domingo, 1 de novembro de 2015

LIÇÃO 6 : O IMPIEDOSOS MUNDO DE LAMEQUE- RECURSO DE TEXTO


Capítulo 6 : Livro - O começo de todas as coisas
O MUNDO DE LAMEQUE   

INTRODUÇÃO

Como você classificaria um homem que, após haver matado duas pessoas, compõe um poema? Num verseto atrevido e insolente, ele garganteia a façanha às suas esposas: “Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou. Sete vezes se tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete” (Gn 4.23,24).

Sim, como você classificaria tal homem? No mundo que precedeu o Dilúvio, ele foi aclamado como herói. Embora soubesse que o Criador não lhe deixaria impune o duplo homicídio, Lameque continuou a viver como se não houvesse Deus. Sua atitude replicar-se-ia até mesmo entre os filhos de Sete. A partir daquele poema, a humanidade inicia um processo de depravação total e irreversível. Nosso mundo em nada difere da sociedade lamequiana, exceto num pormenor estatístico. Naquele tempo, o número dos piedosos não chegava à casa da dezena. Hoje, os justos são contados aos milhões. Entremos, pois, a conhecer o abominável mundo de Lameque.

I. A IMPERFEIÇÃO NUM MUNDO PERFEITO

Lançado em 2014, o filme Noé, roteirizado e dirigido por Darren Aronofsky, levou o leitor da Bíblia à frustração. Pelo menos, esse foi o meu sentimento ao desperdiçar mais de duas horas com aquela caricatura da primeira epopeia da História Sagrada.
Para começar, Aronofsky mostra o mundo pré- diluviano como que arrasado por uma guerra nuclear. De acordo com a sua paródia, a Terra j á não existia ecologicamente. Do texto sagrado, porém, inferimos outra realidade. Nosso planeta era farto e pródigo; a humanidade, saudável e longeva; e, no ambiente natural, reinava perfeita harmonia.

1. Um planeta farto e pródigo.

Apesar do pecado, a Terra pré-diluviana era um habitat perfeito; proporcionava alimentos e regalos a todos. Por isso, os filhos de Adão davam se ao luxo de viver irresponsável e impiamente. Observemos a descrição que faz o Senhor Jesus deste período: “Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca” (MT 24.38). Aquela geração não se angustiava com os problemas que, hoje, nos afligem. Ninguém se preocupava com a ecologia. Água? Rios e riachos não lhes faltavam. Como possuíssem tudo em abundância, gastavam as horas em orgias e truculências. Longevos, nem menção à morte faziam. Comiam e bebiam, e contavam a vida em séculos, não em décadas.

2. Vida longa e próspera.

O Sr. Spock, personagem interpretado por Leonard Nimoy (1931-2015), sempre despedia-se de seus amigos com uma saudação quase rabínica: “Vida longa e próspera”. Oriundo de Vulcano, Spock, além de longevo, fazia questão de orientar-se por uma ética irretorquível e através de uma lógica superior e pura.

A geração de Lameque também usufruía de uma vida longa e próspera. Entretanto, vivia imoral e irracionalmente. Sua lógica era o pecado. Ora, se a sua iniquidade já tinha uma história de quase dois mil anos, por que mudar? Então, vida longa e próspera a um mundo que se compraz no Maligno. Não era incomum deparar-se com um adúltero de seiscentos anos, com um assassino de oitocentos ou com um corrupto de quase mil. 

Imagine a folha corrida dos lamequianos.
 Por isso, o Senhor resolve colocar um limite biológico à vida humana. Doravante, os filhos de Adão e Eva não irão além dos 120 anos (Gn 6.3). Se fizermos uma comparação entre as genealogias dos capítulos cinco e 11 de Gênesis, verificaremos que, na primeira, a vida humana era computada em séculos. Na segunda, nossa existência j á pode ser contada em décadas. Se Matusalém chegou a 969 anos, Terá, pai de Abraão, morrerá aos 205 (Gn 11.32).
Foi este, a propósito, o último dos longevos. Na conclusão do Gênesis, constata-se: a fronteira biológica do ser humano j á estava fixada. José, filho de Jacó, falece aos 110 anos (Gn 50.26). 
Mais tarde, queixar-se-ia Moisés da efemeridade da existência (Sl 90.10). Com uma vida quase milenar, os pré-diluvianos viviam pendularmente entre a eternidade e a impunidade. Como um homem de quase mil anos haveria de temer a morte? E se Deus já os entregara aos próprios erros, não lhes castigando de imediato a iniquidade, por que temer o Juízo Final se a História mal havia começado? Por essa razão, os contemporâneos de Noé viviam para pecar e pecavam para viver.

3. Harmonia ecológica.

Até o Dilúvio, havia perfeita harmonia entre os reinos animal, vegetal e humano. Os animais selvagens não representavam qualquer ameaça. A única ameaça era o próprio homem. Agressivo e irreconciliável, amedrontava até mesmo a mais brutal das feras. Após o Dilúvio, contudo, pavor e medo recairiam sobre o reino animal; sobre a natureza, gemido e angústia (Gn 9.2; Rm 8.22).
O mundo ainda era perfeito, belo e sustentável. Mas o povo que o habitava era o antônimo de tudo isso. Ao invés de agradecer ao Criador por todas as benesses, os filhos de Adão aproveitavam tais favores para depravar-se totalmente. Um mundo perfeito para uma geração imperfeita.

 II. O EFEITO LAMEQUE

Teologicamente, Adão foi o grande responsável pela introdução do pecado no mundo (Rm 5.12). Historicamente, porém, o pecado alastrou-se a partir de Lameque, filho de Metusael (Gn 4.18).
Foi ele o primeiro pecador confesso da história da humanidade. De uma única feita, admitiu haver cometido duas transgressões contra Deus. Sua confissão, todavia, não foi acompanhada de arrependimento nem remorso; fez-se acompanhar de um medo que logo seria esquecido. Indiretamente, confessa a bigamia. E, diretamente, o duplo homicídio. Sua confissão jaz num poema que, hoj e, é conhecido como o Cântico da Espada.

1. A bigamia.

De conformidade com o projeto original de Deus, o casamento teria como fundamento a heterossexualidade, a monogamia e a indissolubilidade. Lameque, entretanto, corrompeu as bases do matrimônio, tomando para si duas esposas: Ada e Zilá. Noutra circunstância, os nomes de suas mulheres até rima dariam. Mas, naquele momento, não havia ritmo nem harmonia; havia uma iniquidade que, assustadora e rapidamente, começava a alastrar-se por aquela região.
De berço, a região do Éden ia transformando-se no túmulo da primeira civilização humana. Na vida de Lameque, as coisas ruins vinham aos pares: duas mulheres, dois homicídios, etc. Tivesse o seu poema mais versos, outras iniquidades apareceriam em duplas. Sua confissão duplicada basta para mostrar um processo irreversível de apostasia.

Da poligamia à promiscuidade sexual foi apenas um passo. Seu exemplo contaminaria inclusive a linhagem de Sete que, apesar de um passado santo e piedoso, também se deixará contaminar pela libertinagem. Eis o testemunho da Bíblia: “Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram” (Gn 6.1,2).

Os descendentes de Sete, aqui alcunhados de filhos de Deus, não somente fazem-se polígamos, como também ultrapassam todos os limites da decência. Tomando para si quantas mulheres lhes permitiam a luxúria e a libertinagem, transformaram o convívio social numa orgia desenfreada.

 2. Duplo homicídio.

Se Caim teve de ser duramente arguido por Deus para confessar o assassinato de Abel, não precisou Lameque de arguição alguma. Espontânea e livremente, declara haver assassinado banalmente dois homens. Um adulto, ele o matou porque o ferira. E um rapaz por lhe ter pisado. Se recorrermos ao original, constataremos que o segundo crime foi ainda mais grave.

Lameque revela ter assassinado um jovem. Em hebraico, yeled pode aludir tanto a um adolescente quanto a uma criança. Logo, o seu crime, além de banal e covarde, foi singularmente brutal. Nossos dias parecem não diferir em nada do mundo de Lameque.
Por um grama de droga há muito jovem, adolescente O mundo ai e criança perdendo a vida. E, por causa de uns míseros centavos, muita gente não retorna ao lar. Banalmente, assassinase, hoje, como banalmente assassinava-se naqueles começos da História. 

Tanto no princípio, quanto no fim, a índole criminosa do ser humano em nada melhorou; caminhamos de mal a pior. Lameque deflagrou a iniquidade por todo o planeta.
Hoje, somos angustiados por assassinatos, genocídios e crimes contra a humanidade. Haja vista os extermínios de judeus e armênios, e a matança promovida como política pública por monstros como Stalin, Hitler, Mao Tsé-Tung e Pol Pot.

III. UM MUNDO PARADOXAL

O mundo de Lameque não era caracterizado apenas pela rebelião contra Deus. No exercício de seu mandato cultural, desenvolveu, desde cedo, a agropecuária, a metalurgia e a música. Foi uma época de grandes conquistas intelectuais e tecnológicas. Do texto bíblico, inferimos que a engenharia já estava bem desenvolvida, pois a geração pós-diluviana não teve dificuldades em construir a Torre de Babel. O curioso é que todo esse progresso proveio da geração de Caim. Os filhos de Sete, antes de se transviarem, haviam se dedicado mais às atividades espirituais e teológicas.

1. A primeira cidade.

Banido da presença do Senhor, Caim habitou na terra de Node, ao oriente do Éden. Ali, teve o seu primogênito, a quem chamou Enoque. Como a sua linhagem se multiplicasse, organiza ele uma cidade, a qual dá o nome de seu filho mais velho. Em torno desse centro urbano, as atividades profissionais diversificam-se. 

Aparecem os pecuaristas como Jabal.
Surgem os metalúrgicos como Tubalcaim. E despontam os artistas como Jubal. Também irrompem os primeiros conflitos, revel ando grandes e notórios criminosos e malfeitores. No campo e na cidade, a rebelião contra Deus alastra-se, contaminando toda a Terra. O fenômeno urbano encarrega-se de espraiar os maus exemplos, levando os filhos de Adão a um rápido processo de depravação essencial e total.
Apesar de a Bíblia nada dizer acerca da civilização setista, esta organizou-se também em cidades. Inexistindo barreiras linguísticas e geográficas, não demoraria para que a civilização caimita englobasse a setista, e lançasse os fundamentos da megalópole da iniquidade. Foi o primeiro ensaio do Anticristo no estabelecimento de seu império.
Vejamos as atividades econômicas da civilização caimita.

 2. Atividades agropecuárias.

Embora os descendentes de Adão e Eva pudessem viver da caça e da coleta de frutas, verduras e legumes, desde cedo empenharam-se em trabalhar seletiva e metodicamente a terra. Essa preocupação acentuou-se entre os filhos de Caim, o primeiro agricultor. Jabal, filho de Lameque, deixando a cidade de Enoque, passou a dedicar-se à criação de gado. E, na busca por boas pastagens, faz-se nômade. Por isso, ele é conhecido como o “pai dos que habitam em tendas e possuem gado” (Gn 4.20).

Observemos que, para construir e erguer tendas, necessitava Jabal de O fenômeno urbano encarrega-se de espraiar os maus exemplos, levando os filhos de Adão a um rápido processo de depravação essencial e total. instrumentos cortantes e coberturas para suas moradias portáteis. Teriam aqueles antigos habilidades para fiar o algodão e o linho? Deveríamos pensar nesses detalhes, pois são bastante reveladores.

3. Atividades industriais.

Não há agricultura nem pecuária sem uma indústria de base. Há de se ter, pelo menos, uma boa metalurgia para se forjar enxadas, pás e relhas aos agricultores, e os instrumentos próprios dos pecuaristas. É justamente aí que surge a indústria de Tubalcaim. Filho de Caim com Zilá, foi ele “artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro” (Gn 4.22). Não foi, portanto, o homo erectus quem descobriu o fogo. Dizem os evolucionistas que este, ao observar os raios faiscando nas árvores, veio a intuir ser possível dominá-lo. Também não foi Prometeu quem no-lo proporcionou, roubando-os aos deuses do Olimpo. Se alguém descobriu o fogo não foi o homo erectus, nem os deuses da mitologia grega, mas o justo Abel que, ao fazer sua oferenda ao Senhor, queimou-a como cheiro suave. A partir daí, os filhos de Adão passaram a utilizá-lo, a fim de preparar alimentos, alumiar suas casas, etc. Tubalcaim viria a descobrir ser possível industriar o fogo e, assim, fundir os minérios de bronze e de ferro. Ora, se a região era rica em ouro, por que não explorá-lo? Acredito que, se a humanidade não tivesse pecado contra o Senhor, poderia ter começado a civilização não a partir do ferro, mas do ouro.

Segundo a história secular, a Idade do Ferro teria começado por volta do ano 1200 a.C. Todavia, j á na aurora da humanidade, havia um metalúrgico e fundidor que, admiravelmente, sabia como trabalhar o bronze e o ferro. Processando-os, forjava instrumentos cortantes. Das forjas de Tubalcaim deve ter saído também muita espada e punhal. Violência era o que não faltava àquela época.

4. Atividades intelectuais e artísticas.

A música brotou da alma do homem, pois sempre esteve no Espírito de Deus. Quando o Senhor criava os céus e a terra, os anjos entoavam-lhe louvores altos e eternos (Jó 38.7).
Acredito que a feitura de Adão fez-se também acompanhar dos coros angélicos. Por isso, somos naturalmente musicais. Jubal, também filho de Lameque, foi “o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4.21).

Observando a sinfonia da natureza, logo descobriu ser possível arrancar harmonias e ritmos da madeira e do metal. Dessa forma, compôs músicas e madrigais. Terá el e musicado o poema de Lameque? O certo é que, não somente criou instrumentos, como também ensinou música. El e inventou harpas e flautas. Os músicos subsequentes criariam a trombeta, o pífaro, a cítara, o saltério e a gaita de foles (Dn 3.5).
Paradoxalmente, as finuras da mente eram livre e espontaneamente manifestadas, apesar da corrupção que campeava no mundo de Lameque. Longe de serem primitivos e involuídos, os primevos eram evoluídos, inteligentes e muito mais inventivos do que nós. Só lhes faltava uma coisa: a verdadeira sabedoria que nos advém com o temor a Deus. Havia gente mais velha

IV. A RELIGIÃO DE LAMEQUE

No mundo de Lameque, não havia espaço aos ídolos de barro, madeira ou ferro. Ali, a religião era agressivamente antropológica. Seus ídolos eram os varões que se notabilizavam por atos violentos, por façanhas truculentas e por repetidas e agravadas blasfêmias contra o Espírito Santo.

 A geração de Lameque era uma raça de anticristos: homens, mulheres e crianças depravavam-se até ao inferno. Um mundo irremissível; votado à destruição. Era uma gente pior do que Satanás. Se não fosse destruída, arruinaria para sempre a criação divina.

1. A teologia.

 A geração de Lameque não desconhecia a presença de Deus. E, posto não haver ainda o governo humano, o próprio Criador era quem os governava. Aqueles ímpios, contudo, confrontavam o Eterno, não lhe aceitando a governança. Aquela gente tinha a Deus como fraco e leniente; um criador distante da criação. E, como fossem todos longevos, desconheciam as noções de brevidade que, hoje, levam-nos a refletir seriamente sobre a morte. Para eles, a vida era longa e próspera. Havia gente mais velha que Portugal, mais antiga que os Estados Unidos e com mais história que o Brasil. Segundo imaginavam, Deus não fazia bem nem mal.

2. Os ídolos.

O autor sagrado fala dos heróis daquela época: “Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade” (Gn 6.4).
Os tais não eram semideuses nem super-humanos, mas pecadores notórios. Nem após o arrebatamento da Igreja o mundo chegará a tal degradação, pois, nos últimos dias, ainda haverá arrependimentos e conversões. Portanto, o Dilúvio era inevitável.

3. A relação com o Espírito de Deus.

Da geração de Lameque, falou o Senhor: “O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos” (Gn 6.3). Não sabemos por quantos anos, décadas, ou séculos, a geração de Lameque resistiu ao Espírito Santo. Da resistência ao Espírito de Deus, aqueles homens, mulheres e crianças passaram a blasfemar contra a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, depravando-se totalmente. Imaginemos toda uma civilização a blasfemar contra o Espírito Santo. Fizeram-se aqueles homens piores do que os demônios. Estes, por não serem dotados de corpo, não podem estragar a criação física. Aqueles, pelo contrário, dotados de corpo e alma, transgrediam tanto no campo espiritual, como âmbito terreno. Os seguidores de Lameque eram duplamente endemoninhado.
                           
  CONCLUSÃO

Vivemos dias semelhantes aos de Lameque. Nosso mundo parece depravar-se total e irreversivelmente. Hoje, porém, temos um povo mais forte e numeroso que a família de Noé. Se naquele tempo os justos eram contados em unidades, que Portugal, mais antiga que os Estados Unidos e com mais história que o Brasil. agora, são computados em milhões. Portanto, como sal da terra e luz do mundo, evangelizemos, protestemos contra o pecado e, através de um testemunho ilibado, apregoemos a volta de Cristo. Enquanto a Igreja for Igreja, o Anticristo não achará guarida completa neste mundo. Embora avance em todas as áreas, sempre encontrará homens, mulheres, jovens e até crianças dispostos a barrar--lhe a trajetória. Não podemos esquecer nossa vocação de sal e de luz. Se tivermos ambas as propriedades em nosso testemunho pessoal e coletivo, levaremos o Evangelho de Cristo até aos confins da terra sem impedimento algum.


TRECHO DO LIVRO :lawrence-olson-o-plano-divino-através-dos-séculos

27. B. A Dispensação da Consciência.
(Gn 3.1 a 8.14. 1.)

1 A Duração desta dispensação é de cerca de 1656 anos, 
abrangendo o período desde a queda do homem até ao Dilúvio.

2. A Condição do Homem.

A palavra chave: CONSCIÊNCIA.
Havendo perdido a filiação de Deus e estando separado daquela vida que vem do Criador, e tendo recebido em seu ser o veneno do pecado (o espírito que agora opera nos filhos da desobediência, Ef 2.2), e estando sujeito a Satanás, o homem partiu do Éden em condições bem diferentes das anteriores. Agora o mundo está sob maldição. O homem havia perdido a inocência e pureza da mente e da vida; tornou-se então "como deuses", por estar em comunhão com o "deus deste mundo". II Co 4.4. Agora ele conhece a diferença entre o bem e o mal, mas isso já não lhe traz vantagem alguma. Perdeu a comunhão com Deus; não está mais "em Cristo", alienou a capacidade do conhecimento espiritual. Foi prejudicado no espírito, alma, e corpo, mas uma coisa reteve - a sua livre e espontânea vontade, pela qual poderia escolher entre o bem e o mal. Permaneceu tal qual era antes, um ser livre e responsável perante Deus, por sua maneira de agir.

3. A Aliança Adâmica.

Da parte de Deus essa aliança celebrada no Éden foi a solução divina para o problema do pecado que surgiu como conseqüência da queda. Antes disso não havia logicamente sacrifício pelo pecado. Deus proveu uma oferta pela qual o homem poderia reencontrar a pureza e a comunhão com Deus. I João 1.3,7. A liberdade da morte e a regência do mundo foram incluídas neste plano. I Co 15.26; Mt 5.5; Ap 5.10. Essa provisão era o Cordeiro de Deus, morto desde a fundação do mundo. Ap 13.8. "Eis que o pecado (ou seja a oferta pelo pecado) jaz à porta". Gn 4.7. Deus falou isso a Caim. A primeira família, assim ensinada por Deus, entendia isso perfeitamente e manteve esse costume de oferecer sacrifícios expiatórios, de animais, sobre altares de pedra. Sete, Enoque, Noé e outros da linhagem piedosa mantiveram vivo esse testemunho de fé durante todo o período ante- diluviano, de mais de 1 500 anos. Hb 11.4-7.

A maneira correta para o homem expressar o desejo de entrar em comunhão com Deus era aceitar o caminho da redenção, provida por Deus na instituição de sacrifícios de sangue. Gn 3.21; 4.3,4. "Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim..." Hb 11.4. "E assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo". Rm 10.17. Isso significa então que Abel ouviu a Palavra de Deus (Gn 3.15), transmitida por seu pai, Adão, e que creu, demonstrando a sua fé na oferta de sangue, que era um tipo do Grande Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. João 1.29.

4. Duas Atitudes Para Com a Provisão Divina.

Abel, pela oferta de sangue, mostrou penitência e um desejo de aproximar-se de Deus. Era um homem de fé em Deus e obediência ao Caminho do Senhor. Gn 4.4; Hb 11.4.
 Caim, pela oferta, destituída de fé, dos frutos do campo que cultivava, demonstrou um espírito de autoconfiança e rebelião, desprezando o Redentor, Cristo, como se pudesse prescindir dele.

"Assim já naquele tempo remoto os homens se dividiram em duas classes distintas - uma evangélica e a outra racionalista, uma penitente e a outra impenitente, a classe crente e a que procurou estabelecer a sua própria justiça por meio de obras; a trinitária e a unitária, uma que tem o testemunho de Deus quanto à sua filiação, através da re- generação, e outra que se considera como 'filhos de Deus' quando na realidade são filhos de Satanás." Stevens.

Deus aprovou a oferta de Abel. Hb 11.4. E Caim com isso se irou, grandemente enciumado, pois percebeu que Abel poderia substituí-lo no favor divino, talvez pensando em seus direitos de primogenitura. Deus ainda tentou arrazoar com Caim, procurando acalmá-lo e exortando-o a ainda nessa hora buscar uma oferta de sangue que jazia à porta. Caim recusou essa sugestão e por ser vaidoso e auto-suficiente, ele mais tarde assassinou seu irmão Abel, crime que foi punido por Deus, sendo o réu banido daquelas partes, sob maldição.


5. A Linhagem ímpia a sua Civilização.

Caim foi o primeiro a construir cidades e o primeiro a glorificar o nome do homem. Gn 4.17. Ele fundou uma civilização e seus descendentes ocuparam-se em desenvolver os recursos naturais, as utilidades e as artes estéticas.
Jabal, um dos filhos de Lameque distinguiu-se como sendo o primeiro homem a ocupar-se da pecuária e a adotar uma vida nômade habitando em tendas. Talvez em desafio ao mandamento de Deus, teria introduzido na dieta o uso de carne e de leite, com a intenção de escapar ao duro trabalho de lavrar a terra. Seja como for, havia a grande tendência de procurar os confortos e prazeres da vida.

Jubal, outro filho de Lameque, foi o inventor de instrumentos musicais. A música é do Senhor e haverá maravilhosas harmonias no céu, mas aqui no cap. 4 de Gênesis trata-se da linhagem ímpia de Caim. Esses homens, Jabal, Jubal e Tubal-Caim eram todos homens ímpios (4.26); conseqüentemente, vemos o emprego errado de coisas boas em si. Jubal não procurava glorificar a Deus com a música, e, sim, pela música marear os sentimentos do homem para com Deus e impedi- lo de meditar nas coisas puras. Pember. Sem dúvida há muita música em nossos dias, excitante e carnal e que traz condenação.

 Lameque foi o primeiro polígamo, isto é, possuiu mais de uma mulher. Recolhemos impressões acerca do espírito orgulhoso e blasfemo desse homem pelo discurso que fez às suas mulheres em Gn 4.23,24. O Sr. Pember sugere que esse discurso talvez fosse uma canção ou modinha popular entre os antediluvianos. O sentido provavelmente foi o seguinte: Lameque havia brigado com um rapaz e saiu ferido. Mas vingou-se, matando-o. Embora Deus tenha prometido vingança sete vezes contra quem matasse Caim', Lameque fez saber que a vingança seria setenta e sete vezes contra quem apenas ferisse Lameque! Que "valentão" esse Lameque!

"Tubal-Caim era fabricante de artefatos de ferro e cobre. Possivelmente foi o primeiro homem a forjar armas bélicas desses materiais. Aprendemos em Gn 6.13 que a terra se encheu de violência. Isso indica a orgia de crimes, homicídios e obras iníquas que se manifestavam naqueles tempos". Pember.
"Os Cainitas, homens inquietos e separados de Deus, esforçaram- se em fazer de sua terra no exílio uma terra agradável, um paraíso artificial, em vez de aguardar com paciência o verdadeiro 'Jardim' de delícias. Tudo fizeram para aliviar os efeitos da maldição divina que pesava sobre eles, em vez de procurar a direção espiritual do Senhor." Pember.
 A posição proeminente das Mulheres é notada em Gn 4.19,22. 

O nome Ada significa "adorno" e "beleza". Zilá significa "sombra" e Naamás significa "esbelta". Não duvidamos que tais nomes lhes fossem dado para destacar a beleza física e o "charme" das mulheres ante-diluvianas. Na linhagem de Sete não há qualquer menção a mulheres. Tais fatos fazem lembrar a civilização moderna que também está explorando muito os atrativos femininos, por exemplo em concursos de beleza, nos bailes, cinema e modas, e nos meios publicitários.

6. A Linhagem Piedosa de Sete.

Gn 4.25; a 5.32. "Sete e seus descendentes eram homens de Deus, como se vê em Gn 4.26, 'daí se começou a invocar o nome do Senhor'. Enoque, o sétimo depois de Adão, é focalizado como um homem de Deus e por seu fiel andar com Deus, foi arrebatado do meio da impiedade prevalecente nos dias anteriores ao Dilúvio. Ele entrou na história como o tipo dos vencedores dos últimos dias que escaparão aos juízos e à Grande Tribulação que sobrevirão à terra.
Como a posteridade de Sete é diferente da de Caim! Não se nota aquelas invejas, brigas, licenciosidade e violência tão generalizadas na outra linhagem. Parados são os barulhos de gado e das músicas profanas que serviam para cauterizar a consciência dos ímpios. Não se notam o tinir da bigorna ou a gabolice dos jactanciosos, e aquele rumor dum mundo que vive sem Deus e falsamente se esforça para livrar-se dos efeitos da maldição divina.

Muito ao contrário, vemos um povo pobre e pacato, trabalhando diariamente na lavoura, conforme a ordem do Senhor, e pacientemente esperando a Sua misericórdia.  Nos dias de Enos, a distinção entre as duas linhagens tornou-se tão nítida que os homens da fé começaram a chamar-se pelo nome do Senhor. Gn 4.26; Cf. At 11.26. Era um povo muito humilde e que não figurou nos anais da história do mundo. Em contraste com os 'Cainitas', que teriam alcançado tal 'honra', passaram seus dias aqui na terra como peregrinos e forasteiros, abstendo-se das cobiças carnais. Não construíram cidades. Não inventaram as artes, não desejaram as diversões, mas buscavam um país melhor, isto é, o celestial." Pember.

7. A Promiscuidade dos Descendentes de Sete com Ímpios Cainitas.

Deus espera que Seu povo mantenha-se separado do mal. II Co 6.14-18. Evidentemente, os "Setistas" pouco a pouco foram tentados a abandonar o seu andar com Deus, sendo finalmente destruídos pelo Dilúvio. Somente oito almas escaparam a esse castigo, Noé e sua família.

1. Gênesis cap. 6, vers. 2 registra como se deu a corrupção do gênero humano. "Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as quais entre todas, mais lhes agradaram". Os descendentes de Sete casaram-se com os de Caim, e assim, presos a um jugo desigual, deixaram de manter a separação dos ímpios Cainitas como antigamente faziam. A apostasia que resultou foi completa e Deus foi obrigado, devido a extrema maldade dos homens, a destruí-los pelo Dilúvio.

8. O Final da Dispensação da Consciência.

A prática da iniqüidade, soltando as rédeas aos baixos pendores da carne, durante tantos séculos, a nova geração adotando os maus costumes das gerações anteriores, resultou na total corrupção do povo antediluviano. O seu cálice de iniqüidade finalmente encheu-se e após um período de 120 anos, em que Noé avisou aos conterrâneos, o castigo divino veio sobre eles. "Então se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei." Gn 6.6,7. Considerando somente Noé e sua família como dignos de permanecer na terra, o Senhor destruiu toda aquela geração pelo Dilúvio que durou um ano e dez dias. f Durante 1656 anos a raça humana havia aumentado em números e construído uma grande civilização, mas o alto grau de impiedade causou a destruição de tudo aquilo. É uma lição para todos nós. Vale a pena andar em humildade e obediência perante o Senhor. Gn 6.3 a 8.14.

O desfecho da dispensação da consciência não significa que Deus deixou de usar a consciência como um meio de falar ao homem. A consciência é conhecida como "a voz de Deus dentro da alma". Noé e sua família haviam presenciado tanto o bem come o mal e eram responsáveis junto com a sua posteridade pela obediência à voz da consciência e a escolher o bem. O Dilúvio marcou o término dum período de intervenção divina na história do homem e um novo começo com Noé e seus filhos.

(O aluno deve localizar esta dispensação da Consciência no Mapa das Dispensações).

 
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
A grande apostasia

As genealogias de Caim e de Sete são coroadas por uma história, que é veemente em sua acusação. Extensa controvérsia ainda gira em torno desta passagem.

Um aspecto do problema centraliza-se no significado da frase os filhos de DEUS (2). Pela razão de esta frase aparecer em Jó 1.6; 2.1; 38.7 e Daniel 3.25 como designação a seres divinos ou anjos, argumenta-se que os anjos caídos vieram à terra e se casaram com mulhe­res (cf. SI 29.1; 89.6, onde “poderosos” e “filhos dos poderosos” aludem a DEUS).22 Contudo, em nenhuma parte das Escrituras há a descrição de seres divinos corrompendo o gênero huma­no. Eles sempre são benéficos em suas relações com o homem. JESUS foi claro em declarar que os que serão ressuscitados “nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu” (Mt 22.30). Por conseguinte, esta visão é contrária ao teor geral da Bíblia.

A presença muito difundida de histórias mitológicas entre os antigos pagãos, remon­tando aos hurritas (1500-1400 a.C) e descrevendo DEUSes e DEUSas da natureza engajados em relações ilícitas entre si, levam alguns a advogar que esta passagem é um conto mitológico. Contudo, admite-se prontamente que mitologia erótica não aparece em ou­tros lugares na Bíblia. Por isso, os estudiosos concluíram que o escritor de Gênesis alte­rou um conto mitológico e, com um jeito envergonhado, o apresentou como justificação para o julgamento de DEUS que logo viria.23

Outro ponto de vista popular é que os filhos de DEUS eram descendentes de Sete. De importância aqui é a palavra DEUS (ha’elohim), que em outros lugares no Antigo Testamento significa “o único DEUS verdadeiro” e, assim, o distingue das deidades pagãs. Este ponto de vista parece tornar impossível a teoria mitológica.

Na verdade, não se pode discutir que o conceito de uma relação filial entre DEUS e seus adoradores seja estranho ao Antigo Testamento. Esta questão não se apóia em uma frase precisa; apóia-se em um conceito.24 Em referência ao verdadeiro DEUS há uma de­claração em Deuteronômio 32.5, que diz: “Seus filhos eles não são, e a sua mancha é deles” (hb., banaw, “filhos dele”). Também em referência a DEUS, o salmista (SI 73.15) disse: “Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos” (hb., banayka, “teus filhos”). E certo que nestes contextos “seus filhos” e “teus filhos” são equivalentes a filhos de DEUS. E de forma mais clara, Oséias (Os 1.10) disse acerca de Israel: “Se lhes dirá: Vós sois filhos do DEUS [’el hay] vivo”.
No pensamento do Antigo Testamento, he’elohim e ’el hay quase não poderiam ter sido dois DEUSes distintos. Repare também em Oséias 11.1 a frase “meu filho”, que se remonta ao Senhor.
No Novo Testamento, a expressão “filhos de DEUS” ocorre em referência a seres hu­manos em João 1.12; Romanos 8.14; Filipenses 2.15; 1 João 3.1 e Apocalipse 21.7. Estas passagens do Novo Testamento não são extraídas do paganismo, mas estão solidamente baseadas no conceito do Antigo Testamento mencionado acima.

A conclusão de que os adoradores do Senhor (4.26) da linhagem de Sete também eram os filhos de DEUS preenche de maneira natural a lacuna entre as genealogias e o dilúvio. Estes homens não escolheram suas esposas com base na fé, mas por impulso, sem consideração pela formação religiosa. Seguiu-se corrupção após esta vida devassa e DEUS reagiu com ira divina.

A palavra hebraica traduzida por contenderá (3, yadon) tem vários significados. A formação verbal pode aludir a raízes que significam “permanecer, ser humilhado” ou, remetendo-se ao acádio, “proteger, servir de proteção”. Contender, trabalhar, esforçar-se ou proteger se ajustam bem ao contexto. O homem não devia sentir-se mimado, porque ele também é carne. Ele foi posto em provação por cento e vinte anos.
Em 6.3, há o pensamento interessante “Não para Sempre”. 1) O ESPÍRITO de DEUS contende com o homem; 2) O ESPÍRITO nem sempre contenderá; 3) O homem pode achar graça aos olhos do Senhor, 8 (G. B. Williamson).

A tradução gigantes (4, nefilim) remonta à Septuaginta. O contexto do outro exem­plo onde a palavra aparece (Nm 13.33) sugere estatura incomum, mas na verdade o tamanho físico não tem nada a ver com o significado da palavra. Literalmente, o termo nefilim significa “os caídos ou aqueles que caem sobre [atacam] os outros”. Em todo caso, eram indivíduos malévolos. Eles precederam e coexistiram com o ajuntamento dos filhos de DEUS e das filhas dos homens. Nada no texto apoia a idéia de que eles eram descendentes deste ajuntamento que os rivalizavam como varões de fama, ou seja, homens de notoriedade e renome.

A reação de DEUS aos assuntos da sociedade humana aumentava de intensidade à medida que a corrupção pecaminosa se tornava dominante em escala universal. A degra­dação do homem estava interiormente completa, era só má continuamente (5).
A frase arrependeu-se o SENHOR (6), e outras semelhantes (ver Ex 32.14; 1 Sm 15.11; Jr 18.7,8; 26.3,13,19; Jn 3.10), incomoda muitos estudiosos da Bíblia. O conceito comum de arrependimento está relacionado com afastar-se de atos imorais.
Assim, uma mudança de direção, de caráter e de propósito é inerente no ato.25 Duas passagens no Antigo Testamento asseveram definitivamente que DEUS não mente e se arrepende como o homem (Nm 23.19; 1 Sm 15.29). Um estudo das passagens relacionadas acima mostra que arrependimento divino não brota da tristeza por más ações feitas.
As mudanças na rela­ção do homem com DEUS resultam em mudanças nos procedimentos de DEUS com o homem. Quando o homem se afasta de DEUS para o pecado, DEUS muda a relação de comu­nhão para uma relação de repreensão julgadora. Quando o homem se afasta do pecado para DEUS, este estabelece uma nova relação de comunhão. Este é o arrependimento divi­no. Em nosso texto (6), DEUS muda de comunhão para julgamento.

As mudanças de relacionamento que DEUS executa nunca são descritas no Antigo Testamento como algo impessoal ou passivo. DEUS sempre está profundamente envolvi­do. Visto que a mudança de relação é pessoal, que melhores termos humanos se usariam do que expressões profundamente emocionais?
Assim, pesou a DEUS em seu coração. Quando o homem peca, DEUS julga; mas Ele também sofre intensamente.

DEUS não se gloriou no ato de julgamento implementado a seguir. Toda palavra do pronunciamento está imbuída de agonia. Que criei (7) sugere “Todos os produtos da minha criatividade amorosa devem ser destruídos, exceto um”. Só um homem era adorador de DEUS: Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR (8).


Por (http://www.apazdosenhor.org.br/)


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