geralmente, são nomes que expressam a cultura dos pais. Notamos que os nomes dados aos filhos de pais israelitas eram nomes que expressavam a crença em Deus e às atividades culturais influentes da época. Em relação a Deus, o nome atribuído a Ele tinha por objetivo distingui-lo dos demais deuses. A variedade de nomes e títulos para identificar a Deus não o torna um Deus plural. Pelo contrário, seus muitos nomes atribuídos referem-se às atividades de Deus no mundo dos homens. Uma vez que Ele não se apresenta por um nome específico, os vários nomes atribuídos a Ele são modos distintos de identificá-lo com as suas obras feitas. O Manual da Igreja do Nazareno expressa sua crença assim: “Cremos em um só Deus eternamente existente e infinito, Soberano do universo. Que Ele só é Deus, Criador e Administrador santo em natureza, atributos e propósitos. Que Ele, como Deus, é trino em seu ser essencial, revelado como Pai, Filho e Espírito Santo”.
Identificando os vários Nomes e Títulos de Deus
Quem É, portanto, o Deus da Bíblia? Podemos iniciar o entendimento sobre o Deus da Bíblia por alguns nomes especiais que descrevem o seu caráter e que estão inseridos na história do povo de Deus.

Elohim. O principal nome na vida religiosa de Israel. Na escritura de Gênesis 1.1 e de Salmos 68.1, aparece Elohim com o sentido especial de Todo-Poderoso, em cujo nome consiste a plenitude da deidade, o qual, por ter um sentido plural, revela a pluralidade divina composta no único Deus verdadeiro. É um nome que aparece por mais de três mil vezes no Antigo Testamento. É, de fato, o nome proeminente de Deus, pelo qual Ele se revelou a si mesmo. Num sentido gramatical, Elohim é um termo genérico e plural que é similar a Eloah. Eloah é um nome utilizado para significar deuses ou deusas das nações vizinhas a Israel. O sentido que Israel dava a esse nome, Eloah, era de que o Deus de Israel era o Único Deus verdadeiro e representava a soma e a totalidade da divindade inerente a Ele. É um nome que expressa a plenitude e a glória dos poderes divinos, mas revela, também, a existência da trindade divina, como o único Deus em três Pessoas distintas. Na escritura de Gênesis 1.26, ao criar o homem, Deus disse: “Façamos o homem”. A forma verbal “façamos” e o pronome “nossa” aparecem no plural, como está escrito: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Portanto, Elohim criou o ser humano. O seu nome Elohim é derivado do prefixo “El”. Desse prefixo, “El”, podemos formar vários títulos atribuídos aos poderes do Deus de toda provisão, os quais trataremos neste capítulo.
Os escritores dos livros da Bíblia tinham a noção exata da existência de Deus e evitavam citar o nome de Deus. Por isso, o tetragrama YHWH só tinha letras consoantes para esconder o verdadeiro nome de Deus. Israel foi orientado sempre a falar do Deus de Israel como Adonai.

Adonai. O nome mais utilizado na Bíblia Hebraica é Adonai. Um nome que revela o senhorio de Deus e tem um sentido de soberania. Na Bíblia Hebraica, em seu glossário de palavras explicadas, o termo Adonai literalmente significa “meu Senhor” e designa Deus na linguagem hebraica. Adonai representa o tetragrama YHWH (Yahweh), que é o nome hebraico de Deus. Esse nome é o mais significativo para Israel, transliterado e pronunciado como Javeh ou Jeová na forma portuguesa. Na época do pós-exílio de Israel em outras terras, os judeus evitavam pronunciar o nome literal de Yahweh por entender que era um nome sagrado para ser temido por todos. Posteriormente, foram encontradas transliterações para o grego na literatura cristã. Portanto, esse nome é exatamente o único nome pessoal de Deus, porque pertence só a Ele Quando Ele se revelou a Moisés no Monte Horebe (Êx 3.14), Ele se identificou como “EU SOU O QUE SOU”. Essa frase no hebraico é “ehyeh Asher Ehyeh”, traduzido por “Eu sou / serei o que Sou / serei”. Quando Moisés perguntou a Deus em nome de quem ele falaria ao povo, o Senhor lhe disse: “Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3.14). Desse modo o Senhor revelou a Moisés o sentido mais íntimo do seu nome. Essa identificação divina tem a ver com o temor e a reverência dos judeus em usar o nome de Deus em vão. Por isso, eles adotaram o nome genérico “El” e acrescentavam nomes que identificassem o Deus de Israel — aquEle que é poderoso (Gn 33.20).

Os Nomes Compostos com El

Os judeus criaram e formaram nomes compostos com o prefixo El que expressam as atividades de Deus nas várias situações históricas, enfatizam a natureza de Deus e o seu relacionamento com o seu povo. São nomes que revelam não apenas o Ser da Divindade, mas as suas obras, o seu caráter, o seu agir no universo criado por Ele.
El Shaddai (Gn 17.1) revela um Deus Todo-Poderoso, onipotente, que tem a capacidade em abençoar ou castigar conforme a situação requer (Gn 48.3,4; 49.24). Shaddai é um nome que deriva de shadu e significa “montanha”.

El Elyon, “Deus Altíssimo”. Esse nome é uma designação para Adonai em Números 24.16. No último cântico de Moisés antes de sua morte, ele se refere a Deus, “o Altíssimo” (Dt 32.8). Esse nome fala da sua natureza exaltada acima de tudo e de todos.

El Olam, “Deus, o Eterno” ou “o Deus da eternidade”. Esse nome foi declarado por Abraão, que o invocou em Berseba como “o Deus Eterno” (Gn 21.33; Sl 90.2). El Olam aparece de forma figurada como “Attiq Yomin”, isto é, “o ancião de dias” das revelações de Daniel, o qual aparece como aquEle que julga e domina sobre todos os impérios do mundo ( Dn 7.9,13,22).

Outras Composições com Yahweh (Jeová)

Outros títulos formam a combinação com Yahweh, identificado em nossa língua como Jeová. Quando Deus se manifestou a Moisés como o “Eu sou o que sou” (Êx 3.14), logo em seguida identificou-se a Moisés como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e que seria conhecido como YHWH, isto é, uma expressão hebraica de quatro consoantes para esconder o seu verdadeiro nome. Esse nome, YHWH, não podia ser citado levianamente. Por isso, os judeus, com temor e tremor, passaram a substituir esse tetragrama por uma forma transliterada para o português por Yahweh, o mesmo que “Jeová”. O sentido real e gramatical de Jeová é “aquele que continuamente causa a existência de todas as coisas”. O texto do profeta Miqueias 4.5 fortalece essa ideia quando diz: “Porque todos os povos andarão, cada um em nome do seu deus; mas nós andaremos no nome do Senhor [YaHWeH], nosso Deus, eternamente e para sempre”.

Jeová-Jireh, “O Senhor proverá” (Gn 22.13,14). Nesse nome, Jeová se manifestou a Abraão como aquEle que provê todas as necessidades dos seus servos. Isso aconteceu quando Abraão estava preparando-se para oferecer seu filho Isaque em sacrifício sobre um altar de pedras, conforme o pedido de Deus. Deus o provou e viu sua fidelidade e obediência; então, interferiu naquele sacrifício impedindo que Abraão matasse seu filho, propiciando-lhe um cordeiro para ser sacrificado. Um tipo perfeito do sacrifício de Deus de seu Filho amado Jesus pelos pecados do mundo. Ele foi o cordeiro mudo levado ao matadouro (Is 53.7; 1 Pe 2.24,25).

Jeová-Nissi, “O Senhor é nossa bandeira” (Êx 17.15). Foi o nome que Moisés deu ao altar de pedras para comemorar a vitória de Israel sobre os amalequitas. Nas nossas batalhas espirituais contra as potestades do Diabo, o Senhor é a nossa bandeira que faz fronteira com o terreno inimigo (Ef 6.10-17).

Jeová-Ropheka ou Raphah, “O Senhor que cura” ou “que sara” (Êx 15.26). A cura divina está diretamente ligada a esse nome, e Jesus foi a manifestação encarnada de “Jeová-Raphah” no Novo Testamento (Is 53.4,5).

Jeová-Shalom, “O Senhor é nossa paz” (Jz 6.24). Quando vivia sob a liderança dos juízes, o povo de Israel enfrentou tempos turbulentos de opressão e pobreza provocada pelos povos vizinhos. Mas Deus não havia abandonado o seu povo: Ele levantou alguns homens e mulheres especiais, entre os quais, Gideão, para o qual apareceu numa teofania especial como “o Anjo do Senhor”. Gideão ficou tão maravilhado com a presença do Senhor que lhe fez um altar e o Senhor se identificou a ele como “o Senhor É Paz” (Jz 6.24), isto é, “Jeova-Shalom”.

Jeová-Sabaoth, “O Senhor dos Exércitos” (1 Sm 1.3). Os teólogos declaram que Jeová-Sabaoth é o título celestial de Deus, e esse título aparece pela primeira vez em 1 Samuel 1.3, quando Ana e seu marido foram ao templo de Deus para adorar e sacrificar ao Senhor dos Exércitos. Posteriormente, esse título de “Senhor dos Exércitos” foi usado por Davi, ainda jovem, quando foi enfrentar o gigante Golias. Davi respondeu ao desafio de Golias, dizendo: “Tu vens a mim com espada,e com lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1 Sm 17.45). É o Senhor poderoso na guerra (Sl 24.8,10), e fala, também, dos seus anjos como um exército celestial que opera em defesa do Reino de Deus (Sl 89.5-8; 148.2).

Jeová-Shammah, “O Senhor está presente” — O Deus Onipresente (Ez 48.35). Dos atributos pertinentes somente a Deus, a onipresença indica que Ele está presente em todo o universo e para todas as pessoas. Não podemos imaginar Deus espacialmente disperso pelo universo, porque Ele está por completo em toda parte. Ele está total e igualmente presente em todos os lugares. O apóstolo Paulo, em uma das suas pregações inspiradas em Atenas, disse: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17.28). A escritura de Salmos 139.7-12 demonstra de modo vivo a onipresença de Deus na vida humana.

 Jeová-Meqaddesh, “O Senhor que santifica” (Êx 31.13). A santidade é o caráter e a atividade de Deus revelada pelo seu nome. Deus se revela a nós, dizendo: “Porque eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44). Deus se revela como “Santo”, no hebraico qa’ dosh, e esse título significa a separação de tudo o que for corriqueiro ou profano. A expressão “Santo de Israel” aparece no hebraico como qa’dosh Yisra’el. João viu na revelação do Apocalipse os quatro seres viventes que “não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir” (Ap 4.8). O seu Espírito santifica a Igreja e a separa para o Senhor Jesus.

Jeová-Roi, “Tu és Deus da vista” (Gn 16.13) ou “Tu és Deus que Vê” (ARA). Quando Agar foge de sua senhora Sara e vai para o deserto, o Anjo do Senhor a encontrou e aconselhou-a a voltar para a sua senhora, fazendo promessa quanto ao futuro do menino que ainda estava em seu ventre. Ela ficou tão emocionada com a visão do Anjo de Deus que se referiu a Deus como “El Roi”, o Deus da visão”. Ao poço de água naquele deserto ela denominou “Beér-Lachai-Ro’í”, que significa “poço daquele que vive e vê”.

Jeová-Raah, “O Senhor é o meu pastor” (Sl 23.1). A forma como o nome aparece no original hebraico é “Yaweh-Raah”, cujo sentido é “Javeh ou Jeová-Pastor”. Davi, o inspirado poeta de Israel, produziu uma das mais belas poesias, transformando-a em um maravilhoso cântico de confiança em Deus. Esse nome envolve todos os aspectos do pastoreio de ovelhas e cabras no Oriente Médio, aplicados à ideia de guiar, alimentar, cuidar, defender, curar, corrigir. No Antigo Testamento, vários textos bíblicos apresentam a figura do Senhor como Pastor (cf. Gn 49.24). Na nova aliança, Jesus se tornou o nosso “Bom Pastor” como aquEle que dá a sua vida pelas suas ovelhas (Jo.10.11).

Seus Nomes e Títulos Revelam sua Personalidade Os nomes de Deus apresentam na Bíblia Sagrada a revelação de quem é Deus e do seu caráter. Precisamos entender que esses nomes e títulos atribuídos a Deus não são meras figuras de retórica, usadas para figuras mitológicas. Seus nomes e títulos são atribuídos à Pessoa Divina e trazem descrições que Ele mesmo faz de si próprio. A variedade de nomes e títulos não significa uma pluralidade de deuses, mas revela o modo como Ele se manifesta às suas criaturas e como age nessa relação.

O que aprendemos com esses títulos e nomes é que Deus atua na sua perfeita plenitude e manifesta a sua personalidade. Sua personalidade é identificada pelas características e propriedades que lhe são manifestadas em situações como: tristeza (Gn 6.6); indignação (1 Rs 11.9); zelo (Dt 6.15); amor (Ap 3.9). Na sua relação com o universo e com os homens, Ele se manifesta como o Criador de tudo (Gn 1.1), como preservador de tudo (Hb 1.3), como Benfeitor de todas as vidas (Mt 10.29,30), como Dominador e Senhor nas atividades humanas (Rm 8.28) e como Pai espiritual de todos aqueles que receberam a Cristo como Salvador e Senhor (Gl 3.26).

CARATERÍSTICAS DA CRISE DOS TEMPOS ATUAIS

Para os tempos atuais, quando estamos envoltos em crises e conflitos sociais, materiais e espirituais, o Deus de toda provisão poderia interferir na história? Ora, se reconhecemos a existência dessas crises, por que não identificá-las para sabermos como agir e reagir em relação a elas? Teria a Bíblia a resposta para esses tempos difíceis?
A Identificação Bíblica dessa Crise
O Senhor sempre está além do tempo que vivemos e só Ele sabe todas as coisas no presente e no futuro. Uma palavra apostólica e exortativa do apóstolo Paulo para a igreja em Éfeso e, especialmente, para o jovem pastor Timóteo, traz à tona uma visão futura do mundo em que vivemos hoje, mas que já era sentida naqueles dias. Ele escreveu na sua segunda carta a Timóteo, apresentando-lhe uma profética realidade dessa crise moral e espiritual com estas palavras:

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (2 Tm 3.1-5).

Nos dias primitivos da Igreja depois do Pentecostes, no primeiro século da Era Cristã, a invasão de falsas doutrinas no seio das igrejas fundadas pelos apóstolos fez com que se produzisse uma crise de fé. Alguns comportamentos no seio da Igreja, tomando por exemplo a igreja em Éfeso, fingiam um cristianismo que não era aquele ensinado por Paulo. Por esse modo, fingiam ter uma fé cristã, mas viviam de forma oposta ao evangelho, aparentando compromisso com a igreja, mas faziam da “fé fingida” instrumento para acobertar práticas que contradiziam a genuína fé cristã. De igual modo, percebemos que nos tempos atuais podemos identificar os mesmos elementos daquela época manifestados na vida da sociedade e que ameaçam a fé cristã.

O Antropocentrismo

O antropocentrismo é ponto de partida para percebermos alguns sinais típicos que representam esse tempo do pós-modernismo. Trata-se de uma filosofia que concentra tudo no homem. É uma filosofia que está viva e atuante, e declara que “o homem é a medida de todas as coisas”. Essa filosofia humanista pressupõe o predomínio do homem sobre todas as coisas e o coloca no centro do universo. Tal presunção se constitui num flagrante contraste com a declaração bíblica de que todas as coisas foram criadas por Deus. É uma tentativa de roubar o lugar de Deus no universo, no qual é o Criador e Senhor de todas as coisas (Sl 73.25; 1 Co 10.31; 1 Pe 4.11).
Paulo falou da invasão de vãs filosofias ativadas pelo Diabo para afastar o homem da comunhão e da dependência de Deus na sua vida. É uma filosofia que estimula o amor próprio independente, e Paulo escreveu a Timóteo acerca das pessoas que seriam “amantes de si mesmos” (2 Tm 3.2), reproduzindo, sem dúvida, o retrato desse humanismo sem Deus. Essa expressão se ajusta perfeitamente ao espírito deste tempo pós-moderno, quando as pessoas agem com egoísmo exacerbado a ponto de se considerarem pequenos deuses para impor a própria vontade na realização das coisas humanas. É uma atitude à semelhança de Satanás (Is 14.12-15), em que tentam usurpar para si o direito de soberania que pertence, única e exclusivamente a Deus, o Todo-Poderoso.

O Individualismo É outra Característica do Egocentrismo

Essa filosofia privilegia o egocentrismo, que faz do ser humano um refém de si mesmo, porque torna a sua individualidade um modo isolado de vida. À luz da Bíblia, sabemos que todo ser humano tem sua individualidade sem isolar ninguém da vida em comunidade. Antes de tudo, é importante enfatizar que o homem foi criado, não para viver isoladamente, mas como ser social. A vida em comum com outras pessoas envolve interesses coletivos e que estabelece prestação de contas a Deus, bem a toda sociedade, das ações cotidianas. Em relação a Deus, todos nós iremos comparecer diante dEle para prestar conta dos nossos atos (1 Co 10.24; Fp 2.4; Rm 14.12). Há uma diferença entre a individualidade de cada pessoa quando o ego tem a sua função positiva e equilibrada e o egoísmo que torna o “eu” o senhor de tudo na vida, ou seja, o centro, o fim de tudo, o topo de todas as coisas. Porém, quem conhece a Cristo e foi salvo por Eles ubmete o seu “eu” a Ele e diz como o apóstolo Paulo: “E vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).

O Hedonismo É outro Braço do Egocentrismo

É uma filosofia que se constitui numa doutrina, a doutrina do prazer, e faz do prazer individual e imediato o bem supremo da vida humana. É a supervalorização dos bens materiais e físicos que promovem o consumismo; a coisa mais importante da vida se torna o ter, comer, beber e folgar. Jesus, em sua vida terrena, via esse mal hedonista numa de suas parábolas proferidas no Sermão do Monte, acerca do rico insensato (Lc 12.13-21). O vírus que Jesus detectou naquele homem rico foi a avareza. Ele exortou então: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Mais à frente, Jesus, ilustrou as palavras desse homem, quando falou: “e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga” (Lc 12.19). Era um homem avarento e um hedonista que só pensava em si mesmo. O prazer do crente é alimentado pelo fruto do Espírito; por isso, ele não pensa só em si, e a sua alegria preenche qualquer necessidade do seu eu que vive para Cristo.

O Relativismo É uma Caraterística dos Tempos Pós-Modernos

Segundo a ideia humanista, na falta de um padrão universal que organize a vida das pessoas e lhes dê a capacidade de respeitar os valores absolutos morais, não haverá uniformidade de pensamento nem de ética. Entretanto, como cristãos, entendemos que a desordem moral e social no mundo contemporâneo é fruto da queda do homem ao pecado. A Bíblia é categórica quando diz: “[...] por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). Afinal, quando a sociedade não consegue distinguir o certo e o errado, a tendência é relativizar todas as coisas. Na história de Israel, no tempo dos juízes, o povo de Deus começou a confundir o seu Deus-Yahweh com os pequenos deuses chamados baalins e Astarote, figuras mitológicas dos povos pagãos (Jz 2.11; 3.7; 4.1). A falta de temor a Deus faz com que as pessoas da sociedade atual se tornem egoístas e incrédulas, a ponto de negarem os valores absolutos e passarem a relativizar todas as coisas da vida cotidiana. Mais triste ainda é perceber que no meio do povo de Deus essa filosofia maldita está tendo espaço, para esconder pecados cometidos e amenizar a consciência sobre comportamentos sociais negativos que ferem a Palavra de Deus.

A igreja de Cristo precisa restaurar seus valores, voltando-se para os princípios que regem o nosso comportamento, os quais são princípios perenes. Não são valores temporais que mudam com o tempo. A ideia do relativismo anula completamente o lugar dos valores absolutos, principalmente os valores demonstrados e ensinados pela Palavra de Deus. Dessa forma, os adeptos dessa filosofia vivem ao sabor de suas concupiscências (1 Jo 2.6).

A RESPOSTA DO DEUS DE TODA PROVISÃO

O evento que marcou a manifestação da provisão divina, especialmente demonstrado na Bíblia Sagrada, foi, sem dúvida, quando Deus pediu a Abraão o seu filho, o filho da promessa, Isaque, em holocausto num dos montes de Moriá. Nos nomes de Deus apresentados aparece Jeová Jireh, que significa “O Senhor proverá” (Gn 22.2-8). Foi, indiscutivelmente, a maior crise vivida por Abraão até então. Foi uma crise de dúvida sobre tudo o que havia acontecido na sua vida até aquele momento. 

Uma angústia tomou conta do coração do velho Abraão. Racionalmente, Abraão não podia aceitar aquele pedido de Deus, porque sabia esse Deus jamais pediu algum sacrifício humano. Sacrifico humano era coisa de pagãos, e o seu Deus não faria nunca algo semelhante. Por outro lado, Abraão sabia que Deus o estava provando ao extremo para conhecer a sua fidelidade e amor ao Senhor, mais que ao próprio filho. Deus queria saber se Isaque era mais importante que o próprio Deus. Quantas vezes entramos em crise quando somos desafiados por Deus acerca das coisas desta vida das quais precisamos abrir mão — família, profissão, faculdade, negócios? Quando passamos por crises de doenças, dificuldades financeiras, desapontamentos com pessoas, não podemos nos esquecer de que 

Deus é Deus acima das possessões da nossa vida. Quem é o Isaque de nossa vida que disputa com Deus o primeiro lugar? Deus conduziu Abraão ao máximo de sua capacidade de suportar aquela prova, mas o patriarca passou na prova e foi abençoado por isso. O Deus de toda provisão não apenas lhe deu um cordeiro para sacrificar em holocausto, mas tornou a sua fé um exemplo.
Descobrimos que os vários nomes e títulos atribuídos a Deus demonstram os vários modos de Deus agir em nosso favor provendo a nossa completa provisão. Essa doutrina tem sua base na doutrina da providência de Deus, que nos mostra que Ele é soberano e que está no controle de todas as coisas. Os problemas de ordem física, os de ordem material e, também, os problemas de ordem moral e espiritual estão no controle dEle. Deus providencia os recursos de soluções e os torna provisões. Ele não se compraz no sofrimento de ninguém, mas permite, às vezes, que o sofrimento se transforme em bênçãos para a nossa vida. O Salmo 23 apresenta Deus como Jeová-Roi, “o Senhor é o meu pastor”, como aquele que provê todas as nossas necessidades. Ele é aquEle que satisfaz plenamente.

Quando conhecemos a Deus, Ele se revela a nós na dimensão da nossa capacidade de aceitá-lo como aquEle cujo poder de sustentação é exaurível.

 



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