A Carta de Paulo aos Romanos é uma das mais
belas obras literárias já escritas. E
uma carta diferenciada. A influência que esse documento canônico causou na história do pensamento cristão é
simplesmente impressionante ! Começando no século V com Agostinho , bispo de
Hipona, que no início da Idade Média foi grandemente impactado pela leitura de Romanos.
Embora não possamos endossar tudo aquilo
que Agostinho escreveu, todavia é inegável a sua contribuição p ara a Teologia
e Filosofia. No século X V I, essa carta também exerceu uma poderosa influência
sobre Martinho Lutero , o grande reformador alemão . Foi fundamentado em
Romanos que Lutero lançou o lema da Reforma: A justificação pela fé somente! Em
anos mais recentes, Karl Barth , teólogo suíço, também testemunhou a grandeza
dessa carta.
A Carta aos Romanos foi escrita para a igreja . Foi
endereçada a pessoas simples, provenientes de todas as camadas da população e
sem distinção de cor ou de raça. Não foi endereçada ate ó logos, eruditos, nem
tampouco a especialista sem religião . A carta foi escrita como propósito de
edificar a igreja, tirar dúvidas e esclarecer questionamentos que a nova fé
estava provocando . Junte -se a isso o desejo do apóstolo em contar com o apoio
d os romano s no estabelecimento de uma nova base missionária. Romanos,
portanto, é u m a carta escrita p ara todos nós.
Sem dúvida, a temática abordada por Paulo nessa carta é uma
das mais diversificadas do Novo Testamento. Embora não contemple todas as
doutrinas do Novo Testamento, aborda as principais. A doutrina da justificação
pela fé, independentemente das obras, é o principal eixo em torno do qual a
carta se move. Somente em Romanos o conflito entre a “carne ” e o “ Espírito ”
aparece de forma tão dramática. Todo cristão quando lê Romanos se identifica como
“ eu ” paulino . O apóstolo Paulo era um homem douto , treinado na principal
instituição teológica de seus dias, tendo estuda do com Gamaliel.
O apóstolo estava consciente de que escreveria a um público
diversificado , vindo de todas as camadas sociais, e que os assuntos por ele trata dos eram profundo se com plexos.
Uma metodologia específica, portanto , deveria ser adotada. E foi o que ele
fez. Na sua carta é possível perceber que o apóstolo recorre com frequência ao
método de diatribe para aclarar os seus argumentos. Esse método consiste em um
diálogo comum interlocutor imaginário com quem se dialoga, fazendo perguntas e
oferecendo respostas. Mas não é só isso . Na carta é possível encontrar
referência s às regras d e interpretação usadas p ela escola rabínica de
Hillel. O uso de duas dessas regras aparece com clareza na argumentação do
apóstolo ; a qal wahomer e a gezerah shawah.
Na primeira regra , o que se aplica ao caso menos importante
certamente se aplicará também ao caso mais importante. Na segunda regra, a
analogia entre textos bíblicos, incluindo a semântica das palavras comuns em
ambos, é usada para se estabelecer a veracidade de um fato.
A leitura da carta , portanto , é prazerosa e edificante.
Todavia, não podemos deixar de registrar aqui os embates teológicos surgidos
por conta das diferentes leituras que essa carta provocou . Não foi meu
propósito ser dogmático em algumas questões de natureza puramente confessional,
mas não deixei de registrar o meu entendimento de certas passagens que, a meu
ver, receberam um a interpretação que destoa da argumentação adotada por Paulo
nessa carta.
Não poderia deixar de dizer que o meu texto não é perfeito e
que não possui lacunas. A propósito , as lacunas e as imperfeições fazem parte
de nossa antiga herança, tão bem retratadas em Romanos. Todavia, devo dizer que
este livro foi escrito com o propósito único de glorificar a Deus e de promover
a edificação do seu povo. Foi escrito por um pasto r que, no labor de seu
trabalho pastoral, encontrou forças no Senhor para se lançar em tão grande
missão — produzir um comentário de fácil entendimento , mas que fosse também
teologicamente consistente.
Por último , as
citações que faço neste livro de várias obras, muitas delas escritas por
teólogos de diferentes confissões de fé, não significam que concordo com tudo o
que eles dizem . Nem tampouco significa que concordo com suas crenças e
confissões de fé. Cito -os tomando por base a validade de cada argumento dito .
Faço minhas as palavras de Tomás de Aquino , o gênio intelectual da escolástica:
“ Os argumentos não devem ser aceitos pela autoridade de quem diz, mas pela
validade do que se diz” .
José Gonçalves
Capítulo
1
Uma Carta Cheia da Graça
Romanos
1.1-6
Paulo, servo de Jesus Cristo,
chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus, o qual antes havia
prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho, que
nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em
poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, —
Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo qual recebem os a graça e o apostolado, para a
obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, entre as quais sois
também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.
Paulo, o Apóstolo da Graça
“ Paulo... ” (1.1).
A Carta aos Romanos tem início com a identificação
do nome de seu autor, Paulo. Há uma unanimidade entre os intérpretes conservadores
da autoria paulina de Romanos. Stanley Clark, autor de um excelente comentário
sobre Romanos, observa que “a carta afirma que seu autor é Paulo o apóstolo
(1:1). Esta afirmação tem sido questionada seriamente. A evidência interna
(estilo, conteúdo, circunstâncias do autor) a confirma e tem sido a convicção
entre os crentes desde os primeiros tempos. C. H. Dodd tem declarado que a
autenticidade da Epístola aos Romanos é um a questão já resolvida” .1
O nome Paulo é uma forma latina do hebraico Saul. Sabemos
através do livro de Atos dos apóstolos que ele era natural de Tarso, cidade da
Cilicia, hoje território turco. Paulo nasceu em um lar judeu e herdou por direito
de nascimento a cidadania romana. Ele mesmo informa que seus pais eram fariseu
s (A t 23.6) e por influência destes se tornou fariseu , estudando n a Escola
de Gamaliel (At5.34; 22.3). Isso fez com que o seu zelo pelo judaísmo aumentasse
e que se tornasse um ferrenho defensor de suas tradições. Motivado por esse
zelo, passou a fazer uma perseguição sangrenta aos cristãos, levando muitos deles
ao cárcere e à morte. E esse homem implacável que se torna posteriormente o
maior defensor e propagador do cristianismo. Foi no encontro com Jesus
ressuscitado no caminho de Damasco , capital da Síria, que Paulo teve sua vida
totalmente mudada (A t 9.1- 22). A graça de Deus superabundou em sua vida.
"...
servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de
Deus” (1.1).
Duas coisas Paulo
diz acerca desse seu chamamento: ele agora era um “servo” de Jesus Cristo e que
foi “ separado” para o evangelho. A palavra “servo ” traduz o termo grego
doulos, cujo sentido é “aquele que pertence a outro” .
A vida de Paulo não pertencia mais a ele mesmo, mas
a Jesus Cristo, o Senhor! Em segundo lugar, Paulo, além de servo de Jesus Cristo,
foi também “separado” para ser um apóstolo. O particípio perfeito passivo do
verbo grego aphorisçp (separado) mostra que ele havia sido separado para Deus e
continuava dentro dessa nova fronteira que fora demarcada para seu chamamento.
Sua missão agora era ser um enviado de Deus para onde Ele o mandasse. O termo
“apóstolo ” assume um a conotação teológica no Novo Testamento, cujo sentido é
“enviar (para fora) para servir a Deus com a própria autoridade de Deus” . Sim
, Paulo não era agora um mero zeloso da lei, mas um apóstolo, um enviado pelo
Senhor para conquistar o mundo para Deus.
"... pelo qual recebemos a graça” (1.5).
Aqui aparece pela primeira vez na carta aos Romanos
a palavra “graça” (gr. charis). Essa palavra, que sem dúvida predomina no
pensamento teológico de Paulo, o corre 164 vezes no texto do Novo Testamento
grego , sendo 23 vezes somente em Romanos. Sem exagero algum , Romanos é uma carta cheia
da graça! A graça se torna um tema fundamental na teologia paulina. Na verdade,
o principal eixo de sua teologia. Paulo se sentia devedor dessa graça! Qualquer
leitor atento observará que a graça está no início e no fim das suas obras
literárias. Por exemplo , em 1 Coríntios, Paulo mostra que a graça impede que o
passado o machuque. “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de
ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de
Deus, sou o que sou ” (1 C o 1 5 .9,10a). Paulo não negou o seu passado e já
sabem os que seu passado não foi nada agradável. odavia, ele, totalmente imerso
na graça de Deus, sabia que seu passado tinha ficado para trás. Mas a graça fez
mais! A graça não permitiu que ele ficasse choramingando pelos cantos, caindo
na inércia por se sentir um “ Zé Ninguém ” . Não, a graça não permitiu que ele
ficasse inoperante . Ela o impulsionou para o trabalho. “E a sua graça para
comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não
eu , mas a graça de Deus, que está co migo ” (1 C o 15.10). Essa mesma graça o
ajudou a superar os obstáculo se a conviver com as adversidades. “E disse-me: A
minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa
vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o
poder de Cristo . Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,
nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 C o 12.9,10). Que mais
fez a graça por ele? Ela o salvou : “Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (E f 2 .8 ); fez com que fosse um
vencedor: “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus
Cristo ” (1 C o 15.57) eu m embaixador do Reino de Deus: “E dou graças ao que
me tem confortado, a Cristo Jesus, Senhor nosso , porque me teve por fiel,
pondo -me no ministério ” (1 T m 1.12). T u do feito pela graça!
Romanos 1.7-15
A todos os que estais em Roma, amados de
Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo. Primeiramente, dou graças ao meu Deus, por Jesus Cristo, acerca de vós
todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. Porque Deus, a quem sirvo
em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como
incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que,
nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter
convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim
de que sejais confortados, isto é, para que, juntamente convosco eu seja
consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha. Não quero, porém, irmãos, que
ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido
impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais
gentios. Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar
o evangelho, a vós que estais em Roma.
Amados Romanos “A todos os que estais em Roma... ” (1.7).
Paulo não foi o fundador da igreja que estava em Roma,
mas possuía um desejo ardente de visitá-la. Ele sabia que seu apostolado era
para os gentio se sabia também que a igreja de Roma era formada
predominantemente d e gentios (R m 1.6). Todavia, endereça sua carta a “todos
os crentes” de Roma. William McDonald observa que a expressão “todos” deve ser
entendida no contexto de que em Roma, capital do império , não havia apenas um
local de culto , mas vários, e Paulo queria que todos tomassem conhecimento
dessa carta.
Mas se Paulo, que fundou quase todas as igrejas do Novo Testamento, não
foi quem levou o evangelho para Roma, quem foi então ? Não há elementos que nos permitem ser dogmáticos nesse assunto, mas
os intérpretes acham indícios que permitem fazer deduções. Por ocasião do Dia
de Pentecostes, entre os que receberam o batismo no Espírito Santo estavam
“romanos que aqui residem ” (A t 2 .1 0 , A R A ). Teriam sido esses crentes
romanos que se encontravam em Jerusalém , depois de serem cheios do Espírito
Santo, que voltaram para Roma com a p reciosa semente do evangelho. Roma,
portanto , era uma igreja que nasceu do Pentecostes. “
... Chamados santos” (1.7).
Como costuma faze r em outras
cartas, Paulo se dirige aos crentes usando o adjetivo “ santos” . “ Santo ” (gr. hagios) era aquilo que
fora se parado para um serviço especial. Aqui significa dedicado a Deus, santo
e sagrado. O s crentes são santo s porque foram separados para pertencerem a
Deus. O conceito de santificação posicionai já aparece aqui nessa expressão .
Em Cristo todos os crentes são santos porque foram comprados com seu sangue e,
portanto , pertencem a Ele (1 C o 6.19,20). O conceito de santificação
progressiva, aquela na qual o crente tem sua participação efetiva , aparecerá
na argumentação de Paulo no capítulo 8 dessa carta . Infelizmente , o conceito
de santidade se encontra de tal forma relativizado que quase não é mais
possível se distinguir o santo do profano . Santidade tem haver com o
estabelecimento de limite se a diferença clara entre o que é certo e o que é
errado . O parâmetro é sempre dado pela palavra de Deus. Infelizmente, quem
está ditando os padrões para as igrejas não é mais a Bíblia, e sim a cultura
secular. E impressionante a facilidade que têm muitos crentes de se moldarem
por aquilo que o mundo dita. Se o mundo permite se divorciar por qualquer
motivo , então muitos crentes acham que devem fazer o mesmo . Quem se levantar contra é logo taxado de falso moralista! Todavia, a Escritura chama isso de
mundanismo ! Mundanismo é pecado .
"... em todo o mundo é anunciada a
vossa f é ” (1.8).
Esse
versículo mostra a influência que a igreja de Roma exercia. Paulo reconhece que
a fé deles já era notícia no mundo todo. Era uma igreja que todo mundo sabia
que ela existia. Talvez a tragédia da igreja hoje esteja no fato de ela passar
despercebida na sociedade. Poucos sabem da sua existência e os poucos que sabem
não se sentem mudados por ela. Qual seria, pois, a razão da pouca influência da
igreja contemporânea? Não podemos ser simplistas, mas evidentemente que existem
causas para esse fenômeno de esfriamento das igrejas. Um pneumatismo anárquico,
que tem lançado a igreja numa verdadeira corrida sensorial é uma das razões. A
busca desenfreada por realização , por prazer, tem transformado a igreja em uma
comunidade de consumidores, e não de adoradores. A busca por mais adrenalina
não está acontecendo apenas em esportes radicais, mas também em muitos cultos.
Infelizmente, as igrejas neopentecostais estão na vanguarda dessa nova
espiritualidade. Por outro lado, as ortodoxias ingessantes também são nocivas
da mesma forma. Cultos frios, em que o ritual não dá a mínima liberdade para o
exercício do s dons espirituais, é um veneno para a espiritualidade d a igreja.
Não devemos ser contra a liturgia, pois todo culto a Deus necessita possuir u m
ritual litúrgico. Todavia, foi o mesmo Paulo
qu em esboçou os princípios de uma liturgia de uma igreja onde o
Espírito não está engessado . “ Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais,
cada um de vós tem salmo , tem doutrina, tem revelação , tem língua, tem
interpretação . Faça-se tudo para edificação ” (1 C o 14.26).
... incessantemente faço menção de vós,pedindo sempre em minhas orações" (1.9,10)
Uma das marcas da espiritualidade de Paulo é sua
profunda piedade cristã. Paulo era um homem devotado à oração. Mesmo não conhecendo
ainda a igreja de Roma, ele se lançava em um trabalho de intercessão por ela. Alguns
pensam que a oração ficou restrita aos menos letrados, aos místicos. Todavia,
aqui encontram os um homem com um a profunda formação teológica, um verdadeiro
erudito, que não negligenciava sua vida devocional. O teólogo anglicano Alan
Jones observou que quem pensa não ora e quem ora não pensa! Essa parece ser a
lógica da espiritualidade dos clérigos do século XXI. Não é de admirar que se
encontrem tantos clérigos vazios, mas cheios de si mesmos. A devoção foi
substituída pela busca da posição. Como disse o filósofo Antonio Cruz, a carne
sufocou o espírito.
“ ... para vos comunicar algum dom espiritual” (1.11-13).
A expressão
“ do m espiritual” traduz o grego charisma pneumatikon. O expositor bíblico
Stanley Clark observa três usos dessa palavra no contexto de Romanos.
Primeiramente , ela é usada em referência ao dom da graça , Cristo Jesus , que
Deus deu a todos os homens (R m 5 .1 5 ,1 6 ). E m segundo lugar, a referência
aos dons que Deus outorgou ao povo de Israel (R m 1 1 .2 9 ). Em terce iro lugar,
uma capacidade especial que Deus deu a um membro da igreja para que seja usado
no ministério (R m 1 2.6). E um e junto àqueles que veem aqui o terceiro
sentido . A expressão charismapeneumatikon é a mesma encontrada nos capítulos
12 a 14 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, onde a referência é aos dons
espirituais. Não há dúvida de que aqui essa expressão tem significação similar
ao encontrado ali. Muitos intérpretes, quando leem as cartas de Paulo, as leem
com os óculos da cultura onde vivem . Não se dão conta do contexto espiritual
da igreja do primeiro século . A igreja de Roma, como foram todas as outras do
Novo Testamento , era filha do Pentecostes. Ela entendia a linguagem do
apóstolo sobre os carismas do Espírito porque também os vivenciava . Paulo
queria naquela visita compartilhar os frutos de sua experiência com Deus e da
mesma forma queria se sentir abençoado com aquilo que Deus também havia feito
na vida daqueles crentes. Há muita gente criticando experiências espirituais
sem nunca as ter vivido .
Romanos 1.16,17
Porque não me envergonho do evangelho de
Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro
do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em
fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
A Graça que não Decepciona
“Porque não me envergonho do
evangelho..." (1.16,17).
Em seu
célebre comentário d e Romanos , o expositor bíblico C . E . B. Cranfield
observa que a forma “ negativa em que Paulo se exprime deve ser explicada não
como exemplo de atenuação (significando que ele , Paulo, está orgulhoso do
evangelho ), mas como refletindo o seu sóbrio reconhecimento do fato de que o
evangelho é algo de que , neste mundo , os cristãos serão constantemente
tentados a envergonhar-se. (Podemos cf. M c 8 .3 8 ; L c 9 .2 6 ; 2 T m 1.8.) A
presença desta tentação como característica constante da vida cristã é
inevitável, não só por causa da contínua hostilidade do mundo para com Deus,
mas também por causa da natureza do próprio evangelho , o fato de que Deus
(porque Ele determinou deixar espaço aos homens para tomarem decisão pessoal
livre , em vez de compeli-los) interveio na história para a salvação dos
homens, não com poder e majestade manifestos, mas de maneira velada , era
destinado a ser visto pelo mundo como fraqueza e insensatez . is ” .9
Essa,
evidentemente, é a graça que não decepciona. A graça de Deus não é motivo
para vergonha nem tampouco envergonha ninguém . Todavia, há algo por aí se
passando por “graça” que não tem graça alguma. Essa “graça ” , além de
envergonhar o evangelho , está produzindo grandes escândalos. Todo tipo de
aberração ética, teológica, comportamental e até mesmo espiritual estão sendo
justificados por essa suposta graça. E uma graça que não tem graça. Quando a
graça perde a graça, ela já não é mais graça, mas uma desgraça. A propósito , a
palavra grega traduzida aqui com o “envergonhar” é epaischynomai, que é formada
pela junção da preposição epi e o verbo aiscbyno. A palavra composta tem seu
sentido intensificado, significando desonrado, desgraçado. Em outras palavras,
refere-se a alguém que caiu em desgraça ou que foi desonrado . Ao colocar a
negativa “não ” antes desse vocábulo, Paulo diz que se sente honrado pela
mensagem que abraçou. Ela não o decepciona.
“... é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê” (1,16).
O evangelho é motivo de honra, e é muito mais. O
evangelho é o poder de Deus que traz salvação a todo que crer. “Poder” traduz o
termo grego dynamis, de onde provém o nosso vocábulo dinamite, Essa palavra é
usada 120 vezes no Novo Testamento e significa capacidade para executar. E uma
referência à habilidade de Deus no processo da salvação.
O propósito
dessa “explosão ” do evangelho é salvação dos homens. O significado da preposição
grega eis (para) tem o sentido de “tendo em vista a ” , mostrando o propósito
do evangelho . Ele é de fato o poder de Deus, mas não é um poder que busca o
engrandecimento do homem , mas a glória de Deus. Infelizmente muitos parecem
não saber disso e não se deixam usar pelo evangelho , mas em vez disso fazem
uso do poder do evangelho para se auto promoverem . Buscam as suas próprias
glórias e realizações.
Ao afirmar que o evangelho é o poder de Deus, o
apóstolo tem em mente mostrar a razão do envio de sua carta aos romanos. Já
tendo feito as cordialidades costumeiras que eram comuns nesse tipo de
correspondência pessoal, ele a gora introduz o assunto do qual passará a tratar
a seguir. Ele vai explicar como a graça de Deus, objetivando a salvação de
todos os pecadores perdidos, se manifestou de forma mais que abundante na
pessoa bendita de Jesus Cristo. No dizer do poeta:
Em Cristo Jesus, meu Senhor,
Ao mundo perdido é dada
Por Deus d ’infinito favor.
Graça, graça, A mim basta a
graça de Deus: Jesus;
Graça, graça,
A graça eu achei em Jesus.
A graça de Deus é mais doce,
Do que bens terrestres daqui;
Em gozo m eu choro tornou -se
Correndo Sua graça pra mim .
Mais alta que nuvens celestes,
Mais funda que pro fundo mar,
A fonte da vida fizeste,
Na qual nos podemos fartar.
A graça de Deu s hoje prova
Tu que vives na perdição ,
Pois Ele te salva, renova,
Também limpa teu coração .
***
Repare Que Paulo Pregava E Ensinava, Depois Abria Um Local De Culto, Depois
Colocava Alguém (Ancião - Obreiro ) Da Própria Região Para Dirigir Aquela Nova
Igreja E Depois Partia Para Outro Local Para Abrir Uma Nova
Igreja; Devemos Aprender Com A Bíblia A Fazer Missões.
Paulo
de Tarso - Principal
Missionário e Pregador do Evangelho durante a igreja primitiva |
2 a.C. |
Nasce em Tarso, na Cilícia (At.9:11; 21:39; 22:3). Era
de puro sangue judaico, da tribo de Benjamin (Rm.11:1; Fp.3:5). Na infância é
levado à Jerusalém para sr instruído por Gamaliel (At.22:3) |
- |
Durante a juventude, estudou filosofia grega em Tarso. Após ter trabalhado como fabricante de tendas, entra para o exército romano???????? |
36 |
Lidera o exército romano ou sacerdotal do templo na perseguição contra os cristãos?????????. Participa do Martírio de Estevão e segue para Damasco. |
37 |
Converte-se ao cristianismo quando ia à Damasco para prender cristãos. Tem uma visão de JESUS e fica cego por alguns dias, até que Ananias ora lhe impondo as mãos para curá-lo (Atos 9:1-19). Posteriormente tem seu nome mudado de Saulo (grande) para Paulo (pequeno). |
45-48 |
Inicia sua 1ª viagem missionária, pregando por toda Ásia Menor. |
49-52 |
Inicia sua 2ª viagem missionária. Funda comunidades cristãs na Cilícia, na Galácia e na Grécia. |
49 ou 52 |
Escreve a Epístola aos Gálatas. |
51 |
Escreve as duas Epístolas aos Tessalonicenses. |
53-58 |
Inicia sua 3ª Viagem Missionária. |
55-57 |
Durante a 3ª Viagem Missionária, estabelece-se em Éfeso. Combate a adoração a deusa Diana. É expulso da cidade por comerciantes do templo de Diana. |
57-58 |
Durante Os Primeiros Dias Do Ano 57 A. D., Ele Ditou A Seu Amigo Tércio - Cristão Posto Às Suas Ordens Talvez Por Seu Hospedeiro Gaio, Para Servir-Lhe De Secretário - Uma Carta Destinada Aos Cristãos Romanos. Esta Carta Visava Prepará-Los Para A Sua Visita À Cidade E Explicar A Finalidade Da Mesma. E Julgou De Bom Alvitre, Ao Escrevê-La, Oferecer-Lhes Uma Completa Exposição Do Evangelho Como Ele O Compreendia E O Proclamava. Depois Escreve a 1ª Epístola aos Coríntios. |
58 |
Prega na região da Macedônia, visita novamente comunidades cristãs de Filipos e Corinto. |
58 |
Escreve a 2ª Epístola aos Coríntios. |
58 |
É preso em Jerusalém por estar pregando a ressurreição de CRISTO. Sofre complô dos Fariseus e dos Saduceus, no templo onde fazia votos, por conselho dos apóstolos. |
58 |
É transferido de Cesaréia para a prisão em Roma. |
58-59 |
Durante a viagem sofre um naufrágio no Mar Mediterrâneo. |
60 |
Já em Roma, escreve na prisão domiciliar as Epístolas aos Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemom. |
64 |
Escreve a 1ª Epístola a Timóteo. |
65 |
Escreve a Epístola a Tito. |
67 |
Escreve a 2ª Epístola a Timóteo. |
67 |
Possível liberdade temporária de Paulo (podendo ter pregado na Espanha ou não), depois sua condenação à morte em Roma, seu martírio. |
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