quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Recursos para a Lição 11 – Melquisedeque abençoa Abraão




MELQUISEDEQUE ABENÇOA ABRAÃO  
INTRODUÇÃO   


Se a história de Melquisedeque é pequena, sua teologia surpreende-nos pela grandeza e profundidade. O autor sagrado não precisou de muitas palavras, para apresentar-nos a um dos maiores personagens da História Sagrada. Com menos de 60 vocábulos, introduz-nos na antiga Salém, onde o rei de justiça e paz desempenhava um ministério eterno.

De Melquisedeque, não temos muitas informações. Sabemos apenas que era um homem santo que exercia, plenamente, as três funções do ofício divino: rei, sacerdote e profeta. Enfim, um tipo perfeito de Jesus Cristo.

 Neste capítulo, veremos como se deu o encontro de Melquisedeque com Abraão. Ali, na futura Jerusalém, o patriarca, que ainda se chamava Abrão, é recepcionado por um monarca, cuja autoridade espiritual era irresistível. Sim, justamente ali, na presença de Bera, rei de Sodoma, o pai da nação hebreia é abençoado. Em sua bênção, todos os que cremos fomos contemplados.

A partir daí, o sacerdócio de Melquisedeque seria invocado, pela Escritura Sagrada, como o ideal de uma intercessão eficaz, plena e eterna. Tão sublime era o sacerdócio de Salém, que o próprio Cristo viria a exercê-lo em sua vida, morte e ressurreição. Acompanhemos, pois, esse maravilhoso capítulo da História Sagrada. Detenhamo-nos na antiga Jerusalém, e desfrutemos das bênçãos que o Pai Celeste, por meio do Filho Amado, reservou-nos.

I. UMA HISTÓRIA SEM BIOGRAFIA

 Como biografar Melquisedeque? Apesar de sua grandeza teológica, quase nada temos acerca dele. Na verdade, é uma história sem biografia. No entanto, sem esse misterioso personagem, as crônicas de nossa redenção estariam incompletas.

1. Narrativa pequena, teologia grande. De forma admirável, o autor de Gênesis sumaria a história de Melquisedeque em apenas três versículos: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou el e a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo” (Gn 14.18-20).

Em menos de 60 palavras, Moisés narra um dos capítulos mais gloriosos da Bíblia Sagrada. Na verdade, é uma história sem biografia, pois de Melquisedeque não temos a filiação, nem a naturalidade. A Bíblia não lhe declina o nome dos pais, nem lhe revela  a cidade de origem. Sabemos apenas que ele era rei, sacerdote e profeta. Num texto jornalístico, não teríamos condições de responder, a contento, a estas perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê? Não obstante, somos incapazes de mesurar-lhe a grandeza teológica.

Excetuando o Senhor Jesus Cristo, nenhum outro personagem da História Sagrada logrou exercer os três ofícios sagrados. Aliás, nem o próprio Moisés que, entre os profetas, foi o maior, galgou semelhante honra. Embora falasse face a face com o Senhor, o sacerdócio não lhe foi atribuído; caberia a seu irmão exercê-lo. Arão, porém, não foi rei, nem profeta. Quanto a Davi, foi rei e profeta; sacerdote, não. Melquisedeque, todavia, foi rei, sacerdote e profeta. Mesmo assim, sua biografia, de tão exígua, não pode ao menos ser considerada como tal. Sua teologia, contudo, é tão grande que serviu para tipificar o Messias (Sl 110.4).

2. Rei de Salém. Devido à sua importância estratégica, Salém era a cidade mais importante e cobiçável do Oriente Médio. Soldados e comerciantes eram obrigados a transitar por seus termos, quer em suas viagens ao Oriente, quer em suas andanças ao Ocidente. E, dessa forma, refaziam-se na cidade de Melquisedeque.
Ali, detinham-se a ouvir o rei-sacerdote. Ninguém podia igualar-se--lhe à estatura intelectual e teológica. Sem dúvida, o homem mais sábio daquele tempo. Até os reis vinham prestar-lhe vênia. Nesse sentido, era Melquisedeque o rei dos reis daquela região. Conquanto não possuísse exército, sua autoridade moral e espiritual j amais era contestada. Aliás, Salém nem precisava de força armada, porque era a capital da paz; em seus termos imperava a justiça divina.

3. Sacerdote do Altíssimo. A autoridade de Melquisedeque não residia propriamente em sua realeza; fundamentava-se no ofício que exercia. Todos sabiam que, ali, na principal cidade da região, achava-se um homem de Deus. Por seu intermédio, os peregrinos consultavam o Eterno. Até Abraão foi à sua procura, pois sabia que, espiritualmente, havia alguém superior a si. Em que consistia o sacerdócio de Melquisedeque? Não resta dúvida de que era diferente do levítico. Este sobressaía-se pelas oferendas cruentas; aquele tinha como essência o sacrifício único e suficiente de Jesus que, na presciência divina, jazia vicariamente morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Não podemos descartar, porém, a imolação de animais, porque, desde Abel, cordeiros e novilhos eram oferecidos ao Senhor, prefigurando a morte do Unigênito.

Na Epístola aos Hebreus, encontramos uma preciosa descrição do sacerdócio de Melquisedeque: “Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem Em menos de 60 palavras, Moisés narra um dos capítulos mais gloriosos da Bíblia Sagrada. mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos” (Hb 7.1-4). Tão superior era o sacerdócio de Melquisedeque, que até mesmo a tribo de Levi, que se achava nos lombos de Abraão, pagou-lhe os dízimos através do patriarca: “Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a l ei, os dízimos do povo, ou sej a, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas” (Hb 7.5-6).

4. Profeta do Senhor. Apregoando o conhecimento divino, Melquisedeque precedeu Abraão no ministério profético que, doravante, seria exercido pela nação hebreia. O rei de Salém preparou o caminho do patriarca, a fim de que este viesse a lançar as bases espirituais, morais e éticas do povo de Israel. A teologia de Abraão era melquisedequiana. Antes e depois de Levi, faz-se presente na História da Salvação.
 Sem Melquisedeque, o ministério de Abraão seria impossível.
 Foi como profeta que o rei de Salém abençoou o patriarca: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” (Gn 19,20). À primeira vista, a bênção parece um enunciado sacerdotal. No entanto, temos aqui também uma alocução profética; realça a importância messiânica de Abraão. Melquisedeque faz parte da comunidade profética que Deus mantinha antes e fora de Israel.
 Entre esses homens ilustres, temos Jó, Eliú, Jetro e os sábios que visitaram o menino Jesus. Embora não fossem israelitas, trabalharam para que a missão de Israel tivesse êxito. Balaão também fazia parte dessa comunidade. Infelizmente, o filho de Beor deixou-se enganar pelas riquezas de Balaque, vindo a perecer ao fio da espada (Nm 31.8).

5. Melquisedeque, agenealogatos. Melquisedeque era um homem de Deus, mas não era divino. Embora sej a descrito como não tendo pai, nem mãe, nem genealogia, era tão humano quanto Abraão. O que o autor sagrado quis destacar é que, devido à sua importância, sua filiação e naturalidade fizeram-se prescindíveis. Ele não precisou de uma biografia para fazer história; sua atuação foi suficiente.
Se Abraão precisava de uma genealogia que o remetesse a Noé e a Adão, não carecia Melquisedeque de um registro que o ligasse a um ancestral ilustre. O triplo ministério reportava-o, de imediato, ao Filho de Deus; seu ofício era eterno, como eterno é Jesus Cristo. Melquisedeque era um sacerdócio messiânico. Melquisedeque não era divino, mas como homem de Deus era singul ar. Não era eterno, mas transcendeu o tempo. Sacerdote, foi honrado como rei pelo amigo de Deus. Enfim, era el e um profeta, rei e sacerdote em sua plenitude.

II. ABRAÃO, O GENTIO



Quando Deus intimou a Abraão a sair de Ur dos caldeus, era o patriarca tão gentio quanto eu e você. Sem dúvida, foi o primeiro não israelita a converter-se formal e historicamente. A partir daí, Deus o separa a uma tarefa, que haveria de mudar o perfil teológico, moral e ético do mundo. Sem el e, o Cristianismo seria impossível.

1. Abraão, filho de Noé. Em Ur dos caldeus, o gentio Abrão, que mais tarde entrará para a História Sagrada como Abraão, era um ben Noah. Um filho de Noé, como qualquer outro oriental. Oriundo da linhagem de Sem, j á era agraciado por duas bem-aventuranças. Através de Noé, desfrutava dos favores da aliança que l evou o Senhor a sal var o segundo patriarca universal das águas do Dilúvio (Gn 6.18). E, por meio de Sem, detinha o concerto messiânico (Gn 9.26).
Quando de seu chamamento, Abraão não passava de um arameu atribulado e sem muitas perspectivas. Pelo menos, assim professavam os israelitas, no Sinai, em sua peregrinação à Terra de Promissões: “Arameu prestes a perecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com pouca gente; e ali veio a ser nação grande, forte e numerosa” (Dt 26.5).
Mas, ali, em meio à idolatria que já ameaçava a integridade da grande e diversificada família semita, ouve Abraão a chamada do Senhor: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3).

2. Abraão, cidadão de Ur dos caldeus. Ur era uma das cidades-estado mais avançadas do Oriente Médio. Localizada na antiga Suméria, ficava nas cercanias da atual Tell el-Muqayyar, na província iraquiana de Dhi Qar. E, plantada na foz do rio Eufrates, deveria ser deslumbrante e sedutora. Se levarmos em conta a possível etimologia de seu nome, Ur era a cidade-luz de seu tempo. Uma Paris do Oriente.
Nanna era a padroeira de Ur. Adorada como a deusa lunar, começava a subjugar até mesmo os descendentes de Sem, o filho mais piedoso de Noé. E, sendo ela também a deusa da fertilidade, lançava seus adoradores nos ritos mais devassos e libertinos. Prostituição e adultério eram comuns em seus templos. Mais tarde, ela seria adotada pelos gregos que lhe deram um nome mais afinado aos ouvidos ocidentais: Afrodite.
Os romanos a conheceriam como Vênus. Dessa cidade evoluída economicamente, mas espiritualmente tão involuída, Deus arranca Abraão. Ao ouvir a voz do Senhor, o patriarca deixa o cl ã paterno e faz-se peregrino: “Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com el e. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e l á chegaram” (Gn 12.4,5).

3. Abraão, o peregrino. Ao deixar a sua cidade, Abraão não tinha um mapa detalhado da terra que Quando Deus intimou a Abraão a sair de Ur dos caldeus, era o patriarca tão gentio quanto eu e você. lhe daria o Senhor. Peregrinando em direção ao Ocidente, deteve-se por al gum tempo em Padã-Harã. Daí, andej a até Siquém. E, junto aos carvalhais de Moré, o Senhor torna-lhe a promessa mais cl ara: “Darei à tua descendência esta terra” (Gn 12.7). Diante da promissão divina, o patriarca detém-se entre o já e o ainda. Sim, a terra j á é del e; pertence j á aos seus descendentes. Todavia, ainda não é o tempo de a possuir. Seus descendentes terão de esperar mais quatro séculos até se apossarem do país onde mana leite e mel. Agradecendo a Deus, Abraão crê; crendo, é justificado. Somente a fé opera semelhantes mil agres no coração humano.

III. O ENCONTRO COM MELQUISEDEQUE

Em Salém, dá-se um culto completo ao Deus Altíssimo. Abraão, recepcionado por Melquisedeque, bendiz ao Senhor por uma grande vitória, participa da primeira Santa Ceia e louva ao Eterno com os seus dízimos. E, diante do rei de Sodoma, realça o testemunho irresistível de sua fé em Deus.

1. A crise anunciada. Ao separar-se de Abraão, seu tio, muda-se Ló para a impenitente Sodoma. E, l á, segundo depreendemos do texto sagrado, veio a prosperar. Sua influência sobre a cidade era mui considerável. Ló era uma espécie de juiz universal (Gn 19.9). Todavia, j amais se conformou com a degradação moral da cidade. Diariamente, afligia-se “pelo procedimento libertino daquel es insubordinados” (2 Pe 2.7).
Sodoma, apesar de sua degenerescência moral, desfrutava de um admirável desenvolvimento social e econômico. Por isso, era cobiçada pelos reinos da região. Certa vez, alguns desses régulos organizaram-se contra a cidade, conforme registra o autor sagrado: “Sucedeu naquele tempo que Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de El asar, Quedorl aomer, rei de El ão, e Tidal, rei de Goim, fizeram guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Bel a (esta é Zoar)” (Gn 14.1,2).
Nesse investida, Quedorlaomer l eva o justo Ló a um cativeiro incerto e cruel (Gn 14.12).

2. A vitória no campo de batalha. Ao saber que o sobrinho fora l evado cativo, Abraão não se fez esperar. Arregimenta um exército entre os seus servos, e vai ao encalço de Ló. Sua vitória é espetacular, segundo narra o Gênesis: “E, repartidos contra eles de noite, el e e os seus homens, feriu-os e os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco” (Gn 14.15). Seus 318 homens derrotaram o exército mais poderoso da região. Um exército, aliás, que vinha de várias campanhas vitoriosas.
Abraão resgata não somente o sobrinho, como também os demais cativos de Quedorlaomer. Sem dúvida, uma façanha bélica. Um bando de pastores havia derrotado uma poderosa coligação. Como celebrar semelhante triunfo? Dirige-se, pois, o patriarca a Salém, onde j á o esperava Melquisedeque. Agradecendo a Deus, Abraão crê; crendo, é justificado. Somente a fé opera semelhantes milagres no coração humano.

3. O encontro com o rei de Salém. Não sabemos se até aquele momento, houvera algum encontro entre Abraão e Melquisedeque. De qualquer forma, não poderia haver ocasião mais propícia. Se havia um culto público e testemunhal a realizar, que Salém fosse o santuário. O ato de adoração ao Único e Verdadeiro Deus seria presenciado inclusive por Bera, rei de Sodoma.
Infelizmente, o sodomita não se deixaria enternecer pela manifestação divina. Mais interessado em reaver os súditos, partiu de imediato à sua impenitente e j á condenada cidade-estado.

4. A santa ceia em Salém. O pão e o vinho faziam parte do cardápio oriental; eram alimentos básicos. Mas, agora, o pão e o vinho de Salém adquirem um caráter sacramental. A vitória do patriarca, portanto, será comemorada com uma ceia que se faz santa. Observemos como a narrativa sagrada descreve a celebração: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18). Observemos a precisão da narrativa bíblica. Melquisedeque traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como rei de Sal ém. Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial. Conclui-se que o pão e o vinho ali servidos j á prefiguravam o corpo e o sangue de Cristo. Levemos em conta, também, que o sacerdócio de Melquisedeque era superior ao de Levi, porquanto messiânico, eterno e universal. O que isso significa? Acima de tudo, que o pão e o vinho, naquel e momento, eram mais adequados do que um cordeiro.


5. Abraão dá os dízimos a Melquisedeque. Após a refeição sacramental, Melquisedeque abençoa Abraão. Dessa forma, o sacerdote do Deus Altíssimo agracia o patriarca hebreu: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos” (Gn 14.19,29). Nesse evento, Abraão era ainda Abrão. Mas logo seria el e não apenas um grande pai, mas o pai espiritual de todos os crentes, quer hebreus, quer gentios.
 Já no encerramento do culto, Abraão serve a Deus com os seus dízimos. Ao rei de Salém, entrega o melhor de seus haveres (Gn 14.20). Tão liberal mostrou-se o patriarca que, além de não aceitar a oferta de Bera, rei de Sodoma, fez questão de externar materialmente o que, espiritualmente, havia recebido. Até mesmo dos despojos de guerra que estavam em seu poder, deu el e o dízimo (Hb 7.4). 

Na verdade, Abraão nenhum despojo quis para si, mas desse mesmo despojo pagou o dízimo ao Senhor pela mão de Melquisedeque. 

CONCLUSÃO 

Abraão encontrou-se com Melquisedeque, e foi espiritual e teologicamente edificado. Em Salém, teve uma visão mais clara de seu chamamento. Sabia, agora, que a sua missão ia além do tempo; era eterna. Nele, seriam abençoadas todas as nações da terra por intermédio de Jesus Cristo, seu mais ilustre descendente. 
Hoje, através de Cristo, é-nos facultada a entrada ao trono da graça. E, agora, podemos adentrar não a Salém terrena, mas a Jerusalém Celeste, cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus.



Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP
A Batalha dos Nove Reis - Ló É Levado Cativo - 14:1-12
POR : apazdosenhor.org
A coligação mencionada neste capítulo é um parêntesis na vida de Abraão, e não parece ter outro fim senão mostrar que Ló já está começando a colher os frutos de sua má escolha e, ao mesmo tempo, introduzir outro célebre personagem: Melquisedeque.
Há poucos anos passados, cria-se que este incidente jamais tinha acontecido e que era uma pequena história romântica na vida do patriarca. Hoje, porém, depois das descobertas arqueológicas, ninguém ousa mais dizer que de fato não se deu tal luta entre os reis da Babilônia e os da planície de Sodoma. O motivo desta luta foi a recusa do pagamento do tributo e conseqüente revolta dos reis palestinos contra o soberano Quedorlaomer.
A expedição babilônica era chefiada por Quedorlaomer, rei de Elã, antiga Pérsia, e não por Anrafel, rei de Sinear ou Babilônia.

Este Anrafel, como veremos, foi um dos reis mais brilhantes da antiguidade, mas Quedorlaomer não o foi menos. Era de esperar que aquele, e não este, guiasse a expedição. Todavia, não é isto o que parece. As inscrições descobertas na Assíria e El Mugheir (Ur dos Caldeus), cidade de Abraão, descrevem uma linha de reis poderosos, que dominaram em Elã, cujo império se estenderia desde o sul da Caldéia até ao Mediterrâneo (Geikie, "Hours with the Bible", Vol. I).
                                                                             
Anrafel era rei de Sinear, cidade fundada por Ninrode. Arioque, rei de Elasar, que ainda não está bem identificado, nem tampouco ainda se sabe muito bem onde estava localizada Elasar. Tidal, rei de nações, não é conhecido perfeitamente, mas crê-se que era pequeno vassalo de Anrafel ou Quedorlaomer e que sua história esteja misturada com a do suserano. O futuro trará ainda alguma luz sobre os dois reis desta velha batalha. Entretanto, os dois mais importantes nos falam hoje por seus velhos documentos e monumentos, como se vivêssemos nos seus dias.

Supõe-se que Elasar seja o antigo nome de Sarsa, na baixa Babilônia, e que hoje tem o nome de Senquerem. Tidal tinha por título rei das nações ou Goim. Este título significa talvez a mistura de raças de que Tidal era rei.
Podemos, pois, dizer que os dois principais reis desta expedição são bem conhecidos hoje e suas capitais e civilizações são assuntos históricos. Anrafel é o moderno nome do Hamurabi (Hamurapi) dos monumentos caldaicos; teve por capital Sinear, cidade fundada por Ninrode.

Há poucos anos foi descoberto um código de leis promulgadas por esse rei, código este, mil anos mais velho do que o código de Moisés, e que só lhe é inferior sob o ponto de vista religioso. Este código está hoje traduzido em diversas línguas e é um forte atestado do grau de cultura atinando naquele tempo. O dito código tem provisões para todos os misteres da vida política, comercial, social e religiosa. Alguns trechos comparados com o código mosaico nos convenceriam da grandeza daquele rei e do seu reinado. Alguém pensa que Moisés tinha diante de si este código quando escreveu o seu (ver na introdução a este comentário o que falo sobre Hamurabi).

Quedorlaomer é outro personagem histórico, ainda que não tão importante como Anrafel ou Hamurabi. Tidal e Arioque não são bem conhecidos hoje, como ficou dito, talvez por causa das mudanças de nomes das cidades onde governaram.

 Os cinco reis palestinos - Bera, rei de Sodoma; Birsa, rei de Gomorra, outra cidade importante e que foi destruída junto com Sodoma, por causa de seus pecados, cujo local se crê, está hoje tomado pelo Mar Morto; Sinabe, rei de Admá; Semeber, rei de Zeboim; e o rei de Belá (Zoar) - todos tinham seus reinados nas proximidades do lugar onde Abraão morava. Não pensemos deles como pensamos do rei de Espanha ou Itália. Estes reinados eram pequenos territórios, muitas vezes uma pequena tribo. Alguns destes lugares tem sido identificados, tais como Sodoma e Gomorra e Zoar, mas há alguma dúvida sobre os outros dois.

O motivo desta expedição contra os reis da Palestina, uma das mais célebres da antiguidade, parece ter sido a revolta contra Quedorlaomer, a quem serviam havia doze anos. Este reuniu os seus aliados e marchou com um poderoso exército na direção do oeste, destruindo os refains em Asterote-Carnaim, depois os zuzins em Há, os emins em Savé-Siriataim, até chegar aos horeus, junto ao Sinai, no deserto de Parã. Continuando sua campanha, dirigiu-se para o norte, destruiu os amalequitas, os amorreus ao sul do Mar Morto, até que chegou às cidades da planície de Sodoma e seus confederados, que destruiu também.

Os amorreus eram descendentes de Cão e foram por algum tempo aliados de Abraão. Os amalequitas, de remota origem, a quem Balaão chama "primeira das nações" ou Goim, foram terríveis inimigos dos israelitas (Números 24:20). De quem eram descendentes ainda não se sabe com precisão. Esaú teve um neto chamado Amaleque (Gênesis 34:10- 16), mas parece que os amalequitas tiveram outra origem.
Os horeus, que habitavam no monte Seir, ao Norte da Arábia, eram descendentes de Esaú. Seu próprio nome devia ser lotamitas, porque eram filhos de Lotã (Gên. 36:22), mas derivam o nome de Hori, filho de Lotã. "Horeu" veio significar mais tarde "morador de cavernas". Pertenciam, conforme a opinião de alguns, aos chamados trogloditas, que se supunham serem dos primeiros habitantes da terra, no tempo em que os homens ainda não sabiam construir casas, e que outros críticos querem que sejam os imediatos descendentes dos antropoides. Entretanto, os moradores de cavernas não são tão velhos como se pensava. São do tempo de Abraão, e nesse mesmo tempo floresceram as mais célebres civilizações antigas, tais como Babilônia e Egito. O habitante das cavernas não é, forçosamente, um homem pré-histórico, rudimentar, semibárbaro ou ainda em estado evolutivo, meio homem, meio macaco. O costume de morar nas cavernas talvez fosse devido ao excessivo calor do lugar. Os estrangeiros que moram ou vão passar algum tempo nestas partes desertas têm de passar as horas do calor em casas subterrâneas cavernas, e ainda assim o calor é asfixiante.

As tribos ou reinados destruídos por Quedorlaomer e seus aliados nas planícies do Jordão, os refains, zuzins e emins, eram os habitantes originais da Palestina antes de os cananeus emigrarem para ali e tomarem possessão da terra. Eram filhos de Jafé ou Sem. De grande estatura e vivendo em contínuas guerrilhas, dificilmente se acomodariam a ser vassalos de um reinado longínquo como o de Elã. Quando os israelitas voltaram do Egito uns 500 anos depois, restavam alguns destes gigantes na terra, que tanto apavoraram os espias mandados por Moisés.

A batalha foi ferida no vale de Sidim (Mar Salgado) entre os nove reis, sendo quatro babilônios e cinco palestinos. Os últimos não puderam resistir, e fugiram, caindo nos poços de betume, sendo suas cidades pilhadas.
Devemos lembrar-nos de que Sodoma e Gomorra ainda não tinham sido destruídas e que, portanto, segundo os melhores conhecimentos do assunto, o Mar Morto ainda não existia, visto estar no lugar onde estiveram localizadas estas cidades. Tanto o Mar Morto como as imediações, todo o planalto limítrofe é cheio de betume e outros elementos de natureza mineral que alguns exploradores pensam ser o resultado da catástrofe que destruiu as cidades. O verso 10 do capítulo 14, porém, diz que havia ali poços de betume, e isto antes da destruição. É bem possível que DEUS usasse esses elementos - betume, querosene e enxofre - que se encontram em abundância nestes lugares e, por meio de um abalo subterrâneo, os fizesse incendiar e assim destruísse não só as cidades, mas alterasse o próprio local.

Na descrição bíblica, diz-se que DEUS fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, e esta descrição pode ser tanto exata em si mesmo, como à vista do observador. Pensemos em Abraão, testemunha ocular do estupendo acontecimento, olhando desde o carvalho de Manre, pouco distante do lugar, e vendo a coluna de fumo subir até às nuvens. Para ele, estava chovendo fogo e enxofre, e sua combustão produzia o tétrico cenário por ele mesmo descrito a Isaque e por este, a seus filhos, até que Moisés o incorporou no sagrado relato. Se DEUS fez chover fogo e enxofre ou usou os elementos que já existiam no lugar, é questão secundária.

O Cativeiro de Ló e a Participação de Abraão na Guerra 
Da batalha alguém escapou para vir contar ao hebreu o acontecimento da captura de Ló. Abraão não podia ficar indeciso. Ordenou a militarização do seu pessoal e marchou em perseguição dos invasores.
Seu pessoal era de 318 soldados, servos seus, junto com seus três aliados, Aner, Escol e Manre (v. 24), com os quais pode fazer um formidável exército; se não era poderoso em número, era-o, pelo menos, em organização. Os invasores voltaram à Babilônia por outro caminho, o que ligava Babilônia à Palestina e que seguia o curso do rio Eufrates. Abraão alcançou o inimigo em Dã, ao norte do território israelita, à esquerda de Damasco, capital da Síria. Com uma hábil estratégia, dividindo seus soldados em colunas, de noite, sem talvez ser pressentido, pode esmagar os reis valorosos e libertar Ló. Não foi o rico despojo que atraiu Abraão ao combate, mas seu sobrinho ganancioso. Ló estava já colhendo os frutos temporãos de sua separação do tio. O espírito de Abraão é digno de menção. Seu sobrinho não só tinha quebrado a lei de obediência e respeito devidos ao tio, mas o tinha explorado também, escolhendo a melhor parte da terra. Tudo isto, porém, pesou pouco no ânimo grande e no espírito nobre do patriarca. Ló era seu sobrinho, e este fato por si só podia mais que todas as faltas.

Abraão, Melquisedeque e o Novo Rei de Sodoma - Gên. 14:17-24
 O verso 10 nos diz que o rei de Sodoma caiu nos poços de betume, mas, na volta de Abraão, o novo rei veio ao seu encontro. Logo que os reis invasores se retiraram, nada mais natural que o povo espalhado pelas montanhas se reunisse e elegesse novo rei e procurasse restaurar os estragos. E é esse novo rei que foi saudar Abraão, na volta de sua campanha. Pode ser que o rei que tinha caído no poço tenha conseguido Sair, mas a narrativa parece indicar que morreu ali. O encontro deu-se no vale de Sedim, que depois passou a ser chamado "vale do rei", perto de Jerusalém, onde Melquisedeque reinava (II Sm. 18:18).

Além do rei de Sodoma, outro personagem ilustre foi saudar Abraão pela brilhante vitória. A este rei deu o general Abraão o dízimo de tudo, e o resto entregou ao rei de Sodoma, tirante a parte que cabia aos seus tirados. Para si, nada tirou Abraão, para que não se dissesse que tinha enriquecido à custa dos reis vencidos. Ele tinha direito inegável a uma parte, assim como Aner e os outros dois aliados, e ninguém o poderia censurar por isso, mas como não tinha ido à guerra por espírito ambicioso, nada quis para si. Não precisava, embora este não fosse o ponto envolvido, não quis que se dissesse que tinha enriquecido à custa da batalha. ESPÍRITO mais nobre é difícil encontrar. Os que o acusam de receber presentes no Egito, por causa de sua mulher, devem saber que a honra e dignidade de Abraão podem ser provadas neste caso. Era rico, mas licitamente.

Melquisedeque soube da batalha, o veio abençoar e receber os dízimos.
Quem Era Este Melquisedeque?
 Pergunta difícil de responder. O salmista (Sal. 110:4) refere-se a ele, mas não nos diz quem era e donde veio.
Um pesado silêncio e um profundo mistério envolvem este grande personagem. Muitos querem que seja Sem, outros Cão, outros Jafé. Não podia ser qualquer destes, tanto pelo espaço de tempo que mediou do tempo em que viveram à época de Abraão, como pela declaração de Hb. 7:3, de que não tinha pai nem mãe, isto é, pai e mãe conhecidos.

Outros, querem que seja CRISTO, no seu estado de pré-encarnação, mas esta teoria está em conflito com o Sal. 110:4 e com o teor geral das Escrituras, que fazem CRISTO e Melquisedeque duas personalidades distintas e dois sacerdotes também distintos, um prefigurado no outro. Uma coisa não pode ser prefigurada em si mesma. Quem era, pois, esse homem? Um anjo? Não. Do pouco que sabemos dele, cremos que era um homem pio que permanecia fiel à religião de Noé, ou ao primitivo monoteísmo e neste caráter era um sacerdote como Jetro, sogro de Moisés.

Historicamente, segundo Josefo, era rei de Salém, que depois se e tornou Jerusalém. Parece ser o rei dos jebusitas, descendentes do terceiro filho de Cão (Gên. 10:16), que habitaram em Jerusalém até ao tempo de Davi (11 Sm. 5:6), tendo Josué deles feito tributários (Js. 11:3), na tomada da Palestina. A palavra Jerusalém deriva-se de Jebus e Salém. Este nome foi dado à cidade depois da conquista de Davi. Na conquista de Canaã, o nome do rei era Adoni-Zedeque, que significa "senhor de justiça" ou "rei de justiça". É interessante notar uma cidade de origem camita (Cão) com história tão profundamente religiosa. A coleção das cartas encontradas em Tel-Amarna, no Egito, contém algumas escritas pelo rei de Salém ou Salaim ao rei do Egito, pedindo socorro contra os invasores Haburi (hebreus), nas quais ele declara ser rei eleito por DEUS, e cujo reinado não teve princípio e nem teria fim. Parece haver a crença de que o primeiro rei da terra tinha sido posto por DEUS mesmo, fato de que se orgulhavam bastante.

Seja qual for o grau de verdade que haja em toda esta tradição, é fato que Melquisedeque era um destes reis e sacerdotes, parecendo, assim, comprovar a pretensão de que a nação jebusita tinha tido uma sucessão de monarcas cuja origem se perdia nas brumas do passado e cuja continuação criam ser de aprovação divina. Anima pensar que entre uma tribo que não era de linhagem semita e no meio de uma degradação religiosa profunda, se encontrasse um rei com foros sacerdotais bíblicos e uma vida genuinamente religiosa. Com estes requisitos de rei-sacerdote, foi ao encontro de Abraão, o abençoou, e este lhe deu os dízimos de tudo que tinha tomado na batalha, o reconhecendo maior que si mesmo. Tal sacerdócio, na pessoa de um filho de Cão, parece ser uma violação dos direitos semitas, que eram, segundo a profecia de Noé, os "abençoados de Jeová"; e mesmo a familiaridade que parece existir entre os dois personagens denuncia afinidades raciais, ao mesmo tempo que era impossível que da raça amaldiçoada se destacassem um ou mais homens piedosos do caráter de Melquisedeque. Por outro lado, podia ser semita, ainda que governando um povo camita. O autor da Carta aos Hebreus descreve este ilustre personagem como não tendo pai nem mãe, nem princípio de dias, nem fim de vida, mas feito semelhante ao Filho de DEUS (Hb. 7:3). Esta linguagem refere-se ao ofício da pessoa e não à pessoa mesma. Como homem, tinha pai e mãe, princípio e fim de dias, mas, corno sacerdote, não tinha genealogia. Primeiro, porque de quem tinha recebido o ofício, não se sabe; seria para ele mesmo difícil saber quem tinha sido o seu predecessor, se é que o teve. Segundo, não houve certo tempo quando o sacerdócio de Melquisedeque começou. Neste caráter, foi semelhante a CRISTO. Era um tipo, tanto no reinado, como no sacerdócio. Humanamente mesmo, não sabemos quem eram seus pais, se Sem, Cão, Jafé ou qualquer outro homem. Aparece, assim, ocasionalmente, e desaparece do mesmo modo, deixando sua individualidade envolta em mistério. Nada sabemos do seu princípio nem do seu fim. Encarado por estes dois lados, é uma figura sem princípio nem fim, verdadeiro tipo de CRISTO.

(Sobre a existência de povos monoteístas, chamo a atenção do leitor para as notas antes oferecidas. Não se sabe ao certo se Melquisedeque era monoteísta, mas, se era sacerdote do DEUS Altíssimo, não podia ser politeísta. Há dois elementos importantes neste fato e também no de Reuel, sogro de Moisés: Não somente o monoteísmo era uma verdade, mas ainda mais, a existência de sacerdotes, que oficiavam cultos monoteístas).
Antes de passar ao capítulo 15, convém consignar aqui algumas palavras de crítica aos esforços de alguns sábios tendentes a negar a historicidade das narrativas deste capítulo. A escola racionalista alemã Graaf-Welhausen reduziu todo o conteúdo desta maravilhosa história a mito e, diga-se de passagem, fez época por algum tempo, até que a Arqueologia teve oportunidade de mostrar que Moisés não só sabia o que estava dizendo, mas sabia ser história verídica.

Negava-se a possibilidade de uma guerra como a que é descrita aqui, por causa da distância e das condições em que ela se feriu. Não era possível, diziam, a vinda de exércitos de tão longe, por falta de estradas e outras coisasindispensáveis.
Hoje, porém, sabe-se que havia até correspondência postal regular entre a Palestina e a Babilônia, e que havia uma estrada ao longo do Eufrates, entre os dois países. Dizia esta escola que Anrafel e seus companheiros eram personagens mitológicas, como outras que a Bíblia menciona. Hoje, este Anrafel da Bíblia vive em todo o seu esplendor nos documentos descobertos na Assíria e na Babilônia e que ornam os museus da Europa e da América. Foi no reinado deste homem que foi publicado o célebre código de leis, conhecido nos círculos arqueológicos como Código de Hamurabi ou Hamurapi. O Anrafel da Bíblia e o Hamurabi da história caldaica são, incontestavelmente, o mesmo personagem. Não seria preciso usar argumentos silogísticos para provar que, se um personagem é histórico, os outros o são também, visto serem contemporâneos e fazerem parte da mesma narrativa. Mas o Quedorlaomer, chefe da expedição, também nos fala pelas suas conquistas e vitórias.

Noldek e Driver, além de muitos outros, pretendem mostrar que os nomes arqueológicos não são os mesmos da Bíblia, mas uma das maiores autoridades do assunto, o Prof. Sayce, afirma que Anrafel e Hamurabi são uma e a mesma pessoa.
Outra dificuldade a vencer é o fato de que estes poderosos, reis destroçaram muitos outros reinados, e Abraão, com os seus 318 servos e alguns aliados, os venceu numa só noite. Não nos devemos admirar disto. Em primeiro lugar, não esperavam uma desforra desta natureza. Para ele não havia possibilidade de um ataque e, portanto, não estavam apercebidos para tal coisa. A segunda razão é que os soldados, depois de uma expedição tão prolongada e penosa, deviam não só estar exaustos, mas reduzidos. Abraão cercou-os de noite e fácil lhe foi destruí-los. Ao mesmo tempo não sabemos quantos soldados faziam parte do exército dos seus aliados, mas somente os que Abraão sozinho pôde arregimentar. É bem possível que os reis invasores não conhecessem tão bem como Abraão o caminho por onde estavam voltando e que tomados de surpresa, à noite, desconhecendo a qualidade de inimigo que tinham pela frente, se apavorassem e fugissem. - Conquanto seja difícil tal situação, ninguém tem o direito de afirmar que ela não é verídica.

Outra dificuldade é o aparecimento de Melquisedeque de uma forma toda misteriosa. De fato, ele aparece e desaparece bruscamente. Todavia, o papel que tinha a fazer, o fez. Nada tinha com a questão entre os reis do Oriente e os da Palestina, mas ao mesmo tempo sentiu que devia louvar o gesto de um que, nada tendo também com o assunto, a não ser a libertação de seu sobrinho, se aventurou a perder toda a sua casa. Foi um ato de verdadeiro heroísmo e desprendimento. Isto incitou o sacerdote de DEUS a vir aplaudi-lo. Demais, quem sabe que outras relações existiam entre Abraão e Melquisedeque? Moisés não prometeu dizer-nos tudo que sabia e que tinha acontecido. Limitou-se a relatar o suficiente.



( POR : APAZDOSENHOR.ORG )




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