segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Lição 12 : A Mordomia do Cuidado com a Terra




“A
 mordomia cristã envolve assuntos da maior importância no Reino de Deus. O Senhor é o dono da Terra e de todos os que habitam no planeta (SI 24.1). Ele, no entanto, resolveu confiar a governança da Terra ao ser criado à sua “imagem 5’, conforme a sua “semelhança” . Diante dessa decisão do Criador, o ser humano recebeu a grande e grave responsabilidade de ser mordomo de Deus para cuidar da preservação dos recursos naturais e humanos do planeta , além de prestar contas também de sua mordomia espiritual. Nesta, infelizmente, o homem falhou terrivelmente, desobedecendo à voz do Criador e aceitando as propostas perversas do Diabo.
       Entretanto , diante do pecado do ser criado, Deus resolveu realizar o seu plano de redenção do homem caído e da raça humana. Ele realizou esse plano mediante Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Em face da maldição da terra e de todas as conseqüências d a Queda , o homem passou a ser mordomo de Deus em condições bastante difíceis e penosas, com trabalho e fatiga, com o suor de seu rosto. As condições ambientais tornaram -se, em grande parte, hostis à sobrevivência do homem , mas, com a inteligência concedida por Deus, o ser humano tem conseguido superar muitas condições adversas da Terra, incluindo as condições climáticas e ambientais, usando a tecnologia agrícola e industrial.
        Desde que Deus criou 0 ser humano , homem e mulher, Ele assim o fez n a perspectiva de que, sendo sua “imagem ” , conforme a sua “semelhança”, o homem seria seu representante n a Terra, incumbido de tarefas, ocupações e missões das m ais elevadas para cuidar do planeta. O homem foi criado por Deus para exercer a mordomia sobre a esfera terrena do Universo. Por razões que só o Criador reserva para si, no meio de tantos planetas, estrelas e outras dimensões cósmicas, Ele entendeu que deveria criar o pequeníssimo planeta Terra, conhecido na linguagem dos estudiosos do Cosmo como “o planeta azul”. A Terra é tão pequena em relação a alguns planetas do Sistema Solar que, em determinada escala, sua área é menor do que a ponta de um alfinete em relação a algumas estrelas, como, por exemplo, a estrela Betelgeuse, que tem um brilho 15 mil vezes maior do que o do Sol e um diâmetro 400 vezes maior que o do Astro-Rei. A Terra é tão pequena que a Bíblia refere-se a seus habitantes de forma muito interessante: “Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde e como o pó miúdo das balanças; eis que lança por aí as ilhas como a uma coisa pequeníssima” (Is 40.15). Essa referência mostra-nos como as nações da Terra são vistas aos olhos de Deus em termos de referência quanto às grandezas cósmicas. Além de ser um planeta pequeníssimo em relação ao espaço sideral, Deus resolveu criar nele um ser especial, diferente dos seres celestiais, de forma também especial, conferindo-lhe caráter e natureza que o identificam como tendo missões e propósitos especiais. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn 1.26). Se “as nações são consideradas por ele como a gota de um balde e como o pó miúdo das balanças”, imagine a dimensão do homem em relação ao Universo e aos céus dos céus, onde Deus habita! Mas, mesmo assim, Deus colocou o homem na Terra com missões que jam ais confiou a qualquer dos anjos, dos arcanjos, dos querubins e de outros seres celestiais. O homem recebeu a missão de ser mordomo do Criador do Universo para cuidar, zelar, guardar e preservar a Terra em várias esferas da vida humana. Vamos refletir sobre esse tema tão importante da realidade do ser humano. Sem dúvida alguma, essa reflexão fará com que desenvolvamos um a consciência da mordomia bíblica da vida tanto na esfera imaterial quanto material, levando-nos a entender que o crente em Jesus deve ter uma profunda reflexão consigo mesmo e colocar em prática os princípios bíblicos para uma vida cristã plena e frutífera, como servos e mordomos de Deus.

I - O HOMEM FOI CRIA DO PARA SER MORDOMO DE DEUS
O Mordomo da Terra. Em sua divina compreensão, Deus passou para
os “filhos dos homens” a administração do planeta e de seus recursos naturais para sua sobrevivência. Com a estrutura espiritual, mental e física, o ser humano tinha todas as condições dadas por Deus para ser um grande administrador de todo o planeta com todos os seus ecossistemas. O programa de Deus para o planeta Terra era extraordinário. Um ambiente de paz, de harmonia espiritual e humana que transcende a compreensão limitada do homem. A Terra Habitável. Depois de criado, o homem passou a ser o mordomo (gr. Oikonomos), o administrador de Deus na terra. Como crentes em Deus, entendemos que a criação é obra de sua mão, e não resultado absurdo de um pretenso processo de evolução ao acaso. A lógica elementar jamais admitirá que um sistema tão complexo como o Universo, do qual a Terra faz parte, pudesse surgir de modo aleatório. E Deus fez nosso planeta, conforme relata o livro Gênesis, através do poder sobrenatural de sua palavra, dotada de energia divina e criadora. Ele fez surgir do nada todas as coisas que vieram à existência: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Ap 4.11).
       Deus fez a Terra para ser habitada pelos seres humanos em toda a sua plenitude, em condições de proporcionar-lhes todo o sustento e mantimento necessários a um a sobrevivência condigna. A Bíblia diz: “Porque assim diz o S e n h o r que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor , e não há outro” (Is 45.18). O homem não foi feito como os anjos, com natureza espiritual, mas, sim, com a estrutura que já conhecemos, ou seja, com necessidades humanas de reprodução, de alimentação, de habitação, de repouso, além de sua criatividade. Dessa forma, o planeta demandava uma administração sábia e poderosa. O homem tinha essas características antes de desobedecer ao Criador. Ele era o mordomo de Deus.

II - DEUS DEU A TERRA AOS HOMENS

A Terra É Propriedade de Deus. Para o naturalista, adepto do materialismo, os fenômenos da natureza são resultado de um processo ecológico, fruto do acaso cego. E a suprema ignorância sobre a verdadeira origem da Terra e do Universo em geral. J á os cristãos verdadeiros, que conhecem a Palavra de Deus como revelação divina, sabem que todo o funcionamento dos ecossistemas são fruto da criação de Deus e de sua bondade para com o homem, face o seu plano glorioso para o planeta Terra. Deus “deu a terra aos filhos dos homens” para que, como mordomos fiéis, cuidemos dela com zelo e sabedoria, pois ela é propriedade de Deus (Sl 24.1). “Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu” (Jó 41.11); “Eis que os céus e os céus dos céus são do Se n h o r , teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (Dt 10.14). Assim, os crentes em Jesus em todo o mundo devem ser exemplo no trato com o meio ambiente, evitando poluir os recursos naturais, bem como evitando os desperdícios e o uso irracional dos meios a seu dispor.

A Natureza — Dádiva da Graça de Deus. Em sua infinita bondade, Deus “ [...] é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas”(At 17.25). Além da vida humana, que foi infundida no ato da criação, e na geração de cada novo ser vivo, Deus concede, através da natureza, o ar, a água, o Sol, a chuva, a germinação das plantas, os frutos, os alimentos e tudo o que é necessário para a sobrevivência no planeta. São “dons” ou dádivas naturais. E fruto da graça de Deus.1 Jesus disse: “ [...] porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45). Os adeptos da Nova Era louvam a mitológica “mãe Terra”, a quem chamam de deusa “Gaia”. O cristão, porém, agradece ao Senhor, o Deus verdadeiro, o Criador da Terra e dos céus, pelas bênçãos advindas de sua mão por meio da natureza. Q uando o crente ora pelas refeições e agradece a Deus pelo alimento, está reconhecendo que “o pão nosso de cada dia” vem dEle por sua bondade. Davi adorou a Deus pelas bênçãos concedidas através da natureza, numa visão ampla sobre o cuidado do Senhor com o planeta (Sl 65.8-13).
      Deus, sem dúvida, poderia cuidar da Terra diretamente pelo seu poder. Ou, então, poderia ter delegado essa missão aos anjos. Tal medida, no entanto, nunca fez parte do seu planejamento cósmico. A Terra foi escolhida por Deus para ser o habitat do ser que haveria de fazer “à sua imagem”, “conforme a sua semelhança”. Foi um a intervenção na natureza humana, que foi atingida pelo pecado. Dessa forma, o Senhor quis dar ao homem a missão de cuidar da Terra com as condições de que dispunha antes da Queda.

A Missão de Governar a Terra. Deus é Soberano sobre todo o Universo. Assim como todos os planetas, estrelas e outros corpos celestes, a Terra pertence a Ele. Primeiramente, por direito de criação. Diz o livro de Gênesis: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1); em segundo lugar, por direito de preservação. E Ele quem preserva a natureza em todos os seus aspectos: “Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra” (Sl 104.30; 65.9-13).

     Ele é o Dono da Terra e está acima de todos os poderes do Universo. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares e a firmou sobre os rios” (Sl 24.1). Contudo, ao criar o ser humano, Ele decidiu delegar ao homem autoridade sobre sua criação no âmbito do planeta: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn 1.26 - grifo acrescentado).

        O salmista diz: “Os céus são os céus do S e n h o r ; mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (SI 115.16). O Senhor da Terra e do Universo resolveu “dar” a terra aos filhos dos homens. Essa “doação” não significa transferência de propriedade. De forma alguma! A Terra é do Senhor, bem como todos os seus habitantes (SI 24.1).
       Todavia, como já foi visto no item anterior, o homem começou bem nesse cuidado, mas não soube levar adiante o que previra o plano de Deus. Dessa maneira, o plano de Deus incluía o papel mais importante na esfera terrena, que era o de zelar por ela. Esse foi o plano original de Deus em relação à autoridade e domínio do homem sobre a terra. Esse plano, no entanto, foi prejudicado por causa da Queda. Dessa forma, o homem perdeu a autoridade espiritual que tinha sobre os animais marinhos, terrestres e sobre toda a terra.

III - O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM A TERRA
Ainda em sua condição de obediente a Deus e vivendo na com unhão com o Criador, Adão, sua esposa e seus descendentes não haveriam de viver na ociosidade contemplativa das belezas edênicas, rodeadas de animais em meio a um panorama fantástico no ‘Jardim de Delícias”. Além de dominar a natureza, ele haveria de receber duas grandes missões: ser lavrador e guardador do planeta (Gn 2.15) como descrevemos a seguir.

A Terra antes do Homem . No capítulo 2 do livro de Gênesis, vemos a descrição do ambiente terreno antes da criação do homem. As plantas e a erva do campo ainda não brotavam, “porque ainda o S e n h o r Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra” (Gn 2.5). Sem a ocorrência de chuvas, a terra era preparada para a vegetação: “Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra” (Gn 2.6). As sementes das plantas já estavam na terra desde que Deus mandou que ela produzisse toda a vegetação no terceiro dia da Criação (Gn 1.11-13).

A Terra depois da Criação do Homem . “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado” (Gn 2.7,8). A ecologia era perfeita! Deus só colocou o homem no Jardim depois que o meio ambiente estava perfeitamente pronto para sua sobrevivência digna, saudável e feliz. Deus fez brotar “toda árvore agradável à vista” e toda árvore “boa para comida” e também “a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2.9). A Terra é formada de 70% de água. No meio do Éden, corriam rios perenes que o regavam (Gn 2.10-14). Depois de toda disposição dos ecossistemas, o Senhor entregou sua grande missão ao homem (Gn 2.15). No plano original de Deus, o ser humano deveria viver para sempre, mas havia um a condição: Obedecer à sua ordem (Gn 2.16,17).

A Maldição da Terra. O homem não obedeceu à ordem de Deus e comeu da árvore proibida. Por causa da desobediência do ser humano, o Senhor exerceu severo juízo sobre ele e sobre a natureza. Diz o Gênesis: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gn 3.17).
Toda a ecologia do planeta foi prejudicada pela ação do pecado do homem. Por causa dele, como juízo de Deus, o ambiente, que era tão agradável no Éden, tornou-se hostil e desafiador para a sobrevivência do homem. Certamente, antes da maldição da Terra, havia um a distribuição climática harmoniosa que não permitia catástrofes naturais como secas, enchentes, áreas desérticas, regiões com climas tão severos, como nos polos, onde não há condições para a produção de alimentos agrícolas. A geografia da Terra passou a ter a influência dos climas diversos. Os principais tipos de clima do mundo são: Equatorial, Tropical, Temperado, Subtropical, Mediterrâneo, Frio, Frio de Montanha, Polar, Desértico e Semiárido. Dependendo da região, as condições climáticas podem ser amenas, temperadas ou de clima de frio severo ou calor sufocante. O pecado do homem abriu espaço para a ação do Diabo. Ele continua a agir no planeta Terra. O Adversário, com permissão de Deus, pode provocar desastres naturais dos mais diversos. Na terrível experiência de Jó, por permissão de Deus, vemos o Maligno indicar qual é o seu ambiente preferido para provocar tantos males e sofrimentos aos homens Jó 1.6,7). Em seguida, por permissão de Deus, em sua prova terrível envolvendo o patriarca jó, o Maligno provocou tragédias em seqüência na vida do grande servo de Deus. Primeiro, tirou os seus bens por meio do roubo e da violência; depois, provocou um furacão que destruiu a casa onde os filhos de Jó comemoravam na casa do irmão mais velho e matou a todos eles. Como se isso não bastasse, no confronto com Deus e por permissão dEle, Jó foi ferido de um a chaga maligna que o acometeu da cabeça aos pés J ó 1.8-19).

IV - A MORDOMIA DO MEIO AMBIENTE
Em sua soberania divina, Deus tomou a decisão de criar um ser “à sua imagem” conforme “a sua semelhança”. Desde o princípio de todas as coisas, o Senhor sempre quis que o homem fosse o gestor dos bens terrenos, que lhe foram concedidos para a sua sobrevivência e ação positiva em favor da raça humana.

O Homem Tem Falhado na Mordomia d a T erra. Como mordomo dos bens naturais da terra, o homem tem falhado ao longo da História. Nos primeiros séculos, vivia num sistema simples em que não havia o dinheiro como conhecemos. Ele obtinha o que necessitava mediante troca direta, ou seja, mercadoria por mercadoria. Depois de um tempo, surgiu a mercadoria moeda, como o sal (daí a palavra salário), o gado, etc. Com o surgimento dos metais, surgiram as moedas de metal, que facilitavam em muito as trocas. A Bíblia registra esse período (Gn 23.15; Ex 38.29). Finalmente, o papel-moeda e, em seguida, os bancos, que facilitaram a vida das pessoas.

      Com o aumento da população, o homem passou a procurar mais mercadorias. Então, vieram as fábricas e as indústrias na cham ada Revolução Industrial, que se deu entre 1760 e 1830. As fábricas e indústrias passaram a produzir em excesso, e o comércio internacional surgiu. A economia, que antes era artesanal e rural, passou a ser industrial e expandiu-se para o comércio internacional. Mais bens e mais empregos surgiram. Porém, os processos industriais quase sempre poluíram o meio ambiente, as águas, o solo e o ar, causando doenças e enfermidades, com sérios prejuízos à qualidade de vida humana na terra.
     O interesse pelas riquezas materiais e pelo lucro financeiro levou o homem a não se preocupar com a conservação do meio ambiente com o que é chamado “desenvolvimento sustentável”, que assegura, já no presente, as boas condições de vida para as futuras gerações: “[...] o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males [...]” (1 Tm 6.10). As cidades facilitaram os meios de comunicação, bem como a interação entre as pessoas, porém destruíram muitas áreas de agricultura e pecuária. Na maioria dos países, a exemplo do Brasil, as cidades em geral são ambientes poluidores e dominados por estruturas de corrupção, imoralidade e violência sem controle.

       Jó disse: “Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos clama; e, contudo, Deus lho não imputa como loucura” (Jó 24.12 — grifo acrescentado). Em suma, os processos de urbanização e industrialização tornam-se poluidores e degradadores do meio ambiente até o dia de hoje. Quanto mais desenvolvido o país, mais poluídas tornam-se suas cidades. A

       Restauração da Terra. Em meio ao Universo imenso, Deus teve (e tem) um projeto especial para o pequenino planeta Terra. O seu plano original para a prosperidade espiritual e material do ser humano foi transtornado pelo pecado. Deus permitiu que o homem usasse mal o seu livre-arbítrio, desobedecendo a sua voz, e as conseqüências disso foram desastrosas, pois, além de perder a vida eterna, o homem perdeu a paz e a saúde, além de ter sido atingido pelo aguilhão da morte física.

      A Terra passou a ser visitada por Satanás e seus anjos caídos (Jó 2. 1,2). Ele não tem sequer a chave de sua morada-prisão eterna (Ap 1.18). Por ter acolhida entre os homens, o Adversário provoca tragédias espirituais, morais e físicas contra o ser humano, provocando guerras, conflitos e catástrofes naturais, que destroem o meio ambiente. Por não saber ou não querer fazer uso correto dos recursos naturais, movido por um sentimento de ganância e avidez pelos bens materiais, o homem tem deteriorado, o meio ambiente e também provocado desastres ambientais. Deus, entretanto, jamais será frustrado em seus planos e propósitos para com o Universo e o ser humano, que foi criado à sua imagem e semelhança. No seu tempo (gr. Kairós), Ele promoverá a restauração plena dós céus e da terra (Ap 21.1-5).
E tão séria a preocupação e o cuidado de Deus para com o planeta em que vivemos que Ele já vaticinou juízo sobre os que prejudicam a Terra. Deus destruirá “os que destroem a terra”. Está escrito: “E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e 0 tempo de destruíres os que destroem a terra” (Ap 1· 1. 1 8 - grifo acrescentado).

CONCLUSÃO

A Terra, bem como o Universo, pertencem a Deus. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares e a firmou sobre os rios” (Sl 24. 1,2). Deus jamais transferiu o domínio e a propriedade da Terra para qualquer ser. Porém, em seu plano divino, fez do planeta o habitat para o ser humano, criado à “sua imagem” e “semelhança”. No princípio da criação, antes de o pecado entrar no mundo, Deus deu ao homem domínio pleno sobre os reinos animal, vegetal e mineral, com autoridade para governar o mundo, como representante do Criador, mas o homem desobedeceu a Deus. E, como conseqüência, deu lugar a terríveis transtornos de ordem espiritual, moral e física sobre si próprio e sobre a natureza. O jardim do Éden, tão acolhedor, tornou-se hostil à presença do homem que acabou sendo expulso dele. Como juízo sobre o homem, Deus não o amaldiçoou, mas amaldiçoou a terra, que passou a sofrer desequilíbrios e catástrofes ecológicas e ambientais.. Porém, no fim de todas as coisas, a Palavra (te Deus diz que Ele restaurará plenamente todos os ecossistemas da Terra.

                                                                           Tempo, Bens e Talentos







ZPP Meio Ambiente: Cuidados Com A Natureza

Mais do que só cuidar dela, é preciso ter sabedoria para utilizá-la: afinal, a natureza nos proporciona também o alimento - a base para tantos sabores. E a sabedoria continua ao dar a destinação correta ao fim da vida dos produtos - principalmente das embalagens. Afinal, a reciclagem hoje é um sinônimo de vida sustentável.

Pensando em vida sustentável, a água também merece uma atenção especial. Este recurso vital é um dos responsáveis pela imensa biodiversidade do planeta - e uma das principais fontes de energia de nossa sociedade. O uso sem responsabilidade ou moderação pode causar a escassez deste importante bem - além de agravar o problema das mudanças climáticas e seus fenômenos. Além de economizar água em casa, usando o recurso de forma econômica nas atividades cotidianas, é importante saber que um simples papel jogado nas ruas da cidade contribui para entupir bueiros e galerias pluviais. Esses resíduos agravam o problema das enchentes e inundações quando ocorre uma chuva mais forte - e as consequências acabam voltando para nós mesmos.

Dentro de casa, podemos tomar outras atitudes simples, mas de grande impacto quando o assunto é a preservação do meio ambiente. De quebra, ainda podemos ter um efeito positivo na saúde de nossa família e de toda a comunidade. A reciclagem é o maior exemplo disso. Mais da metade do lixo que produzimos pode ser reciclado - atitude que gera inúmeros benefícios para o meio ambiente, melhora a vida nas cidades, gera renda de forma digna e sustentável para milhares de pessoas e ainda movimenta a economia. Separe metais, plásticos, papéis e vidros e informe-se sobre a existência do serviço de coleta seletiva na sua região. Caso ela não exista, entre em contato com a prefeitura para informar que essa é uma demanda da comunidade. Outra possibilidade é buscar cooperativas de catadores e combinar um dia da semana para que seja feito o recolhimento do lixo reciclável no seu prédio, na rua ou até mesmo no bairro.

Toda mudança de comportamento começa por pequenos atos, novas atitudes. Com o meio ambiente não poderia ser diferente: basta dar o primeiro passo.

Ajudando O Meio Ambiente


Há muitos anos ouvimos falar da degradação ambiental, do excesso de poluição na natureza causado pelo mau comportamento dos homens, do mundo consumista.

Isso acontece em razão da pouca conscientização que temos de que é fundamental preservar a natureza para continuarmos recebendo tudo que ela nos oferece de melhor, a começar pelo ar que respiramos.

Existem algumas atitudes que podem ajudar nessa preservação, que devemos seguir com grande afinco.

- Não jogue lixo nas ruas. Cada um deles possui um tipo diferente de matéria prima, que leva anos para se desmanchar na natureza. Um único chiclete leva cinco anos para se decompor.

- Não desperdice água. Escovar os dentes, fazer a barba e tomar banho são atitudes que podem ser feitas com grande economia de água, mantendo os registros fechados. Molhe a escova e feche a torneira, abrindo-a para enxaguar a boca; com a barba e o banho a mesma coisa.

- Separe o lixo. Quando o lixo é separado a coleta fica mais fácil, assim também deve ser com produtos que podem ser reciclados, para que o reaproveitamento da matéria prima seja viável.

- Evite usar materiais descartáveis. Não existem aterros sanitários suficientes para abrigar a quantidade desses materiais, que são utilizados com freqüência. Uma sacola grande, de palha ou tecido de algodão, carrinho de feira, poderá evitar o consumo de saquinhos de supermercado, um dos maiores poluentes da atualidade.

- Denuncie. Fábricas e pessoas têm jogado detritos poluentes em rios, lagos e mares, prejudicando as populações ribeirinhas, bem como os animais que vivem nesse ambiente. Algumas fábricas lançam fumaças pretas, contaminadas, o que carrega e polui o ar que respiramos.

- Não compre animais silvestres.
 Retirados de seu habitat natural, algumas espécies animais encontram-se em extinção, prejudicando a natureza, a sustentação de sua cadeia alimentar. Se alguém compra, as vendas tendem a continuar.

Existem várias formas de combatermos a destruição do meio ambientes, uma das principais delas é exercermos a nossa cidadania, agindo contra atitudes que desrespeitem a natureza, para que não tenhamos que enfrentar uma crise socioambiental.

 Por Que As Folhas Das Árvores Caem No Outono?


Trata-se de uma estratégia das plantas para se proteger do frio, reduzindo ao máximo seu gasto de energia.“Quando chega o outono e os dias começam a ficar mais curtos, a natureza está sinalizando às árvores que chegou o momento de modificar algumas de suas características”, afirma o biólogo Gilberto Kerdauy, da USP.

Com menos luz solar, a primeira alteração é parar de produzir clorofila, a substância responsável pela absorção do gás carbônico e sua transformação em carboidratos, usados na geração de energia para a planta. Com a diminuição da clorofila, as folhas das árvores tornam-se amareladas ou avermelhadas.

A planta começa, então, a produzir um hormônio chamado ácido abscísico. Ele se acumula na base da haste das folhas, o pecíolo, matando as células daquela região. O pecíolo acaba se rompendo e a folha cai, sem precisar mais ser alimentada pela árvore, que pode, então, usar essa energia para seu próprio aquecimento.

                   Principais desastres ambientais no Brasil e no mundo

Conhecidos também como catástrofes, os desastres ambientais ocorrem há centenas de anos em todo o planeta. Seja por um acidente ou mesmo por erro humano, esses acontecimentos deixam marcas significativas para os habitantes das regiões afetadas, bem como ao meio ambiente, cuja recuperação pode levar décadas ou séculos. A seguir, alguns dos principais desastres (de cunho nuclear, químico, derramamento de poluentes etc), em ordem cronológica, que causaram danos irreparáveis às populações de diversos países.

Tragédias no mundo

1945 - Bombas de Hiroshima e Nagasaki - lançadas pelos Estados Unidos contra o Japão, no fim da Segunda Guerra Mundial, essas duas bombas nucleares mataram, aproximadamente, mais de 200 mil japoneses. Num raio de um quilômetro do centro da explosão, quase todos os animais e plantas morreram devido às ondas de choque e calor.

1954 - Doença de Minamata - numa ilha localizada no sudoeste do Japão, os animais começaram a apresentar comportamentos estranhos. Em 1956, humanos passaram a ter as mesmas reações: convulsões e perda ou descontrole das funções motoras. Após estudos, verificou-se que a doença estava relacionada ao envenenamento das águas com mercúrio e outros metais pesados, infectando também peixes e mariscos.

1976 - Nuvem de Dioxina - na cidade de Seveso, na Itália, após explosão em uma fábrica de produtos químicos, foi lançada ao ar uma espécie de nuvem composta de dioxina (subproduto industrial gerado em certos processos químicos, como na produção de cloro e inseticida, bem como na incineração de lixo), que permaneceu estacionada sobre a cidade. Os primeiros impactos foram observados nos animais, que começaram a morrer gradativamente. Já os humanos passaram a apresentar feridas na pele, desfiguração, náuseas e visão turva, dentre outros sintomas.

1979 - Three Mile Island - conhecido como “Pesadelo Nuclear”, esse desastre ocorreu quando o reator de uma usina nuclear da Pensilvânia passou por uma falha mecânica, aliada a erro humano. Foram lançados gases radioativos em um raio de 16 quilômetros. A população não foi informada sobre o acidente; somente dois dias depois, foi retirada do local. Não houve mortes relacionadas ao acidente, e nenhum dos habitantes do local ou entorno tiveram sua saúde afetada.

1984 - Vazamento em Bhopal - um vazamento em uma fábrica de agrotóxicos despejou no ar da cidade de Bhopal, na Índia, mais de 40 toneladas de gases tóxicos. Após o acidente, a empresa abandonou o local, e mais de duas mil pessoas morreram pelo contato com as substâncias letais, e outras sofreram queimaduras nos olhos e pulmões.

1986 - Explosão de Chernobyl - a explosão de um dos quatro reatores de Chernobyl, na Ucrânia, foi o pior acidente nuclear da história, liberando uma radiação dezenas de vezes maior que a das bombas de Hiroshima e Nagasaki. Imediatamente, 32 pessoas morreram e outros milhares perderam a vida nos anos seguintes. A nuvem nuclear atingiu a Europa e contaminou quilômetros de florestas.

1989 - Navio Exxon Valdez - o petroleiro colidiu com rochas submersas na costa do Alasca e iniciou um derramamento sem precedentes (cerca de 40 milhões de litros de petróleo), contaminando mais de dois mil quilômetros de praias e causando a morte de cem mil aves. 1991 - Queima de petróleo no Golfo Pérsico - o ditador iraquiano Saddam Hussein ordenou a destruição de centenas de poços de petróleo no Kuwait. Foram lançados mais de um milhão de litros de óleo no Golfo Pérsico, e a fumaça da parte que foi queimada bloqueou a luz do Sol. Ao menos mil pessoas morreram de problemas respiratórios e animais foram infectados.

1999 - Usina Nuclear de Tokaimura - no nordeste de Tóquio, houve um acidente em uma usina de processamento de urânio. Centenas de operários ficaram expostos à radiação e tiveram, além de náuseas, o rosto, as mãos e outras partes do corpo queimados.

2002 - Navio Prestige - o petroleiro grego naufragou na costa da Espanha, e despejou mais de dez milhões de litros de óleo no litoral da Galícia, contaminando 700 praias e matando mais de 20 mil aves.

Desastres no Brasil
O Brasil também apresenta um vasto histórico de danos ambientais. Abaixo a lista dos principais acontecimentos:

1980 - Vale da Morte - o jornal americano batizou o polo petroquímico de Cubatão (SP) como “Vale da Morte”. As indústrias localizadas na cidade de Cubatão despejavam no ar toneladas de gases tóxicos por dia, gerando uma névoa venenosa que afetava o sistema respiratório e gerava bebês com deformidades físicas, sem cérebros. O polo contaminou também a água e o solo da região, trazendo chuvas ácidas e deslizamentos na Serra do Mar.

1984 - Vila Socó - uma falha em dutos subterrâneos da Petrobras espalhou 700 mil litros de gasolina nos arredores dessa vila, localizada também em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio destruiu parte de uma comunidade local, deixando quase cem mortos.

1987 - Césio 137 - um grave caso de exposição ao material radioativo Césio 137 ocorreu em Goiânia (GO). Dois catadores de lixo arrombaram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital, e encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul. O material foi levado a outros pontos da cidade, contaminando pessoas, água, solo e ar, e causando a morte de pelo menos quatro pessoas. Anos depois, a Justiça condenou por homicídio culposo os três sócios e um funcionário do hospital abandonado, mas a pena foi revertida em prestação de serviços voluntários.

2000 - Vazamento de óleo na Baía de Guanabara - um acidente com um navio petroleiro resultou no derramamento de mais de um milhão de litros de óleo in natura no Rio de Janeiro. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou duas multas à Petrobras, uma de R$ 50 milhões e outra de R$ 1,5 milhão, devido à morte da fauna local e poluição do solo em vários municípios.

2003 - Vazamento de barragem em Cataguases - o rompimento de uma barragem de celulose em Minas Gerais ocasionou o derramamento de mais de 500 mil metros cúbicos de rejeitos, compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica. Os rios Pomba e Paraíba do Sul foram atingidos, causando sérios danos ao ecossistema e à população ribeirinha. As empresas foram multadas em R$ 50 milhões pelo Ibama.

2007 - Rompimento de barragem em Miraí - uma barragem rompeu nessa cidade mineira, causando um vazamento de mais de dois milhões de metros cúbicos de água e argila. A empresa foi multada em R$ 75 milhões, mas os danos ainda permanecem evidentes.

2011 - Vazamento de óleo na Bacia de Campos - houve o vazamento de uma grande quantidade de óleo no Rio de Janeiro. A empresa americana Chevron despejou no mar cerca de três mil barris de petróleo, provocando uma mancha de 160 quilômetros de extensão. Animais foram mortos e o Ibama aplicou duas multas à empresa, totalizando R$ 60 milhões. A Chevron foi também obrigada a pagar uma indenização de R$ 95 milhões ao governo brasileiro pelos danos ambientais.

2015 - Incêndio na Ultracargo - um incêndio no terminal portuário Alemoa, em Santos, litoral Sul de São Paulo, gerou uma multa de R$ 22 milhões, aplicada pelo órgão estadual de meio ambiente à Ultracargo, por lançar efluentes líquidos em manguezais e na lagoa contígua ao terminal. Foram também emitidos efluentes gasosos na atmosfera, colocando em risco a segurança das comunidades próximas, dos funcionários e de outras instalações localizadas na mesma zona industrial.

2015 - Rompimento da barragem de Mariana - em 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), provocou a liberação de uma onda de lama de mais de dez metros de altura, contendo 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Em Minas Gerais, na última década, ocorreram desastres ambientais com mineração em Nova Lima (2001), em Miraí (2007), e em Itabirito (2014).

                                                                                       TEXTO

                                                                                                                     DARLY PRADO GONÇALVES


                                             


              Fungo atingiu 501 espécies de anfíbios no mundo
Levantamento revela que patógeno causou pandemia apontada como a maior da vida silvestre em toda a história

Artigo publicado na revista Science neste dia 29 de março descreve um esforço global relacionando o declínio em massa e em escala mundial dos anfíbios com o fungo Bd (Batrachochytrium dendrobatidis), também conhecido como quitrídio. A quitridiomicose panzoótica, doença causada pelo fungo nos anfíbios, é responsável pela maior perda de biodiversidade atribuível a um patógeno. Pela primeira vez, pesquisadores de diversos países – incluindo os brasileiros Felipe Toledo e Tamilie Carvalho, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp – realizaram uma compilação de dados tão abrangente a ponto de permitir dimensionar a escala real do impacto desta pandemia apontada como a maior da vida silvestre em toda a história.
A quitridiomicose ataca a pele dos anfíbios e acaba interferindo em seu batimento cardíaco, sendo que a transmissão se dá pela água ou contato direto entre os animais.
“Listamos 501 espécies de anfíbios impactadas pelo fungo, sendo que 90 estão extintas ou presumivelmente extintas. Nunca havíamos conseguido tantas informações sobre a doença no mundo, com uma amostragem de 25 países, apesar da falta de trabalhos em regiões como Ásia e África (onde obtivemos dados apenas de Tanzânia e Marrocos). Já sobre América, Europa e Austrália (Oceania), temos dados consistentes”, afirma o professor Felipe Toledo, do Laboratório de História Natural de Anfíbios Brasileiros (LaHNAB) do Departamento de Biologia Animal da Unicamp.
Tamilie Carvalho, pesquisadora do LaHNAB e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Unicamp, conta que o artigo na Science representa uma extensão do seu mestrado no IB, em que investigou quais espécies de anfíbios tinham sido afetadas no Brasil, sobretudo na Mata Atlântica, onde Holoaden bradei e Phrynomedusa appendiculata estão entre as extintas. “Meus dados entraram como parte da compilação que fizemos em todo o mundo, buscando correlacionar vários eventos que aconteceram principalmente nas décadas de 1970 e 80, quando foi alta a prevalência de quitridiomicose. Formamos assim uma tabela mostrando qual espécie declinou, o quanto declinou e qual a abrangência (se estava muito ameaçada, com a população reduzida, ou pouco ameaçada).”
Segundo os autores do artigo, os declínios de anfíbios atingiram o pico na década de 1980 e apenas 12% das espécies mostram sinais de recuperação, enquanto 39% continuam declinando, havendo o risco de surtos de quitridiomicose em novas áreas. Calcula-se que o patógeno tenha causado a extinção de 200 espécies, 15 delas no Brasil. Felipe Toledo e parte destes autores assinaram outro artigo na Science em maio do ano passado, apontando o Leste da Ásia como de provável origem do fungo letal e que sua proliferação teria começado há cerca de 100 anos, coincidindo com a expansão do comércio mundial da carne de rã. Os biólogos sabiam da existência e da patogenicidade do Bd desde os anos 1990, mas não de onde ele veio.

                     Fotos: Divulgação
O docente do IB atenta para as implicações do declínio de anfíbios do ponto de vista ecológico, já que eles ocupam papel central na teia alimentar, enquanto presas de mamíferos, cobras e aves, e predadores de insetos e invertebrados em geral. “Sem anfíbios, diminui o número de cobras e aumenta o de insetos. Temos os girinos, que se alimentam de algas e evitam a eutrofização – excesso de nutrientes que tornam a lagoa esverdeada e reduzem o oxigênio da água, causando a morte de peixes. Há consequências também para o ser humano, já que sapos comem gafanhotos (praga das plantações) e mosquitos (que trazem doenças). Sapos são ainda fontes de medicamentos: com base em seu veneno a indústria produz antidepressivos e, na Austrália, o quitrídio extinguiu uma espécie que era estudada para se chegar a remédios contra úlcera e gastrite.”
Toledo acrescenta que os pesquisadores procuraram verificar se todas as espécies afetadas apresentavam características em comum, como de ordem filogenética. “Espécies do mesmo gênero são mais atingidas que outras, como os sapos do gênero Atelopus, muito sensível à doença. Muitas das espécies de Atelopus foram extintas ou perderam mais de 90% da sua população na natureza. As espécies do gênero ocorrem desde o Brasil até a América Central e temos aqui duas ou três espécies, mas que são da Amazônia e ainda não estudamos, sendo um alvo de futuras pesquisas.”
De acordo com Tamilie Carvalho, ecologicamente, não há muita relação entre as espécies mais atingidas e o clima, seja tropical ou temperado. Ela aponta, no mapa de distribuição, que as incidências foram registradas nos trópicos da Austrália, região central da América Central e América do Sul, o que endossa a hipótese de que o Bd se espalhou da Ásia para o Novo Mundo. “Mas encontramos alguns padrões, como de que as espécies mais atingidas e ameaçadas são de anfíbios de maior porte, que estão em habitats aquáticos perenes para reprodução – são variáveis abióticas ou ecológicas que favorecem a disseminação do fungo.”
Outro aspecto relatado no artigo na Science é que os declínios foram menos severos para espécies que vivem em grandes extensões geográficas e de elevação – condições ambientais desfavoráveis para o fungo. “O artigo traz uma análise epidemiológica espacial e temporal da doença em todo o mundo, com dados que podem influenciar políticas de conservação voltadas, por exemplo, a espécies com menor distribuição geográfica, que são as mais atingidas e extintas”, diz Tamilie Carvalho. “Isso se repete na Mata Atlântica, onde as espécies são muito endêmicas (de poucos lugares), enquanto que na Amazônia há muitas espécies, mas encontradas na região inteira.”
Em relação à extensão temporal dos declínios, os pesquisadores ressalvam que a maioria das evidências é retrospectiva, visto que muitas espécies diminuíram antes da descoberta da quitridiomicose. “Existem mais espécies que as 501 que listamos, pois a maior parte foi afetada entre os anos 1970 e 1990, antes de sabermos da existência da doença. Certamente muitas foram extintas e não as vimos”, observa Felipe Toledo. “No gráfico temos um pico de extinções e depois uma redução, sobrando as espécies que são tolerantes ou que adquiriram imunidade. E podemos ter novos picos, uma vez que a doença também vai evoluindo com a mutação e a recombinação através de reprodução sexuada.”
Tamilie adianta que um trabalho interessante a ser desenvolvido é para tentar entender por que esses picos aconteceram, ou seja, quais são as variáveis que controlam esta oscilação ao longo do tempo e do espaço. O fato de as extinções coincidirem com o período das grandes mudanças climáticas, também oferece margem para análises futuras. Além da sinalização para que os estudos de conservação priorizem espécies mais endêmicas de pequena distribuição, o artigo evidencia que América Central e América do Sul são as regiões mais afetadas, abrigando 400 das 501 espécies listadas, e também são aquelas com maior riqueza de anfíbios no planeta.
Um fator crucial lembrado por Felipe Toledo, é que mais que o quitrídio, o homem é o principal destruidor de habitats de anfíbios, com a agropecuária, a expansão urbana e a poluição. “Os bichos são muito sensíveis a poluentes no ar, na água e no solo. Existe ainda a coleta excessiva desses animais para consumo humano, sobretudo na África e na Ásia, e uma das medidas em macro-escala para conter a disseminação do fungo seria o controle do comércio de rãs, que viraram moda nos anos 1980 e depois, quando ranários fecharam, foram simplesmente soltas no mato. O fungo, em si, é facilmente eliminado com medicamentos encontrados na farmácia, mas não podemos espalhar antifúngicos na natureza, matando também os fungos benéficos.”
                                                                                    TEXTO
                                                                                      LUIZ SUGIMOTO


                                          Resultado de imagem para Radiação: Chernobyl 1 X Ilhas Marshall 10


                                      Radiação: Chernobyl 1 X Ilhas Marshall 10

Foi nas ilhas que os Estados Unidos testaram suas bombas nucleares, 60 anos atrás.
Uma das 67 explosões de bombas nas ilhas | Crédito da foto: World Future Council
Mais de 60 anos depois dos testes americanos de bombas nucleares nas ilhas Marshall, na Oceania, a contaminação radioativa do lugar é imbatível.
Certas regiões das Ilhas Marshall são mais radioativas hoje do que os locais dos desastres nucleares de Chernobyl, na Ucrânia, que aconteceu há 33 anos, e de Fukushima, no Japão, que ocorreu há apenas 8 anos.
As Ilhas Marshall ficam na Micronésia, entre o Havaí e as Filipinas. Os testes nucleares foram feitos lá entre 1946 e 1958, durante a Guerra Fria, quando as ilhas estavam sob gestão americana por delegação da ONU. Quem morava nas áreas de testes foi removido para locais mais distantes. Hoje cerca de 75 mil pessoas vivem nas Ilhas Marshall.
Cientistas da universidade Colúmbia, de Nova York, testaram o solo das ilhas em busca de plutônio-239 e 240, e encontraram níveis de 10 a mil vezes superiores aos da Zona de Exclusão de Chernobyl e da região de Fukushima.
Os testes nucleares começaram aproximadamente um ano depois das bombas jogadas nas cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima, que mataram aproximadamente 200 mil pessoas.
Ao todo, foram feitos 67 testes nucleares. O maior deles foi da bomba de hidrogêneo chamada de Castle Bravo, com poder de destruição 1.000 vezes maior que a bomba de urânio Little Boy, que destroçou Hiroshima.
Os cientistas encontraram níveis de radiação gama externa particularmente elevados no Atol de Bikini e na ilha Baen do Atol de Rongelap. Examinando as frutas locais, sobretudo de coqueiros e pândanos, eles verificaram um nível mais alto do que o aceitável de Césio-137 em 11 ilhas.
Os pesquisadores desaconselharam a volta da população para os atóis de Bikini e Rongelap, para evitar exposição a radiação. Seus estudos foram publicados em três diferentes artigos no jornal PNAS.

                                                                                       Circuito D


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