quinta-feira, 7 de outubro de 2021

| Lição 02: Saulo de Tarso, o Perseguidor

 


Texto Áureo
E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote.”

 (At 9.1)

Verdade Prática
A Igreja é uma instituição divina que perdurará na Terra até o arrebatamento, pois do contrário, já teria acabado ao longo da história.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 8.1-3; 22.4-5; 26.9-11

Atos 8

1- E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos.

2- E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto.

3- E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.

Atos 22

4- Perseguiu este Caminho até a morte, prendendo e metendo em prisões, tanto homens como mulheres,

5- como também o sumo sacerdote é testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, recebendo destes cartas para os irmãos, fui a Damasco, para trazer manietados para Jerusalém aqueles que ali estivessem, a fim de que fossem castigados.

Atos 26

9- Bem tinha eu imaginado que contra r o nome de Jesus, o Nazareno, devia eu . praticar muitos atos,

10- o que também fiz em Jerusalém. E, e havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles.

11 – E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente e contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.

OBJETIVO GERAL
Conscientizar a respeito do problema da perseguição aos cristãos no mundo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

  • Elencar as características persecutórias de Saulo;
  • Expor a respeito da perseguição contra a igreja em Atos;
  • Esclarecer a respeito de um sistema contra a Igreja.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Com o objetivo de preparar os alunos para a aplicação do conteúdo desta lição, inicie falando a respeito da perseguição dos cristãos no mundo. Se possível, informe-se a respeito desse tema em sites especializados de noticias que abordam o terrível quadro de perseguição cristã no mundo. Proponha um momento de oração, mostrando a relevância de rogar a Deus por livramento de irmãos que hoje estão debaixo de perseguição mundial. Não podemos fechar os olhos para esse quadro. As vezes, porque vivemos em um ambiente de aparente tolerância religiosa, corremos o risco de pensar que é assim em outros lugares da Terra. Portanto, aproveite essa oportunidade para conscientizar a sua classe acerca dessa terrível realidade.

INTRODUÇÃO

A história da expansão da Igreja no livro de Atos mostra um fariseu zeloso: Saulo de Tarso. Este tinha prestígio religioso e cultural entre os judeus. Por isso, ele ganhou “carta branca” das autoridades religiosas para perseguir os seguidores de Jesus e, assim, tornar-se um implacável perseguidor da Igreja de Cristo do primeiro século. É o que estudaremos nesta lição.

PONTO CENTRAL: 

No mundo de hoje há perseguição contra os cristãos

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO

Antes de iniciar a aula desta semana, faça uma pequena recapitulação da aula passada. É muito importante que os alunos tenham uma percepção da concatenação dos assuntos. Jamais deixe que o conteúdo fique solto na imaginação dos alunos. O trabalho do professor e da professora é trazer unidade ao tema e aplicá-la à realidade dos alunos. Outrossim, procure aplicar esse método de recapitulação ao longo de todo o trimestre. Portanto, cuide da concatenar as ideias e, ao mesmo tempo, expressar a unidade da revista.

SUBSÍDIO APOLOGÉTICO

Além da perseguição tradicional aos cristãos, há a perseguição mais sofisticada, que se dá no campo cultural. Por exemplo, quando tentam reduzir a vivência da fé à vida privada dos cristãos, trata-se de uma perseguição cultural e ideológica. Ora, do ponto de vista filosófico, o ser humano é um ser religioso. Do ponto de vista antropológico-teológico, o ser humano é imagem de Deus e, por isso, tem uma centelha divina dentro dele que o impulsiona à busca por Deus, embora, como afirma a nossa Declaração de Fé, essa imagem divina esteja distorcida e corrompida. A necessidade de buscar a Deus é própria do ser humano. Impedir essa iniciativa livre e pública é impedir a livre manifestação da condição de ser humano. Por isso que, ao longo da história, a perseguição aos cristãos viola os direitos humanos.

Ou seja, a partir do momento que autoridades, intelectuais, jornalistas, artistas exigem que os cristãos não tenham o direito de expressar os seus valores, princípios e doutrinas que perpassam a dinâmica da vida e fazê-lo em qualquer espaço da sociedade, há sim uma violação aos direitos mais nobres do ser humano. Não é possível exigir dos cristãos que escondam a sua fé, isto é, que deixem de falar o que eles têm visto e ouvido. Tentaram fazer isso com os apóstolos Pedro e João: “E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus” (At 4.18); mas suas respostas foram taxativas: “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vás se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4:19,20).

SUBSÍDIO MISSIOLÓGICO

Há obras e sites especializados que se dedicam em retratar o fenômeno contemporâneo da perseguição aos cristãos. Muitos são os relatos das grandes dificuldades que nossos irmãos passam em países por causa de sua fé. Além do tema da perseguição aos cristãos nos países mulçumanos, há análises abundantes a respeito da igreja nos países sob “os poderes comunistas remanescentes”, esses países são a China, o Vietnã, Laos, Cuba e Coreia do Norte. Em épocas passadas, esses países cometeram crimes bárbaros contra todas as religiões, incluindo os cristãos. Isso se dava porque esses regimes, sob óculos ideológicos, viam nas religiões, como o Cristianismo, um obstáculo para o progresso do regime de poder.

Por esse motivo, cristãos foram martirizados, igrejas foram devastadas, missionários forçados aos trabalhos forçados. Os países desse regime, bem como os de regimes religiosos, de religião islâmica e outras, injustiçada muitos de nossos irmãos. Hoje, alguns desses países usam uma tática diferente. Há países que, devido seu maiores envolvimentos com a economia global, não executam a matança em massas de cristãos, mas coloca a vida deles sob rígida vigilância. Entretanto, o que o regime considera ilegal, trata os cristãos supostamente fora da lei com prisão e brutalidade. Há outros regimes que nem aparência de civilidade ha. Por isso, oremos pela igreja perseguida!

CONCLUSÃO

Se a Igreja fosse uma mera organização humana, já teria acabado. Mas é uma instituição divina, edificada pelo próprio Cristo e, por isso, a Igreja subsiste ao longo dos séculos e continuará a subsistir até a vinda gloriosa de Jesus

 | CPAD – Adultos –O APÓSTOLO PAULO – Lições da Vida e Ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo

 | Lição 02: Saulo de Tarso, o Perseguidor

 



          Paulo era Fariseu –

 Dicionário Bíblico Wycliffe

   Acredita-se que o termo fariseu deriva do verbo hebraico parask, isto é, “dividir ou separar”. Portanto, os fariseus eram “o povo separado”. Porém, tanto a origem desse grupo judeu como do nome que recebeu ainda são incertos. A “separação” da qual o nome está falando poderia referir-se a uma separação geral das impurezas ou do mundo, ou poderia estar ligada a alguma situação histórica em particular. Por exemplo, os fariseus poderiam ter surgido como a expressão de uma rígida abstenção dos costumes pagãos na época de Esdras e de Neemias (ç.u.), ou da recusa de adotar costumes gregos mesmo sob a ameaça de morte na época ae Antíoco Epifânio (q.v.), ou da ruptura que aconteceu em 165 a.C,, após a reconquista do Templo, entre os macabeus (q.v) e os “piedosos” ou Chasidim, que estavam dispostos a lutar pela liberdade religiosa, mas não pela independência política. Todas essas possibilidades foram levantadas como teorias, e todas podem ser consideradas como a personificação de alguns aspectos do espírito farisaico; mas as evidências não são conclusivas para nenhuma delas.
   A primeira referência aos fariseus, como um grupo existente em Israel, foi feita durante o reinado de João Hircano (135-104 a.C.). De acordo com Josefo, nessa época eles exerciam grande influência junto às massas. Hircano foi um de seus discípulos, mas por causa de desentendimentos ele separou-se e juntou-se aos saduceus (Ant. xiii.10. 5. f.). Em uma observação repleta de presságios, Josefo acrescenta: “Por causa disso, naturalmente, cresceu o ódio das massas por ele e seus filhos” (ibid). Consta, também, que Hircano deixou de observar certos “regulamentos” que os fariseus haviam estabelecido para o povo. Josefo explica que “os fariseus haviam transmitido ao povo certos regulamentos (nomima) herdados das gerações anteriores, mas que não haviam sido registrados na lei de Moisés (ttonwi)
׳, por essa razão eles foram rejeitados pelo grupo saduceu” (10. xiii.6).
Esse relato serve para realçar o principal fator que existe em qualquer definição do farisaísmo - o conceito da tradição, de uma contínua expansão da lei oral. Ele também indica que, na época de Hircano, o farisaísmo já era um florescente movimento com grande influência sobre a população. Além disso, a referência à transmissão de regulamentos que haviam sido herdados das gerações anteriores sugere alguma continuidade com o passado. Portanto, aqueles que têm procurado acompanhai os fariseus desde os Chasidim, que lutaram ao lado de Judas Macabeu, até a nova dedicação do Templo (1 Mac 2.42ss.; 7.13ss.; 2 Mac 14.6) podem ter chegado muito próximo da verdade. Embora algumas de suas características tenham raízes que se estendem até tempos remotos, o farÍ8aísmo que conhecemos a partir de fontes disponíveis parece ter se originado como uma resposta judaica ao desafio da cultura grega no início do segundo século a.C.
   Em uma época bastante posterior, quando o farisaísmo já havia se tornado a expressão normativa do judaísmo, os hiatos históricos foram preenchidos de forma a fazer crer que a lei oral havia sido estabelecida pelo próprio Moisés, via Josué, os anciãos, os profetas, os homens da Grande Sinagoga fundada por Esdras, e também por homens como Simeão, o Justo, e Antígono de Socho (séculos IV e III a.C.) até os “pares” (zugoth) de mestres investidos de autoridade (por exemplo, Semaías e Abtalion, Hilel e Shammai) e o rabinos que vieram depois deles (veja o tratado de Mishna, conhecido como PirkeAboth, capítulo 1), Vale a pena notar que a origem dos “pares” coincide aproximadamente com o momento em que os fariseus começaram a constar em nossas fontes. É muito provável que a era dos macabeus tenha marcado o seu verdadeiro aparecimento, embora eles afirmassem que seus ancestrais espirituais haviam sido homens como   Esdras, que haviam confirmado e explicado a Torá. Eles podem até ter possuído algumas tradições orais que remontavam até o início da época posterior ao Exílio.
    Depois da ruptura com a casa real hasmo- neana, representada por João Hircano, o destino político dos fariseus sofreu algumas flutuações. Eles tornaram-se os líderes de uma contínua oposição popular ao seu sucessor, Alexandre Janeu (10376
־ a.C.), de forma que em seu leito de morte, impressionado pela influência que exerciam sobre as massas, Alexandre insistiu com sua esposa Salomé Alexandra (76-67 a.C.) que trabalhasse mais próxima deles (Josefo, Ant. xiii. 15.5.). Os tradicionais regulamentos herdados “dos pais” foram restabelecidos, e os fariseus tornaram-se o poder por detrás do trono, livres para vingar as injustiças que acreditavam ter sido feitas contra eles por Alexandre (ibid., xiii. 16.1; cf. Wars i.5. 2. f.). Na luta pelo poder que se seguiu à morte de Alexandra, parece que os fariseus tornaram-se um terceiro partido que não apoiava nenhum de seus dois filhos; eles requisitaram aos romanos que abolissem o reinado judaico (que os sacerdotes haviam usurpado depois da revolta dos macabeus) e o retomo ao antigo tipo de regulamento sacerdotal (Ant. xiv. 3.2). Essa expectativa não se realizou, mas os romanos realmente puseram um ponto final a essa disputa entre facções quando Pompeu capturou o Templo, invadiu o santuário, exilou um dos filhos de Alexandra e indicou o outro (Hircano II) como sumo sacerdote e representante do rei. A independência política, conquistada de maneira tão nobre no século anterior, foi novamente perdida quando o povo judeu passou a sofrer o domínio romano em 63 a.C.
   Os Salmos de Salomão representam a expressão mais refinada da piedade farisaica pré-cristã. A data da sua autoria corresponde ao período tumultuado que se seguiu à conquista de Pompeu, pois articulavam a ira piedosa dos fariseus contra os “pecadores^ de Israel, cujos atos haviam provocado o terrível castigo de DEUS (isto é, os últimos governantes da casta sacerdotal dos hasmoneus e os saduceus que os apoiaram), e contra os gentios que haviam invadido os limites impostos por DEUS sobre eles ao castigar o seu próprio povo (Salmos de Salomão 2.16-29). O desconhecido autor desses Salmos delineou claramente a situação (“Nações estrangeiras ascenderam ao teu altar, eles orgulhosamente pisotearam sobre ele com suas sandálias”, 2.2), e se mostrou jubiloso com a subseqüente morte violenta de Pompeu em 48 a.C. (“DEUS me mostrou o insolente assassinado nas montanhas do Egito”, 2.30). Os fariseus encontravam nestes versos a ilustração de um de seus temas clássicos, o conceito da retribuição; DEUS vingando os *justos” (isto é, os próprios fariseus) e punindo os “pecadores”.   A doutrina de uma futura ressurreição, tão uniformemente atribuída aos fariseus (cf. Act 23.6ss.; Josefo, Ant. xviii. 1.3ss.. Wars ii.8.
14), é simplesmente o produto da consistente aplicação de seu princípio da retribuição (cf. Salmos de Salomão 3.16).
    A esperança messiânica dos fariseus foi estabelecida de uma forma bela na última parte do Salmo de Salomão 17. O Senhor “levantará entre eles o seu rei, o filho de Davi” (17.23) que “destruirá as nações Ímpias com a palavra de sua boca” (v. 27).
    Sobre Davi diziam: “Será um rei justo sobre eles, ensinado por DEUS, e não haverá injustiças nesses dias em seu meio, pois todos serão santos e seu rei será o ungido do Senhor” (w. 35ss.). Embora o rei e o reino que os fariseus estavam buscando fossem terrenos, eles também eram espirituais e não seriam alcançados “pela confiança no cavalo, no cavaleiro e no arco” (v. 37).
    Depois da conquista de Pompeu, os fariseus, em sua maior parte, tomaram-se politicamente conformados. Embora houvesse alguns zelotes destacando-se entre eles, os fariseus formavam um grupo que procurava evitar conflitos com Roma, e somente depois de muita relutância foram finalmente arrastados para a malograda revolta do ano 70 d.C. Depois da destruição de Jerusalém, foram os fariseus que se incumbiram de recolher os fragmentos da fé e da vida judaica e reconstruir o judaísmo que conhecemos por meio dos escritos dos rabinos. A situação era análoga àquela que havia prevalecido após o exílio na Babilônia; não havia uma nação judaica e a unidade do povo expressava-se através da lei, da sinagoga e das boas obras. A esperança escatológica não estava ligada à atividade revolucionária, mas à intervenção divina, e isso em seu momento oportuno. Dessa forma, desde o ano 70 d.C. o judaísmo tomou-se o rebento daquilo que previamente havia sido apenas um grupo entre vários outros — os fariseus.
Se os Salmos de Salomão mostram o farisaísmo sob o seu melhor aspecto, o NT mostra o que de pior havia nele. Na época de JESUS, parece que os fariseus formavam um grupo de laicos (isto é, homens que nào eram sacerdotes), em que alguns de seus membros haviam sido especialmente treinados no estudo das Escrituras. Havia os escribas, e foi contra estes e contra os fariseus que o Senhor JESUS dirigiu algumas de suas mais severas denúncias. O Senhor não contestava categoricamente aquilo que aqueles homens ensinavam na sinagoga: “Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus” (Mt 23.2ss.); seus ensinos deveriam ser seguidos. Mas eles eram hipócritas porque não viviam de acordo com seus elevados padrões de justiça. Colocavam sobre o povo um jugo que eles próprios não estavam dispostos a suportar (Mt 23.4) e faziam uso da casuística para fugir ao espírito da lei, enquanto exigiam que ela fosse cumprida à risca (Mt 23.16-22; cf. Mc 7.9-13). Osíariseus gloriavam-se em sua justiça própria e só faziam boas obras para serem vistos pelos homens (cf. Mt 23.5-12; 6.1-6,16-18; Lc 18.9-14). João Batista havia chamado os fariseus de “raça de víboras” que se apoiavam de forma complacente sobre a filiação deles à Abraão (Mt 3.7ss.). O Senhor JESUS confirmou esse veredicto (Mt 23.33) acrescentando que eram como “sepulcros caiados” (23.27) e filhos, não dos “profetas e dos justos”, para quem haviam construído túmulos bem elaborados, mas daqueles que haviam assassinado esses mesmos profetas e homens justos, desde Abel até Zacarias (23.29-36). Eram “condutores cegos” de outros cegos, que procuravam encontrar muitos prosélitos, mas na realidade deixavam os homens fora do Reino dos céus (Mt 15.14; 23.13-15).
   Esse pensamento do NT é bem conhecido, mas não devemos nos esquecer de que naquela ocasião os fariseus eram vistos sob uma luz um pouco mais favorável (por exemplo, Lc 7.36ss.; 13.3 lss.). Foram atribuídas a Gamaliel (.q.v.) algumas das boas qualidades que Josefo encontrou nos fariseus - moderação, renúncia a castigos severos, consciência da soberania divina e também da responsabilidade humana (Act 5.33-39; cf. Josefo, Ant. xiii. 5.9; 10.6; Wars ii.8.14). Paulo tinha sido um fariseu antes de sua conversão e aparentemente considerava esse grupo como a mais elevada expressão da “justiça que há na lei” (Fp 3.4-6; cf. Gl 1.14). Também nào devemos nos esquecer de que mesmo sendo denunciados por JESUS, os fariseus eram capazes de pesquisar e de fazer uma rigorosa autocrítica. O Talmude descreve, de forma jocosa, sete classes de fariseus. Entre eles existiam os “fariseus de ombro” que levavam as suas boas obras em seus ombros, para que pudessem ser vistos pelos homens; os “fariseus pilão”, cuja cabeça era curvada como o pilão em um almofariz como um sinal de falsa humildade.    Porém, existiam aqueles que verdadeiramente amavam a DEUS, e que eram como Abraão (veja, por exemplo, Ber. 9,14b; Sot. 5,20c; Sot. 22b, explicados de forma muito conveniente na obra de C. G. Montefiore e H. Loewe A Rabbinic Anthology, p. 1385).
   Uma definição do farisaísmo poderia começar insistindo que ele era legal, mas não literal. Era uma religião que “construiu uma cerca em volta da lei” (Pirke Aboth 1.1), selecionando os regulamentos legais do AT, muitos dos quais eram dirigidos aos sacerdotes levitas e tornando-os relevantes e aplicáveis a cada judeu. Isso foi feito através de seu sistema de interpretação oral da tradição. Eles levaram a lei ao alcance de cada homem, de forma que em um sentido diferente de Martinho Lutero, o farisaísmo representou o *sacerdócio do crente”. Para o fariseu sincero, a lei não representava uma “letra morta”, como havia sido explicada e interpretada pelos escribas, mas a sua própria vida.
Então, por que o Senhor JESUS denunciou o farisaísmo? Em parte pOT causa da hipocrisia de alguns de seus representantes, que “diziam, mas não praticavam” (Mt 23.3), e em parte porque o farisaísmo, em sua honesta tentativa de adaptar a eterna lei de DEUS às mutáveis condições humanas, havia comprometido a justa e absoluta exigência divina (Mt 15.3). Ao aplicarem a si mesmos e a seus seguidores certos deveres exteriores, eles haviam realmente dado uma forma mais fácil à justiça, um objetivo que seria alcançável através de uma certa obediência, para que quando esses atos fossem realizados os fariseus pudessem pensar que haviam feito tudo o que deles era exigido. Contra essa atitude, JESUS disse que mesmo quando tais exigências tivessem sido cumpridas, o servo de DEUS ainda não poderia permanecer seguro. A exigência ética ainda estava presente; ele ainda seria um “servo inútil” (Lc 17.10). Portanto, JESUS disse aos seus discípulos: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5.20). J. R. M. - Dicionário Bíblico Wycliffe

 

           PAULO - Visão Geral - Dicionário Bíblico Wycliffe
    Os estudos modernos sobre Paulo mais uma vez enfatizam a presença da sua “judaicidade”. Esta impressão fica clara em várias nuances do seu ambiente cultural. Alguns escritores - como W. D. Davies, Paul and Rabbinic Judaism (1948); J, Munck, Paul and the Salvatíon of Mankind (1959); H. J. Schoeps, Paul. The Theology of the Apostle in the Light of Jewish Religious History (1961); e R. N. Longeneeker, Paul. Apostle of Liberty (1964) - contribuíram para os trabalhos eruditos, e acabaram por estabelecer esta tese para o presente. (A situação até 1960 foi brevemente pesquisada em E. E. Ellis, Paul and His Recent Interpreters).
   O próprio testemunho de Paulo, certamente, aponta para esta direção. Um israelita circuncidado da tribo de Benjamin, qne falava a língua aramaica em sua casa, herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá, e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos, era o primeiro e o mais proeminente entre OS judeus (Fp 3.5,6; Gl 1.14). Estas qualidades estavam tão enraizadas na sua alma, que até mesmo quase no final de sua vida, ele falaria com um honesto apreço daquela herança. Mais de 20 anos depois de sua conversão cristã, ele dizia: “Eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!” (Act 23.6). Mesmo depois desta afirmação, ele declarou: “Sirvo ao DEUS de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos Profetas” (Act 24.14).
   Contudo, ele era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso da Cilícia, um lugar que não era insignificante (Act 21.39), Quando criança viveu no meio da cultura grega, um lugar de educação e comércio. “Era a cidade cujas instituições reuniam melhor e mais completamente, o caráter oriental e ocidental” (Ramsay, Cities, p. 88).
Tal ambiente provavelmente acarretou alguns problemas para um judeu.   Primeiro, ele seria membro de uma minoria, e até certo ponto, um grupo desprezado. Sua lealdade obstinada às idéias da sua religião incitaria o povo de Tarso aos insultps (cf. Schonfield, The Jew of Tarsus, p. 33). E fácil admitir que a defesa altamente desenvolvida de Paulo, tão evidente nas epistolas, teve suas raizes nestes dias. Segundo, um judeu seria confrontado com o problema do relacionamento social com os gentios. Entre os judeus, principalmente os fariseus eram sensíveis, embora n&o necessariamente hostis a tais contatos. Toda esta área de sua vida tão enfatizada nas cartas, deve ter sido, eventual mente, pensada por Paulo com muito cuidado. E é mérito seu ter desenvolvido um espírito de parentesco com estes
״estranhos'’. Ele aprendeu a entendê- los a ponto de poder dizer: “Fiz-me tudo para todos” (1 Co 9.22).
   A idéia que se tem, é que Paulo teve uma vida bastante comum neste ambiente, até pelo menos sua adolescência antes de ir para Jerusalém e ser educado por Gamaliel (Act 22.3). Mas nos últimos anos, esta conjectura levou um sério golpe segundo o estudo cuidadoso de Unnik, Tarsus or Jerusalém. The City of PauTs Youth (1962). De acordo com este trabalho, a tríade das palavras: (1) “nascido”, (2) “criado” e (3) "instruído” (Act 22.3) era uma ordem literária única (veja também Atos 7.20- 22i, indicando que enquanto o lugar de nascimento de Paulo foi Tarso, sua criação, tanto em casa como na escola, foi em Jerusalém. Sustentando esta conclusão com muitas evidências vindas da literatura antiga, van Unnik arrisca a hipótese de que a mudança de Tarso “ocorreu bem cedo na vida de Paulo, aparentemente antes que ele começasse a espiar pela fechadura e, certamente, antes de perambular pelas ruas” (p. 54).
    Será que tudo isso significa que Paulo teve poucas oportunidades de Tealmente aprender do mundo grego em que nasceu? De modo algum; isto significa que algumas atitudes básicas em relação à vida ficaram, bem cedo, impregnadas em sua mente. Depois de sua conversão, Paulo passou um período de 8 a 10 anos na Síria e Cilícia (veja Gl 1.21—2.1; cf. Act 9.30) enquanto adulto, e assim tornou-se profundamente consciente da cultura do mundo em que vivia. Estes foram anos de preparação paTa aquele ministério em qne ficou conhecido como o “apóstolo dos gentios”.
Além destes aspectos da sua vida, um outro está enfatizado diretamente em Atos, e está implícito nas epístolas. Ele era um cidadão romano (Act 16.37-39; 22.25-28), e esta foi uma posse premiada, porque se estimava que um a dois terços da população do império romano era da classe dos escravos e, portanto, sem cidadania romana. Paulo reconheceu o valor de ambas as cidadanias, a de Tarso (Act 21.39) e a romana (Act 22.2528
־). É interessante notar a diferença na estimativa destas respectivas cidadanias aos olhos do capitão romano Cláudio Lísias. A primeira apenas estabeleceu o fato de que Paulo não era um egípcio (Act 21.38); a segunda lhe deu uma imunidade aos açoites.
    Paulo aparentemente herdou sua cidadania romana de sen pai: “Eu na verdade nascí (um cidadão)”. O pai do apóstolo deve ter recebido sua cidadania por ter prestado algum serviço relevante ao governo romano. Alguns dos privilégios contidos nesta cidadania eram: (1) a garantia do julgamento (perante César, se exigido, cf. Atos 25.11) nos casos de acusação; (2) imunidade legal dos açoites antes da condenação (ao contrário do caso do Senhor JESUS, Mt 27.24-26); e (3) imunidade em relação à crucificação, a pior forma de pena de morte, no caso ae condenação.
Nestas epístolas, Paulo não só defendeu fortemente a manutenção da lei e da ordem (o fundamento do governo romano), mas também se referiu freqüentemente à cidadania. Os crentes em CRISTO já não são “estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos” (Ef 2,19). Sua cidadania era do céu (Fp 3.20). A palavra aparece novamente em Filipenses 1,27, e podería ser literalmente traduzida da seguinte forma: “Cumpram suas obrigações como cidadãos” (Lightfoot). Tal ênfase era particularmente significativa aos destinatários da carta aos filipenses, porque a cidade era uma colônia romana (Act 16.12); e eles, sem dúvida, lembravam-se de que Paulo havia ali apelado para sua cidadania romana.
Conversão
    Em sua carta aos Gálatas, Paulo referiu-se a seu modo de vida anterior no judaísmo, e como “sobremaneira perseguia a Igreja de DEUS e a assolava” (Gl 1.13). Naquela hora ele acreditava que ao seguir aquele caminho, estava servindo a DEUS e mantendo a pureza da lei. A passagem em Gaiatas 1.15 não mostra nenhuma indicação de ter havido um intervalo neste esforço de agradar a DEUS durante a época da sua conversão. E em Filipenses 3.6 ele mostrava sua “perfeição quanto à justiça que há na lei”.
Enquanto as narrativas em Atos, assim como as notas nas cartas, parecem indicar sua “súbita” conversão, alguns argumentam que certas experiências devem tê-lo preparado previamente. Seu consentimento na morte de Estêvão (Act 7.58-8.1), e o fervor da sua campanha de casa em casa contra aqueles do Caminho (Act 8.3; 9.1,2; 22.4; 26.10,11) dificilmente não o afetariam; sua furiosa jornada em direção a Damasco representou o clímax dos seus esforços.
    De qualquer modo, há dois elementos na história que são claros: (1) Paulo estava convencido de que tinha visto o Senhor ressurrecto; e, (2) Sua vida foi radicalmente mudada daquele dia em diante. A base da sua afirmação para o apostolado reside naquela experiência. Mais uma vez ele insiste nisso (veja 1 Co 9.1; 15.8-15; Gal 1.15-17; cf Act 9.3-8; 22.6-11; 26.12-18). Visto que ele não era um dos doze discípulos, e não tinha nem um chamado do Senhor JESUS, e tinha perseguido seus seguidores, a necessidade da revelação pessoal de CRISTO para Paulo parece visível.

 

LUTANDO CONTRA DEUS - A VIDA E OS TEMPOS DO APÓSTOLO PAULO - A Vida E Os Tempos Do Apostolo Paulo Charles Ferguson Ball

 

Crescimento Contínuo da Igreja Perseguida
   Quanto mais os líderes judeus tentavam esmagar a Igreja, mais atiçavam-lhe a chama. A ressurreição do Senhor dera ao povo a esperança e a segurança que antes não existiam. Todos os anseios de Israel, profecias, sacrifícios e esperanças foram cumpridos em JESUS. Contudo, a nação perdera a sua maior oportunidade, rejeitando-o. Esse Evangelho, hoje tão evidente para milhões de cristãos, estava apenas brotando no coração dos judeus.
   Com a pregação do Evangelho, muitos estavam vendo, pela primeira vez, o cumprimento de suas esperanças. Presos pela terceira vez, os discípulos foram reconduzidos ao Sinédrio, sob a acusação de haverem desobedecido à ordem de não pregar. Pedro colocou-se corajosamente diante do grupo e, em sua defesa, proclamou de novo a ressurreição de CRISTO, responsabilizando os membros do Conselho pela sua morte.
    Ofendidos com tais palavras, eles pediram a morte dos discípulos. Finalmente poderiam acabar com aquela seita, silenciando-lhe os principais pregadores e líderes. Com calma e bom senso, Gamaliel, o famoso rabino que instruíra a Saulo de Tarso, advertiu o Conselho. Lembrou- lhe de que outrora DEUS levantara profetas que, embora rejeitados pelo povo, haviam cumprido fielmente a sua missão. Aconselhou-os, pois, a soltarem os discípulos. Se a mensagem que pregavam fosse de DEUS, nem o Sinédrio poderia destruí-la; e se não o fosse, a seita desapareceria como tantas outras no passado. Sua conclusão foi tão amorosa quanto sábia. Após açoitar os discípulos, o Conselho os deixou ir com uma advertência.
    A medida que a Igreja crescia e a perseguição aumentava, também elevava-se o número de necessitados. Os apóstolos perceberam então que quase não lhes sobrava tempo para outra coisa senão para socorrer os mais carentes. A fim de terem mais tempo para a oração, pregação e o ensino (doutrina), indicaram sete diáconos para atender aos pobres. Esse foi o início da organização do ministério eclesiástico. DEUS abençoou a iniciativa dos apóstolos, usando-a para fortalecer o seu povo.

O Ódio do mundo
    Como nunca foi popular ser um verdadeiro cristão, os seguidores de JESUS passaram a ser odiados e rejeitados pela sociedade. Eram demitidos de seus empregos e tinham dificuldade em garantir o seu sustento. Como sempre houvesse necessitados, agrupavam-se para se protegerem e se encorajarem mutuamente. Naqueles primeiros dias, o amor e o desprendimento eram tão reais, que muitos vendiam seus bens e traziam o dinheiro para o fundo comum a fim de socorrer os menos afortunados. Barnabé se destacou como lado positivo e Ananias e Safira como lado negativo, neste tão importante negócio.
    Ondas de ódio e perseguição sucediam-se ameaçando a Igreja. Alguns membros eram tão fracos em suas convicções que, pensando apenas na segurança e conforto pessoais, voltaram para o Judaísmo. A maioria, contudo, permaneceu sólida como as rochas em dias de tempestade.
Cada vez que o braço armado do inimigo se erguia, DEUS suscitava outros heróis para levar adiante a sua obra. Quando Herodes, ao perseguir a Igreja, mandou que se degolasse a Tiago, irmão de João, julgou ter extinto para sempre o trabalho do Senhor. Mas o relato da história, feito por Lucas em Atos, encerra-se com esta afirmação: "Entretanto a palavra do Senhor crescia e se multiplicava" (At 12.24).
    Quanto maior a perseguição, maior o crescimento da Igreja. Muitas vezes, os cristãos tiveram de adorar a DEUS em segredo, mas nunca vacilavam.     Quando algum pregador era preso, os outros reuniam-se para orar. O Senhor sempre lhes ouvia as orações, abençoava o seu povo, e usava as dificuldades para fortalecer a Igreja (como  o caso da prisão de Pedro e sua soltura milagrosa).
   O Cristianismo contudo não ficou restrito a Jerusalém. Os que ouviram a pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, procediam de todo o Império Romano. E levaram as boas novas do Evangelho aonde quer que fossem.

 

LUTANDO CONTRA DEUS
   Quando ainda estava em Tarso, Saulo ouvira várias histórias sobre JESUS. Algumas eram fantasiosas, pois as histórias costumam desvirtuar-se quando transmitidas oralmente. Muitos dos amigos da sinagoga haviam assistido as festas em Jerusalém, e sabiam o que estava acontecendo no Templo. Na sua volta, Saulo e os principais da sinagoga foram informados sobre o impostor de Nazaré, e ficaram enfurecidos com a idéia de que alguém havia tido a coragem de profanar os pátios da Casa de DEUS com um ensino tão blasfemo. Além disso, tal homem não tinha o direito de ensinar, pois não aprendera com os rabinos. Todavia, todos que o ouviam, confirmavam: ninguém jamais dissera palavras de tanta sabedoria - nem mesmo os grandes rabinos.
   Ficou evidente para Saulo que JESUS não podia ser o Messias por ter acusado os doutores da Lei, opondo-se às as suas regras. Ouvira dizer também que JESUS ensinava o povo a desobedecer aos rabinos, provocando tamanhos tumultos nas sinagogas que todo o verdadeiro judeu acabou por considerá-lo inimigo de Israel.
   Quando chegaram as notícias de que JESUS fora preso, julgado e crucificado, todos agradeceram a DEUS: o blasfemador enfim fora silenciado. Ficava provado, pois, que Ele não passava de mais um falso messias, que tudo fizera para conturbar a religião judaica. Saulo e os demais fariseus aplaudiram a crucificação de JESUS. Não podiam perdoar aquEle que, ousadamente, os havia chamado de víboras e hipócritas.
Saulo não se considerava hipócrita. Seu objetivo era ser um judeu melhor e obedecer a todas as regras dos grandes rabinos. Na sua opinião, essa era a única maneira de se agradar a DEUS. Por isso, quem se opunha à antiga ordem merecia morrer. Foi com um grande alívio que os principais da sinagoga de Tarso ouviram que JESUS fora finalmente tirado do caminho, e os seus ensinamentos interrompidos de vez. Segundo diziam, a justiça divina havia sido feita. Imagina quantos bullying's Arimateia e Nicodemus surportaram!
    Sua indignação, porém, chegou ao ponto de ebulição ao saberem que os seguidores do Nazareno não haviam sido dispersos, mas reuniam-se em pequenos grupos para adorar a JESUS, declarando ter Ele ressurgido dos mortos. Resolveram então fazer o possível para lutar contra a perigosa seita. Notícias chegadas de Jerusalém davam conta de que alguns fariseus haviam deixado a verdade e se juntado aos nazarenos. Membros da seita podiam ser encontrados também pregando abertamente nos pátios do Templo e nas sinagogas, convencendo a todos de que JESUS era o Messias. E milhares criam neles. Isso tornara-se uma grande ameaça, pois até alguns sacerdotes estavam abandonando a velha ordem para seguir a JESUS. De igual modo, iam os nazarenos pelas ruas da cidade, conversando com o povo em suas casas, persuadindo-os a juntarem-se a si.
   Saulo sentia raiva ao pensar neles. Ouvira dizer que alguns de seus líderes haviam sido apanhados e levados diante do Sinédrio por haverem falado abertamente no Templo, e que seu velho mestre, Gamaliel, mostrara-se complacente e até recomendara o relaxamento de sua prisão. Ele sentiu-se irritado com Gamaliel. Como poderiam manter pura a religião de Israel se permitissem que qualquer um alegasse ser o Messias? Não havia dúvidas de que os seguidores de JESUS mereciam a morte. O Conselho deveria ter eliminado para sempre tal ameaça. Se o Messias havia chegado, por que Roma contuava a escravizá-los?

 

Paulo, o maior líder do cristianismo - Editora Hagnos 

            Capítulo 02 - Um perseguidor implacável
O zelo sem entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos crimes hediondos têm sido praticados em nome de DEUS. Com Paulo, não foi diferente. Ele foi um perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência e força para esmagar os discípulos de CRISTO. Perseguiu CRISTO (Atos 26.9), a religião de CRISTO (Atos 22.4) e os seguidores de CRISTO (Atos 26.11).
Paulo foi o mais severo perseguidor da igreja em seus albores. Olhando pelo retrovisor, fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a Timóteo: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13). Ele feria os cristãos com a língua e com os punhos. Fazia isso com arrogância e soberba. Usava os instrumentos legais e também a truculência física.


Paulo é visto como perseguidor
Ressaltamos, aqui, alguns pontos importantes:

       Paulo via a si mesmo como perseguidor. Ao escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a igreja de DEUS (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Diante do povo de Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Diante do rei Agripa, ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas devia eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno; e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.9-11).
    CRISTO o viu como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia para Damasco com o propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de CRISTO para Jerusalém a fim de lançá-los na prisão, CRISTO apareceu-lhe, de maneira gloriosa, na estrada de Damasco, perguntando-lhe: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). Perseguir a igreja é perseguir CRISTO. Perseguir os membros do Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo. Paulo não estava apenas se levantando contra homens, mas contra o próprio DEUS. Aqueles que ferem os santos de DEUS tocam na menina dos olhos de DEUS.
   O povo de Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento pode levar um homem a fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “... Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (Atos 9.13,14). O mesmo aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo foi imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos 9.21).
   Os discípulos de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo fugiu de Damasco e foi para Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos discípulos, eles não acreditaram nele. Pensaram que se tratava de mais um estratagema para perseguir os cristãos. Lucas relata esse fato assim: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (Atos 9.26).


Paulo é um perseguidor cruel e resistente
  Duas descrições metafóricas ilustram a crueldade das perseguições de Paulo aos cristãos.
  Primeiro, ele é visto como uma fera selvagem. A igreja em Jerusalém foi duramente perseguida, e muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (Atos 8.1-4). Alguns deles foram para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que professavam o nome de CRISTO (Atos 9.1,2). Ele queria destruir os crentes em Jerusalém, por isso os caçava por toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém e ali os exterminar.
    Essa expressão “respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma para descrever uma fera selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (Atos 9.21). Paulo era um monstro celerado, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos primitivos.
   A expressão “respirando ainda ameaças e morte” era também uma alusão ao arfar e ao bufar dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal selvagem do que um homem. Em suas próprias palavras, ele estava “demasiadamente enfurecido” (Atos 26.11). Nada é mais perigoso do que o radicalismo religioso sem entendimento. Muitas “guerras santas” já foram declaradas por causa dessa atitude ensandecida. Milhares de pessoas já morreram em nome de DEUS para sustentar essa causa inglória. Muito sangue já foi derramado para satisfazer os caprichos desses religiosos dominados pelo zelo sem entendimento.
A expressão “respirando ameaças e morte” descreve também uma fera selvagem saltando sobre a presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para todos aqueles que  confessavam o nome de JESUS. Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a morte (Atos 22.4). Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome de JESUS, o Nazareno (Atos 26.9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. Não podia aceitar que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser o Messias prometido de DEUS. Não podia aceitar que os cristãos anunciassem a ressurreição daquele que havia sido dependurado numa cruz. Não podia crer que uma pessoa pregada na cruz e, consequentemente, considerada pecadora e maldita pudesse ser o Salvador do mundo.
   Segundo, ele é visto como um touro bravo. O Senhor JESUS, mesmo sendo perseguido por Paulo, não abriu mão de sua vida. A fúria de Paulo pelo nome de JESUS, o Nazareno, não anulou o propósito eletivo de DEUS, que escolheu Paulo antes mesmo de ele nascer e o separou para o ministério. Paulo mesmo testemunhou esse fato: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim...” (Gl 1.15,16). Um touro bravo é amansado pelo aguilhão. O Senhor começou a ferroar sua consciência, ao mostrar como aqueles discípulos presos, torturados e mortos morriam com serenidade. O algoz estava furioso, mas as vítimas morriam cantando e orando.
   Quando Estêvão foi apedrejado em Jerusalém, e se derramava o seu sangue, Paulo consentia em sua morte e guardava as vestes daqueles que o apedrejavam (Atos 22.20). Paulo, porém, recusava-se a ceder mesmo diante desses aguilhões. Como uma fera selvagem, dirigiu-se a Damasco. Respirava ameaças e morte (Atos 9.1). Seu prazer era matar em nome de DEUS aqueles que abraçavam a fé cristã. JESUS então aparece-lhe em refulgente glória no caminho de Damasco, derruba-o ao chão e lhe pergunta: “... Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (Atos 26.14). O boi bravo, enfim, estava no chão, subjugado, manso, domado (Atos 9.3-5). Uma força maior do que seu ódio entrou em seu peito. Uma luz maior do que seu zelo o dominou. Aquele a quem ele perseguia com todas as forças da sua alma, agora conquista seu coração. Quebrado e submisso, ele pergunta: “Quem és tu, Senhor?”. E o Senhor responde: “Eu sou JESUS, a quem tu persegues” (Atos 26.15).

Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei.


  Paulo é um perseguidor violento
  A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos de CRISTO. Vamos analisar esses métodos.

  Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos (Atos 26.10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da lei religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos de CRISTO as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos.
  Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos.

  Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por cidades estranhas (Atos 26.11). Sua área de jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria (Atos 9.1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar CRISTO e cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a DEUS.
   Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica.

  A perseguição impetrada por essa fera selvagem e por esse boi bravo não consistia apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar...” (Atos 26.11). Ele era blasfemo (1Tm 1.13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (Atos 26.10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artifício maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar.
   Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física.

   Em sua carta aos Coríntios, Paulo diz que perseguiu a igreja de DEUS (1Co 15.9). Aos crentes da Galácia, seu relato é ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de DEUS e a devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários métodos:
Ele caçava os crentes por todas as partes. Paulo era um caçador implacável (Atos 9.2; 22.5; 26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os cristãos em Jerusalém; caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora, escoltado por uma soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da Síria, para prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (Atos 9.2). Seu propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para Jerusalém e puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que JESUS havia ressuscitado (Atos 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo.
Seu ódio, na verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas contra CRISTO. Ele testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de JESUS, o Nazareno” (Atos 26.9). Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente...” (1Tm 1.13).
Paulo, ao perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio CRISTO. Por isso, quando JESUS aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu, Senhor?”. E a resposta foi: “Eu sou JESUS, o Nazareno, a quem tu persegues” (Atos 9.5).

   Diante do sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). O povo de Damasco, ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua conversão, reafirma como Paulo perseguiu de forma implacável os crentes: “... Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de JESUS e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (Atos 9.21).
   Em quinto lugar Ele manietava os crentes.

Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos crentes, mas os amarrava e os levava assim aos principais sacerdotes (Atos 9.21). Ele corrobora: “... e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos” (Atos 22.5).
  Em sexto lugar Ele encerrava os crentes em prisões.

O propósito de Paulo em ir a Damasco era descobrir lá alguns crentes a fim de levá-los presos para Jerusalém (Atos 9.2). Ele diz ao povo de Jerusalém: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (Atos 22.4). Depois de sua conversão, quando DEUS o mandou sair de Jerusalém, Paulo tentou argumentar com DEUS, dizendo: “... Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão [...] os que criam em ti” (Atos 22.19).
   Em sétimo lugar Ele açoitava os crentes.

Paulo não somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os castigava fisicamente (Atos 22.5). Ele disse: “... Senhor, eles bem sabem que eu [...] açoitava os que criam em ti” (Atos 22.19). Diante de Agripa, Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (Atos 26.11). Paulo era um carrasco, um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo ensandecido.
   Em oitavo Ele matava os crentes.

Paulo não apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a sua presa, como também os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e açoitava, mas também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o sinédrio deliberava sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo dava seu voto para que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam” (Atos 26.10). Diante da multidão amotinada de Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam” (Atos 22.20).

 

Atos 8
1 - E também Saulo consentiu na morte dele [Estevão]. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria, exceto os apóstolos. 2 - E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. 3 - E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.

  

A Perseguição Sofrida pela Igreja - Atos 8:1-3 - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT
Nestes versículos, temos:
I
Mais informações sobre Estêvão e sua morte. Como as pessoas reagiram a estes acontecimentos: de diferentes formas, como geralmente se dá em tais casos, de acordo com os diferentes sentimentos que as pessoas têm das coisas. Quando JESUS estava prestes a deixar os discípulos, ele lhes disse: Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará (Jo 16.20, versão RA). Em conformidade com isto, aqui está: 1. A morte de Estêvão alegrou muitas pessoas, mas uma em particular: Saulo (v. 1), que mais tarde foi chamado Paulo. Ele consentiu na morte de Estevão, syneudokon – ele consentiu nisso com prazer (este é o significado da palavra). Ele ficou contente com isso. Ele alimentou os olhos com este espetáculo sangrento na esperança de que acabaria com o crescimento do cristianismo. Temos razões para deduzir que Paulo ordenou que Lucas inserisse esta informação para sua vergonha e glória da graça livre. Portanto, ele se confessa culpado do sangue de Estêvão e o agrava com o dado de que ele não o fez com pesar e relutância, mas com prazer e muita satisfação, como os que não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem (Rm 1.32, versão RA). 2. A morte de Estêvão é pranteada por uns varões piedosos (v. 2). Alguns eruditos entendem que essa nomenclatura (varões piedosos) se refere aos prosélitos, entre os quais o próprio Estêvão provavelmente se encontrava. Ou, pode ser considerada em sentido mais amplo. Os varões piedosos eram certos membros da igreja que eram mais devotos e zelosos que os demais. Eles foram recolher o cadáver contundido e abatido de Estevão e lhe deram um sepultamento decente, provavelmente no Campo de Sangue que há pouco tempo fora comprado para a sepultura dos estrangeiros (Mt 27.7,8). Eles o enterraram solenemente e fizeram sobre ele grande pranto. Embora sua morte lhe fosse muito benéfica e de grande serventia para a igreja, eles o lamentaram como perda geral. Ele era muito bem qualificado para o serviço e utilíssimo tanto como diácono quanto como defensor da fé. Quando pessoas desse nível morrem, é mau sintoma não lhe serem prestados os respeitos devidos. Esses varões piedosos fizeram as últimas homenagens a Estêvão: (1) Para mostrar que eles não tinham vergonha da causa pela qual Estêvão sofreu e que também não estavam com medo dos que se opunham a essa causa. Embora os inimigos tivessem triunfado, a causa é causa justa e, no fim, será vitoriosa. (2) Para mostrar o grande valor e estima que acolhiam por Estêvão, fiel servo de JESUS CRISTO, o primeiro mártir do evangelho, cuja memória para sempre lhes será preciosa, apesar da infâmia da sua morte. Eles visam a honrar aquele a quem DEUS honrou. (3) Para testemunhar a crença e esperança que eles tinham da ressurreição dos mortos e da vida no mundo vindouro. 
II
  Um relato da perseguição que a igreja sofreu a partir do martírio de Estêvão. Quando a fúria dos judeus se desencadeou com tamanha violência e intensidade contra Estêvão, ela não pôde ser rapidamente contida ou exaurida. As Escrituras dizem que os sanguinários têm sede de sangue, porque quando provam sangue têm ainda mais sede de sangue. O leitor pensaria que as orações e consolações de Estêvão na hora da morte teriam comovido os perseguidores, levando-os a ter uma opinião melhor dos cristãos e do cristianismo; mas isso não ocorreu. A perseguição continuou, porque ficaram mais exasperados quando viram que não poderiam sair vitoriosos. E, como se esperassem ser muito veementes em favor do próprio DEUS, resolveram prosseguir com a perseguição. Talvez porque ninguém caiu morto por apedrejar Estêvão, o coração tenha ficado mais firme para fazer o mal. Pode ser também que os discípulos se animaram a debater com eles ao observarem o testemunho de Estevão, no final da vida. São possibilidades que os incentivariam a ser fiéis a DEUS nesta grande perseguição. Observe:
  1. Contra quem foi feita esta grande perseguição: contra a igreja que estava em Jerusalém (v. 1) que, no mesmo instante da sua implantação, foi perseguida, como JESUS afirmou que surgiriam tribulação e perseguição por causa da palavra (Mt 13.21). JESUS predissera especificamente que logo Jerusalém ficaria muito perigosa para os seus seguidores, pois esta cidade era famosa por matar os profetas e apedrejar os que lhe eram enviados (Mt 23.37). Pelo visto, nesta grande perseguição, muitos foram mortos, pois Paulo reconhece que nessa época ele perseguiu este Caminho até à morte (Atos 22.4) e, quando matavam os cristãos, ele punha seu voto contra eles (Atos 26.10).
   2. Quem foi enérgico nesta grande perseguição. Ninguém foi tão zeloso, tão vigoroso, quanto Saulo (v. 3), o jovem fariseu. Quanto a Saulo (já mencionado neste texto, e agora, outra vez, como perseguidor notório), ele assolava a igreja. Ele fez de tudo para prejudicá-la e arruiná-la. Ele não se importava com o dano que causava aos discípulos de JESUS, e nem mesmo sabia quando parar. Seu objetivo era não menos que extirpar de Israel o evangelho, para que não houvesse mais memória do seu nome (Sl 83.4). Ele era a ferramenta mais adequada que os principais dos sacerdotes poderiam ter para servir aos seus propósitos. Ele era o informante-geral contra os discípulos, o mensageiro do grande conselho a ser empregado para vasculhar as reuniões e prender todos que fossem suspeitos de serem a favor do Caminho. Tendo estudado desde pequeno, Saulo era um erudito, um cavalheiro, mas mesmo assim não pensou que fosse indigno ser empregado no trabalho mais vil daquele tipo. (1) Saulo entrava pelas casas (v. 3), não tendo dificuldade em arrombar portas, de noite ou de dia, pois com esta finalidade era assistido por uma força policial. Ele entrava em toda casa onde os discípulos de JESUS faziam reuniões, ou em toda casa onde houvesse algum cristão, ou que ele pensasse haver. Ninguém estava seguro em sua própria casa, ainda que fosse um castelo. (2) Saulo puxava à força, com o maior desprezo e crueldade, homens e mulheres (v. 3), arrastando-os pelas ruas, sem a mínima consideração pelo sexo mais fraco. Ele se rebaixou ao ponto de tomar conhecimento do mais insignificante que se corrompera com o evangelho; e isso de tão extremamente fanático que era. (3) Saulo [...] os encerrava na prisão (v. 3) para serem julgados e mortos a menos que renunciassem a JESUS. Alguns talvez foram forçados por ele a blasfemar (Atos 26.11).
   3. Qual foi o efeito desta grande perseguição: Todos foram dispersos (v. 1), não todos os crentes, mas todos os pregadores, que foram mais visados e contra quem foram emitidos mandados de prisão para prendê-los. Eles, lembrando-se da regra de nosso Mestre (quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra, Mt 10.23), se dispersaram por comum acordo pelas terras da Judéia e da Samaria. Não tanto por medo dos sofrimentos (pois Judéia e Samaria não ficavam muito longe de Jerusalém, mas se eles aparecessem publicamente nesta cidade, como estavam determinados a fazer, as tropas policiais dos perseguidores logo os localizariam), mas porque entenderam que essa grande perseguição era indicação da Providência para que eles se espalhassem. Eles fizeram um trabalho muito bom em Jerusalém, e agora estava na hora de pensar nas necessidades de outros lugares. O Mestre lhes dissera que seriam suas testemunhas primeiramente em Jerusalém, e depois em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.8). Eles observaram este método. A perseguição não nos afasta de nosso trabalho, mas pode ser sugestão da Providência para trabalharmos em outro lugar. Todos os pregadores foram espalhados, exceto os apóstolos, que, provavelmente, foram dirigidos pelo ESPÍRITO a permanecer em Jerusalém por mais algum tempo. Os apóstolos foram, pela providência especial de DEUS, escondidos da tempestade, e, pela graça especial de DEUS, foram capacitados a enfrentar a tempestade. Eles permaneceram em Jerusalém para que estivessem preparados para ir aonde sua ajuda fosse necessária, pois os outros pregadores foram enviados para abrir caminho. JESUS ordenou que os discípulos fossem para os lugares onde Ele planejava ir (Lc 10.1). Os apóstolos continuaram muito mais tempo juntos em Jerusalém do que se imagina, tendo em vista a ordem e a comissão que receberam de ir por todo o mundo e fazer discípulos de todas as nações (Mc 16.15; Mt 18.19, versão RA; veja Atos 15.6; Gl 1.17). Mas o que foi feito pelos evangelistas que eles enviaram foi considerado como se tivesse sido feito por eles. 

 

Paulo, fariseu da diáspora - APOSTOLO PAULO, VIDA, OBRA E TEOLOGIA - Editora Academia Cristã Ltda - J. Becker

 

   Para determinar o ponto de vista teológico de Paulo como judeu, faz sentido utilizar, como fio condutor, a única indicação do Apóstolo a respeito de si mesmo acerca desse tema. Não há nenhum motivo que possa levar a suspeitar de sua autodesignação como ex-fariseu, nem mesmo de vê-la como alternativa a um Paulo apocalíptico, por mais certeza que se tenha de que a cosmovisão de Paulo também tenha traços apocalípticos, como ainda será demonstrado. Analisando as fontes judaicas a respeito do farisaísmo contemporâneo a Paulo, portanto, do farisaísmo que se estende do tempo de Herodes até a época da conquista de Jerusalém por Tito em 70/71 d.C., a curiosidade histórica ficará mais decepcionada do que satisfeita. O rabinismo, mais tarde, não só limitou drasticamente a tradição, como também a elaborou a partir da ótica dos vencedores. Assim, o rabinismo, mais tarde, compreendeu a si mesmo como sendo a única ortodoxia judaica e, por isso mesmo, desqualificou, conseqüentemente, todas as outras correntes judaicas, sufocando grande parte dessas tradições. Ele também apresentou a sua pré-história farisaica de tal modo que ela, posteriormente, desembocasse diretamente na ortodoxia até dissipar em boa medida o pluralismo, visível ainda esporadicamente no farisaísmo anterior. Por fim, o rabinismo nem mesmo reconheceu essa história como continuidade e desenvolvimento, conservando apenas antigas controvérsias e antigos episódios que lhe pareciam importantes para a interpretação da Lei. Mas qual era a importância e quanto eram típicas para aquela época tais tradições, supondo que se lhes atribua confiabilidade histórica?

   Quem refletir sobre isso não se surpreenderá acerca da diversidade e contradição presentes nas apresentações mais recentes do farisaísmo. Mesmo assim, algumas linhas mestras podem ser reconhecidas: tal qual os essênios, também os fariseus têm sua origem no movimento assídico do séc. II a.C. Na época de Paulo, eles já há muito tempo estavam reunidos em corporações, com a finalidade de colocar o povo todo sob a ação santificadora da Torá, mediante a observação da Lei. Embora a eles também pertencessem sacerdotes e escribas, com certeza a maioria dos membros, contudo, era composta por leigos, que eram mais ou menos dependentes da interpretação da Torá feita pelos escribas. Indícios mostram que a uniformização da mentalidade farisaica é um produto tardio da história.      Há para isso diversas indicações: na época herodiana, Hillel e Shammai, ambos com suas escolas, estavam em controvérsia com uma interpretação da Lei que, por um lado, era nomística e, por outro, orientada para a historicidade da vida. Parece ainda que uma parte dos fariseus de orientação radical políticonacional agiu, ao modo dos zelotas, entre Herodes e Tito, contra tudo o que fosse estrangeiro, embora a maioria, provavelmente, tenha se restringido somente à observância religiosa da Lei.    Na diáspora, por sua vez, alguns fariseus, entre outros grupos, devem ter multiplicado o número de simpatizantes das sinagogas, i.e., os assim chamados "tementes a DEUS", que eram adeptos do monoteísmo judaico, mas que praticavam a circuncisão, bem como os prosélitos (Mt 23.25).

    Todas essas variações, mesmo assim, reconciliam-se na linha básica de orientação na Lei como única norma de vida para todo o Israel. A compreensão da Lei, porém, também passou por uma ovolução histórica, dentro da história geral do farisaísmo. Isso tem a ver com a compreensão fundamental da Lei, com a interpretação da promessa de vida da Torá e, enfim, com as ponderações legais. Quanto ao primeiro ponto, a Lei, através da marcha vitoriosa do pensamento sapiencial no judaísmo antigo, também para os fariseus havia sido identificada com a sabedoria preexistente (Eclesiástico): A Torá era, pois, "o instrumento, por meio do qual o mundo foi criado" (Aboth 3,14).

   Como tal, tornou-se a lei interior de toda a criação e da história, bem como norma de vida de cada existência humana: a Lei, entendida sapiencialmente, conduz ao temor de DEUS (1.3) que devia ser realizado mediante o cumprimento da Lei (1.17), sendo a Lei uma grandeza unitária, na qual todos os mandamentos eram, no mesmo grau, expressão da vontade da única majestade divina (2.1). De forma velada, essa concepção pode ser reconhecida em Paulo, por exemplo, em Rm 1.18-3.20. A Lei, por sua vez, prometia vida a quem a cumprisse. Os saduceus e os essênios concebiam ainda essa vida prometida, na época do cristianismo primitivo, como vida terrena do homem; enquanto o farisaísmo, ao contrário, ensinava, provavelmente desde o séc. I anterior à era cristã, que esta vida teria uma continuação no mundo vindouro, no início da qual haveria recompensa e castigo para o comportamento humano em relação à Torá no mundo atual (Mc 12.18-27 par.; At 23.6-8; Aboth 2.1,7,16; 3.14-16). Com isso, uma concepção fundamental da apocalíptica judaica antiga havia se tornado também parte da visão farisaica.

   Desde então, não só ocorreu a união entre farisaísmo e teologia sapiencial, como também entre farisaísmo e apocalíptica. Também Paulo mostra viver numa compreensão da realidade segundo a qual essa mesma realidade será substituída por outra, vindoura e eterna, sendo o juízo divino a porta de entrada para a salvação final (cf. infra). Percebe-se, nessas duas opções decisivas do farisaísmo, a sua capacidade de abrir-se, na sua orientação fundamentalmente legal, para a mudança histórica da época. Assim, certamente terá também assumido uma abertura intelectual para o helenismo e, em conseqüência disso, terá assimilado a situação de diáspora do judaísmo. Um bom exemplo para isso é o historiador judeu Josefo (ca. de 37/38 até final do séc. I d.C.): oriundo da nobreza sacerdotal saducéia, na juventude adere aos fariseus e toma parte da guerra judaica na Galiléia, tornando-se prisioneiro romano, para, a partir de então, ao lado de Tito, acompanhar o final da guerra, habitando depois em Roma, com direito à cidadania romana e a uma renda anual. Sua obra literária dedica-se à tentativa de conciliar judaísmo e cultura helenístico-romana, a partir de uma base judaica.

    A Lei, porém, continha mandamentos diversificados, que deviam ser levados em conta na prática. Aqui, novas pesquisas têm demonstrado que os fariseus se empenhavam de modo especialmente intenso nisso, no sentido de que as leis de pureza deviam ser observadas na vida diária de todo o povo, não se reduzindo simplesmente ao papel de Torá sacerdotal. Com isso, estava estabelecida a santificação ritual do quotidiano, como programa para todo o povo de Israel. Na medida em que esse objetivo também foi assumido na diáspora helenista, estava claramente demarcada a separação em relação a todos os não-judeus. Uma vez que a santificação, como preservação - igualmente ritual - da própria identidade como povo da aliança, constituía o motor da prática farisaica, torna-se compreensível porque Paulo agiu de modo tão agressivo contra judeu-cristãos em Damasco, enquanto estes viam essa fronteira com mais tolerância (cf. eap. 4.2).

    Com essas observações gerais a respeito do farisaísmo, limitamo-nos a caracterizar o marco que condicionaria a consciência do judeu Paulo. Deve-se especificar mais? Para isso, deve-se utilizar as outras cartas paulinas de um modo mais conseqüente do que se costuma fazer. Isso quer dizer que quem procura por materiais tradicionais e conceitos judaicos em Paulo, não deve ver nisso apenas conhecimentos gerais cristãos a respeito do judaísmo, mas deveria interrogar, até que ponto tais afirmações descrevem o próprio Paulo, relativamente à sua antiga mentalidade judaica. É improvável que Paulo tenha desenvolvido sua visão a respeito do judaísmo apenas após sua conversão. E bem mais provável que seu juízo cristão do judaísmo, que sua descrição cristã do mesmo, bem como a utilização de materiais judaicos, lenham suas raízes no período judaico do Apóstolo. É praticamente impossível imaginar que ele tenha adquirido uma visão do judaísmo somente após sua conversão. Antes, quando Paulo caracteriza o judaísmo, basicamente está em jogo o seu próprio passado judaico. Aqui, aparece uma diferença fundamental entre a análise das cartas de Paulo e a tradição sinótica: nessa última, a história da tradição ocorreu em meio a um crescimento anônimo; nas cartas paulinas, pode-se identificar um portador individual da tradição. Nessa colocação do problema, é possível identificar, no próprio Paulo, alguns aspectos claros de sua doutrina farisaica. Esses aspectos se poderão atribuir ao judeu Paulo, com maior ou menor fundamento, segundo seu grau de verificabilidade em fontes judaicas. Antes de qualquer discussão específica, convém lembrar que as indicações contidas nos escritos paulinos estão a nosso dispor em grego. Em nenhuma passagem, podemos comprovar claramente, mediante a simples tradução para o aramaico, que Paulo houvesse efetuado só posteriormente - sendo já cristão - uma transformação grega. Isso leva à suposição de que Paulo tenha formulado essas afirmações em grego, ainda quando era judeu. O que é mais um indício de que Paulo era fariseu da diáspora. Isso também é confirmado pelo tema carregado de polêmica, a respeito do qual a sinagoga da diáspora altercava o monoteísmo estrito, que aparecia como um elemento único no mundo da religião romano-helenista, com a atitude sincera e tolerante do helenismo.

   O único DEUS verdadeiro, como criador e juiz, está em confronto com os deuses (Rm 1.18s; lTs 1.9). Os deuses carecem de realidade e não possuem nenhuma significação positiva. Eles são enquadrados como potências que perderam seu poder, portanto, como demônios que, por exemplo, são venerados como deuses, mas que nenhum culto merecem (lCo 8.4s; 10.18-22). Este culto é justamente o pecado dos gentios, expressão de sua desobediência ao DEUS único. Isso leva, decididamente, à pecaminosa perversão humana, que demonstra que o mundo dos deuses pagãos não traz nenhuma salvação aos homens, mas segundo o parecer judaico, está sob o juízo de DEUS (Rm 1.18ss). Daí que, quanto a esse tema, seja impossível qualquer acordo entre judaísmo e helenismo. Pelo contrário, deve ser evitada toda atitude pagã na religião e na conduta moral.

  "Não tenhas nada em comum com um pecador" diz um imperativo fundamental em Aboth 1.7. O fariseu comum - o acima mencionado Josefo constitui uma exceção - vive conforme um modelo de desqualificação polêmica, segundo o qual Israel representa a verdadeira religião, enquanto todo o paganismo deve ser evitado, porquanto considerado desvio pecaminoso. Se avaliarmos bem o casus belli de Damasco entre Paulo e os cristãos (cf. cap. 4.2 e 4.3), ele terá representado coerentemente o ideal farisaico de pureza, condenando todo e qualquer culto gentio. "Tu é santo e teu nome é terrível, e não há nenhum DEUS além de ti", deve ter orado também Paulo, conforme a terceira petição da oração das dezoito petições. Essa oração inicia com "Louvado sejas tu... DEUS de Abraão, DEUS de Isaque e DEUS de Jacó, ... DEUS altíssimo, criador dos céus e da terra, nosso escudo e escudo de nossos pais...".

    Com isso, duas coisas são ditas: a faceta cósmica do DEUS criador, criador do mundo e da humanidade, e a faceta particular, na linha da história sagrada, através da fé que começa com os patriarcas de Israel. Não sendo mero acaso o fato da oração iniciar com a proclamação histórico-salvífica de DEUS. Conforme G1 2.15, Paulo apresenta uma situação inicial diferente para os judeus e gentios na passagem para o cristianismo, e o faz tão obviamente, a ponto de distinguir entre judeus de nascimento e os povos pecadores. A tematização do futuro destino de Israel em Rm 9-11 somente é compreensível à luz dessa diferenciação entre o povo eleito e outros povos. Por causa desse princípio fundamental da fé judaica (cf. Aboth 1.7; 3.14; 4 Esd 6.55s), Paulo vê-se obrigado a demonstrar com o exemplo do primeiro representante da eleição de Israel, Abraão, até que ponto este, agora na perspectiva cristã, é pai de todos os crentes (G1 3; Rm 4). 1 Tessalonicenses é prova de como Paulo transforma e reformula, do ponto de vista cristão, esse artigo de fé tão fundamental para a autocompreensão de Israel e de sua eleição (cf. cap. 6.2).

   A conclusão inevitável é a desqualificação dos povos gentios como idólatras, culpáveis e não-eleitos. (cf. Rm 1.18ss; G1 4.8): também Paulo é capaz de designar os povos, para caracterizar a diferença em relação ao cristianismo, em continuidade com o juízo judaico, como "geração má e pervertida" (Fl 2.15), aplicando Dt 32.5 - seguindo, nisso, claramente o antigo costume farisaico. Transparece também, claramente, a posição pré-cristã de Paulo, quando ele proíbe os cristãos de conduzirem processos diante de "injustos", i.e., diante de gentios (ICo 6.1ss). Já a sinagoga havia instaurado uma jurisdição própria, para que não se dependesse (somente) da jurisdição dos gentios. Paulo faz a transposição para a relação entre cristãos e gentios. Por outro lado, podem-se salientar os privilégios de Israel, isso é: a eleição de Israel, mediante o pacto da aliança com os pais, que deu a Israel a filiação divina; a legislação, como dom, para a identificação da vontade do DEUS da aliança, para, por meio de suas ordens, alcançar a vida; o culto que, unicamente, agrada a DEUS, como meio de expiação dos pecados de Israel; enfim, as promessas, antes de qualquer coisa, de que Israel terá parte na salvação final e que DEUS não voltará atrás quanto ao que prometeu (Rm 3.1s; 11.2,28s).

    Em Rm 9.4, Paulo formulou, de maneira habilidosa, numa estrutura articulada em duas linhas de três membros, os predicados que pertencem a Israel: a filiação a glória de DEUS as alianças a Lei o culto as promessas Ambas as linhas interpretam-se reciprocamente: filiação e Torá também em Aboth, 3.14 estão juntas.

   A glória (terrena de DEUS) habita no templo, onde Israel realiza o culto. As alianças (patriarcas, Moisés) direcionam-se, preferencialmente, às promessas a respeito do futuro de Israel. Consciente de estar caracterizando acertadamente o judeu, o ex-fariseu Paulo assim o interpela em Rm 2.17ss: í.

a) ele se denomina judeu,

b) apóia-se na Lei,

c) gloria-se em DEUS,

d) conhece a vontade (de DEUS),

 e) prova o que pode ser distinguido, instrui a partir da Lei. Em paralelismo com este juízo sobre suas relações com DEUS, segue a comparação com os gentios:

  2. a) O judeu está convencido de ser guia de cegos,

 b) luz para os que vivem nas trevas,

 c) instrutor de ignorantes

d) mestre de crianças (menores, que não sabem ),

e) possuidor do saber e da verdade elaborados na Lei. Ambos os textos falam, não por acaso, da posição destacada da Torá, de sua observância e de sua universal imposição. E de conhecimento geral que isso é exatamente o judaísmo de interpretação farisaica. Conseqüência significativa é que Paulo se tenha compreendido como judeu fariseu. Garantia dessa conclusão é mais uma vez Fl 2.15s, que é muito esclarecedor. Nesse texto, Paulo transfere as pretensões e a consciência judaica para a comunidade cristã. Assim, ele espera que os cristãos sejam "irrepreensíveis e puros". Não deve ser assim também o verdadeiro judeu (Rm 2.10,13; Fl 3.6)? Eles devem também ser "filhos de DEUS imaculados" (cf. a filiação judaica, Rm 9.4), em meio a uma "geração má e perversa" (cf. Rm 2.19s), "como luzes brilhando no mundo" (cf. Rm 2.19) e "mantendo a palavra da vida" (cf. Rm 9.4). Acerca dessa transposição de uma comunidade a outra, advém a observação adicional de que Paulo mesmo se classifica dentro do quadro dessas prerrogativas judaicas, quando ele se descreve como ex-fariseu (Fl 3.4-6).

  Corresponder a essa situação de eleição, i.e., observar a Torá como revelação da vontade divina e garantir-lhe o devido valor na vida de cada israelita, era o interesse fundamental do farisaísmo (cf. apenas Aboth 1.12; 2.7,12). Uma vida consagrada à Lei, para a honra de DEUS. Paulo julga a sua própria prática de vida nessa Lei como princípio supremo e se considera irrepreensível e justo (Fl 3.6; G1 1.14). Não podemos, sem mais nem menos, condenar essa atitude como autojustificação, como mostra a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.11ss). Deve-se ver, em primeiro lugar, que Paulo relaciona a vida e o destino humano não à consciência de seu próprio valor, mas ao julgamento do divino juiz (ICo 4.3-5), o que também era a posição típica dos fariseus (Aboth 2.1,14s; 3.1). "Justo" significa fiel à Torá segundo o juízo de DEUS. Que, a partir dessa base, também, entre outras coisas, houvesse a possibilidade de, mediante paciente realização de boas obras, procurar alcançar por si só a vida eterna (cf. Rm 2.7), ou mesmo apresentar' ao juiz as próprias boas obras (Lc 18.11s), deveria estar fora de discussão.

    A fidelidade a Torá supõe-o cumprimento da Lei como dever para toda a vida e a disposição para a penitência pelos pecados cometidos, como a própria impõe a obediência e a expiação: A confiança (verdade) dos justos está no Senhor seu salvador. Na casa do justo não se acumula pecado sobre pecado. O justo vigia continuamente a sua casa, para poder eliminar a injustiça cometida, causa de sua transgressão. Ele expia pecados involuntários por meio de jejum, humilhando sua alma. O Senhor purifica todo homem piedoso bem como sua casa. Assim descreve SISal 3.6-8 o justo, colocando-o em contraste com o pecador que, em sua vida, acumula pecado sobre pecado (3.9s). Aquele que é fiel à Lei sabe que vive da misericórdia divina, que cabe a ele, o justo, sabendo que até a morte deverá estar preparado para a penitência e conversão (Aboth 2.2,8,12; 3.1,15; 4.11). Nesse sentido, também se deverá entender as afirmações paulinas em Fl 3.6; G1 1.14. Paulo certamente não negará a nenhum judeu que, nesse sentido, ele possa ser justificado.

   Por causa do conhecimento de JESUS CRISTO, contudo, ele julgaria isso como não tendo valor (Fl 3.7ss e cap. 12.4). Uma vida consagrada à Lei significa para o fariseu Paulo: obediência ao Criador e Juiz. Todas as pessoas devem essa obediência por causa de sua condição de criaturas. Israel, por sua vez, tem o privilégio de conhecer a vontade de DEUS por meio da Lei. Essa situação humana de dívida encontra sua expressão mais clara na idéia de juízo final. Paulo não só se ateve como cristão à idéia de juízo (p.ex. ICo 3.5-17; 2Co 5.10; Rm 14.10-12), como antes, em Rm 2.2ss, tratou, de forma discursiva, uma visão judeu-helenista da idéia de juízo, que hoje, com razão, classificamos entre os conteúdos "pré-paulinos". O cristão Paulo, nessa passagem, dirige as afirmações contra a concepção judaica de uma forma insuportável para o judeu. Isso acontece, porém, porque ele parte de uma base comum a ele e ao lado judaico (v. 2: "sabemos que..."), considerando o judeu justamente a partir de tal consenso, como sendo inescusável no julgamento divino. Disso conclui-se que, abstraindo desse recrudescimento polêmico, deverá aparecer, em linhas gerais, a visão tradicional de juízo. Pois Paulo não só usou, esporadicamente, um vocábulo helenístico-judaico sem raiz, (p.ex., "justo julgamento" no v. 5), antes, tais observações lingüísticas assinalam uma visão de conjunto, a partir da qual Paulo pensa e na qual ele entende estar em conformidade com o judeu. Isso significa que a visão de conjunto a respeito do juízo, acerca da qual Paulo e o judaísmo estão em acordo, é típica para Paulo, caso não tenha, contrariamente, criado para si uma visão do judaísmo após ter-se tornado cristão.

  Como é essa concepção geral? A resposta a essa pergunta deve ocorrer de tal modo que, ao longo do texto paulino, apresentem-se as respectivas analogias judaicas. Todas as criaturas vivem na perspectiva do juízo vindouro. Ninguém lhe pode escapar (Rm 2.2s; 9.18-24; cf. Aboth 2.1; 3.1). Um tempo ou data para o juízo ou mesmo um tempo aproximado para o juízo, está fora de cogitação. A questão não é quando será o dia do juízo, mas decisivo é que a observância ou rejeição da Torá terá conseqüências no juízo (cf. Aboth 2.1,15; 3.1). O juízo está posto a serviço da torálogia. Inculca-se não ser possível ignorar impunemente a vontade de DEUS: DEUS não deixa zombar de si (G1 6.7), portanto, sê observante da Torá (cf. Aboth 1.16; 2.8).

   O tempo da "riqueza de sua bondade, paciência e longanimidade" pretende levar as pessoas "à penitência", dura até o juízo. Quem não aproveita esse tempo é de dura cerviz e atrai para si a ira divina (Rm 2.4s; cf. Aboth 2.1, 8, 10, 12). A história é entendida, portanto, como a possibilidade concedida por DEUS de conduzir uma vida conforme a Torá, sendo, simultaneamente, compreendida conseqüentemente em função do juízo final.

   Também os povos, aos quais a Torá escrita é desconhecida, não estão dispensados de realizar a vontade de DEUS, pois - um pensamento estóico agora é transposto - as exigências da Lei são conhecidas por eles "a partir da natureza", pois, como a sua consciência atesta, a Lei lhes "foi gravada em seus corações" (Rm 2.14s). O juízo final tem caráter forense e escatológico. Ele se realiza "conforme a verdade" (Rm 2.2; Aboth 3.16), i.e., "sem acepção de pessoas" (Rm 2.11; cf. Aboth 4.22: SISal 2.18 etc.) como manifestação do "justo juízo de DEUS" (Rm 2.5; TestLevi 3.2:15.2), com o que foi utilizada uma nova formulação helenística, que Paulo não utiliza. As três afirmações expressam a incorruptibilidade do juiz, que não dá preferência a ninguém, que julga severa e inexoravelmente conforme as ações de cada pessoa (Rm 2.6) e que também julga "os segredos dos homens" (Rm 2.16). O julgamento de DEUS é justo enquanto atribui a cada um a sua sorte definitiva (iustitia retributiva), correspondendo "à verdade", i.e., à realidade da criatura humana. Assim, em Rm 2.6, Paulo pode citar o SI 62.13 (cf. Pv 24.12): DEUS "retribuirá a cada um segundo suas obras". Originalmente, essa afirmação tinha em mente a estreita relação entre o agir e a sua conseqüência, recaindo, conforme isso, a conseqüência de uma ação imediatamente sobre o seu autor, sendo DEUS aquele que garante esta relação. Agora, porém, essa afirmação deve ser lida no contexto dos três princípios sobre o juízo, adquirindo assim o significado de "retribuição" escatológica:

   DEUS faz justiça mediante um ato de julgamento, enquanto ele recompensa os que realizam boas obras, i.e., creditando-lhes recompensa "conforme o devido" (Rm 4.2, 4), ao passo que, aos que praticam o mal, proporcionará "ira e indignação" (2.8ss). Da mesma forma, fala Aboth acerca da "retribuição" divina (1.7), querendo com isso indicar a escatológica "distribuição de salário" (2.1; 4.2) na qual DEUS, igual a um patrão, distribui o salário pelo trabalho realizado (2.16). Isso ocorre com base no fato de que todas as ações das pessoas estão registradas num "livro" (2.1), devendo elas "prestar contas" (3.1) e, inversamente, DEUS tudo lhes "credita" (2.2; 3.8). Semelhante linguagem de direito trabalhista e comercial pode encontrar sua descrição diretamente na imagem do comerciante e do banqueiro (3.16). O "acúmulo" de ira (Rm 2.5) deve ser compreendido a partir desse pano de fundo. Trata-se da idéia de que DEUS, no juízo final, ratifica a concluída história humana mediante seu ajuste de contas. Ele reage às ações humanas mediante seu juízo. Nesse sentido, desde a perspectiva do juízo, tais ações possuem um significado de salvação e perdição. Para Rm 2, é fundamental que recompensa e castigo não são quantificados. Uma vez que só há justos e pecadores, também só haverá vida ou sofrimento final: "glória, honra e eternidade" (novamente, um conceito helenístico). "Glória, honra e paz" (2.7,10) equivale ao que é "vida eterna" (Paulo define, em sentido cristão e novo, essas expressões em lTs 4.17; 5.10). Inversamente, "ira e indignação" (Rm 2.8) são qualificações do estado de condenação definitiva. É necessário, para isso, recordar-se das exposições de Paulo sobre o ser justo sob a Lei: justo significa ser fiel à Torá. Essas afirmações descrevem, com clareza, os desenlaces paralelos da vida. Em lTs 4.13-5.11, o cristão Paulo não mostrará mais nenhum interesse na sorte dos incrédulos: ele ainda está interessado somente na salvação da comunidade escatológica.

   O interesse judaico na justiça compensatória no fim do mundo, contudo, exige esse duplo aspecto (p.ex., SISal 3.6-12 etc.). Paulo, como cristão, nesse ponto, estará em conformidade com a visão farisaica, enquanto também ele conhece somente uma qualificação fundamental no juízo final e, naquele momento, haverá um único estado de salvação. Essa idéia de juízo contém, nas entrelinhas, também a sua afirmação acerca da antropologia: o farisaísmo pressupõe que o imperativo "tu deves" atinge a pessoa a qual é apropriado o "tu podes".

  O pecado é ação falha por falta de possível engajamento da pessoa e não reflexo de uma qualificação negativa da pessoa que age. Em outras palavras, o livre arbítrio é doutrina farisaica (cf., p.ex., Aboth 3.15). Pelo fato de a pessoa, em princípio, ser livre quanto ao bem e ao mal, não sendo, portanto, dominada pelo pecado (Rm 7.14s), basta olhar para as suas obras, não necessitando ela de nenhuma renovação fundamental antes de poder ser alguém que realiza o bem. Aqui, Paulo, após sua vocação, pensará de outro modo, quando ele muda sua avaliação da pessoa como criatura nova (cf. cap. 14.3).

  Olhando, após essas elaborações de Paulo acerca do juízo final, para o judaísmo helenista, percebe-se que este, não sempre, mas certamente em alguns casos, apropriou-se de afirmações análogas sobre o juízo final, extraídas da apocalíptica. Isso é testemunhado, por exemplo, pelos Test XII, pelos OrSib e HenEsl. Sobretudo, porém, LibAnt, redigido por um autor que, ao menos, estava próximo ao pensamento farisaico, mostra o uso que fez o farisaísmo do pensamento apocalíptico para a interpretação da Lei. Aqui encontramos uma nova versão da história de Israel que amplia o relato do dilúvio universal, tomando-o como sinal da ira de DEUS (cf. Rm 1.18ss antes de 2.1ss), mas também acrescenta que, no final dos tempos, DEUS ressuscitará todos os mortos e "retribuirá a cada um segundo suas obras" (Rm 2.5s). Os que se salvam serão os "justificados" e viverão em uma "morada eterna" (LibAnt 3.9-10).

   O fato de o farisaísmo ter conseguido aproximar-se da concepção apocalíptica de juízo final, enquanto considerava esse como elemento integrante de sua compreensão da Lei, interpretando, portanto, o anúncio da Torá a respeito da vida como vida escatológica, ainda não fazia com que os fariseus fossem apocalípticos. O fariseu Paulo não era um apocalíptico, assim como o autor de LibAnt, os oradores de SISal, e os mestres de Israel, que ocorrem em Aboth, não o eram. A apocalíptica, por sua vez, quer justamente ser enquadrada nas grandes figuras da história, mediante eventos extraordinários de revelação, e não granjear o simples reconhecimento nas verdades contidas na lei judaica. A apocalíptica quer, justamente ao lado de Moisés e para além dele, estabelecer-se como autoridade (cf., p.ex., 4Esd 14.37-48), para verdades complementares. Um fariseu conhece somente a autoridade de Moisés: unicamente a Lei basta para obter a vida. Desse modo, a resposta dada ao homem rico, em Lc 16.27ss, ao seu pedido de que se concedesse a seus irmãos uma revelação especial, é tipicamente farisaica: "Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam... Se não escutam nem a Moisés nem aos profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão". Por essa razão, o fariseu também não fala anônima ou pseudonimamente, antes, ele ensina com a autoridade de Moisés. Para ele, nenhum antepassado como Enoque ou Esdras, reivindica revelações especiais que, em si, estão escondidas e apenas ao visionário são reveladas, ele somente conhece a revelação da Lei de DEUS no Sinai e sua interpretação por meio da tradição oral (Aboth 1,1). A revelação especial a que se refere a apocalíptica é, geralmente, expressão da atmosfera de crise, que compreende a história do mundo como história de perdição, na qual a visão a respeito da ação divina, criadora de sentido, está em geral escondida ou foi perdida.

   A perplexidade e a situação sem saída da apocalíptica, no sentido global da história e em seu sentido cósmico, devem ser superadas mediante tal revelação especial, a qual ensina não só que o mundo e a história estão submetidos a uma ordem e periodização secreta, como também a conexão do tempo presente e da história cósmica com o tempo final. O fariseu, ao contrário, descreve a história como tempo da paciência de DEUS, em que cada indivíduo tem a chance e a tarefa de cumprir a Torá, para um dia, quanto a isso, poder prestar contas a DEUS. Ele não necessita de nenhuma periodização secreta da história, nem de visões cósmicas especiais acerca do mundo e do final dos tempos. O juízo final, para ele, concentra-se no sentido antropológico da recompensa e do castigo de cada pessoa no que diz respeito aos mandamentos da Torá.

   O que Paulo, também como cristão, manterá formalmente (Rm 14.10; 2Co 5.10 etc.). Da época em que Paulo era fariseu, procede esta tradição (Aboth 3.1): "Observa com atenção três coisas e não cairás em poder do pecado. Sabe de onde vieste e para onde vais e diante de quem terás que prestar contas. Donde vieste? De uma gota mal-cheirosa. Para onde vais? Para larvas e vermes. Diante de quem haverás de prestar contas? Diante do rei de todos os reis...". Para o fariseu, o indivíduo sempre pode apoiar-se na confiabilidade da vida, pois a esperança da retribuição divina é constante e inabalável. Tudo se decide em cada indivíduo e em sua obediência a Torá. Ele, e somente ele, precisa superar o juízo vindouro. Mais do que isso, ele não necessita saber na vida. Esse conhecimento fundamental, contudo, é seguramente garantido por Moisés.

 FONTE: APAZDOSENHOR.ORG

Neste 3º trimestre estudaremos: O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo Comentarista: Elienai Cabral - Conferencista, Teólogo, Membro da Casa de Letras Emílio Conde, Comentarista de Lições Bíblicas da CPAD,

            

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