
Capítulo
2
A
Criação de Eva, a Primeira Mulher
N
|
o
capítulo anterior, vimos mui rapidamente como Deus veio a criar Eva a partir da
costela de Adão. Agora, deter-nos-emos na teologia que cercou esse tão
importante evento da criação. Em primeiro lugar, destacaremos que a mulher
sempre esteve nos planos divinos. Aliás, quando a Santíssima Trindade deliberou
criar Adão, achava-se Eva também inclusa nessa decisão áurea, pois o substantivo
Adam, em hebraico, significa não somente homem, mas igualmente ser humano;
engloba ambos os sexos.
Ao
tratar a criação de Eva com mais atenção, constataremos que a mulher jamais
deixou de ter um posto de relevância no Reino de Deus. Isso não significa que
ela tem de ocupar, obrigatoriamente, todos os postos que o homem ocupa, mesmo
porque não foi criada para concorrer com este; sua tarefa é complementar-lhe a
missão. Infelizmente, o feminismo, desconsiderando a Bíblia Sagrada, fez da
mulher uma inimiga mortal e irreconciliável do homem, como se um não precisasse
do outro. Mas, agindo dessa forma, essa ideologia logrou apenas uma coisa:
inferiorizar a mulher numa sociedade cada vez mais brutal e desumana para ambos
os sexos.
Que
o Espírito Santo nos ajude a estudar este tão belo e imprescindível capítulo da
História Sagrada.
I. A Mulher nos Planos Eternos
de Deus
Neste
tópico, é imperioso mostrarmos o lugar que a mulher sempre ocupou na História
Sagrada. Por essa razão, destacaremos esta proposição: tanto o homem quanto a
mulher jamais estiveram ausentes nos planos divinos. Finalmente, realçaremos a
presença feminina na tipologia soteriológica da Bíblia Sagrada.
1.
A
criação da mulher sempre esteve nos planos de Deus.
Não
podemos
ver a criação dos Céus, da Terra e do ser humano como um arranjo improvisado de
Deus, pois o nosso Criador não é um ente reativo nem débil. Ele é um ser
proativo; nada escapa ao seu controle. Em Isaías 46.9,10, o Todo-Poderoso
descreve seus atributos naturais e absolutos.
Nenhum
processo embaraça ou intimida o nosso Deus. Todas as coisas, quer celestes, quer
terrenas, estão sob o seu controle. Nada acontece sem o seu consentimento.
Sempre que necessário, Ele intervém na biografia de cada ser humano, nas
crônicas das nações e na história do Universo. Ele é Deus!
A
criação da humanidade, portanto, já se achava no coração do Pai Celeste, desde
a mais remota eternidade. Em sua presciência, já existíamos redimidos e salvos
(1 Pe 1.2). Ao deliberar a criação do ser humano, tinha Ele em mente o homem e
a mulher, pois a espécie humana requer ambos os sexos para existir.
2. A mulher e o Cordeiro morto
desde a fundação do mundo. Eis, aqui, uma das passagens
mais profundas e reveladoras das Escrituras Sagradas: “E adoraram-na todos os
que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da
vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Não
obstante esse versículo pertencer ao último livro da Bíblia remete-nos não somente
ao Gênesis, mas a um período que precedeu a criação dos Céus, da Terra e da
humanidade. Quando nada ainda existia, o Pai Celeste via, em sua amorosíssima
presciência, o seu Unigênito morto, a fim de resgatar-nos do pecado.
Aqui,
somos obrigados a perguntar: “O que essa passagem tem a ver com a criação da
mulher?”. Usando a lógica, esse maravilhoso instrumento com que Deus nos dotou
o intelecto, raciocinemos: o Cordeiro só poderia ser morto após a sua concepção
virginal e encarnação por obra, e graça do Espírito Santo. Por conseguinte, a Santíssima
Trindade contemplava, naquele período eternal insondável, a semente de Eva no
ventre de Maria, a virgem de Nazaré. Infere-se, pois, que a criação da mulher,
e não apenas a do homem, já estava nos planos eternos de Deus.
3. A tipologia soteriológica da
mulher na Bíblia Sagrada. Nas Escrituras Sagradas, a
mulher não é divinizada, nem vituperada; é apresentada como fiel serva de Deus
e auxiliar idônea do homem (Lc 1.38; Gn 2.18). Além disso, é destacada como
coerdeira do esposo em relação à vida eterna (1 Pe 3.7). Dessa forma, a mulher é
colocada em seu verdadeiro lugar no plano divino; um lugar, aliás, de singular
honra; foi o que escreveu o apóstolo Pedro na referência acima citada.
Tendo
em vista a importância da mulher no Reino de Deus, veio ela a tipificar, em
ambos os Testamentos, o povo do Senhor. Por intermédio de seus profetas, Jeová
tratava os hebreus como a Virgem de Israel (Jr 31.4). Se nos voltarmos aos
escritos de Jeremias, deparar-nos-emos com uma belíssima descrição da nação
israelita, desde o seu cativeiro, no Egito, até ao seu ápice, na terra que
manava leite e mel (Jr 2.1-8).
Alguns
capítulos mais adiante, o profeta Jeremias mostra a redenção da Virgem de
Israel. Embora cativa e andarilha pelas mais distantes nações, o Senhor
estende-lhe as mãos; redime-a. E, com singular amor, torna a alojá-la na Terra das
Promissões (Jr 31.1-6).
Nos
escritos do Novo Testamento, o Espírito Santo mostra o povo de Deus tipificado
como a Esposa do Cordeiro: a doce e imaculada Igreja de Cristo. Essa
maravilhosa e apropriada tipologia emerge da pena de Paulo e plenifica-se no
pergaminho de João (Ef 5.21-33; Ap 21.9).
É
claro que, em diversas passagens da Bíblia, várias mulheres, reais ou
fictícias, são apresentadas como símbolos de maldade. Aolá e Aolibá, por
exemplo, são destacadas como símbolos da prostituição espiritual do povo de
Deus; a primeira representa o reino de Israel, as dez tribos do Norte; a
segunda, as duas tribos do Sul, o reino de Judá (Ez 23.4). E o que dizer de
Jezabel? Já li, nalgum lugar, que “Jezabel” significa “casta”. Mas nenhuma
castidade e pureza encontramos nas duas personagens que aparecem na Bíblia.
Tanto a Jezabel do 1o livro de Reis quanto a do Apocalipse eram notórias servas
de Baal e de Satanás (1 Rs 16.31-33; Ap 2.20).
Nos
livros de Salomão, somos apresentados a duas mulheres que, devido não somente à
sua beleza e ventura, mas notadamente às suas virtudes, glorificam em tudo o
nome do Senhor. Tratam-se da senhora virtuosa do capítulo 31 de Provérbios e da
esposa do livro de Cantares. Entretanto, não discorreremos sobre elas, mas
acerca de três outras ilustres mulheres, cujos nomes encontram-se não apenas na
História Sagrada, mas principalmente no Livro da Vida. Refiro-me a Eva, a mãe
de todos os viventes; a Sara, a mãe dos hebreus e das mulheres fiéis; e,
finalmente, a Maria, a mãe de Nosso Senhor.
II. Eva, a Mãe de Todos os
Viventes
Não
foram muitos os teólogos que souberam avaliar o papel de
Eva
na História Sagrada. Vemo-la, às vezes, como aquela mulher que, descuidada e
curiosa, deixou-se vencer pela velha e matreira serpente. Todavia, a primeira
mulher haveria de revelar-se, depois da Queda, como uma sábia e arguta teóloga;
ela não teria dificuldades para entender os planos de Deus. Neste tópico,
portanto, consideraremos a sua criação, a sua transgressão e sua queda e, por último,
o seu trabalho como auxiliar de Deus.
1. A criação de Eva, a primeira
mulher. Conforme vimos no capítulo anterior, Deus
suscitou a primeira mulher dos costados do primeiro homem. Daquela costela, na
qual se achavam as mais perfeitas células-tronco, o Pai Celeste criou Eva, um
ser bem semelhante a Adão; uma ajudadora idônea, sábia e graciosa. Um milagre que
ia além da genética; uma perfeição espiritual, psicológica e física.
Cabe,
aqui, uma indagação: “Por que teve o Senhor de extrair a mulher do homem? Não
lhe seria mais fácil e prático moldá-la a partir do mesmo pó com que Ele, sábio
Criador, plasmara Adão, o primeiro ser humano?”. Ora, a resposta não exige
muito exercício intelectual. Justamente por ser um Deus não apenas
sapientíssimo, mas a própria sabedoria, foi que tirou a primeira varoa do
flanco do primeiro varão.
Suponhamos
que Eva fosse, à semelhança de Adão, tomada do pó da Terra, e não da costela
deste. Nessa hipótese, ainda teríamos dois seres humanos. A humanidade, porém,
seria impossível, porque não haveria um tronco genético comum. Além do mais,
olhar-se-iam ambos como estranhos, e não como pertencentes à mesma espécie.
Entretanto,
como Eva foi tomada de Adão, fizeram-se uma só carne, tornando possível o
casamento, a sociedade, o Estado e a própria espécie humana. A doutrina do
monogenismo é uma das mais importantes da Bíblia Sagrada, porquanto leva-nos a
ver toda a raça humana como una e complementar, e não como um quebra-cabeça irremontável
e absurdo. No Areópago, em Atenas, o apóstolo Paulo deixou essa proposição
bastante clara aos filósofos epicureus e estoicos (At 17.24-28).
Concluindo,
Deus, ao suscitar a mulher do homem, tornou
possível
a espécie humana. Temos, no Gênesis, pois, não uma
parábola
mitológica, mas uma narrativa coerente, histórica e, em
termos
científicos, plenamente aceitável.
2. O abandono de Eva e a sua
transgressão. Se não lermos o capítulo três de
Gênesis com atenção e discernimento, seremos induzidos a imaginar uma Eva
simplória, tola e facilmente ludibriável. Mas essa imagem não corresponde à
personalidade de nossa protogenitora. Nos poucos versículos que a descrevem, deparamo-nos
com uma mulher sábia, educadíssima e com uma capacidade verbal impressionante.
Neste ponto de nossa exposição, aparecerá alguém com uma pergunta que, embora
pareça sábia, não revela sabedoria alguma: “Se a nossa primeira mãe possuía
todos esses atributos, e outros que não foram declinados, como pôde deixar-se
enganar pela serpente?”.
Não
nos esqueçamos de que Eva não foi atraída a discutir com um ser irracional,
asqueroso e rastejante como a serpente. Conquanto falasse com o réptil, na
verdade, estava ela a dialogar com Satanás, que, ao encantar aquele animal e
abrir-lhe a boca, fê-lo verbalizante e palrador. Antes que você me encaminhe
outra pergunta, anteciparei a minha resposta: Sim, acredito piamente que a serpente
falou, porque, nessa passagem, não há parábola ou apólogo, mas uma narrativa
real, verídica e histórica. Se não aceitarmos a veracidade desse relato,
teremos de ver como mentira o episódio no qual a jumenta de Balaão falou,
repreendendo finamente o profeta grosseiro e louco (Nm 22.21-30).
Tenhamos
em mente, pois, de que Eva foi enredada pelo mais arguto dos teólogos: o
próprio Satanás que, ao longo da História Sagrada, ganharia outros nomes,
apelidos, apodos e alcunhas. Ali, porém, em nada parecia com o Diabo que
haveria de tentar Jesus, nem com o Dragão que sairá a seduzir as nações no
Apocalipse. Sim, ali, querido leitor, estava um arguto e finório teólogo, com
uma experiência de séculos e milênios, a tentar uma solitária mulher que,
emocionalmente, ainda não acabara de sair de sua adolescência emocional.
Ao
escrever a Timóteo, o apóstolo Paulo esclarece-nos de que Eva foi, de fato,
enganada e iludida pela teologia serpenteante de Satanás (1 Tm 2.14). Isso
significa que a mulher não se rebelou conscientemente contra Deus, nem caiu na
apostasia. Não estou inocentando-a; atenho-me tão somente ao texto bíblico. O
próprio doutor dos gentios reconheceu a capacidade teológica de Satanás: “Mas
receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também
seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a
Cristo” (2 Co 11.3, ARA).
Querido
leitor, antes que você me encarreire outra pergunta, antecipar-lhe-ei mais uma
resposta. Eu, particularmente, não considero Satanás um verdadeiro teólogo. Se
ele é o pai da mentira, como pode ser verdadeiro? E se não é verdadeiro, como
pode ser teólogo? Afinal, a matéria-prima do teólogo genuinamente bíblico é a
verdade — Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Houve
uma época, porém, em que o Diabo, conhecido então como o querubim ungido, era
um celebrado teólogo nos Céus; era perfeito em seus conhecimentos divinos. Mas,
desde o dia em que se deixou levar pela soberba, passou de teólogo a um
perigoso e letal operador da teologia. É bem possível que você já tenha se deparado
com gente dessa espécie; alegam conhecer a Deus, mas nunca tiveram um encontro
pessoal e experimental com o Senhor.
Infelizmente,
Eva deixou-se engodar pela cantilena gnóstica: a busca de um conhecimento além
do conhecimento divino. No Apocalipse, tal saber é classificado como as
profundezas de Satanás (Ap 2.24). Tendo Eva já comido do fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal, oferece-o ao marido que, sem relutar e bem
consciente do que fazia, também o come. E, comendo-o, transgride e peca contra
o Senhor.
Naquele
exato instante, abrem-se-lhes os olhos; o homem e a mulher assustam-se com a
própria nudez; vergonha e culpa. Vê-se, pois, que o pecado adentrou o mundo por
meio de Adão, e não de Eva. É o que o apóstolo Paulo escreve aos romanos:
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado,
a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”
(Rm 5.12, ARA). Pobre Eva, como encararia, agora, o juízo divino?
3. Eva, a auxiliar de Deus.
Calada e indefesa, Eva ouve a acusação do esposo. Alega este que, se não fosse
ela, estaria tudo bem; jamais haveria ele de comer ou sequer provar daquele fruto.
Aliás, nem para a frondosa árvore, olharia. O que a mulher poderia apresentar
em sua defesa? Limita-se a falar a verdade; não encobre qualquer fato: “A
serpente me enganou, e eu comi” (Gn 3.13).
Naquele
julgamento, o depoimento de Eva foi o mais sincero e verdadeiro. Sim, a
serpente, encantada por Satanás, iludiu-a com uma dialética irresistível;
teologia e filosofia fundiram-se malignamente na boca do réptil. Entre as meias
verdades e as meias mentiras do Inimigo que, a essas alturas, já era também Diabo,
ela quebranta o mandamento divino.
Daquele
momento em diante, além dos prejuízos espirituais, morais e emocionais, nossa
primeira mãe teria de arcar, igualmente, com incômodos e dores em suas
gravidezes e partos. E, finalmente, haveria de enfrentar um momento terminal: a
morte física. Qual, pois, a sua perspectiva?
Encerrado
o juízo no Éden, ela e o esposo são despejados do jardim. O autor sagrado, para
sublimar a elegância e o cavalheirismo de Deus, sutilmente observa: “O Senhor
Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que
fora tomado” (Gn 3.23, ARA). Naquele momento, o Supremo Juiz, levando em conta
a fragilidade da mulher, tratou-a como um vaso mais fraco, prestes a
quebrar-se. Por essa razão, bane-a indiretamente do paraíso, por intermédio de
seu esposo, que, de fato, era o grande responsável pela introdução do pecado no
mundo, conforme acentua o doutor dos gentios (Rm 5.12).
Por
essa razão, Pedro aconselha os maridos a cuidarem da esposa com brandura e
lhaneza (1 Pe 1.7).
As
palavras do apóstolo devem ser devidamente consideradas, porque ele, sendo
casado, estava muito bem afeiçoado às lides conjugais.
Ao
dialogar com a mulher, por meio da serpente, visava Satanás não apenas levá-la
ao pecado, mas aliançar-se espiritualmente com ela, objetivando três coisas:
privar o homem de uma companhia idônea e sábia; frustrar os planos de Deus
quanto à humanidade; e, finalmente, extinguir a espécie humana ainda em seu
nascedouro.
Tais
itens, aliás, constituem o fundamento do movimento feminista.
Já
imaginou se todas as mulheres fossem inimigas do esposo?
Este
ficaria privado tanto da companhia feminina quanto de uma descendência, a fim
de perpetuar-lhe o nome. Isso fatalmente ha- veria de
acontecer, porquanto ela, ao dar ouvidos à voz do Maligno, rejeitaria ambas as
missões para as quais fora criada: a conjugal e a maternal. Consequentemente, a
espécie humana não demoraria a ser extinta, pois a mulher, como a nossa matriz
genética por excelência, também acabaria por desaparecer. E, dessa forma, os planos
de Deus, com respeito à criação da Terra, e também dos Céus, ver-se-iam
frustrados.
Ao
entabular aquela conversação com Eva, por meio de uma dialética irresistível,
Satanás tinha em mente esvaziá-la de toda a sua feminilidade, para entulhá-la
de um feminismo perverso e destruidor. Aliás, que feminismo não é destruidor e
perverso? Esse é o objetivo do Maligno, presente em todas as agendas
globalistas e esquerdistas, será amplamente implementada pelo Anticristo que, declaradamente,
é um cruel inimigo do sexo feminino, conforme antecipa-nos o profeta Daniel:
“Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a
qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá” (Dn 11.37).
Para
destruir as bases da aliança entre a serpente e a mulher, a essas alturas já
bem sedimentadas, o Senhor decreta a inimizade entre ambas (Gn 3.14,15).
Quebrada
a fatídica aliança, torna-se Eva auxiliar do Criador. Já fora do Éden, coabita
com Adão, concebe e dá à luz o seu primogênito. E, ao embalá-lo carinhosamente,
faz-se teóloga, e glorifica a Deus: “Adquiri um varão com o auxílio do Senhor” (Gn
4.1, ARA). Mais adiante, após haver perdido Abel, seu filho caçula, sua
teologia chega ao ápice. Conquanto tomada pela dor, enaltece a Deus pela
chegada de Sete: “Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim
matou” (Gn 4.25, ARA).
Em
sua missão de mãe e esposa, Eva alcança, pela fé nos méritos retroativos de
Jesus, a salvação de sua alma. Cumpre-se plenamente, em sua vida, o que Paulo
escreveria a Timóteo (1 Tm 2.14).
Entre
as filhas de Eva, destacaremos, neste capítulo, duas heroínas na fé — Sara, mãe
dos hebreus, e Maria, a mãe do Senhor Jesus.
III. Sara, Mãe dos Hebreus e
Modelo das Mulheres Fiéis
Acredito
que, em toda a História Sagrada, não há mulher tão celebrada por sua beleza
quanto Sara. Esposa de Abraão e mãe dos hebreus, seus encantos perduraram além
da quarta idade. Embora infértil e já na menopausa, ainda chamava a atenção dos
varões daquela região notória por seus haréns e extravagâncias.
Neste
tópico, todavia, queremos destacar, além de sua rara beleza, sua esterilidade,
riso e virtudes. Mais adiante constataremos que, apesar de todos os seus
atributos físicos, o que mais sobressai, nessa admirável mulher, é o seu modelo
de piedade e submissão à vontade divina.
1. A beleza de Sara.
No universo grego, a beleza de uma mulher, como Sara, seria imediatamente
mitologizada por um Homero sempre ávido por modelos que iam além da perfeição.
Todavia, os encantos de Sara transcendiam os versos do grego. Era uma estética que,
ao invés de provocar guerras, como a de Troia, veio a abençoar todas as nações
da Terra.
Segundo
a Ilíada, bastou Helena ser raptada uma única vez, para levantar todos os povos
gregos contra os troianos. Sara, porém, arrancada do marido duas vezes, não
precisou de um Aquiles ou de um Ulisses para defendê-la, pois o próprio Deus
levantou-se em seu socorro.
Nesse
ponto, cabe uma pergunta que, além de pertinente, pode ser muito esclarecedora:
“O que tem a ver a beleza de Sara com a criação da mulher?”. Antes de tudo,
mostra que, não obstante os efeitos da Queda, a mulher continua a ser
indispensável ao Reino de Deus. Se, por um lado, há muitas súditas de Satanás
que usam seus dotes corporais, a fim de seduzir os incautos, como aquela
perversa de Provérbios 7; por outro, há não poucas servas do Senhor que, a exemplo
da própria Sara e da rainha Ester, consagram os seus dons e atributos, para
glorificar o nome de Deus. Nisso, mostram que o seu corpo, longe de ser
instrumento do pecado, é templo do Espírito Santo.
Como
veremos mais adiante, a vida de Sara não era marcada apenas pela beleza;
carregava ela, naquela estética perfeita, o opróbrio e o peso da infertilidade.
2. A esterilidade de Sara.
Nos dias dos patriarcas, a esterilidade feminina era vista como o opróbrio dos
opróbrios. Afinal, todo chefe de família gostava de ser reconhecido não apenas
por suas riquezas, mas pelo número de seus filhos e netos.
No
caso do patriarca Abraão sobrava-lhe prata e ouro, mas faltava-lhe
descendentes. Durante 25 anos, desde que saíra de Ur dos Caldeus, em obediência
à voz do Senhor, acalentava ele a promessa de que, por intermédio de sua
posteridade, seriam abençoadas todas as famílias da Terra; promessa messiânica
que haveria de cumprir-se em Nosso Senhor Jesus Cristo.
A
esterilidade de sua esposa era, mui provavelmente, causada pela endogamia que,
naquele tempo, era muito comum no Oriente Médio. Informa o autor sagrado que
Sara era meia-irmã de Abraão. Eram ambos filhos do mesmo pai, mas de mães
diferentes. Apesar de o texto bíblico não deixar claro esse assunto, podemos
concluir que sim.
Entre
os gentios, a esterilidade de uma esposa não constituía qualquer problema, pois
o chefe da tribo, uma espécie de régulo, apropriava-se logo de uma concubina ou
de uma escrava qualquer, e resolvia a pendência genética. Todavia, como o amigo
de Deus deveria agir em tal circunstância? Ele não era um déspota tribal nem um
reizinho qualquer; era o cabeça da nação messiânica por excelência, da qual
haveria de nascer o Messias de Israel e Salvador do Mundo.
Mas,
acossado pelas circunstâncias, acabou por agir como se fora um dos xeques
daquela região. Imitando os poderosos, esqueceu-se do Todo-Poderoso. Nisso, não
estava só; entre ele e a esposa, havia um acerto para o erro. Dobrando-se,
pois, à sugestão da bela e terna Sara, deitou-se com Agar, a serva egípcia. E,
desse infeliz intercurso, nasce o menino Ismael. Devido a esse incidente, Deus
o chama à atenção: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê
perfeito” (Gn 17.1).
Enciumada
pela gravidez da serva, a bela senhora deixa-se escravizar pelos mais baixos
sentimentos: inveja, ódio, intolerância e injustiça.
Volve-se contra o esposo, como se este fosse o
culpado de tudo. E, em parte, o era. Como sacerdote e profeta do lar, poderia
ele tê-la demovido daquele intento. Mas, naquele instante, toda a sua teologia perdera
a lógica; a urgência tiranizara-lhe a importância das coisas.
Agora,
resolvidos a esperar somente em Deus, já começam a sorrir. De Agar e Ismael,
cuidaria aquele que tudo vê e nada ignora.
3. O riso de Sara.
A
bela e encantadora Sara já era nonagenária, quando lhe nasceu Isaque, o filho
da promessa. Não devemos vê-la, porém, como as mulheres que, hoje, logram
chegar à casa dos 90 anos. Naquele tempo, as pessoas ainda viviam o vigor dos
pré-diluvianos; eram admiravelmente longevas.
Abraão, por exemplo, só viria a morrer aos 175 anos de idade. Nessa avançada
idade, Sara conservava ainda a beleza que, outrora, tantos medos e transtornos
haviam trazido ao patriarca. Ainda era bela, mas não jovem. Suas rugas e cãs já
estavam à mostra; adornavam-lhe o outono da vida. Mas, a essas alturas, o que
lhe importava a chegada da velhice? Sobre a nossa heroína já não pesava o
opróbrio dos opróbrios. Era mãe de Isaque, cujo nome em hebraico significa riso
, porque a notícia de seu nascimento levaria todos a gargalharem. Afinal, como
era possível àquelas alturas, uma senhora, aos noventa anos, dar à luz um
filho.
4.
As virtudes de Sara.
Sara adentra a História Sagrada como uma das
mulheres mais piedosas de todos os tempos. O apóstolo Pedro, ao exortar as
esposas e mães de sua igreja, realça a esposa de Abraão como um modelo
consumado de virtude (1 Pe 3.3-6). Acredito que esse texto apostólico desagrada
profundamente as feministas. Como, pois, aceitariam em seu círculo, neurótico e
confuso, uma mulher que trata o esposo com tamanha reverência e brandura: “Meu
senhor”? (Gn 18.12). No entanto, todas as esposas que assim procedem são
cognominadas “filhas de Sara” pelo apóstolo que, conforme já ressaltamos, era
bem afeito às lides domésticas.
Se Pedro o quisesse, poderia ter usado um
exemplo bem mais próximo de suas paroquianas, pois nenhuma delas ignorava o
valor, a bem-aventurança e as virtudes de Maria, a doce mãe do Salvador.
Todavia, providencial e sabiamente, o apóstolo resolve usar o exemplo de Sara.
Doutra forma, poderia ele ter fortalecido aquilo que, séculos depois, viria a
ser conhecido como mariolatria. Sobre a mãe de Jesus, trataremos no próximo
tópico. Mas, ao retratarmos a esposa de Abraão, provamos que a criação da
mulher, ao invés de ser um fracasso, constituiu-se numa grande bênção para o
Reino de Deus. IV. Maria, a Mãe de nosso Senhor Não é tarefa nada fácil
escrever sobre Maria, a dulcíssima mãe de Jesus. Se, por um lado, não podemos
idolatrá-la; por outro, não devemos apequenar-lhe o lugar na História da
Salvação. De fato, ela não é deusa, nem tem de ser inserida na pericorese da
Santíssima Trindade. Logo, a virgem de Nazaré há de ser vista exatamente como a
Bíblia Sagrada a apresenta: a mais bem-aventurada das mulheres, por ter
concebido o Filho de Deus, por obra e graça do Espírito Santo.
Neste tópico, veremos o elo teológico entre
Maria, a mãe do Salvador, e Eva, a mãe de todos os que pecaram à semelhança de
Adão. Em seguida, buscaremos um esboço biográfico da virgem de Nazaré. Depois,
estudaremos a sua redenção, teologia e maternidade. E, finalmente, mostraremos
por que devemos tê-la como irmã, e não como mãe.
Que o Espírito Santo nos ajude a compreender as
belezas e mistérios da Palavra de Deus.
1. A Virgem de Nazaré.
Sempre exato e metódico, narra o evangelista
Lucas como Maria, que viria a ser a mãe do Salvador, foi inserida na História
Sagrada: “No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, a uma
cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da
casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria” (Lc 1.26,27).
Inspirado pelo Espírito Santo, o escritor
sagrado logra, em poucas linhas, descrever o perfil da mais bem-aventurada das
mulheres. Antes de tudo, realça ele o fato de a virgem habitar em Nazaré, e não
em Jerusalém. Acredito que, sem o episódio da anunciação, a primeira cidade
jazeria sem história ou crônicas, pois a sua importância, naqueles idos, era
nenhuma. Não passava de um lugarejo de gente trabalhadora e pobre sem qualquer
relevância política.
Mas por que Deus escolheu Maria, uma aldeã de
Nazaré, e não uma donzela nobre e distinta de Jerusalém, a capital religiosa de
Israel? Não é muito difícil buscar os motivos do Senhor. Não resta dúvida de
que, em Israel, não eram poucas as jovens que sonhavam com a maternidade do
Messias. Afinal, mesmo sem profetas canônicos, as profecias do Antigo
Testamento iam sendo rigorosamente cumpridas naquele período. O tempo era de
plenitude. Todos sabiam que a chegada do Salvador estava próxima.
Teologicamente, porém, nem todos os judeus achavam-se preparados a fim de
recepcionar o evento dos eventos.
Tanto em Jerusalém quanto noutras cidades
hebreias, havia milhares de virgens, que amavam sincera e retamente o Deus de
Abraão. Mas somente Maria encontrava-se, de fato, preparada a acolher, como
mãe, o Filho do Pai Celeste. As outras, já contaminadas pela teologia dos
anciãos, aguardavam um messias guerreiro que, tão logo chegasse à maturidade,
arvorar-se-ia contra o dominador romano. A virgem nazarena, contudo, ansiava
pelo Servo de Jeová que, por meio de sua morte, estenderia a vida eterna a toda
a humanidade; na obra redentora, nem Roma seria excluída.
Quanto à
árvore genealógica de Maria, não dispomos de nenhuma informação. A Bíblia,
sabiamente, cala-se a respeito. Segundo a tradição, seus genitores chamavam-se Joaquim
e Ana. Mas, dos textos sagrados, podemos inferir que a sua família provinha ou
da tribo sacerdotal de Levi, ou do clã real de Judá. Essa lacuna não compromete
a história dessa piedosa serva do Senhor.
2. A redenção de Maria.
Segundo o dogma da imaculada conceição, Maria
foi concebida sem pecado e, sem pecado, permaneceu durante toda a sua vida. Ela
achava-se preservada tanto do pecado original como do pecado experimental;
ambos, comuns a todos os seres humanos. A verdade, todavia, é que a mãe do Salvador
do mundo também necessitou dos méritos do Filho de Deus, para redimir-se da
culpa de Adão e de suas próprias culpas e ofensas.
O dogma
da imaculada conceição pressupõe uma cadeia de concepções isentas de qualquer
mácula. Mas, retroagindo de útero em útero, desde a mãe de Maria, aonde
chegaríamos? Ao ventre de Eva, cuja ofensa ao santo Deus encontra-se bem
patente no primeiro livro da Escritura (Gn 3.16).
A mãe de Jesus nascera, como todos nós, sob a
culpa do pecado de Adão. E, como todos nós, estava igualmente sujeita ao pecado
original. Tais limitações, contudo, jamais lhe mancharam a bem-aventurada
maternidade, pois o sangue de seu Filho também foi suficiente para limpá-la das
faltas tão comuns aos seres humanos (1 Jo 1.7).
Houve
apenas uma imaculada conceição — a de Jesus Cristo —, o único Filho de Adão que
jamais cometeu qualquer pecado ou deslize, porquanto era e continua a ser
Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.
A redenção de Maria, assim sendo, deu-se no
exato instante em que ela, ao ouvir as Boas Novas do anjo Gabriel, aceitou-as
e, nelas, piamente acreditou. Eis como a virgem de Nazaré aceita Jesus não
somente como filho, mas também como seu Salvador pessoal: “Aqui está a serva do
Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38, ARA).
Sem dúvida, Maria foi a primeira pessoa a
receber Jesus como Redentor. A fim de cumprir a sua missão como mãe do Filho do
Pai Celeste, não lhe foi necessário um dogma que, apesar de sua aparente
piedade, deita por terra as bases do Calvário; ela necessitou tão somente
acreditar na redenção que nos trouxe Jesus Cristo.
3.
A teologia de Maria .
Não seria
muito prudente chamar a virgem de Nazaré de teóloga, por causa da mariolatria
que, desde o século V, vem enfraquecendo as bases da soteriologia bíblica. Mas,
de uma coisa, não duvido: sua teologia era bem melhor do que a dos sacerdotes e
doutores de Jerusalém. A depender daqueles anciãos, o Messias jamais seria
recepcionado em Israel, pois estavam eles mais preocupados com o Império de
Roma do que com o Reino de Deus.
Conquanto jovem, teve Maria a necessária
acuidade profética e teológica para interpretar aqueles dias e recepcionar, em
seu ventre, como filho, o Verbo de Deus. Sua hermenêutica ia além da História e
da Gramática; era uma exegese canônica, fundamentada na Lei, nos Profetas e nos
Escritos. Enquanto os doutores e escribas agarravam-se às tradições dos
anciãos, apegava-se ela ao mesmo princípio que levaram os sábios do Antigo
Testamento a anteverem a chegada do Messias.
Já com a
Palavra de Deus fazendo-se carne, em seu bem-aventurado útero, a jovenzinha de
Nazaré salmodia o Deus de Israel (Lc 1.46-55). Bastaria este cântico para
canonizá-la como autora sagrada. A sua teologia, porém, ia além dos arcanos;
materializava-se na Palavra de Deus que, dia a dia, ganhava formas em seu ventre:
Jesus Cristo Senhor Nosso. A sua maternidade já era, de per si, uma peça
teológica de altíssima excelência.
4. A maternidade de Maria. Enquanto Maria
gestava o Filho de Deus, não tivera ela qualquer relacionamento conjugal com o
justo e nobre José, um dos mais ilustres descendentes de Davi. Todavia, após o
nascimento de Jesus, narra o autor sagrado que o casal teve diversos lhos e
lhas. Certa vez, alguém fez um comentário um tanto jocoso acerca de Jesus, mas
que veio a revelar o tamanho de sua família: “Não é este o lho do carpinteiro?
Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não
vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?” (Mt
13.55,56, ARA). Maria soube como educar, magistralmente, o seu primogênito.
Admirável mestra! Pacientemente, ensinou o Verbo Divino a balbuciar frases e
orações. A Palavra de Deus encarnada, que estava a engatinhar em sua cozinha,
deu uma gramática completa. E, mesmo sabendo que o lho estivera com o Pai e com
o Espírito Santo a confundir a língua humana, em Babel, ensina-lhe, em Nazaré,
o hebraico, o aramaico e, possivelmente, o grego. À própria sabedoria,
transmitiu um saber cotidiano, mas muito útil naquele dia a dia tão difícil.
Maria amparou, em sua ciência limitada, a onisciência divina. À luz do mundo,
emprestou o bruxuleio de sua candeia.
Sua autoridade materna era reverenciada por
todos os seus lhos. Jesus era o mais reverente deles. Amparada sempre pelo
esposo, sabia como manter a lharada toda sob disciplina. E, nesta, nem o
Unigênito de Deus achava-se isento, conforme sublinha o evangelista (Lc 2.51).
Do colo de Maria, não saiu apenas o Messias de
Israel e Salvador do mundo. Saíram também dois apóstolos canônicos — Tiago e
Judas. E, no Dia de Pentecostes, todos os seus lhos, presentes no cenáculo,
foram batizados no Espírito Santo (At 1.14).
5.
Nossa amada irmã Maria.
Ao
idolatrar Maria, alguns segmentos da cristandade tiraram-lhe parte de seus
muitos e elevados méritos. Seus méritos, aliás, residem justamente em sua
humanidade que, desde o momento em que recebeu o anúncio de Gabriel, foi
prontamente redimida pelos efeitos retroativos da morte de Jesus que, naquele
momento, nem havia sido ainda concebido.
A doce mãe de Jesus não carece de dogmas como a
imaculada conceição e a assunção aos Céus. Maria já tem o seu galardão
assegurado; é a mais bem-aventurada das mulheres.
Maria não é a nossa mãe, nem intercessora; é tão
somente a nossa irmã em Cristo. A primeira vez que tentou interceder por uma
causa, junto a Jesus, foi amorosamente repreendida pelo Senhor (Jo 2.4). Aliás,
ela mesma veio a necessitar da intercessão de Jesus, após o Senhor ter sido
assunto aos Céus. Jesus é o único medianeiro entre Deus e os homens (1 Tm 2.5).
Nossa querida irmã Maria morreu e foi sepultada.
Uns dizem que a sua sepultura ca em Israel; outros alegam que seu corpo jaz em
Éfeso, atual Turquia. O certo é que, quando do soar da última trombeta, ela
ressuscitará e, juntamente com os santos de todas as épocas, será trasladada às
regiões celestes, onde estaremos para sempre com o Senhor.
Conclusão
De Eva, a mãe de todos os viventes, a Maria, a
dulcíssima mãe do Salvador, podemos constatar que a criação da mulher, apesar
da Queda, foi um dos maiores êxitos divinos. Hoje, em nossas igrejas, contamos
com o apoio das santas mulheres, que, mantendo-se de joelhos, ajudam-nos a
permanecer de pé nas lides do Reino de Deus.
Auxiliemo-las em suas tarefas quer no lar, como
educadora dos lhos e conselheira de seus esposos, quer na Igreja, como éis
intercessoras e exercendo as funções que lhe são próprias, de acordo com a
Bíblia Sagrada.
Que Deus as abençoe.
A Raça
Humana: Origem, Queda e Redenção
BEP - CPAD - 1.26 FAÇAMOS O
HOMEM.
Nos versículos 26-28 lemos a respeito da criação dos
seres humanos;
2.4-25 supre pormenores mais específicos a respeito da sua criação e do seu
meio-ambiente. Esses dois relatos se completam e ensinam várias coisas.
(1) Tanto o homem quanto a mulher
foi uma criação especial de DEUS, não um produto da evolução (v. 27; Mt 19.4;
Mc 10.6).
(2) O homem e a mulher, igualmente,
foram criados à imagem e semelhança de DEUS. À base dessa imagem, podiam
comunicar-se com DEUS, ter comunhão com Ele e expressar de modo incomparável o
seu amor, glória e santidade. Eles fariam isso conhecendo a DEUS e obedecendo-o
(2.15-17).
(a) Eles tinham semelhança moral
com DEUS, pois não tinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração
amoroso e o poder de decisão para fazer o que era certo (Ef 4.24). Viviam em
comunhão pessoal com DEUS, que abrangia obediência moral (2.16,17) e plena
comunhão. Quando Adão e Eva pecaram, sua semelhança moral com DEUS foi
desvirtuada (6.5). Na redenção, os crentes devem ser renovados segundo a
semelhança moral original (Ef 4.22-24; Cl 3.10).
(b) Adão e Eva possuíam semelhança
natural com DEUS. Foram criados como seres pessoais tendo espírito, mente,
emoções, autoconsciência e livre arbítrio (2.19,20; 3.6,7; 9.6).
(c) Em certo sentido, a
constituição física do homem e da mulher retrata a imagem de DEUS, o que não
ocorre no reino animal. DEUS pôs nos seres humanos a imagem pela qual Ele
apareceria visivelmente a eles (18.1,2,22) e a forma que seu Filho um dia viria
a ter (Lc 1.35; Fp 2.7; Hb 10.5).
(3) O fato de seres humanos terem
sido feitos à imagem de DEUS não significa que são divinos. Foram criados
segundo uma ordem inferior e dependentes de DEUS (Sl 8.5).
(4) Toda a vida humana provém
inicialmente de Adão e Eva (Gn 3.20; At 17.26; Rm 5.12.
2.18 UMA ADJUTORA QUE ESTEJA COMO
DIANTE DELE. A mulher foi criada para ser a amável companheira do homem e sua
ajudadora. Daí, ela ser partícipe da responsabilidade de Adão e com ele
cooperar no plano de DEUS para a vida dele e da família (ver Ef 5.22; Sl 33.20;
70.5; 115.9, onde o termo auxílio , referente a DEUS, tem o mesmo sentido que
ajudadora, em 2.18).
Monogamia - grego μονογαμία - Casamento com uma só parceira(o).
mono - 1
Bigamia - grego διγαμία - Casamento com duas parceiras(os). Bi
- 2
Poligamia - grego πολυγαμία - Casamento com mais de duas
parceiras(os). poli - mais de 2.
Casamento - grego γάμος - União conjugal entre um homem e uma
mulher.
"Venerado seja entre todos o
matrimônio e o leito sem mácula" (Hb 13.4-a).
União monogâmica (mono = um) +
(gamós = casamento)
Heterossexual (Heteros = diferente)
+ (sexual = sexo)
O Senhor deixa claro
que odeia o divórcio (Ml 2.16)
CRISTO e Sua noiva, a Igreja – Ef
5.31-32.
1 Coríntios 6.10 - Não erreis: nem
os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os
sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os
maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de DEUS.
A Natureza do Casamento
1. O casamento faz parte da própria
ordem da criação.
DEUS revelou ao homem que ele
precisava de uma esposa (Gn 2.18) e que a esposa precisava de um marido (Gn.
3.16). Desde o começo, Ele criou a mulher para o homem (Gn 1.26,27). Desde o
início o homem entendeu que era vontade de DEUS que ele tivesse uma esposa.
"Osso dos meus ossos e carne da minha carne" (Gn 2.23) e que deveria
amá-la e cuidar dela como de si próprio. Paulo escreveu: “Assim devem os
maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua
mulher ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne;
antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja" (Ef 5.28,29).
2. O casamento é um sacramento de
sociedade.
No casamento, assim como na união
sexual em particular, o homem e a mulher sentem prazer e fazem dele a
demonstração exterior daquilo que é uma graça interior.
Sacramentado por DEUS, (cf. 1 Tm
4,.3) ele representa a mais elevada expressão de afeto mútuo e a mais profunda
comunhão humana, e por isso o próprio DEUS usou o casamento para expressar a
incalculável profundidade de seu amor por nós.
3. O casamento é um pacto solene
celebrado entre um homem e uma mulher dentro
de uma perfeita liberdade, e através do qual prometem entre si o amor e a
fidelidade, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na prosperidade e
na adversidade enquanto viverem. De acordo com a visão de DEUS, ele somente
termina com a morte (Mt 5.32; 19.9; Rm 7.2,3; 1 Co 7.15). Esse pacto deve ser celebrado
apenas entre duas pessoas que compartilhem o mesmo espírito e fé, pois
"que parte tem o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14.15).
4. O casamento é uma vocação, um
convite de DEUS para a demonstração a todo o mundo, da mais elevada forma de
amor mútuo (Gn 2.23,24; Ef 5.21ss.). Também é a maneira correta de se gerar
filhos (Gn 33.5; 48.4; Dt 28.4; Js 24.3,4; Sl 127.3), alimentá-los física e
espiritualmente, e o ambiente mais propício para lhes ensinar a Palavra de DEUS
(Dt 6.7-20; 11.18-21; Pv 22.6) e treiná-los para serem bons cidadãos (Pv 13.24;
19.18; 22.15; 28.13; 29.15,17).
Os Propósitos do Casamento
1. A propagação da raça humana.
É a forma Divina de desenvolver a
espécie chamada humanidade. No caso dos seres angelicais, DEUS criou todos de
uma só vez, mas no caso da humanidade, criou cada um deles individualmente. Ele
criou um homem e uma mulher e toda a raça humana descendeu desse primeiro
casal. DEUS pôde redimir a raça humana de Adão com uma única morte de CRISTO,
pois Ele estaria representando a raça como um todo. É à luz desse fato que
entendemos o significado de 1Coríntios 15.22: "Porque, assim como todos
morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em CRISTO".
DEUS preferiu gerar filhos
espirituais que irão amá-lo por causa de sua soberana graça salvadora e
trazer-lhes a vida através do relacionamento do casamento. Os aspectos
sacramentais e da propagação da espécie do casamento ficam dessa forma reunidos
e a geração dos filhos se torna um ato de santidade para a verdadeira glória de
DEUS.
2. É a maneira de DEUS criar os
filhos.
Filhos precisam de um lar, e de
pais dentro deste lar. No lar eles recebem abrigo e alimento. Através da vida
de seus pais eles aprendem o que significa o verdadeiro amor porque são o
objeto do amor dos pais e porque veem o amor recíproco que existe entre eles.
Somente através dos pais eles podem entender plenamente o profundo e duradouro
amor conjugal e, dessa forma, ficam preparados para esperar e procurar um amor
igual para si mesmos. É nesse ponto que a discórdia conjugal e os lares
desfeitos exercem o efeito mais devastador sobre os filhos. O filho que nunca
observou a demonstração de um verdadeiro amor em seu lar não está pronto para
enfrentar sozinho a vida. DEUS também teve a intenção de que a demonstração de
um verdadeiro amor entre país e filhos fosse a base para o entendimento do amor
que Ele mesmo sentiu ao enviar o seu Filho para morrer pelos nossos pecados
(cf.Ef
5.25-32).
3. O casamento é a maneira de DEUS
incutir nos filhos os princípios da justiça e da autoridade responsável:
Os pais devem tratar os filhos com
paciência e justiça. (Ef 6.4; Cl 3.21) e lhes ensinar o que é justo e direito.
Devem dar exemplo de responsabilidade e autoridade na divinamente ordenada
economia do lar (cf. 1 Tm 3.4,5,12; Tt 1.6). O pai, como o cabeça da esposa e
do lar, embora consultando plenamente sua esposa de uma forma realmente
democrática, é o responsável por todas as decisões. Isso ensina a submissão à
autoridade e um verdadeiro senso de responsabilidade (Ef 5.21-24).
4. O casamento é o meio pedagógico
de DEUS ensinar aos filhos sobre Si mesmo.
DEUS se intitula nosso Pai e
demonstra que o seu amor é tão maravilhoso como o amor de um bom pai (Sl
103.13; Jo 3.16), tão terno como o amor de uma boa mãe (Is 49.15; 66.13; Mt
23.37), tão íntimo como aquele que existe entre o marido e a esposa (Ef
5.25ss.). Desse modo, todo o relacionamento dentro do Casamento e da família
transparece na demonstração e nos ensinos daquilo que DEUS é, da natureza do
seu amor.
O lugar do Sexo
Embora o sexo tenha como objetivo
estabelecido por DEUS gerar filhos para povoar a terra e assim indiretamente
encher o céu com filhos renascidos em DEUS, ele também preenche importantes
necessidades pessoais e familiares. O esposo necessita da esposa e a esposa
necessita do marido, porque o homem é feito de tal maneira que as tensões da
vida são aliviadas através do amor conjugal (1 Co 7.1-5). Ao mesmo tempo, nesse
íntimo ato de amor são liberadas energias criativas tanto na vida do marido
como da esposa.
Podemos observar melhor que DEUS
fez o homem e a mulher para o verdadeiro prazer e um mútuo companheirismo em
Cantares de Salomão, onde as intimidades do amor conjugal e do prazer estão
descritas de uma forma maravilhosa e pura. No relacionamento sexual todo o amor
é expresso através de atos e palavras e é consumado em comunhão e união. É uma
expressão de amor que pode ser exercitada com apenas uma pessoa por causa de
sua natureza santa. Cada um mantém a experiência de um profundo amor pelo outro
e somente por essa pessoa. Nesse sentido, ele é o exemplo típico de um
relacionamento exclusivo que deve existir individualmente entre cada cristão e
seu Senhor, e no qual nenhuma outra pessoa ou deus pode ter a permissão de
participar (Ex 20.3; cf. Ef 5.25ss.).
Um casamento baseado em uma vida
sexual plena e estável é feliz e equilibrado, desde que esse aspecto da vida
seja a expressão do mais profundo amor e não a mera satisfação de desejos
carnais. Ele é de grande importância para os filhos (assim como para o marido e
a esposa), porque vêem não só um casamento estável, como também seu encanto,
pureza, beleza, e profunda satisfação. Os filhos, por sua vez, podem aprender
que o sexo é uma dádiva divina e pode ser verdadeiramente belo e maravilhoso
quando vivido de acordo com as intenções de DEUS. Os cuidados que DEUS coloca
no ato sexual permitem aos filhos aprender com pureza e se conservarem puros,
mais tarde vivendo o sexo de acordo com os propósitos Divinos, vendo que a
plena liberdade e alegria no casamento realmente veem quando se vive dentro do
âmbito do sétimo mandamento (1 Ts 4.3-8; Hb 13.4).
Como DEUS Fala sobre o Casamento
Em primeiro lugar, DEUS usa o
casamento como uma metáfora para expressar o relacionamento de CRISTO com a
igreja, comparando CRISTO com o noivo e a igreja com a noiva (Ei 5.24-32; Ap
19.7-9). Tanto o crente individualmente como a igreja em geral, sempre são
considerados no sentido de ser a noiva em relação a CRISTO (2 Co 11.2).
No Salmo 45, CRISTO é visto em toda
a sua majestade e beleza juntamente com a sua Noiva Real, a igreja, para
representar a pureza que DEUS deseja de seus filhos. A Noiva é grandemente
desejada por causa de sua beleza (v. 11) tanto exterior como interior. Seus
trajes são delicados e belos até o mais ínfimo detalhe.
.
Monogamia
Embora a poligamia fosse praticada
durante algum tempo no AT, ela só poderia ser aceita pelos ímpios. Ela negava o
principio do marido e a esposa serem uma única carne (Gn 2.24; Mt 19.5), e
levou a muitos problemas conjugais. Tanto Abraão como Jacó sofreram muitas
tristezas por causa disso (Gn 21.9ss.; 30.1-24), e Davi e Salomão se desviaram
por causa de suas esposas pagãs (2 Sm 5.13; 1 Rs 11.1-3). Somente através da
monogamia é possível evitar o ciúme dentro da família e ilustrar corretamente o
relacionamento de CRISTO com o crente (Ef 5.23ss.).
Casamento e Divórcio
O divórcio sempre representou um
grave problema. O ensino de CRISTO é encontrado em Mateus 5.31,32; 19.3-9;
Marcos 10.2-12; Lucas 16.18. Ele revelou que era somente por causa da dureza do
coração dos homens que Moisés permitiu (n"ao mandou) uma
lei de divórcio e que isso poderia verdadeiramente levar ao adultério (Mt
19.8,9). O casamento só deve ser anulado por motivo de fornicação (Mt 5.31,32;
19.9). Isso significa que um divórcio somente deveria ser permitido quando
houvesse uma relação sexual com outra pessoa que não fosse o cônjuge, antes do
casamento (se fosse adultério seria depois do casamento, mas como é antes do
casamento é prostituição ou fornicação - porneia). Oséias perdoou e
recebeu de volta a sua esposa adúltera porque a amava, assim corno DEUS está
disposto a perdoar e receber de volta a sua adúltera nação de Israel (Os 2.1,2;
3.1ss.; 14.1-8).R.A.K
Gênesis - Comentário Adam Clarke
Gênesis 1.26 - Em nossa imagem,
conforme a nossa semelhança que está dito acima se refere apenas
ao corpo do homem, o que é dito aqui se refere a sua alma. Isto
foi feito na imagem e semelhança de DEUS. Agora, como o Ser
Divino é infinito, ele não é limitado por partes, nem definível por paixões,
por isso ele não pode ter imagem corporal depois que ele fez o corpo
do homem. A imagem e semelhança se refere necessariamente ao ser intelectual,
sua mente, sua alma que deve ter sido formado de acordo com a natureza e
perfeições de DEUS. A mente humana é ainda dotada de capacidades
extraordinárias, muito mais quando em comunhão com seu criador. DEUS agora
produz um espírito, um espírito, também, formado com as perfeições da sua
própria natureza. DEUS é a fonte donde esse espírito é emitido, portanto, o
fluxo deve se parecer com a mola que o produziu.
DEUS é santo, justo, sábio, bom e
perfeito, por isso deve ser o espírito e alma parecidos com ELE: não deveria
haver na alma nada impuro, injusto, ignorante, mal, baixo, ou vil. Ele foi
criado à imagem de DEUS, e essa imagem, nos diz o apóstolo Paulo, consistiu
na justiça, a verdadeira santidade, e conhecimento, Efésios 4:24;
Colossenses 3:10. Daí o homem deve ser sábio em sua mente,
santo em seu coração, e justo em suas ações.
O texto nos diz que foi um trabalho
de ELOHIM, a pluralidade divina, marcado aqui mais claramente pelo plural
pronomes EUA e NOSSO, e para mostrar que ele era a obra-prima da criação de
DEUS, todas as pessoas na Divindade são representadas como unidos em conselho e
esforço para produzir essa criatura incrível.
Gregory Nyssen tem muito
corretamente observou que a superioridade do homem sobre todas as outras partes
da criação é vista no fato de que todas as outras criaturas são representadas
como efeito da palavra de DEUS, mas o homem é representado como o trabalho de
DEUS, de acordo com o plano e consideração. Veja suas Obras, vol. i, p. 52, c.
3.
Versículo 7. DEUS formou o
homem do pó.
DEUS nos mostra que o homem
é composto de três partes, tem um corpo e alma distintamente, e
criadas separadamente, o corpo do pó da terra, a alma e o espírito vieram da
respiração do próprio DEUS. Isso não quer dizer que a alma e o corpo são
a mesma coisa? Não. O corpo tem sua origem a partir da terra, ou
como aphar implica, da poeira, daí porque sendo terreno é
decomponível e perecível.
Da alma é dito que DEUS soprou
em suas narinas o fôlego da vida ; nishmath chaiyim, o sopro da vida.
Isso implica em que o homem é animal e intelectual.
Quando este sopro de DEUS expandiu
os pulmões do homem e os colocou em atividade, sua inspiração deu ao espírito a
compreensão e revelação de DEUS.
Versículo 18. Não é bom que o
homem esteja só...
lebaddo. Vou fazer-lhe uma
ajudadora para o completar; ezer kenegdo, uma ajuda, uma parte de si
mesmo, formada a partir dele mesmo, uma semelhança perfeita de sua pessoa. Se a
palavra for lida literalmente, significa um como, ou como ele mesmo,
de pé em frente a, ou dele. E isso implica que a mulher era para ser
uma perfeita semelhança do homem, nem inferior e nem superior.
O homem foi feito uma criatura
social, não seria bom que ele estivesse só, era preciso uma companheira
matrimonial. Daí descobrimos que o celibato, em geral, não é uma
coisa boa, pois DEUS deseja que o homem esteja ao lado de uma mulher. Os homens
podem, em oposição à declaração de DEUS, chamar o celibato de um estado de
excelência ou um estado de perfeição, mas devemos nos lembrar de que a palavra
de DEUS diz o inverso.
Versículo 19. Havendo, pois, o
Senhor DEUS formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus...
Apesar de haverem microscópicos
seres, cada ser é perfeito em sua criação, equipados com todo o aparato de
ossos, músculos, nervos, coração, artérias, veias, pulmões, vísceras, etc...
E Adão deu nome a todos os animais
1- DEUS parece ter tido em vista
que o homem conhecesse detalhadamente cada animal e
lhe desse nome para que soubesse depois os que poderia servirem de alimento
para ele.
2- Para mostrar a ele que nenhuma
criatura daquelas poderia servir para ser sua companheira.
Este duplo objetivo foi respondida
logo veremos, pois,entendido por Adão:
1. Adão deu nomes, mas como? A
partir de um profundo conhecimento da natureza e as propriedades de cada
criatura. Aqui vemos a perfeição de seu
conhecimento, pois é bem sabido que os nomes afixados os diferentes animais nas
Escrituras sempre expressam alguma característica proeminente e característica
essencial das criaturas em que são aplicados. Se ele não tivesse possuído um
conhecimento intuitivo das propriedades e distinções desses animais, ele nunca
poderia ter dado esses nomes. Esta circunstância é uma forte prova da perfeição
original e excelência do homem, enquanto em um estado de inocência. Adão fez o
trabalho de um Ser infinitamente sábio e perfeito, e o efeito deve se
parecer com a causa que a produziu.
2. Adão estava convencido de que
nenhuma dessas criaturas poderia vir a ser uma companheira adequada para ele,
e que, portanto, ele deveria continuar no estado de viver só, o que não
era bom, mas esperando a generosidade de seu Criador, pois entre todos os
animais que ele tinha nomeado não havia encontrado uma ajudadora ou
complementadora para ele.
Versículo 21. O Senhor DEUS
fez cair pesado sono sobre o homem,
Este não era nem desmaio nem
êxtase, mas o que a nossa tradução diz muito bem: um sono profundo (uma
anestesia geral?).
E tomou uma das suas costelas
É irrelevante se tsela
era uma costela, ou uma parte de seu lado, que significa: uma
parte do homem era para ser usada na ocasião, se osso
sou carne , não importa; embora seja provável, a partir do versículo
2:23 de Gênesis, que uma parte de Adão foi levada para ele saber como
a mulher foi formada, pois ele disse, “esta é carne da
minha carne e osso dos meus ossos”. DEUS poderia ter
formado a mulher do pó da terra, como ele tinha formado o homem, mas se ele
tivesse feito isso, ela apareceria aos seus olhos como um ser distinto, com
quem ele não tinha nenhuma relação natural. Mas, como DEUS formou-a de uma
parte do próprio homem, ele viu que ela era da mesma natureza, mesma carne,
idêntica a ele e tendo sangue como ele, e da mesma constituição em todos os
aspectos e, consequentemente, teria poderes iguais, faculdades e direitos
iguais. Isso asseguraria a sua afeição, e animaria a sua estima por ela.
Versículo 23. “disse Adão: Esta é
agora osso dos meus ossos”...
Há um significado muito delicado e
expressivo no original, que não aparece em nossa versão. Quando os
diferentes gêneros de criaturas foram trazidos para Adão, que ele
pode atribuir-lhes os seus nomes próprios, é provável que eles passassem em
pares perante ele, e quando passaram receberam seus nomes.
Agora a frase é Zoth happaam,
devemos prestar mais atenção a esta criatura que agora passa ou aparece diante
de mim, é carne da minha carne, as criaturas que tinham passado antes
dela não eram adequadas a ele e, portanto, foi dito, para o homem que não
era uma ajudadora, uma companheira, uma esposa, Gênesis 2:20, mas quando a
mulher passa, ela é formada a partir dele mesmo, ele sentiu toda a atração que
consanguineamente poderia produzir essa visão, e ao mesmo tempo via que ela
estava em sua pessoa e em sua mente, ela possuía todos os sentidos adequados
para ser sua companheira, ajudadora, esposa. Veja Parkhurst.
Ela será chamada mulher
Uma versão literal do hebraico
parece estranha, mas é uma versão literal e é a única correta: A palavra
é ish e significa homem, e a palavra usada para expressar o que
chamamos de mulher é a mesma com uma terminação
feminina, ishshah, e significa, literalmente, ela formada a partir do
homem. A maioria das versões antigas sentiu a força do termo, e têm-se esforçado
para expressá-la da forma mais literal possível. O leitor inteligente não vai
se arrepender de ver alguns deles aqui.
A Vulgata Latina torna o
hebraico virago, que é uma forma feminina de vir, de um homem. Símaco
usa ανδπιρ, andris, uma forma feminina de
ανηπ aner, um homem. Nosso próprio
termo é igualmente adequado quando entendido. A verdade é que a tradução
adequada e literal do original é, e podemos agradecer ao discernimento dos
nossos ancestrais anglo-saxões para dar-lhe, de que mulher é uma
contração que veio do homem, significa que a mulher
foi gerada do homem, como se fosse de seu útero (se o tivesse), uma versão
muito apropriada do hebraico ishshah. Daí, vemos a perspectiva de
observação de Adão: Esta criatura é carne da minha carne e osso
dos meus ossos, por isso deve ela ser chamada VENTRE-homem, ou homem
versão feminina, porque foi tirada do varão. Veja Verstegan .
Outros usam esposa do homem ou feminino do homem.
O versículo 24. Portanto o
homem deixará seu pai e sua mãe.
Não haverá, por ordem de DEUS, uma
ligação mais íntima formada entre o homem e a mulher, nem mesmo entre pais e
filhos.
E eles serão uma só carne.
Estas palavras podem ser entendidas
em um sentido duplo.
1. Estes dois serão uma só
carne, deve ser considerado como um
corpo, não tendo direitos separados ou privilégios, ou cuidados, ou
preocupações, independentes. Esse é o casamento.
2. Estes dois serão para a
produção de uma carne, de sua união uma
posteridade brotará.
Nosso Senhor cita estas palavras,
Mateus 19:5 , com alguma variação deste texto: Eles serão uma só
carne . Em Marcos 10:8 . Paulo, da mesma forma em 1 Coríntios 6:16 , e em
Efésios 5:31 . A Vulgata Latina, a Septuaginta, o siríaco, o árabe, e o
samaritano, todos lemos a palavra DOIS porque esta é a leitura genuína sem
dúvida. A palavra sheneyhem, eles dois ou ambos, foi, suponho, omitida na
primeira versão do texto hebraico, por engano, porque
ocorre três palavras depois no verso seguinte, ou, mais provavelmente,
o que ocorreu originalmente em Gênesis 2:24, 25. Um copista após ter constatado
que ele havia escrito duas vezes, na correção de sua cópia, retirou a palavra
em Gênesis 2:24 , em vez de; 2:25 . Mas, qual a conseqüência é? Na controvérsia
sobre a poligamia, houve uma conseqüência muito grande. Sem a
palavra, alguns defenderam erradamente que um homem pode ter
muitas esposas.
Um homem pode ter em união legal
apenas uma esposa.
Temos aqui a primeira instituição
do casamento, e vemos nele vários elementos dignos de nosso respeito e
admiração.
1. DEUS pronuncia o estado do
celibato como sendo um mau
estado e o Senhor DEUS disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Este é o
julgamento de DEUS. Conselhos de pais, médicos, e sínodos, que tenham dado uma
opinião diferente sobre tal assunto não são dignos de atenção. A palavra de
DEUS permanece para sempre.
2. DEUS fez uma
mulher para um homem, e, assim,
ele nos mostrou que todo filho de Adão deve ser unido a uma filha de Eva até o
fim do mundo. Veja Clarke em I Coríntios 7:3.
DEUS fez a mulher saindo de
um homem, a insinuar que deve haver íntima união e apego carinhoso
subsistindo na ligação matrimonial, de modo que o homem deve sempre considerar
e tratar a mulher como uma parte de si mesmo, e como ninguém jamais odiou
a sua própria carne, mas nutre e a sustenta, por isso deve sustentar e amar sua
mulher como a si mesmo, e por outro lado, a mulher deve considerar que o homem
não foi feito para ela, mas que ela foi feita para o homem, em
submissão a DEUS, ela também deve estar para com ele nessa submissão, por isso
a mulher deve reverenciar seu marido, Efésios 5:33 .
Gênesis 2:23,24 contém
as próprias palavras da cerimônia de casamento: Esta é carne da
minha carne, e osso de meu osso, por isso o homem deixará seu pai e sua mãe, e
se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne.
Quão feliz deve tal estado ser
quando a instituição de DEUS é devidamente considerada, em ambas as partes que
são casadas, como o apóstolo Paulo o expressa, no Senhor, onde cada um,
pelos atos de terna bondade, vive apenas para satisfazer os desejos um do outro
e contribuir de todas as maneiras possíveis para o conforto e a felicidade do
outro! O casamento ainda pode ser o que era em sua instituição de
origem, puro e adequado, e em seu primeiro exercício, carinhoso e feliz.
A realidade que vemos hoje nos
casamentos é paixão, turbulência e irregularidades, e falta de religião.
Perspectivas mundanas, originando e terminando no egoísmo e afetos terrenos, e
não em fins espirituais, são as causas principais de quebra de alianças
matrimoniais nos dias atuais. Como podem tais fontes de águas turvas e
amargas produzirem águas puras e doces?
Gênesis - Comentário Adam Clarke

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