quinta-feira, 31 de março de 2016

LIÇÃO 1 : A Epístola aos Romanos



                       
    Introdução
   
      Carta de Paulo aos Romanos é uma das mais belas obras literárias já escritas. E uma carta diferenciada. A influência que esse documento canônico causou  na história do pensamento cristão é simplesmente impressionante ! Começando no século V com Agostinho , bispo de Hipona, que no início da Idade Média foi  grandemente impactado pela leitura de Romanos.  Embora não possamos endossar tudo aquilo que Agostinho escreveu, todavia é inegável a sua contribuição p ara a Teologia e Filosofia. No século X V I, essa carta também exerceu uma poderosa influência sobre Martinho Lutero , o grande reformador alemão . Foi fundamentado em Romanos que Lutero lançou o lema da Reforma: A justificação pela fé somente! Em anos mais recentes, Karl Barth , teólogo suíço, também testemunhou a grandeza dessa carta.

A Carta aos Romanos foi escrita para a igreja . Foi endereçada a pessoas simples, provenientes de todas as camadas da população e sem distinção de cor ou de raça. Não foi endereçada ate ó logos, eruditos, nem tampouco a especialista sem religião . A carta foi escrita como propósito de edificar a igreja, tirar dúvidas e esclarecer questionamentos que a nova fé estava provocando . Junte -se a isso o desejo do apóstolo em contar com o apoio d os romano s no estabelecimento de uma nova base missionária. Romanos, portanto, é u m a carta escrita p ara todos nós.
Sem dúvida, a temática abordada por Paulo nessa carta é uma das mais diversificadas do Novo Testamento. Embora não contemple todas as doutrinas do Novo Testamento, aborda as principais. A doutrina da justificação pela fé, independentemente das obras, é o principal eixo em torno do qual a carta se move. Somente em Romanos o conflito entre a “carne ” e o “ Espírito ” aparece de forma tão dramática. Todo cristão quando lê Romanos se identifica como “ eu ” paulino . O apóstolo Paulo era um homem douto , treinado na principal instituição teológica de seus dias, tendo estuda do com Gamaliel.

O apóstolo estava consciente de que escreveria a um público diversificado , vindo de todas as camadas sociais, e que os assuntos  por ele trata dos eram profundo se com plexos. Uma metodologia específica, portanto , deveria ser adotada. E foi o que ele fez. Na sua carta é possível perceber que o apóstolo recorre com frequência ao método de diatribe para aclarar os seus argumentos. Esse método consiste em um diálogo comum interlocutor imaginário com quem se dialoga, fazendo perguntas e oferecendo respostas. Mas não é só isso . Na carta é possível encontrar referência s às regras d e interpretação usadas p ela escola rabínica de Hillel. O uso de duas dessas regras aparece com clareza na argumentação do apóstolo ; a qal wahomer e a gezerah shawah.
Na primeira regra , o que se aplica ao caso menos importante certamente se aplicará também ao caso mais importante. Na segunda regra, a analogia entre textos bíblicos, incluindo a semântica das palavras comuns em ambos, é usada para se estabelecer a veracidade de um fato.

A leitura da carta , portanto , é prazerosa e edificante. Todavia, não podemos deixar de registrar aqui os embates teológicos surgidos por conta das diferentes leituras que essa carta provocou . Não foi meu propósito ser dogmático em algumas questões de natureza puramente confessional, mas não deixei de registrar o meu entendimento de certas passagens que, a meu ver, receberam um a interpretação que destoa da argumentação adotada por Paulo nessa carta.
Não poderia deixar de dizer que o meu texto não é perfeito e que não possui lacunas. A propósito , as lacunas e as imperfeições fazem parte de nossa antiga herança, tão bem retratadas em Romanos. Todavia, devo dizer que este livro foi escrito com o propósito único de glorificar a Deus e de promover a edificação do seu povo. Foi escrito por um pasto r que, no labor de seu trabalho pastoral, encontrou forças no Senhor para se lançar em tão grande missão — produzir um comentário de fácil entendimento , mas que fosse também teologicamente consistente.

 Por último , as citações que faço neste livro de várias obras, muitas delas escritas por teólogos de diferentes confissões de fé, não significam que concordo com tudo o que eles dizem . Nem tampouco significa que concordo com suas crenças e confissões de fé. Cito -os tomando por base a validade de cada argumento dito . Faço minhas as palavras de Tomás de Aquino , o gênio intelectual da escolástica: “ Os argumentos não devem ser aceitos pela autoridade de quem diz, mas pela validade do que se diz” .

                                                                                                                 José Gonçalves 


Capítulo 1

Uma Carta Cheia da Graça

Romanos 1.1-6
 Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus, o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, — Jesus Cristo, nosso Senhor, pelo qual recebem os a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.

Paulo, o Apóstolo da Graça 

“ Paulo... ” (1.1).

A Carta aos Romanos tem início com a identificação do nome de seu autor, Paulo. Há uma unanimidade entre os intérpretes conservadores da autoria paulina de Romanos. Stanley Clark, autor de um excelente comentário sobre Romanos, observa que “a carta afirma que seu autor é Paulo o apóstolo (1:1). Esta afirmação tem sido questionada seriamente. A evidência interna (estilo, conteúdo, circunstâncias do autor) a confirma e tem sido a convicção entre os crentes desde os primeiros tempos. C. H. Dodd tem declarado que a autenticidade da Epístola aos Romanos é um a questão já resolvida” .1

O nome Paulo é uma forma latina do hebraico Saul. Sabemos através do livro de Atos dos apóstolos que ele era natural de Tarso, cidade da Cilicia, hoje território turco. Paulo nasceu em um lar judeu e herdou por direito de nascimento a cidadania romana. Ele mesmo informa que seus pais eram fariseu s (A t 23.6) e por influência destes se tornou fariseu , estudando n a Escola de Gamaliel (At5.34; 22.3). Isso fez com que o seu zelo pelo judaísmo aumentasse e que se tornasse um ferrenho defensor de suas tradições. Motivado por esse zelo, passou a fazer uma perseguição sangrenta aos cristãos, levando muitos deles ao cárcere e à morte. E esse homem implacável que se torna posteriormente o maior defensor e propagador do cristianismo. Foi no encontro com Jesus ressuscitado no caminho de Damasco , capital da Síria, que Paulo teve sua vida totalmente mudada (A t 9.1- 22). A graça de Deus superabundou em sua vida.
     
 "... servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (1.1).
 Duas coisas Paulo diz acerca desse seu chamamento: ele agora era um “servo” de Jesus Cristo e que foi “ separado” para o evangelho. A palavra “servo ” traduz o termo grego doulos, cujo sentido é “aquele que pertence a outro” .

A vida de Paulo não pertencia mais a ele mesmo, mas a Jesus Cristo, o Senhor! Em segundo lugar, Paulo, além de servo de Jesus Cristo, foi também “separado” para ser um apóstolo. O particípio perfeito passivo do verbo grego aphorisçp (separado) mostra que ele havia sido separado para Deus e continuava dentro dessa nova fronteira que fora demarcada para seu chamamento. Sua missão agora era ser um enviado de Deus para onde Ele o mandasse. O termo “apóstolo ” assume um a conotação teológica no Novo Testamento, cujo sentido é “enviar (para fora) para servir a Deus com a própria autoridade de Deus” . Sim , Paulo não era agora um mero zeloso da lei, mas um apóstolo, um enviado pelo Senhor para conquistar o mundo para Deus.

 "... pelo qual recebemos a graça” (1.5).

Aqui aparece pela primeira vez na carta aos Romanos a palavra “graça” (gr. charis). Essa palavra, que sem dúvida predomina no pensamento teológico de Paulo, o corre 164 vezes no texto do Novo Testamento grego , sendo 23 vezes somente em Romanos.  Sem exagero algum , Romanos é uma carta cheia da graça! A graça se torna um tema fundamental na teologia paulina. Na verdade, o principal eixo de sua teologia. Paulo se sentia devedor dessa graça! Qualquer leitor atento observará que a graça está no início e no fim das suas obras literárias. Por exemplo , em 1 Coríntios, Paulo mostra que a graça impede que o passado o machuque. “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou ” (1 C o 1 5 .9,10a). Paulo não negou o seu passado e já sabem os que seu passado não foi nada agradável. odavia, ele, totalmente imerso na graça de Deus, sabia que seu passado tinha ficado para trás. Mas a graça fez mais! A graça não permitiu que ele ficasse choramingando pelos cantos, caindo na inércia por se sentir um “ Zé Ninguém ” . Não, a graça não permitiu que ele ficasse inoperante . Ela o impulsionou para o trabalho. “E a sua graça para comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu , mas a graça de Deus, que está co migo ” (1 C o 15.10). Essa mesma graça o ajudou a superar os obstáculo se a conviver com as adversidades. “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo . Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 C o 12.9,10). Que mais fez a graça por ele? Ela o salvou : “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (E f 2 .8 ); fez com que fosse um vencedor: “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo ” (1 C o 15.57) eu m embaixador do Reino de Deus: “E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus, Senhor nosso , porque me teve por fiel, pondo -me no ministério ” (1 T m 1.12). T u do feito pela graça!

Romanos 1.7-15 

A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Primeiramente, dou graças ao meu Deus, por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, isto é, para que, juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha. Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.

Amados Romanos “A todos os que estais em Roma... ” (1.7).

Paulo não foi o fundador da igreja que estava em Roma, mas possuía um desejo ardente de visitá-la. Ele sabia que seu apostolado era para os gentio se sabia também que a igreja de Roma era formada predominantemente d e gentios (R m 1.6). Todavia, endereça sua carta a “todos os crentes” de Roma. William McDonald observa que a expressão “todos” deve ser entendida no contexto de que em Roma, capital do império , não havia apenas um local de culto , mas vários, e Paulo queria que todos tomassem conhecimento dessa carta.
Mas se Paulo, que fundou quase todas as igrejas do Novo Testamento, não foi quem levou o evangelho para Roma, quem foi então ? Não há elementos que nos permitem ser dogmáticos nesse assunto, mas os intérpretes acham indícios que permitem fazer deduções. Por ocasião do Dia de Pentecostes, entre os que receberam o batismo no Espírito Santo estavam “romanos que aqui residem ” (A t 2 .1 0 , A R A ). Teriam sido esses crentes romanos que se encontravam em Jerusalém , depois de serem cheios do Espírito Santo, que voltaram para Roma com a p reciosa semente do evangelho. Roma, portanto , era uma igreja que nasceu do Pentecostes. “

... Chamados santos” (1.7).

Como costuma faze r em outras cartas, Paulo se dirige aos crentes usando o adjetivo “ santos” . “ Santo ” (gr. hagios) era aquilo que fora se parado para um serviço especial. Aqui significa dedicado a Deus, santo e sagrado. O s crentes são santo s porque foram separados para pertencerem a Deus. O conceito de santificação posicionai já aparece aqui nessa expressão . Em Cristo todos os crentes são santos porque foram comprados com seu sangue e, portanto , pertencem a Ele (1 C o 6.19,20). O conceito de santificação progressiva, aquela na qual o crente tem sua participação efetiva , aparecerá na argumentação de Paulo no capítulo 8 dessa carta . Infelizmente , o conceito de santidade se encontra de tal forma relativizado que quase não é mais possível se distinguir o santo do profano . Santidade tem haver com o estabelecimento de limite se a diferença clara entre o que é certo e o que é errado . O parâmetro é sempre dado pela palavra de Deus. Infelizmente, quem está ditando os padrões para as igrejas não é mais a Bíblia, e sim a cultura secular. E impressionante a facilidade que têm muitos crentes de se moldarem por aquilo que o mundo dita. Se o mundo permite se divorciar por qualquer motivo , então muitos crentes acham que devem fazer o  mesmo . Quem se levantar contra é logo taxado de falso moralista! Todavia, a Escritura chama isso de mundanismo ! Mundanismo é pecado .

 "... em todo o mundo é anunciada a vossa f é ” (1.8).

 Esse versículo mostra a influência que a igreja de Roma exercia. Paulo reconhece que a fé deles já era notícia no mundo todo. Era uma igreja que todo mundo sabia que ela existia. Talvez a tragédia da igreja hoje esteja no fato de ela passar despercebida na sociedade. Poucos sabem da sua existência e os poucos que sabem não se sentem mudados por ela. Qual seria, pois, a razão da pouca influência da igreja contemporânea? Não podemos ser simplistas, mas evidentemente que existem causas para esse fenômeno de esfriamento das igrejas. Um pneumatismo anárquico, que tem lançado a igreja numa verdadeira corrida sensorial é uma das razões. A busca desenfreada por realização , por prazer, tem transformado a igreja em uma comunidade de consumidores, e não de adoradores. A busca por mais adrenalina não está acontecendo apenas em esportes radicais, mas também em muitos cultos. Infelizmente, as igrejas neopentecostais estão na vanguarda dessa nova espiritualidade. Por outro lado, as ortodoxias ingessantes também são nocivas da mesma forma. Cultos frios, em que o ritual não dá a mínima liberdade para o exercício do s dons espirituais, é um veneno para a espiritualidade d a igreja. Não devemos ser contra a liturgia, pois todo culto a Deus necessita possuir u m ritual litúrgico. Todavia, foi o mesmo Paulo  qu em esboçou os princípios de uma liturgia de uma igreja onde o Espírito não está engessado . “ Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo , tem doutrina, tem revelação , tem língua, tem interpretação . Faça-se tudo para edificação ” (1 C o 14.26).

... incessantemente faço menção de vós,pedindo sempre em minhas orações" (1.9,10)

Uma das marcas da espiritualidade de Paulo é sua profunda piedade cristã. Paulo era um homem devotado à oração. Mesmo não conhecendo ainda a igreja de Roma, ele se lançava em um trabalho de intercessão por ela. Alguns pensam que a oração ficou restrita aos menos letrados, aos místicos. Todavia, aqui encontram os um homem com um a profunda formação teológica, um verdadeiro erudito, que não negligenciava sua vida devocional. O teólogo anglicano Alan Jones observou que quem pensa não ora e quem ora não pensa! Essa parece ser a lógica da espiritualidade dos clérigos do século XXI. Não é de admirar que se encontrem tantos clérigos vazios, mas cheios de si mesmos. A devoção foi substituída pela busca da posição. Como disse o filósofo Antonio Cruz, a carne sufocou o espírito.

“ ... para vos comunicar algum dom espiritual” (1.11-13).

A  expressão “ do m espiritual” traduz o grego charisma pneumatikon. O expositor bíblico Stanley Clark observa três usos dessa palavra no contexto de Romanos. Primeiramente , ela é usada em referência ao dom da graça , Cristo Jesus , que Deus deu a todos os homens (R m 5 .1 5 ,1 6 ). E m segundo lugar, a referência aos dons que Deus outorgou ao povo de Israel (R m 1 1 .2 9 ). Em terce iro lugar, uma capacidade especial que Deus deu a um membro da igreja para que seja usado no ministério (R m 1 2.6). E um e junto àqueles que veem aqui o terceiro sentido . A expressão charismapeneumatikon é a mesma encontrada nos capítulos 12 a 14 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, onde a referência é aos dons espirituais. Não há dúvida de que aqui essa expressão tem significação similar ao encontrado ali. Muitos intérpretes, quando leem as cartas de Paulo, as leem com os óculos da cultura onde vivem . Não se dão conta do contexto espiritual da igreja do primeiro século . A igreja de Roma, como foram todas as outras do Novo Testamento , era filha do Pentecostes. Ela entendia a linguagem do apóstolo sobre os carismas do Espírito porque também os vivenciava . Paulo queria naquela visita compartilhar os frutos de sua experiência com Deus e da mesma forma queria se sentir abençoado com aquilo que Deus também havia feito na vida daqueles crentes. Há muita gente criticando experiências espirituais sem nunca as ter vivido .
Romanos 1.16,17
 Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.

A Graça que não Decepciona

 “Porque não me envergonho do evangelho..." (1.16,17).

 Em seu célebre comentário d e Romanos , o expositor bíblico C . E . B. Cranfield observa que a forma “ negativa em que Paulo se exprime deve ser explicada não como exemplo de atenuação (significando que ele , Paulo, está orgulhoso do evangelho ), mas como refletindo o seu sóbrio reconhecimento do fato de que o evangelho é algo de que , neste mundo , os cristãos serão constantemente tentados a envergonhar-se. (Podemos cf. M c 8 .3 8 ; L c 9 .2 6 ; 2 T m 1.8.) A presença desta tentação como característica constante da vida cristã é inevitável, não só por causa da contínua hostilidade do mundo para com Deus, mas também por causa da natureza do próprio evangelho , o fato de que Deus (porque Ele determinou deixar espaço aos homens para tomarem decisão pessoal livre , em vez de compeli-los) interveio na história para a salvação dos homens, não com poder e majestade manifestos, mas de maneira velada , era destinado a ser visto pelo mundo como fraqueza e insensatez . is ” .9
 Essa, evidentemente, é a graça que não decepciona. A graça de Deus não é motivo para vergonha nem tampouco envergonha ninguém . Todavia, há algo por aí se passando por “graça” que não tem graça alguma. Essa “graça ” , além de envergonhar o evangelho , está produzindo grandes escândalos. Todo tipo de aberração ética, teológica, comportamental e até mesmo espiritual estão sendo justificados por essa suposta graça. E uma graça que não tem graça. Quando a graça perde a graça, ela já não é mais graça, mas uma desgraça. A propósito , a palavra grega traduzida aqui com o “envergonhar” é epaischynomai, que é formada pela junção da preposição epi e o verbo aiscbyno. A palavra composta tem seu sentido intensificado, significando desonrado, desgraçado. Em outras palavras, refere-se a alguém que caiu em desgraça ou que foi desonrado . Ao colocar a negativa “não ” antes desse vocábulo, Paulo diz que se sente honrado pela mensagem que abraçou. Ela não o decepciona.

 “... é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (1,16).

O evangelho é motivo de honra, e é muito mais. O evangelho é o poder de Deus que traz salvação a todo que crer. “Poder” traduz o termo grego dynamis, de onde provém o nosso vocábulo dinamite, Essa palavra é usada 120 vezes no Novo Testamento e significa capacidade para executar. E uma referência à habilidade de Deus no processo da salvação.
 O propósito dessa “explosão ” do evangelho é salvação dos homens. O significado da preposição grega eis (para) tem o sentido de “tendo em vista a ” , mostrando o propósito do evangelho . Ele é de fato o poder de Deus, mas não é um poder que busca o engrandecimento do homem , mas a glória de Deus. Infelizmente muitos parecem não saber disso e não se deixam usar pelo evangelho , mas em vez disso fazem uso do poder do evangelho para se auto promoverem . Buscam as suas próprias glórias e realizações.

Ao afirmar que o evangelho é o poder de Deus, o apóstolo tem em mente mostrar a razão do envio de sua carta aos romanos. Já tendo feito as cordialidades costumeiras que eram comuns nesse tipo de correspondência pessoal, ele a gora introduz o assunto do qual passará a tratar a seguir. Ele vai explicar como a graça de Deus, objetivando a salvação de todos os pecadores perdidos, se manifestou de forma mais que abundante na pessoa bendita de Jesus Cristo. No dizer do poeta:


 A graça de Deus revelada
Em Cristo Jesus, meu Senhor,
Ao mundo perdido é dada
Por Deus d ’infinito favor.
Graça, graça, A mim basta a graça de Deus: Jesus;
Graça, graça,
A graça eu achei em Jesus.
A graça de Deus é mais doce,
Do que bens terrestres daqui;
Em gozo m eu choro tornou -se
Correndo Sua graça pra mim .
Mais alta que nuvens celestes,
Mais funda que pro fundo mar,
A fonte da vida fizeste,
Na qual nos podemos fartar.
A graça de Deu s hoje prova
Tu que vives na perdição ,
Pois Ele te salva, renova,
Também limpa teu coração .




*** Repare Que Paulo Pregava E Ensinava, Depois Abria Um Local De Culto, Depois Colocava Alguém (Ancião - Obreiro ) Da Própria Região Para Dirigir Aquela Nova Igreja E Depois Partia Para Outro Local Para Abrir Uma Nova Igreja; Devemos  Aprender  Com A Bíblia A Fazer Missões.



 
Paulo de Tarso - Principal Missionário e Pregador do Evangelho durante a igreja primitiva

2 a.C.
Nasce em Tarso, na Cilícia (At.9:11; 21:39; 22:3). Era de puro sangue judaico, da tribo de Benjamin (Rm.11:1; Fp.3:5). Na infância é levado à Jerusalém para sr instruído por Gamaliel (At.22:3)
-
Durante a juventude, estudou filosofia grega em Tarso. Após ter trabalhado como fabricante de tendas, entra para o exército romano????????
36
Lidera o exército romano ou sacerdotal do templo na perseguição contra os cristãos?????????. Participa do Martírio de Estevão e segue para Damasco.
37
Converte-se ao cristianismo quando ia à Damasco para prender cristãos. Tem uma visão de JESUS e fica cego por alguns dias, até que Ananias ora lhe impondo as mãos para curá-lo (Atos 9:1-19). Posteriormente tem seu nome mudado de Saulo (grande) para Paulo (pequeno).
45-48
Inicia sua 1ª viagem missionária, pregando por toda Ásia Menor.
49-52
 Inicia sua 2ª viagem missionária. Funda comunidades cristãs na Cilícia, na Galácia e na Grécia.
49 ou 52
Escreve a Epístola aos Gálatas.
51
Escreve as duas Epístolas aos Tessalonicenses.
53-58
Inicia sua 3ª Viagem Missionária.
55-57
Durante a 3ª Viagem Missionária, estabelece-se em Éfeso. Combate a adoração a deusa Diana. É expulso da cidade por comerciantes do templo de Diana.
57-58
Durante Os Primeiros Dias Do Ano 57 A. D., Ele Ditou A Seu Amigo Tércio - Cristão Posto Às Suas Ordens Talvez Por Seu Hospedeiro Gaio, Para Servir-Lhe De Secretário - Uma Carta Destinada Aos Cristãos Romanos. Esta Carta Visava Prepará-Los Para A Sua Visita À Cidade E Explicar A Finalidade Da Mesma. E Julgou De Bom Alvitre, Ao Escrevê-La, Oferecer-Lhes Uma Completa Exposição Do Evangelho Como Ele O Compreendia E O Proclamava. Depois Escreve a 1ª Epístola aos Coríntios.
58
Prega na região da Macedônia, visita novamente comunidades cristãs de Filipos e Corinto.
58
Escreve a 2ª Epístola aos Coríntios.
58
É preso em Jerusalém por estar pregando a ressurreição de CRISTO. Sofre complô dos Fariseus e dos Saduceus, no templo onde fazia votos, por conselho dos apóstolos.
58
É transferido de Cesaréia para a prisão em Roma.
58-59
Durante a viagem sofre um naufrágio no Mar Mediterrâneo.
60
Já em Roma, escreve na prisão domiciliar as Epístolas aos Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemom.
64
Escreve a 1ª Epístola a Timóteo.
65
Escreve a Epístola a Tito.
67
Escreve a 2ª Epístola a Timóteo.
67
Possível liberdade temporária de Paulo (podendo ter pregado na Espanha ou não), depois sua condenação à morte em Roma, seu martírio.
 
 
http://www.historiadaigreja.rg3.net
Editora Vida Nova e Mundo Cristão - Livro Romanos, Introdução e Comentários - Autor F.F.Bruce - Série Cultura Bíblica

 

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