O que é
Diversidade cultural:
Diversidade
cultural são os vários aspectos que representam particularmente as diferentes
culturas, como a linguagem, as tradições, a culinária, a religião,
os costumes, o modelo de organização familiar, a política, entre outras
características próprias de um grupo de seres humanos que habitam um
determinado território.
A
diversidade cultural é um conceito criado para compreender os processos de
diferenciação entre as várias culturas que existem ao redor do mundo. As
múltiplas culturas formam a chamada identidade cultural dos
indivíduos ou de uma sociedade; uma "marca" que personaliza e
diferencia os membros de determinado lugar do restante da população mundial.
A
diversidade significa pluralidade,variedade e diferenciação,
conceito que é considerado o oposto total da heterogeneidade. Atualmente,
devido ao processo de colonização e miscigenação cultural entre a maioria das
nações do planeta, quase todos os países possuem a sua diversidade cultural, ou
seja, um "pedacinho" das tradições e costumes de várias culturas
diferentes.
Algumas
pessoas consideram a globalização um perigo para a preservação
da diversidade cultural, pois acreditam na perda de costumes tradicionais e
típicos de cada sociedade, dando lugar à características globais e
"impessoais".
Saiba mais
sobre o fenômeno da globalização.
Com o
intuito de tentar preservar a riqueza da diversidade cultural dos países,
a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) criou a "Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural".
A Declaração
da UNESCO sobre Diversidade Cultural reconhece as múltiplas culturas como uma
"herança comum da humanidade", e é considerada o primeiro instrumento
que promove e protege a diversidade cultural e o diálogo intercultural entre as
nações.
No sudeste e
sul destacam-se costumes de origem europeia, com colônias portuguesas,
germânicas, italianas e espanholas que, ainda hoje, mantêm a cultura típica de
seus países de origem.
Diversidade cultural e religiosa
A
diversidade religiosa está intrinsecamente relacionada com a cultura. O
chamado sincretismo religioso conceitua o processo de mistura
e diversificação de várias religiões reunidas dentro de uma sociedade.
No Brasil,
por exemplo, a diversidade religiosa está na presença das várias crendices
coabitando em um mesmo território, como os católicos, judeus, muçulmanos,
hindus e etc
Capítulo 10
A DIVERSIDADE CULTURAL DA HUMANIDADE
INTRODUÇÃO
Só no Brasil, são falados, além do português,
187 idiomas. Alguns, por 11 pessoas; outros, por apenas duas. Tais números
tendem a crescer se levarmos em conta as etnias ainda não contatadas. Num único
país, já temos uma formidável Babel. No mundo todo, segundo a Enciclopédia Ethnologue,
há 6.912 línguas e dialetos. A mesma fonte acrescenta que, nas regiões da Ásia
e do Pacífico, há mais de 300 unidades línguisticas ainda não catalogadas. Boa
parte desses idiomas terá uma existência bastante efêmera. Alguns não demorarão
a ser extintos; outros, sufocados, perderão a identidade. Qual a origem da
diversidade línguística e cultural da humanidade? Em Gênesis, Moisés narra como
a civilização, a princípio monolínguista e monocultural, veio a dividir-se em
idiomas, dial etos e falares. Multiplicando-se a língua, subdividiu-se a
cultura dos filhos de Noé.
I.
A APOSTASIA DE CAM E A SEDIÇÃO DE CANAÃ
No capítulo
anterior, vimos como a família de Noé acabou por dividir-se por causa da
irreverência de Cam. À primeira vista, o fato mais parecia uma comédia de mau
gosto. Aquele deboche, porém, viria a revel ar o pecado que reinava no coração
de Cam e já imperava na alma de Canaã, seu filho. O que era apostasia pessoal
desdobra-se, agora, numa sedição coletiva.
1. A sedição de
Canaã.
Em toda a narrativa bíblica, devemos observar
não somente o que diz o autor sagrado como também o que ele deixou de dizer.
Atentemos à sedição de Canaã que, embora não declarada, foi ganhando corpo ao
longo da História Sagrada. A partir do ignominioso episódio da embriaguês de
Noé, pôs-se Canaã a aliciar a sua geração, levando-a a rejeitar a cultura divina
que o patriarca buscava implantar na nova civilização. À semelhança de Lameque,
Canaã leva a segunda civilização a revoltar-se contra Deus. Sua influência foi
tão poderosa que, em pouco tempo, induz a todos à incredulidade, à
desobediência, à arrogância e ao ateísmo.
2. A incredulidade generaliza-se.
Deus havia
garantido àquela gente que não mais destruiria a terra através de um novo
dilúvio. Iniciada alguma chuva, erguiam-se de imediato as cores de sua aliança,
arquejando os hemisférios. Logo, qual a utilidade de uma torre, cujo topo
arranhasse o céu? Cidades e torres seriam construídas aos milhares desde então.
Todavia, os
discípulos de Canaã não intentavam erguer uma cidade, ou uma simples torre;
porfiavam por um monumento contra Deus. Nessa metrópole, cujo epicentro seria
pontificado por um zigurate, haveriam de se apinhar, impedindo o repovoamento e
a lavratura do planeta. Aquela geração não mais confiava em Deus. Seduzida j á
por Canaã, é tomada por um pavor mórbido de outra inundação. E, receando ser
espalhada, rejeita coletivamente os desígnios que o Senhor lhe reservara.
Juntos, supunham-se mui seguros; dispersos, imaginavam-se insulados, fracos e
vulneráveis.
Era plano de
Deus que os varões, deixando a casa paterna, constituíssem novas famílias.
Desdobrar-se-iam estas em tribos, nações e povos. Todavia, isso somente seria
possível se as novas unidades domésticas se propusessem a ocupar os continentes
e ilhas. O Senhor buscava pioneiros e empreendedores. Logo, não há civilizações
sem desafios e aventuras.
3. A desobediência espalha-se.
Canaã
possuía um excelente marketing. Sabia mentir, e tanto mentiu, que a sua mentira
veio a fazer-se verdade aos ouvidos rebeldes. Dentro em pouco, ninguém mais
ousava aventurar-se por terras estranhas, a fim de iniciar uma nova tribo,
nação ou povo. O pecado daquela geração até que não parecia grave. Se todos
buscam concentrar-se num só lugar, que mal pode haver nisso? Num primeiro
momento, nenhum. Todavia, tal postura quebrantava o mandamento que o Senhor
confiara a Adão, e, depois, a Noé. Talvez os filhos de Sem, Jafé e Cam ainda
não soubessem que a confinação poderia ser-lhes fatal. A concentração urbana
gera licenciosidade, violência, injustiça social e tirania.
4. Arrogância virulenta.
No início da
segunda civilização, apenas dois eram os desobedientes e revoltosos. Mas a
apostasia de Cam e a sedição de Canaã não demoraram a espalhar-se entre os
filhos de Sem e Jafé. O problema, agora, não era mais a violência, nem a
promiscuidade sexual; era algo pior: o orgulho.
Os descendentes
de Noé construiriam uma torre, visando uma única coisa: a perpetuação de seu
nome. Por isso, desabrem-se arrogantemente: “Vinde, edifiquemos para nós uma
cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso
nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra” (Gn 11.4).
A soberba
adora monumentos. Faraó ergueu as pirâmides. Nabucodonosor, os jardins
suspensos. Nero, a nova Roma. Quanto aos governantes atuais, constroem grandes
edifícios, mas são incapazes de estender, aos mais pobres, serviços tão básicos
e mínimos como redes de água e esgoto. O soberbo pode não se preocupar com a
sua descendência, mas faz questão de erguer pelo menos um monumento. Haja vista
Absalão, filho de Davi (2 Sm 18.18). Não sei a que altura Babel alcançou. De
uma coisa, porém, estou certo: não era maior do que o ego daquela geração que
se punha contra o Senhor.
5. Ateísmo, a nova religião.
Tomados j á
pela soberba, os descendentes de Noé punham-se, agora, Em toda a narrativa
bíblica, devemos observar não somente o que diz o autor sagrado como também o
que ele deixou de dizer. aberta e declaradamente contra Deus. Rejeitando o
governo divino, optavam por uma governança humana. Não lhes interessava mais o
Reino do Céu, mas o império da Terra. Fizeram-se ateus não por que
desacreditassem do Criador, mas por se voltarem à criatura.
II. A CIVILIZAÇÃO MONOLINGUISTA
Já imaginou
se toda a humanidade falasse alemão no período da Segunda Guerra Mundial?
Providencialmente, havia muita gente, no século passado, pensando
contrariamente a Hitler noutros idiomas e dial etos. Assim, puderam os homens
livres congregar-se, a fim de preservar as conquistas da civilização.
1. Vantagens do monolinguismo.
Quando viajo
aos Estados Unidos sinto-me um pouco frustrado: “Por que todo mundo fala inglês,
menos eu”. Aliás, até os alienígenas dominam o bendito idioma de Shakespeare.
Nos filmes
de ficção científica, os exploradores americanos deixam a galáxia, não se
assustam com os buracos de minhoca, ignoram os vórtices temporais, e, no outro
lado do Universo, a centenas de anos luz da Terra, encontram um alienígena que
fala perfeitamente o inglês. Quanto a mim, tenho de contentar-me com uma
comunicação monossilábica com os falantes da língua inglesa. Já imaginou se
todos falassem um único idioma? Não precisaríamos de interpretes, nem de
tradutores para falar de Cristo aos alemães, chineses e belgas. Inexistindo
barreiras idiomáticas, sentirnos-íamos mais irmanados. A comunicação com os
africanos e asiáticos fluiria como fluem os rios que cortam ambos os
continentes. O conhecimento poderia ser transmitido com eficácia sem os perigos
que representam as traduções apressadas e temerárias. Mas Deus, a fim de
preservar a espécie humana, achou por bem confundir-nos a língua, para que o
caos não fosse maior.
2. Desvantagens do monolinguísmo.
Canaã não
precisou de muito para induzir a nascente civilização à apostasia. Já que todos
falavam a mesma língua e moravam num só lugar, compartilhando iguais costumes,
foi-lhe relativamente fácil desviar os filhos de Sem e Jafé. A ordem divina era
que, espalhando-se todos, viessem a ocupar toda a terra. Canaã, porém, queria
ajuntar a todos em torno de uma torre, símbolo de sua tirania. O que ele
pretendia, na verdade, era instaurar uma ordem mundial, cuja essência era o
ateísmo. Ninguém podia negar a existência de Deus, pois a presença divina era
ainda bem forte nos resquícios da arca e nos testemunhos de Sem e Jafé. Tal vez
o próprio Noé ainda vivesse quando do episódio de Babel. Se não podiam negar--lhe
a existência, contra Ele colocaram-se abertamente.
3. O idioma dos antigos.
Ao contrário
do que muita gente imagina, o idioma de Adão e Eva não era o hebraico. Aliás, a
língua oficial de Israel nem existia quando Noé saiu da arca. Segundo depreendo
do texto sagrado, nem o próprio Abraão falava a língua hebreia. Sendo o
patriarca arameu, é de se supor que, ao deixar a sua terra, falava ele o mais
puro aramaico (Dt 26.5). Mas, no decorrer do tempo, seus descendentes foram
paulatinamente modificando o idioma de Ur, até que, no cativeiro egício, deu-se
a formação do hebraico como hoje conhecemos.
O primeiro
idioma humano foi um presente divino. Nos diálogos que o Senhor mantinha com
Adão, na viração daqueles dias e noites, foi o homem aprendendo como se
expressar. Primeiro deu ele nome aos animais; depois, à sua mulher. Dali em
diante, não lhe foi difícil narrar suas experiências e expressar-se em
proposições teológicas. No episódio da queda, o homem já possuía um vocabulário
suficiente até para desculpar-se diante do Senhor.
Do primeiro
idioma humano, devemos ter apenas alguns indícios raros e bem longínquos. Que
era perfeito e belo, não há dúvida, pois Adão e seus filhos não proseavam;
expressavam--se em poesia. Num poema, Adão recebeu Eva, sua mulher. Eva, em
versos, abraçou o primogênito como dádiva de Deus. Metrificando sua irritação,
Caim demonstra todo o seu ódio contra Abel. A linguagem humana era linda e
perfeita até mesmo na boca assassina de Lameque.
Mas o que
era poético estava prestes a tornar-se prosaico e corriqueiro em decorrência da
soberba dos filhos de Noé.
III. A CONSTRUÇÃO DE
BABEL
Até hoje, o
Burj Khalifa é o edifício mais alto do mundo. Localizado em Dubai e medindo 828
metros de altura, o prédio é o símbolo da moderna engenharia. Conhecido como a
Torre do Califa, o prédio assoberba-se num dos centros mais valorizados do
mundo. Não acredito que a torre de Babel chegasse a essas alturas, pois os
arquitetos da época, apesar de sua audácia e perícia, ainda não possuíam
recursos técnicos e materiais para uma construção tão arrojada. Todavia, Babel
era alta o bastante para provocar a ira de Deus.
1. A engenharia pós-diluviana.
Qual a
altura da atmosfera terrestre? O que sabemos é que o oxigênio só começa a ficar
respirável abaixo de 11 quilômetros. Deduz-se, pois, que ninguém haveria de
vislumbrar um edifício de 11 mil metros de altura. Os antigos também sabiam
disso, pois eram inteligentes, argutos e cautos. Doutra forma, jamais teriam
descoberto novos continentes, povoado a terra e dominado tantas ciências e
artes. Aliás, eram eles mais inteligentes que nós. Se hoje, sabemos mais do que
eles, é porque olhamos o mundo a partir de seus ombros. Se eles eram tão
inteligentes, por que ousaram descrever uma torre, cujo topo alcançasse os
céus?
Eis o que eles
disseram: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue
até aos O primeiro idioma humano foi um presente divino. céus e tornemos célebre
o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra” (Gn 11.4).
Acaso não sabiam das impossibilidades técnicas de se construir um edifício de
cinco, seis ou 10 mil metros de altura? É cl aro que sabiam. Nós também o
sabemos. Entretanto, quando erguemos um prédio alto e avantajado, chamamo-lo de
arranha-céu.
Aquela gente
não era estúpida nem tola, como o próprio Deus reconhece: “Isto é apenas o
começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer” (Gn 11.6). A
humanidade é capaz inclusive de fazer o seu ninho entre as l etras.
2. Uma cidade à prova d’água.
Em linhas
gerais, este era o projeto arquitetônico dos filhos e netos de Noé: “Vinde,
façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o
betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma
torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que
não sejamos espalhados por toda a terra” (Gn 11.3,4). A metrópole seria
edificada com tijolos bem queimados e amarrados, entre si, por uma argamassa de
betume. O que eles buscavam era uma cidade à prova d’água. Se houvesse outro
dilúvio, estariam eles a salvo naquele centro urbano. E, caso este viesse a ser
inundado, correriam todos à torre, onde, segundo imaginavam, estariam a salvo.
Todo esse
complexo era alicerçado por uma filosofia deletéria e antagônica a Deus:
concentrar a todos num só lugar, substituir a religião divina por um culto
antropocêntrico e favorecer a ascensão do império do Anticristo.
O Senhor
Jesus ainda não havia nascido, mas já havia uma forte oposição à sua presença
entre os filhos dos homens. Parece que a nova geração desconhecia os efeitos do
Dilúvio. Se o Senhor quisesse destruir a terra através de outra inundação,
ninguém haveria de segurar o ímpeto de suas águas.
3. O
primeiro ídolo humano.
Até este
momento, ainda não se tinha notícia de ídolos de barro, de pedra ou de metais.
O ídolo do homem era o próprio homem. Mas eis que o ser humano ergue o seu
primeiro deus. A torre que serviria para confinar os filhos de Noé haveria de
conduzi-los a uma virulenta idolatria. Dessa forma, a sedição de Canaã seria
mais deletéria que a de Lameque. Se isso ocorresse, não haveria mais um justo
como Noé para assegurar, diante de Deus, a continuidade da espécie humana.
A engenharia
está intimamente associada à idolatria. Torres, zigurates, pirâmides e templos,
tanto ontem quanto hoje, têm levado os homens a materializar o seu orgulho e
soberba. Aliás, até o Santo Templo veio a fazer-se armadilha a Israel (Jr 7.4).
Por isso mesmo, Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, mas escolhe
um coração humilhado e contrito para aí residir (At 17.24; Is 57.15).
IV. A PRONTA
INTERVENÇÃO DE DEUS
Não sabemos
em que ponto da empreitada de Babel interveio o Senhor. Talvez seus alicerces
já O ídolo
do homem era o próprio homem. Mas eis que o ser humano ergue o seu primeiro
deus. houvessem sido lançados. Ou, quem sabe, os tijolos já começassem a ganhar
os contornos de uma torre. O certo é que é o Senhor, intervindo a tempo, evitou
que a segunda civilização experimentasse o mesmo destino da segunda.
1. A torre que Deus não viu.
Narra o
autor sagrado que o Senhor “desceu para ver a cidade e a torre, que os filhos
dos homens edificavam” (Gn 11.5). Nesta passagem, há uma ironia fina e quase
imperceptível. Apesar de os descendentes de Noé estarem construindo um
arranha-céu, Deus precisou descer para vê-lo.
Assim são os
nossos projetos. Aos nossos olhos, tão altos e sublimes; aos de Deus, pequenos
e desprezíveis. Desde então, os homens pouco aprenderam, pois imaginam que seus
monumentos são capazes de lhe garantir a vida eterna. O que dizer das
pirâmides? Conta-se que Napoleão, ao contemplá-las teria declarado às suas tropas:
“Soldados, do alto daquelas pirâmides quarenta séculos vos contemplam”. Ainda
que se avultem perenes, não subsistirão para sempre. Um dia serão apenas pó e
cinza. Pobre Babel! Mais que uma torre, um símbolo da rebeldia humana contra o
Senhor.
2. A confusão que trouxe ordem.
Já resolvido
a paralisar a construção da torre, decreta o Senhor: “Eis que o povo é um, e
todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição
para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua
linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro” (Gn 11.6,7).
Dessa forma, foram aqueles clãs dispersos por
toda a terra. Agrupando-se de acordo com a sua identidade linguística, parte
dos camitas deteve-se nas terras que o Senhor daria a Israel; a maior parte deles,
todavia, foi parar na África. Os semitas espalharam-se pela Ásia. Quanto aos jafetistas,
encetaram uma grande caminhada em direção à Europa. No decorrer dos séculos,
esses clãs, forçados por êxodos e imigrações, chegaram às ilhas mais distantes
e ao Ártico.
A
diversidade linguística acentuaria não só o distanciamento geográfico entre os
clãs, mas também o cultural. Nem a globalização foi capaz de eliminar tais
compartimentos. No Evangelho de Cristo, porém, irmanamo-nos, transcendendo
barreiras linguisticas e culturais.
3. Removido o perigo de extinção.
Se a
humanidade fosse confinada em Sinear, falando todos uma só língua, em torno de
um único líder, acredito que a linhagem adâmica já teria desaparecido. Nossa
reserva genética acabaria por estreitar-se de tal forma que, em poucas
gerações, nos levaria à extinção. Deus é sábio em todos os seus caminhos.
A ordem de
povoar a Terra, inicialmente dada a Adão, e, depois, confiada a Noé, tinha como
objetivo guardar a humanidade de si mesma. A concentração urbana vem
mostrando-se uma tragédia. Nesses conglomerados, multiplicam-se as
enfermidades, conflitos e males espirituais. Em caso de catástrofes, as
consequências ganham contornos apocalípticos.
CONCLUSÃO
A
humanidade, com a dispersão de Babel, veio a ocupar, progressivamente, os mais
distantes continentes e as ilhas mais desconhecidas. Desde então, idiomas e
dialetos vêm-se multiplicando. Línguas nascem e morrem; culturas sedimentam-se;
erguem-se fronteiras e derrubam-se fronteiras.
Não obstante
toda essa diversidade, o Evangelho de Cristo vai chegando até aos confins da
Terra. A confusão que o Senhor incitou em Babel foi, miraculosamente, desfeita
no Pentecostes, visando a universalização do Evangelho. Ao narrar a descida do
Espírito Santo no Pentecostes, escreve Lucas: “Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia
que falassem. Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos,
vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela
voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os
ouvia falar na sua própria língua. Estavam, pois, atônitos e se admiravam,
dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando?
E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (At 2.4-8).
O Evangelho é a mensagem por excelência. Todos podem compreendê-lo e, plenamente,
aceitá-lo. Em Cristo, as famílias de Sem, Jafé e Cam fazem-se irmãs; a comunhão
é plena.
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de
Gênesis - George Herbert
Livingston, B.D., Ph.D.
A confusão de línguas (11.1-9). O cenário desta história curta, mas
intrigante, forma-se depois do dilúvio com os descendentes de Noé que se
agruparam por uma língua comum e logo começaram a migrar para novos
territórios. Cronologicamente, a história está relacionada com as fases mais
primitivas de migração, pois 10.25 fala de uma divisão de povos nos dias de
Pelegue e 11.8 menciona um espalhamento de clãs.
O relato foi colocado depois das três genealogias do capítulo 10 para
que sua relação com a profecia de Noé (9.25-27) não fosse perturbada.
Mudando-se da região do monte Ararate, os povos se instalaram em Sinar (2), que
é o vale da Mesopotâmia, o local dos vestígios mais antigos da civilização por
nós conheci do.
O vale é banhado pelos rios Tigre e Eufrates, sendo muito fértil. A
história nos conta que, em assembleia, os novos habitantes de Sinar tomaram uma
decisão totalmente fora da vontade de DEUS. O propósito da ação proposta é
claro. Queriam fama: Façamo-nos um nome (4). E desejavam segurança: Para que
não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
Ambas as metas seriam alcançadas somente pelo empreendimento humano. Não
há dúvida sobre a ingenuidade das pessoas. Não tendo pedras, fabricaram em seu
lugar tijolos de barro que depois queimaram bem (3). Viram a utilidade do
betume (asfalto) abundante na área e o usaram como cal ou argamassa.
Trabalharam com persistência até que houvesse bastante tijolo para o projeto de
construção.
O interesse principal deste povo estava numa torre (4), embora também
houvesse a construção de uma cidade. A torre ia alcançar os céus. Nada é dito
sobre um templo no topo da torre, por isso não está claro se a torre era como
os zigurates que houve mais tarde na Babilônia. Havia morros enormes e
artificiais feitos de tijolo, alguns elevando- se até 90 metros acima da
planície circunvizinha. Colocados no centro das cidades, eram encimados por um
templo dedicado a uma deidade pagã e, em inscrições antigas, há a descrição de
que chegavam até o céu.
O paganismo estava indiretamente envolvido nesta história, pois havia um
ímpeto construtivo em direção ao céu e o único verdadeiro DEUS foi
definitivamente omitido de todo o planejamento e de todas as metas. Mas DEUS
não estava inativo. Ele observava o que estava acontecendo e logo mostrou sua
avaliação da situação. O homem não foi cria do como ser independente de DEUS.
Ser “à nossa imagem” (1.26) significava que o homem estava dotado de grandes
poderes e que era totalmente dependente de DEUS para sua essência de vida e
razão de ser.
Há ironia no monólogo do Senhor. Os povos estavam unidos, tinham
comunicação aberta entre si, contudo arruinaram estas bênçãos em rebelião
contra o Criador. DEUS não permitiria ser ignorado, e a loucura da ilusão
humana de que posses e atividades criativas eram insuperáveis não ficaria sem
confrontação.
O julgamento de DEUS logo manifestou estas ilusões. Para demonstrar que
a unidade humana era superficial sem DEUS, Ele introduziu confusão de som na
língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande projeto foi
abandonado e a sociedade unida, mas sem temor de DEUS, foi despedaçada em
segmentos confusos. Em hebraico, um jogo de palavras no versículo 9 é pungente.
Babel (9) significa “confusão” e a diversidade de línguas resultou em balbucios
ou fala ininteligível.
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de
Gênesis - George Herbert
Livingston, B.D., Ph.D.
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