segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Lição 6 - A mordomia da adoração




 A igreja local é uma comunidade de adoração a Deus. Nela, os salvos
em Cristo Jesus unem-se e reúnem-se para render culto ao Rei dos
reis e Senhor dos Senhores. No culto a Deus, sempre se destacou
o papel da adoração como atitude de exaltação, de louvor e de gratidão pelas
bênçãos derramadas sobre seu povo. No Antigo Testamento, o culto a Deus
teve início nos primórdios do relacionamento do homem com seu Criador. De
início, vemos que, ao desobedecer a voz de Deus, o primeiro casal perdeu uma
excelente oportunidade de exaltar ao Criador, preferindo ouvir a voz estranha
do Maligno. A conseqüência foi a tragédia provocada pelo pecado ao longo
dos séculos, resultado direto do afastamento do homem da presença de Deus.

       Tempos depois da criação, quando Adão e Eva já tinham filhos, Caim,
o primogênito, foi tentado a oferecer a Deus um culto que não lhe agradou,
enquanto Abel, seu irmão, foi aceito por Deus ao oferecer um sacrifício apro-
vado pelo Senhor. Aquela altura, os irmãos, certamente, já tinham um a idade
juvenil, pois um era agricultor, e o outro era voltado para a atividade pastoril
(cf. Gn 4.2). Ambos ofereceram sacrifícios a Deus daquilo que consideravam
o melhor de suas respectivas atividades. Deus aceitou a oferta de Abel, mas
rejeitou a de Caim. Por isso, por amarga inveja do irmão, Caim matou Abel,
cometendo o primeiro homicídio. Uma tragédia em meio à oferta de sacrifício
ou de um culto a Deus (Gn 4.1-8),

       O Senhor dá mais valor ao que está no coração do homem diante do altar
do que para aquilo que ele oferece. Ele não aceitou o sacrifício ou o culto de
Caim porque viu o seu interior e as intenções com que se apresentava. Diz o
texto da primeira epístola de João, relativo ao episódio do primeiro homicí-
dio: “Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que
causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irm ão, justas”
(1 Jo 3.12). Caim foi movido por sentimentos maus contra seu justo irmão.
Ele “era do Maligno”, ou seja, não tinha comunhão com Deus; antes, seguia
as propostas do Diabo em seu coração cheio de pecado. Em segundo lugar,
o texto diz que “as suas obras eram m ás”, e ele teve inveja do seu irmão a
ponto de matá-lo: “ [...] Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão,
justas”. Deus não aceita falsa adoração e nem culto movido por sentimentos
de interesse pessoal e carnal.

      Quando o povo de Israel passou pelo Egito, o culto a Deus foi grandemente
prejudicado. Com sua saída do Êxodo, o Tabernáculo, que Deus mandou
construir, centralizou o culto divino. Tudo no Tabernáculo tinha sentido
espiritual. Não havia cânticos ou música, mas, tempos depois, quando Davi
foi rei em Israel, o culto teve marcante presença de louvor e adoração com
música, além de instrumentos musicais dos mais diversos. J á com Salomão, o
Templo em Jerusalém foi estabelecido como o lugar único e santificado para
o culto a Deus. A adoração a Deus era desenvolvida com muita reverência e
santidade tanto no Tabernáculo como no Templo em Jerusalém.

       Infelizmente, porém, o povo de Israel, que era tão galardoado por Deus
com tão grandes sinais, prodígios e maravilhas em sua história, deu lugar à
desobediência e passou a oferecer um culto semelhante ao de Caim, ou seja,
com sacrifícios certos, porém com motivação e sentimentos errados, além de
misturar a adoração a Deus com culto a deuses estranhos, num a idolatria
que provocou a ira de Deus. E o resultado disso foi o sofrimento, os juízos
nos cativeiros pelos quais Israel passou na Assíria e em Babilônia. O culto
foi praticamente interrompido. O livro de Salmos mostra-nos essa situação:
“Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de
Sião. Nos salgueiros, que há no meio dela, penduram os as nossas harpas.
Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que
nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos
de Sião. Mas como entoaremos o cântico do S e n h o r em terra estranha?” (SI
137.1-4). No período pós-exílio, o culto a Deus voltou a ser realizado com
Esdras e Neemias, que restauraram o Templo e a cidade.

        No Novo Testamento, o culto a Deus continuou no Templo e nas sinagogas. No Antigo Testamento, a adoração era centralizada em Deus, pois não
se conhecia a pessoa de Jesus Cristo e nem a ação poderosa e m arcante do
Espírito Santo na vida dos adoradores. No entanto, com a morte de Cristo,
sua ascensão e a descida do Espírito Santo, podemos dizer que a adoração
mudou tanto o foco quanto a forma de praticá-la. No AT, só se podia oferecer
culto ou sacrifícios no Tabernáculo ou no Templo. No NT, Jesus trouxe outra
forma mais profunda e espiritual de adoração. Ele disse à mulher de Samaria:
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem”
Jo 4.23). Essa é a grande diferença do culto neotestamentário. A mordomia
da adoração é realizada “em espírito e em verdade”, e não no ritualismo e
no simbolismo do culto na Antiga Aliança.

I - O QUE É ADORAÇÃO

Na mordomia da adoração, essa palavra é por demais conhecida entre os
cristãos no sentido geral, no senso comum. Mas entender seu significado etimoló-
gico e gramatical resulta numa compreensão mais profunda da sua importância.
Adoração (lat. Adoratwnem), no sentido etimológico, significa: “Culto ou veneração
que se presta a uma divindade”.1 Também vem de a d t oris, “levar a mão à boca”,
em sinal de reverência, “adorar”. Na Bíblia, há algumas palavras básicas que
indicam o sentido da adoração, sempre como ato de profundo amor, elevado
respeito e reverência a Deus como Criador, Senhor e Supremo mandatário do
Universo. Adoração é crer que Deus é Único — subsistindo, porém, em três
pessoas distintas na Trindade Santa — e que só Ele deve ser adorado!

No Antigo Testamento. No Antigo Testamento, existe a palavra
shaha no hebraico, que ocorre mais de 100 vezes com o sentido de “curvar-se
diante” ou “prostrar-se” diante de Deus. O Senhor m andou Moisés, Arão,
Nadabe, Abiú e os 70 anciãos subirem ao monte e inclinarem-se de longe em
sinal de reverência e adoração (Ex 24.1); Gideão adorou a Deus depois que
teve a confirmação de que seria vitorioso (Jz 7.15); o Salmo 22, numa ante-
visão profética, prevê que todas as nações adorarão a Deus, ou seja, inclinar-
-se-ão perante a face do Senhor (SI 22.27). Esses são alguns dos exemplos no
AT em que “adoração” é representada pela palavra shaha. Há, ainda, no AT,
a palavra abad, que significa “adorar”, “trabalhar” ou “servir” a Deus (ver
2 Rs 10.19-23); há também a palavra aramaica sagad, que tem o significado
bem claro de “prostrar-se em adoração” diante de Deus (cf. Is 44.15,17,19;
Dn 2.46).

No Novo Testamento. Escrito em grego, o N T registra 59 vezes a
palavra grega proskyneo, com o significado de “prostrar-se” ou “adorar”,
“prestar homenagem a alguém”, “venerar”, “ser reverente’5, “beijar a m ão”.
Há a palavra grega Prokunein. Essa palavra está intimamente ligada a gónu
e gonupetéo, sendo o termo de sentido mais amplo. Em muitos sentidos, é a
palavra que mais responde à palavra portuguesa “adorar”. Todavia, são obs-
curas a etimologia e a história primitiva do vocábulo Proskunein, embora os
estudiosos favoreçam a vinculação etimológica com a palavra “beijo”. Con-
jectura-se que, na Grécia antiga, o ato de beijar o chãò era praticado como
meio de honrar as divindades terrestres. Por sua vez, isso envolvia um gesto
de inclinação ou prostração, que originalmente era estranho aos gregos em
outras atividades. Esse verbo, portanto, passou a significar “prostrar-se como
sinal de reverência”, “prestar homenagem”. E, visto que a adoração parecia
implícita nesse gesto desde o princípio, foi apenas natural que a palavra tam-
bém viesse a indicar a atitude interna de adoração.

        Quando os magos foram encontrar Jesus, disseram: “[...] Onde está aquele
que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos
a adorá-lo” (Mt 2.2). Em outras palavras, queriam dizer: “Viemos aqui nos
prostrar perante ele”. O texto bíblico diz: “E, entrando na casa, acharam o
menino com M aria, sua mãe, e, prostrando-se, 0 adoraram; e, abrindo os seus
tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2.11״־ grifo acres-
centado). As dádivas que os magos ofertaram em sua adoração demonstram
que eles reconheceram que o menino Jesus era, ao mesmo tempo, Rei Divino
(o ouro), Sumo Sacerdote (incenso) e Redentor, por causa de sua morte na
cruz do Calvário (Mirra).

Outras Palavras Relativas à Adoração

    Latreia. Tanto esse substantivo quanto a sua forma verbal, latreúo, le-
vam-nos a um a esfera inteiramente diferente daquela visada por gonupetéo e
Proskunein. O sentido básico desse novo vocábulo grego é o de salário ou de
um serviço mais geral prestado a alguém, embora sem a ideia conseqüente de
recompensa, no entanto, abarcando um conceito muito mais amplo do que o
de escravidão. Devemos pensar em algum serviço fisicamente prestado, como,
por exemplo, o oficio de um copeiro. Mas essa palavra também pode ser usada
para indicar os cuidados pelo corpo físico. Não se tratava de um termo reli-
gioso por exclusividade, apesar de podermos encontrar instâncias de uso dessa
palavra em conexão com o culto prestado aos ídolos. Parece, então, estar em
foco a preparação associada ao culto.

       O substantivo latreia é menos usado do que o verbo. É empregado quase que
exclusivamente para apontar à adoração cúltica, de modo geral ou específico,
por exemplo, a Páscoa em Êxodo 12.25,26. U m a característica notável, em
contraste com o uso geral do termo grego, é que seu uso não religioso foi quase
virtualmente abandonado. Todavia, latreia não é um termo muito geral por
um lado (o serviço prestado a Deus) e nem muito específico por outro lado (o
ministério sacerdotal). Simplesmente denota a adoração cúltica a Deus. Con-
forme se deduz do seu verbo cognato, em última análise repousa sobre uma
profunda autodedicação a Deus, com o impulso do amor e do santo temor.
O uso da palavra para indicar o ministério da oração ocorre nos escritos de
Lucas. Veja o caso de Ana (Lc 2.37), em que suas orações e jejuns faziam parte
integrante de sua adoração, e não meros adjuntos. E ainda há um a referência
similar em Atos 26.7. Isso contrasta com o uso veterotestamentário, em que
a oração não fazia parte integrante do culto. Dessa palavra, vem o term o
idolatria que é adoração a ídolos, o que é condenado por Deus.

Leitourgia . Ou liturgia; esse substantivo e o verbo leitourgéo estão eti-
mologicamente relacionados ao serviço prestado em favor de um povo ou
nação, isto é, o corpo político. Desde seus mais antigos exemplos, essas pa-
lavras têm certo sentido técnico no mundo grego. Elas aludem aos serviços
específicos que os ricos, de modo voluntário ou compulsório, prestavam à
cidade ou comunidade, de seu próprio bolso. No período imperial, essa pala-
vra assumiu um sentido ainda mais amplo, envolvendo todo o serviço oficial
compulsório prestado ao estado ou à comunidade.

      O uso cúltico predomina na LX X (Septuaginta, ou versão dos setenta,
que é a tradução do AT hebraico para o grego). Dentre cerca de cem usos
desse verbo na LXX, apenas alguns poucos casos são não religiosos, o que
também se dá com cerca dos 40 exemplos do substantivo. Ali não restam
traços do sentido clássico original da palavra, e mesmo o sentido geral da
mesma desapareceu medianamente. O objetivo da liturgia era Deus ou o seu
Tabernáculo. Assim, as funções sacerdotais tornam-se liturgias, quase sempre
no sentido literal da palavra. Seja como for, descobre-se certa aproximação
do desenvolvimento que já se pôde observar no tocante à palavra latreia.
Certamente, leitourgia não é a palavra usada para indicar as funções oficiais
efetuadas pelos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres da Igreja
Primitiva. Por conseguinte, se tal palavra foi usada em relação à Igreja, deve-se
evitar pensar que a mesma tenha implicações sacerdotais como, por exemplo,
alguma aplicação especial à Ceia do Senhor. Leitourgós é o termo usado para
indicar o próprio Cristo em Hebreus 8.2: “[...] como ministro do santuário
e do verdadeiro tabernáculo [...]”. O trecho de Hebreus 1.7 (cf. Látourgikós
em Hb 1.14) denota os anjos como instrumentos da vontade de Deus. Parece
que esse também é o sentido em Romanos 13.6, em que os governantes são
chamados leitourgói de Deus. Epafrodito aparece como um leitourgós ao trazer a
dádiva dos crentes de Filipos (Fp 2.25), pois era o agente que prestava serviço,
o executor de um a benfeitoria pública, ou serviço de um ato cúltico (Fp 2.30).

II - COMO ADORAR A DEUS
A adoração a Deus não se constitui somente em participar de um culto no
templo em que congregamos, muito menos cantar ou tocar um instrumento
musical. Não deve ser um a prática de contemplação estática e passiva, como
fazem adeptos de algumas religiões. A adoração a Deus deve ser vista como um
estilo de vida santa, porém ativa. Deve ser a conduta normal de alguém que
vive diariamente na presença de Deus, durante todas as horas e em todo lugar.

“ Em Espírito e em Verdade” . No encontro com a mulher sama-
ritana à beira da fonte de Jacó e em pleno sol do meio-dia, Jesus deixou seu
precioso ensino sobre como adorar a Deus de forma agradável e real. De-
pois que Jesus pregou para a mulher de forma surpreendente e quebrou as
barreiras raciais que imperavam entre os judeus e os samaritanos, a mulher
ficou profundamente impressionada com as palavras do Mestre e entendeu
que Ele era, de fato, um profeta (Jo 4.19). Em meio ao diálogo interessante e
intempestivo tanto para Jesus como para a mulher, ela fala como aprendera
sobre a adoração a Deus de seus líderes religiosos, e Jesus declara duas coisas
importantes sobre a verdadeira adoração: (1) onde se deve adorar a Deus; e
(2) como se deve adorar a Deus.

A mulher externou o que sabia sobre o lugar da adoração — que seria no
monte de Samaria, para seus patrícios ou em Jerusalém, para os judeus. Jesus,
porém, disse de modo bem claro: “ [...] Mulher, crê-me que a hora vem em
que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que
não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade” (Jo 4.21-24). Não adianta nada o crente cantar ou dar brados de
louvor se o seu coração não estiver realmente voltado para Deus, ou seja, se
não estiver em comunhão com Ele. Além de adorar “em espírito”, o cristão
também precisa adorar “em verdade”, isto é, o que ele canta com os lábios
tem que estar em harmonia com o que sente em seu interior.

       Em muitas igrejas ditas evangélicas e pentecostais, há um a verdadeira
profanação e mistificação desonesta da adoração a Deus. H á exibição de
todo tipo de práticas espúrias e contrárias à verdadeira adoração. N a mídia,
infelizmente, são vistos espetáculos deprimentes de deturpação do sentido da
adoração que agrada a Deus. Pastores sem o menor escrúpulo aproveitam-se
da boa-fé e das carências espirituais, emocionais e físicas de tantas pessoas,
prometendo bênçãos em troca de dinheiro, da venda de objetos e produtos
ditos milagrosos que, dizem eles, são “ungidos” por Deus. Sem o menor te-
mor, oferecem “pedras ungidas” do Jordão, “pedras do Monte Sinai”, “água
ungida” (benta) e, descaradamente, há quem se diz pastor e oferece “vassouras
ungidas” para varrer todos os males da casa, cobrando preços absurdos, ou
então “lâmpadas ungidas” com o pretenso poder de afastar os demônios, ou
ainda o “sal ungido”, além de outros itens dessa vergonhosa deturpação do
culto a Deus. Para vergonha do nome do Evangelho de Cristo, esses obreiros
“de torpe ganância” (1 Tm 3.3,8; T t 1.7) esquecem ou ignoram o que Jesus
ensinou: “Deus é Espírito, e im porta que os que o adoram o adorem em
espírito e em verdade” Jo 4.24).

Como “ Culto Racional” . Escrevendo aos cristãos que estavam em
Roma, Paulo deu um a exortação de grande valor para que se entenda como
se deve cultuar a Deus. Ele expressou seu ensino de modo quase dramáti-
co, em tom de súplica e rogos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de
Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). O culto racional não deve
ser entendido como expressão do racionalismo humano, em que a razão
sobrepõe-se à fé. De forma alguma! Significa um culto “com razão de ser”,
com motivação espiritual, com realismo e sinceridade profundos. E um culto
ou adoração em que o “homem interior” — espírito-alma (Rm 7.22) — e
o “homem exterior” — o corpo (2 Co 4.16) — integram-se em seus senti-
dos, emoções e atitudes e ficam reverentemente prostrados diante de Deus.
Trata-se de um culto de glorificação ao Senhor: “ [...] glorificai, pois, a Deus
no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6.20).

       Quando o crente oferece a Deus um a adoração ou um “culto racional”,
significa que ele é um a pessoa plenamente convertida, lavada, remida e salva
por Cristo Jesus. Nessa condição, é uma pessoa santificada pelo Espírito Santo,
de tal forma que ele não admite oferecer um culto a Deus e, ao mesmo tempo,
agradar ao mundo. Como resultado, o fiel passa a experimentar a vontade
de Deus em sua vida de forma plena. O apóstolo reforça sua exortação aos
adoradores e acentua o motivo para que se deve adorar de modo racional,
dizendo de forma enfática e incisiva: “E não vos conformeis com este mundo,
mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2 — grifo acrescentado).

Com uma Vida de Amor e Serviço a Deus. O verdadeiro adorador é um servo de Deus. Já vimos que, no AT, a palavra abad significa
“adorar”, “trabalhar’’ ou “servir” a Deus (ver 2 Rs 10.19-23). No Novo Tes-
tamento, existe a palavra latreuo, que significa “prestar um serviço religioso
ou honra a Deus” (cf. At 24.14b; Fp 3.3). N ada na igreja cristã tem valor se
não for realizado com amor. Primeiro, e acima de tudo, o crente deve am ar
a Deus, que é o maior dos mandamentos, conforme Jesus ensinou: “E Jesus
disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37). Em segundo lugar, o cristão
deve amar o próximo como a si mesmo (v. 39). Essa dupla direção do amor
é a base e a essência do cristianismo. Nada tem valor se não for feito para
Deus com amor. E é grande o prejuízo para a vida cristã se não houver amor
no relacionamento com o próximo. Quem ama a Deus adora-o “em espírito
e em verdade” e nada faz para desagradá-lo. Ao mesmo tempo, o crente
precisa amar o próximo como a si mesmo. Não se pode am ar a Deus e abor-
recer a seu irmão. João diz que é mentiroso quem assim procede (1 Jo 4.20).
Um crente que aborrece a seu irmão, além de não ser salvo, é mentiroso. Sua
adoração jamais será recebida por Deus em seu trono.

III - GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS
Na mordomia da adoração a Deus, o crente pode ter a reverência no interior
de seu ser, mas o adorador demonstra seu ato de profundo amor a Deus com
gestos concretos que revelam seu sentimento interior de profunda reverência
ao Ser Supremo “em espírito e em verdade”. Os gestos mais comuns expressos
pelos verdadeiros adoradores são:

Ajoelhar-se e Prostrar-se. Quando o adorador prostra-se diante de
Deus, sempre o faz para orar. N a inauguração do Templo em Jerusalém, Saio-
mão pôs-se de joelhos diante de todo o povo e adorou a Deus: “Sucedeu, pois,
que, acabando Salomão de fazer ao S e n h o r esta oração e esta súplica, estando
de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do al-
tar do S e n h o r ” (1 Rs 8.54). Depois que falou para os anciãos de Éfeso, Paulo
pôs-se de joelhos: “E, havendo dito isto, pôs-se de joelhos e orou com todos
eles” (At 20.36). Ele demonstrou que se ajoelhou ali perante todos os irmãos
como um gesto de adoração a Deus. No Novo Testamento, como vimos, há
os termos Gónu e Gonupetéo. São palavras usadas na Bíblia para denotar o ato
de ajoelhar-se, mas também indicam o ato de prostrar-se. Essas palavras são
importantes porque descrevem um gesto de adoração que também simboliza a
atitude interna. A genuflexão (flexão do joelho; ajoelhar-se) era um ato comum
no Antigo Testamento. O ato era empregado, principalmente, em conexão
com a oração a Deus (Lc 22.41), com petições feitas ao Senhor (Mt 17.14),
com saudações ao mestre (Mc 10.17) e com homenagens prestadas ao rei (Mt
27.29), a Baal (Rm 11.4), ao Juiz divino (Rm 14.10,11) ou a jesus em suas ma-
nifestações públicas como Senhor (Fp 2.10). Tal gesto era uma expressão de
humildade, necessidade, respeito, submissão e adoração. Na Igreja Primitiva,
o ato de ajoelhar-se era usado na oração individual e na oração pública.

       Jesus prostrou-se diante do Pai em adoração e súplica: “E, indo um pouco
adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível,
passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”
(Mt 26.39). Jairo prostrou-se aos pés de Jesus (Mc 5.22); Pedro prostrou-se aos
pés de Jesus quando viu o milagre da pesca maravilhosa. Foi um ato de temor
reverente e adoração (Lc 5.8). Em todos esses momentos, vemos a adoração a
Deus em reconhecimento de sua soberania, poder e divindade.

Louvar, Cantar e Glorificar a Deus. No reinado de Davi, o culto
teve a introdução de instrumentos musicais e do cântico coral e congregacio-
nal. Davi mandou preparar e selecionar 4 mil cantores, que se revezavam em
turnos (1 Cr 23.5,6), com acompanhamento de instrumentos musicais dirigidos
por 288 maestros (1 Cr 25.7). Os salmos são expressões de adoração a Deus
através do cântico: “Louvar-te-ei na grande congregação; entre muitíssimo
povo te celebrarei” (SI 35.18); “Bom é louvar ao S e n h o r e cantar louvores
ao teu nome, ó Altíssimo” (Sl 92.1); “E todo o povo o viu andar e louvar a
Deus” (At 3.9). Na igreja, a adoração a Deus também se expressa com cân-
ticos e hinos de caráter espiritual. E tão grande o sentido e o significado do
louvor que a Bíblia diz: “Porém tu és Santo, o que habitas entre os louvores
de Israel” (Sl 22.3).

       Paulo exorta os crentes de Colossos a praticarem um a verdadeira adoração
a Deus de forma consciente e profunda, não apenas no ato de cantar em si,
mas também num contexto mais amplo e significativo: “E a p a z de Deus, para
a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede
agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedo-
ria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, corn salmos, hinos e cânticos
espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3.15,16 — grifos
acrescentados). Observe que o louvor ensinado por Paulo envolve “a paz de
Deus”, a gratidão e, acima de tudo, “a palavra de Cristo” com sabedoria e
admoestação, com louvores e “com graça” nos corações. Como isso é diferente
do que vemos hoje em dia em alguns cultos ou shows gospel, em que a honra e
a glória são devotadas a cantores, bandas e “celebridades”!

       A Palavra de Deus diz: “Dai ao S e n h o r a glória devida ao seu nome; adorai
o Senhor na beleza da sua santidade” (Sl 29.2); “Adorai ao S e n h o r na beleza
da santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra” (Sl 96.9); “Di-
zendo com grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora
do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das
águas” (Ap 14.7). Devemos glorificar a Deus com todo o nosso ser (1 Ts 5.23),
ou seja, tanto o interior quanto o exterior: “O u não sabeis que o nosso corpo é
o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não
sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois,
a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co
6.19,20). A adoração por meio do louvor e dos cânticos é tão importante que é
o único ministério que continuará nos céus. A pregação, o ensino, a ação social,
tudo isso deixará de existir, mas os hinos de adoração a Deus continuarão a ser
entoados. João viu os 24 anciãos em adoração, louvando a Deus: “E cantavam
um novo cântico, dizendo: Digno és de tom ar o livro e'de abrir os seus selos,
porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda
tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes;
e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5.9,10).

O Sacrifício de Louvor. No Antigo Testamento, os adoradores ofe-
reciam diversos tipos de sacrifício, incluindo animais, incenso, cereais, etc.,
mas são nos salmos que vemos uma exortação sobre a natureza do verdadeiro
louvor a Deus. Essa exortação cabe, perfeitamente, na visão que devemos ter
quando adoramos a Deus, a saber: não podemos ter qualquer atitude, gesto
ou ação que seja banalizada ou que desvalorize a adoração. Adorar a Deus
deve ser uma atitude equivalente a um sacrifício, algo que tenha valor, e não
uma mera formalidade ou exibição de técnica. Diz o salmista: “Oferece a
Deus sacrifício de louvor e paga ao Altíssimo os teus votos” (SI 50.14).

      No mesmo salmo, vemos que quem adora com “sacrifício de louvor”,
verdadeiramente, glorifica a Deus: “Aquele que oferece sacrifício de louvor me
glorificará; e àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação
de Deus” (SI 50.23). No Novo Testamento, o autor aos Hebreus também tem
a convicção de que devemos adorar ao Senhor e oferecer a Ele “sacrifício de
louvor”: “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor,
isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15).

      Nos dias atuais, com a influência do chamado “movimento gospel, o louvor
e a música têm sido usados de forma bem evidente para exaltar e glorificar
“artistas” ou “levitas” (sic) e para propagar a exibição de bandas gospel e ou-
tros grupos musicais. Diante dessa visão deturpada, ajuntam-se multidões em
templos, estádios ou praças para assistirem os shows gospel. No entanto, quando
a adoração é “em espírito e em verdade” e para a glória de Deus, somente
Ele é o espectador! Os que cantam ou tocam devem ser, de fato, adoradores,
e não “artistas” ou “celebridades”.

        Pior que a busca pela glorificação pessoal ou de grupos é a motivação pela
ganância de lucros financeiros. Isso é terrível! Estabelece-se u m verdadeiro
“mercado gospeI\ em que o louvor ou a pregação tornam-se “produtos” que
dependem da “oferta” e da “procura” nesse “mercado”. Nesse ambiente, o
produto tem um preço em forma de “cachê”. Se o cantor for humilde, pouco
conhecido, ele cobra pouco. Se for uma “celebridade”, cobra um cachê tão
alto que poucas igrejas conseguem pagar. Pergunto eu: “Um cantor só atende
a um convite se receber dois ou três mil reais por noite. Mas onde é que está o
‘sacrifício de louvor’ nisso?!”. Como ex-professor de Economia, ensinei a meus
alunos que, quando a oferta é maior do que a procura, o preço do produto
diminui; quando a procura é maior que a oferta, o preço do bem aumenta.

       É lamentável ver que essa lei também se aplica ao espaço da adoração cristã,
desvalorizando o sentido e a natureza do culto a Deus! Há, porém, exceções
no meio cristão. Existem cantores e pregadores que oferecem um verdadeiro
sacrifício a Deus com os talentos que lhes são concedidos pelo Senhor.

CONCLUSÃO

Na mordomia da adoração cristã, todos os crentes devem ter consciên-
cia de que Deus é o Senhor dos senhores, o Rei dos reis e o Supremo Juiz
do Universo. Ele é a autoridade suprema nos céus, na terra e na Igreja. Ao
entrarmos em sua presença, devemos assumir uma postura de reverência e
temor. Toda a glória, honra e louvor devem ser dirigidos somente a Deus,
a Jesus Cristo e ao Espírito Santo. Diz o salmista: “Dai ao Senhor a glória
devida ao seu nome; adorai o Senhor na beleza da sua santidade” (Sl 29.2).
Deus não habita em templos “feitos por mãos de homens” (At 17.24), mas
“habita no meio dos louvores de Israel” (Sl 22.3). Desse modo, os crentes
em Jesus, na condição de adoradores, têm grande responsabilidade perante
Deus e os homens de demonstrar que reverenciam e proclamam o nome do
Senhor para todas as nações.

1 BOYER, Orlando. Pequena enciclopédia bíblica, p. 24.


Elinaldo Renovato
TEMPO, BENS
E TALENTOS




                                        A Adoração Falsa e A Verdadeira 

A ADORAÇÃO VERDADEIRA
 João 4:23,24

 Quando refletimos sobre a adoração a Deus, geralmente imaginamos algo que emana de nós a fim de expressarmos louvor às qualidades dEle. Seja na música, serviço, oração ou outra forma de expressarmos adoração, pensamos que o louvor é próprio de nós. A pergunta é: A adoração verdadeira é produzida pelo homem e dada com os devidos merecimentos ao único Deus vivo e verdadeiro? Será que é essa a verdadeira adoração que Deus deseja receber do homem?

 O Que Significa a Palavra “Adoração”?

O dicionário Aurélio define adoração como culto a uma divindade; culto, reverência e veneração. O mesmo dicionário define o verbo adorar como render culto a (divindade); reverenciar, venerar (Dicionário Aurélio Eletrônico). As palavras que definem adoração no Velho Testamento significam: ajoelhar-se, prostrar-se (#7812, Strongs), como em Êx. 20:5. As palavras que definem adoração no Novo Testamento significam: beijar a mão de alguém, para mostrar reverência; ajoelhar ou prostrar-se para mostrar culto ou submissão, respeito ou súplica (#4352, Strongs), como em Mat. 4:10 e João 4:24. A Adoração, então, é uma atitude de extremo respeito, inclusive ao divino, que se expressa com ações singulares de reverência e culto.

Qual é a Base da Definição da Adoração Verdadeira?

Seria um grande engano achar que toda e qualquer expressão verdadeira de adoração é oriunda do homem. Do homem não 7 pode emanar a verdade pura. O homem possui um coração enganoso e uma mente limitada (Jer 17:9; Isa 55:8,9). Essas duas coisas geram um erro que não é percebido facilmente pelo homem, especialmente quando a maioria ao seu redor está envolvida no erro (II Tim 4:3,4). Não é sabedoria colocar base de sustentação naquilo que é enganoso e limitado. Devemos usar o que é firme e eterno. Se essa sustentação não vem do homem, tem que vir do que não é contaminado pelo homem. Somente a Bíblia, por ser dada pela inspiração do Espírito Santo, é a base firme para estipular o que é a adoração verdadeira. Se a Bíblia por escrito for a base; ela será a base “mui firme” (II Pedro 1:19; Heb 4:12). Se as Escrituras Sagradas forem a nossa única regra de fé e prática, então tudo o que não estiver de acordo com elas será julgado como falso (Isaías 8:20). Não é válido estipular apenas uma parte exclusiva da Palavra de Deus para a nossa sustentação a respeito do que seja a adoração verdadeira, pois “Toda a Escritura é inspirada e proveitosa” (II Tim. 3:16; Rom. 15:4). Por ser a Bíblia completamente dada por Deus, é ela que define para nós o que é a adoração verdadeira.

As Naturezas Distintas da Verdade e do Amor

Existe verdade e a natureza dela é única, exclusiva e eliminatória. A verdade proclama: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.” (Isaías 8:20). A doutrina repreende, exorta, corrige, instrui, reprova com o intuito de que haja aperfeiçoamento e obediência “boa” (II Tim 3:16,17; 4:2-6). O ensinamento pela Palavra de Deus pode dividir (Heb 4:12, “mais penetrante que espada alguma de dois gumes”; Mat. 10:34; Atos 14:1-4). Em razão de a Bíblia ser o entendimento verdadeiro, aquele que retém as Suas palavras odiará todo falso caminho (Sal 119:104, 128). Se pretendemos agradar a Deus, temos que nos separar dos que não andam segundo a verdade (ou na igreja - Rom 16:17; I Cor. 5:11; II Tess 3:6, 14; ou no mundo - II Cor 6:14-18; I Tim 6:3-5). Deus pergunta ao Seu povo, “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3:3). O apóstolo Paulo indaga à igreja de Deus em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia, “que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?” (II Cor. 6:14-16). As respostas são claras, pois a verdade é única, exclusiva e eliminatória.

Todavia, o amor, por natureza, é inclusivo. O amor (#26, ágape: afeição e benevolência, Strong’s) é sofredor, não se irrita, nem suspeita mal. Este amor bíblico sofre e suporta tudo (I Cor 13:4-7) e cobre uma multidão de pecados (I Pedro 4:8). A natureza deste amor “ágape” dá valor àquele que não o merece. Quando este amor for ativo (#25, agapao, amor num senso moral e social, Strong’s) a misericórdia reinará (Rom. 9:25; Efés. 2:4). Podemos observar este amor (#25) em ação: Deus amou Cristo (João 17:24) e o mundo (João 3:16), Jesus amou os Seus discípulos (João 13:1; 15:9; Gal. 2:20; Apoc. 1:5), os discípulos devem amar os outros discípulos (João 13:34; I João 3:11-14; 4:7), os esposos devem amar as suas esposas (Efés. 5:25,28; Col. 3:19) e nós 9 devemos amar os nossos próximos e inimigos (Mat. 5:43,44; Rom. 13:8,9).

 O servo que anda com a verdade não precisa de forma alguma desistir de amar. Mas há diferença entre o amor e a participação com o erro. O amor equilibrado andará junto com a verdade, nunca em oposição a ela (João 14:15). O amor verdadeiro nos leva a cuidar de todos os que estão no erro, para que eles odeiem o seu erro (Judas 1:23; Lev 13:56,57; I Cor 5:5; II Cor 6:14-18; Heb. 1:9; 12:5). O Apóstolo Paulo tinha amor pelo povo de Israel e esse íntimo amor desejou que eles andassem segundo a verdade (Rom 10:1; 11:14). Deus, o Amor verdadeiro, levou-nos à Verdade (Cristo) para nossa salvação do pecado (Efés 2:4-7). Para podermos entrar no Amor (Cristo), nosso erro tinha que ser deixado de lado (arrependimento). Agora, para andarmos santos, por amor a Deus, somos constrangidos à obediência (II Cor. 5:14), a suportar um ao outro (Efés. 4:2) e a deixar o erro (II Cor 5:14; 6:14-18). O andar em obediência tornou a ser o nosso culto racional em amor (Rom 12:1). O amor (#26, ágape), mesmo inclusivo, é equilibrado pela verdade que é exclusiva. Somente existe crescimento quando o amor é acoplado com a verdade (Fil. 1:9; Efés. 4:15, 16; II Pedro 1:5-7), pois o amor é o “vinculo da perfeição” (Col. 3:14) e leva às boas obras (Heb. 10:24). O amor verdadeiro não se isenta da fé, da justiça, da perseverança, da piedade, da santificação, da obediência ou do poder espiritual, mas é aperfeiçoado nestes (I Tim. 1:5; 2:15; 4:12; 6:11; II Tim. 1:7; 2:22; 3:10; Tito 2:2; I João 2:5; 4:18; II João 6). Pelo amor aceitamos todas as pessoas como elas são, e, pelo mesmo amor, encorajamos-lhes a andarem na luz, pela verdade. Nisso entendemos que o amor não é inimigo da verdade quanto menos a verdade do amor.

A Adoração Falsa Existe
· Existe adoração sem santidade, mas não é adoração verdadeira. Nos últimos dias, como nos dias passados, falsos profetas virão (Mat. 24:24; II Tim 3:1-8). Os falsos adoradores têm somente uma aparência de piedade (II Tim. 3:5), mas, na realidade, negam a eficácia dela. Olhando além da aparência, as vidas públicas e íntimas dos falsos adoradores revelam uma atração maior e dominante para os deleites do mundo do que para agradar ao Santo Deus (II Tim. 3:4). Eles carregam as suas Bíblias, estudam-na (II Tim. 3:7), mas eles não conhecem a obra do Espírito Santo nas suas vidas (João 14:26; 15:26), que leva ao conhecimento e à verdade (II Tim. 3:7) ao ponto de seguir a verdade dos apóstolos (II Tim. 3:10). Esses falsos adoradores querem somente as coisas aprazíveis (Isa 30:10), as fábulas (II Tim 4:3,4) e frequentemente apregoam tradições de homens como se fossem mandamentos de Deus (Mar 7:7,9). São réprobos quanto àquela fé que uma vez foi dada aos santos (II Tim. 3:8; Judas 1:3,4). Resumindo, se o seu conhecimento da Palavra de Deus não o leva a ter uma vida nova, que zela pela santidade, e uma santidade que influi tanto a vida pública, quanto íntima, você ainda não está adorando a Deus em espírito e em verdade. Se o fruto do Espírito Santo não está evidente na sua obediência à doutrina (II Tim. 3:10), você está exercitando-se em adoração falsa. A adoração na forma correta leva à substância da verdade e ao aperfeiçoamento real (II Tim 3:16,17). Os que querem 11 adorar em espírito e em verdade devem afastar-se daqueles que não têm a eficácia da piedade (II Tim. 3:5).

· Existe adoração com os lábios, mas não com o coração. Tal adoração é falsa. Essa adoração pode ter uma aparência impecável, como se o povo estivesse chegando a Deus e assentando-se diante dEle, como sendo o Seu povo verdadeiro, ouvindo as Suas palavras, quando na verdade, seus corações seguem o pecado (Isaías 29:13; Ezequiel 33:31; Mat. 6:7; 7:21-23; 15:8; Atos 8:21). Isso é nada mais ou nada menos que uma adoração falsa. Em Isaías 1:2-18, o povo de Israel tinham holocaustos abundantes (v. 11-13), com uma aparente aproximação de Deus (v. 12). Eles praticavam oblações e reuniões solenes (v.13), orações constantes e o levantar das mãos (v. 15), mas, em tudo isso, não tinham um reconhecimento da grandeza de Deus nos seus corações, nem uma obediência em amor (v. 15, “porque as vossas mãos estão cheias de sangue”). Toda essa adoração, que o povo aceitou largamente, era vista por Deus como iniquidade, vaidade, abominação, cansaço e maldade (v. 13-16). 
Para revelar que aquela adoração não era adoração aceitável diante de Deus, Ele escondeu os Seus olhos deles (v. 15). A adoração ocupou todos os lábios do povo, mas o coração deles estava longe de Deus. Não há adoração verdadeira se não tiver obediência de um coração singular e temente a Deus (Jer 9:23,24). Tudo isso é uma lição para nós (Rom. 15:4). Verifique a sua adoração. Está mais nos lábios para com os homens do que no coração para com Deus? Pode ser que os falsos adoradores andem religiosamente com uma bonita multidão, mas tal adoração, para com Deus, é uma iniquidade, cansaço, vaidade e uma maldade. Quem é que você quer agradar? Se quiser andar entre os adoradores verdadeiros, peça que Deus sonde o seu coração e o instrua no caminho eterno, Cristo no coração (Sal 139:1,23,24; Prov. 23:26; Isaías 1:16-18). Somente aquela adoração que vem de um coração sincero, preparado pelo Espírito e estabelecido na verdade, é a adoração aceitável ao Senhor Deus e praticada no céu (Josué 24:14; João 4:24; Apoc. 4:9-11).

· Existe adoração com a letra da lei, mas não com o espírito da lei. Zelar pelas regras, mesmo as mais rígidas e absurdas, em vez de inteirar-se com um espírito da adoração, parece ser fácil. Isso acontece entre os religiosos, com uma adoração falsa, e, até entre os que têm a forma correta de doutrina. A igreja em Éfeso, que era uma igreja com doutrina verdadeira, não foi corrigida por zelar pela doutrina, mas por não incluir o espírito da adoração na sua doutrina. Deixaram o seu primeiro amor (Apoc. 23:1-7). Se aconteceu com aquela igreja naquela época, pode acontecer entre nós hoje. Os Fariseus eram religiosos que faziam tudo pela lei com a esperança sincera de deixar Deus o mais alegre possível. Socialmente eram bem aceitos. Religiosamente também. A cerimônia da sua adoração era exatamente conforme a lei que Deus estipulava, mas, mesmo assim, era uma adoração falsa. Por quê? Porque deixavam o espírito da lei desfeito (Mat. 23:23). 

Na cerimônia (Mat. 23:1-12), pela letra da lei, muitas vezes em adoração, faziam “prolongadas orações” (v. 14), evangelismo fervoroso (v. 15), um dízimo sério (v. 23) e vidas corretíssimas (v. 25). Todavia, com todo o esforço expedido na sua adoração, o espírito da lei foi contrariado. Deus, a Quem deviam praticar essas ações, julgou-os 13 hipócritas (v. 14), condutores cegos (v. 16), insensatos (v. 17) serpentes, raça de víboras, (v. 34) condenadores (v. 35) e enganadores que invertiam valores (v. 19-22). Tais palavras de descrição revelam o grau de falsidade: quanto ao zelo e à letra da lei, esta não era adoração verdadeira. A maior evidência da sua falsidade foi quando a própria pessoa da Verdade presenciou os que adoravam por meio da letra da lei, vindo a zangar-se. No fim da história, crucificaram a Verdade, que cumpriu toda parte da lei (João 8:46), para que pudessem continuar em adoração pela letra da lei (Mat. 26:57-68; 27:1). Não podemos classificar como adoração verdadeira aquela que dê primazia à letra da lei, ao abandono do espírito da lei. Que tenhamos a adoração verdadeira que é correta tanto em espírito quanto em verdade (João 4:24)!

 · Existe adoração com ignorância a respeito da verdade de Cristo, por isso é tida como adoração falsa. Jesus, na sua conversa com a mulher Samaritana, chegou a dizer a ela que os Samaritanos adoram o que não sabem (João 4:1-24, v. 22). A instrução de Cristo é: se não estiver adorando em espírito e em verdade a pessoa de Cristo, na verdade, não está adorando ao agrado do Pai (João 4:24). Os Samaritanos também eram Judeus, mas uns Judeus que tinham linhagem e doutrina consideradas poluídas pelos Judeus de Jerusalém (João 4:9, Zondervan Bible Dictionary, p. 747). Sendo Judeus, não eram sem conhecimento intelectual do Messias, mas eram ignorantes de Cristo por não O aceitarem como o Messias, igual aos Judeus em geral. A sua adoração abrangia fatos e cerimônias, mas não tinha o alvo correto: a pessoa de Cristo. Eram sem a verdade de Cristo e, portanto, as suas atividades religiosas eram uma adoração ignorante (João 4:22,23). 

Jesus disse que os Fariseus erraram da mesma maneira, pois os seus ensinamentos exteriorizavam uma ignorância tremenda da verdade de Cristo como o Filho de Deus (Mat. 22:29, “Errais, não conhecendo as Escrituras”). Por não ser uma adoração baseada somente na verdade de Cristo, todos os aparatos religiosos dos Fariseus eram classificados por Jesus Cristo como errados. O Apóstolo Paulo notou também a existência de adoração com ignorância entre outros povos. Em Atenas, capital da mitologia, não faltava adoração. A adoração dos Atenienses tinha forma, deidades, sacrifícios, tradição, lógica e antiguidade. 
Todavia, pela inspiração do Espírito Santo, tudo isso não era uma adoração, mas uma superstição (Atos 17:22,23) por ser dirigida “AO Deus DESCONHECIDO”. Foi uma adoração falsa e supersticiosa por ser falha com a verdade da pessoa e obra de Cristo. Destes exemplos podemos aprender: Se a adoração não está correta no tocante à verdade de Cristo, é adoração falsa. O eunuco de Etiópia atravessou países em busca da adoração (Atos 8:27). Não obstante toda sua sinceridade e esforço, ele não entendeu o tema das Escrituras: o Cristo Jesus (Atos 8:30,31). Portanto, enquanto ignorante de Cristo, não pode adorar a Deus verdadeiramente. Cristo é a Verdade Única (João 14:6, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim.”). Foi Ele, por Deus, que foi estabelecido como “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor” (I Cor. 1:30,31). Qualquer adoração que não é 15 centrada somente em Cristo, como Ele é apresentado pelas Escrituras, é uma adoração falsa. O Apóstolo João confirmou que a Sua pregação, e toda a sua adoração resultante, era verdadeira por ser exclusivamente centrada na pessoa e obra de Cristo (I João 1:1-4). O Apóstolo Paulo apelou para a autenticidade da Sua pregação e, consequentemente, a sua adoração, mostrando que ela era somente de Cristo, “segundo as Escrituras” (I Cor. 2:1-5; 15:3,4). O Apóstolo Pedro substanciou a sua pregação, e a sua adoração juntamente, como sendo verdadeira por ser aquela que foi exclusivamente de Cristo. A sua mensagem foi testemunhada por Cristo, pelo Pai e pelas Escrituras (II Pedro 1:16-21). 

Se conhecemos Cristo pela obra de Deus, pelas Escrituras, e obedecemos à Palavra de Deus para o agrado do Pai, estamos adorando o Pai como convém, “em espírito e em verdade”. Mas, se estamos adorando de qualquer outra maneira, não como convém, a nossa atividade de adoração é vista por Deus como ignorância, e, portanto, falsa. Como vai a sua adoração? É centrada somente na pessoa e obra de Cristo? Deus não dá um prêmio pela adoração que é oferecida com ignorância. Jesus ensinou que devemos ser humildes como uma criança para entrarmos no reino dos céus (Mat. 18:1-4). A humildade não deve ser interpretada da maneira errada, isto é, não significa que alguém deva ser sem o conhecimento da pessoa e obra de Cristo. O oposto é a verdade. A humildade que Cristo ensinou significa não confiar mais em outra coisa a não ser em Cristo Jesus, mesmo que a sociedade, tradição, ou a lógica assim diga. Ser humilde como uma criança é confiar somente em Cristo como o Salvador. Já O conhece pela fé, uma fé que revela arrependimento dos pecados e confiança unicamente na pessoa e obra de Cristo? Somente assim a sua adoração seria verdadeira.

 · Existe adoração com sacrifício aceitável ao homem, que não é em obediência à Palavra de Deus, e, portanto, não é adoração verdadeira. O Rei Saul foi instruído detalhadamente para destruir completamente os Amalequitas. Todos os homens, as mulheres, as crianças e os animais deviam ser destruídos. Nada deveria ser perdoado. O Rei Saul foi à cidade e feriu-a, mas tomou o Rei Agague, rei dos Amalequitas, vivo, como também o melhor das ovelhas e das vacas, e também as da segunda ordem. Quando Samuel encontrou-se com o Rei Saul, terminada a guerra, Samuel perguntou-lhe se a palavra do Senhor foi obedecida. O Rei Saul disse que sim. Mas o balido de ovelhas e o mugido das vacas vieram aos ouvidos de Samuel. Saul explicou que estas foram poupadas para serem oferecidas ao SENHOR, em Gilgal. Samuel explicou que essa é uma adoração falsa, pois obedecer ao que Deus diz é melhor que qualquer sacrifício que o homem possa pensar. O atender a voz do SENHOR é melhor que a gordura dos carneiros ou qualquer outra oferta que o homem possa dar (I Sam 15:3,8-9,14,21-22). É interessante notar que as ações do Rei Saul tinham o aval do grande público. Todo o povo estava contente por ter o estômago cheio, e, também por ter agora as riquezas dos Amalequitas. 

O fato de humilhar ao rei pagão foi muito gratificante. Todavia, apesar do grau de aceitação humana da ação do Saul pelo povo, não foi em nada uma adoração aceitável ao SENHOR. Apenas a obediência restrita à Palavra de Deus é adoração verdadeira. Seria melhor se o Rei Saul obedecesse exatamente à Palavra de Deus. Pela obediência explícita à Palavra de Deus, manifestamos a nossa confiança em Deus. Tal confiança é tida por Deus como adoração aceitável, pois, pela fé que é vista em obediência, Deus é santificado diante do povo. Por Moisés não subjugar a sua carne diante do povo de Deus no deserto e por não reter a sua reação de ira ao bater na rocha, que foi uma manifestação de falta de fé, Deus não foi santificado diante do povo (Num 20:7-13). Em vez de ser uma adoração, para Deus foi uma indignação (Deut. 1:37). Por essa falta de obediência explícita, Moisés foi proibido de introduzir o povo de Israel na terra prometida (Deut. 32:51). Seria bem melhor obedecer e fazer o que era correto aos Seus olhos. O povo de Deus, em outra ocasião, movido pelo temor de Deus, obedeceu com rigor à Sua Palavra ao permanecerem em silêncio quando marcharam ao redor de Jericó (Josué 6:8-11). O obedecer, sem dúvida, parecia estranho, tanto para povo de Deus que marchava, quanto para o povo de Jericó, que observava a marcha silenciosa. Mesmo que essa marcha não fosse um culto de louvor, Deus aceitou a obediência como uma manifestação de confiança. Nele foi mostrado o Seu Poder com uma grande vitória. Foi melhor obedecer a Deus, que inventar astúcias que agradariam ao homem por pouco tempo. 

Em Isaías 58:2-5, o povo inventou sacrifícios que pareciam retos diante dos seus olhos, mas não eram aceitos por Deus. A igreja de Sardes (Apoc. 3:1) também tinha atividades que lhe agradaram, mas, para Deus, era uma igreja morta. Há muitos que chamam o SENHOR de Senhor e fazem muitas coisas boas, mas, para Deus, isso não tem valor (Mat. 7:21- 23). Estes casos de Rei Saul diante dos Amalequitas; de Moisés às águas de Meribá; do jejum falso de Israel; dos religiosos reprovados por Jesus, e da igreja em Sardes nos ensinam o que é adoração aceitável. Esse ensino é: Quando obedecemos a Ele, ao invés de fazer o que nós pensamos, é melhor estarmos dando a Deus o sacrifício que Lhe agrada. É a obediência que exalta Cristo na qual o Pai é glorificado. (Mat. 5:16). Este é o sacrifício vivo (Rom. 12:1) que a Deus é devido (I Pedro 2:5). Fazer justiça e juízo é melhor do que sacrifício (Prov. 21:3; Sal 69:31), mesmo que não seja o mais fácil. Vamos então perseverar explicitamente na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão, e nas orações (Atos 2:41,42). A Deus é dada toda a glória. Ele recebe toda a glória pela obediência correta da Palavra de Deus (João 4:24).

· Existe adoração com intenção pura, mas não vale como adoração verdadeira. Jesus explicou que viria um tempo em “que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (João 16:2). Este tempo veio a acontecer não muitos anos depois. Encontramos Saulo de Tarso, zelosamente perseguindo a igreja (Atos 9:1,2; 22:1-5). Em toda essa perseguição à igreja, ele se julgava irrepreensível segundo a sua religião, a Lei de Moisés (Fil. 3:4-6). Sem dúvida nenhuma ele tinha as melhores intenções para com Deus quando procurava a destruição do ajuntamento dos crentes. Todavia, não obstante a sua intenção pura e a sua devoção a Deus, era uma adoração falsa. Depois da sua conversão ele entendeu as coisas bem melhor. Essa intenção pura que antes julgava “ganho”, depois do seu encontro com a Verdade, ele julgou “perda” (Fil. 3:7, “Mas o que para mim era ganho, reputei-o perda por Cristo”). Com o seu entendimento, entendendo a Verdade, ele julgou vãos os que têm “zelo de Deus, mas não com entendimento” (Rom. 10:1-3). Nisso entendemos que existe adoração que é movida somente pela intenção pura. Tal adoração não é necessariamente uma adoração verdadeira. Tal adoração não é com entendimento (Rom. 10:2). Tais adoradores não conhecem nem o Pai, nem Jesus Cristo (João 16:3) e, portanto, não é adoração, segundo a verdade. 

O homem pode honestamente desprezar Deus e o Seu Cristo e ainda perder a sua alma. Convém adorar o Senhor Deus por Jesus Cristo. Isso é adorar “em espírito e em verdade” (João 4:24). Os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá (I Reis 18:19) eram sinceros na sua adoração aos seus deuses. Eles achavam que serviam um deus pessoal, que podia ouvir e responder-lhes. Isso poderia ser dito de todos os que vivem nas tradições vãs que recebem de seus pais (I Pedro 1:18). Estes profetas de Baal entraram de corpo e alma na sua adoração (I Reis 18:26-29). Todavia, com todos os seus sacrifícios, e sinceridade, intenção e boa fé, a sua adoração era completamente falsa, sem nenhum vestígio de adoração verdadeira. Eles pagaram caro pelos seus erros (I Reis 18:40). Não depende da sua intenção a indicação da veracidade da sua adoração. A intenção pura do homem, mesmo quando é dirigida a Deus, não faz que o seu coração enganoso não seja perverso (Jer. 17:9; Mat. 15:19). 
Quando o Rei Davi quis trazer de volta a arca da promessa, ele tinha intenções puras. Ele e todo o povo de Deus estavam empenhados em fazer o que achavam correto segundo Deus. Tinham a intenção de levar a arca da terra dos inimigos sujos e pagãos à terra de Deus. Estavam empolgados com intenções que eles consideravam santas e puras, mas não fizeram da maneira correta. Eles não acharam errado misturarem a sabedoria humana no meio da adoração a Deus. Eles pensavam que tudo isso seria aceitável e agradável a Deus. Porém, mesmo com intenções puras na sua adoração, Deus ministrou morte entre eles (II Sam 6:1-8). Isso não foi um caso isolado, pois encontramos os religiosos em Mateus 7:15-23 aconteceu da mesma maneira. Na adoração verdadeira, a intenção do homem não é o que vale. É a obediência da Palavra de Deus em amor. Não deixe a sua boa intenção enganar você. Deus quer que O adoremos pela obediência de Jesus Cristo para a nossa redenção e, pelo Espírito Santo, obedecer à Palavra de Deus. Não precisamos ser ignorantes nesse assunto, pois Deus já nos revelou como Ele quer ser adorado: “em espírito e em verdade” (João 4:24).

Nenhuns destes seis exemplos, apesar da sua aceitação por parte do povo, foram aceitos por Deus. Eram abomináveis e desobedientes. A adoração falsa é repreendida por Deus, e, às vezes, até à morte. Agora estamos informados de que aquilo que nós queremos naturalmente dar ao Senhor pode ser uma abominação para Ele.

Em verdade, a adoração verdadeira não é aquilo produzido pelo homem, é dado, com os devidos merecimentos, ao único Deus vivo e verdadeiro. O que é produzido pelo homem é contaminado pela natureza do homem, pelo pecado, e pela sua mente limitada.

A Adoração Verdadeira Existe
João 4:23,24
Parte I - “Em Espírito”

É muito claro que Deus o procura no assunto de adoração. Deseja Deus ser adorado por aquilo produzido por Ele. Isso seria uma adoração em “espírito e em verdade”. O que cria confusão entre os que querem adorar O SENHOR é tanto a teoria quanto a prática, de adorar em espírito. Podemos entender melhor este assunto, se entendêssemos o próprio espírito do homem.

O Espírito do Homem Natural e a Adoração Verdadeira
O homem natural (I Cor 2:14; 15:46), o primeiro Adão (I Cor 15:45); ou seja, o pecador não salvo, não pode adorar o Senhor verdadeiramente. Ele é morto espiritualmente. Quando Deus falou a Adão e a Eva, no Jardim do Éden, “certamente morrereis” (Gên. 2:7), se comerem do fruto proibido. Eles morreram para com Deus, que é uma morte espiritual (Gên. 3:6; Efés 2:1; I Cor 2:14). Agora o filho natural de Adão é morto para com as coisas de Deus. Portanto, diante de Deus, o pecador é filho da desobediência (Efés 2:2), inimigo de Deus (Rom 8:7) e separado de Deus (Isa 59:1,2). Por causa do seu estado espiritual, o pecador não tem entendimento espiritual (I Cor 2:14). Não há nada que vem naturalmente do espírito do pecador que pode agradar a Deus (Jer 13:23; Rom 8:8; João 3:3-6; 15:5). 
O primeiro Adão é apenas um ser terreno com uma alma vivente, mas sem um espírito vivificado para com Deus (I Cor 15:45-47). Ele vive segundo a sua natureza pecaminosa, o que a Bíblia determina “o homem velho” que se corrompe pelas concupiscências, ou os desejos carnais (Efés 4:22; I João 2:16; Rom 6:6). Isso quer dizer que aquilo que o homem natural faz segundo o seu coração enganoso (Jer 17:9) é para satisfazer suas concupiscências, e por elas, é corrompido. Mesmo na esfera da religião o homem natural não agrada a Deus, pois não habita bem algum na carne (Rom 7:18). O homem natural, que é um descrente, pode vestir-se com religião e moralizar suas ações diante dos homens, mas, mesmo assim, por não ser vivo para com Deus, ou não ser espiritual, não agrada Deus de nenhuma maneira (Mat. 7:21- 23; Luc 6:46; 11:39-44; João 4:22; Atos 17:22-24).

O Espírito do Homem Novo e a Adoração Verdadeira
O homem espiritual (I Cor 2:15; 15:46) é feito espírito vivificado através da obra do último Adão (I Cor 15:45). O último Adão é do céu e é espírito vivificante (I Cor 14:45- 47).

O pecador arrependido e crente em Cristo pela fé é feito um homem novo e espiritual. Este homem novo pode adorar o Senhor em espírito verdadeiramente. Por ser uma nova criatura, este homem novo é adotado na família de Deus, feito filho de Deus (Gal 4:5; I João 3:1,2) amigo (João 15:15) e nunca mais pode ser separado de Deus (Efés 2:14). Este novo homem está com entendimento espiritual (I Cor 2:15), é espiritualmente vivo (João 3:16; 10:28; Efés 2:1) e não pode pecar (I João 5:18). Todas essas bênçãos espirituais nos lugares celestiais estão confirmadas por Jesus Cristo (Efés 1:3; João 3:16). 
O Espírito de Deus habita no corpo desse homem que foi feito novo (I Cor 6:19; II Cor 6:16) e faz com que ele seja agradável a Deus por Jesus Cristo (Efés 1:6). O cristão, que é vivificado espiritualmente, é chamado um novo homem (Efés 4:24) e tem um homem interior (Rom 7:22). Esse novo homem é criado por Deus em verdadeira justiça e santidade (Efés 4:24; Col. 3:10). É assim que os Cristãos podem adorar a Deus corretamente “em espírito”. O pecador regenerado no seu espírito tem prazer na lei de Deus (Rom 8:22) e anseia ser obediente a Ele, pois é feito conforme a imagem de Cristo que foi obediente em tudo (Rom 8:29; João 17:4; Fil. 2:8). Esta nova criatura é evidenciada pelos desejos santos e ações de obediência. Pela nova natureza feita por Deus, através de Jesus Cristo pelo Espírito Santo, os frutos da santidade serão vistos (Gal 5:22; Efés 4:24). Os frutos desta santidade são separação de tudo o que é imundo (Sal 97:10; 119:104; Prov. 8:13) para viver em obediência à Palavra de Deus (Efés 2:8-10). A adoração verdadeira consiste em uma vida separada do mundo e uma crescente obediência à Palavra de Deus.

Resumo: A adoração “em espírito” é muito mais que um cântico bem cantado, ou uma aparência de santidade, uma concordância de observar uma lista de regras para a vida, ou um sentimento de bem estar. A adoração “em espírito” é um estilo de vida para com Deus, que deseja ser conforme o Seu Filho. Esse estilo de vida espiritual resulta em uma apresentação dos nossos corpos em sacrifício vivo para expressar pública e continuamente uma vida santa e agradável a Deus (Rom. 12:1,2 Gal. 2:20).

Estás com o principal de uma vida espiritual, o Cristo? Somente com Ele seremos agradáveis a Deus. Somente por Ele temos o espírito vivificado pelo qual Deus deseja ser adorado.















A Maneira que o Cristão Adora “Em Espírito”

Por ter o Cristão um espírito vivificado e ainda ter o pecado nos seus membros da carne, há conflitos. Uma natureza deseja os prazeres da carne e batalha contra a outra que vive segundo a justiça e santidade (Rom 7:23,24). Tentações vêm ao crente através da sua carne (I Cor 10:13; Tiago 1:13-15). A vitória sobre essas tentações é por Jesus Cristo pelo espírito vivificado (Rom. 7:25; I João 4:4). O crente é justificado eternamente por Jesus Cristo (João 3:16; 10:28,29; Heb 9:12, “eterna redenção”), mas vive confessando seus pecados para ser purificado no seu viver no mundo (I João 1:9; Prov. 4:18).
Só o que é produzido do alto é aceito por Deus, pois o que o homem natural produz é sujo. Para podermos adorar a Deus verdadeiramente, tem que ser “em espírito”, pois é este que é movido e feito por Deus no crente. Só aquele que é separado do mundo, é obediente à Palavra de Deus. A adoração, que é baseada nas emoções da carne, e movida pelas maneiras e métodos extrabíblicos (os métodos inventados pelos homens que não são apoiados pela Bíblia) ou antibíblicos (os métodos inventados pelo homem que são contrários aos princípios da Bíblia), mesmo que sejam dirigidos a Deus, é uma adoração vã e não aceita por Deus, pois não foi produzida por Ele. O que Deus aceita é feito por Ele e é evidenciado pela santidade, silêncio, temor e por uma obediência crescente (Sal 97:10; Hab. 2:20; Mat. 7:21; Rom 8:27; Fil. 1:6; 2:13).
O homem que cultiva uma sensibilidade ao temor de Deus nos seus pensamentos, na fala, na vestimenta, no estudar, no trabalhar e no adorar e é levado a obedecer a Palavra de Deus onde quer que seja, no lar, na sociedade ou na igreja, esse é o homem que adora a Deus “em espírito”.


A adoração que agrada a Deus não é produto dos esforços do homem natural, mas é fruto do Seu Espírito que está no homem novo. Isso é o que significa “adorar em espírito”.

Parte II – “Em Verdade”
O que é a Adoração “Em Verdade”?

 Mesmo que este estudo sobre a adoração verdadeira seja dividido em dois pontos (“em espírito” e “em verdade”) devemos entender que não existe um sem o outro. Importa a Deus que os que O adoram O adorem tanto “em espírito” quanto “em verdade” (João 4:24). Se procuramos adorar o Senhor em um só ponto, estamos adorando incorretamente. Mas estes dois pontos podem, para maior clareza, ser estudados separadamente.

Não Existe Adoração Verdadeira sem a Verdade
 O homem sempre precisa de um equilíbrio. Por ter o homem Cristão as duas naturezas, (uma pecaminosa e uma santa, Gal. 5:17), a influência que a natureza pecaminosa pode exercer no crente precisa ser sempre lembrada. Por esta razão existem tantos versículos na Bíblia sobre a necessidade do Cristão ser vigilante e sóbrio (I Tess 5:6; I Ped 5:8), despertado do sono (Rom 13:11-14) e ser espiritual (Mat. 26:41; Gal 5:16,17,24-26; Efés 5:14-21). Também, por ter um inimigo astuto, cheio de ardis (Gên. 3:1; II Cor 2:10,11; Apoc 12:9), incansável (I Ped 5:8), que arma lutas espirituais contra nós (Efés 6:11,12) precisamos de um alicerce forte, o qual possa nos restabelecer nos conflitos espirituais.

A Palavra de Deus é o equilíbrio em que o Cristão precisa. Ela é a verdade que santifica (João 17:17), é mui firme, e, portanto, devemos estar atentos a ela (II Pedro 1:19). As Escrituras Sagradas foram dadas pela inspiração do Espírito Santo e não produzidas por vontade de homem algum (II Pedro 1:20,21) e, por isso, nos preparam perfeitamente para toda a boa obra, inclusive a adoração (II Tim. 3:17). A Palavra de Deus é viva e, portanto, eficaz em todas as épocas e para todos os povos a fim de dirigi-los ao que agrada a Deus (Heb 4:12). O equilíbrio de que o Cristão precisa no meio da mentira e engano sagaz que opera ao redor dele (Heb 12:1; Efés. 6:12) é a Palavra de Deus (Sal 119:105). Ela é o que nos aperfeiçoa para a defesa (Efés 6:13-17), a resistência (I Ped 5:9) contra todas as astutas ciladas do diabo e de todo o engano dos nossos próprios corações (Sal 119:130; I Tim 3:16,17). É pela verdade que os espíritos são provados (I João 4:3; I Tim 4:1) e não pelos pensamentos manipuláveis ou emoções enganadoras da natureza humana. De fato, a Bíblia é a única regra de fé e ordem para o crente e isso vale também para o assunto de adoração. Não há adoração verdadeira quando a Palavra de Deus não é cuidadosamente obedecida, tanto na sua letra quanto no seu espírito.

A Palavra de Deus leva o Cristão à imagem de Cristo para poder adorar “em verdade”. O Cristão que adora “em verdade” conforma-se com Cristo, pois Cristo é a própria Verdade (João 14:6). O que Deus produz por Seu Espírito traz a lembrança, tudo o que Cristo ensinou (João 14:26) e que verdadeiramente testifica Cristo (João 15:26). O Espírito do Senhor, pela Palavra de Deus, transforma-nos, de pouco em pouco, EM imagem de Cristo (II Cor. 3:18). A adoração verdadeira nunca pode agir contrária aos ensinamentos de Cristo ou exemplificar outra vida se não a de Cristo. A adoração verdadeira deve ser “em verdade”, e Cristo é a verdade. Tudo que agrada a Deus deve ser em conformidade com Seu Filho, pois pelo Filho o Pai é comprazido (Mat. 3:17 ; 17:5). Tanto mais em conformidade à imagem de Cristo, mais perfeita é a nossa adoração. Deus não procura invenções sinceras ou espertas com que o homem qualquer possa se empolgar em manifestar, mas Ele se compraz em Cristo (Mat. 17:4,5). Deus não se contenta nem um pouco com aquela adoração que é movida pelo raciocínio de homens bem intencionados, mas isentos da verdade (João 18:10,11). Deus somente se contenta com aquela adoração que bebe fundo em obediência ao cálice que Ele dá. Deus não é agradado em nenhuma maneira pela compaixão humana que não é dirigida pela verdade da Palavra de Deus. Deus se agrada naquilo que nos torna iguais a Cristo, naquilo que entende as coisas que são de dEle (Mat. 16:21-23; I Cor. 2:16). Cristo é o alvo e o meio de toda a adoração verdadeira. Você está se tornando mais e mais a imagem de Cristo? Somente assim se pode prestar a adoração verdadeira.

Não há Espiritualidade sem Obediência

Excluir a obediência à Palavra de Deus ou não ser conforme a imagem de Cristo seria uma abominação para Deus a Quem queremos adorar (Luc 6:46). Substituir as Escrituras Sagradas por algo diferente também é abominação (Mar 7:7; Tito 1:14). Há uma multiplicidade de atrativos para afastar o Cristão de uma adoração verdadeira. Há fábulas ou genealogias intermináveis (I Tim 1:4; 4:7) ofertas vãs, incenso, observação de luas novas e sábados (Isa 1:13,14). Mas tudo isso tende a adicionar algo à Palavra de Deus, em vez de seguir a sua pureza (Prov. 30:5). Não devemos procurar melhorar a verdade (Deut 12:32; Apoc 22:18,19), mas devemos apenas observá-la. Uma atenção sensível, um estudo constante, a meditação contínua em conjunto com uma obediência temente à verdade, a Palavra de Deus, é essencial para adoração verdadeira. Não podemos separar a adoração espiritual da adoração prática (obediência). O próprio Espírito Santo é chamado o Espírito da verdade (João 14:17; 15:26; 16:13). Ele nos aponta a Cristo que é perfeito e espiritual e mostrou a Sua espiritualidade pela Sua obediência (Fil. 2:8; João 14:11). É certo que podemos ser menos espirituais que o próprio Cristo, mas de nenhum modo podemos ser tão espirituais a ponto de tornarmos a minuciosa obediência à verdade uma desnecessidade.

A Obediência Verdadeira é Espiritual

Deve ser enfatizado que podemos ter obediência sem espiritualidade. Os que crucificaram Cristo cumpriram a Palavra de Deus completamente, mas, mesmo sendo obedientes, não operam com desejo de adorar o Senhor por amor (Atos 2:21,22; 4:27,28). Demônios creem na verdade, mas não adoram o Senhor segundo a operação do Espírito Santo (Tiago 2:19). Os Fariseus obedeceram à lei a risco, mas não entraram no reino de Deus (Mat. 5:20). Se vamos servir ao Senhor, a obediência deve ser segundo o Espírito em amor (Oséias 6:6; Miquéias 6:8; Apoc. 2:4,5).
Deve ser lembrado que podemos ter intenção sem uma obediência completa. Pedro tinha intenção pura, quando cortou a orelha direita do Malco (João 18:10) quando repreendeu o Senhor Jesus Cristo quando Este predisse Sua morte (Mat. 16:21-23). A igreja em Tiratira tinha muito amor, mas era displicente com a obediência e isso trouxe uma dura repreensão do Senhor (Apoc. 2:18-23). Se vamos servir o Senhor, o nosso amor deve ser com obediência.

Pelo estudo feito podemos entender bem melhor que o que Deus deseja é a adoração “em espírito e em verdade”, é algo que nunca é produzido pelo homem, mas que vem somente de Deus. É produzida pelo Espírito de Deus e é segundo a Sua Palavra, para trazer os Seus à imagem de Cristo (II Cor. 3:18).

                                                    
Não caia no que aparenta ser agradável à carne, mesmo à carne religiosa. Seja ativo no que agrada Deus e será aceito pelo Mesmo (João 15:1 11)



                                                                  Pastor Calvin Gardner







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