MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO
INTRODUÇÃO
Se a história de Melquisedeque é pequena, sua teologia
surpreende-nos pela grandeza e profundidade. O autor sagrado não precisou de
muitas palavras, para apresentar-nos a um dos maiores personagens da História Sagrada.
Com menos de 60 vocábulos, introduz-nos na antiga Salém, onde o rei de justiça
e paz desempenhava um ministério eterno.
De Melquisedeque, não temos muitas informações. Sabemos
apenas que era um homem santo que exercia, plenamente, as três funções do
ofício divino: rei, sacerdote e profeta. Enfim, um tipo perfeito de Jesus
Cristo.
Neste capítulo,
veremos como se deu o encontro de Melquisedeque com Abraão. Ali, na futura
Jerusalém, o patriarca, que ainda se chamava Abrão, é recepcionado por um monarca,
cuja autoridade espiritual era irresistível. Sim, justamente ali, na presença
de Bera, rei de Sodoma, o pai da nação hebreia é abençoado. Em sua bênção, todos
os que cremos fomos contemplados.
A partir daí, o sacerdócio de Melquisedeque seria invocado,
pela Escritura Sagrada, como o ideal de uma intercessão eficaz, plena e eterna.
Tão sublime era o sacerdócio de Salém, que o próprio Cristo viria a exercê-lo
em sua vida, morte e ressurreição. Acompanhemos, pois, esse maravilhoso
capítulo da História Sagrada. Detenhamo-nos na antiga Jerusalém, e desfrutemos
das bênçãos que o Pai Celeste, por meio do Filho Amado, reservou-nos.
I. UMA HISTÓRIA SEM
BIOGRAFIA
Como biografar
Melquisedeque? Apesar de sua grandeza teológica, quase nada temos acerca dele.
Na verdade, é uma história sem biografia. No entanto, sem esse misterioso
personagem, as crônicas de nossa redenção estariam incompletas.
1. Narrativa pequena, teologia grande. De
forma admirável, o autor de Gênesis sumaria a história de Melquisedeque em apenas
três versículos: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era
sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou el e a Abrão e disse: Bendito seja Abrão
pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu
Abrão o dízimo” (Gn 14.18-20).
Em menos de 60 palavras, Moisés narra um dos capítulos mais
gloriosos da Bíblia Sagrada. Na verdade, é uma história sem biografia, pois de
Melquisedeque não temos a filiação, nem a naturalidade. A Bíblia não lhe
declina o nome dos pais, nem lhe revela a cidade de origem. Sabemos apenas que ele era
rei, sacerdote e profeta. Num texto jornalístico, não teríamos condições de
responder, a contento, a estas perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê?
Não obstante, somos incapazes de mesurar-lhe a grandeza teológica.
Excetuando o Senhor Jesus Cristo, nenhum outro personagem da
História Sagrada logrou exercer os três ofícios sagrados. Aliás, nem o próprio
Moisés que, entre os profetas, foi o maior, galgou semelhante honra. Embora falasse
face a face com o Senhor, o sacerdócio não lhe foi atribuído; caberia a seu
irmão exercê-lo. Arão, porém, não foi rei, nem profeta. Quanto a Davi, foi rei
e profeta; sacerdote, não. Melquisedeque, todavia, foi rei, sacerdote e
profeta. Mesmo assim, sua biografia, de tão exígua, não pode ao menos ser
considerada como tal. Sua teologia, contudo, é tão grande que serviu para
tipificar o Messias (Sl 110.4).
2. Rei de Salém.
Devido à sua importância estratégica, Salém era a cidade mais importante e
cobiçável do Oriente Médio. Soldados e comerciantes eram obrigados a transitar
por seus termos, quer em suas viagens ao Oriente, quer em suas andanças ao
Ocidente. E, dessa forma, refaziam-se na cidade de Melquisedeque.
Ali, detinham-se a ouvir o rei-sacerdote. Ninguém podia
igualar-se--lhe à estatura intelectual e teológica. Sem dúvida, o homem mais
sábio daquele tempo. Até os reis vinham prestar-lhe vênia. Nesse sentido, era
Melquisedeque o rei dos reis daquela região. Conquanto não possuísse exército,
sua autoridade moral e espiritual j amais era contestada. Aliás, Salém nem
precisava de força armada, porque era a capital da paz; em seus termos imperava
a justiça divina.
3. Sacerdote do
Altíssimo. A autoridade de Melquisedeque não residia propriamente em sua
realeza; fundamentava-se no ofício que exercia. Todos sabiam que, ali, na
principal cidade da região, achava-se um homem de Deus. Por seu intermédio, os
peregrinos consultavam o Eterno. Até Abraão foi à sua procura, pois sabia que,
espiritualmente, havia alguém superior a si. Em que consistia o sacerdócio de
Melquisedeque? Não resta dúvida de que era diferente do levítico. Este
sobressaía-se pelas oferendas cruentas; aquele tinha como essência o sacrifício
único e suficiente de Jesus que, na presciência divina, jazia vicariamente
morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Não podemos descartar, porém, a imolação
de animais, porque, desde Abel, cordeiros e novilhos eram oferecidos ao Senhor,
prefigurando a morte do Unigênito.
Na Epístola aos Hebreus, encontramos uma preciosa descrição
do sacerdócio de Melquisedeque: “Porque este Melquisedeque, rei de Salém,
sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de
tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém,
ou seja, rei de paz; sem pai, sem Em menos de 60 palavras, Moisés narra um dos
capítulos mais gloriosos da Bíblia Sagrada. mãe, sem genealogia; que não teve
princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho
de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era grande
esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos”
(Hb 7.1-4). Tão superior era o sacerdócio de Melquisedeque, que até mesmo a
tribo de Levi, que se achava nos lombos de Abraão, pagou-lhe os dízimos através
do patriarca: “Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm
mandamento de recolher, de acordo com a l ei, os dízimos do povo, ou sej a, dos
seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja
genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que
tinha as promessas” (Hb 7.5-6).
4. Profeta do Senhor.
Apregoando o conhecimento divino, Melquisedeque precedeu Abraão no ministério
profético que, doravante, seria exercido pela nação hebreia. O rei de Salém
preparou o caminho do patriarca, a fim de que este viesse a lançar as bases
espirituais, morais e éticas do povo de Israel. A teologia de Abraão era
melquisedequiana. Antes e depois de Levi, faz-se presente na História da Salvação.
Sem Melquisedeque, o
ministério de Abraão seria impossível.
Foi como profeta que
o rei de Salém abençoou o patriarca: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo,
que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os
teus adversários nas tuas mãos” (Gn 19,20). À primeira vista, a bênção parece
um enunciado sacerdotal. No entanto, temos aqui também uma alocução profética;
realça a importância messiânica de Abraão. Melquisedeque faz parte da
comunidade profética que Deus mantinha antes e fora de Israel.
Entre esses homens
ilustres, temos Jó, Eliú, Jetro e os sábios que visitaram o menino Jesus.
Embora não fossem israelitas, trabalharam para que a missão de Israel tivesse
êxito. Balaão também fazia parte dessa comunidade. Infelizmente, o filho de
Beor deixou-se enganar pelas riquezas de Balaque, vindo a perecer ao fio da
espada (Nm 31.8).
5. Melquisedeque, agenealogatos.
Melquisedeque era um homem de Deus, mas não era divino. Embora sej a descrito
como não tendo pai, nem mãe, nem genealogia, era tão humano quanto Abraão. O
que o autor sagrado quis destacar é que, devido à sua importância, sua filiação
e naturalidade fizeram-se prescindíveis. Ele não precisou de uma biografia para
fazer história; sua atuação foi suficiente.
Se Abraão precisava de uma genealogia que o remetesse a Noé
e a Adão, não carecia Melquisedeque de um registro que o ligasse a um ancestral
ilustre. O triplo ministério reportava-o, de imediato, ao Filho de Deus; seu
ofício era eterno, como eterno é Jesus Cristo. Melquisedeque era um sacerdócio
messiânico. Melquisedeque não era divino, mas como homem de Deus era singul ar.
Não era eterno, mas transcendeu o tempo. Sacerdote, foi honrado como rei pelo
amigo de Deus. Enfim, era el e um profeta, rei e sacerdote em sua plenitude.
II. ABRAÃO, O GENTIO
Quando Deus intimou a Abraão a sair de Ur dos caldeus, era o
patriarca tão gentio quanto eu e você. Sem dúvida, foi o primeiro não israelita
a converter-se formal e historicamente. A partir daí, Deus o separa a uma
tarefa, que haveria de mudar o perfil teológico, moral e ético do mundo. Sem el
e, o Cristianismo seria impossível.
1. Abraão, filho de Noé. Em Ur dos
caldeus, o gentio Abrão, que mais tarde entrará para a História Sagrada como
Abraão, era um ben Noah. Um filho de
Noé, como qualquer outro oriental. Oriundo da linhagem de Sem, j á era
agraciado por duas bem-aventuranças. Através de Noé, desfrutava dos favores da
aliança que l evou o Senhor a sal var o segundo patriarca universal das águas
do Dilúvio (Gn 6.18). E, por meio de Sem, detinha o concerto messiânico (Gn
9.26).
Quando de seu chamamento, Abraão não passava de um arameu
atribulado e sem muitas perspectivas. Pelo menos, assim professavam os
israelitas, no Sinai, em sua peregrinação à Terra de Promissões: “Arameu
prestes a perecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como
estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa”
(Dt 26.5).
Mas, ali, em meio à idolatria que já ameaçava a integridade
da grande e diversificada família semita, ouve Abraão a chamada do Senhor: “Sai
da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que
te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).
2. Abraão, cidadão de
Ur dos caldeus. Ur era uma das cidades-estado mais avançadas do Oriente
Médio. Localizada na antiga Suméria, ficava nas cercanias da atual Tell
el-Muqayyar, na província iraquiana de Dhi Qar. E, plantada na foz do rio
Eufrates, deveria ser deslumbrante e sedutora. Se levarmos em conta a possível
etimologia de seu nome, Ur era a cidade-luz de seu tempo. Uma Paris do Oriente.
Nanna era a padroeira de Ur. Adorada como a deusa lunar,
começava a subjugar até mesmo os descendentes de Sem, o filho mais piedoso de
Noé. E, sendo ela também a deusa da fertilidade, lançava seus adoradores nos
ritos mais devassos e libertinos. Prostituição e adultério eram comuns em seus
templos. Mais tarde, ela seria adotada pelos gregos que lhe deram um nome mais
afinado aos ouvidos ocidentais: Afrodite.
Os romanos a conheceriam como Vênus. Dessa cidade evoluída
economicamente, mas espiritualmente tão involuída, Deus arranca Abraão. Ao
ouvir a voz do Senhor, o patriarca deixa o cl ã paterno e faz-se peregrino:
“Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com el e. Tinha
Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou Abrão consigo a Sarai,
sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e
as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e l á
chegaram” (Gn 12.4,5).
3. Abraão, o
peregrino. Ao deixar a sua cidade, Abraão não tinha um mapa detalhado da
terra que Quando Deus intimou a Abraão a sair de Ur dos caldeus, era o
patriarca tão gentio quanto eu e você. lhe daria o Senhor. Peregrinando em
direção ao Ocidente, deteve-se por al gum tempo em Padã-Harã. Daí, andej a até
Siquém. E, junto aos carvalhais de Moré, o Senhor torna-lhe a promessa mais cl
ara: “Darei à tua descendência esta terra” (Gn 12.7). Diante da promissão
divina, o patriarca detém-se entre o já e o ainda. Sim, a terra j á é del e;
pertence j á aos seus descendentes. Todavia, ainda não é o tempo de a possuir.
Seus descendentes terão de esperar mais quatro séculos até se apossarem do país
onde mana leite e mel. Agradecendo a Deus, Abraão crê; crendo, é justificado.
Somente a fé opera semelhantes mil agres no coração humano.
III. O ENCONTRO COM MELQUISEDEQUE
Em Salém, dá-se um culto completo ao Deus Altíssimo. Abraão,
recepcionado por Melquisedeque, bendiz ao Senhor por uma grande vitória,
participa da primeira Santa Ceia e louva ao Eterno com os seus dízimos. E,
diante do rei de Sodoma, realça o testemunho irresistível de sua fé em Deus.
1. A crise anunciada. Ao separar-se de Abraão, seu tio, muda-se Ló
para a impenitente Sodoma. E, l á, segundo depreendemos do texto sagrado, veio
a prosperar. Sua influência sobre a cidade era mui considerável. Ló era uma
espécie de juiz universal (Gn 19.9). Todavia, j amais se conformou com a
degradação moral da cidade. Diariamente, afligia-se “pelo procedimento
libertino daquel es insubordinados” (2 Pe 2.7).
Sodoma, apesar de sua degenerescência moral, desfrutava de
um admirável desenvolvimento social e econômico. Por isso, era cobiçada pelos
reinos da região. Certa vez, alguns desses régulos organizaram-se contra a
cidade, conforme registra o autor sagrado: “Sucedeu naquele tempo que Anrafel,
rei de Sinar, Arioque, rei de El asar, Quedorl aomer, rei de El ão, e Tidal,
rei de Goim, fizeram guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de
Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o
rei de Bel a (esta é Zoar)” (Gn 14.1,2).
Nesse investida, Quedorlaomer l eva o justo Ló a um
cativeiro incerto e cruel (Gn 14.12).
2. A vitória no campo
de batalha. Ao saber que o sobrinho fora l evado cativo, Abraão não se fez
esperar. Arregimenta um exército entre os seus servos, e vai ao encalço de Ló.
Sua vitória é espetacular, segundo narra o Gênesis: “E, repartidos contra eles
de noite, el e e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à
esquerda de Damasco” (Gn 14.15). Seus 318 homens derrotaram o exército mais
poderoso da região. Um exército, aliás, que vinha de várias campanhas
vitoriosas.
Abraão resgata não somente o sobrinho, como também os demais
cativos de Quedorlaomer. Sem dúvida, uma façanha bélica. Um bando de pastores
havia derrotado uma poderosa coligação. Como celebrar semelhante triunfo? Dirige-se,
pois, o patriarca a Salém, onde j á o esperava Melquisedeque. Agradecendo a
Deus, Abraão crê; crendo, é justificado. Somente a fé opera semelhantes
milagres no coração humano.
3. O encontro com o
rei de Salém. Não sabemos se até aquele momento, houvera algum encontro
entre Abraão e Melquisedeque. De qualquer forma, não poderia haver ocasião mais
propícia. Se havia um culto público e testemunhal a realizar, que Salém fosse o
santuário. O ato de adoração ao Único e Verdadeiro Deus seria presenciado
inclusive por Bera, rei de Sodoma.
Infelizmente, o sodomita não se deixaria enternecer pela
manifestação divina. Mais interessado em reaver os súditos, partiu de imediato
à sua impenitente e j á condenada cidade-estado.
4. A santa ceia em
Salém. O pão e o vinho faziam parte do cardápio oriental; eram alimentos
básicos. Mas, agora, o pão e o vinho de Salém adquirem um caráter sacramental.
A vitória do patriarca, portanto, será comemorada com uma ceia que se faz
santa. Observemos como a narrativa sagrada descreve a celebração:
“Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus
Altíssimo” (Gn 14.18). Observemos a precisão da narrativa bíblica.
Melquisedeque traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como
rei de Sal ém. Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial.
Conclui-se que o pão e o vinho ali servidos j á prefiguravam o corpo e o sangue
de Cristo. Levemos em conta, também, que o sacerdócio de Melquisedeque era
superior ao de Levi, porquanto messiânico, eterno e universal. O que isso
significa? Acima de tudo, que o pão e o vinho, naquel e momento, eram mais
adequados do que um cordeiro.
Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de
Mesquita - Editora: JUERP
A Batalha dos Nove Reis - Ló É Levado Cativo
- 14:1-12
POR : apazdosenhor.org
A coligação mencionada neste capítulo é um parêntesis na
vida de Abraão, e não parece ter outro fim senão mostrar que Ló já está
começando a colher os frutos de sua má escolha e, ao mesmo tempo, introduzir
outro célebre personagem: Melquisedeque.
Há poucos anos passados, cria-se que este incidente
jamais tinha acontecido e que era uma pequena história romântica na vida do
patriarca. Hoje, porém, depois das descobertas arqueológicas, ninguém ousa mais
dizer que de fato não se deu tal luta entre os reis da Babilônia e os da
planície de Sodoma. O motivo desta luta foi a recusa do pagamento do tributo e
conseqüente revolta dos reis palestinos contra o soberano Quedorlaomer.
A expedição babilônica era chefiada por Quedorlaomer, rei
de Elã, antiga Pérsia, e não por Anrafel, rei de Sinear ou Babilônia.
Este Anrafel, como veremos, foi um dos reis mais brilhantes
da antiguidade, mas Quedorlaomer não o foi menos. Era de esperar que aquele, e
não este, guiasse a expedição. Todavia, não é isto o que parece. As inscrições
descobertas na Assíria e El Mugheir (Ur dos Caldeus), cidade de Abraão,
descrevem uma linha de reis poderosos, que dominaram em Elã, cujo império se
estenderia desde o sul da Caldéia até ao Mediterrâneo (Geikie, "Hours with
the Bible", Vol. I).
Anrafel era rei de Sinear, cidade fundada por Ninrode.
Arioque, rei de Elasar, que ainda não está bem identificado, nem tampouco ainda
se sabe muito bem onde estava localizada Elasar. Tidal, rei de nações, não é
conhecido perfeitamente, mas crê-se que era pequeno vassalo de Anrafel ou
Quedorlaomer e que sua história esteja misturada com a do suserano. O futuro
trará ainda alguma luz sobre os dois reis desta velha batalha. Entretanto, os
dois mais importantes nos falam hoje por seus velhos documentos e monumentos,
como se vivêssemos nos seus dias.
Supõe-se que Elasar seja o antigo nome de Sarsa, na baixa
Babilônia, e que hoje tem o nome de Senquerem. Tidal tinha por título rei das
nações ou Goim. Este título significa talvez a mistura de raças de que Tidal
era rei.
Podemos, pois, dizer que os dois principais reis desta
expedição são bem conhecidos hoje e suas capitais e civilizações são assuntos
históricos. Anrafel é o moderno nome do Hamurabi (Hamurapi) dos monumentos
caldaicos; teve por capital Sinear, cidade fundada por Ninrode.
Há poucos anos foi descoberto um código de leis
promulgadas por esse rei, código este, mil anos mais velho do que o código de
Moisés, e que só lhe é inferior sob o ponto de vista religioso. Este código
está hoje traduzido em diversas línguas e é um forte atestado do grau de
cultura atinando naquele tempo. O dito código tem provisões para todos os
misteres da vida política, comercial, social e religiosa. Alguns trechos
comparados com o código mosaico nos convenceriam da grandeza daquele rei e do
seu reinado. Alguém pensa que Moisés tinha diante de si este código quando escreveu
o seu (ver na introdução a este comentário o que falo sobre Hamurabi).
Quedorlaomer é outro personagem histórico, ainda que não
tão importante como Anrafel ou Hamurabi. Tidal e Arioque não são bem conhecidos
hoje, como ficou dito, talvez por causa das mudanças de nomes das cidades
onde governaram.
O motivo desta expedição contra os reis da Palestina, uma
das mais célebres da antiguidade, parece ter sido a revolta contra
Quedorlaomer, a quem serviam havia doze anos. Este reuniu os seus aliados e
marchou com um poderoso exército na direção do oeste, destruindo os refains em
Asterote-Carnaim, depois os zuzins em Há, os emins em Savé-Siriataim, até
chegar aos horeus, junto ao Sinai, no deserto de Parã. Continuando sua
campanha, dirigiu-se para o norte, destruiu os amalequitas, os amorreus ao sul
do Mar Morto, até que chegou às cidades da planície de Sodoma e seus
confederados, que destruiu também.
Os amorreus eram descendentes de Cão e foram por algum
tempo aliados de Abraão. Os amalequitas, de remota origem, a quem Balaão chama
"primeira das nações" ou Goim, foram terríveis inimigos dos
israelitas (Números 24:20). De quem eram descendentes ainda não se sabe com
precisão. Esaú teve um neto chamado Amaleque (Gênesis 34:10- 16), mas parece
que os amalequitas tiveram outra origem.
Os horeus, que habitavam no monte Seir, ao Norte da
Arábia, eram descendentes de Esaú. Seu próprio nome devia ser lotamitas, porque
eram filhos de Lotã (Gên. 36:22), mas derivam o nome de Hori, filho de Lotã.
"Horeu" veio significar mais tarde "morador de cavernas".
Pertenciam, conforme a opinião de alguns, aos chamados trogloditas, que se
supunham serem dos primeiros habitantes da terra, no tempo em que os homens
ainda não sabiam construir casas, e que outros críticos querem que sejam os
imediatos descendentes dos antropoides. Entretanto, os moradores de cavernas
não são tão velhos como se pensava. São do tempo de Abraão, e nesse mesmo tempo
floresceram as mais célebres civilizações antigas, tais como Babilônia e Egito.
O habitante das cavernas não é, forçosamente, um homem pré-histórico,
rudimentar, semibárbaro ou ainda em estado evolutivo, meio homem, meio macaco.
O costume de morar nas cavernas talvez fosse devido ao excessivo calor do
lugar. Os estrangeiros que moram ou vão passar algum tempo nestas partes
desertas têm de passar as horas do calor em casas subterrâneas cavernas, e
ainda assim o calor é asfixiante.
As tribos ou reinados destruídos por Quedorlaomer e seus
aliados nas planícies do Jordão, os refains, zuzins e emins, eram os habitantes
originais da Palestina antes de os cananeus emigrarem para ali e tomarem
possessão da terra. Eram filhos de Jafé ou Sem. De grande estatura e vivendo em
contínuas guerrilhas, dificilmente se acomodariam a ser vassalos de um reinado
longínquo como o de Elã. Quando os israelitas voltaram do Egito uns 500 anos
depois, restavam alguns destes gigantes na terra, que tanto apavoraram os espias
mandados por Moisés.
A batalha foi ferida no vale de Sidim (Mar Salgado) entre
os nove reis, sendo quatro babilônios e cinco palestinos. Os últimos não
puderam resistir, e fugiram, caindo nos poços de betume, sendo suas
cidades pilhadas.
Devemos lembrar-nos de que Sodoma e Gomorra ainda não
tinham sido destruídas e que, portanto, segundo os melhores conhecimentos do
assunto, o Mar Morto ainda não existia, visto estar no lugar onde estiveram
localizadas estas cidades. Tanto o Mar Morto como as imediações, todo o
planalto limítrofe é cheio de betume e outros elementos de natureza mineral que
alguns exploradores pensam ser o resultado da catástrofe que destruiu as
cidades. O verso 10 do capítulo 14, porém, diz que havia ali poços de betume, e
isto antes da destruição. É bem possível que DEUS usasse esses elementos -
betume, querosene e enxofre - que se encontram em abundância nestes lugares e,
por meio de um abalo subterrâneo, os fizesse incendiar e assim destruísse não
só as cidades, mas alterasse o próprio local.
Na descrição bíblica, diz-se que DEUS fez chover fogo
e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, e esta descrição pode ser tanto exata em si
mesmo, como à vista do observador. Pensemos em Abraão, testemunha ocular do
estupendo acontecimento, olhando desde o carvalho de Manre, pouco distante do
lugar, e vendo a coluna de fumo subir até às nuvens. Para ele, estava chovendo
fogo e enxofre, e sua combustão produzia o tétrico cenário por ele mesmo
descrito a Isaque e por este, a seus filhos, até que Moisés o incorporou no
sagrado relato. Se DEUS fez chover fogo e enxofre ou usou os elementos que já
existiam no lugar, é questão secundária.
O Cativeiro de Ló e a Participação de Abraão
na Guerra
Da batalha alguém escapou para vir contar ao hebreu o
acontecimento da captura de Ló. Abraão não podia ficar indeciso. Ordenou a
militarização do seu pessoal e marchou em perseguição dos invasores.
Seu pessoal era de 318 soldados, servos seus, junto com
seus três aliados, Aner, Escol e Manre (v. 24), com os quais pode fazer um
formidável exército; se não era poderoso em número, era-o, pelo menos, em
organização. Os invasores voltaram à Babilônia por outro caminho, o que ligava
Babilônia à Palestina e que seguia o curso do rio Eufrates. Abraão alcançou o
inimigo em Dã, ao norte do território israelita, à esquerda de Damasco, capital
da Síria. Com uma hábil estratégia, dividindo seus soldados em colunas, de
noite, sem talvez ser pressentido, pode esmagar os reis valorosos e libertar
Ló. Não foi o rico despojo que atraiu Abraão ao combate, mas seu sobrinho
ganancioso. Ló estava já colhendo os frutos temporãos de sua separação do tio.
O espírito de Abraão é digno de menção. Seu sobrinho não só tinha quebrado a
lei de obediência e respeito devidos ao tio, mas o tinha explorado também,
escolhendo a melhor parte da terra. Tudo isto, porém, pesou pouco no ânimo
grande e no espírito nobre do patriarca. Ló era seu sobrinho, e este fato por
si só podia mais que todas as faltas.
Abraão, Melquisedeque e o Novo Rei de Sodoma - Gên. 14:17-24
O verso 10 nos diz que o rei de Sodoma caiu nos
poços de betume, mas, na volta de Abraão, o novo rei veio ao seu encontro. Logo
que os reis invasores se retiraram, nada mais natural que o povo espalhado
pelas montanhas se reunisse e elegesse novo rei e procurasse restaurar os
estragos. E é esse novo rei que foi saudar Abraão, na volta de sua campanha.
Pode ser que o rei que tinha caído no poço tenha conseguido Sair, mas a
narrativa parece indicar que morreu ali. O encontro deu-se no vale de Sedim,
que depois passou a ser chamado "vale do rei", perto de Jerusalém,
onde Melquisedeque reinava (II Sm. 18:18).
Além do rei de Sodoma, outro personagem ilustre foi
saudar Abraão pela brilhante vitória. A este rei deu o general Abraão o dízimo
de tudo, e o resto entregou ao rei de Sodoma, tirante a parte que cabia aos
seus tirados. Para si, nada tirou Abraão, para que não se dissesse que tinha
enriquecido à custa dos reis vencidos. Ele tinha direito inegável a uma parte,
assim como Aner e os outros dois aliados, e ninguém o poderia censurar por
isso, mas como não tinha ido à guerra por espírito ambicioso, nada quis para
si. Não precisava, embora este não fosse o ponto envolvido, não quis que se
dissesse que tinha enriquecido à custa da batalha. ESPÍRITO mais nobre é difícil
encontrar. Os que o acusam de receber presentes no Egito, por causa de sua
mulher, devem saber que a honra e dignidade de Abraão podem ser provadas neste
caso. Era rico, mas licitamente.
Melquisedeque soube da batalha, o veio abençoar e receber
os dízimos.
Quem Era Este Melquisedeque?
Pergunta difícil de responder. O salmista (Sal.
110:4) refere-se a ele, mas não nos diz quem era e donde veio.
Um pesado silêncio e um profundo mistério envolvem este
grande personagem. Muitos querem que seja Sem, outros Cão, outros Jafé. Não
podia ser qualquer destes, tanto pelo espaço de tempo que mediou do tempo em
que viveram à época de Abraão, como pela declaração de Hb. 7:3, de que não
tinha pai nem mãe, isto é, pai e mãe conhecidos.
Outros, querem que seja CRISTO, no seu estado de
pré-encarnação, mas esta teoria está em conflito com o Sal. 110:4 e com o teor
geral das Escrituras, que fazem CRISTO e Melquisedeque duas personalidades
distintas e dois sacerdotes também distintos, um prefigurado no outro. Uma
coisa não pode ser prefigurada em si mesma. Quem era, pois, esse homem? Um
anjo? Não. Do pouco que sabemos dele, cremos que era um homem pio que
permanecia fiel à religião de Noé, ou ao primitivo monoteísmo e neste caráter
era um sacerdote como Jetro, sogro de Moisés.
Historicamente, segundo Josefo, era rei de Salém, que
depois se e tornou Jerusalém. Parece ser o rei dos jebusitas, descendentes do
terceiro filho de Cão (Gên. 10:16), que habitaram em Jerusalém até ao tempo de
Davi (11 Sm. 5:6), tendo Josué deles feito tributários (Js. 11:3), na tomada da
Palestina. A palavra Jerusalém deriva-se de Jebus e Salém. Este nome foi dado à
cidade depois da conquista de Davi. Na conquista de Canaã, o nome do rei era
Adoni-Zedeque, que significa "senhor de justiça" ou "rei de
justiça". É interessante notar uma cidade de origem camita (Cão) com
história tão profundamente religiosa. A coleção das cartas encontradas em
Tel-Amarna, no Egito, contém algumas escritas pelo rei de Salém ou Salaim ao
rei do Egito, pedindo socorro contra os invasores Haburi (hebreus), nas quais
ele declara ser rei eleito por DEUS, e cujo reinado não teve princípio e nem
teria fim. Parece haver a crença de que o primeiro rei da terra tinha sido
posto por DEUS mesmo, fato de que se orgulhavam bastante.
Seja qual for o grau de verdade que haja em toda esta
tradição, é fato que Melquisedeque era um destes reis e sacerdotes, parecendo,
assim, comprovar a pretensão de que a nação jebusita tinha tido uma sucessão de
monarcas cuja origem se perdia nas brumas do passado e cuja continuação criam
ser de aprovação divina. Anima pensar que entre uma tribo que não era de
linhagem semita e no meio de uma degradação religiosa profunda, se encontrasse
um rei com foros sacerdotais bíblicos e uma vida genuinamente religiosa. Com
estes requisitos de rei-sacerdote, foi ao encontro de Abraão, o abençoou, e
este lhe deu os dízimos de tudo que tinha tomado na batalha, o reconhecendo
maior que si mesmo. Tal sacerdócio, na pessoa de um filho de Cão, parece ser
uma violação dos direitos semitas, que eram, segundo a profecia de Noé, os
"abençoados de Jeová"; e mesmo a familiaridade que parece existir
entre os dois personagens denuncia afinidades raciais, ao mesmo tempo que era
impossível que da raça amaldiçoada se destacassem um ou mais homens piedosos do
caráter de Melquisedeque. Por outro lado, podia ser semita, ainda que
governando um povo camita. O autor da Carta aos Hebreus descreve este ilustre
personagem como não tendo pai nem mãe, nem princípio de dias, nem fim de vida,
mas feito semelhante ao Filho de DEUS (Hb. 7:3). Esta linguagem refere-se ao
ofício da pessoa e não à pessoa mesma. Como homem, tinha pai e mãe, princípio e
fim de dias, mas, corno sacerdote, não tinha genealogia. Primeiro, porque de
quem tinha recebido o ofício, não se sabe; seria para ele mesmo difícil saber
quem tinha sido o seu predecessor, se é que o teve. Segundo, não houve certo
tempo quando o sacerdócio de Melquisedeque começou. Neste caráter, foi semelhante
a CRISTO. Era um tipo, tanto no reinado, como no sacerdócio. Humanamente mesmo,
não sabemos quem eram seus pais, se Sem, Cão, Jafé ou qualquer outro homem.
Aparece, assim, ocasionalmente, e desaparece do mesmo modo, deixando sua
individualidade envolta em mistério. Nada sabemos do seu princípio nem do seu
fim. Encarado por estes dois lados, é uma figura sem princípio nem fim,
verdadeiro tipo de CRISTO.
(Sobre a existência de povos monoteístas, chamo a atenção
do leitor para as notas antes oferecidas. Não se sabe ao certo se Melquisedeque
era monoteísta, mas, se era sacerdote do DEUS Altíssimo, não podia ser
politeísta. Há dois elementos importantes neste fato e também no de Reuel,
sogro de Moisés: Não somente o monoteísmo era uma verdade, mas ainda mais, a
existência de sacerdotes, que oficiavam cultos monoteístas).
Antes de passar ao capítulo 15, convém consignar aqui
algumas palavras de crítica aos esforços de alguns sábios tendentes a negar a
historicidade das narrativas deste capítulo. A escola racionalista alemã
Graaf-Welhausen reduziu todo o conteúdo desta maravilhosa história a mito e,
diga-se de passagem, fez época por algum tempo, até que a Arqueologia teve
oportunidade de mostrar que Moisés não só sabia o que estava dizendo, mas sabia
ser história verídica.
Negava-se a possibilidade de uma guerra como a que é
descrita aqui, por causa da distância e das condições em que ela se feriu. Não
era possível, diziam, a vinda de exércitos de tão longe, por falta de estradas
e outras coisasindispensáveis.
Hoje, porém, sabe-se que havia até correspondência postal
regular entre a Palestina e a Babilônia, e que havia uma estrada ao longo do
Eufrates, entre os dois países. Dizia esta escola que Anrafel e seus
companheiros eram personagens mitológicas, como outras que a Bíblia
menciona. Hoje, este Anrafel da Bíblia vive em todo o seu esplendor nos
documentos descobertos na Assíria e na Babilônia e que ornam os museus da
Europa e da América. Foi no reinado deste homem que foi publicado o célebre
código de leis, conhecido nos círculos arqueológicos como Código de Hamurabi ou
Hamurapi. O Anrafel da Bíblia e o Hamurabi da história caldaica são,
incontestavelmente, o mesmo personagem. Não seria preciso usar argumentos
silogísticos para provar que, se um personagem é histórico, os outros o são
também, visto serem contemporâneos e fazerem parte da mesma narrativa. Mas o
Quedorlaomer, chefe da expedição, também nos fala pelas suas conquistas
e vitórias.
Noldek e Driver, além de muitos outros, pretendem mostrar
que os nomes arqueológicos não são os mesmos da Bíblia, mas uma das maiores
autoridades do assunto, o Prof. Sayce, afirma que Anrafel e Hamurabi são uma e
a mesma pessoa.
Outra dificuldade a vencer é o fato de que estes
poderosos, reis destroçaram muitos outros reinados, e Abraão, com os seus 318
servos e alguns aliados, os venceu numa só noite. Não nos devemos admirar
disto. Em primeiro lugar, não esperavam uma desforra desta natureza. Para ele
não havia possibilidade de um ataque e, portanto, não estavam apercebidos para
tal coisa. A segunda razão é que os soldados, depois de uma expedição tão
prolongada e penosa, deviam não só estar exaustos, mas reduzidos. Abraão
cercou-os de noite e fácil lhe foi destruí-los. Ao mesmo tempo não sabemos
quantos soldados faziam parte do exército dos seus aliados, mas somente os que
Abraão sozinho pôde arregimentar. É bem possível que os reis invasores não
conhecessem tão bem como Abraão o caminho por onde estavam voltando e que
tomados de surpresa, à noite, desconhecendo a qualidade de inimigo que tinham
pela frente, se apavorassem e fugissem. - Conquanto seja difícil tal situação,
ninguém tem o direito de afirmar que ela não é verídica.
Outra dificuldade é o aparecimento de Melquisedeque de
uma forma toda misteriosa. De fato, ele aparece e desaparece bruscamente.
Todavia, o papel que tinha a fazer, o fez. Nada tinha com a questão entre os
reis do Oriente e os da Palestina, mas ao mesmo tempo sentiu que devia louvar o
gesto de um que, nada tendo também com o assunto, a não ser a libertação de seu
sobrinho, se aventurou a perder toda a sua casa. Foi um ato de verdadeiro
heroísmo e desprendimento. Isto incitou o sacerdote de DEUS a vir aplaudi-lo.
Demais, quem sabe que outras relações existiam entre Abraão e Melquisedeque?
Moisés não prometeu dizer-nos tudo que sabia e que tinha acontecido. Limitou-se
a relatar o suficiente.
( POR : APAZDOSENHOR.ORG )
Nenhum comentário:
Postar um comentário