segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

LIÇÃO 2: A Criação de Eva, a Primeira Mulher



Capítulo 2
A Criação de Eva, a Primeira Mulher

N
o capítulo anterior, vimos mui rapidamente como Deus veio a criar Eva a partir da costela de Adão. Agora, deter-nos-emos na teologia que cercou esse tão importante evento da criação. Em primeiro lugar, destacaremos que a mulher sempre esteve nos planos divinos. Aliás, quando a Santíssima Trindade deliberou criar Adão, achava-se Eva também inclusa nessa decisão áurea, pois o substantivo Adam, em hebraico, significa não somente homem, mas igualmente ser humano; engloba ambos os sexos.

Ao tratar a criação de Eva com mais atenção, constataremos que a mulher jamais deixou de ter um posto de relevância no Reino de Deus. Isso não significa que ela tem de ocupar, obrigatoriamente, todos os postos que o homem ocupa, mesmo porque não foi criada para concorrer com este; sua tarefa é complementar-lhe a missão. Infelizmente, o feminismo, desconsiderando a Bíblia Sagrada, fez da mulher uma inimiga mortal e irreconciliável do homem, como se um não precisasse do outro. Mas, agindo dessa forma, essa ideologia logrou apenas uma coisa: inferiorizar a mulher numa sociedade cada vez mais brutal e desumana para ambos os sexos.

Que o Espírito Santo nos ajude a estudar este tão belo e imprescindível capítulo da História Sagrada.

I. A Mulher nos Planos Eternos de Deus

Neste tópico, é imperioso mostrarmos o lugar que a mulher sempre ocupou na História Sagrada. Por essa razão, destacaremos esta proposição: tanto o homem quanto a mulher jamais estiveram ausentes nos planos divinos. Finalmente, realçaremos a presença feminina na tipologia soteriológica da Bíblia Sagrada.

1.      A criação da mulher sempre esteve nos planos de Deus. Não
podemos ver a criação dos Céus, da Terra e do ser humano como um arranjo improvisado de Deus, pois o nosso Criador não é um ente reativo nem débil. Ele é um ser proativo; nada escapa ao seu controle. Em Isaías 46.9,10, o Todo-Poderoso descreve seus atributos naturais e absolutos.

Nenhum processo embaraça ou intimida o nosso Deus. Todas as coisas, quer celestes, quer terrenas, estão sob o seu controle. Nada acontece sem o seu consentimento. Sempre que necessário, Ele intervém na biografia de cada ser humano, nas crônicas das nações e na história do Universo. Ele é Deus!

A criação da humanidade, portanto, já se achava no coração do Pai Celeste, desde a mais remota eternidade. Em sua presciência, já existíamos redimidos e salvos (1 Pe 1.2). Ao deliberar a criação do ser humano, tinha Ele em mente o homem e a mulher, pois a espécie humana requer ambos os sexos para existir.

2. A mulher e o Cordeiro morto desde a fundação do mundo. Eis, aqui, uma das passagens mais profundas e reveladoras das Escrituras Sagradas: “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Não obstante esse versículo pertencer ao último livro da Bíblia remete-nos não somente ao Gênesis, mas a um período que precedeu a criação dos Céus, da Terra e da humanidade. Quando nada ainda existia, o Pai Celeste via, em sua amorosíssima presciência, o seu Unigênito morto, a fim de resgatar-nos do pecado.

Aqui, somos obrigados a perguntar: “O que essa passagem tem a ver com a criação da mulher?”. Usando a lógica, esse maravilhoso instrumento com que Deus nos dotou o intelecto, raciocinemos: o Cordeiro só poderia ser morto após a sua concepção virginal e encarnação por obra, e graça do Espírito Santo. Por conseguinte, a Santíssima Trindade contemplava, naquele período eternal insondável, a semente de Eva no ventre de Maria, a virgem de Nazaré. Infere-se, pois, que a criação da mulher, e não apenas a do homem, já estava nos planos eternos de Deus.

3. A tipologia soteriológica da mulher na Bíblia Sagrada. Nas Escrituras Sagradas, a mulher não é divinizada, nem vituperada; é apresentada como fiel serva de Deus e auxiliar idônea do homem (Lc 1.38; Gn 2.18). Além disso, é destacada como coerdeira do esposo em relação à vida eterna (1 Pe 3.7). Dessa forma, a mulher é colocada em seu verdadeiro lugar no plano divino; um lugar, aliás, de singular honra; foi o que escreveu o apóstolo Pedro na referência acima citada.

Tendo em vista a importância da mulher no Reino de Deus, veio ela a tipificar, em ambos os Testamentos, o povo do Senhor. Por intermédio de seus profetas, Jeová tratava os hebreus como a Virgem de Israel (Jr 31.4). Se nos voltarmos aos escritos de Jeremias, deparar-nos-emos com uma belíssima descrição da nação israelita, desde o seu cativeiro, no Egito, até ao seu ápice, na terra que manava leite e mel (Jr 2.1-8).

Alguns capítulos mais adiante, o profeta Jeremias mostra a redenção da Virgem de Israel. Embora cativa e andarilha pelas mais distantes nações, o Senhor estende-lhe as mãos; redime-a. E, com singular amor, torna a alojá-la na Terra das Promissões (Jr 31.1-6).

Nos escritos do Novo Testamento, o Espírito Santo mostra o povo de Deus tipificado como a Esposa do Cordeiro: a doce e imaculada Igreja de Cristo. Essa maravilhosa e apropriada tipologia emerge da pena de Paulo e plenifica-se no pergaminho de João (Ef 5.21-33; Ap 21.9).

É claro que, em diversas passagens da Bíblia, várias mulheres, reais ou fictícias, são apresentadas como símbolos de maldade. Aolá e Aolibá, por exemplo, são destacadas como símbolos da prostituição espiritual do povo de Deus; a primeira representa o reino de Israel, as dez tribos do Norte; a segunda, as duas tribos do Sul, o reino de Judá (Ez 23.4). E o que dizer de Jezabel? Já li, nalgum lugar, que “Jezabel” significa “casta”. Mas nenhuma castidade e pureza encontramos nas duas personagens que aparecem na Bíblia. Tanto a Jezabel do 1o livro de Reis quanto a do Apocalipse eram notórias servas de Baal e de Satanás (1 Rs 16.31-33; Ap 2.20).

Nos livros de Salomão, somos apresentados a duas mulheres que, devido não somente à sua beleza e ventura, mas notadamente às suas virtudes, glorificam em tudo o nome do Senhor. Tratam-se da senhora virtuosa do capítulo 31 de Provérbios e da esposa do livro de Cantares. Entretanto, não discorreremos sobre elas, mas acerca de três outras ilustres mulheres, cujos nomes encontram-se não apenas na História Sagrada, mas principalmente no Livro da Vida. Refiro-me a Eva, a mãe de todos os viventes; a Sara, a mãe dos hebreus e das mulheres fiéis; e, finalmente, a Maria, a mãe de Nosso Senhor.


II. Eva, a Mãe de Todos os Viventes

Não foram muitos os teólogos que souberam avaliar o papel de
Eva na História Sagrada. Vemo-la, às vezes, como aquela mulher que, descuidada e curiosa, deixou-se vencer pela velha e matreira serpente. Todavia, a primeira mulher haveria de revelar-se, depois da Queda, como uma sábia e arguta teóloga; ela não teria dificuldades para entender os planos de Deus. Neste tópico, portanto, consideraremos a sua criação, a sua transgressão e sua queda e, por último, o seu trabalho como auxiliar de Deus.

1. A criação de Eva, a primeira mulher. Conforme vimos no capítulo anterior, Deus suscitou a primeira mulher dos costados do primeiro homem. Daquela costela, na qual se achavam as mais perfeitas células-tronco, o Pai Celeste criou Eva, um ser bem semelhante a Adão; uma ajudadora idônea, sábia e graciosa. Um milagre que ia além da genética; uma perfeição espiritual, psicológica e física.


Cabe, aqui, uma indagação: “Por que teve o Senhor de extrair a mulher do homem? Não lhe seria mais fácil e prático moldá-la a partir do mesmo pó com que Ele, sábio Criador, plasmara Adão, o primeiro ser humano?”. Ora, a resposta não exige muito exercício intelectual. Justamente por ser um Deus não apenas sapientíssimo, mas a própria sabedoria, foi que tirou a primeira varoa do flanco do primeiro varão.


Suponhamos que Eva fosse, à semelhança de Adão, tomada do pó da Terra, e não da costela deste. Nessa hipótese, ainda teríamos dois seres humanos. A humanidade, porém, seria impossível, porque não haveria um tronco genético comum. Além do mais, olhar-se-iam ambos como estranhos, e não como pertencentes à mesma espécie.

Entretanto, como Eva foi tomada de Adão, fizeram-se uma só carne, tornando possível o casamento, a sociedade, o Estado e a própria espécie humana. A doutrina do monogenismo é uma das mais importantes da Bíblia Sagrada, porquanto leva-nos a ver toda a raça humana como una e complementar, e não como um quebra-cabeça irremontável e absurdo. No Areópago, em Atenas, o apóstolo Paulo deixou essa proposição bastante clara aos filósofos epicureus e estoicos (At 17.24-28).


Concluindo, Deus, ao suscitar a mulher do homem, tornou
possível a espécie humana. Temos, no Gênesis, pois, não uma
parábola mitológica, mas uma narrativa coerente, histórica e, em
termos científicos, plenamente aceitável.


2. O abandono de Eva e a sua transgressão. Se não lermos o capítulo três de Gênesis com atenção e discernimento, seremos induzidos a imaginar uma Eva simplória, tola e facilmente ludibriável. Mas essa imagem não corresponde à personalidade de nossa protogenitora. Nos poucos versículos que a descrevem, deparamo-nos com uma mulher sábia, educadíssima e com uma capacidade verbal impressionante. Neste ponto de nossa exposição, aparecerá alguém com uma pergunta que, embora pareça sábia, não revela sabedoria alguma: “Se a nossa primeira mãe possuía todos esses atributos, e outros que não foram declinados, como pôde deixar-se enganar pela serpente?”.


Não nos esqueçamos de que Eva não foi atraída a discutir com um ser irracional, asqueroso e rastejante como a serpente. Conquanto falasse com o réptil, na verdade, estava ela a dialogar com Satanás, que, ao encantar aquele animal e abrir-lhe a boca, fê-lo verbalizante e palrador. Antes que você me encaminhe outra pergunta, anteciparei a minha resposta: Sim, acredito piamente que a serpente falou, porque, nessa passagem, não há parábola ou apólogo, mas uma narrativa real, verídica e histórica. Se não aceitarmos a veracidade desse relato, teremos de ver como mentira o episódio no qual a jumenta de Balaão falou, repreendendo finamente o profeta grosseiro e louco (Nm 22.21-30).

Tenhamos em mente, pois, de que Eva foi enredada pelo mais arguto dos teólogos: o próprio Satanás que, ao longo da História Sagrada, ganharia outros nomes, apelidos, apodos e alcunhas. Ali, porém, em nada parecia com o Diabo que haveria de tentar Jesus, nem com o Dragão que sairá a seduzir as nações no Apocalipse. Sim, ali, querido leitor, estava um arguto e finório teólogo, com uma experiência de séculos e milênios, a tentar uma solitária mulher que, emocionalmente, ainda não acabara de sair de sua adolescência emocional.


Ao escrever a Timóteo, o apóstolo Paulo esclarece-nos de que Eva foi, de fato, enganada e iludida pela teologia serpenteante de Satanás (1 Tm 2.14). Isso significa que a mulher não se rebelou conscientemente contra Deus, nem caiu na apostasia. Não estou inocentando-a; atenho-me tão somente ao texto bíblico. O próprio doutor dos gentios reconheceu a capacidade teológica de Satanás: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2 Co 11.3, ARA).


Querido leitor, antes que você me encarreire outra pergunta, antecipar-lhe-ei mais uma resposta. Eu, particularmente, não considero Satanás um verdadeiro teólogo. Se ele é o pai da mentira, como pode ser verdadeiro? E se não é verdadeiro, como pode ser teólogo? Afinal, a matéria-prima do teólogo genuinamente bíblico é a verdade — Jesus Cristo, Nosso Senhor.


Houve uma época, porém, em que o Diabo, conhecido então como o querubim ungido, era um celebrado teólogo nos Céus; era perfeito em seus conhecimentos divinos. Mas, desde o dia em que se deixou levar pela soberba, passou de teólogo a um perigoso e letal operador da teologia. É bem possível que você já tenha se deparado com gente dessa espécie; alegam conhecer a Deus, mas nunca tiveram um encontro pessoal e experimental com o Senhor.


Infelizmente, Eva deixou-se engodar pela cantilena gnóstica: a busca de um conhecimento além do conhecimento divino. No Apocalipse, tal saber é classificado como as profundezas de Satanás (Ap 2.24). Tendo Eva já comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, oferece-o ao marido que, sem relutar e bem consciente do que fazia, também o come. E, comendo-o, transgride e peca contra o Senhor.


Naquele exato instante, abrem-se-lhes os olhos; o homem e a mulher assustam-se com a própria nudez; vergonha e culpa. Vê-se, pois, que o pecado adentrou o mundo por meio de Adão, e não de Eva. É o que o apóstolo Paulo escreve aos romanos: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12, ARA). Pobre Eva, como encararia, agora, o juízo divino?

3. Eva, a auxiliar de Deus. Calada e indefesa, Eva ouve a acusação do esposo. Alega este que, se não fosse ela, estaria tudo bem; jamais haveria ele de comer ou sequer provar daquele fruto. Aliás, nem para a frondosa árvore, olharia. O que a mulher poderia apresentar em sua defesa? Limita-se a falar a verdade; não encobre qualquer fato: “A serpente me enganou, e eu comi” (Gn 3.13).


Naquele julgamento, o depoimento de Eva foi o mais sincero e verdadeiro. Sim, a serpente, encantada por Satanás, iludiu-a com uma dialética irresistível; teologia e filosofia fundiram-se malignamente na boca do réptil. Entre as meias verdades e as meias mentiras do Inimigo que, a essas alturas, já era também Diabo, ela quebranta o mandamento divino.


Daquele momento em diante, além dos prejuízos espirituais, morais e emocionais, nossa primeira mãe teria de arcar, igualmente, com incômodos e dores em suas gravidezes e partos. E, finalmente, haveria de enfrentar um momento terminal: a morte física. Qual, pois, a sua perspectiva?


Encerrado o juízo no Éden, ela e o esposo são despejados do jardim. O autor sagrado, para sublimar a elegância e o cavalheirismo de Deus, sutilmente observa: “O Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado” (Gn 3.23, ARA). Naquele momento, o Supremo Juiz, levando em conta a fragilidade da mulher, tratou-a como um vaso mais fraco, prestes a quebrar-se. Por essa razão, bane-a indiretamente do paraíso, por intermédio de seu esposo, que, de fato, era o grande responsável pela introdução do pecado no mundo, conforme acentua o doutor dos gentios (Rm 5.12).


Por essa razão, Pedro aconselha os maridos a cuidarem da esposa com brandura e lhaneza (1 Pe 1.7).


As palavras do apóstolo devem ser devidamente consideradas, porque ele, sendo casado, estava muito bem afeiçoado às lides conjugais.


Ao dialogar com a mulher, por meio da serpente, visava Satanás não apenas levá-la ao pecado, mas aliançar-se espiritualmente com ela, objetivando três coisas: privar o homem de uma companhia idônea e sábia; frustrar os planos de Deus quanto à humanidade; e, finalmente, extinguir a espécie humana ainda em seu nascedouro.
Tais itens, aliás, constituem o fundamento do movimento feminista.
Já imaginou se todas as mulheres fossem inimigas do esposo?
Este ficaria privado tanto da companhia feminina quanto de uma descendência, a fim de perpetuar-lhe o nome. Isso fatalmente ha- veria de acontecer, porquanto ela, ao dar ouvidos à voz do Maligno, rejeitaria ambas as missões para as quais fora criada: a conjugal e a maternal. Consequentemente, a espécie humana não demoraria a ser extinta, pois a mulher, como a nossa matriz genética por excelência, também acabaria por desaparecer. E, dessa forma, os planos de Deus, com respeito à criação da Terra, e também dos Céus, ver-se-iam frustrados.


Ao entabular aquela conversação com Eva, por meio de uma dialética irresistível, Satanás tinha em mente esvaziá-la de toda a sua feminilidade, para entulhá-la de um feminismo perverso e destruidor. Aliás, que feminismo não é destruidor e perverso? Esse é o objetivo do Maligno, presente em todas as agendas globalistas e esquerdistas, será amplamente implementada pelo Anticristo que, declaradamente, é um cruel inimigo do sexo feminino, conforme antecipa-nos o profeta Daniel: “Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá” (Dn 11.37).


Para destruir as bases da aliança entre a serpente e a mulher, a essas alturas já bem sedimentadas, o Senhor decreta a inimizade entre ambas (Gn 3.14,15).

Quebrada a fatídica aliança, torna-se Eva auxiliar do Criador. Já fora do Éden, coabita com Adão, concebe e dá à luz o seu primogênito. E, ao embalá-lo carinhosamente, faz-se teóloga, e glorifica a Deus: “Adquiri um varão com o auxílio do Senhor” (Gn 4.1, ARA). Mais adiante, após haver perdido Abel, seu filho caçula, sua teologia chega ao ápice. Conquanto tomada pela dor, enaltece a Deus pela chegada de Sete: “Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou” (Gn 4.25, ARA).


Em sua missão de mãe e esposa, Eva alcança, pela fé nos méritos retroativos de Jesus, a salvação de sua alma. Cumpre-se plenamente, em sua vida, o que Paulo escreveria a Timóteo (1 Tm 2.14).


Entre as filhas de Eva, destacaremos, neste capítulo, duas heroínas na fé — Sara, mãe dos hebreus, e Maria, a mãe do Senhor Jesus.


III. Sara, Mãe dos Hebreus e Modelo das Mulheres Fiéis

Acredito que, em toda a História Sagrada, não há mulher tão celebrada por sua beleza quanto Sara. Esposa de Abraão e mãe dos hebreus, seus encantos perduraram além da quarta idade. Embora infértil e já na menopausa, ainda chamava a atenção dos varões daquela região notória por seus haréns e extravagâncias.

Neste tópico, todavia, queremos destacar, além de sua rara beleza, sua esterilidade, riso e virtudes. Mais adiante constataremos que, apesar de todos os seus atributos físicos, o que mais sobressai, nessa admirável mulher, é o seu modelo de piedade e submissão à vontade divina.

1. A beleza de Sara. No universo grego, a beleza de uma mulher, como Sara, seria imediatamente mitologizada por um Homero sempre ávido por modelos que iam além da perfeição. Todavia, os encantos de Sara transcendiam os versos do grego. Era uma estética que, ao invés de provocar guerras, como a de Troia, veio a abençoar todas as nações da Terra.


Segundo a Ilíada, bastou Helena ser raptada uma única vez, para levantar todos os povos gregos contra os troianos. Sara, porém, arrancada do marido duas vezes, não precisou de um Aquiles ou de um Ulisses para defendê-la, pois o próprio Deus levantou-se em seu socorro.


Nesse ponto, cabe uma pergunta que, além de pertinente, pode ser muito esclarecedora: “O que tem a ver a beleza de Sara com a criação da mulher?”. Antes de tudo, mostra que, não obstante os efeitos da Queda, a mulher continua a ser indispensável ao Reino de Deus. Se, por um lado, há muitas súditas de Satanás que usam seus dotes corporais, a fim de seduzir os incautos, como aquela perversa de Provérbios 7; por outro, há não poucas servas do Senhor que, a exemplo da própria Sara e da rainha Ester, consagram os seus dons e atributos, para glorificar o nome de Deus. Nisso, mostram que o seu corpo, longe de ser instrumento do pecado, é templo do Espírito Santo.


Como veremos mais adiante, a vida de Sara não era marcada apenas pela beleza; carregava ela, naquela estética perfeita, o opróbrio e o peso da infertilidade.

2. A esterilidade de Sara. Nos dias dos patriarcas, a esterilidade feminina era vista como o opróbrio dos opróbrios. Afinal, todo chefe de família gostava de ser reconhecido não apenas por suas riquezas, mas pelo número de seus filhos e netos.


No caso do patriarca Abraão sobrava-lhe prata e ouro, mas faltava-lhe descendentes. Durante 25 anos, desde que saíra de Ur dos Caldeus, em obediência à voz do Senhor, acalentava ele a promessa de que, por intermédio de sua posteridade, seriam abençoadas todas as famílias da Terra; promessa messiânica que haveria de cumprir-se em Nosso Senhor Jesus Cristo.


A esterilidade de sua esposa era, mui provavelmente, causada pela endogamia que, naquele tempo, era muito comum no Oriente Médio. Informa o autor sagrado que Sara era meia-irmã de Abraão. Eram ambos filhos do mesmo pai, mas de mães diferentes. Apesar de o texto bíblico não deixar claro esse assunto, podemos concluir que sim.


Entre os gentios, a esterilidade de uma esposa não constituía qualquer problema, pois o chefe da tribo, uma espécie de régulo, apropriava-se logo de uma concubina ou de uma escrava qualquer, e resolvia a pendência genética. Todavia, como o amigo de Deus deveria agir em tal circunstância? Ele não era um déspota tribal nem um reizinho qualquer; era o cabeça da nação messiânica por excelência, da qual haveria de nascer o Messias de Israel e Salvador do Mundo.


Mas, acossado pelas circunstâncias, acabou por agir como se fora um dos xeques daquela região. Imitando os poderosos, esqueceu-se do Todo-Poderoso. Nisso, não estava só; entre ele e a esposa, havia um acerto para o erro. Dobrando-se, pois, à sugestão da bela e terna Sara, deitou-se com Agar, a serva egípcia. E, desse infeliz intercurso, nasce o menino Ismael. Devido a esse incidente, Deus o chama à atenção: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1).


Enciumada pela gravidez da serva, a bela senhora deixa-se escravizar pelos mais baixos sentimentos: inveja, ódio, intolerância e injustiça.
 Volve-se contra o esposo, como se este fosse o culpado de tudo. E, em parte, o era. Como sacerdote e profeta do lar, poderia ele tê-la demovido daquele intento. Mas, naquele instante, toda a sua teologia perdera a lógica; a urgência tiranizara-lhe a importância das coisas.


Agora, resolvidos a esperar somente em Deus, já começam a sorrir. De Agar e Ismael, cuidaria aquele que tudo vê e nada ignora.

3. O riso de Sara.

A bela e encantadora Sara já era nonagenária, quando lhe nasceu Isaque, o filho da promessa. Não devemos vê-la, porém, como as mulheres que, hoje, logram chegar à casa dos 90 anos. Naquele tempo, as pessoas ainda viviam o vigor dos pré-diluvianos; eram admiravelmente longevas. Abraão, por exemplo, só viria a morrer aos 175 anos de idade. Nessa avançada idade, Sara conservava ainda a beleza que, outrora, tantos medos e transtornos haviam trazido ao patriarca. Ainda era bela, mas não jovem. Suas rugas e cãs já estavam à mostra; adornavam-lhe o outono da vida. Mas, a essas alturas, o que lhe importava a chegada da velhice? Sobre a nossa heroína já não pesava o opróbrio dos opróbrios. Era mãe de Isaque, cujo nome em hebraico significa riso , porque a notícia de seu nascimento levaria todos a gargalharem. Afinal, como era possível àquelas alturas, uma senhora, aos noventa anos, dar à luz um filho.

4. As virtudes de Sara.

Sara adentra a História Sagrada como uma das mulheres mais piedosas de todos os tempos. O apóstolo Pedro, ao exortar as esposas e mães de sua igreja, realça a esposa de Abraão como um modelo consumado de virtude (1 Pe 3.3-6). Acredito que esse texto apostólico desagrada profundamente as feministas. Como, pois, aceitariam em seu círculo, neurótico e confuso, uma mulher que trata o esposo com tamanha reverência e brandura: “Meu senhor”? (Gn 18.12). No entanto, todas as esposas que assim procedem são cognominadas “filhas de Sara” pelo apóstolo que, conforme já ressaltamos, era bem afeito às lides domésticas.

Se Pedro o quisesse, poderia ter usado um exemplo bem mais próximo de suas paroquianas, pois nenhuma delas ignorava o valor, a bem-aventurança e as virtudes de Maria, a doce mãe do Salvador. Todavia, providencial e sabiamente, o apóstolo resolve usar o exemplo de Sara. Doutra forma, poderia ele ter fortalecido aquilo que, séculos depois, viria a ser conhecido como mariolatria. Sobre a mãe de Jesus, trataremos no próximo tópico. Mas, ao retratarmos a esposa de Abraão, provamos que a criação da mulher, ao invés de ser um fracasso, constituiu-se numa grande bênção para o Reino de Deus. IV. Maria, a Mãe de nosso Senhor Não é tarefa nada fácil escrever sobre Maria, a dulcíssima mãe de Jesus. Se, por um lado, não podemos idolatrá-la; por outro, não devemos apequenar-lhe o lugar na História da Salvação. De fato, ela não é deusa, nem tem de ser inserida na pericorese da Santíssima Trindade. Logo, a virgem de Nazaré há de ser vista exatamente como a Bíblia Sagrada a apresenta: a mais bem-aventurada das mulheres, por ter concebido o Filho de Deus, por obra e graça do Espírito Santo.

Neste tópico, veremos o elo teológico entre Maria, a mãe do Salvador, e Eva, a mãe de todos os que pecaram à semelhança de Adão. Em seguida, buscaremos um esboço biográfico da virgem de Nazaré. Depois, estudaremos a sua redenção, teologia e maternidade. E, finalmente, mostraremos por que devemos tê-la como irmã, e não como mãe.

Que o Espírito Santo nos ajude a compreender as belezas e mistérios da Palavra de Deus.

1.    A Virgem de Nazaré.
Sempre exato e metódico, narra o evangelista Lucas como Maria, que viria a ser a mãe do Salvador, foi inserida na História Sagrada: “No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria” (Lc 1.26,27).

Inspirado pelo Espírito Santo, o escritor sagrado logra, em poucas linhas, descrever o perfil da mais bem-aventurada das mulheres. Antes de tudo, realça ele o fato de a virgem habitar em Nazaré, e não em Jerusalém. Acredito que, sem o episódio da anunciação, a primeira cidade jazeria sem história ou crônicas, pois a sua importância, naqueles idos, era nenhuma. Não passava de um lugarejo de gente trabalhadora e pobre sem qualquer relevância política.
Mas por que Deus escolheu Maria, uma aldeã de Nazaré, e não uma donzela nobre e distinta de Jerusalém, a capital religiosa de Israel? Não é muito difícil buscar os motivos do Senhor. Não resta dúvida de que, em Israel, não eram poucas as jovens que sonhavam com a maternidade do Messias. Afinal, mesmo sem profetas canônicos, as profecias do Antigo Testamento iam sendo rigorosamente cumpridas naquele período. O tempo era de plenitude. Todos sabiam que a chegada do Salvador estava próxima. Teologicamente, porém, nem todos os judeus achavam-se preparados a fim de recepcionar o evento dos eventos.

Tanto em Jerusalém quanto noutras cidades hebreias, havia milhares de virgens, que amavam sincera e retamente o Deus de Abraão. Mas somente Maria encontrava-se, de fato, preparada a acolher, como mãe, o Filho do Pai Celeste. As outras, já contaminadas pela teologia dos anciãos, aguardavam um messias guerreiro que, tão logo chegasse à maturidade, arvorar-se-ia contra o dominador romano. A virgem nazarena, contudo, ansiava pelo Servo de Jeová que, por meio de sua morte, estenderia a vida eterna a toda a humanidade; na obra redentora, nem Roma seria excluída.

 Quanto à árvore genealógica de Maria, não dispomos de nenhuma informação. A Bíblia, sabiamente, cala-se a respeito. Segundo a tradição, seus genitores chamavam-se Joaquim e Ana. Mas, dos textos sagrados, podemos inferir que a sua família provinha ou da tribo sacerdotal de Levi, ou do clã real de Judá. Essa lacuna não compromete a história dessa piedosa serva do Senhor.

 2. A redenção de Maria.

Segundo o dogma da imaculada conceição, Maria foi concebida sem pecado e, sem pecado, permaneceu durante toda a sua vida. Ela achava-se preservada tanto do pecado original como do pecado experimental; ambos, comuns a todos os seres humanos. A verdade, todavia, é que a mãe do Salvador do mundo também necessitou dos méritos do Filho de Deus, para redimir-se da culpa de Adão e de suas próprias culpas e ofensas.

 O dogma da imaculada conceição pressupõe uma cadeia de concepções isentas de qualquer mácula. Mas, retroagindo de útero em útero, desde a mãe de Maria, aonde chegaríamos? Ao ventre de Eva, cuja ofensa ao santo Deus encontra-se bem patente no primeiro livro da Escritura (Gn 3.16).

A mãe de Jesus nascera, como todos nós, sob a culpa do pecado de Adão. E, como todos nós, estava igualmente sujeita ao pecado original. Tais limitações, contudo, jamais lhe mancharam a bem-aventurada maternidade, pois o sangue de seu Filho também foi suficiente para limpá-la das faltas tão comuns aos seres humanos (1 Jo 1.7).

 Houve apenas uma imaculada conceição — a de Jesus Cristo —, o único Filho de Adão que jamais cometeu qualquer pecado ou deslize, porquanto era e continua a ser Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.

A redenção de Maria, assim sendo, deu-se no exato instante em que ela, ao ouvir as Boas Novas do anjo Gabriel, aceitou-as e, nelas, piamente acreditou. Eis como a virgem de Nazaré aceita Jesus não somente como filho, mas também como seu Salvador pessoal: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38, ARA).

Sem dúvida, Maria foi a primeira pessoa a receber Jesus como Redentor. A fim de cumprir a sua missão como mãe do Filho do Pai Celeste, não lhe foi necessário um dogma que, apesar de sua aparente piedade, deita por terra as bases do Calvário; ela necessitou tão somente acreditar na redenção que nos trouxe Jesus Cristo.

3. A teologia de Maria .

 Não seria muito prudente chamar a virgem de Nazaré de teóloga, por causa da mariolatria que, desde o século V, vem enfraquecendo as bases da soteriologia bíblica. Mas, de uma coisa, não duvido: sua teologia era bem melhor do que a dos sacerdotes e doutores de Jerusalém. A depender daqueles anciãos, o Messias jamais seria recepcionado em Israel, pois estavam eles mais preocupados com o Império de Roma do que com o Reino de Deus.

Conquanto jovem, teve Maria a necessária acuidade profética e teológica para interpretar aqueles dias e recepcionar, em seu ventre, como filho, o Verbo de Deus. Sua hermenêutica ia além da História e da Gramática; era uma exegese canônica, fundamentada na Lei, nos Profetas e nos Escritos. Enquanto os doutores e escribas agarravam-se às tradições dos anciãos, apegava-se ela ao mesmo princípio que levaram os sábios do Antigo Testamento a anteverem a chegada do Messias.

 Já com a Palavra de Deus fazendo-se carne, em seu bem-aventurado útero, a jovenzinha de Nazaré salmodia o Deus de Israel (Lc 1.46-55). Bastaria este cântico para canonizá-la como autora sagrada. A sua teologia, porém, ia além dos arcanos; materializava-se na Palavra de Deus que, dia a dia, ganhava formas em seu ventre: Jesus Cristo Senhor Nosso. A sua maternidade já era, de per si, uma peça teológica de altíssima excelência.

4. A maternidade de Maria. Enquanto Maria gestava o Filho de Deus, não tivera ela qualquer relacionamento conjugal com o justo e nobre José, um dos mais ilustres descendentes de Davi. Todavia, após o nascimento de Jesus, narra o autor sagrado que o casal teve diversos lhos e lhas. Certa vez, alguém fez um comentário um tanto jocoso acerca de Jesus, mas que veio a revelar o tamanho de sua família: “Não é este o lho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?” (Mt 13.55,56, ARA). Maria soube como educar, magistralmente, o seu primogênito. Admirável mestra! Pacientemente, ensinou o Verbo Divino a balbuciar frases e orações. A Palavra de Deus encarnada, que estava a engatinhar em sua cozinha, deu uma gramática completa. E, mesmo sabendo que o lho estivera com o Pai e com o Espírito Santo a confundir a língua humana, em Babel, ensina-lhe, em Nazaré, o hebraico, o aramaico e, possivelmente, o grego. À própria sabedoria, transmitiu um saber cotidiano, mas muito útil naquele dia a dia tão difícil. Maria amparou, em sua ciência limitada, a onisciência divina. À luz do mundo, emprestou o bruxuleio de sua candeia.

Sua autoridade materna era reverenciada por todos os seus lhos. Jesus era o mais reverente deles. Amparada sempre pelo esposo, sabia como manter a lharada toda sob disciplina. E, nesta, nem o Unigênito de Deus achava-se isento, conforme sublinha o evangelista (Lc 2.51).

Do colo de Maria, não saiu apenas o Messias de Israel e Salvador do mundo. Saíram também dois apóstolos canônicos — Tiago e Judas. E, no Dia de Pentecostes, todos os seus lhos, presentes no cenáculo, foram batizados no Espírito Santo (At 1.14).

5. Nossa amada irmã Maria.

 Ao idolatrar Maria, alguns segmentos da cristandade tiraram-lhe parte de seus muitos e elevados méritos. Seus méritos, aliás, residem justamente em sua humanidade que, desde o momento em que recebeu o anúncio de Gabriel, foi prontamente redimida pelos efeitos retroativos da morte de Jesus que, naquele momento, nem havia sido ainda concebido.

A doce mãe de Jesus não carece de dogmas como a imaculada conceição e a assunção aos Céus. Maria já tem o seu galardão assegurado; é a mais bem-aventurada das mulheres.

Maria não é a nossa mãe, nem intercessora; é tão somente a nossa irmã em Cristo. A primeira vez que tentou interceder por uma causa, junto a Jesus, foi amorosamente repreendida pelo Senhor (Jo 2.4). Aliás, ela mesma veio a necessitar da intercessão de Jesus, após o Senhor ter sido assunto aos Céus. Jesus é o único medianeiro entre Deus e os homens (1 Tm 2.5).

Nossa querida irmã Maria morreu e foi sepultada. Uns dizem que a sua sepultura ca em Israel; outros alegam que seu corpo jaz em Éfeso, atual Turquia. O certo é que, quando do soar da última trombeta, ela ressuscitará e, juntamente com os santos de todas as épocas, será trasladada às regiões celestes, onde estaremos para sempre com o Senhor.

Conclusão

De Eva, a mãe de todos os viventes, a Maria, a dulcíssima mãe do Salvador, podemos constatar que a criação da mulher, apesar da Queda, foi um dos maiores êxitos divinos. Hoje, em nossas igrejas, contamos com o apoio das santas mulheres, que, mantendo-se de joelhos, ajudam-nos a permanecer de pé nas lides do Reino de Deus.

Auxiliemo-las em suas tarefas quer no lar, como educadora dos lhos e conselheira de seus esposos, quer na Igreja, como éis intercessoras e exercendo as funções que lhe são próprias, de acordo com a Bíblia Sagrada.

Que Deus as abençoe.
                                                  A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção






BEP - CPAD - 1.26 FAÇAMOS O HOMEM. 

Nos versículos 26-28 lemos a respeito da criação dos 
seres humanos; 2.4-25 supre pormenores mais específicos a respeito da sua criação e do seu meio-ambiente. Esses dois relatos se completam e ensinam várias coisas.
(1) Tanto o homem quanto a mulher foi uma criação especial de DEUS, não um produto da evolução (v. 27; Mt 19.4; Mc 10.6).
(2) O homem e a mulher, igualmente, foram criados à imagem e semelhança de DEUS. À base dessa imagem, podiam comunicar-se com DEUS, ter comunhão com Ele e expressar de modo incomparável o seu amor, glória e santidade. Eles fariam isso conhecendo a DEUS e obedecendo-o (2.15-17).
(a) Eles tinham semelhança moral com DEUS, pois não tinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração amoroso e o poder de decisão para fazer o que era certo (Ef 4.24). Viviam em comunhão pessoal com DEUS, que abrangia obediência moral (2.16,17) e plena comunhão. Quando Adão e Eva pecaram, sua semelhança moral com DEUS foi desvirtuada (6.5). Na redenção, os crentes devem ser renovados segundo a semelhança moral original (Ef 4.22-24; Cl 3.10).
(b) Adão e Eva possuíam semelhança natural com DEUS. Foram criados como seres pessoais tendo espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre arbítrio (2.19,20; 3.6,7; 9.6).
(c) Em certo sentido, a constituição física do homem e da mulher retrata a imagem de DEUS, o que não ocorre no reino animal. DEUS pôs nos seres humanos a imagem pela qual Ele apareceria visivelmente a eles (18.1,2,22) e a forma que seu Filho um dia viria a ter (Lc 1.35; Fp 2.7; Hb 10.5).
(3) O fato de seres humanos terem sido feitos à imagem de DEUS não significa que são divinos. Foram criados segundo uma ordem inferior e dependentes de DEUS (Sl 8.5).
(4) Toda a vida humana provém inicialmente de Adão e Eva (Gn 3.20; At 17.26; Rm 5.12.

2.18 UMA ADJUTORA QUE ESTEJA COMO DIANTE DELE. A mulher foi criada para ser a amável companheira do homem e sua ajudadora. Daí, ela ser partícipe da responsabilidade de Adão e com ele cooperar no plano de DEUS para a vida dele e da família (ver Ef 5.22; Sl 33.20; 70.5; 115.9, onde o termo auxílio , referente a DEUS, tem o mesmo sentido que ajudadora, em 2.18).

Monogamia - grego μονογαμία - Casamento com uma só parceira(o). mono - 1
Bigamia - grego διγαμία - Casamento com duas parceiras(os). Bi - 2
Poligamia - grego πολυγαμία - Casamento com mais de duas parceiras(os). poli - mais de 2.
Casamento - grego γάμος - União conjugal entre um homem e uma mulher.
"Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula" (Hb 13.4-a).
União monogâmica (mono = um) + (gamós = casamento)
Heterossexual (Heteros = diferente) + (sexual = sexo)

O Senhor deixa claro que odeia o divórcio (Ml 2.16)
CRISTO e Sua noiva, a Igreja – Ef 5.31-32.
1 Coríntios 6.10 - Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de DEUS.

A Natureza do Casamento
1. O casamento faz parte da própria ordem da criação.
DEUS revelou ao homem que ele precisava de uma esposa (Gn 2.18) e que a esposa precisava de um marido (Gn. 3.16). Desde o começo, Ele criou a mulher para o homem (Gn 1.26,27). Desde o início o homem entendeu que era vontade de DEUS que ele tivesse uma esposa. "Osso dos meus ossos e carne da minha carne" (Gn 2.23) e que deveria amá-la e cuidar dela como de si próprio. Paulo escreveu: “Assim devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja" (Ef 5.28,29).
2. O casamento é um sacramento de sociedade.
No casamento, assim como na união sexual em particular, o homem e a mulher sentem prazer e fazem dele a demonstração exterior daquilo que é uma graça interior.
­Sacramentado por DEUS, (cf. 1 Tm 4,.3) ele representa a mais elevada expressão de afeto mútuo e a mais profunda comunhão humana, e por isso o próprio DEUS usou o casamento para expressar a incalculável profundidade de seu amor por nós.

3. O casamento é um pacto solene celebrado entre um homem e uma mulher dentro de uma perfeita liberdade, e através do qual prometem entre si o amor e a fidelidade, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade enquanto viverem. De acordo com a visão de DEUS, ele somente termina com a morte (Mt 5.32; 19.9; Rm 7.2,3; 1 Co 7.15). Esse pacto deve ser celebrado apenas entre duas pessoas que compartilhem o mesmo espírito e fé, pois "que parte tem o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14.15).

4. O casamento é uma vocação, um convite de DEUS para a demonstração a todo o mundo, da mais elevada forma de amor mútuo (Gn 2.23,24; Ef 5.21ss.). Também é a maneira correta de se gerar filhos (Gn 33.5; 48.4; Dt 28.4; Js 24.3,4; Sl 127.3), alimentá-los física e espiritualmente, e o ambiente mais propício para lhes ensinar a Palavra de DEUS (Dt 6.7-20; 11.18-21; Pv 22.6) e treiná-los para serem bons cidadãos (Pv 13.24; 19.18; 22.15; 28.13; 29.15,17).

Os Propósitos do Casamento

1. A propagação da raça humana.
É a forma Divina de desenvolver a espécie chamada humanidade. No caso dos seres angelicais, DEUS criou todos de uma só vez, mas no caso da humanidade, criou cada um deles individualmente. Ele criou um homem e uma mulher e toda a raça humana descendeu desse primeiro casal. DEUS pôde redimir a raça humana de Adão com uma única morte de CRISTO, pois Ele estaria representando a raça como um todo. É à luz desse fato que entendemos o significado de 1Coríntios 15.22: "Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em CRISTO".
DEUS preferiu gerar filhos espirituais que irão amá-lo por causa de sua soberana graça salvadora e trazer-lhes a vida através do relacionamento do casamento. Os aspectos sacramentais e da propagação da espécie do casamento ficam dessa forma reunidos e a geração dos filhos se torna um ato de santidade para a verdadeira glória de DEUS.

2. É a maneira de DEUS criar os filhos.
Filhos precisam de um lar, e de pais dentro deste lar. No lar eles recebem abrigo e alimento. Através da vida de seus pais eles aprendem o que significa o verdadeiro amor porque são o objeto do amor dos pais e porque veem o amor recíproco que existe entre eles. Somente através dos pais eles podem entender plenamente o profundo e duradouro amor conjugal e, dessa forma, ficam preparados para esperar e procurar um amor igual para si mesmos. É nesse ponto que a discórdia conjugal e os lares desfeitos exercem o efeito mais devastador sobre os filhos. O filho que nunca observou a demonstração de um verdadeiro amor em seu lar não está pronto para enfrentar sozinho a vida. DEUS também teve a intenção de que a demonstração de um verdadeiro amor entre país e filhos fosse a base para o entendimento do amor que Ele mesmo sentiu ao enviar o seu Filho para morrer pelos nossos pecados (cf.Ef 5.25-32).             

3. O casamento é a maneira de DEUS incutir nos filhos os princípios da justiça e da autoridade responsável:
Os pais devem tratar os filhos com paciência e justiça. (Ef 6.4; Cl 3.21) e lhes ensinar o que é justo e direito. Devem dar exemplo de responsabilidade e autoridade na divinamente ordenada economia do lar (cf. 1 Tm 3.4,5,12; Tt 1.6). O pai, como o cabeça da esposa e do lar, embora consultando plenamente sua esposa de uma forma realmente democrática, é o responsável por todas as decisões. Isso ensina a submissão à autoridade e um verdadeiro senso de responsabilidade (Ef 5.21-24).

4. O casamento é o meio pedagógico de DEUS ensinar aos filhos sobre Si mesmo.
DEUS se intitula nosso Pai e demonstra que o seu amor é tão maravilhoso como o amor de um bom pai (Sl 103.13; Jo 3.16), tão terno como o amor de uma boa mãe (Is 49.15; 66.13; Mt 23.37), tão íntimo como aquele que existe entre o marido e a esposa (Ef 5.25ss.). Desse modo, todo o relacionamento dentro do Casamento e da família transparece na demonstração e nos ensinos daquilo que DEUS é, da natureza do seu amor.

O lugar do Sexo

Embora o sexo tenha como objetivo estabelecido por DEUS gerar filhos para povoar a terra e assim indiretamente encher o céu com filhos renascidos em DEUS, ele também preenche importantes necessidades pessoais e familiares. O esposo necessita da esposa e a esposa necessita do marido, porque o homem é feito de tal maneira que as tensões da vida são aliviadas através do amor conjugal (1 Co 7.1-5). Ao mesmo tempo, nesse íntimo ato de amor são liberadas energias criativas tanto na vida do marido como da esposa.
Podemos observar melhor que DEUS fez o homem e a mulher para o verdadeiro prazer e um mútuo companheirismo em Cantares de Salomão, onde as intimidades do amor conjugal e do prazer estão descritas de uma forma maravilhosa e pura. No relacionamento sexual todo o amor é expresso através de atos e palavras e é consumado em comunhão e união. É uma expressão de amor que pode ser exercitada com apenas uma pessoa por causa de sua natureza santa. Cada um mantém a experiência de um profundo amor pelo outro e somente por essa pessoa. Nesse sentido, ele é o exemplo típico de um relacionamento exclusivo que deve existir individualmente entre cada cristão e seu Senhor, e no qual nenhuma outra pessoa ou deus pode ter a permissão de participar (Ex 20.3; cf. Ef 5.25ss.).
Um casamento baseado em uma vida sexual plena e estável é feliz e equilibrado, desde que esse aspecto da vida seja a expressão do mais profundo amor e não a mera satisfação de desejos carnais. Ele é de grande importância para os filhos (assim como para o marido e a esposa), porque vêem não só um casamento estável, como também seu encanto, pureza, beleza, e profunda satisfação. Os filhos, por sua vez, podem aprender que o sexo é uma dádiva divina e pode ser verdadeiramente belo e maravilhoso quando vivido de acordo com as intenções de DEUS. Os cuidados que DEUS coloca no ato sexual permitem aos filhos aprender com pureza e se conservarem puros, mais tarde vivendo o sexo de acordo com os propósitos Divinos, vendo que a plena liberdade e alegria no casamento realmente veem quando se vive dentro do âmbito do sétimo mandamento (1 Ts 4.3-8; Hb 13.4).

Como DEUS Fala sobre o Casamento

Em primeiro lugar, DEUS usa o casamento como uma metáfora para expressar o relacionamento de CRISTO com a igreja, comparando CRISTO com o noivo e a igreja com a noiva (Ei 5.24-32; Ap 19.7-9). Tanto o crente individualmente como a igreja em geral, sempre são considerados no sentido de ser a noiva em relação a CRISTO (2 Co 11.2).
No Salmo 45, CRISTO é visto em toda a sua majestade e beleza juntamente com a sua Noiva Real, a igreja, para representar a pureza que DEUS deseja de seus filhos. A Noiva é grandemente desejada por causa de sua beleza (v. 11) tanto exterior como interior. Seus trajes são delicados e belos até o mais ínfimo detalhe.       .

Monogamia
Embora a poligamia fosse praticada durante algum tempo no AT, ela só poderia ser aceita pelos ímpios. Ela negava o principio do marido e a esposa serem uma única carne (Gn 2.24; Mt 19.5), e levou a muitos problemas conjugais. Tanto Abraão como Jacó sofreram muitas tristezas por causa disso (Gn 21.9ss.; 30.1-24), e Davi e Salomão se desviaram por causa de suas esposas pagãs (2 Sm 5.13; 1 Rs 11.1-3). Somente através da monogamia é possível evitar o ciúme dentro da família e ilustrar corretamente o relacionamento de CRISTO com o crente (Ef 5.23ss.).

Casamento e Divórcio

O divórcio sempre representou um grave problema. O ensino de CRISTO é encontrado em Mateus 5.31,32; 19.3-9; Marcos 10.2-12; Lucas 16.18. Ele revelou que era somente por causa da dureza do coração dos homens que Moisés permitiu (n"ao mandou) uma lei de divórcio e que isso poderia verdadeiramente levar ao adultério (Mt 19.8,9). O casamento só deve ser anulado por motivo de fornicação (Mt 5.31,32; 19.9). Isso significa que um divórcio somente deveria ser permitido quando houvesse uma relação sexual com outra pessoa que não fosse o cônjuge, antes do casamento (se fosse adultério seria depois do casamento, mas como é antes do casamento é prostituição ou fornicação - porneia).  Oséias perdoou e recebeu de volta a sua esposa adúltera porque a amava, assim corno DEUS está disposto a perdoar e receber de volta a sua adúltera nação de Israel (Os 2.1,2; 3.1ss.; 14.1-8).R.A.K

  

Gênesis - Comentário Adam Clarke

Gênesis 1.26 - Em nossa imagem, conforme a nossa semelhança que está dito acima se refere apenas ao corpo do homem, o que é dito aqui se refere a sua alma. Isto foi feito na imagem e semelhança de DEUS. Agora, como o Ser Divino é infinito, ele não é limitado por partes, nem definível por paixões, por isso ele não pode ter imagem corporal depois que ele fez o corpo do homem. A imagem e semelhança se refere necessariamente ao ser intelectual, sua mente, sua alma que deve ter sido formado de acordo com a natureza e perfeições de DEUS. A mente humana é ainda dotada de capacidades extraordinárias, muito mais quando em comunhão com seu criador. DEUS agora produz um espírito, um espírito, também, formado com as perfeições da sua própria natureza. DEUS é a fonte donde esse espírito é emitido, portanto, o fluxo deve se parecer com a mola que o produziu.
DEUS é santo, justo, sábio, bom e perfeito, por isso deve ser o espírito e alma parecidos com ELE: não deveria haver na alma nada impuro, injusto, ignorante, mal, baixo, ou vil. Ele foi criado à imagem de DEUS, e essa imagem, nos diz o apóstolo Paulo, consistiu na justiça, a verdadeira santidade, e conhecimento, Efésios 4:24; Colossenses 3:10. Daí o homem deve ser sábio em sua mente, santo em seu coração, e justo em suas ações.
O texto nos diz que foi um trabalho de ELOHIM, a pluralidade divina, marcado aqui mais claramente pelo plural pronomes EUA e NOSSO, e para mostrar que ele era a obra-prima da criação de DEUS, todas as pessoas na Divindade são representadas como unidos em conselho e esforço para produzir essa criatura incrível.
Gregory Nyssen tem muito corretamente observou que a superioridade do homem sobre todas as outras partes da criação é vista no fato de que todas as outras criaturas são representadas como efeito da palavra de DEUS, mas o homem é representado como o trabalho de DEUS, de acordo com o plano e consideração. Veja suas Obras, vol. i, p. 52, c. 3.

Versículo 7. DEUS formou o homem do pó.
DEUS nos mostra que o homem é composto de três partes, tem um corpo e alma distintamente, e criadas separadamente, o corpo do pó da terra, a alma e o espírito vieram da respiração do próprio DEUS. Isso não quer dizer que a alma e o corpo são a mesma coisa? Não. O corpo tem sua origem a partir da terra, ou como aphar implica, da poeira, daí porque sendo terreno é decomponível e perecível.
Da alma é dito que DEUS soprou em suas narinas o fôlego da vida ; nishmath chaiyim, o sopro da vida. Isso implica em que o homem é animal e intelectual.
Quando este sopro de DEUS expandiu os pulmões do homem e os colocou em atividade, sua inspiração deu ao espírito a compreensão e revelação de DEUS.

Versículo 18. Não é bom que o homem esteja só...
lebaddo. Vou fazer-lhe uma ajudadora para o completar; ezer kenegdo, uma ajuda, uma parte de si mesmo, formada a partir dele mesmo, uma semelhança perfeita de sua pessoa. Se a palavra for lida literalmente, significa um como, ou como ele mesmo, de pé em frente a, ou dele. E isso implica que a mulher era para ser uma perfeita semelhança do homem, nem inferior e nem superior.
O homem foi feito uma criatura social, não seria bom que ele estivesse só, era preciso uma companheira matrimonial. Daí descobrimos que o celibato, em geral, não é uma coisa boa, pois DEUS deseja que o homem esteja ao lado de uma mulher. Os homens podem, em oposição à declaração de DEUS, chamar o celibato de um estado de excelência ou um estado de perfeição, mas devemos nos lembrar de que a palavra de DEUS diz o inverso.

Versículo 19. Havendo, pois, o Senhor DEUS formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus...
Apesar de haverem microscópicos seres, cada ser é perfeito em sua criação, equipados com todo o aparato de ossos, músculos, nervos, coração, artérias, veias, pulmões, vísceras, etc...
E Adão deu nome a todos os animais

1- DEUS parece ter tido em vista que o homem conhecesse detalhadamente cada animal e lhe desse nome para que soubesse depois os que poderia servirem de alimento para ele.
2- Para mostrar a ele que nenhuma criatura daquelas poderia servir para ser sua companheira.
Este duplo objetivo foi respondida logo veremos, pois,entendido por Adão:

1. Adão deu nomes, mas como? A partir de um profundo conhecimento da natureza e as propriedades de cada criatura. Aqui vemos a perfeição de seu conhecimento, pois é bem sabido que os nomes afixados os diferentes animais nas Escrituras sempre expressam alguma característica proeminente e característica essencial das criaturas em que são aplicados. Se ele não tivesse possuído um conhecimento intuitivo das propriedades e distinções desses animais, ele nunca poderia ter dado esses nomes. Esta circunstância é uma forte prova da perfeição original e excelência do homem, enquanto em um estado de inocência. Adão fez o trabalho de um Ser infinitamente sábio e perfeito, e o efeito deve se parecer com a causa que a produziu.

2. Adão estava convencido de que nenhuma dessas criaturas poderia vir a ser uma companheira adequada para ele, e que, portanto, ele deveria continuar no estado de viver só, o que não era bom, mas esperando a generosidade de seu Criador, pois entre todos os animais que ele tinha nomeado não havia encontrado uma ajudadora ou complementadora para ele.

Versículo 21. O Senhor DEUS fez cair pesado sono sobre o homem,
Este não era nem desmaio nem êxtase, mas o que a nossa tradução diz muito bem: um sono profundo (uma anestesia geral?).

E tomou uma das suas costelas
É irrelevante se tsela era uma costela, ou uma parte de seu lado, que significa: uma parte do homem era para ser usada na ocasião, se osso sou carne , não importa; embora seja provável, a partir do versículo 2:23 de Gênesis, que uma parte de Adão foi levada para ele saber como a mulher foi formada, pois ele disse, “esta é carne da minha carne e osso dos meus ossos”. DEUS poderia ter formado a mulher do pó da terra, como ele tinha formado o homem, mas se ele tivesse feito isso, ela apareceria aos seus olhos como um ser distinto, com quem ele não tinha nenhuma relação natural. Mas, como DEUS formou-a de uma parte do próprio homem, ele viu que ela era da mesma natureza, mesma carne, idêntica a ele e tendo sangue como ele, e da mesma constituição em todos os aspectos e, consequentemente, teria poderes iguais, faculdades e direitos iguais. Isso asseguraria a sua afeição, e animaria a sua estima por ela.

Versículo 23. “disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos”...
Há um significado muito delicado e expressivo no original, que não aparece em nossa versão. Quando os diferentes gêneros de criaturas foram trazidos para Adão, que ele pode atribuir-lhes os seus nomes próprios, é provável que eles passassem em pares perante ele, e quando passaram receberam seus nomes.
Agora a frase é Zoth happaam, devemos prestar mais atenção a esta criatura que agora passa ou aparece diante de mim, é carne da minha carne, as criaturas que tinham passado antes dela não eram adequadas a ele e, portanto, foi dito, para o homem que não era uma ajudadora, uma companheira, uma esposa, Gênesis 2:20, mas quando a mulher passa, ela é formada a partir dele mesmo, ele sentiu toda a atração que consanguineamente poderia produzir essa visão, e ao mesmo tempo via que ela estava em sua pessoa e em sua mente, ela possuía todos os sentidos adequados para ser sua companheira, ajudadora, esposa. Veja Parkhurst.

Ela será chamada mulher
Uma versão literal do hebraico parece estranha, mas é uma versão literal e é a única correta: A palavra é ish e significa homem, e a palavra usada para expressar o que chamamos de mulher é a mesma com uma terminação feminina, ishshah, e significa, literalmente, ela formada a partir do homem. A maioria das versões antigas sentiu a força do termo, e têm-se esforçado para expressá-la da forma mais literal possível. O leitor inteligente não vai se arrepender de ver alguns deles aqui. 

A Vulgata Latina torna o hebraico virago, que é uma forma feminina de vir, de um homem. Símaco usa ανδπιρ, andris, uma forma feminina de ανηπ aner, um homem. Nosso próprio termo é igualmente adequado quando entendido. A verdade é que a tradução adequada e literal do original é, e podemos agradecer ao discernimento dos nossos ancestrais anglo-saxões para dar-lhe, de que mulher é uma contração que veio do homem, significa que a mulher foi gerada do homem, como se fosse de seu útero (se o tivesse), uma versão muito apropriada do hebraico ishshah. Daí, vemos a perspectiva de observação de Adão: Esta criatura é carne da minha carne e osso dos meus ossos, por isso deve ela ser chamada VENTRE-homem, ou homem versão feminina, porque foi tirada do varão. Veja Verstegan . Outros usam esposa do homem ou feminino do homem.

O versículo 24. Portanto o homem deixará seu pai e sua mãe.
Não haverá, por ordem de DEUS, uma ligação mais íntima formada entre o homem e a mulher, nem mesmo entre pais e filhos.

E eles serão uma só carne.

Estas palavras podem ser entendidas em um sentido duplo.

1. Estes dois serão uma só carne, deve ser considerado como um corpo, não tendo direitos separados ou privilégios, ou cuidados, ou preocupações, independentes. Esse é o casamento.

2. Estes dois serão para a produção de uma carne, de sua união uma posteridade brotará.
Nosso Senhor cita estas palavras, Mateus 19:5 , com alguma variação deste texto: Eles serão uma só carne . Em Marcos 10:8 . Paulo, da mesma forma em 1 Coríntios 6:16 , e em Efésios 5:31 . A Vulgata Latina, a Septuaginta, o siríaco, o árabe, e o samaritano, todos lemos a palavra DOIS porque esta é a leitura genuína sem dúvida. A palavra sheneyhem, eles dois ou ambos, foi, suponho, omitida na primeira versão do texto hebraico, por engano, porque ocorre três palavras depois no verso seguinte, ou, mais provavelmente, o que ocorreu originalmente em Gênesis 2:24, 25. Um copista após ter constatado que ele havia escrito duas vezes, na correção de sua cópia, retirou a palavra em Gênesis 2:24 , em vez de; 2:25 . Mas, qual a conseqüência é? Na controvérsia sobre a poligamia, houve uma conseqüência muito grande. Sem a palavra, alguns defenderam erradamente que um homem pode ter muitas esposas.
Um homem pode ter em união legal apenas uma esposa.
Temos aqui a primeira instituição do casamento, e vemos nele vários elementos dignos de nosso respeito e admiração.

1. DEUS pronuncia o estado do celibato como sendo um mau estado e o Senhor DEUS disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Este é o julgamento de DEUS. Conselhos de pais, médicos, e sínodos, que tenham dado uma opinião diferente sobre tal assunto não são dignos de atenção. A palavra de DEUS permanece para sempre.

2. DEUS fez uma mulher para um homem, e, assim, ele nos mostrou que todo filho de Adão deve ser unido a uma filha de Eva até o fim do mundo. Veja Clarke em I Coríntios 7:3.
DEUS fez a mulher saindo de um homem, a insinuar que deve haver íntima união e apego carinhoso subsistindo na ligação matrimonial, de modo que o homem deve sempre considerar e tratar a mulher como uma parte de si mesmo, e como ninguém jamais odiou a sua própria carne, mas nutre e a sustenta, por isso deve sustentar e amar sua mulher como a si mesmo, e por outro lado, a mulher deve considerar que o homem não foi feito para ela, mas que ela foi feita para o homem, em submissão a DEUS, ela também deve estar para com ele nessa submissão, por isso a mulher deve reverenciar seu marido, Efésios 5:33 .

Gênesis 2:23,24 contém as próprias palavras da cerimônia de casamento: Esta é carne da minha carne, e osso de meu osso, por isso o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne.
Quão feliz deve tal estado ser quando a instituição de DEUS é devidamente considerada, em ambas as partes que são casadas, como o apóstolo Paulo o expressa, no Senhor, onde cada um, pelos atos de terna bondade, vive apenas para satisfazer os desejos um do outro e contribuir de todas as maneiras possíveis para o conforto e a felicidade do outro! O casamento ainda pode ser o que era em sua instituição de origem, puro e adequado, e em seu primeiro exercício, carinhoso e feliz.

A realidade que vemos hoje nos casamentos é paixão, turbulência e irregularidades, e falta de religião. Perspectivas mundanas, originando e terminando no egoísmo e afetos terrenos, e não em fins espirituais, são as causas principais de quebra de alianças matrimoniais nos dias atuais. Como podem tais fontes de águas turvas e amargas produzirem águas puras e doces?

Gênesis - Comentário Adam Clarke



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