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Romanos 1,18-22
Porque do céu
se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm
a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se
manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde
a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem
e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
Inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração
insensato se obscureceu, dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
“Porque do céu se manifesta a ira
de Deus... ” (1.18a). Parece paradoxal que um texto que é conhecido como o Evangelho
da Graça comece falando sobre a ira. De fato, muitos comentaristas bíblicos
ficam chocados com o tom forte com que Paulo introduz essa seção de sua carta.
Fica evidente que a expressão “ira de Deus”, tradução do grego orgé, carrega um
peso de significado muito forte. Esse termo ocorre 36 vezes no Novo Testamento
grego .1 É o mesmo vocábulo usado por João Batista para dizer que os fariseus e
saduceus não escapariam da ira (orgé) vindoura (M t 3.7). É usado também para
se referir à ira (orgé) do Cordeiro em Apocalipse 6.16. Na verdade, muitos
intérpretes que foram influenciados pela teologia liberal do século X IX , de
cunho fortemente humanista, não conseguiam harmonizar a imagem de um Deus amoroso
com a de um Deus irado. Mas a ira divina aqui é totalmente justificável à luz
do capítulo 1.18-32. O pensamento do apóstolo é claro — mostrar a situação caótica,
desesperadora e corrupta na qual a humanidade se encontrava e como em meio a
tudo isso Deus manifestou de forma copiosa a sua graça.
"...
sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”
(1.18).
As palavras gregas asébeia e adikia estão bem traduzidas aqui com o
“impiedade” e “injustiça” . Charles Hodge, em seu comentário da Epístola aos
Romanos, destaca que a primeira palavra representa a impiedade em relação a
Deus, e a segunda, a injustiça praticada contra os homens.O argumento de Paulo
aqui forma um contraste com aquilo que ele já havia falado em Romanos 1 .16,17,
em que a justiça de Deus se revela pelo evangelho. E por que Deus revela a sua justiça trazendo julgamento? Porque os homens escolheram tornar a verdade
prisioneira do pecado. Paulo diz que eles “detêm a verdade em injustiça”
(1.18).
“Porque as suas coisas
invisíveis, desde a criação do mundo, tanto 0 seu eterno poder como a sua
divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas... ”
(1.20). Paulo mostra que as obras da criação, a revelação natural de Deus,
servem de parâmetro para o julgamento de Deus. Russel P. Sheed, renomado
teólogo batista, destaca esse fato: “É inadmissível a desculpa humana de que
entre determinados povos e nações simplesmente nunca houve qualquer
oportunidade para se conhecer a mensagem salvadora. A Palavra de Deus afirma
que homens ignorantes acerca da Bíblia não ficaram sem conhecimento algum de Deus
(R m 1.19). Até aos mais distantes Ele revela seus atributos, seu eterno poder
e natureza divina (Rm 1.20). Ninguém poderá sustentar algum a desculpa ao
chegar diante do tribunal do Rei do universo. Todos serão julgados porque os
homens, voluntariamente, encobrem a verdade para praticar a injustiça (R m
1.18). Essa ‘revelação natural’ que todo s têm de Deus (isto é, a verdade
encoberta) será, portanto , a base da justa condenação de todos os que não
alcançaram a graça de ouvir a Palavra de Deus (‘revelação especial’). ‘Eles não
têm desculpa...’ (R m 1.21).
Todavia, Deus não é injusto. Nunca condenará um homem por este não ter
crido numa mensagem que não teve oportunidade de ouvir. A justiça divina será mantida.
No julgamento final, a justiça divina julgará todos de acordo com a luz que Deus
lhes deu: a criação e a consciência” (grifo m eu).3
“...para que eles julguem inescusáveis;porquanto, tendo conhecido a
Deus, não 0 glorificaram como Deus, nem lhe deram graças... ” (1.20,21). O
homem pós-queda é um homem afetado pela c orrupição do pecado , embora não seja
um ser espiritualmente insensível. Nem tampouco é u m ser que perdeu sua capacidade
de escolha. O texto deixa claro que ele podia perceber por meio da revelação
natural de Deus que a ordem das coisas tem um Criador.4 M as não fez isso. Em
seu conceituado comentário sobre Romanos, o expositor Giuseppe Barbaglio
observa que “o juízo divino de condenação nada mais é que a resposta ao
intencional ‘não ’ por parte do homem . Paulo não se limita, porém , a esse
aceno. Ao contrário, desenvolve amplamente o porquê da cólera divina (vv.
19-23). Dá por sabido que os homens não só tiveram a possibilidade de conhecer
o Criador, mas de fato o conheceram . Sim , porque Ele se manifestou a eles
através da criação. A obra revela o seu artífice. A inteligência, partindo do mundo,
chega à sua causa. A eterna força e majestade divina, de si invisíveis, tornam
-se perfeitamente visíveis aos olhos da mente. No plano do conhecimento a
distância é superada, o encontro acontece. Constatação positiva, sem dúvida,
mas Paulo logo a transforma em acusação contra o mundo pagão. Por isso os
acusados não têm desculpas ou atenuantes. Numa palavra, são culpados. ‘Porque,
embora tendo conhecimento de Deus, não lhe renderam nem louvor nem ação de
graças’. O conhecimento não se converteu em reconhecimento. Teoria e práxis
foram violentamente dissociadas” . De forma análoga, o expositor bíblico Dale Moody,
in loco, sublinha esse fato, quando afirma: “o pecado distorce, mas não destrói
a possibilidade da percepção. A mente de fato pode tornar-se réproba (1.28),
mas também pode ser renovada (12.2). A mente torna possível a percepção ” .
A oportunidade é dada a todos.
Romanos 1.23-32 E
mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Pelo que também Deus os
entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu
corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram
mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! Pelo que
Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso
natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões,
deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para
com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a
recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles se não importaram de ter
conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para
fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição,
malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano,
malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus,
injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai
e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis,
sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de
morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem
aos que as fazem.
A Lei da
Semeadura e da Colheita
£ mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de
homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (1.23). O
apóstolo continua sua argumentação que justifica o julgamento de Deus. Em vez
de glorificar a Deus, o homem se afastou ainda mais. Deus os entregou à idolatria
(v. 2 3 ); imoralidade (v. 26) e animosidade (v. 30). Um abismo chama outro
abismo. C. Marvin Pate observa que “entregar” (v. 24) aqui tem o sentido de
“deixar as pessoas sofrerem as consequências de conseguirem o que desejam . Em
outras palavras, nos tornamos semelhantes aquilo que adoramos” . Ao escolher
adorar a criatura em lugar do Criador, ser o centro de si mesmo sem vez de
terem Deus como centro de tudo, o homem mergulhou nas profundas trevas do
pecado.
“Pelo que Deus os abandonou às paixões infames... ” (1.26,27). Paulo
passa então a falar de comportamentos sociais que, à luz das coisas criadas,
era m considerados como antinaturais. A homossexualidade , tanto masculina como
feminina, é citada como exemplo desse afastamento da ordem natural (w . 26,27).
Paulo, seguindo a tradição bíblica, reprova a prática homossexual (L v 18.22).
Por outro lado, a cultura greco -romana tinha como natural o relacionamento
entre pessoas do mesmo sexo. A pederastia, relacionamento de um adulto com
alguém mais jovem , era vista com normalidade tanto na Grécia antiga como em
Roma. A maior parte dos Césaes era homossexual. E conhecida a frase do escritor
romano Suetônio dizendo que o imperador Júlio César “era o homem de toda mulher
e a mulher de todo homem ” . Suetônio ainda fala sobre César como sendo amante
de Nicomedes: “A reputação de sodomita veio -lh e unicamente d e sua estada
junto a Nicomedes, mas isso bastou para desonrá -lo para sempre e expô -lo aos
ultrajes de todos” . Essa prática, considerada normal para cultura greco
-romana, era vista pelos judeus como um a perv ersão da sexualidade.
Depois da revolução sexual dos anos sessenta, o movimento em prol da
homossexualidade ganhou força no mundo inteiro. Grande parte desse feito é
atribuído a Alfred Charles Kinsey (189 4 -1956 ), considerado o apóstolo da
perversão sexual. Kinsey popularizou seus ensinos distorcidos sobre a
sexualidade humana através de seu livro 0 Comportamento Sexual do Macho. Após
as pesquisas de Kinsey, que posteriormente ficou provado que foram todas manipuladas,
a sexualidade ganhou outro rumo . Passou-se a acreditar que o homossexualismo
estaria fundamentado em verdades científicas.
Alguns teólogos, que creem que há
pessoas que já nascem homossexuais, tentam justificar esse tipo de
comportamento afirmando que a Bíblia condena as relações entre heterossexuais e
homossexuais, e não a relação entre um homossexual e outro homossexual. O teólogo
católico José Bortolini partilha desse entendimento : “A carta destaca algumas
dessas relações pervertidas. A primeira é o homossexualismo feminino e masculino
(1.26b,27). De modo geral, no mundo greco-romano daquele tempo, a prática
homossexual entre pessoas heterossexuais era estimulada e inclusive vista como
perfeição . Paulo certamente não tinha o conhecimento que hoje se tem a
respeito de pessoas que já nascem com orientação homossexual. Ele detecta
perversão entre heterossexuais que se
dedicam a práticas homossexuais” . Tal explicação , adotada inclusive por
muitos movimento s ditos evangélico s, não resiste aos fatos históricos nem
tampouco a um a exegese do texto bíblico. Para Paulo, o homossexualismo era uma
perversão sexual porque além de ser condenado na Escritura era também
antinatural de acordo com Romanos 1.26,27.
Romanos 2.1-16
Portanto, és inescusável quando julgas, ó
homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo que julgas a
outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é
segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os
que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?
Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade,
ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? Mas, segundo a
tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da
manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará cada um segundo as suas
obras, a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram
glória, e honra, e incorrupção; mas indignação e ira aos que são contenciosos e
desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; tribulação e angústia sobre
toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego;
glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e
também ao grego; porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos
os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei
pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos
diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei
escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de
julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
A Revelação
Especial
“Portanto, és
inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti
mesmo naquilo que julgas a outro; pois tu, que julgas, fases 0 mesmo ”
2.1). Há claramente uma mudança no pensamento do apóstolo a partir desse ponto. O alvo agora não é mais o mundo
gentílico , mas o judaico. Nessa passagem , o apóstolo mostrará que os judeus
não estão diante de Deus em melhores condições do que os gentios. Douglas Moo
observa que os judeus poderiam pensar
que podiam pecar sem serem punidos porque possuíam uma relação pactual com
Deus. Mas de acordo com os versículos de 6 a 11, Paulo parece ir um passo mais
adiante: Os judeus não têm nenhum direito de pensar que intrinsecamente o pacto
lhes concede uma situação melhor que os gentios diante de Deus." O apóstolo
mostra então as razões porque os judeus não estavam em situação melhor do que
os gentios.
1. Eles praticavam aquilo que
consideravam errado no comportamento gentílico (v.1). A o agir assim , acabavam
assumindo uma atitude de hipocrisia diante da lei.
2. Achavam que por serem os guardiões da Torá estariam isentos de qualquer
julgamento (v. 3).
3. Abusavam da bondade de Deus
(v. 4).
4. Possuíam um coração impenitente (v. 5).
5. Ignoravam a lei da retrib ição (w . 6-10). 6. Eram exclusivistas
(v.lt). 7. Não conseguiam viver as exigências da lei (w . 12-14).
“ Porque todos os que
sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela
lei serão julgados” (2.12)
Comentando essa passagem , Charles Swindoll argumenta sobre aqueles que
querem questionar sobre o que disse Paulo em Romanos 2.12. Isso não parece
justo, argumentaria alguém . Seria justo punir alguém por infringir regras as
quais ele não teve a oportunidade de conhecer? E exatamente isso que Paulo
defende aqui. O fato é que, embora houvesse gentios que nunca estiveram na
Palestina nem tampouco chegaram a entrar em contado como o povo hebreu e nem
com sua lei, é bom lembrar que todo homem carrega a imagem de Deus. Swindoll
então diz acertadamente que “parte dessa imagem inclui um sentido inato de que
algumas ações são b o as e outras são más. No entanto , incluso nesse padrão
imperfeito , ninguém vive com justiça. Ninguém jamais tem obedecido com
perfeição sua própria consciência. A culpa é
m a reação universal por fazer algo que a ética pessoal de alguém o
proíbe . No fim dos tempos, quando se ditar o veredicto final, se terá pesado
as obras de toda pessoa e serão achadas faltas. A ignorância da Le i não é
desculpa. Toda pessoa será julgada de acordo com seu conhecimento do bem e do
mal. E por qualquer padrão , seja a lei mosaica, seja a própria consciência do
gentio , toda pessoa será achada culpada” .
Romanos 2.17-29 Eis
que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;
e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei;
e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor dos
néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei;
tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que
não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras?
Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei,
desonras a Deus pela transgressão da lei?
Porque, como está escrito, o nome de
Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. Porque a circuncisão é, na
verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei,
a tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar
os preceitos da lei, porventura, a incircuncisão não será reputada como
circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te
julgará, porventura, a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei?
Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é
exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que
é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas
de Deus.
Espiritualidade sem Verniz
Gosto da paráfrase que F. F. Bruce, erudito
em Novo Testamento , fez dessa passagem . Ela atualiza o que o texto quer dizer.
Você tem o honroso nome de judeu. Sua posse da lei dá-lhe confiança,
gloria-se de que é ao Deus verdadeiro que você cultua e de que conhece a
vontade dEle. Você aprova o caminho mais excelente, pois o aprendeu da lei.
Considera-se mais instruído do que aqueles que são inferiores por não terem a
lei. Considera-se guia de cegos e instrutor de tolos. Mas por que não dar uma
sincera olhada em você mesmo? Você não tem defeitos? Você conhece a lei, mas a
guarda? Você diz: “Não roubarás”. Mas não rouba nunca? Você diz: “Não
adulterarás”. Mas será que cumpre sempre esse mandamento? Você detesta ídolos,
mas nunca rouba templos? Você se gloria na lei, mas, de fato, sua desobediência
à lei dá má fama entre os pagãos, a você e ao Deus que cultua. Ser judeu
aproveitará ao homem diante de
Deus somente se cumprir a lei. O judeu que
quebra à lei não é melhor do que o gentio. E inversamente, o gentio que cumpre
as exigências da lei é tão bom à vista de Deus como qualquer judeu que
permanece na lei. Na verdade, o gentio que guarda a lei de Deus condenará o
judeu que a quebra, não importa quão versado nas Escrituras esse judeu seja,
não importa quão canonicamente se tenha processado a sua circuncisão. Você vê,
não é questão de descendência natural e de sinal externo como a circuncisão. A
palavra “judeu” significa “louvor”, e o verdadeiro judeu é o homem cuja vida é
digna de louvor pelos padrões de Deus, cujo coração é puro à vista de Deus,
cuja circuncisão é a circuncisão interna, do coração. Este é judeu de verdade,
digo eu — homem verdadeiramente digno de louvor — e seu louvor não é matéria de
aplauso humano, mas da aprovação divina.
‘Eis que tu, que tens
por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; e sabes a sua
vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei”
(2.17). Paulo ainda continua preparando o terreno para a exposição da
doutrina da justificação pela fé da qual ele falará logo mais. Os gentios
possuíam a revelação natural, bem como a lei da consciência; todavia, foram
incapazes de reagir positivamente diante de Deus. Agora Paulo passará a falar
dos judeus, que foram escolhidos por Deus e a quem foi dada, de forma especial,
a lei. Todavia, assim como o pecado cegou os que tinham recebido a revelação
natural, da mesma forma cegou os que tinham recebido a revelação especial.
Paulo havia demonstrado que os gentios estavam debaixo das densas nuvens
do pecado . Antes que algum judeu legalista pudesse se gloria r de sua posição
privilegiada em relação ao s gentios, o apóstolo se apressa em dizer que eles
não possuíam vantagem nenhuma. Se os gentios quebraram a lei natural, os judeus se demonstraram incapazes
de cumprir a revelação especial, que lhe s fora dada por meio da lei no Sinai. Eram , portanto ,
indesculpáveis.
Essa atitude legalista , em que a religião é vivida apenas de forma exterior, conduz à
hipocrisia religiosa e é duram ente com batida por Paulo. Aqueles que confiavam
na lei com o instrumento de justificação começam a perceber que as suas posturas diante da lei
não os havia melhorado em nada. Paulo quer fazer com que eles veja m que esse
modelo de espiritualidade estava falido justamente pelo fato de terem eles
falhado em atender as exigências do preceito legal.
O legalismo foi uma ameaça p ara
o antigo Israel; todavia, continua sendo uma ameaça hoje. A salvação pelas
obras, isto é, que depende dos feitos de quem as pratica, parece ser algo
atraente para muitos. A tentativa de agradar a Deu s por meio dos seus próprios
mérito s é um perigo do qual o cristão precisa se precaver. Nessa seção das
Escrituras, observam os Paulo com batendo o modelo de espiritualidade que atua
somente por fora e não por dentro. Para ele, não era um judeu quem apenas
possuía as marcas da circuncisão na sua
carne, isto é, externamente, todavia não se encontrava marcado internamente (R
m 2 .2 8 ,2 9 ). Muitos põem um verniz na sua espiritualidade e isso é tudo que
conseguem viver e mostrar. Viver de aparências parece ser algo normal diante
dos homens, mas não diante de Deus. Deus não possui um a vitrine, onde adorna
os seus filhos para uma simples exposição . Ele os coloca no cenário da vida,
na realidade nua e crua do dia a dia, para que eles possam depender dEle e assim
viver sem mascaramentos.
Romanos 3.1-20 Qual é,
logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda
maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas. Pois
quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de
Deus? De maneira nenhuma! Sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso,
como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras e venças quando
fores julgado. E, se a nossa injustiça for a causa da justiça de Deus, que
diremos? Porventura, será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como
homem.) De maneira nenhuma! Doutro modo, como julgará Deus o mundo? Mas, se
pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou
eu ainda julgado também como pecador? E por que não dizemos (como somos
blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham
bens? A condenação desses é justa. Pois quê? Somos nós mais excelentes? De
maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos
estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não
há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram
e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A
sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha
de áspide está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e
amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há
destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus
diante de seus olhos. Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão
debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenado diante de Deus. Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele
pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
Aliança
Quebrada
“Qual é, logo, a
vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?” (3.1)
Paulo encerra seu argumento mostrando que judeus, gentios e toda a humanidade
estavam debaixo do pecado. Não havia sobrado nenhum justo. Tanto gentios que
viviam sem lei como os judeus que viviam debaixo da lei encontravam -se na
mesma situação espiritual — afastado s de Deus.
O expositor bíblico Henry Mahan observa que “no Antigo Testamento os
judeu s tinham grandes vantagens sobre as nações gentias. Tinham a palavra de
Deus. Este término se usa quatro vezes no N ovo Testamento. Em Atos 7.38
significa lei de Moisés; em Hebreu s 5.12 e 1 Pedro 4.11 ab arca as verdades do
Evangelho. Neste versículo estão incluídas todas as Escrituras do Antigo
Testamento, especialmente as que se referem ao Messias, Jesus Cristo. Enquanto
os gentios precisavam descobrir Deus como podiam através da criação ,
consciência e providência, os judeus tinham as profecias da vinda do Messias,
as figuras e tipos de seu sacrifício e expiação nas cerimônias e a promessa de
redenção e perdão através da fé nEle. Em lugar de crerem nEle e confessar sua
culpabilidade revelada através da lei e descansar na fé e na misericórdia de
Deus e na justiça imputada, tomaram a lei, a circuncisão e as cerimônias e a
herança judia e estabeleceram sua própria justiça baseada em uma imperfeita e
hipócrita obediência formal. Todas as leis, rituais, moralidade, cerimônias,
Escrituras e forma externa não são de valor, mas ao contrário são devastadoras,
se não conduzem à pessoa de Cristo ” .
EPÍSTOLAS AOS ROMANOS - COMENTÁRIOS
4. Um breve panorama de Romano
Os dois temas principais de Paulo — a integridade do evangelho que lhe
foi confiado e a solidariedade dos judeus e gentios na comunidade messiânica
—já ficam evidentes na primeira parte do primeiro capítulo da carta.
Paulo chama a boa nova de "o evangelho de Deus" (1) por ser
Deus o seu autor, e de
"o evangelho de seu Filho" (9) por ser Jesus a sua essência.
Nos versículos 1 a 5 ele enfoca a pessoa de Jesus Cristo, filho de Davi por
descendência e poderosamente declarado Filho de Deus por meio da ressurreição.
No versículo 16 ele concentra-se na obra desse Jesus, uma vez que o evangelho é
o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê,
"primeiro do judeu, depois do grego".
Entre estas sucintas declarações acerca do evangelho, Paulo tenta
estabelecer uma relação pessoal com os seus leitores. Ele escreve para
"todos que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos"
(7), independente da etnia, embora saiba que a maioria deles é constituída de
gentios (13). Agradece a Deus por todos eles, ora por eles constantemente,
anseia vê-los, já tentou visitá-los muitas vezes (até aqui, sem sucesso)
(8-13). Sente-se na obrigação de anunciar o evangelho na capital do mundo da
época. De fato, está ansioso por fazê-lo, uma vez que no evangelho está
revelada a maneira como Deus, em sua justiça, "justifica" o injusto
(14-17)
A ira de Deus (1.18—3.20)
A revelação da justiça de Deus no evangelho é necessária em virtude da
revelação de sua ira contra toda injustiça (18). A ira de Deus, seu puro e
perfeito antagonismo com o mal, volta-se contra todos aqueles que
deliberadamente suprimem aquilo que sabem ser a verdade e o certo, a fim de
seguirem os seus próprios caminhos. Pois todo mundo tem algum conhecimento de
Deus e de sua bondade, seja por meio das coisas criadas (19s.), ou através da
consciência (32), ou porque as exigências da lei estão gravadas no coração
humano
(2.12ss.), ou através da lei de Moisés que foi confiada aos judeus
(2.17ss.).
Assim o apóstolo divide a raça humana em três grupos distintos: a
sociedade gentílica depravada (1.18-32), os críticos moralistas, sejam judeus
ou gentios (2.1-16), e os judeus instruídos e autoconfiantes (2.17—3.8). E
então conclui acusando toda a raça humana (3.9-20). Em cada caso o seu
argumento é o mesmo: que ninguém vive à altura do conhecimento que tem. Nem
mesmo os privilégios especiais dos judeus os isentam do juízo divino. Não!
"Tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado" (3.9),
"Pois em Deus não há parcialidade" (2.11). Todos os seres humanos são
pecadores, culpados e indesculpáveis diante de Deus. O quadro que ele apresenta
é de completa escuridão.
A graça de Deus (3.21—8.39)
O "Mas agora" de 3.21 é um dos maiores adversativos
encontrados na Bíblia, pois denota que em meio à treva universal do pecado e da
culpabilidade humana brilhou a luz do evangelho. Uma vez mais Paulo a chama de
"a justiça de [ou, que provém de] Deus"
(como em 1.17), ou seja, sua justa justificação do injusto. Isso só é
possível por meio da cruz, na qual Deus demonstrou sua justiça (3.25s.), como
também seu amor (5.8), e que está à disposição de "todos os que
crêem" (3.22), sejam eles judeus ou gentios. Ao explanar sobre a cruz,
Paulo recorre a palavras-chaves como "propiciação",
"redenção" e
"justificação". E então, em resposta às objeções dos judeus
(3.27-31), ele argumenta que, já
que a justificação só é possível através da fé, ninguém pode se
vangloriar diante de Deus; de igual forma, não pode haver qualquer
discriminação entre judeus e gentios e a lei não pode ser negligenciada.
ROMANOS BEACON (
3:10-18)
O pecado é tão universal que não admite sequer uma única exceção. Para
provar esta acusação, Paulo faz seis citações do Antigo Testamento nas quais se
resume a característica pecadora geral da humanidade. Estas citações concluem
uma causa já estabelecida por vários argumentos.
a) O pecado no caráter humano
(3.10-12)
Não há ninguém que entenda; não
há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis.
Não há quem faça o bem, não há nem um só. Esta é uma citação de Salmos 14.1-3
(cf. 53.1-4). Godet observa que “isto se aplica ao caráter moral do homem,
enquanto ele permanecer além da influência da ação divina”. Fora da graça
divina, não existe a compreensão de Deus, não existe a busca a Deus, não há
nenhuma bondade. O homem em si mesmo, separado da obra de Deus na Sua graça
(cf. Fp 2.13), está totalmente cego, desamparado e corrompido. Isto é o que os
teólogos querem dizer com a doutrina da completa depravação.
b) O pecado no discurso humano
(3:13-14).
A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente;
peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de
maldição e amargura. Aqui observamos uma referência aos diferentes órgãos da
fala, cada um exercendo o seu poder sob o controle do pecado. A garganta é
comparada a um sepulcro; isto se refere, segundo Godet, ao homem brutal que
parece querer comer alguém. A característica que vem a seguir é exatamente o
oposto a isto: “é a língua doce, que nos encanta como um instrumento melodioso”.142 Estas duas idéias são
extraídas de Salmos 5.9, onde descrevem a conduta dos inimigos do salmista. A
proposição seguinte é extraída de Salmos 140.3, que declara que os lábios que
falam tais calúnias e falsidades são como a língua de uma serpente, cheia de
peçonha (veneno). A quarta idéia é emprestada de Salmos 10.7, que descreve a
maldade que é lançada em rosto por uma boca que está cheia de maldição e
amargura.
c) O pecado no comportamento
humano (3.15-17)
Os seus pés são ligeiros para derramar
sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da
paz. Estas acusações são extraídas de Isaías 59.7-8, onde o profeta acusa a
nação de Israel por sua terrível corrupção. Os pés, como um emblema de
caminhar, simbolizam todo o comportamento. “O homem age sem consideração para
com seu próximo, sem medo de comprometer o seu bem-estar ou até mesmo a sua
vida. Ele oprime (syntrimma) o seu irmão, e enche a sua vida de infelicidade
(talaiporia), de modo que o caminho marcado por tal procedimento é regado pelas
lágrimas dos outros”.
d) A causa de todos os pecados
(3.18).
A citação do versículo 18 é extraída de Salmos 36.1. O temor de Deus é
um termo que descreve a religiosidade no Antigo Testamento.
“O temor do Senhor é o princípio da ciência” (Pv 1.7). Deus é o Senhor
soberano; o homem é a criatura. O reconhecimento deste relacionamento é a base
da verdadeira religião.
Mas os homens pecadores repudiaram isto. Não há temor de Deus diante de
seus olhos. Esta declaração mostra “que o homem pode livremente evocar ou
suprimir esta visão interior de Deus, da qual depende a sua conduta moral”.
Ao exibir este quadro, que é apenas um agrupamento de traços feitos
pelas mãos dos salmistas e profetas, o apóstolo certamente não quer dizer que
cada uma destas características possa ser encontrada e igualmente desenvolvida
em cada homem. Algumas, até mesmo a maioria delas, podem permanecer latentes em
muitos homens. Mas todas elas existem embrionariamente no egoísmo e no orgulho
natural do ego, e a menor circunstância pode fazer com que eles passem ao
estado ativo, quando o temor de Deus não governa o coração. Esta é a causa da
condenação divina que está sobre a raça humana.
e) A aplicação (3.19-20).
Como sabemos (19), Paulo apela
ao bom senso de seus leitores. É óbvio que as citações do versículo 19, tomadas
das escrituras dos judeus, aplicam-se basicamente a Israel. Tudo o que a lei
(significando todo o Antigo Testamento) diz, aos que estão debaixo da lei o
diz. Mas se os judeus são comprovadamente culpados perante Deus, então podemos
considerar que todos os outros homens também o são. O mundo todo é levado a
julgamento diante de Deus. A versão ASV traduz este texto como “todas as
pessoas do mundo fiquem debaixo do julgamento de Deus”. A palavra hypodikos
(condenável ou culpado; “sob julgamento”, ASV) aparece somente aqui no Novo
Testamento. “No grego clássico, ela significa levado a julgamento ou passível
de ser julgado”.146 Toda a humanidade é levada ao tribunal e declarada
condenável diante de Deus. Face tanto à evidência empírica quanto ao testemunho
das escrituras, todos os argumentos da defesa se silenciam: toda boca esteja
fechada. A humanidade permanece condenada à morte.
POR HERNANDES DIAS LOPES
Em segundo lugar, uma
dolorosa demonstração (3.9b).
Paulo chama a atenção dos seus leitores para o fato de que, até aqui, o
seu grande propósito na carta era provar que tanto judeus como gregos são
culpados diante de Deus.
Tanto os que estão sob a lei como aqueles que desconhecem a lei são
indesculpáveis diante de Deus. O pecado atingiu a todos e a culpa está sobre
todos. Francis Schaeffer diz que esta concepção da universalidade do pecado é o
maior e o mais genuíno “nivelador” da humanidade. Diante de Deus, todas as
pessoas estão no mesmo nível.329
Em terceiro lugar, uma
terrível escravidão (3.9c). Judeus e gregos estão debaixo do pecado, esmagados
sob seu peso, escravizados à sua tirania, dominados por suas algemas, condenados
à morte por seu salário. John Stott diz que o pecado está em cima de nós, pesa
sobre nós e é um fardo esmagador.
Nessa mesma trilha, William
Barclay diz que a expressão grega upo hamartian significa “em poder de”ou “sob
a autoridade de”. Assim, o homem sem Cristo está debaixo das ordens, sob a
autoridade, sob o domínio do pecado e incapacitado a escapar dele.
Em Romanos 3.10-18, Paulo utiliza uma prática rabínica ao ligar uma
passagem à outra, formando uma espécie de colar de pérolas e trazendo à memória
uma série de sete citações do Antigo Testamento (Eclesiastes, Salmos e Isaías),
com o propósito de mostrar a depravação total de todos os homens. Para William
Hendriksen, essa cadeia de passagens do Antigo Testamento, citada pelo apóstolo
Paulo, é um material relevante, bem selecionado e inspirado. John Murray afirma
que essas várias passagens combinadas do Antigo Testamento usadas pelo apóstolo
Paulo formam um sumário unificado acerca da abrangente pecaminosidade da raça
humana.334
...
b.
A inabilidade da lei (3.20).
Paulo diz que ninguém
será justificado diante de Deus por obras da lei. Tanto a lei cerimonial
quanto a lei moral não pode justificar o homem diante de Deus, não porque sejam
imperfeitas, mas porque o homem é imperfeito. A lei é boa, santa, justa e
espiritual, mas o homem é pecador. Ele não consegue viver à altura de suas
exigências.
A lei exige que o homem ame a Deus de todo o seu coração, alma, mente e
força e a seu próximo como a si mesmo (Mt 22.37-40), mas o homem é incapaz de
atingir esse padrão. O homem é culpado dos pecados de comissão e omissão, dos
pecados públicos e secretos. Está condenado por Deus não só por causa do que
diz e faz, mas por causa do que é, ou seja, por causa de seu estado pecaminoso.
Consequentemente, só é possível uma conclusão.
O homem está condenado, condenado, condenado. Sua condição é aquela de total
desesperança e desespero.
Geoffrey Wilson é pertinente quando diz que a doutrina da graça pregada
por Paulo se baseia firmemente em uma doutrina adequada do pecado, porque ele
sabia que apenas a pessoa convencida de pecado tem interesse naquele que salva
do pecado.
O texto que consideramos é uma espécie de dobradiça na carta aos
Romanos. Francis Schaeffer com razão conclui que chegamos, aqui, ao final da
apresentação de Paulo da “primeira metade do evangelho”.
Ele levou a maior parte do capítulo 1, todo o capítulo 2 e grande parte do
capítulo 3 para evidenciar que precisamos da salvação.Daqui para a frente,
Paulo abrirá um novo tema em sua carta, mostrando como podemos ser salvos. Se
Paulo tivesse parado sua carta aqui, o desespero tomaria conta da humanidade.
Então, não haveria saída e seriamos condenados ao desespero dos existencialistas
que não veem esperança para o homem. No entanto, graças a Deus, a porta da
esperança nos é apresentada. O caminho de retorno a Deus é apontado e a mensagem
da salvação é anunciada!
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