quarta-feira, 23 de março de 2016

LIÇÃO 13: O Destino Final dos Mortos






Capítulo 13

O Destino Final dos Mortos
                “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43)

Um velho pastor encontrou uma jovem, estudante de Medicina, filha de um amigo seu, já falecido, e lhe perguntou:
- Com o vai jovem?
- Vou bem, obrigada.
- O que está fazendo, agora? Estudando?
- Sim - respondeu ela.
- E depois dos estudos, o que pretende fazer?
- Bem, depois vou procurar exercer minha profissão. É o meu sonho.
- Sim - continuou o pastor. - E depois?
- Pretendo me casar, ter um lar, uma família...
O velho pastor insistiu, aproveitando para transmitir uma mensagem:
- E depois que tiver um lar, família, o que vai fazer?
- Ah, pretendo me aposentar e viver minha velhice - ela respondeu
já com certa inquietação.
Mas o pastor não terminou o diálogo e indagou:
- E depois?
A jovem, já pensativa, respondeu rapidamente:
- Bom, depois deve vir a morte.
- E depois da morte, jovem, o que você acha que vai acontecer?
Ela parou, pensou, e respondeu:
- Bem, depois da morte não sei de nada. Só Deus sabe.


O diálogo acima termina num ponto em que o ser humano não tem respostas conclusivas. O que será depois da morte? Já vimos, no capítulo 5, que os salvos que estiverem nos túmulos, na vinda de Jesus, ressuscitarão em corpo glorioso (Fp 3.21), e irão ao encontro do depois da morte e antes da ressurreição, os salvos não irão direto para os céus, a habitação de Deus. Neste estudo, veremos que eles vão para um “lugar intermediário”, onde aguardarão a primeira ressurreição (Ap 20.6). O que acontece com os salvos, nesse lugar de espera? Veremos a seguir, nas próximas linhas deste estudo. E o que acontece com os mortos, que passam para a eternidade, sem salvação? Essas perguntas são intrigantes. As religiões não cristãs dão respostas estranhas, absurdas e heréticas, levando muitos a imaginar que não haverá juízo para os ímpios nem recompensas para os salvos, e outras ensinam que o homem reencarna para viver em outros corpos e salvar a si mesmo. Porém, a Bíblia, a revelação de Deus para o mundo, tem todas as respostas.

I - O Estado Intermediário

1. Definição

 E o estado entre a morte física e a ressurreição, tanto dos salvos como dos ímpios. Com o não poderia ser diferente, os salvos terão um destino diverso dos ímpios. “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29; Dn 12.2). A Bíblia abre o véu da eternidade, em poucas referências, e nos permite vislumbrar o que espera o salvo e o perdido após a morte física.

2. Conceitos

Alguns termos devem ser anotados para a compreensão do assunto.
 1) “Sheol é um termo hebraico que às vezes significa indefinidamente tumba, ou lugar ou estado dos mortos; e outras vezes definidamente, um lugar ou estado dos mortos em que existe o elemento de miséria e castigo, mas nunca um lugar de felicidade ou bem-aventurança depois da morte.” No Novo Testamento Sheol é traduzido por Hades. Normalmente, o hades é visto como um lugar destinado aos ímpios; Deus livra o justo do Sheol, ou da sepultura (SI 49.15); o Sheol (inferno) é lugar de punição para os ímpios (cf. SI 9.17).

2) Lugar de dois compartimentos. O Sheol tem sido interpretado como um lugar dividido em dois compartimentos: um para os ímpios, e outro, para os salvos. Mas, segundo Horton, isso se deve, possivelmente, à influência de ideias gregas e também porque Jacó, de luto, falou em descer ao Sheol ao encontro de José. Mais tarde, os judeus, considerando Jacó e José justos, raciocinaram que tanto os justos quanto os ímpios iam para o Sheol. Assim, concluíram que deveria haver um lugar especial no Sheol para o justo”.1 Segundo Horton, “Na verdade, não há nenhuma passagem no Antigo Testamento que torne claramente indispensável dividir o Sheol em dois compartimentos - um para punição e outro para bênçãos”.2

3) “Hades é uma palavra grega que significa o mundo invisível dos espíritos idos [...] representa sempre o mundo invisível como sob 0 domínio de Satanás e como em oposição ao Reino de Cristo”. É o mesmo que Sheol, do hebraico.

 4) “Paraíso. Palavra de origem persa, significa um parque ou jardim de prazer. Foi usada pelos tradutores da Septuaginta para significar o jardim do Éden (Gn 2.8). Aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Lc 23.43; 2 Co 12.4; Ap 2.7), e o contexto demonstra que está em relação com o ‘terceiro céu’, no qual cresce a árvore da vida - referindo-se necessariamente todas estas passagens a uma vida que se segue após a morte”.

3. O Lugar dos Mortos

René Pache entende, no entanto, que o ensino sobre o lugar dos mortos (“le séjour dês morts”), dividido em duas partes, conforme criam os judeus, tem razão de ser. Baseia-se em Lucas 16, no texto que se refere a Lázaro e ao rico, procurando demonstrar que ambos estavam no lugar dos mortos. Lázaro, no “Seio de Abraão”, que corresponde ao Paraíso, que é lugar de espera, antes da primeira ressurreição, dos justos, e o rico, no Hades, que é lugar intermediário de espera pelo julgamento final. Diz esse autor francês que “está claro que o estado atual dos mortos, crentes e ímpios, é provisório. Uns, desde o pre­sente, estão em repouso e felicidade, diante de Deus, esperando a ressurreição e o reino na eternidade. Outros, os ímpios, estão na prisão preventiva, esperando o julgamento final e o inferno definitivo”.4

 Entretanto, os santos do Antigo Testamento não estavam sem esperança. O Santo de Deus, o Messias, desceria ao Sheol; o povo de Deus seria redimido do Sheol (SI 16.10; 49.15). Essa profecia cumpriu-se quando Cristo, após sua morte, desceu ao mundo inferior dos espíritos finados (Mt 12.40; Lc 23.42,43) e libertou do Sheol os santos do Antigo Testamento, levando-os consigo para o Paraíso celestial (Ef 4.8-10). Essa passagem parece indicar que houve uma mudança nesse mundo dos espíritos, e que o lugar ocupado pelos justos que aguardam a ressurreição foi trasladado para as regiões celestiais (Ef 4.8; 2 Co 12.2). Desde então, o espírito dos justos sobe para o céu e o espírito dos ímpios descem para a condenação (Ap 20.13,14).5 Essa é visão mais aceita no meio evangélico em geral. Há quem não a aceite, como Horton e outros.
Compartilhamos da interpretação de René Pache, de que existe um lugar dos mortos salvos e um lugar para os ímpios falecidos. Na verdade, talvez não seja apropriado falar-se de lugar físico, mas de estado ou situação dos mortos. Nesse “lugar”, ou nessa situação, há dois “compartimentos” diferentes, opostos um ao outro. Um chamado Paraíso, que está nas regiões celestiais, “para cima” (Pv 15.24 a ), que serve de “lugar de espera” para os justos, que aguardam a primeira ressureição, quando irão ao encontro de Cristo para viverem eternamente com Ele. E outro chamado Hades, “para baixo” (Pv 15.24b), que serve de “lugar de espera” para os ímpios, que aguardam a “segunda ressurreição”, quando irão para o juízo do trono branco, o Juízo Final, para receberem o castigo por suas obras e serem lançados definitivamente no inferno (cf. SI 9.17). Note-se que o rico, no Hades, “ergueu os olhos”, e viu Lázaro ao longe (em cima), no “Seio de Abraão” (Paraíso). Para o Pr. Elienai Cabral, depois do Calvário, “Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos [...] Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades (Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do ‘Paraíso’ foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando-se completamente das ‘partes inferiores’, onde continuam os ímpios mortos. Somente os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final, quando esse estado temporário se acabará, e viverão para sempre com o Senhor num corpo espiritual ressurreto”.6 Devemos ter em mente que, mesmo sem entender toda a realidade do mundo espiritual, pois agora só conhecemos “em parte” (1 Co 13.9), o mais importante é estar em comunhão com Cristo, para que, seja pela morte, seja pelo arrebatamento, possamos estar com Ele na eternidade.

II - A S it u a ç ã o d o s M o r to s

A Bíblia nos mostra que os ímpios, depois da morte física, antes da segunda ressurreição (Ap 20.6), irão para um lugar chamado Hades. O texto de Lucas 16 nos dá algumas pistas do além, na parábola do rico e de Lázaro. Ambos foram sepultados. Aqui, o destino do corpo morto é o pó (cf. Ec 12.7). Mas a diferença entre o ímpio e o justo, no fim da vida, é o destino diferente de um e de outro, quando passam para o outro lado da vida.

1. O Estado Intermediário dos Salvos

 Diz René Pache: Impossível imaginar um contraste mais completo. O crente merecia a mesma condenação; mas, havendo-se humilhado diante de Deus, colocou sua confiança naquele cuja morte o livrou das conseqüências do pecado. Além disso, a morte não é mais para ele a rainha do terror. E escapou do império da morte no dia em que nasceu de novo . Na parábola do rico e de Lázaro (Lc 16), vemos, também, o estado intermediário do salvo.

1) O justo é “levado pelos anjos” (v. 22)”. Que privilégio, que honra têm os salvos ao morrer; são recepcionados e escoltados por anjos.

2) O justo é levado ao Paraíso (“seio de Abraão”). O salvo é levado ao Paraíso, como o ex-ladrão da cruz. Jesus lhe disse: “[...] hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.42,43); “O espírito e a alma, que deixaram o corpo, são 'depositados no lugar que lhes foi preparado, para aguardarem a ressurreição”.9

3 ) É Jesus quem recebe o espírito dos justos, após a morte, como se lê no caso de Estêvão (At 7.59). Para espanto dos ímpios, eles verão Jesus receber gloriosamente os salvos e lavados no sangue de Jesus.

4) Os justos estão vivos, e mantêm sua identidade pessoal, sua personalidade e consciência. Moisés, tendo sido sepultado por Deus, aparece, falando com Jesus, no monte da transfiguração (Mt 17.3; Lc 9.30-32), ao lado de Elias, que foi arrebatado. Note-se que são os mesmos nomes: Moisés e Elias. “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Lc 16.22; ver 1 Ts 5.10; Rm 8.10; Ap 6.9-11).

5) O justo, após a morte, é consolado (v. 25b). “e, agora, este é consolado”.

6) Os mortos salvos estão “em Cristo” (1 Ts 4.16). no Senhor (Ap 14.13); não estão a mercê de médiuns, feiticeiras para receber consulta mediante dinheiro; Deus cuida dos que sofreram perseguições.

7) Os justos que morrem são bem-aventurados (Ap 14.13a) e adoram a Deus (Ap 14.2,3; 15.3).

8) Os justos descansam de “seus trabalhos” (Ap 14.13; 6.11). Em vida, quantos crentes lutam tanto, sofrem tanto, batalhando para serem fiéis a Deus. Mas, depois da morte, terão pleno descanso de sua vida trabalhosa.

 9) As “suas obras” os seguem (Ap 14.13). Ao morrer, os pobres não levarão seus trastes; os ricos, milionários ou magnatas deixarão tudo para trás. Mas as obras dos salvos terão valor na eternidade, não para salvação, mas para serem recompensadas pelo Justo Juiz.

 10) Para o salvo, a morte é um ganho. “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Paulo tinha o “desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23 - grifo nosso).

2. O Estado Intermediário dos ímpios

 Acerca do lugar (ou estado) dos ímpios após a morte, diz Horton: “No Antigo Testamento, o lugar da vida após a morte para os ímpios é, na grande maioria das vezes, chamado Sheol (geralmente traduzido por ‘inferno’ ou ‘sepultura’)”.10 Segundo as interpretações mais comuns, os ímpios hão de esperar a segunda ressurreição para serem julgados e enviados para o inferno, como destino final de suas almas (SI 9.17). Mas, entre a morte física e a ressurreição fatura, depois do Milênio, os ímpios estão no Hades, lugar intermediário, onde aguardam seu julgamento final, para serem enviados para o inferno. O texto bíblico de Lucas 16 nos mostra detalhes importantes acerca do Hades e das pessoas que para lá são enviadas.

1) O Hades é um lugar “embaixo”, ou oposto ao céu (“seio de Abraão”): o rico “ergueu os olhos”, vendo “ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio” (v. 23); “Para o sábio, o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo” (Pv 15.24; ver Pv 5.5; 9.18).

2) Os ímpios sofrem. O rico ímpio estava em “tormentos” (v. 23); “E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (v. 24 - grifo nosso); eles estão “em prisão” (1 Pe 3.19).

3) Os ímpios estão conscientes. Eles vêm o “seio de Abraão”, que corresponde ao Paraíso; o ímpio rico clamava ao “Pai Abraão”, e pedia socorro para seu tormento (v. 24); certamente, essa é a situa­ção mais terrível que um ser humano poderá experimentar, depois da morte. Os ímpios estão conscientes e lembram-se do que passaram na terra e dos que ficaram para trás (v. 25).

4) Eles não podem ser consolados por ninguém. “E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá” (v. 26); é o sofrimento eterno, longe de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador.

5) Aos ímpios “é impossível sair do lugar de seu tormento” (v. 26).11 Diz Eclesiastes: “[...] caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará” (Ec 11.3b).

6) Não têm oportunidade de se comunicar com os vivos. “Eles são inteiramente responsáveis por não haverem escutado a tempo as advertências das Escrituras” (w. 27-31).12


III - O Estado Final dos Mortos

1. A Ressurreição

Após passarem pelo “estado intermediário”, os mortos ressuscitarão, como já foi visto (Dn 12.2). Disse Jesus: “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29). Desse modo, há duas ressurreições.

 a) A primeira ressurreição. E a ressurreição dos salvos, na primeira fase da vinda de Jesus. Apocalipse nos mostra que é “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Ap 20.6). Essa é a ressurreição de que fala Daniel “para a vida eterna” (Dn 12.2), ou a dos “que fizeram o bem [...] para a ressurreição da vida” (Jo 5.29).

b) A segunda ressurreição. No Apocalipse, fica claro que haverá uma segunda ressurreição, que será para aqueles que passarão pela “segunda morte”, ou seja, os perdidos, os ímpios. (Ap 20.6). O salvo só morre uma vez (se não participar do arrebatamento da Igreja). O ímpio morre duas vezes: a morte física e a morte espiritual. Ressurgirão na “ressurreição da condenação”.

2. O Estado Final dos Salvos

Neste ponto, detemo-nos apenas no que acontecerá com os salvos, principalmente com os que estiverem mortos, na vinda de Jesus em glória, quando do arrebatamento da Igreja. Com o já foi visto, os salvos participam da “primeira ressurreição”. Após a ressurreição, os salvos vão para as Bodas do Cordeiro, passarão pelo Tribunal de Cristo e viverão com Deus por toda a eternidade. Esse é o destino final dos salvos. Alguns aspectos importantes devem ser considerados.

1) O Espírito Santo é quem ressuscitará os salvos.  Diz a Bíblia: E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11 - grifo nosso). A Palavra de Deus nos dá a garantia da ressurreição, pelo fato de Cristo haver sido ressuscitado por Deus, “pelo seu Espírito”.

2) O Corpo dos Salvos Ressuscitados. Há muita especulação sobre o que ocorrerá com o corpo mortal. Serão os mesmos corpos que foram sepultados? Para que o corpo ressuscitar, se é matéria? O espírito já não está no Paraíso? Para alguns crentes de Corinto, não haveria ressurreição dos mortos. Combatendo essa falsa crença, Paulo escreveu o texto de 1 Coríntios 15, que esclarece como será a ressurreição dos mortos salvos.

Paulo diz que se Cristo não ressuscitou, em seu corpo redivivo, “é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Co 15.14), e que, se isso é verdade, nós somos “falsas testemunhas de Deus”, quando pregamos a ressurreição, e, pior ainda, “os que dormiram em Cristo estão perdidos” (1 Co 15.18). Mas, para reafirmar o ensino verdadeiro sobre a ressurreição, o apóstolo, de modo eloqüente e firme, diz: “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem” (1 Co 15.20,21).

Após mostrar a vitória de Cristo sobre o império da morte, Paulo esclarece que “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomí­nia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual” (1 Co 15.42-44 - grifo nosso). Será um corpo com as características grifadas, incorruptível (que não pode mais morrer); um corpo glorioso, cheio de vigor, de natureza espiritual. Diz Horton: “Nossos corpos ressurretos serão os mesmos que agora possuímos, transformados de modo a se conformarem com a natureza glorificada do corpo de Jesus (Fp 3.21; 1 Jo 3.2)”.13 O corpo natural (gr. Psuchikon) será transformado num corpo espiritual (gr. Pneumatikon), semelhante ao de Jesus ressuscitado (cf. Fp 3.21). Será um corpo imortal (cf. 1 Co 15.53,54). O corpo que vai ressuscitar é o mesmo que foi sepultado no pó, ou destruído no mar, no fogo, ou em qualquer circunstância. O corpo dos salvos será transformado (1 C o 15.35-38).

3. O Estado Final dos ímpios

A Bíblia não fala muito a respeito da ressurreição corporal dos ímpios, que é a “segunda ressurreição”. Mas alguns versículos nos dão informações interessantes a respeito desse tema.
1) A segunda ressurreição ocorrerá após o Milênio. “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram (Ap 20.5).

2) Ressuscitarão para o julgamento final. Todos os ímpios terão que comparecer diante do trono branco (Ap 20.11). Na terra, já estão condenados (Jo 3.36).

3) Os ímpios terão um corpo capaz de suportar o fogo do inferno, para que experimentem o sofrimento eterno: melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mt 9.43,44 - grifo nosso). Certo comentarista bíblico diz que os ímpios ressuscitarão em “corpos abetos” (imundos, vis, desprezíveis) para comparecerem diante do trono branco. Na verdade, a Bíblia não informa sobre o corpo dos ímpios na “segunda ressurrei­ção” para julgamento e condenação.

4) Os ímpios ceifarão a corrupção. “Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção” (G1 6.8a).

5) Ressuscitarão para opróbrio: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2 - grifo nosso).

6) Eles ressuscitarão de onde tiverem sido mortos: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia” (Ap 20.13).

7) Serão lançados no inferno. Diz a Palavra de Deus: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus (SI 9.17). O destino dos ímpios é o inferno, o lugar de sofrimento eterno, reservado aos ímpios. A Bíblia usa o termo gehena , que se referia ao “vale de gé-Hinom”, que vai do oeste ao sul de Jerusalém, onde se colocava o lixo da cidade, e queimava todos os dias; é uma figura do inferno; será um lugar de “nas trevas exteriores” (Mt 22.13); “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15; SI 9.17). A Bíblia mostra aspectos terríveis daquele estado final.

8) O que os ímpios experimentarão no inferno. Ali, é o destino final dos que, ao longo da História, ignoraram a Deus e dos que rejeitaram a Cristo como Salvador.

 (a) O sofrimento será terrível. “[...] ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 22.13b; 25.30); será um lugar de “indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade” (Rm 2.8); “tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego (Rm 2.9);

(b) E comparado a uma “fornalha de fogo” (Mt 13.42, 50); não será um fogo de oxigênio, mas um “fogo” de caráter diferente, desconhecido dos homens e da Física; no inferno, a pessoa sofre, mas não morre: “[...] no fogo do inferno, onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.47,48);
(c) E o lugar da “perdição” eterna (Mt 7.13); é o lugar de castigo eterno (Mt 25.46).

(d) E o lago de fogo. “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15); Os ímpios farão companhia ao Diabo, ao Anticristo e ao Falso Profeta (Ap 20.10; 21.8). Devemos entender que a linguagem humana, “fogo”, “lago”, etc., é a forma de Deus comunicar-nos a ideia do que vai acontecer. Na eternidade, no mundo espiritual, os elementos não são materiais, mas de caráter totalmente diferente do que vemos aqui na Terra;
 (e) Os ímpios sofrerão “vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2). Como resultado da vingança do Senhor, Jesus virá “como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição” (2 Ts 1.8,9 - grifo nosso). (/)

(E ) É lugar de retribuição pelas obras do pecado (2 Co 11.15; 1 Ts 4.6; Ap 18.6); os salvos serão recompensados, no Tribunal de Cristo, por suas obras; os ímpios, que deram as costas para Deus, e praticaram todo tipo de pecados, também serão retribuídos com castigo eterno por tudo o que fizeram de mal.

Segundo René Pache, “através de todas as expressões bíblicas domina a ideia de que os pecadores impenitentes serão eternamente separados de Deus. A melhor definição do inferno nos parece a que é dada por 2 Ts 1.9: ‘os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder’. A vida eterna é o conhecimento da presença de Deus. A morte eterna , a segunda morte, é a separação definitiva de Deus”.14

III - Ideias Errôneas a cerca do Estado Intermediário

1. O Purgatório

 A Igreja Católica prega que há o Purgatório, lugar por onde os fiéis, mesmo que não vivam em corrupção, têm que passar, para purgar os pecados chamados “veniais”. Diz Strong: “Segundo a doutrina da Igreja Católica Romana, ‘todos que morrem em paz com a igreja, mas não são perfeitos, passam pelo purgatório’. Aqui, eles fazem a satisfação pelos pecados cometidos após o batismo através do sofrimento por um tempo maior ou menor segundo o grau de sua culpa”.15 Mas a Bíblia não autoriza essa doutrina em qualquer de seus livros. Essa ideia foi aceita por volta do século XII, e posta em prática após o Concilio de Trento, no século XVI.16

2. O Sono da Alma

Os Adventistas do Sétimo Dia ensinam que as pessoas, após a morte física, passam a um estado chamado “sono da alma”, na sepultura (hades); tomam ao pé da letra textos como o de Mateus 9.24, e João 11.11, que dizem que Lázaro dormia, bem como a filha de Jairo; Paulo também usa essa figura para a morte (1 C o 15.6,18,20,51; 1 Ts 4.13-15; 5.10). Essa ideia pode ser refutada pela Bíblia, pois Abraão, Isaque e Jacó, que morreram e foram sepultados, encontram-se plenamente vivos e conscientes, cf. Mt 22.32; o texto de Lucas 16 desmente tal crença, pois se vê o rico plenamente consciente* pedindo ajuda ao Pai Abraão. Eles dizem que se trata apenas de uma parábola. Mas, na realidade, observa-se que o texto reflete a realidade após a morte, do ímpio e do justo. O ex-ladrão da cruz, ao crer em Cristo, ouve do Senhor a palavra de que “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.42,43), e não de que estaria “dormindo”. Em Eclesiastes, lemos que o corpo volta ao pó, e o espírito volta a Deus, que o deu (Ec 12.7).

3. Reencarnação

 O espiritismo ensina que, após a morte, ocorre a reencarnação. Os espíritas e os adeptos de diversas religiões orientais (Hinduísmo, Budismo, etc.) pregam que existem oito esferas, pelas quais os espíritos devem passar para se purificarem. Ensinam a reencarnação dos mortos, que recebem outra identidade, podendo reencarnar como seres humanos, animais, plantas ou como um deus! Acreditam que existe o “carma”, que se constitui no processo de purificação espiritual, através das diversas pretensas reencarnações. “Na índia, acreditase que esse processo possa levar até seiscentas mil reencarnações”.17

A Bíblia condena essa crença herética. Disse Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” 0 o 5.24 - grifo nosso). Nesse texto, os verbos estão no presente; Jesus não deu a mínima ideia de que alguém seria salvo após a morte, nem após milhares de pretensas reencarnações (ver 2 Co 6.2; Rm 8.1 e refs.). Ensinam também os espíritas, que os mortos comunicam-se com os vivos, através dos “médiuns”. Deus proíbe tal prática (Lv 19.31; 20.6, 7; Dt 18.9-12; Is 8.19-22). Na parábola do rico e de Lázaro, vemos que não é permitida a comunicação dos vivos com os mortos (Lc 16.27-30).


4. Casos que Suscitam Dúvidas


1) Como ficarão os bebês que morrerem? Essa é uma pergunta curiosa, que muitos têm feito mundo afora. Quase não se fala ou se escreve a respeito disso. Mas Horton atreve-se a afirmar: “Estejamos certos de que as crianças e os bebês que morrem também serão transformados, trazidos à completa estatura física e espiritual de Cristo, da qual todos nós miraculosamente tomaremos parte. [...] Não há nada na Bíblia que diga que os bebês estejam excluídos desse evento. A vida, incluindo a vida dos bebês que foram abortados, é algo colocado por Deus, e Ele sabe levá-la à perfeição. Ademais, como René Pache ressalta, ‘a Bíblia não faz nenhuma descrição de crianças brincando nos pátios do céu’”. Quanto às crianças, enquanto não chegam à idade da razão, cremos que as mesmas, ainda que sejam filhas de descrentes, são salvas, pois “das tais é o Reino de Deus” (Mc 10.14). A Bíblia não fala nada quanto aos bebês e os abortivos, mas aceitamos como consistente a interpretação de Horton.

 2) Como ficam os que nunca ouviram falar do evangelho uma pergunta para a qual a Bíblia não dá uma explicação ampla e clara. Diz a Palavra de Deus: “As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Esse tema faz parte das “coisas encobertas”, que ficam no âmbito do conhecimento exclusivo de Deus. Mas há algumas indicações na Bíblia sobre o assunto. Paulo diz: “[...] para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu cora­ ção, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.11-15 - grifo nosso). O texto nos informa:

a) “Para com Deus não há acepção de pessoas” (v. 11). Logo, ninguém deixará de ser julgado por Deus. Os que nunca ouviram o evangelho também serão julgados. Mas não podemos dizer sob que critérios serão julgados.

 b) “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão jidgados” (v. 12). Mesmo que tenham vivido sem o conhecimento da lei ou da vontade de Deus, eles “sem lei também perecerão”; numa versão, está escrito: “sem lei serão julgados”. Como será esse julgamento só a Deus cabe decidir.

c) Há uma lei interior-a lei da consciência (w. 13-15). “[...] os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração”; de alguma forma, o interior do homem registra o seu comportamento, seus atos, ações e atitudes, pelos quais Deus os julgará; essa “lei” testifica “juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusandoos, quer defendendoos”.

d) Deus julgará os segredos dos homens (v. 16). Certamente, as coisas que estão ocultas no íntimo dos homens, mas vistas por Deus, não escaparão ao seu julgamento “segundo a reta justiça” (Jo 7.24). “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25).

O final de todas as coisas – capítulo final




CAPÍTULO XI: AS ÚLTIMAS COISAS

"Assim diz o Senhor... Eu sou o primeiro, e eu sou o último..." (Isa.44:6).
Deus já escreveu, tanto o primeiro como o último capítulo da história de todas as coisas. No livro de Gênesis lemos acerca da origem de todas as coisas do universo, da vida, do homem, da sociedade humana, do pecado e da morte. Nas Escrituras proféticas, mui especialmente no livro do Apocalipse, revela-se como essas coisas alcançarão seu alvo máximo e a consumação. Muitos, como Daniel, perguntam assim: "Qual será o fim dessas coisas?" (Dan. 12:8). Somente Deus pode responder à pergunta e a resposta se encontra nas Escrituras.

I. A MORTE

A morte é a separação da alma do corpo pela qual o homem é introduzido no mundo invisível. Essa experiência descreve-se como "dormir" (João 11:11; Deut. 31:16), o desfazer da casa terrestre deste Tabernáculo (2Cor. 5:1), deixar este tabernáculo (2Ped. 1:4), Deus pedindo a alma (Luc. 12:20), seguir o caminho por onde não tornará (Jo 16:22), ser congregado ao seu povo (Gên. 49:33), descer ao silêncio (Sal. 115:17), expirar (Atos 5:10), tornar-se em pó (Gên.3:19), fugir como a sombra (Jo 14:2), e partir (Fil. 1:23).

A morte é o primeiro efeito externo ou manifestação visível do pecado, e será o último efeito do pecado, do qual seremos salvos. (Rom. 5:12; 1Cor. 15:26.) O Salvador aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho, (1Tim. 1:10.) A palavra "abolir" significa anular ou tornar negativo. A morte fica anulada como sentença condenatória e a vida é oferecida a todos. Entretanto, embora a morte física continue
a manifestar-se, ela torna-se uma porta que conduz a vida para aqueles que aceitam a Cristo.

Qual a conexão entre a morte e a doutrina da imortalidade? Há dois termos, "imortalidade" e "incorrupção" que se usam em referência à ressurreição do corpo, (1Cor. 15:53,54.) A imortalidade significa não estar sujeito à morte, e nas Escrituras emprega-se em referência ao corpo e não à alma (embora esteja implícita a imortalidade da alma. Mesmo os cristãos estão sujeitos à morte por serem mortais os seus corpos. Depois da ressurreição e do arrebatamento da igreja, os cristãos desfrutarão da imortalidade. Isto é, receberão corpos glorificados que não estarão sujeitos à morte.
Os ímpios também serão ressuscitados. Mas isso quer dizer que desfrutarão dessa imortalidade do corpo? Não; sua inteira condição é a de morte, e separação de Deus. Embora tenham existência, não gozam de comunhão com Deus e nem da glorificação do corpo, a qual realmente constitui a imortalidade. Conscientemente existirão numa condição de sujeição à morte. A sua ressurreição não é a "ressurreição da vida", mas a "ressurreição para a condenação" (João 5:29). Se a "imortalidade", à qual se referem as Escrituras, se referisse ao corpo, como se justificaria a referência à imortalidade da alma? Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a morte é a separação do corpo e da alma; o corpo morre e volta ao pó, a alma ou o espírito continua a existir conscientemente no mundo invisível dos espíritos desencarnados.

Assim o homem é mortal, estando o seu corpo sujeito à morte, embora seja imortal a sua alma, que sobrevive à morte do corpo.
Qual a distinção entre imortalidade e vida eterna? A imortalidade é futura (Rom. 2:7; 1Cor. 15:53,54), e refere-se à glorificação dos nossos corpos mortais na ocasião da ressurreição. A vida eterna refere-se principalmente ao espírito do homem: é uma possessão que não é afetada pela morte do corpo. A vida eterna alcançará sua perfeição na vinda de Cristo, e será vivida em um corpo glorificado que a morte não mais poderá destruir.
Todos os cristãos, quer vivos quer falecidos, já possuem a vida eterna, mas somente na ressurreição terão alcançado a imortalidade

II. O ESTADO INTERMEDIÁRIO.
Pela frase "estado intermediário" queremos dizer o estado dos mortos no período entre o falecimento e a ressurreição.

1. A opinião das Escrituras.
Deve ser observado que os justos não receberão sua recompensa final nem os ímpios seu castigo final, enquanto não se realizarem as suas respectivas ressurreições. Ambas as classes estão num estado intermediário, aguardando esse evento. Os cristãos falecidos vão estar "com o Senhor", mas não recebem ainda o galardão final. O estado intermediário dos justos descreve-se como um estado de descanso (Apo. 14:13), de espera e repouso (Apo. 6:10,11), de serviço (Apo. 7:15), e de santidade (Apo. 7:14). Os ímpios também passam para um estado intermediário, onde aguardam o castigo final, que se realizará depois do juízo do Grande Trono Branco, quando a Morte e o Hades serão lançados no lago de fogo. (Apo. 20:14.)

2. Opiniões errôneas.

(a) Purgatório. A Igreja Católica Romana ensina que mesmo os mais fiéis precisam dum processo de purificação antes de se tornarem aptos para entrar na presença de Deus. Também adotam essa opinião certos protestantes que, crendo na doutrina de "uma vez salvo, salvo para sempre", embora reconhecendo a palavra divina "sem a santidade ninguém verá o Senhor", concluem que haja um "purgatório" onde os crentes carnais e imperfeitos se purifiquem da sua escória. Esse processo, segundo dizem, realizar-se-á durante o Milênio enquanto os vencedores estão remando com Cristo. Todavia, não existem nas Escrituras evidências para tal doutrina, e existem muitas evidências contrárias a ela. Assim escreveu John S. Banks, erudito metodista: As Escrituras falam da felicidade intermediária dos mortos em Cristo. (Luc. 16:22; 23:3; 2Cor. 6:6,8.) Certamente os cristãos em geral, depois de longo tempo de crescimento na graça, estão tão aptos para o céu quanto o malfeitor penitente crucificado ao lado de Cristo, ou quanto
Lázaro mencionado na parábola. Também as Escrituras atribuem ao sangue de Cristo ilimitada eficácia. Se, de fato, as Escrituras ensinassem tal estado intermediário, diríamos que seu poder purificador seria originário da expiação de Cristo, corno dizemos dos meios de graça no estado presente; mas, uma vez que as Escrituras não ensinam tal doutrina, podemos apenas considerar esse estado como obra de super erro (mais do que o exigido, extra). Essa doutrina tenta prover o que já está amplamente provido. O Novo Testamento reconhece apenas duas classes de pessoas; as salvas e as não-salvas. O destino de cada classe determina-se agora, na vida presente, que é o único período probatório. Com a morte termina esse período probatório, seguindo-se o julgamento segundo as obras praticadas no corpo. (Heb. 9:27; 2 Cor. 5:10.)

(b) O espiritismo ensina que é possível alguém comunicar-se com os espíritos de pessoas falecidas, sendo essas comunicações conseguidas por meio dum "médium". Mas notemos:

1) A Bíblia proíbe, expressamente, consultar tais "médiuns"; a própria proibição indica a presença do mal e o perigo de tal prática. (Lev. 19:31; 20:6, 7; Isa. 8:19.) É inútil os espíritas citarem o exemplo de Saul, visto que esse desafortunado pereceu por ter consultado a feiticeira, (1Crôn.10:13.)

2) Os mortos estão sob o controle de Deus, o Senhor da vida e da morte, e, por conseguinte, não podem estar sujeitos aos médiuns. Vide, por exemplo, (Apo. 1:18; Rom. 14:9.) Os espíritas citam o caso da pitonisa que evocou o espírito de Samuel e o relato da aparição de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração. Mesmo que fosse Samuel que aparecera a Saul, seria por divina permissão, e o mesmo pode íamos dizer acerca de Moisés e Elias. A passagem que relata o caso do rico e Lázaro prova que aos mortos não é permitido comunicar-se com os vivos. (Luc. 16.)

3) Embora muitos fenômenos espíritas hajam sido provados fraudulentos, existe neles alguma realidade. Visto que os mortos não se podem comunicar com os vivos, somos obrigados a concluir que as manifestações espíritas são resultados de forças estranhas psíquicas ou que as mensagens têm sua origem em espíritos mentirosos e sedutores, (1Reis 22:22; 1Tim. 4:1.) Muitos dos que abraçam o espiritismo ou consultam médiuns são os que perderam sua fé cristã. Aqueles que crêem nas Escrituras gozam de suficiente luz para iluminar as regiões do além túmulo.

(c) Sono da alma. Certos grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia, crêem que a alma permanecerá num estado inconsciente até à ressurreição. Essa crença, conhecida como "sono da alma", é também adotada por indivíduos em outros grupos religiosos. É verdade que a Bíblia descreve a morte como um sono, mas isso em razão de o crente, ao falecer, perder a consciência para com o mundo cheio de fadiga e sofrimento e acordar num reino de paz e felicidade. O Antigo Testamento ensina que, embora o corpo entre na sepultura, o espírito que se separou do corpo entra no Seol (traduzido "inferno" na versão de Almeida), onde vive em estado consciente. (Vide Isa. 14:9-11; Sal. 16:10; Luc. 16:23; 23:43; 2Cor. 5:8; Fs. 1:23; Apo. 6:9.)

IV. A VIDA FUTURA.

2. Ensino do Novo Testamento.

O Novo Testamento reconhece a existência no além túmulo, na qual a vida espiritual continua sob novas e melhores condições. Entrar nessa vida é o supremo alvo do homem. (Mar. 9:43.) Aceitando o próprio Cristo, o crente já na vida presente passou da morte para a vida. (João 3;36.) Isso, entretanto, é somente o princípio; sua plenitude pertence à existência que começa com a "ressurreição da vida". (João 5:29.) Existe uma vida vindoura (1Tim. 4:8); agora está oculta, mas se manifestará quando Cristo, que é nossa vida, aparecer (Col. 3:4). Cristo dará a coroa da vida prometida àqueles que o amam (Tia. 1:12). Mesmo o estado dos que faleceram em Cristo é algo melhor do que a presente vida nele (Fil. 1:21). Mas a plenitude de vida, qual terra da Promissão, e o seu direito de primogenitura como filhos de Deus, serão revelados na vinda de Cristo. (Rom. 8:17; Gál. 4:7.) A morte física não pode interromper a comunhão entre o cristão e seu Senhor. "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá (João 11:25,26). Com essas palavras Jesus assegurou a Marta e Maria que seu irmão não havia perecido, mas estava seguro. Com efeito, Jesus dizia o seguinte: "Eu amava vosso irmão e com ele tive doce comunhão. Compreendendo quem eu sou, lembrando o meu poder, pensais que eu permitiria à morte interromper essa comunhão, que para nós ambos era uma grande delicia?" Existem muitos argumentos formais a favor da imortalidade. Mais do que a lógica fria o que mais satisfaz é justamente saber que estamos em comunhão com Deus e com o seu Cristo.

Vamos imaginar o caso dum crente fiel que durante muitos anos gozou de preciosa comunhão com o Filho de Deus, ouviu sua voz e sentiu sua presença. Agora que ele está prostrado no leito de morte ouviremos então o Filho de Deus dizer-lhe: "Andamos juntos, gozamos de doce comunhão, mas chegou a hora do eterno adeus"? Não, assim não aconteceria! Aqueles que estão "em Cristo" (1Tess. 4:14-17) não podem ser separados dele nem pela vida e
nem pela morte (Rom. 8:38). Para aquele que viveu conscientemente na presença de Cristo, ser separado de Cristo pela morte é coisa impossível. Para aqueles que estão unidos ao amor de Deus, é inconcebível separar-se desse amor para entrar num estado do nada e desolação. Cristo diz a todos os crentes: "Está Lázaro, está alguém, unido a mim? Ele confia em minha pessoa? Tudo que sou e todo o poder que em mim reside operarão em sua vida. Teu irmão está unido a mim pelos laços da confiança e do amor, e visto que eu sou a Ressurreição e a Vida, esse poder operará nele."

VI. O DESTINO DOS ÍMPIOS.

1. O ensino bíblico.

O destino dos ímpios é estar eternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte. Devido à sua natureza terrível, é um assunto diante do qual se costuma recuar; entretanto, é necessário tomar conhecimento dele, pois é uma das grandes verdades da divina revelação. Por essa razão o manso e amoroso Cristo avisou os homens dos sofrimentos no inferno. Sua declaração acerca da esperança do céu aplica-se também à existência do inferno "se não fosse assim, eu vo-lo teria dito" (João 14:2). O inferno é um lugar de: extremo sofrimento (Apo. 20:10), onde é lembrado e sentido o remorso (Luc. 16:19-31), inquietação (Luc. 16:24), vergonha e desprezo (Dan. 12:2), vil companhia (Apo. 21:8) e desespero (Prov. 11:7, Mat. 25:41).
2. Opiniões errôneas.

(a) O universalismo ensina que todos os homens, no fim, serão salvos, argumentando que Deus é amoroso demais para excluir alguém do céu. Essa teoria é refutada pelas seguintes passagens: Rom. 6:23; Luc. 16:19-31; João 3:36 e outras. Na realidade, é a misericórdia de Deus que exclui do céu o ímpio, pois este não se acomodaria no ambiente celestial como também o justo não teria prazer em estar no inferno.

(b) O restauracionismo. A doutrina da restauração de todas as coisas ensina que o inferno não é eterno, e, sim, apenas uma experiência temporária que tem por fim purificar o pecador para que possa entrar no céu. Se assim fosse, então o fogo infernal teria mais poder do que o sangue de Cristo. Também, a experiência nos ensina que a punição, em si, não regenera; ela pode restringir mas não transformar. Os partidários dessa escola de pensamento afirmam que a palavra "eterno", na língua grega, significa "duração de século ou época" e não duração sem fim. Mas, segundo Mat. 25:41, se a punição dos ímpios tiver fim, então o terá também a felicidade dos justos. Assim comenta o Dr. Maclaren: Reverentemente aceitando as palavras de Cristo como palavras de perfeito amor e sabedoria infalível, este autor... receia que, na avidez de discutir a duração, o fato solene da realidade da futura retribuição seja ofuscado, e os homens discutam sobre o "terror do Senhor" a ponto de não sentirem mais receio a seu respeito. Os hábitos tendem a se fixar. A tendência do caráter é tornar-se permanente; não há razão para crer que Deus futuramente, mais do que no presente, obrigue a pessoa a ser salva.

(c) Segundo período probatório. Ensina que todos, no tempo entre a morte e a ressurreição, terão outra oportunidade para aceitar a salvação. As Escrituras, entretanto, ensinam que na morte já se fixou o destino do homem. (Heb. 9:27.) Além disso, quantos aceitarão a presente oportunidade se pensarem que haverá outra? E, segundo as leis da natureza humana, se negligenciarem a primeira oportunidade, estarão menos dispostos a aceitar a segunda.

(d) Aniquilamento. Ensina que Deus aniquilará os ímpios. Os partidários dessa doutrina citam 2Tess. 1:9 e outras passagens que afirmam que os ímpios serão destruídos. Contudo, o sentido da palavra, como usada nas Escrituras, não é "aniquilar", mas causar ruína. Se a palavra perdição (Almeida) nesse verso significa aniquilar, então a palavra "eterna" no mesmo verso seria supérflua, pois aniquilamento só pode ser eterno. Também citam passagens que expõem a morte como a pena do pecado. Mas, nesses casos, refere-se à morte espiritual e não à morte física, e morte espiritual significa separação de Deus. A promessa de vida feita ao obediente não significa o dom de "existência", pois esse dom todos os homens o possuem. E se a vida, como um galardão, não significa mera existência, então a morte também não significa mera perda.

Conhecendo as Doutrinas da Bíblia
Myer Pearlman





III. O HADES, O MUNDO INFERIOR, O LUGAR DOS FALECIDOS.

Em Mt 16.18 Jesus mencionou "as portas do inferno" (Hades no grego), lugar que merece um estudo profundo dentro das Escrituras. Este lugar vamos chamar de "o mundo invisível".

Tanto o Velho como o Novo Testamento falam deste "inferno", sendo em hehraico "Seól" e em grego "Hades". Ambas as palavras significam o "mundo invisível", o lugar para onde vão os espíritos dos falecidos. Nunca são usadas estas palavras em referência ao lugar final de detenção desses espíritos, e nem para significar a sepultura do corpo, cujo termo hebraico é "queber".
O testemunho total das Escrituras, dos livros Apócrifos, dos escritos patrísticos e mesmo livros de autores pagãos, é que o Hades (ou Seól) é o lugar onde, à morte, são recolhidos os espíritos dos falecidos, quer dos justos, quer dos injustos. Is 14.9; Lc 16.23.

A razão da grande confusão reinante sobre este assunto e mesmo entre as heresias é porque às vezes as palavras gregas e hebraicas referentes ao assunto foram mal traduzidas, por exemplo, "Hades", que às vezes é confundida com o Lago de Fogo; "queber", que somente tem a ver com cadáver, confundem com "inferno" que é lugar de espírito; "Abussos", que é tradução do hebraico "Abaddon", é o "abismo", mas lugar este diferente do Hades.

A. Onde Está o Hades? Quem o Habita? Os mortos, é evidente, dividem-se em duas classes: os justos e os injustos. Dn 12.2; Jo 5.28,29. Em estudo anterior consideramos a ressurreição dos corpos, mas agora pesquisaremos acerca da habitação de seus espíritos enquanto aguardam o juízo final. A Bíblia ensina que, à morte, a alma é o espírito do homem, no caso do injusto, não seguirão imediatamente para o lugar final de castigo, mas sim que irão a um lugar temporário, à espera do juízo do Grande Trono Branco, depois do qual irão para o lugar de suplício eterno, ou seja, o Lago de Fogo.

1. Os Mortos - Justos. Todos os justos, de Adão até à ressurreição de Cristo ao morrerem, suas almas (com a possível exceção de Enoque e Elias), desciam ao "Paraíso", que naquele tempo constituía um "compartimento" do "Seól" (Hades no grego). (Veja o Mapa das Dispensações). Entre esse lugar e o lugar dos injustos, no mesmo "Seól", havia uma separação. Lc 16.26. "O Seól ou Hades, como descrito nas Escrituras, é um mundo sombrio, um lugar de detenção e espera, até para os mais santos". Dr. Seiss. No Velho Testamento a morte dum patriarca é descrita como sendo "reunido" ao seu povo. _ Gn 25.8; 35.29; Nm 27.13. É o que significa a expressão em Lc 16.22, quando os anjos conduzem Lázaro para o "seio de Abraão". A morte dum santo era uma "descida" da alma a certo lugar para baixo. Is 5.14; Gn 37.35; 42.38; Nm 16.33. Em Is 5.14 os ímpios descem à boca aberta do "Seól" (não "cova ou sepultura", como traduzida em Almeida). 

Nas passagens de Gênesis temos Jacó pensando em sua morte, dizendo: "... descerei a meu filho à "sepultura" (a palavra no hebraico é "Seól" e não "que-ber", outro caso de má tradução!) Jacó cria que seu filho José estivesse no Seol. Em Nm 16.33 Core, Data e Abirão "desceram vivos ao abismo", a terra literalmente os tragando. Nesta passagem a palavra "abismo", no original é "Seól". Conseqüentemente, concluímos, pela leitura destas e outras correlatas passagens, que o Seól, ou Hades,
0 mundo invisível, está localizado em algum ponto abaixo da superfície da terra. Cf. Ez 31.16,18; 32.18. O suposto profeta Samuel, na cena de I Sm 28.13-15, é descrito como "subindo" da terra,

A parte do Seól em que estavam Abraão e Lázaro é o "Paraíso" de que Jesus falou ao ladrão crucificado ao seu lado (Lc 23.43), dizendo que ali estaria com Ele naquele dia. A palavra "Paraíso" é de origem persa e significa uma espécie de jardim, usada simbolicamente quanto ao lugar dos justos mortos. No Paraíso Lázaro podia conversar com o rico que ali sofria o tormento dos ímpios, havendo entre eles um "abismo" intransponível. Lc 16.18-31. Depois de Sua morte Jesus esteve "três dias e três noites no coração da terra". Mt 12.40; At 2.27; V. Ez 31.15-17. Paulo descreve esse lugar como "as regiões inferiores da terra". Ef 4.9. Portanto, concluímos que o Paraíso em que Jesus e o malfeitor entraram estava no coração da terra. Nesta descida ao Hades Cristo efetuou uma grande e permanente mudança na região dos salvos, isto é, nas condições dos justos mortos. Ele "anunciou" a Sua vitória aos espíritos ali retidos. E o que significa a expressão de Pedro, que "Cristo... pregou aos espíritos em prisão..."
1 Pe 3.18-20. A palavra usada no original implica em anunciar, comunicar; não pregar, como se entende em homilética.
(Mas quando Cristo '^subiu às alturas" levou cativo o cativeiro, isto é, uma multidão de cativos, os quais eram as almas dos justos que estavam em descanso no Paraíso.
Ef 4.8-10. Assim Cristo transferiu o Paraíso, do Seól ou Hades, para as regiões celestiais. Muitas dessas pessoas libertas foram até ressuscitadas nessa ocasião, segundo Mt 27.52,53. Cristo havia dito que as portas do Hades (ou seja esse lugar de detenção em que estavam guardados os justos mortos) não prevaleceriam contra a Sua Igreja. Mt 16.18. E não prevaleceram mesmo! "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" I Co 15.55; Ap 1.18.

O Paraíso continua sendo o lugar para onde vão os espíritos dos justos que ora morrem, só que agora não acha-se mais no Seól e sim no terceiro céu (II Co 12.1-4). O Paraíso está "na presença de Cristo". II Co 5.8; Fl 1.23. Sendo que Cristo está sentado à dextra do Pai, concluímos que agora o Paraíso também está na presença imediata do Pai. Hb 12.2; Ap 3.21; 6.9. Os justos não "dormem" no Paraíso no sentido de estarem inconscientes. Lá eles são "confortados" (Lc 16.25), permanecendo num estado de perfeita felicidade, em contraste com 0( sofrimento horrível que experimentam os ímpios lançados no Hades. Lc 16.24. Os mortos justos podem clamar em alta voz, fato que indica consciência e a posse das faculdades mentais. Ap 6.9,10. Paulo descreve o seu estado como "incomparavelmente melhor" a este nosso, da presente vida. Fl 1.23.

Quando Cristo voltar, Ele trará consigo as almas dos que "dormem" (seus corpos apenas) no Senhor. I Ts4.14. Essas, unidas aos corpos ressuscitados, seguirão para o Tribunal de Cristo onde receberão seus galardões. Participarão das Bodas do Cordeiro e depois reinarão com Cristo durante o Milênio de paz. A Nova Jerusalém, o lugar que Cristo foi preparar para o Seu povo (Jo 14.2), será o seu lar por toda a eternidade e provavelmente durante o Milênio também. Ap 21 e 22.

2. Os Mortos ímpios. Desde o tempo de Adão até ao tempo do
Julgamento do Grande Trono Branco, as almas dos ímpios seguem para o "Mundo Invisível", ou seja o "Seól" ou "Hades", aguardando o julgamento final quando serão lançados no Lago de Fogo. Infelizmente, estes nomes "Seól" e "Hades" têm sido.traduzidos incorretamente em certos casos, em algumas versões das Escrituras, por exemplo como "inferno", "sepultura" e "abismo". A palavra hebraica "Seól" consta sessenta e cinco vezes no Velho Testamento. (O autor se dispõe a fornecera lista completa a quem a pedir).

A palavra grega "Hades" consta onze vezes no Novo Testamento. Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 1.18; 6.8; 20.13; I Co 15.55.
Exemplos do uso da palavra "Seól": o rei da Babilônia encontrado no Seól, Is 14.4-20; o Egito degradado ao Seól, Ez 32.21; tanto os justos como os injustos "descendo ao Seól", Is 5.14; Gn 37.35; 42.38; Nm 16.30,33; a alma no Seól, SI 30.3; 89.48; 16.10; 86.13; At 2.27,30; conversação no Seól, Ez 32.21; Is 14.9-20; Lc 16.19-31; cadeias, II Sm 22.6; tristeza, tributação e angústias, SI 116.3; mais profundo do que o Seól, Jó 11.8; profundezas do Seól, Pv 9.18; Seól em baixo, Pv 15.24; portas do Seól (Hades), Mt 16.18; descerem vivos ao Seól, Nm 16.30,33. Depois da ressurreição de Cristo somente os ímpios são enviados ao Seól ou Hades.

A palavra "Queber" (hebraica) usada no Velho Testamento é corretamente traduzida por "sepultura", "cova", e "túmulo". Embora haja grande diferença de sentido entre a palavra "queber" e a palavra "Seól", certas versões das Escrituras têm feito confusão entre as mesmas. A fim de esclarecer o verdadeiro sentido, faremos uma comparação do uso destes dois vocábulos. "Queber" é usada na forma plural 29 vezes (Êx 14.11), enquanto "Seól" é sempre usada na forma singular. Existe só um "Seól", mas há muitas "québeres". "Queber" abriga ou recebe cadáveres 37 vezes (I Rs 13.30), enquanto o "Seól" jamais recebe cadáver (salvo se o caso de Core for considerado uma exceção). "Queber" é localizado sobre a superfície da terra 32 vezes, enquanto o Seól é localizado abaixo da terra, nas profundezas. II Sm 3.32; II Cr 16.14. Há um "queber" para cada indivíduo, 44 vezes. II Sm 3.32; II Cr 16. 14. O Seól é sempre o lugar onde há muita gente. O homem-coloca corpos no "queber", 33 vezes (II Sm 21.14), mas somente Deus envia o homem ao Seól. Lc 16.22,23. O homem escava o "queber", 6 vezes, mas jamais escava - o Seól. O homem apalpa o "queber", 5 vezes, mas jamais apalpa o Seól. Gn 50.5. Concluímos, afirmando que o uso ,da palavra "queber" prova que ela significa sepultura, que acolhe o cadáver, enquanto Seól acolhe o espírito do homem.

As Escrituras mencionam mais um lugar do "Mundo Invisível", chamado "Abaddon", no hebraico, e "Abussos", no'grego. Em alguns lugares no Velho Testamento esse vocábulo é traduzido "destruição". É traduzido "Abismo" no Novo Testamento. Jó 26.6; 28.22; 31.12; Pv 15.11; 27.20; SI 88.11; Lc 8.31; Rm 10.7; Ap 9.1-11; 17.8; 20.1-3. O erudito Dr. Seiss comenta sobre este assunto: "Abaddon e o Abismo parecem ser a morada de demônios, uma espécie de abismo ainda mais profundo do que o Hades, lugar em que os espíritos dos mortos os mais ímpios, e outros espíritos imundos das ordens mais baixas, são prisioneiros melancólicos, aguardando o dia do juízo. O termo "Tártaro" (Tartarus no grego), traduzido "inferno" na Versão Brasileira e em Almeida, em II Pe 2.4, que versa sobre anjos decaídos serem lançados nos "abismos" (Edição Revista e Atualizada) de escuridão, provavelmente refere-se a este mesmo "Abussos" ou "Abismo".
Na ocasião do Julgamento do Grande Trono Branco, a morte e o Hades entregarão os que neles estiverem retidos. Serão lançados no Lago de Fogo, que é o lugar final de suplício. Ap 20.13-15; 21.8. Os mortos ímpios retidos no Hades serão ressuscitados na Segunda Ressurreição para comparecerem perante o Julgamento do Grande Trono Branco, revestidos novamente de corpos. Mas não são corpos glorificados como os que os salvos receberam na Primeira Ressurreição, pelo menos mil anos antes. Após o julgamento, esses ímpios serão lançados no Lago de Fogo. Este é o terceiro dos grandes "infernos" mencionados nas Escrituras e deve ser considerado como O VERDADEIRO INFERNO FINAL E ETERNO. A palavra hebraica que descreve este lugar, como usada no Velno Testamento, é "Tofete". Is 30.33; Jr 7.31,32. A palavra grega é "Geena". Mt 5.22,29,30; 10,26; 23.14,15,33. "Geena" refere-se literalmente ao "Vale de Hinom", vale este fora da cidade de Jerusalém que servia de lixeira da cidade e onde queimavam os cadáveres de criminosos e de animais. Ali sempre havia fogo aceso, servindo desta maneira para figurar o Lago de Fogo que arde eternamente. No Vale de Hinom os israelitas apóstatas queimavam seus filhos em sacrifício a Moloque, o deus pagão. Jesus empregou o termo "Geena" 11 vezes, sempre no sentido literal. Uma vez que o Hades é lançado no Lago de Fogo, e que os anjos decaídos serão julgados no grande dia de julgamento, concluímos que o Abismo também será lançado no Lago de Fogo, formando desta maneira um só inferno eterno. Mt 25.41 confirma este pensamento porque vemos os homens e os anjos sofrendo juntos.(Òs primeiros seres a serem lançados no Lago de Fogo são a BESTA, isto é, o Anticristo, e o FALSO PROFETA. Em seguida será o DIABO ali lançado.^ Ap 19.20; 20.10.J Depois serão os homens que rejeitaram a salvação em Cristo que ali serão encarcerados. Mt 25.41. O Lago de Fogo terá dura-serão encarcerados. Mt 25.41. O Lago de Fogo terá duração eterna, pois os ímpios sofrerão tanto tempo quanto os justos terão de regozijo e enquanto existir o próprio Deus, que é o Deus eterno! Ap 14.9-11; 19.3; 20.11; Mt 25.46; Ap 10.6; 14.9-11. Amém!

O plano divino através dos séculos





Nenhum comentário:

Postar um comentário