|
O Espírito da Graça
Romanos 8.1-13
Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que
não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito da
vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto, o que
era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o
seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na
carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a
carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se
para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do
Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é
vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é
sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na
carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no
Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele. E, se Cristo está em vós, o corpo, na
verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da
justiça. E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em
vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo
mortal, pelo seu Espírito que em vós habita. De maneira que, irmãos, somos
devedores, não à carne para viver segundo a carne, porque, se viverdes segundo
a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo,
vivereis.
O Elo que
Faltava “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus" (8.1). Anders Nygren , antigo expositor bíblico sueco , destaca que
no capítulo 8 de Romanos, Paulo traz a última conclusão de seu tema que havia
começado nos capítulos anteriores. Ele mostra agora que o cristão, justificado
pela fé, viverá. A vida cristã é descrita não apenas com o sendo livre da ira,
do pecado e da lei, mas também como sendo livre da morte. Nygren destaca que é
importante ter esse paralelo em mente para que se tenha uma correta compreensão
do pensamento do apóstolo no capítulo 8 e o que ele havia falado nos capítulos
anteriores. Nygren comenta: “O paralelo pode ser visto como relativamente
casual, mas serve com o indicação de sua conclusão da segunda parte da
epístola. O paralelo está presente definitivamente no início. Em cada um desses
quatro capítulos o assunto é a liberdade do cristão tratada de uma maneira
especial, tendo com o referência uma fonte particular de destruição. Em cada
caso, Paulo assinala algum a coisa especial através da qual a liberdade é
efetuada.
1. O cristão é livre da ira. Esse fato, Paulo fundamenta no amor
de Deus em Cristo Jesus (cap. 5).
2. O cristão é livre do pecado. Aqui Paulo se refere ao batismo,
através do qual nós fomos incorporados ao “ corpo de Cristo ” , e que o “corpo
do pecado ” pode ser destruído (cap. 6).
3. O cristão é livre da lei. Aqui Paulo se refere à morte de
Cristo. No ‘corpo de Cristo ’ nós morremos para a lei (cap.7).
4. O cristão é livre da morte. Aqui Paulo se refere ao Espírito,
pneumcr, o Espírito de Cristo é o poder que faz viver (cap. 8 )” .
Concluindo ,
diz Nygren : “Esse paralelo não é acidental. E evidente que esses quatro
capítulos abordam a mesma discussão ” .
Anders Nygren acertou em estabelecer essa
conexão, todavia parece bastante óbvio que o capítulo 8 de Romanos chega como o
ápice de tudo que foi dito a partir do capítulo 1. Os cristãos romanos que
leram essa carta, sem sombra de dúvida, lembraram -se do que Paulo havia dito
nos capítulos anteriores, em especial naquilo que o apóstolo escrevera na
segunda parte do capítulo 7.
“Portanto,
agora... ” (8.1). Os expositores bíblicos chamam a atenção para a partícula
“agora” que aparece no início desse capítulo. Ela é carregada de significado,
pois serve para contrastar o que foi dito anteriormente com o que será a partir
desse ponto. Como já ficou demonstrado anteriormente, o que Paulo dirá de agora
para frente tem relação, em primeiro plano , com a exposição do capítulo 7 e em
um segundo plano com tudo o que foi escrito entre os capítulos 7 e 8.2
"... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus” (8.1). O
capítulo 7 deixou o homem em um dilema — sabe que deve fazer o bem , mas acaba
por praticar o mal. O homem em Adão é um ser aprisionado , não tem como se auto
libertar. Aí vem o grito por socorro : Quem o poderá libertar dessa prisão ?
Paulo responde que Cristo Jesus é o libertador porque nEle não existe mais
prisão alguma. Esse sentido do texto foi bem captado pelo teólogo luterano E .
H . Gifford em seu comentário da Carta aos Romanos. Gifford , comentando in
loco, diz que “estar em Cristo ” não significa nos escritos de Paulo “ ser
dependente de Cristo ” (uso clássico com um ), não meramente (com o Fritzsch
tenta provar) ser seu seguidor ou discípulo , como os pitagóricos ou platônicos
eram seguidores de seu mestre. Implica viver em união com Cristo como Ele mesmo
fez saber: “ ... porque eu vivo, e vós vivereis. [...] estou em meu Pai, e vós,
em mim , e eu , nele” (Jo14.19,20 ; Jo 15.4-7). Essa união com Cristo é
frequentemente descrita por Joã o como “ estar nele ” (1 Jo 2.5 ,6 ,24 ,28 ; 3
Jo 24 ; 5.20 )” .
3 Aquele,
portanto, que está em Cristo e Cristo está nele não se encontra mais debaixo do
jugo. Não há mais nenhuma condenação (gr. katakrima) para ele. A condenação, o
jugo, a prisão é desfeita na vida daquele que foi justificado pela fé. A graça
o alcançou trazendo liberdade e vida.
“Porque a lei do
Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”
(8.2). Aqui está a chave da libertação para a nova vida em Cristo — a lei do
Espírito de vida. E essa lei que liberta da lei do pecado e da morte. A lei do
pecado imperou impiedosamente sobre todos os homens. Todos ficaram debaixo do
seu jugo. Mesmo aqueles que passaram a se reger pela lei mosaica também não
ficaram livres dessa condenação . Pelo contrário , a lei do Sinai serviu de
espelho para revelar quão mal era a natureza adâmica. Estimulada pela proibição
do mandamento , ela despertou todo tipo de cobiça. Empurrou o devoto para um beco
sem saída. C. S. Keener destaca que “uma vida governada pela carne é um a vida
dependente do esforço e recursos humanos finitos, uma vida egoísta, diferente
de uma vida governada pelo Espírito de Deus” .4
O apóstolo mostra agora que Deus na sua m isericórdia
e graça proveu libertação através de outra lei, essa superior e muito mais
poderosa — a lei do Espírito de vida. Esse Espírito, evidentemente, é o
Espírito Santo, enviado por Jesus para habitar dentro dos crentes. Agora o
cristão não se rege mais por uma lei externa, mas por uma lei interior. O velho
homem foi destronado pela cruz e em seu lugar o novo homem assumiu seu posto.
“Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andam os segundo a
carne, mas segundo o Espírito ” (R m 8.4). As exigências externas da lei agora
podem ser cumpridas pelo cristão porque o Espírito de Cristo habita nele e
dá-lhe condições de viver as exigências de Deus.
“Porque os que são
segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o
Espírito,para as coisas do Espírito” (8.5). A declaração de Paulo se estende até o versículo 12
e 13. Ele havia dito que o preceito da lei se cumpre nos cristãos que agora não
estão mais na carne, mas no Espírito (v. 4). O sentido desse versículo , com o
os expositores têm observado , é muito amplo. Em princípio , Paulo está se
referindo às duas esferas nas quais o cristão pode se mover — a esfera de Adão
e a esfera de Cristo. Todavia, o apóstolo não nega aqui, como quer Keener, que
essa luta envolva duas naturezas.5 O conflito é, portanto , entre o velho homem
, criado em Adão , e o novo homem , criado em Cristo. Essa “inclinação da
carne” empurra o homem para o pecado, enquanto a “inclinação do Espírito ” para
um viver vitorioso. “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do
Espírito é vida e paz ” (v. 6).
“De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para
viver segundo a carne” (8.12).
Aqui o apóstolo parte do
princípio de que o homem Adão é um homem devedor. Ele é devedor à carne, usa
herança pecaminosa. Possuía uma conta a pagar e não tinha como. Todavia, o
homem em Cristo agora é um homem livre. Ele não tem mais contas a pagar porque
Jesus já pagou em seu lugar. Essa verdade é afirmada pelo apóstolo em outra
carta que escreveu: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas
ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de
nós, cravando -a na cru z” (C l 2.14). O contexto cultural desse versículo era
de alguém que devia uma conta e que não podia pagar. O credor anotava então a
dívida em um documento , juntamente com o
nome do devedor, e pregava nos principais pontos da cidade. Todos que
circulavam pela cidade ficavam sabendo daquela dívida. O devedor era exposto de
forma vergonhosa e vexatória perante a opinião pública. Paulo afirma aqui que
essa dívida, criada pelo pecado de Adão e por nossos pecados pessoais, agora é
paga no momento em que nos entregamos ao senhorio de Jesus Cristo . Outro fato
é que a palavra grega traduzida como “riscado ” no texto original significa
“apagado ” . Jesus não apenas riscou a nossa dívida, de modo que alguém que
fosse passando podia lê -la , mas ele apagou totalmente de forma que não ficou
mais nenhum vestígio .6
“porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se
pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” (8.13). Vimos, pois, que a escolha de
andarem uma das esferas é do cristão . Andar na carne (kata sarkd) ou andar no
Espírito (kata pneumà) é uma escolha que cada um deve fazer. Aqueles que
escolhem andar no Espírito contam com a ajuda do Espírito para mortificar os
feitos do corpo . A santificação é instrumentalizada pela ação do Espírito
Santo.7 Essa verdade é destacada por Paulo em outras epístolas (E f 4.2 2 -24 ;
G1 5.16,17; Cl 3.5).
Romanos 8.14-17 Porque
todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em
temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,
Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo; se e certo que com ele padecemos, para que também com
ele sejamos glorificados.
“Porque
todos os que são guiados pelo 'Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”
8.14). Aprecio muito o comentário que A . W. Tozer fez sobre a pessoa e obra do
Espírito Santo. Tozer destaca que o Espírito Santo é, sobretudo, uma chama
moral. Ele é a própria santidade, a soma e a essência de tudo o que é
indescritivelmente puro. Tozer destaca que nenhuma alegria é válida, nenhum
deleite é legítimo quando se permite que o pecado exista na vida ou na conduta.
Acertadamente, ele diz que o ideal verdadeiro do cristão não é ser feliz, mas
ser santo. E m segundo lugar, o Espírito é uma chama espiritual. Aqui Tozer
destaca que o Espírito nos conduz a uma adoração verdadeira. O Espírito é
também uma chama intelectual. O Espírito usa nosso intelecto para o serviço de
Deus de forma que não há incompatibilidade alguma entre a mente e o Espírito .
O Espírito é descrito com o sendo chama volitiva. Ele opera na nossa vontade.
Todavia, como destaca Tozer, é necessário que haja algum tipo de entrega total
da vontade a Cristo antes que qualquer obra da graça possa ser realizada.
Por
último, Tozer observa que o Espírito que habita em nós produz uma chama
emotiva. Somos razão e emoção. Tozer completa: “Um dos maiores flagelos que o
pecado trouxe sobre nós é a depravação de nossas emoções normais. Rimos de
coisas que não são divertidas, encontramos prazer em atos que estão abaixo da
dignidade humana e nos alegramos em coisas que não deveriam ter lugar em nossas
emoções” .8
O apóstolo
destacou que o Espírito guia o cristão. “Guiar” traduz o verbo grego ago, que
tem o sentido de “conduzir” , “orientar” . O tempo presente, modo indicativo e
voz passiva usados aqui mantêm o sentido no original de “aquele se que deixa
guiar continuamente pelo Espírito ” . O Espírito, portanto, conduz o cristão.
Ele nos guia pela Palavra de Deus (Ef 6.17; Mt 4.4); Ele nos guia pelo
testemunho interior (R m 8.16); Ele nos guia pelo bom-senso (1 Ts 4 .9 ); Ele
nos guia por sábios conselhos (At 21.17 -26 ); Ele nos guia pelos dons
espirituais (At 21 .10,11 ); Ele nos guia por sonhos (At 2.17); Ele nos guia
por visões (At 16.9; 18.9,10).
8.18-30 Porque
para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para
comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Porque a ardente
expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a
criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a
sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da
servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque
sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.
E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também
gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.
Porque, em esperança, somos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança;
porque o que alguém vê, como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com
paciência o esperamos. E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas
fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os
corações sabe qual é a intenção do Espírito, e é ele que segundo Deus intercede
pelos santos. E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os
que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou;
e aos que justificou, a esses também glorificou.
Synantilam banetai — o Espírito do
outro Lado
“Porque para mim tenho p or certo que as aflições deste
tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (8.18). Essa seção que começa em
8.18 de Romanos e termina em 8.30, uma das mais belas e apreciadas dessa carta,
é uma referência à demonstração do grande amor de Deus pelos seus filhos. Os
comentaristas chamam de seção dos três gemidos. O gemido da criação ; o gemido do
cristão ; e o gemido do Espírito. A criação geme por conta do desequilíbrio que
o pecado trouxe; o cristão geme por habitar em um corpo corruptível; e o
Espírito geme por conta das limitações as quais o crente está subordinado. A
propósito, o gramático de grego bíblico Roberto Hanna comenta que em Romanos 8
.26 ,27 “o verbo composto synantilambanetai o significado é obvio. O Espírito
Santo agarra nossas debilidades juntamente conosco (syri) e leva sua parte da
carga na nossa frente (aníi), com o se dois homens estivessem levando um
tronco, um em cada extremo ” .9
“E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por
seu decreto” (8.28). A . T. R obertson d estaca que é D eu s q u em faz co m
que “to das as co isas co o p erem ” em n o ssas v id as p ara o b em , o b em
ú ltim o . R o b ertso n d e stac a ain d a q u e “P aulo aceita co m p letam
en te a livre agên cia do h o m em , m as p o r trás de tud o e através de tudo
subjaz a so b eran ia de D eu s aq u i e em sua face de g ra ça (9.11; 3.11, 2
T m 1.9)” .10
A Liberdade dos Eleitos
‘Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para
serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos” (8.29). A maioria dos autores comentando Romanos 8 .29 ,30 usa os
termos predestinação e eleição de forma intercambiável.11 Dessa forma, o
prolífico escritor Hernandes Dias Lopes usa a expressão “eleição incondicional”
, situando-a dentro do contexto de Romanos 8.30. Todavia, a palavra “eleição”,
que traduz o grego eklogé, só aparecerá de fato pela primeira vez em Romanos
9.11. Lopes diz in loco que “a eleição é incondicional” .12 O que Lopes quis
dizer não ficou claro. Todavia, se entendermos “incondicional” como um termo
cunhado pela tradição determinista, então ele significa que Deus elegeu alguns
incondicionalmente para a vida eterna enquanto destinou outros incondicionalmente
para o tormento eterno . Mas isso seria um uso indevido do termo grego , já que
em Romanos 9.11 (cap. 11.5,7,28 onde aparece o mesmo termo) essa
incondicionalidade é usada em relação a povos, e não a indivíduos. Por outro
lado, em Romanos 8.29,30 aparece o termo “predestinação ” (gr. proori^p), que a
exemplo àceklogé também possui um sentido corporativo e condicionante.13 O
expositor bíblico Joseph A . Fitzmyer, quando comenta Romanos 8.29,30, diz:
“Esta expressão não deve ficar restrita somente aos cristãos predestinados. A
aplicação dela à predestinação individual vem de Agostinho. A concepção de
Paulo é, antes, coletiva, e a expressão é um complemento a ‘d aqueles que o amam
’, i.e., os cristãos que responderam a um chamado divino (cf. Rm 1.6; 1 Co 1 .2
)” .14 Em outras palavras, a eleição é em C risto e está co n d icio n ad a à
resposta que as pessoas dão ao seu chamado. Mesmo em contextos onde a
predestinação está em evidência, A . T. R obertson destaca o papel exercido pela
livre-escolha. Comentando Atos 13.48, Robertson diz que “não há evidência de
que Lucas tivesse em mente um absolutum decretum (Decreto Absoluto ) de
salvação pessoal. Paulo havia mostrado que o plano de Deus se estendia a /e
incluía os gentios. Certamente o Espírito de Deus se move sobre o coração
humano , ação a que alguns respondem , como aqui, enquanto outros a rejeitam ”
.15
O
historiador da igreja, Roger Olson , faz uma ilustração da salvação no contexto
da eleição divina, conforme defendida pelos pelagianos, calvinistas e
arminianos. Olson nos convida a imaginar um poço fundo com lado síngremes e
escorregadios. Dentro desse poço encontram -se várias pessoas fracas e feridas,
completamente incapacitadas de sair de dentro do poço.
1. Semipelagianismo — afirma que Deus se aproxima e que
joga uma corda para o fundo do poço e espera que a pessoa comece a puxar a
corda. Quando a pessoa assim o faz, Deus responde gritando : “ Segure bem firme
na corda e a amarre em seu corpo . Juntos, nós o tirarem os daí” . Olson
destaca que o problema aqui é que a pessoa está demasiadamente machucada para
fazer isso , a corda é fraca demais e Deus é bom demais para esperar que a
pessoa inicie o processo.
2. Monergismo — afirma que Deus se aproxima, lança
a corda para dentro do poço e que desce até o fundo do poço, enrola a corda em
algumas pessoas e então sai do poço e puxa aquelas pessoas para a segurança sem
nenhuma cooperação . Olson destaca que o problema aqui é que o Deus de Jesus Cristo
é bom e amável demais para resgatar apenas algum as pessoas impotentes e deixar
outras lá.
3. Sinergismo evangélico — afirma que Deu s se aproxima,
lança uma corda e grita: “Segurem na corda e puxem e juntos nós irem os tirar
vocês daí” . Ninguém se mexe. Eles estão severamente feridos. Na verdade, para
todos os propósitos práticos, eles estão “ mortos” , pois estão completamente
incapazes. Então Deus derrama água no poço e grita: “ Relaxem e deixem que a
água os faça boiar até que saiam do poço !” Em outras palavras, “Boiem ” . Tudo
o que a pessoa no poço precisa fazer p ara ser resgatada é deixar que a água o
faça subir e sair do poço. A ação exige uma decisão, mas não um esforço. A
água, é claro, é a graça preveniente.16
Muito embora
Olson reconheça a imperfeição dessa ilustração , ela parece se ajustar melhor
ao contexto bíblico da eleição e da predestinação. Comentando Romanos 8.30, na
sua exaustiva obra de 801 páginas, a qual defende a eleição condicional do
crente, o expositor bíblico Daniel D. Corner observa que a afirmação de que a
eleição é incondicional “ignora os exemplos reais encontrados na Escritura
daqueles que uma vez foram verdadeiramente justificados, em seguida, depois se
afastaram de Deus (Lc 8.13; 1 Tm 1.19; 2 Tm 2 .1 8 ;C1 1.22,23 )” .17
Voltaremos a esse assunto quando no capítulo 8 comentarmos a seção de Romanos
9— 11.
O teólogo
pentecostal Van Johnson destaca que “o ponto principal destes versículos é dar
a segurança do futuro eterno do crente com base na soberania de Deus. O que ele
propôs o correrá. Para esse fim , Paulo apresenta a ideia que desde o começo
era plano de Deus salvar os homens. Para que não haja o pensamento de que
circunstâncias na terra frustrem o plano de Deus, o apóstolo mostra que Deus
terminou este curso de ação antes que tivéssemos a oportunidade de responder”
.18 Johnson destaca que a “necessidade da resposta humana é dada n o versículo
28 — “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”
.
Romanos 8.31-39 Que
diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele
que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como
nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os
escolhidos de Deus? E Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo
Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à
direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de
Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o
perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte
todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas
coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou
certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem
alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor!
Quem Será Contra Nós?
“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é
por nós, quem será contra nós?” (8.31). Essa seção é o fechamento de tudo
aquilo que o apóstolo falara até agora. A obra The Pulpit Commentary, um dos melhores
comentários de natureza homilética já publicado , traz um esboço sobre essa
porção das Escrituras .19 Dividido em três pontos, temos primeiramente O Solilóquio
do Crente. Aqui o apóstolo , como se estivesse dialogando com sua própria alma,
faz uma retrospectiva de toda a sua argumentação anterior. Do capítulo 1 ao 5,
Deus é por nós. Ele nos justificou pela fé. Do capitulo 6 ao 8, Deus está em
nós. A qui acontece a santificação por intermédio do Espírito de Cristo. Em
segundo lugar, temos o Desafio do Crente. A q u i ele tem a b ase p ara d efen
d er o seu direito à salvação, com o resultado da justificação pela fé. A
justificação é um ato de Deus. A base dessa justificação é a morte de Cristo e
a garantia dessa justificação é a ressurreição d e Jesus. Isso garante ao
cristão vitória sobre seus inimigos. Por último , o crente está persuadido
naquilo em que creu. Nada é capaz de demovê-lo dessa convicção. A morte não
pode; as coisas desta vida também não ; anjos, principados, potestades não
podem separá-lo desse poder supremo . As coisas do presente , que apelam para
os sentidos, também se revelam incapazes de demovê-lo desse projeto divino. E o
que dizer das coisas futuras ou alguma outra criatura? Também não podem
separá-lo do amor de Deus que está em Cristo Jesus.
A Ele toda honra e toda glória. Amém !
( Maravilhosa Graça)
A Nova Vida em Cristo
– Hernandes D Lopes
(Rm 8.1-17)
No capítulo 7, Paulo
desceu às regiões mais baixas do desespero humano, quando chegou a uma dolorosa
constatação e fez uma desesperadora pergunta: “Desventurado homem que sou! Quem
me livrará do corpo desta morte?” (7.24). No capítulo 8, Paulo sobe às regiões
mais altas da exultação e responde com confiança: “Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (8.1).
O capítulo 7 menciona o Espírito Santo apenas uma vez, e isso
indiretamente (7.6); no capítulo 8, o Espírito aparece dezessete vezes e está
no centro das atenções do apóstolo. No capítulo 7, o eu está no centro e o
resultado é morte; no capítulo 8, o Espírito Santo está no centro e o resultado
é vida. Isso levou A. Skevington Wood a chamar esta seção de “o pentecostes de
Romanos”.
Para John Stott, o
contraste essencial que Paulo apresenta aqui é entre a fragilidade da lei e o
poder do Espírito Santo. Não haveria discipulado cristão sem o Espírito, uma
vez que ele é quem nos vivifica, anima, sustenta, orienta e enriquece.
Duas verdades básicas são mencionadas no texto em apreço: a
atividade salvadora de Deus por nós e o multiforme ministério do Espírito Santo
em nós.
Consideraremos a seguir esses dois pontos.
A atividade salvadora
de Deus por nós (8.1-4)
O homem não pode salvar a si mesmo. Seus predicados morais
não podem recomendá-lo a Deus. A lei, embora espiritual, santa, justa e boa,
não pode justificá-lo nem salvá-lo. Ao contrário, ela apenas realça seu pecado
para condená-lo. Na verdade, o propósito da lei não é tirar o nosso pecado, mas
convencer-nos dele. O papel da lei não é ser nosso salvador, mas ser nosso
pedagogo para nos conduzir ao Salvador. Veremos agora como Deus fez o que a lei
não podia fazer. Destacaremos quatro pontos importantes:
Em primeiro lugar, o fato glorioso (8.1). Justificados por
Deus por intermédio de Cristo, estamos livres da condenação. A justificação é
um ato legal e forense de Deus a nosso respeito. Porque estamos livres do casamento
com a lei (7.1-4), já que morremos e ressuscitamos com Cristo, a penalidade da
lei foi cumprida, a justiça foi satisfeita e agora não pesa mais sobre nós
nenhuma culpa.
A condenação do pecado que deveria ter caído sobre nós caiu
sobre Cristo, que morreu em nosso lugar e em nosso favor. Agora, pois, estamos
quites com a lei e com a justiça divina diante do seu justo tribunal. Ninguém
nos pode acusar porque é Deus quem nos justifica (8.33). Ninguém nos pode
condenar, pois Cristo morreu, ressuscitou, está à destra de Deus e intercede
por nós (8.34). O resultado disso é nenhuma condenação.
William Greathouse diz que “condenação” aqui é mais que uma
absolvição judicial. John Murray aponta que “nenhuma condenação” se refere à
libertação não apenas da culpa, mas também do poder escravizante do pecado.676
De acordo com F. F. Bruce, a palavra grega katakrima,“condenação”, não
significa provavelmente condenação, mas a punição que se segue à sentença.
Assim, não há razão para nós, que estamos em Cristo, continuarmos fazendo
trabalhos forçados penais, como se nunca tivéssemos sido perdoados e libertados
da prisão do pecado.677
Digno de nota é o fato de que somos justificados não pelas
obras da lei, mas pela obra de Deus em Cristo. Não são as nossas obras que nos
salvam, mas a obra de Cristo na cruz por nós. Desde que a lei foi cumprida e a
justiça satisfeita, Deus nos declara inocentes, inculpáveis e salvos. Embora a
santificação esteja presente em todo o capítulo 8 de Romanos, seu ponto
nevrálgico é a garantia da salvação. Paulo começa com “nenhuma condenação”
(8.1) e termina com “nenhuma separação” (8.39), em ambos os casos referindo-se
àqueles que “estão em Cristo Jesus”.678
Em segundo lugar, a explicação perfeita (8.2). Na antiga
ordem estávamos sujeitos à lei do pecado e da morte, e nesse tempo o fruto que
colhíamos era a escravidão; mas agora estamos debaixo da lei do Espírito da
vida e o resultado é a libertação. Se a ênfase do versículo 1 era nenhuma condenação,
a ênfase do versículo 2 é nenhuma escravidão.Conforme F. F. Bruce, a velha
escravidão da lei foi abolida; o Espírito introduz os crentes numa nova relação
como filhos de Deus, nascidos livres.679
A vida no Espírito não é uma obediência exterior a um código
produtor de morte, mas também não é um misticismo disforme sem relação com a
vontade revelada de Deus.680 De que fomos libertados? Da lei do pecado e da
morte. Como fomos libertados? Pela lei do Espírito de vida. O Espírito é o
doador da vida física e espiritual. E ele quem nos vivifica, nos regenera e nos
dá o novo nascimento. E ele quem nos comunica a vida de Deus e esculpe em nós o
caráter de Cristo. John Murray diz que a “lei do Espírito de vida” é o poder do
Espírito Santo agindo em nós para nos tornar livres do poder do pecado, que
conduz à morte.681
Em terceiro lugar, a causa divina (8.3). Quatro pontos
merecem destaque:
a. A impossibilidade
da lei (8.3a). A lei estava impossibilitada de nos salvar porque estava
enferma por causa da carne. A lei não podia justificar-nos nem nos santificar.
Geoffrey Wilson diz que a lei podia condenar o pecador, mas não podia anular o
domínio do pecado.682 Não é que a lei era fraca, nós é que éramos fracos. Como
disse Stott, “a impotência da lei não é intrínseca; não reside nela mesma, mas
em nós, em nossa natureza caída”.683 Não podíamos atender as demandas da lei,
pois ela exigia de nós a perfeição, mas não nos dava poder para fazer o que era
certo nem evitar o que era errado.
b. A intervenção
divina (8.3b). O que a lei não podia fazer, Deus fez. Ele enviou ao mundo o
seu próprio Filho. Nossa salvação é um projeto eterno de Deus, o Pai, realizada
pelo Deus, o Filho, e aplicada pelo Deus, Espírito Santo. Deus nos justifica
por meio do seu Filho e nos santifica pelo seu Espírito. O plano da salvação é
essencialmente trinitário, pois o meio da justificação proporcionado por Deus
não é a lei, mas a graça, e seu meio de santificação não é a lei, mas o
Espírito.684 Vale ressaltar que não foi a cruz que tornou o coração de Deus
favorável ao homem, mas foi o amor eterno de Deus que providenciou a cruz.
c. A encarnação de
Cristo (8.3c). Cristo entrou no mundo “em semelhança de carne pecaminosa e
no tocante ao pecado...” Paulo escolheu cuidadosamente as palavras aqui, sob a
assistência do Espírito Santo. Se apenas tivesse dito que “Deus enviou o seu
Filho em semelhança de carne”, estaríamos caindo na heresia do docetismo, que
defendia a tese de que a encarnação de Cristo era apenas aparente, e não real.
Se Paulo apenas tivesse dito que “Deus enviou o seu Filho em carne pecaminosa”,
estaríamos subscrevendo a heresia do gnosticismo, que afirmava que Jesus não
podia ser Deus nem perfeito, uma vez que a matéria é essencialmente má. O que
Paulo está dizendo é que a encarnação de Cristo é real. Cristo se fez carne,
mas não se tornou pecador. Assumiu a nossa carne, mas não a nossa natureza
pecadora.685 Geoffrey Wilson lança luz sobre o assunto: “A encarnação pôs o
Filho na mais estreita das ligações possíveis com nossa condição pecaminosa,
sem se contaminar com o pecado. E o sentido aqui é que, quando o Filho
participou da nossa condição, ele venceu o pecado na carne, isto é, no campo
mesmo onde o pecado tomara” 686 posse .
d. A condenação do
pecado (8.3d). A conclusão de Paulo desbanca todas as vãs pretensões dos
hereges: “... e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado”. O verbo grego
katekrinen refere-se tanto ao pronunciamento da decisãoquanto à execução da
sentença.687 Deus lançou nossos pecados sobre Cristo na cruz (Is 53.6). Cristo
carregou em seu corpo, sobre o madeiro, nossos pecados (lPe 2.24). Ele foi
feito pecado por nós (2Co 5.21). Nesse momento, então, Deus condenou na carne
do seu Filho o nosso pecado. John Stott diz corretamente que Deus julgou os
nossos pecados na humanidade sem pecado de seu Filho, que os carregou em nosso
lugar.688 Nessa mesma linha, F. F. Bruce diz que, em sua natureza humana, foi
dada e executada a sentença sobre o pecado. Portanto, para os que estão unidos
a Cristo, o poder do pecado foi destruído.689 O pecado, a partir de então, foi
destituído do seu poder autocrático. O pecado tornou-se um poder derrotado, um
tirano destronado.690
Em quarto lugar,
o objetivo prático (8.4). Quando Cristo morreu, morremos com ele. Quando
cumpriu a lei, cumprimos a lei nele. Assim, a lei não foi ab-rogada, mas
cumprida. Porque estávamos em Cristo, os preceitos da lei se cumpriram em nós;
porque estamos no Espírito e não mais na carne, andamos no Espírito, numa nova
dimensão espiritual.
Concordo com John Stott quando diz que o versículo 4 é de
grande valia para compreendermos a santidade cristã, e isso por três razões:
a. A santidade é o propósito supremo da encarnaçãoe da
expiação de Cristo. O propósito de Deus não era apenas justificar-nos,
livrando-nos da condenação da lei, mas também santificar-nos por meio da obediência
aos mandamentos da lei.
b. A santidade consiste em cumprir ajusta exigência da
lei.A lei moral não foi abolida para nós; ela deve ser cumprida em nós. Embora
a obediência à lei não seja a base da nossa justificação, é fruto da nossa
justificação, e é exatamente isso o que significa santificação. Estamos livres
de guardar a lei enquanto ela constitui um meio para sermos aceitos por Deus,
porém estamos obrigados a guardá-la enquanto ela constitui o caminho para a
santidade.691
c. A santidade é obra
do Espírito Santo. A santidade é fruto da graça trinitária: é o Pai que
envia seu Filho ao mundo e seu Espírito ao nosso coração.692
Concordo com Francis Schaeffer quando ele diz que fomos
salvos para ir ao céu e também para cumprir a lei, coisa que não podíamos fazer
antes. Deus nos salvou para andarmos em novidade de vida (6.4), a fim de
frutificar para Deus (7.4) e cumprir o preceito da lei em nós (8.4).693
O multiforme ministério do Espírito
em nós (8.2-17)
Transborda no texto em tela a ação multiforme do Espírito
Santo. Verdadeiramente, a nossa salvação é obra do Deus triúno. Já vimos como o
Pai enviou o Filho e como o Filho morreu em nosso lugar; agora, porém,
examinaremos a obra do Espírito Santo em nós.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo nos liberta da escravidão
(8.2). A lei do Espírito da vida é que nos livra da lei do pecado e da morte.
Quando dependíamos de nós mesmos para atender às demandas da lei, vivíamos
prisioneiros do pecado e caminhávamos para a morte; mas, agora, uma vez que o
Espírito Santo habita em nós, saímos da masmorra do pecado e fomos libertados
da sua tirania. Somos livres não para desobedecer à lei, mas para cumpri-la.
Só o Espírito Santo pode capacitar-nos a obedecer à lei.
Em segundo lugar, o Espírito Santo nos capacita a obedecer os
preceitos da lei (8.4). Na antiga aliança, tudo vinha de nós, nada de Deus; na
nova aliança, tudo vem de Deus, nada de nós. Outrora a lei mostrava nosso
pecado, mas não nos capacitava a triunfar sobre ele; agora o Espírito, que
habita em nós, nos capacita a vencer o pecado, a obedecer a lei e a nos
deleitar nela.
Em terceiro lugar, o Espírito Santo nos predispõe para a santidade
(8.5-8). O apóstolo Paulo trata nos versículos 5-8 de uma antítese. As duas
forças que operam no homem são a carne e o Espírito, dois modos de vida
conflitantes. Somos governados por um ou por outro. Warren Wiersbe explica que
Paulo não descreve aqui dois tipos de cristão, um carnal e outro espiritual.
Antes, contrasta os que têm a salvação com os que não têm.694 A carne escraviza,
o Espírito Santo liberta; a carne produz tormento, o Espírito Santo, paz; a
carne dá para morte; o pendor do Espírito, para a vida e a paz.
William
Greathouse destaca, porém, que a vida no Espírito não elimina a possibilidade
de pecar, mas nos confere o poder de não pecar.
Geoffrey Wilson corretamente afirma que ter a mente ou a
inclinação da carne é estar naquele estado de morte espiritual que atinge o
ápice na segunda morte, a morte eterna que é o salário do pecado (6.23). Ter a
mente do Espírito, no entanto, é gozar agora os primeiros frutos da vida e
receber no porvir toda a colheita (8.11).696
E preciso deixar claro, entretanto, que, quando Paulo fala
em sarx, “carne”, ele não se refere ao tecido muscular mole e macio que cobre o
nosso esqueleto, nem aos instintos e apetites do nosso corpo, mas ao todo que
compõe a nossa natureza humana, vista como corrupta e irredimida, ou seja,
nossa natureza humana caída e egocêntrica.697 William Greathouse acrescenta que
a carne é mais que sensualidade, é mais que luxúria sexual. E o homem vivendo
no nível terreno e material, separado de qualquer contato com o espiritual.698
Adolf Pohl conclui afirmando corretamente que carne não designa o que é
material, físico e visível. Sobre a realidade visível, inclusive a corporalidade
humana, alimentação, sexualidade, trabalho e cultura, pairava originalmente a
alegria plena do Criador(Gn 1.4,10,12,18,21,25,31).699
Ressaltamos aqui dois pontos:
a. Duas forças antagônicas operam no homem (8.5). Paulo diz
que aqueles que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne, mas os
que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Trata-se de nossas
preocupações, das ambições que nos movem, de como ocupamos nosso tempo,
dinheiro e energias, das coisas às quais nos dedicamos.700 O Espírito inclina
nossa mente para desejá-lo. Essa inclinação é um pendor, um desejo forte que
nos impulsiona e nos arrasta. Os que são dominados pela carne buscam agradar a
carne e praticar suas obras (G1 5.19-21), mas os que se inclinam para o Espírito,
cogitam das coisas do Espírito.
b. Dois resultados opostos são colhidos pelos homens
(8.68). Enquanto o pendor do Espírito produz vida e paz, o pendor da carne dá
para a morte. O pendor da carne é inimizade contra Deus. O pendor da carne não
está nem pode estar sujeito à lei de Deus. Há uma tendência de rebeldia no
pendor da carne e uma incapacidade inerente de obediência nesse pendor. O
resultado óbvio é que os que estão na carne não podem agradar a Deus, porque a
única maneira de agradá-lo é submeter-se e obedecer à sua lei.
O versículo 8 ensina com diáfana clareza a doutrina da
depravaçáo total. Conforme Geoffrey Wilson, este é um termo de extensão, e não
de intensidade. Opõe-se à doutrina da depravaçáo parcial; isto é, à ideia de
que o homem é pecador num momento e inocente ou sem pecado em outro; ou de que
é pecador em alguns atos e puro em outros. A doutrina da depravação total
afirma que ele está todo errado, em todas as coisas e todo o tempo. Não
significa que o homem é tão mau quanto o diabo, nem que é tão mau quanto
qualquer outro, nem que é tão mau quanto poderia ser ou possa tornar-se. Não há
limite, porém, para a universalidade ou extensão do mal em sua alma. Assim
dizem as Escrituras, e assim diz toda alma despertada/01
John Stott resume o assunto em tela:
Vemos aqui duas
categorias de pessoas (os náo regenerados, que estão “na carne”, e os
regenerados, que estão “no Espírito”), as quais têm duas perspectivas ou
disposições de mente (“a inclinação da carne” e “a inclinação do Espírito”),
que levam a dois padrões de comportamento (viver segundo a carne ou de acordo
com o Espírito) e que resultam em dois estados espirituais (morte ou vida,
inimizade ou paz).702
Em quarto lugar, o Espírito Santo habita em nós (8.9). Por
causa da obra de Cristo por nós e da ação do Espírito em nós, fomos feitos
morada de Deus, templos do Espírito Santo. Ele habita em nós. Aquele que nem os
céus dos céus podem conter agora habita em nós, vasos frágeis de barro. Somos a
casa de Deus, o templo da sua habitação. A evidência de que somos de Cristo é a
habitação do Espírito Santo em nós. E o Espírito quem aplica a obra da redenção
em nós. Sem sua presença e ação, nenhum homem pode tornar-se um cristão.
Passamos a pertencer a Cristo quando o Espírito habita e opera em nós.
Em quinto lugar, o Espírito Santo vivijica o nosso
espírito(8.10). Quando o apóstolo Paulo afirma que, se Cristo está em nós, o
corpo na verdade está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida por
causa da justiça, precisamos entender o que ele está realmente dizendo.
Certamente Paulo não alega que o corpo físico já está morto, uma vez que nos
ordenou mortificar os feitos do corpo (8.13). Poderíamos entender essa
expressão como sinônimo de mortal, isto é, sujeito à morte e a ela destinado.
Em outras palavras, o princípio da decomposição, que leva à morte, encontra-se
em cada um de nós. Assim, em meio à nossa mortalidade física, nosso espírito
está vivo, pois fomos vivificados; ganhamos vida em Cristo. Nosso corpo
tornou-se mortal em virtude do pecado de Adão, mas nosso espírito está vivo por
causa da justiça de Cristo.703 Cranfield nessa mesma linha diz que os cristãos
têm ainda de se submeter à morte como o salário do pecado, porque são
pecadores; entretanto, uma vez que Cristo está neles mediante a habitação do Espírito,
eles têm a presença do Espírito como a garantia de que, finalmente, serão
ressuscitados dentre os mortos.704
Paulo diz não apenas que o Espírito habita em nós (8.9), mas
também Cristo está em nós (8.10). Nosso espírito é vivificado, pois nascemos de
novo, do alto, do Espírito, de Deus. O céu não é apenas nosso destino, mas
também nossa origem.
Em sexto lugar, o Espírito Santo dará vida a nosso corpo mortal
(8.11). O mesmo Espírito de Deus que ressuscitou a Jesus dentre os mortos
também habita em nós. Assim como o Pai ressuscitou a Jesus pelo poder do
Espírito, também vivificará o nosso corpo mortal por meio do seu Espírito que
habita em nós. Mais uma vez Paulo faz alusão à trindade: O Pai que ressuscita,
o Filho ressuscitado e o Espírito da ressurreição. E mais: a ressurreição de
Cristo é o penhor e o padrão da nossa ressurreição. O mesmo Espírito que o
ressuscitou haverá de nos ressuscitar. O mesmo Espírito que dá vida a nosso
espírito (8.10), também haverá de dar vida a nosso corpo (8. II).705 Se a
conseqüência do pecado de Adão é nossa morte física, o resultado da justiça de
Cristo é nossa vida espiritual.
O Espírito Santo é a primícia e a garantia da nossa
ressurreição. A morte não é o fim da linha, não tem a última palavra. Não
caminhamos para um ocaso sombrio. Receberemos um corpo incorruptível, imortal,
poderoso, glorioso, espiritual e celestial, semelhante ao corpo da glória de
Cristo. Nosso corpo brilhará como o sol no seu fulgor.
Em sétimo lugar, o Espírito Santo é o nosso credor, somos seus
devedores (8.12). Não temos nenhuma dívida com a carne, o conjunto de desejos,
motivos, afetos, propensões, princípios e propósitos pecaminosos. Não
precisamos fazer sua vontade nem somos constrangidos a viver segundo seus
ditames. Somos devedores ao Espírito Santo. Ele habita em nós e nos capacita a
viver em novidade de vida. E a fonte do poder que nos conduz à santidade. Todo
cristão, portanto, é eternamente devedor ao Espírito Santo, mas nada deve à
carne. Franz Leenhardt diz que o dever do crente não se funda na obrigação
moral; antes, é uma dívida a saldar.706
Em oitavo lugar, o Espírito Santo nos capacita a triunfar sobre
o pecado (8.13). Só há dois estilos de vida: viver segundo a carne ou
mortificar os feitos do corpo pelo Espírito. Os que vivem segundo a carne
caminham para a morte; os que pelo Espírito mortificam os feitos do corpo têm a
garantia da vida. Há aqui um paradoxo: os que vivem morrem e os que morrem
vivem. Os que vivem na carne morrem; os que morrem para o pecado vivem.
Emprestamos as palavras de Stott: “Existe um tipo de vida que leva à morte, e
há um tipo de morte que conduz à vida”.707
Uma pergunta solene precisa ser aqui encarada: O que é
mortificação? Certamente não é masoquismo (alegrar-se no sofrimento autoinfligido)
nem ascetismo (rejeitar e negar as necessidades naturais do corpo), mas
reconhecer o mal como mal e repudiá-lo veementemente. E crucificar a carne com
suas paixões e desejos (G1 5.24).
Se perguntamos “Como a mortificação acontece?”, a resposta
do apóstolo Paulo é clara e incisiva. O
Espírito Santo e só ele pode
capacitar-nos a mortificar os feitos do corpo. Embora sejamos completamente
passivos na justificação e na regeneração, somos participativos na
santificação. Embora o poder para o agir e o efetuar emane do próprio Espírito,
somos convocados a mortificar os feitos do corpo. Jesus ilustrou essa
mortificação: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de
ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo
lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a
de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu
corpo para o inferno” (Mt 5.29,30). John Stott corretamente diz que precisamos
ser inflexíveis em nossa decisão: não olhar; não tocar; não ir controlando
assim a própria aproximação do mal.708
Em nono lugar, o Espírito Santo nos orienta como filhos de Deus
(8.14). Paulo nos ensina duas grandes verdades aqui. A primeira é que a
paternidade de Deus não é universal. Nem todos os seres humanos são filhos de
Deus, uma vez que só aqueles guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
A segunda verdade é que a paternidade de Deus é real e experimental, uma vez
que podemos ter garantia de que, se somos guiados pelo Espírito de Deus,
verdadeiramente somos filhos de Deus.
O Espírito Santo não apenas habita em nós e nos capacita a
triunfar sobre o pecado, mas também nos toma pela mão e nos guia, dirige,
impele pelo caminho da obediência.O Espírito Santo nos constrange e nos compele
a viver como filhos de Deus. Assim, não apenas nos tornamos membros da família
de Deus, mas também agimos como tal. Não apenas somos adotados como filhos de
Deus, somos também orientados a viver como seus filhos. Isso não significa que o
Espírito Santo coage, intimida ou violenta, tirando de nós, nossa liberdade de
escolha. O que ele faz é nos iluminar e nos persuadir, com sua doçura e poder.
O Espírito não nos aponta o caminho que devemos seguir como
um vendedor de mapas; ele nos toma pela mão e nos guia como um beduíno no
deserto que caminha com os viajantes pelos montes alcantilados e pelos vales
profundos, conduzindo-os ao destino desejado.
Em décimo lugar, o Espírito Santo nos dá garantia da
adoção(8.15). Não precisamos viver inseguros e atormentados pelo medo, pois não
recebemos o espírito de escravidão, mas de adoção, baseados no qual, clamamos:
Aba, Pai. A palavra grega huothesia indica uma nova relação familiar com todos
os direitos, privilégios e responsabilidades.709 Warren Wiersbe diz que o termo
adoção significa “ser aceito na família como um filho adulto”.710
Deus escolheu nos amar, nos adotar e nos redimir.
Pertencemos agora à família de Deus. Temos intimidade com Deus. Aba é a palavra
aramaica (no “estado enfático”) usada pelos judeus (e até hoje pelas famílias
que falam o hebraico) como o termo familiar com o qual os filhos se dirigem ao
seu pai.711
De si mesmo, não pode o homem chamar a Deus de Pai, com o
tom de familiaridade e reconhecimento que o termo comporta nos lábios do
crente. As religiões falam frequentemente na paternidade divina, é bem verdade;
mas, ao fazê-lo, estão a celebrar o poder criador, gerador, daquele que é a
fonte da vida, não seu amor ou sua misericórdia.712
Citando Lutero, F. F. Bruce escreve:
Abba, Pai, é uma
palavra tão pequenina, e no entanto abrange todas as coisas. A boca não fala
assim, mas o afeto do coração fala desse modo. Ainda que eu seja oprimido pela
angústia e terror de todo lado, e pareça estar abandonado e ter sido totalmente
expulso da tuapresença, contudo sou teu filho, e tu és meu Pai, por amor de
Cristo: sou amado por causa do Amado. Por conseguinte, esta pequena palavra,
Pai, concebida efetivamente no coração, sobrepuja toda a eloqüência de
Demóstenes, de Cícero, e dos mais eloqüentes retóricos que já houve no mundo.
Esta matéria não se expressa com palavras, mas com gemidos, gemidos que não
podem ser proferidos com palavras ou com oratória, pois nenhuma língua os pode
expressar.713
F. F. Bruce ainda relembra que as implicações de nossa adoção
devem ser interpretadas não em termos de nossa cultura contemporânea, mas no
contexto da cultura grecoromana nos dias de Paulo. Ele escreve:
O termo “adoção”
pode soar com certo artificialismo aos nossos ouvidos. Mas no primeiro século
d.C. um filho adotivo era um filho escolhido deliberadamente por seu pai
adotivo para perpetuar seu nome e herdar seus bens. Sua condição não era nem um
pouco inferior à de um filho segundo as leis comuns da natureza, e bem podia
desfrutar da afeição paterna o mais completamente e reproduzir o mais
dignamente a personalidade do pai.714
Conforme William Barclay, devemos entender a adoção no
contexto do patria potestas, ou seja, do poder absoluto que o pai tinha sobre
os filhos. A adoção era uma transferência de um patria potestas para outro.
Nessa transferência havia quatro conseqüências principais: 1) a pessoa adotada
perdia todos os direitos de sua antiga família e ganhava todosos direitos de um
filho totalmente legítimo na nova família;
2) o filho adotivo tornava-se herdeiro de todos os bens de
seu novo pai; ainda que nascessem depois outros filhos, com verdadeira relação
sanguínea, isso não afetava seus direitos;
3) legalmente, a antiga vida do adotado ficava completamente
cancelada (por exemplo, todas as dívidas eram legalmente canceladas); a pessoa
adotada era considerada uma nova pessoa que entrava numa nova vida; 4) aos
olhos da lei a pessoa adotada era literal e absolutamente filha de seu novo
pai.715
William Greathouse aponta dois privilégios que temos na
adoção: o primeiro deles é chamar Deus de Pai. O segundo privilégio do filho
adotado é tornar-se herdeiro da riqueza do seu pai adotivo.716 Citando Haldane,
Geoffrey Wilson esclarece: “A adoção confere o nome de filho, e o direito à
herança; a regeneração confere a natureza de filho, e aptidão para a herança. E
porque os crentes têm não apenas a posição, mas também o coração de filhos, é
que são levados a clamar, Abba, Pai’”.717
Em décimo primeiro lugar, o Espírito Santo é testemunha da
nossa filiação (8.16). Não basta saber que somos filhos de Deus por adoção;
precisamos estar conscientes desse auspi-
cioso privilégio. O Espírito Santo testifica com nosso
espírito que somos filhos de Deus. A palavra grega aqui é tekna,“crianças”, e
não huioi, “filhos”, como no versículo 14.718
A palavra grega
symmartyreo é composta por duas palavras: o prefixo syn, “com”, e martyria,
“testemunha”. Neste caso haveria duas testemunhas: o Espírito Santo,
confirmando, endossando e conscientizando nosso espírito sobre a paternidade de
Deus.719 Fritz Rienecker diz que essa palavra era usada nos papiros em que a
assinatura de cada testemunha era acompanhada pelas palavras “testemunho com...
e selo com...”720
William Barclay lança luz sobre o assunto relatando que a
cerimônia de adoção se efetuava na presença de sete testemunhas. Agora suponhamos
que morresse o pai adotivo e logo acontecesse alguma disputa quanto ao direito
de herança do filho adotivo; uma ou mais das sete testemunhas originais se
adiantavam e juravam que a adoção era genuína e verdadeira. Assim, estava
garantido o direito do adotado, que recebia sua herança. Paulo nos diz aqui que
o próprio Espírito Santo é a testemunha de nossa adoção na família de Deus.721
Não precisamos viver cabisbaixos, derrotados e envergonhados.
Somos agora filhos do Altíssimo, membros da família de Deus. Isso não é
sugestão humana, mas testemunho fiel do Espírito Santo que habita em nós.
Em décimo segundo lugar, o Espírito Santo é o penhor da
nossa herança gloriosa (8.17). Não somos apenas filhos, mas também herdeiros de
Deus e coerdeiros com Cristo. O Espírito Santo que habita em nós e nos selou
para o dia da redenção é o penhor desse resgate, a garantia de que aquilo que
Deus começou, ele completará.
Embora sejamos herdeiros de todas as coisas que pertencem ao
nosso Pai, pois tudo é dele, por meio dele e para ele, a nossa mais gloriosa
herança é o próprio Deus (SI 73.25,26). Ele é nosso quinhão, nosso tesouro,
nossa herança. Nele está nosso prazer. Somos coerdeiros com Cristo da sua glória
excelsa, aquela mesma glória de que o pecado nos havia privado (3.23). Como a
glória é a efulgência de Deus, participar de sua glória é aparecer em sua
presença, ser envolvido na efulgência de sua divindade gloriosa.722
Enquanto não tomamos posse definitiva dessa herança
imarcescível e gloriosa, cruzamos aqui vales escuros, desertos esbraseados e
caminhos juncados de espinhos. Osofrimento com Cristo sempre há de preceder a
glória com Cristo. O sofrimento é o caminho para a glória. Primeiro o
sofrimento, depois a glória. Essa foi a ordem designada pelo próprio Cristo.
Concordo com E E Bruce quando ele diz que o sofrimento é o necessário prelúdio
da glória.723
William Hendriksen lembra que é confortador saber que todos
quantos participam do sofrimento de Cristo por fim ouvirão de seus lábios as
palavras de boas-vindas: “Bem está servo bom e fiel. Entre em meu descanso”.724
A Nova Vida em Cristo – Hernandes D Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário