Antes de começar o trabalho de mudar o mundo, dê três voltas dentro de
sua casa.
Introdução
Alguém afirmou, certa vez, que a Igreja de Cristo não é
um clube de iates, mas uma frota de pesqueiros. O autor anônimo, de maneira
sutil e delicada, deixa bem claro que a principal tarefa da Igreja é a
evangelização. Na entrelinha de sua assertiva, deixa ele bem patente que a
Igreja, por sua natureza e vocação, é a agência por excelência de evangelismo e
missões. Se não evangeliza, deixa de ser um organismo divino para apequenar-se
numa organização humana falida e já em vias de apagar-se. Neste capítulo,
realçaremos a Igreja que se faz conhecida pelo evangelho que proclama, pela
doutrina que ensina e pelo discipulado que emprega na formação de novos
crentes. Que Deus nos abençoe na observância dos mandamentos do Senhor Jesus
quanto à evangelização do mundo.
I. Igreja, Comunidade de Proclamação
O mártir alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) declarou que a Igreja é
Cristo existindo em comunidade. Todavia, Jesus não almeja apenas existir entre
nós, mas atuar por meio de nós. É para isso que Ele instituiu a sua igreja.
1. Igreja, definição que desafia. A Igreja já foi definida como
uma assembleia dos que foram chamados para fora. Se aceitarmos essa definição,
veremos que a etimologia do termo grego é bastante emblemática. Nesse vocábulo,
temos duas palavras distintas: que significa “de” ou “para fora”, e , que traz
o significado de ser chamado, ou convocado.
Nesse sentido, a grega era a assembleia de cidadãos intimados para fora
de suas casas, afim de tratar de algum assunto de interesse público. Tendo em
vista a natureza e a missão da “igreja” grega, aprouve ao Senhor Jesus usar o
mesmo termo para nomear a sua universal assembleia de homens e mulheres
provenientes de todas as nações.
2. Igreja, um organismo peculiar. Ao ouvir a declaração de
Pedro, sobre a qual fundou a sua Igreja, Jesus poderia ter dito: “Sobre esta
pedra, fundarei a minha sinagoga”. Mas, se o fizesse, estaria limitando a
atuação de seus discípulos, pois os judeus, numa cidade gentia, não eram
chamados para fora, mas convocados para dentro. E, ali, na sinagoga,
congregavam- se, a m de adorar o Deus da nação de Israel, e não para anunciar o
Deus de todos os povos. Além do mais, para se formar uma congregação israelita
eram necessários nove homens adultos.
O Senhor, porém, simplificou o estabelecimento da Igreja. Agora, não é
mais imperioso que se reúna uma novena de varões. Bastam duas pessoas
congregarem-se sob a invocação de Cristo, para que Ele se manifeste entre elas
e, por intermédio delas, aja salvadoramente (Mt 18.20). Um único santo não
constitui uma igreja, mas um testemunho. Mas dois ou três, invocando o nome do
Senhor, perfazem um número suficiente para que se tenha uma comunidade
proclamadora. A Igreja de Cristo é superior à assembleia grega e mais sublime
que a sinagoga judaica. Ela, por ser Igreja e pertencer a Cristo, jamais
deixará de ser um organismo, ao passo que estas nunca hão de transcender os
limites da organização.
3. A
Igreja sempre será chamada para fora. Ainda que a etimologia
da palavra “igreja” seja, às
vezes, questionada, os discípulos de Cristo sempre serão chamados para fora,
afim de proclamar o evangelho. Nosso testemunho, portanto, não ficará
emparedado, nem aprisionado pela burocracia eclesiástica. Se somos Igreja,
agiremos como Igreja. Sairemos a evangelizar e a fazer discípulos até a
fronteira final deste globo.
A Igreja, em virtude de sua
natureza, não se deixa aprisionar por uma agenda que não tenha a evangelização
como a prioridade máxima. Evocamos, aqui, o exemplo das Assembleias de Deus.
Embora não houvesse ainda nascido oficialmente, apregoava o novo nascimento sem
impedimento algum. Naqueles idos, o campo era um mundo sem fronteiras. Todos os
que se convertiam eram chamados para fora, apregoando que Jesus salva, batiza
com o Espírito Santo e cura os males do corpo. A chama pentecostal ardia
continuamente.
Há uma diferença substancial entre a chamada de Israel e a da Igreja.
No Antigo Testamento, os israelitas partiam dos extremos de Israel, para adorar
em Jerusalém. Assim também agiam os prosélitos. Haja vista a rainha de Sabá e o
eunuco de Candace, soberana dos etíopes. O Senhor Jesus, contudo, ao
estabelecer a Igreja, não tinha como alvo atrair ninguém à Cidade Santa. Mas, a
partir de Jerusalém, tinha como alvo a conquista do mundo através de seus discípulos.
A missão de Israel, portanto, era centrípeta; atraía a todos ao centro judaico
de adoração, que tinha como emblema o Santo Templo. Quanto à missão da Igreja,
é fortemente centrífuga; desde Jerusalém, pôs-se a proclamar o evangelho até às
fronteiras mais extremas da Terra.
II. A Igreja de Cristo e o
Cristo da Igreja
João Calvino (1509-1564), ao discorrer sobre a natureza da Igreja, foi
preciso e coerente: “Onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida
com pureza, ali existe uma igreja de Deus, mesmo que ela esteja repleta de
falhas”. Portanto, não há o que se discutir. A Igreja de Cristo subsiste pela
proclamação do evangelho de Cristo e pelo ensino da doutrina dos profetas e dos
apóstolos.
1. Sua natureza proclamadora. Cristo estabeleceu a Igreja em
cima de uma proclamação breve, mas profundamente teológica e profética. Ao indagar
de seus discípulos acerca da opinião de Israel quanto à sua pessoa, ouviu de
Pedro a maior declaração que alguém poderia fazer sobre o seu messiado: “Tu és
o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Tal afirmação, embora sucinta, era
tão forte e marcante, que somente alguém inspirado pelo Espírito Santo poderia
emiti-la. Foi o que reconheceu o próprio Senhor: “Bem-aventurado és, Simão
Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está
nos céus” (Mt 16.17).
Em seguida, o Senhor revela aos discípulos que, sobre a assertiva de
Pedro, fundaria Ele a sua Igreja. Portanto, o alicerce da assembleia do Novo
Testamento é uma declaração que, em nove palavras, revela a essência dos
profetas que, desde Moisés, profetizaram até Malaquias. Ora, se a natureza da
Igreja de Cristo é a proclamação, ela haverá de peregrinar de proclamação em
proclamação até que o Senhor a venha buscar.
2. Sua missão proclamadora. Se a igreja evangeliza e faz
missões, é verdadeira. Mas se vive pela liturgia, não passa de uma casa de
espetáculos. As igrejas católicas e orientais são ostensivas e doentiamente
formais. Algumas missas ortodoxas chegam a durar três horas. Se espremermos,
porém, todos esses missais, cânones e rubricismos, não lograremos uma única
gota do verdadeiro evangelho. Infelizmente, os evangélicos, apesar de suas
reuniões vivazes e barulhentas, estão caindo no mesmo pecado. A formalidade
também se manifesta informalmente. Qualquer culto, portanto, que não cultue
verdadeiramente a Deus, é formalismo, ainda que traga um ostensivo rótulo
carismático.
João Wesley (1703-1791), após a
sua experiência pentecostal, começou a ter uma visão mais bíblica sobre a
tarefa do corpo de Cristo: “A Igreja nada tem a fazer, a não ser salvar almas.
Portanto, deve gastar e ser gasta nesta obra. Não lhe é requerido falar tantas
vezes, mas salvar tantas almas quanto puder, levar ao arrependimento tantos
pecadores quanto possível”. O evangelista inglês diz-nos, entre outras coisas,
que a evangelização tem de voltar a ser a nossa primazia. Caso contrário,
jamais seremos reconhecidos como discípulos daquEle que, durante todo o seu
ministério, outra coisa não fez senão proclamar a Palavra de Deus com a vida e
por meio da própria morte.
III. O Cristo da Igreja e a
Igreja do Cristo
Na região da Galácia, havia uma atividade evangelizadora tão intensa,
que chegava a ser febricitante. Todavia, o evangelho de Cristo era ignorado e o
Cristo do evangelho era desprezado por aqueles obreiros de Satanás. Portanto,
não basta falar de Cristo. É urgente que voltemos a proclamar o Cristo do Novo
Testamento.
1. Cristo, o Filho de Deus. A primeira grande verdade
proclamada sobre Jesus, em o Novo Testamento, é que Ele é o Filho do Deus Vivo
(Mt 16.16). Se pregarmos um Cristo que não procede de Deus, jamais
convenceremos o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Por esse motivo, o
Senhor ordena que os convertidos sejam batizados em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo (Mt 28.19).
Recentemente, li o Corão, o livro
tido como sagrado pelos muçulmanos. Naquelas longas e, às vezes, repetitivas
suratas, Jesus é citado amiúde. Apesar do respeito com que Ele é tratado pelo
fundador do Islamismo, é difícil ver, naquelas descrições, o Cristo de Deus.
Antes de tudo, porque, em nenhum lugar, Ele é considerado o Filho de Deus. Mas,
sempre que Maomé cita-o, faz questão de ressaltar-lhe a filiação mariana. Dessa
forma, o Corão apresenta o Filho de Deus como lho de Maria. Aos olhos de Maomé,
Jesus foi o mais puro dos muçulmanos. Todavia, o Cristo maometano jamais
libertará o homem das garras de Satanás.
Cabe-nos evocar, aqui, o belíssimo pronunciamento de C. S. Lewis acerca
do messiado de Jesus Cristo:
Um homem que fosse só homem e dissesse as coisas que Jesus
disse não seria um grande mestre de moral. Seria um lunático no mesmo nível de
um homem que diz ser um ovo cozido ou então seria o próprio diabo. Cada um de
nós precisa tomar a sua decisão. Ou este homem era, e é, o Filho de Deus, ou
então um louco, ou algo pior. Mas não venhamos com nenhum argumento complacente
que diga que ele foi um grande mestre humano. Ele não nos deu esta escolha.
Nunca pretendeu fazê-lo. Concluindo, o primeiro tópico de nosso sermão
evangelístico tem de apresentar, obrigatoriamente, a filiação divina de Jesus
Cristo. Se não o apresentarmos como Filho de Deus, poderemos até apresentar uma
bela peça de oratória, mas jamais uma autêntica pregação evangélica.
2. Cristo, o Crucificado de Deus. Se Jesus não passou de um
mero pensador como Sócrates, que efeito tem a sua morte sobre a nossa
eternidade? Ao considerar a questão, respondeu Jean Jacques Rousseau
(1712-1778): “Se a vida e a morte de Sócrates são as de um filósofo, a vida e
morte de Jesus Cristo são as de um Deus”. O sábio suíço não careceu cursar
teologia para chegar a uma conclusão tão óbvia e certeira. Há teólogos, porém,
que, apesar de sua erudição, ainda não atinaram que Jesus morreu como
Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Por conseguinte, o segundo tópico de nossa
mensagem evangelística é apresentar Jesus Cristo como o Crucificado de Deus.
Ao dirigir-se à intelectual Corinto, apresentou Paulo uma mensagem
simples, mas eficaz. Se os coríntios aguardavam um discurso semelhante ao de
Demóstenes, decepcionaram-se, pois o Doutor dos Gentios, entre eles, tratou de
um único assunto, como ele faz questão de frisar:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o
testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque
nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu
estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e
a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana,
mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse
em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Co 2.1- 5)
Embora o apóstolo fosse um dos maiores acadêmicos de seu tempo, não se
deixou aprisionar pela filosofia, mas transcendeu Platão e Aristóteles. Sua
mensagem não se resumia a uma mera peça de oratória. Quando se punha a falar de
Cristo, encenava o drama do Calvário de tal forma, que seus ouvintes tinham a
impressão de estar ao pé da cruz. Foi o que ele, tomado por uma ira santa e
compreensível, declarou aos gálatas que estavam prestes a apostatar da fé: “Ó
insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós,
perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?”
(Gl 3.1).
A Igreja tem de encenar, tanto
para si mesma quanto para o mundo, o drama do Calvário. A palavra usada pelo
apóstolo, para descrever como ele pregara a crucificação de Cristo aos gálatas,
não era desconhecida do teatro grego. O vocábulo significa pintar, ou retratar
vivamente, uma cena perante olhos exigentes e críticos. Paulo jamais foi infiel
ao proclamar a mensagem da cruz. Ele não era um ator, mas sabia como
representar a obra de Cristo ante um mundo que jaz no maligno.
3. Cristo, o Ressurreto de Deus. Se proclamarmos a morte de
Jesus, mas lhe omitirmos a ressurreição, nossa pregação será incompleta. Quando
os apóstolos reuniram-se, antes do Pentecostes, para escolher o substituto de
Judas Iscariotes, zeram questão de frisar que teria de ser alguém apto a
testemunhar a ressurreição do Filho de Deus (At 1.22). A escolha, como sabemos,
recaiu sobre Matias que, a partir daquele momento, tinha como tarefa
prioritária anunciar a Israel e ao mundo que Jesus, de fato, erguera-se de
entre os mortos.
Urge, pois, que a Igreja volte à pregação completa do evangelho. O
pecador tem de saber que Jesus não ficou preso à cruz, nem detido no sepulcro,
mas que, no terceiro dia, ressurgiu com poder e glória. Parece que os crentes
de Corinto não estavam bem seguros quanto à ressurreição de Cristo. Por isso,
interveio Paulo, afirmando-lhes com toda a energia de seu apostolado:
Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos
mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se
não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (1 Co
15.12-14)
Que cada pecador saiba que Jesus morreu,
ressuscitou e acha-se vivo, intervindo no mundo e governando a sua Igreja, por
meio do Espírito Santo.
4. O Cristo que intervém. Na Declaração de Cesareia, Pedro foi
inspirado a a rmar que Jesus é o Filho do Deus Vivo (Mt 16.16). Nessa curta,
mas profunda assertiva, vemos um Deus que não se esconde em sua transcendência,
mas se revela, amorosamente, em sua imanência. Por isso, o Pai intervém na
história do universo por meio do Filho.
Quando pregamos que Jesus, além de ressuscitar, acha-se no governo de
todas as coisas, tiramo-lo do panteão onde jazem os fundadores de religiões e
seitas, para entronizá-lo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16).
Ele não é um entre outros fundadores de religiões, mas o fundamento da religião
única e verdadeira. Maomé, por exemplo, em que pese o dogma de sua ascensão,
jaz no sepulcro e lá permanecerá até o Juízo Final. Cristo, porém, ressurgiu da
morte. Por essa razão, declarou:
É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis
que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt
28.18)
Quando a Igreja apregoa o Cristo Vivo, serenamo-nos, pois sabemos que
Ele está no controle do universo, da História e de nossa vida. Afinal, somente
aquEle que vive para todo o sempre pode tornar-se o Deus conosco.
5. Cristo, o Deus pessoal.
Ao anunciar a conceição virginal de Maria, o profeta Isaías deixa transparecer
que o Filho, à semelhança do Pai, será um Deus pessoal: “Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um lho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel.
(Emanuel traduzido é: Deus conosco)” (Mt 1.23). Semelhante detalhe não pode
faltar à mensagem evangelística da Igreja de Cristo. Os que suspiram por um
encontro pessoal com o Pai Celeste não podem ver o Filho apenas como uma figura
histórica e distante. como se Ele, o Divino Emanuel, não passasse de um mero
acervo museológico. Que Ele existiu, não há dúvida. Maomé e Buda também
existiram, mas são incapazes de transformar vidas. Que em cada proclamação,
pois, mostremos que Jesus, além de estar vivo, almeja firmar um relacionamento
pessoal, profundo e íntimo com cada um de seus filhos.
Mas em determinados círculos acadêmicos, o Salvador acha-se tão
distante dos perdidos, que ninguém mais logra encontrá-lo em meio às
monografias, teses e ensaios. Não me refiro apenas à erudição secular.
Infelizmente, a que lida com o texto sagrado acha-se também a debater no
terreno movediço da incerteza e da incredulidade. Por isso, não nos curvemos,
acriticamente, à crítica textual. Diante do aparato crítico de algumas edições
da Bíblia Sagrada, indaga o miserável pecador: “Afinal, Jesus fala ou não a
minha língua?”. Não nos esqueçamos de que a erudição é serva do evangelho e
escrava da Palavra de Deus. Sua tarefa é transmitir, de geração em geração, os
oráculos divinos em sua pureza e integridade. Ela tem de estar ao pé da cruz, e
não encimando a cabeça do Cordeiro de Deus.
Que o pecador saiba que Jesus não é apenas o Deus conosco, mas também o
Deus comigo e o Deus contigo. Ele é tão pessoal que podemos adorá-lo com todo o
nosso ser, pois a sua presença permeia-nos o corpo, a alma e o espírito.
IV. Igreja, a Mestra da Palavra
Entre outras símiles, Paulo destaca a Igreja de Cristo como a coluna e
o baluarte da verdade (1 Tm 3.15). Tal comparação revela a natureza do corpo de
Cristo, cuja missão é pregar o evangelho, ensinar os desígnios divinos e atuar
como a voz profética de Deus.
1. A pregação do evangelho. A Igreja de Cristo, como já vimos,
foi constituída, a m de proclamar o evangelho a todos, em todo tempo e lugar, por
todos os meios. O que universaliza uma igreja, portanto, não é o seu título,
nem as suas pretensões, mas a sua atividade evangelística e missionária. Se nos
fecharmos, como poderemos alcançar os confins da Terra? Mas, se nos abrirmos
localmente, universalmente cumpriremos a tarefa que nos confiou o Senhor da
Seara. A Igreja sempre será chamada para fora, para apregoar a Palavra de Deus.
Toda vez que isso ocorre, fazemo-nos luz do mundo e sal da terra. Num primeiro
momento, iluminamos as trevas com a exposição da verdade divina. Em seguida,
preservamos os tecidos sociais mais comprometidos, proclamando a vontade de
Deus profeticamente. Portanto, quem ganha almas muda a sociedade, transforma a
cultura e dissemina a ética cristã.
2. O ensino da Palavra. A academia não pode substituir a Igreja
no ensino da Palavra de Deus, nem na produção teológica. Toda vez que isso
ocorre, uma nova heresia nasce, uma verdade é distorcida e uma congregação
local é destruída. Não quero, aqui, estabelecer uma relação dualista entre o
ministério cristão e a academia.
Se a academia é cristã, não se afastará da Igreja, nem há de se arvorar
contra o ministério eclesiástico. Por que um dualismo entre ambas? Portanto,
assim como não devemos separar a vida pública da particular, também não podemos
separar as atividades intelectuais das espirituais, pois o Espírito Santo quer
santificar-nos por inteiro: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o
vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).
A verdadeira teologia é produzida no âmbito da Igreja, pois os dons
ministeriais são concedidos ao seu ministério, e não à academia, conforme
ressalta o apóstolo:
E ele mesmo deu uns
para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros
para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à
unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da
estatura completa de Cristo. (Ef 4.11-13)
A Igreja de Cristo, pois,
acha-se devidamente aparelhada, pelo Espírito de Deus, para ensinar a
verdadeira doutrina e produzir a melhor teologia. Ela precisa de seus
acadêmicos, mas estes não devem prescindir da comunhão dos santos. Além do
mais, a teologia que produzimos só terá algum valor diante de Deus se
frutificar na salvação de almas, na edificação da Igreja e no fortalecimento da
voz profética da Bíblia Sagrada.
C
|
onclusão
Sendo a Igreja de Cristo a coluna e o baluarte da verdade, não haverá de
imiscuir-se com o poder secular, pois o seu Reino é eterno. Isso não significa,
porém, que devemos ignorar o mundo, porquanto nele vivemos Todavia, jamais nos
conformaremos com o seu sistema. Nossa missão é transformá-lo pela proclamação
do evangelho de Cristo. Quanto mais falarmos de Cristo à nossa geração, mais
faremos ouvir a voz de Deus.
Por meio da proclamação evangélica, mostraremos a todos
que Jesus Cristo é a única esperança para a nossa geração. Evangelizar é a
missão mais importante da Igreja.
Livro - O Desafio da Evangelização - Andrade de Claudionor
2016
NOTAS :
Quando se realiza a união entre Jesus Cristo e o
pecador, estabelece-se naturalmente uma relação de fraternidade entre aqueles
que estão em comunhão com Cristo. Uma reunião de crentes é, portanto, um
produto da obra redentora do nosso Salvador, é a sociedade de todos aqueles que
estão em direta relação com Ele próprio. Esta sociedade é designada de várias
maneiras no N.T. – mas o seu mais importante título, o mais característico na
presente idade, é o de ‘igreja’. ocorre para cima de cem vezes no N.T. A
palavra grega que está traduzida por igreja (ecclesia), significa uma
assembléia ou congregação, e por este termo se acha vertida na Bíblia de
Lutero.
Quando começou a igreja? Geralmente se fala do dia
de Pentecoste como sendo o do nascimento da igreja, porque foi então que, pela
primeira vez, constituíram os crentes um corpo espiritual pela presença íntima
do Espírito Santo. Mas em certo sentido começou realmente a igreja cristã
quando dois dos discípulos de João Batista, ouvindo falar o seu mestre do
Cordeiro de Deus, se uniram a Jesus (Jo 1.37). E já antes havia a igreja
judaica ou congregação, por todo o tempo do Antigo Testamento. o termo ‘igreja’
acha-se, pela primeira vez nos lábios do Salvador, em Mt 16.18, e logo depois
em Mt 18.17 – e são estas as únicas ocasiões em que se menciona a palavra nos
Evangelhos. E isso mostra que foi intenção de Jesus fundar uma sociedade de
caráter permanente
5. O campo de operação da Igreja passou a ser o mundo
todo, uma vez que os gentios representam todas as nações não-judaicas. A visão
da Igreja tornou-se mundial em suas dimensões e não mais aquela estreita visão
de âmbito nacional, intrínseca dos judeus.
A Missão da Igreja no
mundo está claramente definida na Palavra de Deus. Nunca foi intenção de Deus
que fosse ela um clube social, para apenas entreter os homens, e nem tão pouco
uma organização apenas humanitária, por muito louvável que isso fosse. Nem tão
pouco foi a Igreja estabelecida para fins comerciais, como se vê nas igrejas
católicas onde se vendem indulgências por preços elevados, visando a obtenção
dos privilégios do ditoso porvir.Afirmamos que a missão da igreja é: ser uma luz brilhante nas trevas (Mt 5.14-16; Fl 2.15,16); um sal preservante (Mt 5.13) contra as influências deletérias da sociedade; um meio evangelizante, proclamando a um mundo perdido a mensagem salvadora de Cristo (Mc 16.15-20); um apoio da verdade, cada membro procurando edificar o outro. (Ef 4.16); cada cristão deve ser um exemplo de fé (I Pe 2.9) e embaixador do reino dos céus entre um povo contrário a Cristo (II Co 5.20; Ft 3.20), sendo que a "nossa cidadania está no céu."
. É o propósito de Deus durante a presente dispensação extender a todo o mundo o convite para participar de Sua graça, como havia feito aos judeus durante o tempo da Lei. Esse convite é feito através do Mediador da Nova Aliança, que é Jesus, como Moisés o foi da Velha Aliança, tendo como propósito "chamar um povo para fora" do mundo, como indica o nome "eclesia". Os judeus foram chamados do Egito (Os 11.1) e a Igreja é chamada para fora do mundo. At 15.14. Israel como nação, foi o instrumento da expressão da obra de Deus no Antigo Testamento; de igual modo Ele opera na Igreja nos dias atuais.
N. Lawrence Olson
Jesus projetou, claramente, a existência duma
sociedade de seus seguidores que daria aos homens seu Evangelho e ministraria à
humanidade no seu Espírito, e que trabalharia pelo aumento do reino de Deus
como ele o fez. Ele não modelou nenhuma organização e nenhum plano de governo
para essa sociedade... Ele fez algo mais grandioso que lhe dar organização —
ele lhe concedeu vida. Jesus formou essa sociedade de seus seguidores
chamando-os a unirem-se a ele, comunicando-lhes, durante o tempo em que esteve
no mundo, tanto quanto fosse possível, de sua própria vida, de seu Espírito e
de seu propósito. Ele prometeu continuar até ao fim do mundo concedendo sua
vida à sua sociedade, à sua igreja. Podemos dizer que seu dom à igreja foi ele
mesmo. — Robert Hastings Nichols.
4. Sustentar uma norma de conduta moral.
A igreja é "a luz do mundo", que afasta a ignorância moral; é o "sal da terra", que a preserva da corrupção moral. A igreja deve ensinar aos homens como viver bem, e a maneira de se preparar para a morte. Deve proclamar o plano de Deus para regulamentar todas as esferas da vida e sua atividade. Contra as tendências para a corrupção da sociedade, deve ela levantar a sua voz de admoestação.
Em todos os pontos de perigo deve colocar uma luz como sinal de perigo.
(a) Irmãos. A igreja é uma fraternidade ou comunhão espiritual, no qual foram abolidas todas as divisões que separam a humanidade.
- "não há grego nem judeu": a mais profunda de todas as divisões baseadas na história religiosa é vencida;
- "não há grego nem bárbaro". a mais profunda de todas as divisões culturais é vencida;
- "não há servo ou livre". a mais profunda de todas as divisões sociais e econômicas é vencida;
- "não há macho nem fêmea". a mais profunda de todas as divisões humanas é vencida. (Vide Col. 3:11; Gál. 3:28.)
( CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA)
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