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Autoridade dos Dons do Espírito
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
1 Co 12.1-11
1 - Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
2 - Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
3 - Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
5 - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
6 - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
8 - Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 - E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
TEXTO ÁUREO
1 - Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
2 - Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
3 - Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
5 - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
6 - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
8 - Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 - E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
TEXTO ÁUREO
"Cada um administre aos outros o dom
como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.", 1 Pe
4.10
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Palavra introdutória
Nesta lição,
aprofundaremos nosso conhecimento acerca dos dons espirituais, os quais são
concedidos aos santos a fim de edificar, exortar e capacitar a Igreja (Ef
4.8,12). Esse estudo revela-se muito importante, uma vez que os dons são tão
necessários hoje quanto nos dias da Igreja primitiva, pois é por meio deles que
o Corpo de Cristo exerce sua autoridade e executa o necessário serviço a
Deus.
1. A NATUREZA DOS DONS ESPIRITUAIS
1. A NATUREZA DOS DONS ESPIRITUAIS
Os dons
espirituais concedidos aos cristãos procedem do Espírito. A palavra donsprovém
de dois termos gregos: domata, que significa dádivas (Ef
4.2), e charismata, dons gratuitos (1Co 12.4). O Espírito
Santo é o distribuidor divino (1 Co 12.11) das bênçãos adquiridas pelo Filho
(Ef 4.7,8) e ordenadas pelo Pai (Ef 3.1).
1.1 Os dons são exclusivos
Como estão particularmente ligados ao Espírito, os dons espirituais devem ser diferenciados dos talentos naturais e das habilidades adquiridas (1 Co 12.28). São capacitações divinas, não resultam de obras humanas nem podem ser produzidos por esforço próprio (Hb 2.4).
Os dons tampouco se relacionam com status de quem os recebe, nem são distribuídos com base em algum sistema eclesiástico hierárquico ou em razão de prestígio humano (Rm 9.16).
1.2. Diversidade dos dons espirituais
1.1 Os dons são exclusivos
Como estão particularmente ligados ao Espírito, os dons espirituais devem ser diferenciados dos talentos naturais e das habilidades adquiridas (1 Co 12.28). São capacitações divinas, não resultam de obras humanas nem podem ser produzidos por esforço próprio (Hb 2.4).
Os dons tampouco se relacionam com status de quem os recebe, nem são distribuídos com base em algum sistema eclesiástico hierárquico ou em razão de prestígio humano (Rm 9.16).
1.2. Diversidade dos dons espirituais
O apóstolo
Paulo ressalta que tanto os dons concedidos como a medida de sua concessão e os
serviços a serem realizados são diversificados (Gr. diairesis,
diferentes, distintos). Dessa forma, os dons espirituais alcançam a maior
utilidade possível (1 Co 12.4-7).
2.
MANIFESTAÇÕES DOS DONS ESPIRITUAIS
Em 1
Coríntios 12.10, Paulo usa a palavra grega energemata (operações, realizações)
para falar da eficácia do poder que produz sinais maravilhosos. Dessa forma,
entendemos que os dons equipam o cristão, a fim de que possa realizar grandes
obras em conformidade com o propósito de Deus.
2.1. Dons
relacionados à revelação
2.1.1.
Palavra de sabedoria
Em meio ao
debate contra as especulações filosóficas e vãs dos coríntios, Paulo destaca o
dom da palavra da sabedoria (Gr. logos sophia), que significa a
capacidade de compreender e de transmitir a Palavra de Deus com profundidade,
aplicando-a a situações particulares, em que são resolvidos problemas difíceis,
mediante o emprego da sabedoria espiritual.
2.1.2.
Palavra do conhecimento
O dom da
palavra do conhecimento (Gr. logos gnoseos)
é expresso a partir da análise profunda da revelação, que tem base nas
Escrituras. É pela ação do Espírito que os cristãos são enriquecidos em
todo palavra e em todo o conhecimento (1 Co 1.5) para tornarem-se capazes de
progredir na fé (Cl 1.9,10).
2.1.3.
Discernimento de espíritos
Em 1
Coríntios 12.10, discernir (Gr diakriseis)
assemelha-se ao vocábulo discriminar, identificar. A ideia é que este dom serve
como um fiscalizador das manifestações dos dons ocorridas entre os cristãos, em
relação à sua procedência.
2.2. Dons
relacionados ao serviço
Os dons de serviço são:
2.2.1. Fé
sobrenatural
A fé
sobrenatural difere daquela que todos os seres humanos exercitam ao crer, por
exemplo, que o sol nascerá todas as manhãs (fé natural) e da própria fé para a
salvação (Hb 11.6). Esse dom consiste na capacidade de crer que Deus pode
intervir na história para mudá-la com efeitos extraordinários, segundo o Seu
querer.
2.2.2.
Dons de curar
Em 1 Coríntios
12.9, tanto a palavra cura como o termo dom aparecem no plural. Esta é uma
indicação clara de que Deus concede aos Seus filhos a autoridade espiritual
sobre diferentes enfermidades e de que o exercício de cada uma delas é um dom
especial.
2.2.3.
Operação de milagres
O texto
bíblico básico afirma que o Espírito concede à Igreja manifestações
sobrenaturais de poder (1 Co 12.10; 19.11, 2 Co 12.12). A ênfase,
entretanto, não está naqueles que possuem a capacidade de operar milagres (Mt
7.22,23), mas com que propósito?
O ensino
geral dos evangelhos é que todas as operações miraculosas realizadas pelos que
foram agraciados com essa capacitação visam única e exclusivamente à glória de
Deus (Jo 11.4) e ao testemunho da veracidade da cura realizada (At 14.3).
2.3. Dons
relacionados à expressão vocal
O texto
bíblico básico focaliza três dons relacionados à proclamação oral da Palavra de
Deus: profecia, variedades e interpretação de línguas
2.3.1.
Profecia
O dom de
profecia capacita os cristãos a transmitir uma palavra ou revelação diretamente
de Deus, sob a orientação do Espírito Santo (1 Co 14.24,25,29-31). Assim, não
se trata de um sermão previamente preparado para ser pregado, mas uma mensagem
direta da parte do Senhor. Profecia significa, literalmente, falar ao
outro, nesse caso, falar em nome de Deus.
2.3.2.
Variedade e interpretação de línguas
O dom de
variedade de línguas pressupõe a comunicação do cristão com Deus, sob a
influência direta do Espírito Santo, resultando numa oração, louvor ou ações de
graças em variados tipos de línguas (At 2.4; 10.46; 1 Co 14.2).
Para que
sirvam ao seu propósito, as manifestações espirituais sob a forma de dom de
línguas precisam ser interpretadas, pois o que fala em línguas a si mesmo
edifica (1 Co 14.4).
A
interpretação garante plena edificação da Igreja, pois todos podem compreender
a mensagem em sua própria língua.
CONCLUSÃO
Acima de
tudo, deve haver entendimento de que todos os dons espirituais devem estar em subordinação
ao dom mais elevado: o amor. Somente assim o recebimento de dons ganha sentido
e as demonstrações de poder tornam-se, enfim, testemunhos poderosos do agir de
Deus (1 Co 13.1-3,13).
Lições Bíblicas nº 58
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A autoridade dos Dons do Espírito
1- Natureza geral dos dons Os dons do Espírito devem
distinguir-se de dom do Espírito. Os primeiros descrevem as capacidades
sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios especiais; o segundo
refere-se á concessão do Espírito aos crentes conforme ministrado pelo Cristo
que ascendeu ao céus(At 2.33). 2- A
variedade de dons a) Palavra de
sabedoria. Por essa expressão, entende-se a declaração de sabedoria. Que tipo
de sabedoria? Isso será melhor determinado se observarmos em quais sentidos se
usa a palavra “sabedoria” no NT. Ela é aplicada á arte de interpretar sonhos e
dar conselhos sábios (At 7.10); á inteligência demonstrada ao esclarecer o
significado de algum número ou visão misteriosos (Ap 13.18;17.9)
b) Palavra de conhecimento. É um pronunciamento, ou
declaração de fatos, inspirado de modo sobrenatural. Em quais assuntos? Um
estudo da palavra”conhecimento” no NT nos dará a resposta. A palavra denota o
conhecimento de Deus, conforme oferecido nos Evangelhos (2Co 2.14) especialmente
na exposição que Paulo fez(2Co 10.5). c) Fé. Esta deve distinguir-se da fé
salvadora e da confiança em Deus, sem a qual é impossível agradar-lhe(Hb 11.6).
d) Dons de curar. Dizer que uma pessoa tenha os dons(observe
o plural, talvez referindo-se a uma variedade de curas) significa que são
usados por Deus de uma maneira
sobrenatural para, por meio da oração,
dar saúde aos enfermos.
Uma delegação de Cristãos brasileiros e estrangeiros, munida
de livretos especialmente produzida com o apoio da Sociedade Bíblica do Brasil
(SBB), conquistou uma vitَória notável nos jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio
2016.
Depois de meses de treinamentos, encontros, orações e
vigília, essa equipe foi ás ruas para levar a atletas e turistas a palavra de
Deus, numa grande mobilização. Nestas ações de evangelização, 150 mil
exemplares das publicares Rio! e Rio Fun! Livro de colorir foram distribuídos
gratuitamente, por mais de 20 entidades parceiras na iniciativa, entre os meses
de agosto e setembro, quando se realizaram as competições.
"Os Cristãos esperaram com muita expectativa a chegada desse momento para cumprir com a
missão que Jesus deu: ir pelo mundo e anunciar o Evangelho a todas as pessoas.
Algumas delas estavam aqui, em nosso País com o coração aberto para desfrutar
novas experiências, afirma Acyr de Gerone Júnior , secretário Regional da SBB
no Rio de Janeiro.
Armas Espirituais: A armadura de Deus (Batalha Espiritual)
Os Cristãos têm dentro de si o poder do Cristo ressuscitado,
o que os protege (1Jo 4.4). Além disso, eles receberam a armadura completa de
Deus para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11). Cada peça
da armadura deve ser “vestida” para ajuda-los a resistir ás tenta e ataques do
Maligno:
1) “Cingindo-vos com a verdade” (Ef.614). A área da cintura
ou abdômen era, em geal, considerada o centro das emoções.
2) “Vestindo-vos da
couraça da justiça” (Ef 6.14). O peito geralmente é considerado coo o lugar da
alma. Devemos manter o coração puro e justo porque o pecado dá ao inimigo um
ponto de apoio.
3) “Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz” (Ef
6.15). Calçados apropriados permitem que os pés caminhem de um lado para outro.
4) “Embraçando sempre
o escudo da fé” (Ef 6.16). O maligno é o acusador de nossos irmãos (Ap 12.10) e
mandará seus dardos de fogo para produzir, medo e culpa.
5) “Tomai também o capacete da salvação” (Ef 6.17). Um
capacete protege a cabeça, isto é, o cérebro e os pensamentos.
6) “Tomai... a espada
do Espirito”(Ef 6.17). A Palavra de Deus , a única arma ofensiva dessa
armadura, foi usada pelo Senhor Jesus contra Satanás(Lc 4.1-13) 7) “Com toda
oração e súplica” (Ef 6.18). A oração abre os canais entre nós e Deus.
FONTE :
DONS
ESPIRITUAIS
Leitura:
1 Coríntios 12:1 - 14:40.
A
Variedade dos Dons Espirituais (11.1-11)
"Acerca
dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
Vós bem
sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
Portanto vos
quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é
anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
Ora há
diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há
diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há
diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Mas a
manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
Porque a um
pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a
palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo
Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a
profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de
línguas; e a outro a interpretação das línguas.
Mas um só e
o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um
como quer."
Esta longa
seção (12:1-14:40) é composta de seis divisões (veja Introdução). A primeira
divisão (vs. 1-11) pode ser subdividida da seguinte maneira:
a) O
Senhorio de Cristo vs. 1-3;
b) A
Atividade da Divindade vs. 4-6;
c) Os Dons
do Espírito vs. 7-11.
Devemos
notar que, no capítulo 12, os próprios dons são apresentados; no capítulo 13,
aquilo que é necessário para que os dons operem em harmonia, isto é, o amor; no
capítulo 14, vemos os dons em operação. É importante explicar que, enquanto o
Espírito é mencionado nove vezes no capítulo 12, Ele não é mencionado nenhuma
vez no capítulo 14. No capítulo 12, Ele é visto como sendo a fonte, o poder e
administrador dos dons, enquanto que no capítulo 14 a pessoa que recebe o dom é
inteiramente responsável pelo seu uso.
1. Este
versículo mostra como os coríntios precisavam de esclarecimento; v. 2 salienta
que, nos dias antes da sua conversão, eles estavam em servidão; o v. 3
indica que a verdadeira confissão do Senhorio de Cristo somente pode ser feito
sob o controle do Espírito Santo. "Acerca dos" faz-nos lembrar do uso
anterior destas palavras, em 7:1 e 8:1; veja a Introdução sob o cabeçalho A
Ocasião e o Propósito em Escrever. A palavra "dons" não consta no
texto original. A maioria dos tradutores insere a palavra "dons"
porque o adjetivo "espirituais" (pneumatikos) está no plural, e
porque o assunto dos dons começa no V. 4. R. Young traduz:
"coisas
espirituais"; J. N. Darby: "manifestações espirituais"; talvez
"realidades espirituais" seria mais apropriado nesta passagem.
2. Paulo
lembra-lhes da sua origem, a fim de enfatizar a liberdade que agora gozavam em
Cristo, e a riqueza da generosidade de Deus, demonstrada na variedade dos dons
que possuíam. Antigamente eram idólatras, enganados, cativos, fracos,
desamparados e escravizados.
Não havia
nenhuma liberdade de escolha; estavam oprimidos, dominados por um poder
maligno. Este poder não é identificado, mas evidentemente Paulo está pensando
nas atividades malignas dos demônios, capacitados e controlados por Satanás.
Esta é a resposta à objeção dos ímpios que dizem que o cristianismo é
restritivo, e que não querem perder sua liberdade, tornando-se cristãos. O
contrário é a verdade. Não são livres, mas sim, cativos e enganados; veja Tito
3:3. "ídolos mudos" dá ênfase a sua incapacidade de falar, sua falta
de comunicação; eles são mudos. Veja o Salmo 115:4-8, especialmente o v. 5. Não
podem comunicar palavras de consolo e perdão, e são um contraste nítido com o
Deus vivo e verdadeiro, que se deleita em falar, e com o Espírito Santo que
energiza os dons que comunicam a verdade. Paulo passa a contrastar a nova
esfera que agora ocupam, onde Deus, Cristo e o Espírito Santo dominam.
3. Paulo
está, claramente, dando-lhes um critério pelo qual poderiam reconhecer a voz do
Espírito de Deus. Os recém convertidos não teriam experiência alguma de tais
comunicações, e a lastimável condição espiritual da maioria dos outros os
tornariam insensíveis à Sua orientação. Porém o contraste é impressionante:
"Jesus é anátema"; "Jesus é o Senhor". É claro e explícito
que o Espírito Santo, falando através dos homens, dará glória a Cristo, e
reconhecerá a Sua supremacia como Senhor. O Espírito sempre há de exaltá-Lo. É
possível que estes fossem dois lemas, um usado pelos inimigos de Cristo, e o
outro pelos Seus seguidores. É difícil aceitar que qualquer verdadeiro cristão
diria: "Jesus é anátema". Pode ser que, numa reunião da igreja, um
judeu se tivesse levantado e exclamado: "Jesus é anátema", e um
cristão piedoso respondido: "Jesus é o Senhor". Mais tarde, em dias
de perseguição, os inimigos do Evangelho tentariam obrigar os cristãos a
renunciar a sua fé, dizendo:
"César
é senhor", e o teste supremo para determinar se uma pessoa era cristã ou
não, seria ver se ele pudesse ser forçado a dizer: "Jesus é anátema".
O que se enfatiza aqui é que somente o Espírito de Deus pode capacitar uma
pessoa a descobrir e exclamar, em verdade: "Jesus é o Senhor". Nós
pertencemos à esfera onde a igreja reunida reconhece o Senhorio Soberano de
Jesus, como proclamado e interpretado pelo Espírito Santo.
4-6. Agora
chegamos à atividade da Divindade, o controle soberano das Pessoas divinas em
relação a toda a esfera de serviço. Sua unidade de propósito é enfatizada. Três
palavras são usadas para indicar os dons, considerando-os de diferentes pontos
de vista: dons, ministérios e operações.
Os dons são
dons da graça, dados aqui pelo Espírito de Deus.
São
evidências da graça de Deus, e da soberania do Espírito Santo, e fornecem a
capacidade necessária para servir a Deus, abençoar o Seu povo, e não causar
divisões entre eles.
Os
ministérios indicam diferentes formas de serviço, todos efetuados e regulados
pela direção do Senhorio de Cristo, e todos exercitados para o benefício dos
outros.
As operações
são poderes ou energias fornecidos, tendo em vista a-realização da obra. Deus é
quem dá todo o poder e torna tudo eficaz.
A revelação
destas coisas deve manter-nos humildes, reconhecendo que tudo é de Deus, e que
somos privilegiados ao sermos os objetos desta atividade divina. A manifestação
de tais dons numa igreja local deve fazer-nos reconhecer a graça da Divindade,
ao manifestar a Sua presença entre nós. Observe a referência a cada Pessoa da
Trindade nestes versículos: "o Espírito é o mesmo"; "o mesmo
Senhor" e "o mesmo Deus". Sem considerar a natureza passageira
dos dons dados como sinal (este assunto será abordado depois), a operação
destas Pessoas divinas ainda continua no exercício dos dons, na igreja local.
7. Este
versículo inicia o parágrafo (vs. 7-11) que trata de alguns dos dons do
Espírito. Há mais duas passagens principais que tratam dos dons espirituais:
Rom. 12 e Ef. 4. Em Rom.12, Deus é quem os dá (v. 3); Em Ef. 4 o Senhor
ressurrecto "deu dons aos homens" (v. 8); aqui é o Espírito Santo
quem os dá. Nove dons são mencionados aqui, entre os quais os dons milagrosos e
de sinal são muito destacados. Em Rom. 12:6-8, somente sete dons são
mencionados, e somente inclui um dos nove mencionados aqui. A lista em Ef. 4:
11 é ainda mais curta; cinco (alguns julgam que há apenas quatro) são
especificados, apenas um dos quais se encontra também em nosso parágrafo
("profetas" é paralelo com "profecia" do V. 10, aqui).
As
diferenças são muito importantes, como veremos mais tarde ao tratarmos dos dons
dados como sinal. Devemos observar que enquanto antes, nos vs. 4-6, Paulo usou
plurais ao falar de dons ("dons ... ministérios ... operações"),
neste versículo ele usa o singular: "manifestação". Ele desenvolve a
idéia através dos plurais, e então concentra tudo num singular. Não são apenas
alguns que recebem os dons, mas eles são distribuídos a cada um, e deste modo o
Espírito se manifesta a Si mesmo para benefício de todos. O benefício será
visto no desenvolvimento do caráter espiritual nos santos; há de aumentar-lhes
o conhecimento e utilidade; trará à luz a capacidade de liderança (que não é
produzida por freqüentar seminários ou colégios) ao estarem sob a influência do
ensino da Palavra, sendo sensíveis a ela; e promoverá o amor e unidade na
igreja local.
8-10. Antes
de definir os nove dons, vamos notar que a palavra "outros"
(heteros), entre o segundo e terceiro dons e entre o sétimo e oitavo, quer
dizer "de espécie diferente". Isto divide os dons em três grupos.
Vamos agora apresentá-los quanto ao seu significado, tendo em mente o seu caráter
sobrenatural, e a grande probabilidade de que estivessem operando nos tempos
primitivos da igreja a fim de manifestar o poder de Deus na nova ordem que fora
estabelecida. O novo começo trouxe à luz novas manifestações do poder de Deus.
Nenhum destes dons opera no dia de hoje.
A Palavra da
Sabedoria, a Palavra da Ciência: É correto estes dois dons estarem juntos, pois
operaram somente naquele tempo.
Convém
reconhecer que naqueles tempos estas igrejas não tinham o NT, para onde
pudessem recorrer para receber orientação. Deus providenciou estes dons a fim
de suprir a necessidade desta situação.
"Palavra"
aqui significa "expressão"; eram dons que envolviam comunicação. Em
qualquer situação, onde surgisse a necessidade de se ter uma percepção
profunda, para resolver um problema, um irmão se levantaria para fazer
conhecida a mente de Deus, que lhe fora revelada. "Ciência" não se
refere ao conhecimento adquirido através de estudo, mas sim ao que foi
divinamente revelado para suprir a necessidade do momento. Um exemplo disso se
vê no conhecimento concedido a Pedro em Atos 5:3-4. Hoje em dia a Palavra de
Deus é o suficiente.
Fé: É claro
que este dom não é aquilo que chamamos de fé salvadora, nem a fé e confiança
que exercemos diariamente. Aqui, está intimamente associada com curas e
milagres, e o contexto mostra que esta fé era divinamente dada, e era
necessária para que o dom milagroso operasse. Pondere atentamente Mateus 17:
14-21 e 21: 17-22. Em cada um destes acontecimentos, o Senhor repreende os
discípulos por causa de sua falta de fé. Este dom de fé pode transportar
montes. Observe a ligação entre Mateus 17:20; 21 :21 e I Cor. 13:2.
Este dom
forneceu a fé especial que era necessária para o exercício dos dons de curas e
da operação de maravilhas, para que homens pudessem realizar aquilo que era
humanamente impossível.
Dons de
curar: A palavra (no grego) está no plural: "curas".
Os
Evangelhos estão repletos de exemplos disto, como também o livro de Atos.
Observe atentamente a expressão: "dons de curas"; ambas as palavras
estão no plural. Isto indica que cada caso de cura manifestava uma operação
distinta do dom. Este dom não está operando hoje em sua plenitude, variedade e
perfeição, como nos dias do Senhor e dos apóstolos e outros, mencionados aqui.
Com a passagem do tempo, tornou-se claro que o dom estava diminuindo. O espinho
na carne de Paulo, o problema de estômago de Timóteo, a enfermidade de Trófimo,
e a doença de Epafrodito, não foram tratados imediatamente com poder
apostólico. Em Tiago 5: 13 etc., nenhum apóstolo, ou outro irmão com o dom de
curar, deveria ser chamado, porque o caso envolvia uma questão de pecado; era
para chamar os anciãos, os quais, coletivamente, não tinham recebido este dom.
Convém dizer que cremos que Deus pode curar hoje, e que Ele tem feito isto; a
questão é que isso não é o normal, e Deus não prometeu que seria. Estes poderes
estavam operando plenamente a fim de demonstrar que a nova obra era de Deus.
Operação de
Maravilhas: observe os plurais outra vez: "operações de milagres"
(ARA). Estão em contraste com as curas que Paulo acabou de mencionar. São
demonstradas no ministério do Senhor: transformando água em vinho (João 2);
alimentando os cinco mil (João 6); acalmando a tempestade (Marcos 4). Nos Atos,
há também tais operações: a ressurreição de Dorcas (cap. 9); a cegueira de
Elimas (cap. 13), um milagre judicial; a ressurreição de Eutico (cap. 20). Atos
19:11 nos diz que Paulo fazia maravilhas extraordinárias, inclusive expulsar
espíritos malignos.
Profecia:
Este dom estava em segundo lugar de importância, depois do dom do apóstolo
(veja o v. 28), e ambos eram de caráter fundamental. O profeta falava por
revelação direta de Deus, seja em doutrina fundamental, ou seja em suprir a
necessidade duma situação específica, dando, em ministério, a mente de Deus
para aquele tempo presente. Não existem profetas hoje, neste sentido. O
ensinador, em contraste, ministra das Escrituras, já completas. Qualquer grupo
que diz ter profetas hoje, indica que Deus ainda está revelando-Se, e nega que
a Bíblia seja a revelação completa de Deus. 2 Ped. 2: 1 indica que os profetas
foram substituídos pelos ensinadores.
Discernimento
dos Espíritos: Isto se refere ao dom de discernir se a mensagem era do Espírito
Santo, ou se era de um espírito maligno, apresentada de tal maneira a parecer
vir de Deus. Uma ilustração disto se encontra em Atos 16:16-18, onde a mensagem
pronunciada pela jovem parecia genuína, mas Paulo discerniu que ela estava
endemoninhada. Paulo, no v. 3 deste capítulo, e João, em I João 4:2-3, dão
testes para descobrir a origem de qualquer ensino.
Porém,
parece que este dom era dado para discernir o espírito atrás da mensagem
quando, aparentemente, parecia ser genuíno, como em Atos 16.
Línguas:
Cremos que estas eram línguas naturais. Há muita polêmica sobre a questão de
serem somente palavras extáticas, ou se Atos se refere a línguas naturais e I
Coríntios se refere a palavras extáticas, ou se em todas as ocasiões, trata-se
de línguas naturais.
Nós
defendemos esta última opinião. O Senhor prometeu, em Marcos 16: 17, que o dom
de línguas seria um dos sinais: "Falarão novas línguas" - não novas
em relação a tempo, mas novas para quem falasse. Como foi a promessa, assim foi
o cumprimento: a promessa falou de línguas dos homens, o cumprimento foi
línguas dos homens também, tanto nos Atos, nas três ocasiões mencionadas
(capítulos 2, 10 e 19), como também em I Coríntios, nos três capítulos que as
mencionam (capítulos 12, 13, 14). É essencial que nosso entendimento da
natureza do dom de línguas provenha das Escrituras, e não do culto yagão, nem
das chamadas manifestações do dom, no dia de hoje. E claro que algum tipo de
linguagem incompreensível não seria sinal algum. O irmão que exercia este dom
falava numa língua diferente da sua língua materna, ou da que houvesse
aprendido depois. Ele não era lingüista. "Variedade de línguas",
indica que o mesmo irmão poderia falar em mais de uma língua. Depois, vamos
observar a probabilidade clara de que junto com o dom de línguas era dada a
capacidade para compreender aquilo que era falado.
Interpretação
de Línguas: Este também era um dom, e sendo assim não pode referir-se à capacidade
lingüística de algum irmão presente na reunião que o capacitaria a traduzir;
isto seria um dom natural, e não espiritual. Depois de um irmão falar numa
língua estrangeira, um outro irmão, com este dom, se levantaria e interpretaria
a mensagem. De acordo com 14: 5, 13, o mesmo irmão que fala em línguas deve
orar pelo dom de interpretar, assim, ambos os dons poderiam ser exercidos pela
mesma pessoa. Se não houvesse alguém presente que tivesse o dom de interpretar,
o dom de línguas não deveria funcionar (14:28). Alguns podem pensar que se
tivesse alguém presente que falava em outra língua e a entendesse, poderia
interpretá-Ia. Não é verdade. Vamos citar J.Heading: "Interpretação é uma
capacidade além da capacidade de falar". Sua observação apropriada sobre
este assunto é muito instrutiva; veja as págs. 201-202 de First Epistle to the
Corinthians 11. Este versículo salienta que todos estes dons não somente tem a
sua origem no Espírito de Deus, mas que também operam pelo Seu poder. A
"operação" (energeo), atribuída aqui ao Espírito Santo, vem da mesma
raiz da palavra "operações" no v. 6. Aquilo que se atribui a uma
Pessoa da Trindade é freqüentemente atribuído também a uma outra Pessoa. Três
coisas são observadas, aqui, com respeito ao Espírito Santo: Sua vontade, Sua
distribuição, e Seu poder.
Observe que
Sua vontade controla a Sua distribuição. Ele é quem escolhe o dom que há de dar
a cada pessoa, segundo o conhecimento que Ele tem dos poderes e capacidades
dela. Então Ele ativa, no Seu infinito poder, todos estes dons em suas
variedades e formas.
Cada um deve
sua origem e função e utilidade a um só e ao mesmo Espírito. Isto deve
convencer a todos nós que não há lugar para reclamações, nem jactância, nem
inveja, nem rivalidade. Tudo é segundo a Sua vontade, e não segundo os nossos
desejos. Cada dom é, igualmente, uma manifestação do Espírito.
NOTAS
ADICiONAIS
1 "Não
quero ... que sejais ignorantes" é uma frase que Paulo usa quando quer
frizar certos assuntos aos seus leitores. Veja 10:1; 12:1; Rom. 1:13; 11:25; II
Cor. 1:8; I Tess. 4:13.
5
"Jesus é Senhor". Nenhum dos discípulos jamais chamou o Senhor pelo
nome Jesus. Numa passagem impressionante, João 13:25 - 14:22, cinco de Seus
discípulos, João, Pedro, Tomé, Filipe e Judas, não o Iscariote, todos dirigem-se
a Ele como Senhor.
4·6 Observe
a palavra "diversidade" (diairesis) nos vs. 4, 5 e 6. Esta palavra
destaca não somente a variedade, como também a distinção de cada dom .
7-11 Observe
como a unidade do Espírito é enfatizada. A expressão "o
mesmo Espírito"
ocorre quatro vezes (vs. 8, 9, 11), e "um só Espírito" uma vez (v.
11).
8-9 Devemos
notar que a preposição "pelo", usada nestes versículos, é a tradução
de três preposições diferentes no grego. No V. 8a, "pelo" é dia; V.
8b, "pelo" é kata; V. 9, "pelo" é en. A primeira
preposição, dia, destaca a agência ou mediação do Espírito; a segunda, kata,
Sua determinação ou vontade; a terceira, en, Seu poder.
O Corpo e
Seus Membros (vs.12-27)
"Porque,
assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo
muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
Pois todos
nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos,
quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.
Porque
também o corpo não é um só membro, mas muitos.
Se o pé
disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?
E se a
orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do
corpo?
Se todo o
corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o
olfato?
Mas agora
Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.
E, se todos
fossem um só membro, onde estaria o corpo?
Agora pois
há muitos membros, mas um corpo.
E o olho não
pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não
tenho necessidade
de vós.
Antes, os
membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários.
E os que
reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que
em nós são menos decorosos damos muito mais honra.
Porque os
que em nós são mais honestos, não têm necessidade disso, mas Deus assim formou
o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; Para que não haja
divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros.
De maneira
que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é
honrado, todos
os membros
se regozijam com ele.
Ora vós sois
o corpo de Cristo, e seus membros em particular."
Esta seção
pode ser dividida em dois parágrafos: o primeiro trata do Batismo no Espírito
(vs. 12-13); o segundo do Funcionamento dos Membros (vs. 14-27). O conteúdo do
primeiro é doutrinário, a aplicação do segundo é prática. Vamos considerar
agora o primeiro.
12. É claro
que o corpo mencionado é o corpo humano, e que a ênfase da ilustração é unidade
("um") e diversidade ("muitos", "todos").
"Assim é o Cristo também" indica que é uma comparação com o Corpo de
Cristo. Aqui, Ele dá o Seu nome ao Corpo, declarando assim a união vital entre
Cristo e o Seu povo. É a Igreja inteira que está em vista, a Igreja
dispensacional. Como ela veio a existir se explica no V. 13.
13. Por
Cristo "todos nós fomos batizados em (no poder de) um Espírito formando um
corpo". "Batizados" está no tempo aoristo (no grego), que não
somente relembra um ato, mas considera o ato como completo, já realizado. Este
verbo "batizado" se refere, portanto, ao dia de Pentecostes, e dá-nos
a explicação doutrinária daquele acontecimento. Todas as referências a este
batismo tinham em vista o dia de Pentecostes, no futuro (Mat. 3: 11; Marcos
1:8; Lucas 3:16; João 1:33; Atos 1:5), ou no passado (Atos 11:15; I Cor. 12:
13). Além disso, "batizados" liga-se com o que aconteceu em Atos 2,
onde lemos que o Espírito encheu a casa (v. 2). Foi literalmente um batismo. O
Espírito Santo tinha vindo em cumprimento à promessa do Senhor nos Evangelhos
(João 14:26; 15:26; 16:7), para formar o corpo de Cristo. Aqueles que estavam
presentes foram realmente batizados no elemento, o Espírito. Pela descida do
Espírito Santo todos foram batizados em um corpo. Quando Paulo diz
"nós", ele está pensando na Igreja inteira, em contraste com
"vós" no V. 27, que se refere à igreja local. Não é verdade que as
palavras de João Batista, nos Evangelhos, indicam que todos os que ele batizou
em água seriam batizados também no Espírito (Marcos 1 :8)? Na mente de Deus,
todos os cristãos foram vistos como batizados. É essencial ver que o Espírito
Santo desceu uma s6 vez. Sua vinda foi única e final. Foi única, porque nunca
acontecera antes; foi final, porque nunca acontecerá outra vez, desta maneira.
Houve somente um batismo desse tipo. Este foi o dia do nascimento da Igreja.
Nós falamos dos nossos aniversários, mas de fato temos um só dia de nascimento,
o resto são apenas aniversários.
Os cristãos não são batizados desta maneira na
conversão; mas entram no benefício daquilo que aconteceu em Pentecostes. Não
existe nenhuma Escritura que diz que o cristão é batizado no Espírito na conversão.
As palavras
que se usam com respeito àquilo que o Espírito Santo faz na conversão são
"habitar", "ungir", "selar", "penhor",
mas não batismo. No término de Atos 2, três mil almas foram salvas e receberam
o Espírito Santo sem qualquer evidência externa. Não houve nenhum fenômeno. O
Espírito veio habitar neles, como Ele habita em nós, pois agora nenhum cristão
tem a experiência dos primeiros versículos de Atos 2. Isto demonstra que a
experiência dos três mil no término do capítulo é o normal, e destaca a
singularidade e finalidade dos primeiros versículos. Os três mil, porém, foram
associados com a companhia original batizada no Corpo de Cristo. Foi assim
conosco, quando nos convertemos. Entramos nos benefícios do derramamento do
Espírito Santo feito uma vez por todas. Esta associação com a experiência de
uma companhia original é bíblica. Na história de Israel, citada no capítulo 10,
observamos que "todos foram batizados em Moisés ... e todos ... beberam
duma mesma bebida espiritual". Este batismo foi coletivo e nacional e
nunca foi repetido; também foi posicional e algo realizado por Deus, do qual
não estavam cônscios. Em contraste com isto, o beber foi individual; foi algo
que fizeram por si mesmos. Qualquer pessoa que nasceu mais tarde não teve a experiência
inicial do batismo, mas bebeu da água. Assim foram associados com a experiência
dos primeiros.
Portanto o
batismo na nuvem é uma ilustração do batismo no Espírito, enquanto o beber da
bebida espiritual corresponde ao beber de um Espírito. Em Amós 2:10, Deus falou
à geração de que Amós fazia parte: "Também vos fiz subir da terra do
Egito, e quarenta anos vos guiei no deserto, para que possuísseis a terra do
amorreu". Porém, esta geração nunca tinha estado no Egito, nem no deserto,
nem fora conduzida na terra. É verdade, mas estavam associados com os que
tinham passado por tudo isso, os primeiros. O que foi verdade com respeito a
eles, foi verdadeiro com respeito à geração de Amós também. Assim nós temos
entrado na realidade daquilo que aconteceu em Pentecostes. Lemos em João 1:29
acerca do "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Isto
antecipou o Calvário. Em João 1:33 diz-se a respeito de Cristo: "esse é O
que batiza no Espírito Santo". Isto antecipou o dia de Pentecostes. Assim
como nós entramos no benefício do Calvário na ocasião da nossa conversão, assim
também entramos no benefício de Pentecostes. Se não há nenhum problema com
respeito ao primeiro, onde está a dificuldade quanto ao segundo? Além disso,
quando Adão caiu, a raça inteira caiu com ele; quando nós nascemos, entramos
nos efeitos da Queda. Assim Cristo batizou a Igreja inteira em um Corpo; quando
nós nascemos de novo, entramos em todos os benefícios deste ato. A Igreja
inteira estava lá em prospecto, vista como um só Corpo, e habitada pelo
Espírito Santo.
O ensino dos
pentecostais sustenta que o Batizador, aqui, seria o Espírito Santo, pois
consideram este versículo diferente das outras seis referências citadas
anteriormente, onde se afirma que Cristo é o Batizador. Ensinam que, neste
versículo, todos são batizados pelo Espírito em um corpo, mas nem todos têm
sido batizados com o Espírito Santo. Se as outras seis referências indicam
claramente que Cristo é o Batizador, normalmente se entenderia que na sétima,
seria Q mesmo. Cabe aos que pensam de outra maneira mostrar as provas.
Mas,
pensando nisso com atenção, eles verão que o Espírito não pode ser o Batizador.
Em qualquer batismo quatro coisas são necessárias.
Tem que
haver um batizador, a pessoa sendo batizada, o elemento em que o batismo se
realiza, e a razão pelo batismo. Ora, neste versículo (v. 13) o Batizador é
Cristo, os batizados são todos os cristãos, o elemento é o Espírito Santo, e a
razão se resume na expressão "formando um Corpo". Se afirmarem que o
Espírito, e não Cristo, é o Batizador, então o elemento é removido. Mas não é
possível realizar um batismo sem um elemento. Portanto, essa teoria tem que ser
rejeitada.
Este
versículo afirma também que todos os cristãos têm sido batizados no Espírito, o
que contradiz o ensino deles, que diz que apenas alguns cristãos têm-no
recebido. Além disso, todos são unidos por este batismo em um corpo, enquanto
que o ensino deles divide os cristãos em dois grupos, os que têm experimentado
o batismo e
os que não o
têm. Finalmente, "e todos temos bebido de um Espírito" se refere à
recepção do Espírito, na conversão.
Gramaticamente,
a presença de dois verbos aoristos no mesmo versículo não exige,
necessariamente, que se refiram ao mesmo acontecimento.
"E"
introduz uma nova declaração, que ajuda-nos a entender como entramos nos
benefícios das declarações anteriores. F. L. Godet comenta isto na sua
exposição: "Kai, 'e', indica um fato novo. Se a segunda proposição somente
servisse para reafirmar, de outra forma, a idéia da primeira, haveria um assíndeto".
Paulo está olhando para traz, como nós também devemos fazer; e é por esta razão
que ambos os verbos, "fomos batizados" e "temos bebido",
são aoristos (no grego). Referem-se à mesma verdade, mas em tempos diferentes.
Em primeiro lugar, "fomos batizados" destaca o que aconteceu no dia
de Pentecostes; em segundo lugar, "temos bebido" destaca o que
aconteceu na ocasião de nossa conversão, quando entramos na realidade disto. O
versículo inteiro ensina que o que aconteceu em Pentecostes foi realizado na
nossa conversão, e foi a experiência dos três mil, como temos observado. Esta
também foi a experiência de Comélio e sua família. Ao falar disto, em Atos
11:15-16, Pedro se refere a este aspecto da recepção do Espírito.
14-16. Agora
chegamos à parte muito prática onde, pela ilustração do corpo humano, ele
mostra o absurdo de divisão entre os cristãos numa igreja local (v. 27), pois
estar em conflito uns com os outros destroe aquela unidade que é tão necessária
para se manter o testemunho.
Vamos
observar:
a) O Perigo
de Inveja vs. 14-16
b) O Perigo
de Monopólio vs. 17-20
c) O Perigo
de Interdependência vs. 21-22
d) A
Necessidade de Consideração Compassiva vs. 23-26
e) A
aplicação e o Desafio v. 27
O V. 14
destaca a multiplicidade dos membros, e a necessidade de todos funcionarem. A
variedade dos órgãos e a singularidade de função são a essência da vida. No v.
15, ouvimos o pé reclamando, ao considerar a mão, com inveja. Ocupando um lugar
mais baixo do que qualquer outro membro, suportando o peso de todos os demais,
e cônscio das condições desagradáveis ao seu redor enquanto trabalha
despercebido, a maior parte do tempo, ele está cônscio da destreza da mão com
seus movimentos hábeis, e sua capacidade de realizar tantas tarefas com
habilidade. Estes pensamentos sobre sua sorte tão infeliz logo produzem
insatisfação, e então o pé expressa sua inveja e descontentamento, por declarar
que não é mais membro do corpo, e assim recusa trabalhar. No V. 16, o ouvido
reclama; de formato feio, escondido no lado do rosto, também quase despercebido
enquanto
desempenha sua tarefa tão importante, ele observa o olho, colocado em lugar de
destaque à frente; nota a versatilidade de suas funções, nota como transmite
constantemente ao cérebro tudo que observa, notando sua alegria por ser a parte
mais inteligente do rosto. O ouvido acha que sua função não é nada em
comparação com a do olho, e assim resolve que ele também deixará de trabalhar.
O ensino é claro. Os membros são variados, mas todos são necessários. A
repetida pergunta dá ênfase à lição: "Não será por isso do corpo?"
Mesmo se recusar trabalhar, ainda será uma parte do corpo. Algumas vezes, na
vida de uma igreja local, somente percebemos a presença de inveja e descontentamento
quando algum irmão deixa de participar na obra e adoração do Senhor. Quão
petulantes e invejosos nos tomamos! Também, pode ser que um irmão fica
consciente de que o seu dom não é tão óbvio, ou público, como o do outro, e
assim ele começa a sentir que tem tão pouca importância que ninguém sentirá a
sua falta. Eu tenho tão pouco a oferecer, por que me esforçar para participar?
Vamos aprender esta importantíssima lição: recusar trabalhar não nos absolve da
responsabilidade.
Temos que
contribuir com a nossa cota, e funcionar segundo a intenção divina.
17-20.
Observamos, no V. 17, que se os membros adotarem esta atitude, seria como se
fossem eliminados do corpo. Visto que nenhum membro tem o monopólio de função,
nem pode adquirir as funções do outro, o corpo deixaria de ser um organismo
complexo com uma variedade de funções, e se tomaria um corpo de um órgão só,
que não poderia mais funcionar, segundo o plano. O v. 18 nos leva, em
pensamento, dos membros para o Criador do corpo; a colocação dos membros foi
conforme a sabedoria de Deus; cada um sendo perfeitamente adaptado e
apropriadamente colocado para a sua distinta e única função. Portanto, se algum
membro está insatisfeito com o seu dom, sua contenda não é com os outros
membros mais dotados do que ele, mas com Deus que tem ordenado tudo segundo o
Seu prazer. Se todos fossem um só membro, então não seria mais corpo, mas sim,
uma monstruosidade. Isto certamente condenou as divisões em Corinto; eram
contrárias à verdade do corpo.
Também
condena o princípio de clericalismo; isto é, um homem tomando para si uma
variedade de funções. Expõe igualmente a loucura de um irmão apropriar para si
as mais destacadas responsabilidades.
Se o V. 14
salienta a multiplicidade e diversidade dos membros, então o v. 20 indica a
diversidade em unidade. Variedade é essencial para a unidade.
21-22.
Devemos observar que a analogia do corpo físico é usada nesta passagem toda, e
as lições são baseadas na aplicação do V. 27. Antes de considerarmos o
ensino, observamos que a "cabeça", aqui, é um membro comum do corpo;
não representa o Senhor. O corpo, aqui, é apresentado de um ponto de vista
diferente daquele que se apresenta em Efésios ou Colossenses; lá Cristo é
contemplado como a Cabeça do Corpo; aqui, Cristo difunde a Sua vida pelo corpo.
Como temos observado, o corpo, aqui, é um organismo, e não uma organização. Uma
organização requer somente regras e regulamentos para operar, mas um organismo
requer vida, que é a vida de Cristo.
O perigo que
estes versículos mostram é o desenvolvimento de uma atitude de superioridade e
independência. Existe a tendência entre os que são mais dotados, de pensar que
podem dispensar com os menos dotados. Isto é uma falácia, pois se o olho vê um
objeto e deseja obtê-Ia, ele não pode fazê-la sozinho, mas depende da mão para
ajudá-Ia. Também, se a cabeça deseja ir para outro lugar, depende inteiramente
dos pés para realizar esta operação. Portanto, todo membro é necessário, e
devemos aprender a apreciar os outros, especialmente aqueles que são muito menos
importantes aos nosso olhos. Isto leva Paulo a referir-se aos órgãos que
parecem ser mais fracos (v. 22). Agora ele está tratando da necessidade
relativa dos vários membros, para a vida do corpo. O corpo poderia existir sem
os membros maiores, como braços e pernas, mais não poderia existir sem os
membros menores, intestinos ou glândulas. Uma igreja local continua a funcionar
quando irmãos estão ausentes, exercendo seus dons (pregando, por exemplo) em
outro lugar. Aqueles que freqüentemente são considerados de somenos importância
estão mantendo o testemunho da igreja local em andamento, demonstrando que são
necessários, e mostrando quão valiosa é a sua contribuição.
No seu
próprio lugar são essenciais.
23-24a.
Estes versículos tratam do revestimento do corpo. Aqueles membros do corpo que
não devem ser vistos não são expostos à vergonha e ridículo, mas são vestidos
com cuidado. "A esses honramos muito mais", quer dizer revestir de
modo adequado. Nossos membros "menos honrosos" são os que nunca devem
ser vistos em público. Estes nós vestimos com muito cuidado. Por outro lado,
nossos membros "mais honestos" (ou "nobres" ARA), aquelas
partes do corpo, como mãos e rosto, que podem ser vistos publicamente, não têm
necessidade de roupa. Assim, adequadamente vestidos, aparecemos apresentáveis e
atraentes. Vamos aplicar isto agora à igreja local. Quando os membros que podem
ser vistos, publicamente, estiverem funcionando, desempenhando as
responsabilidades de pregação, etc., e os membros que não são capacitados desta
maneira estiverem realizando a sua obra, discretamente e fora da atenção do
público, então a aparência inteira da igreja local será de ordem piedosa e
beleza espiritual.
24b. Foi a
sabedoria e habilidade criativa de Deus que planejou o corpo com seu equilíbrio
delicado; aquele instinto (v. 23), que dá mais honra aos membros que em si não
são atraentes, provém de Deus.
25-26. A
maneira pela qual Deus planejou o corpo foi calculada a fim de produzir
harmonia e não divisão, cuidado e não indiferença.
"Igual
cuidado" indica que não há nenhuma parcialidade entre os membros; cada um
tem a mesma preocupação, a mesma profundidade de cuidado, com o bem-estar de
todos. Semelhantemente, não devemos ter predisposição em favor de alguns amigos
especiais e somente mostrar este cuidado para com eles. Este cuidado se
manifestará em nossa atitude perante os sofrimentos e honras de todos os
membros. Todos nós temos experimentado, em nossos próprios corpos, o que
significa quando todos os membros sofrem juntos com um membro ferido. Também,
quando a mão executa uma obra de arte, a pessoa é quem recebe o louvor, tanto
quanto a mão. É assim que deve acontecer conosco. Deve haver um forte
sentimento de simpatia uns para com os outros, quando um ou outro dos membros
está passando por tempos de dificuldade. A nossa comunhão deve ser
caracterizada por carinho e por compartilhar. Do mesmo modo, quando um membro é
honrado, e seu dom está se tomando mais aparente e útil, não sejamos invejosos,
especialmente se ele é mais novo, mas vamos alegrar-nos por Deus ter assim
honrado a ele e à congregação.
27. Agora
chagamos à aplicação e desafio da passagem. Observe a ausência do artigo; deve
ser traduzido: "vós sais corpo de Cristo" (VR), e não "o
corpo"; mas também não é "um corpo", pois Cristo não tem uma
multiplicidade de corpos. A idéia principal com respeito ao corpo é a de
manifestação; veja I Tim. 3: 16. A idéia secundária na figura, para
completá-Ia, é de unidade em diversidade.
O termo
"corpo de Cristo" quer dizer que a igreja local é a manifestação de
Cristo para a comunidade. Esta é a sua responsabilidade principal. Isto quer
dizer que cada membro deve estar vivendo Cristo na sua vida. A igreja local não
tem a responsabilidade de representar qualquer denominação, mas sim, representar
a Cristo. Ela é qualitativa e caracteristicamente o corpo de Cristo. É Cristo
vivendo através do Seu povo, numa determinada localidade. Isto se expressa
quando os diversos membros cooperam juntamente em unidade - sem nenhuma
divisão, todos dedicados aos interesses do Senhor, e aos interesses uns dos
outros. Como tudo isso deve ter tocado as consciências dos coríntios. Em última
análise todos nós somos responsáveis pelo tipo de igreja que mantemos.
A
Colocação dos Dons (vs.28-31)
"E a
uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em
terceiro doutrores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas.
Porventura
são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos
operadores de milagres?
Têm todos o
dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos?
Portanto,
procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais
excelente."
Devemos
reconhecer a soberania de Deus na expressão "pôs Deus", que também
foi usada no v. 18. Nos vs. 29-30, Sua sabedoria em selecionar cada dom é
enfatizada e confirmada, através de uma série de perguntas, das quais cada uma
exige a resposta óbvia: "Não". Há três listas neste capítulo: a
primeira nos vs. 8-10; a segunda no v. 28; e a terceira nos vs. 29-30. A
segunda lista repete somente quatro dos nove dons da primeira lista, omitindo
cinco e acrescentando quatro. A terceira lista não acrescenta nenhum outro dom,
omitindo quatro da primeira lista, e dois da segunda. Podemos apresentar isto
da seguinte maneira:
- Lista 1 - Profecia, Milagres, Dons
de Cura, Línguas, Interpretação de Linguas, Palavra de Sabedoria, Palavra
de Ciência, Fé, Discernimento dos espíritos.
- Lista 2 - Apóstolos, Profetas, Doutores,
Milagres, Dons de Curar, Socorro, Governo, Línguas.
- Lista 3 - Apóstolos,
Profetas, Doutores, Milagres, Dons de Curar, Línguas, Interpretação de
Línguas.
Ao todo,
treze dons são mencionados. Levando em consideração Rom. 12 e Ef. 4, há um
total de, aproximadamente, vinte dons.
28. Paulo
começa citando os dons segundo a sua ordem e valor, mencionando as pessoas nos
primeiros três, e depois mencionando somente os dons. Devemos notar como o dom
de línguas está em último lugar na Lista 2, e no final das Listas 1 e 3, junto
com a interpretação de línguas. O fato de ser o menor e último é surpreendente,
quando vemos
a inundação de literatura sobre este dom, e a importância que ele tem em certos
grupos. Agora vamos examinar a lista.
Apóstolos:
sem dúvida isto se refere aos Doze (com Matias tomando o lugar de Judas) e
Paulo. Estes estavam em primeiro lugar com respeito a tempo, sua distinção
sendo baseada no chamamento divino (veja 1:1), suplementado, no caso de Paulo,
pelo fato dele ter visto o Senhor ressurrecto (9: 1; 15:8), e no caso dos Doze,
pelo fato de terem acompanhado o Senhor, e sido testemunhas da Sua ressurreição
(Atos 1:21-22). Não existem apóstolos hoje, pois não existe ninguém que pode
cumprir estas condições. Convém enfatizar que o dom de apóstolo foi fundamental
e incluiu a comunicação da revelação recebida de Deus. Neste ensino exerceram
autoridade divma.
Profetas:
estes falavam por revelação direta, recebida de Deus no poder do Espírito de
Deus, o qual era um dom essencial antes que o cânon das Escrituras fosse
completo. Quanto à prioridade e distinção, estão ligados com os apóstolos.
Outra vez, convém enfatizar que este dom não pode existir hoje.
Doutores:
estes homens foram especialmente dotados para expor, aos novos convertidos, os
fundamentos doutrinários da nova fé, juntamente com suas conseqüências
práticas.
Milagres,
Dons de Curar: veja e explanação destes dons no comentário sobre os vs. 8-10.
Socorros:
este dom parece abranger toda a ajuda liberal e prática que pode ser prestada
quando uma necessidade for percebida.
Paulo falou
da necessidade de "auxiliar os enfermos" (Atos 20:35), e instruiu os
cristãos: "que ... consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos"
(I Tess. 5:14). Inclui ajudar os pobres e necessitados, à medida do possível,
talvez providenciando concertos e a pintura de suas casas, bem como ajuda
financeira e provisão de coisas materiais. Este dom abrange muitas coisas.
Alguns ligam-no com o serviço geral dos diáconos. Este poderia ser chamado,
corretamente, de o mais numeroso dos dons.
Governos: a
palavra parece se referir ao trabalho de um piloto ou timoneiro. O dom trata
daqueles que têm a capacidade, dada por Deus, de guiar a igreja local através
de tempos difíceis e situações cheias de perigo. Enquanto presbíteros não sejam
mencionados nesta epístola, a palavra parece incluir os requerimentos
administrativos deste grupo - homens dedicados para trabalhar em favor da
unidade, saúde, prosperidade espiritual e bem-estar da igreja local.
Diversidades
de Línguas: temos falado sobre este dom no comentário sobre os vs. 8-10.
Observe como "apóstolos" tem o primeiro lugar na lista, e
"línguas" o último. Parece que a ordem dos dons havia sido invertida
pelos coríntios.
29-30. Todas
as sete perguntas exigem uma resposta negativa.
Alguns
sustentam que a evidência de ter sido batizado pelo Espírito é a capacidade de
falar em línguas. Observe que o V. 13 afirma que todos foram batizados no
Espírito, mas o V. 30 indica que nem todos falavam em línguas.
31. Por
causa da ênfase dada à soberania de Deus na distribuição dos dons, e o fato
deles serem ligados à atividade coletiva da igreja local, é possível que
"procurai com zelo" seja um apelo a todos para desejarem intensamente
que Deus levante homens que possuam os melhores, maiores, e mais úteis dons
para a edificação da igreja. Porém, entender esta exortação como "procurai
com zelo para vós mesmos" levaria a um resultado semelhante. Se todos
desejarem (no sentido espiritual) um dom maior, como, por exemplo, o de
profecia (14: 1), para o bem de todos, estarão livres da tendência de enaltecer
os dons menores, mas mais espetaculares, como por exemplo, o dom de línguas.
Paulo então lhes apresenta o caminho sobremodo excelente. Não é que o amor seja
mais excelente do que os dons, nem preferível aos dons, mas sim, que a
motivação suprema para procurar e usar tais dons é o amor. Isto conduz à
manifestação do Espírito, antecipada no v. 7.
Agora vamos
apresentar as principais lições deste importantíssimocapítulo:
a) Observe a
ênfase ao Senhorio de Cristo, no início deste capítulo.
Sua
autoridade como Senhor é suprema e reconhecida pelos cristãos, individualmente
e na igreja local. É somente o poder do Espírito de Deus que pode nos capacitar
a reconhecer e confessá-la.
b) Ao
considerarmos as três listas de dons, vamos notar a riqueza do Doador, a plena
provisão dos dons, e a responsabilidade daqueles que são dotados a exercer os
mesmos, para o bem de todos.
c) Vamos
ponderar profundamente na singular verdade do Corpo como revelada no NT, e na
maravilha da graça que nos colocou nele.
d) Devemos
compreender o princípio que forma a base da verdade do Corpo para ser praticado
na igreja local, a saber, o de unidade em diversidade. Os membros são tão
diversificados, mas demonstram tanta unidade orgânica.
e) Devemos
reconhecer que cada membro da igreja local possui um dom, o qual deve ser usado
para o bem de todos; não se pode retirar, nem dispensar de nenhum, como se não
tivesse importância ou valor.
f) Vamos
entender claramente que cada igreja local existe com a finalidade de
testemunhar de Cristo à comunidade, e manifestar a Sua vida.
g) O
reconhecimento da soberania divina e da sabedoria e riqueza do Doador divino
deve humilhar-nos profundamente; se somos possuidores de, pelo menos, um destes
dons, já nos tomamos objetos da escolha divina para abençoar os outros.
A
Supremacia do Amor
1
Coríntios 13:1-13
"Ainda
que eu falasse as Iinguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria
como o metal que soa ou
como o sino
que tine.
E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse caridade, mada seria.
E ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me
aproveitaria.
A caridade é
sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com
leviandade, não se ensoberbece, Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas
folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A caridade
nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência,
desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é
perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas,
logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora
vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face: agora conheço em
parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois,
permenecem a fé, a esperança e a caridade, estas três, mas a maior destas é a
caridade."
No capítulo
12 temos a doação dos dons, e sua relação uns aos outros. No capítulo 14 temos
os dons em operação, mas aqui no capítulo 13 temos o ambiente em que eles devem
operar. Em Corinto, parece que o amor estava tristemente em falta. Nenhum dom
lhes faltava, mas faltava o elemento vital que é tão essencial ao funcionamento
de tais dons. Como é agradável chegar a um capírtulo como este depois de todas
as carnalidades que temos considerado; é como um oásis no deserto.
Considera-lo-emos da seguinte forma:
a) A
Necessidade do Amor vs. 1-3;
b) As
Qualidades do Amor vs. 4-7;
c) A
Permanência do Amor vs. 8-13.
1. Ao
apresentar a necessidade do amor no seu valor supremo, a ausência do qual
somente produz um resultado negativo, Paulo se refere à esfera da Fala (v. 1),
à esfera do Intelecto (v. 2), e à esfera de Devoção (v. 3). Neste versículo,
ele imagina uma pessoa com a capacidade de falar línguas terrestres e celestes,
"as línguas dos homens"
sendo o
comum, e "as línguas dos anjos" o extraordinário; porém, se
exercitadas sem amor, tudo que se produz será somente barulho e um som vazio.
Pouco, ou nada, sabemos a respeito da linguagem usada entre os anjos; somente
sabemos que quando se comunicavam com os homens, usavam a língua que o ouvinte
conhecia.
Em Atos 26:
14, o Senhor ressurrecto falou ao apóstolo em Hebráico. A impressão geral aqui
é de alguém falando muitas línguas com fluência e poder, e até atingindo uma
eloqüência sobrenatural; contudo, se o amor estiver ausente, não há nada de
substância nem de valor duradouro. Que aqueles entre nós que passam muito do
seu tempo pregando, possam aprender esta lição salutar: o amor pode proteger o
uso do dom, e fazer com que ele seja um meio de bênção aos outros.
2. A pessoa
vista aqui seria muito superior aos seus contemporâneos; seria considerada
pelos outros como um gigante. Vamos notar as coisas mencionadas:
a) Profecia:
Este dom foi notado em 12: 10, 28. A profecia vinha através de alguém que
recebera uma mensagem de Deus, por revelação direta.
b)
Mistérios: Alguns destes já foram mencionados na exposição de 4: 1. São
segredos divinos que não foram revelados anteriormente, e que não podiam ser
compreendidos, se Deus não os tivesse revelado.
c) Ciência:
Este é o conhecimento, divinamente dado, para suprir a necessidade do momento.
Veja 12:8.
d) Fé: Veja
12:9. Como já foi observado, esta não é a fé exercitada na conversão, nem na
vida cotidiana. Refere-se à fé necessária para realizar milagres, até para
transportar os montes.
Observe
agora a repetição da expressão "e não tivesse amor".
Sem esta
qualidade a pessoa não é nada - é sem importância. Isto deve ter sido um tanto
surpreendente aos coríntios, que davam muito importância à possessão de dons,
mas que tinham muita falta do essencial. É muito difícil aprender esta lição. É
tão difícil compreender como alguém tão dotado pode carecer de amor. Mas
devemos aceitar este ensino com todo o seu peso e aplicação; é possível ser tão
dotado, tão conhecedor, tão apreciado, tão aplaudido, mas ainda exercer esses
dons sem amor; a pessoa que faz isto não é nada, e o ministério assim realizado
é sem valor.
3. Agora
chegamos aos atos que pensaríamos ser impossíveis de realizar sem amor. Temos
dois atos de doação sacrificial. Que mais poderia alguém dar do que seus bens e
a si próprio? Observe:
"todos
os meus bens" (ARA); isto abrange tudo, mas ainda falta o amor. Parece
que, até certo ponto, Ananias e Safira foram culpados deste pecado.
Em seguida,
temos o sacrifício supremo, a entrega da vida em martírio. Passo a passo, Paulo
nós leva a ver o lugar supremo que o amor deve ter em tudo que for feito em
nome de Cristo. Nem mesmo o sacrifício da própria vida poderá ter proveito, ou
reconhecimento, se for realizado sem amor. Sem dúvida, Paulo sentiu tudo isso
ao escrever tais palavras, mas em Atos 21: 13 ele se declara "pronto ...
ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus". Estêvão e Tiago
são exemplos daqueles que voluntariamente pagaram o preço de devoção e lealdade
ao Senhor, seu sacrifício sendo caracterizado pelo amor.
4. Nos vs,
4-7, as qualidades do amor são apresentadas em toda a sua beleza, perfeição,
poder e valor inestimável. Podemos ver descrito, aqui, o caráter de Deus e a
vida de Cristo. O Cristianismo abre para nós um mundo inteiramente novo de
experiência, uma oportunidade singular para demonstrar, em nossas vidas, o
caminho mais excelente. Outros têm analisado esta passagem de várias maneiras,
que nos ajudam muito, considerando-a de diversos pontos de vista, mas nós vamos
simplesmente tomar cada qualidade e apresentar o o seu ensino. O amor pode ser
muito positivo em ação, mas passivo em reação. Que o Senhor nos ensine muitas
lições. Observe que o amor é personificado e tem em vista a maneira como o
cristão deve viver.
a) Sofredor:
O amor manifesta auto-domínio diante de provocação, demora a ofender-se e não
deseja retaliar; recusa tomar vingança e não perde a calma apesar da conduta
dos outros.
Está pronto
a deixar que o outro aproveite dele. Sendo tardio em irar-se e em mostrar
ressentimento, o amor, quando injuriado, não injuria (I Ped. 2:23).
b) Benigno:
Se sofredor é passivo, benigno é ativo. Disposto a fazer o bem, mesmo àqueles
que se opõe ou nos causam dano; é sempre ajudador, amigável, compassivo.
c) Não é
invejoso: Esta qualidade evita o desejo de ter aquilo que pertence ao outro.
Não inveja o sucesso dos outros. A alma que ama está contente com o que tem, e
se alegra com a prosperidade do outro. Sempre dá honra ao outro, e nunca
diminuiria o louvor que lhe é devido. Inveja é mencionada em 3:3 como evidência
de carnal idade, e é ilustrada em 12: 15-16.
d) Não trata
com leviandade: Ou, "não se vangloria" (Versão Revisada). Não deseja
ganhar popularidade com os outros, nem parecer superior. O amor não se gaba,
nem é jactancioso, nem ostensivo, nem convencido. O amor não coloca-se a si
mesmo em primeiro lugar, nem superestima o seu próprio dom ou sucesso.
É
caracterizado por abnegação. Os coríntios cometeram o erro de exultar e
gloriar-se nos seus próprios dons, havendo perdido de vista o fato de serem
apenas receptores.
e) Não se
ensoberbece: O amor não se caracteriza por orgulho, arrogância nem
amor-próprio, nem fica inchado com sua própria importância. Paulo se refere
constantemente ao fato dos coríntios estarem inchados (4:6, 18, 19; 5:2; 8:1)
e, no caso deles, isto se manifestou quando se gloriavam contra Paulo, e mostravam
indiferença ao mal.
f) Não se
porta com indecência: Esta frase anula toda a conduta mal-educada, rude, ou
insuitante. O amor nunca tem motivo de sentir vergonha por causa de sua
conduta. É caracterizado por cortesia, tato, e consideração dos outros. Graça e
simpatia são suas qualidades distintas. Não convém que um cristão seja
grosseiro e bruto.
g) Não busca
os seus interesses: O amor não se preocupa em promover seus próprios interesses
ou estabelecer seus próprios direitos; não atenta para o que é propriamente
seu, mas também para o que é dos outros (Fil, 2:4). Abnegação, o sacrifício de
si mesmo em buscar os interesses dos outros, é a ocupação do amor. Isto teria
impedido que os coríntios processassem uns aos outros. Egoísmo é a raiz dos
males da sociedade, como também de muitos dos problemas que surgem na vida da
igreja local.
h) Não se
irrita: Isto é o contrário de ser melindroso, pois o amor não se ofende
facilmente. Suporta menosprezo e insultos, e não se entrega à ira que produz
amargura, nem fica amargurado por linguagem ofensiva, injúrias, ou prejuízo.
Nunca fica exasperado, preferindo antes abençoar aqueles que se opõe (Rom. 12:
14).
i) Não
suspeita mal: pode ser traduzido: "não toma nota do mal". O amor não
faz "contabilidade" dos erros dos outros para depois cobrá-los. Não
dá lugar para ressentimento ou rancor, nem tempo para represálias "com
juros". Não registra o mal, nem procura vingança. Estando inteiramente
livre de malícia, o amor está sempre pronto a perdoar e esquecer-se de qualquer
ofensa contra si mesmo. Devemos estar prontos para esquecer; sem isto não há
perdão sincero.
j) Não folga
com a injustiça: O amor não tem prazer nos erros dos outros; não se deleita com
a queda do outro, nem tem prazer malicioso em ouvir aquilo que é pejorativo.
Rodeado por um mundo de injustiça, nós, que temos amor, somos um povo que
defende o que é justo. Pertencemos à comunhão dos puros.
k) Folga com
a verdade: É claro que "verdade" aqui está em contraste com
injustiça. O amor não somente regozija-se com a verdade do Evangelho, como
também com aquilo que é verdadeiro e justo em contraste com injustiça. Num
mundo falso e perverso, aqueles que são caracterizados pelo amor sempre
defendem e representam aquilo que é reto, justo, e honesto.
Somos contra
toda espécie de corrupção em toda camada da sociedade.
l) Tudo
sofre: "Sofre" tem o sentido de suportar o vitupério associado com a
defesa da verdade. O amor está sempre pronto a sofrer por causa da justiça,
suportando insultos, ou, se necessário, prejuízo. Nunca reclama por causa dos
muitos sofrimentos, mas aguenta as aflições, varonilmente e sem reclamar.
m) Tudo crê:
Isto não quer dizer que o amor seja ingênuo, ou aceita como verdade tudo que se
fala, mas sim, que está sempre pronto a imputar os melhores motivos, e crer o
melhor acerca dos outros; está sempre pronto a interpretar da melhor forma, e
atribuir os melhores motivos. Isto está em grande contraste com um mundo que
sempre está pronto a acreditar o pior.
n) Tudo
espera: A esperança é um dos elementos básicos de nossa fé, e deve banir o
pessimismo. A esperança nunca aceita uma falha como final. O amor continua
esperando, sem importar-se com o tamanho do desapontamento. Esta atitude é
inspirada no Deus da esperança (Rom. 15:13).
o) Tudo
suporta: O amor é caracterizado por firmeza, apesar das circunstâncias. É o
espírito que persevera e conquista e triunfa.
É a
perseverança, não de uma resignação passiva, mas de um glorioso triunfo e
coragem.
Devemos
notar os negativos, nos vs. 4-6: o que o amor não é, e no V. 7, o que o amor é.
Observe também que Paulo vê todas estas qualidades existindo, não num mundo
ideal ou numa igreja perfeita, mas em meio de pressão, oposição, angustia e
desapontamento. O amor sempre triunfa, e suas qualidades resplandecem em graças
radiantes, comprovando sua superioridade a tudo ao seu redor.
Os últimas
versículos (vs. 8-13) tratam da permanência do amor; vamos dividi-los em três
partes:
a) Em Parte
e Perfeito vs. 8-10
b)
llustrações da Revelação Progressiva vs. 10-12
c) A
Preeminência do Amor V. 13
É importante
observar que o V. 8 menciona apenas três dons, o V. 9 apenas dois, e que no V.
10, "o que é perfeito" está em contraste com os dois dons do V. 9.
Devemos observar também que no V. 8 a ARC traduz a mesma palavra grega
(katargeo) por duas palavras diferentes "serão aniquiladas" e
"desaparecerá". Convém dizer também que nossa exposição destes
versículos será diferente da interpretação de muitos eruditos e ensinadores
cuja ajuda tem sido valiosa enquanto temos procurado expor esta epístola. Não
devemos deixar esta diferença de opinião sobre a interpretação de "o que é
perfeito" causar divisão. De acordo com o ensino dos versículos
anteriores, amor e cortesia devem caracterizar nossa atitude para com aqueles
que têm genuínas dificuldades em aceitar aquilo que será apresentado aqui.
Convém dizer que a prova da cessação dos dons de sinal não depende da
interpretação de I Coríntios 13, como Ef. 2:20 e Heb. 2:3-4 demonstram.
8. Este
versículo diz que o amor nunca há de falhar, nunca deixará de ser ativo ou
manifesto. Isto está em contraste com os três dons mencionados: profecias,
línguas, e ciência. Vamos diferenciá-los novamente:
Profecias:
proclamando a mensagem de Deus, recebida por revelação direta.
Línguas: o
dom de falar um idioma que não é a língua materna daquele que fala.
Ciência:
conhecimento dado diretamente por Deus para suprir uma determinada necessidade
naquele tempo, até que as Escrituras fossem completas. É conhecimento recebido
por revelação, e não conhecimento adquirido por estudo.
Ao
comentarmos 12:8-10 acima, foi observado que a palavra heteros, que quer dizer
"outro de espécie diferente", ocorre entre o segundo e terceiro dom,
e entre o sétimo e oitavo, dividindo assim a lista em três grupos. Observe que
aqui um dom é tomado de cada grupo para dar-nos os três dons mencionados acima:
"profecias" do segundo grupo, "língua" do terceiro grupo, e
"ciência" do primeiro grupo. O fato destes três não terem, como
veremos, o propósito de ser permanentes, indica que os outros dons, nos três
grupos, também cessariam.
Agora
precisamos notar como profecias e ciência "desaparecerão" (VB). Este
verbo "desaparecer" é katargeo, e quer dizer tirar de serviço, tomar
inativo, reduzir à inatividade, tornar sem efeito, abolir, anular. É uma
palavra com um significado muito forte, e indica uma cessação completa, sem a possibilidade
de revocação. A voz é passiva, indicando que foram abolidos por um poder fora
de si mesmos; isto é, logicamente, pela mesma autoridade que os deu, a saber, o
Espírito Santo (veja o capítulo 12). A cessação não foi temporária, mas sim
permanente. Em contraste com estes, porém, vemos que línguas
"cessarão". "Cessarão" (pausontai) está na voz média,
indicando que cessariam espontaneamente, "ficarão quietas". Devemos
notar esta declaração geral, pois não se repete. É declarada claramente, e
deixada assim.
Novamente,
vemos que estes dons não eram permanentes, de sorte que tanto a profecia, que
era para os cristãos, como as línguas, que eram para os descrentes (veja
14:22), e a ciência, que era cornunicada a certas pessoas escolhidas, todos
acabariam.
9. Como já
foi dito anteriormente, os dons agora são apenas dois. A profecia, que
compreende a recepção e proclamação da verdade revelada, e a ciência, que
compreende a revelação da mente de Deus, são parciais, em contraste com aquilo
que é completo. O versículo seguinte repete o que foi dito no v. 8, que estes
dons "desaparecerão", e diz-nos quando isto aconteceria. Deve ter
ficado claro que o assunto é revelação divina, e se relaciona com a terra e não
com o céu.
10. "O
que é perfeito" se refere à conclusão daquilo que mais tarde ficou
reconhecido como o cânon das Escrituras. Quando o último livro do NT foi
escrito, a revelação ficou completa. Não há necessidade de introduzir a idéia
do céu. Afinal, não é necessário informar-nos que os dons cessarão ao chegarmos
lá. Isto é óbvio demais. W. Hoste, em Bible Problems and Answers, pág. 332,
comenta:
"Não é
necessário provar que estes dons serão supérfluos lá no céu. Se você
encontrasse um amigo carregando uma lamparina através de uma rua suburbana
escura, e lhe dissesse solenemente que, quando o sol nascesse, ele não
precisaria mais da sua lamparina, ele pensaria que você só falava banalidades;
mas se você lhe dissesse: 'Você não vai precisar mais desta lamparina quando a
companhia elétrica terminar o seu projeto na localidade', isto seria
compreensível e digno de atenção". Assim também, por que mencionar estes
dois dons separadamente de todos os outros dons que , hão de cessar quando
chegarmos ao céu? Estes dons são mencionados porque eram dons de revelação,
através dos quais Deus revelou a Sua mente até que as Escrituras fossem
completas. Escrevendo sobre as duas expressões, ek merous ("em
parte") e teleion ("perfeito"), G. B. Weaver salienta o
seguinte: "Logicamente to teleion tem que referir-se a algo completo ou
perfeito na mesma esfera daquela a que se refere a expressão ek merous. Já que
to ek merous se refere à transmissão da verdade divina através de revelação, o
outro termo, teleion, deve se referir à revelação completa da verdade de Deus,
o Novo Testamento inteiro (juntamente, é claro, com o livro que forma o seu
fundamento, o Velho Testamento)".
Mais uma
coisa: se profecia e ciência continuam até a vinda do Senhor, então a Bíblia
ainda está sendo escrita. Esta é a posição do movimento carismático. Os
reformadores salvaram o cristianismo de erros extra-bíblicos com o clamor:
"Sola Scriptura", que quer dizer:
"Somente
as Escrituras". Agora destes, e de outros, vem o clamor: "As
Escrituras mais a nova revelação de Deus". Que Deus nos preserve.
É importante
notar que, se os dons mencionados como "em parte" continuam, então há
uma contínua revelação divina. De fato, os carismáticos insistem numa contínua
revelação contemporânea. J. Rodman Williams, no seu livro The Era of the
Spirit, diz: "A Bíblia realmente tomou-se co-testemunha da presente
atividade de Deus ...
Hoje, se
alguém tem talvez uma visão de Deus e de Cristo, é bom saber que isso já
aconteceu antes ... Se alguém disser: 'Assim diz o Senhor', e se atreve a
dirigir-se à congregação usando a primeira pessoa - indo até além das palavras
das Escrituras - é isso que aconteceu na antigüidade ... O Espírito, como o
Deus vivo, move através e além dos registros do testemunho passado, por mais
valiosos que sejam tais registros, como um modelo para o que acontece hoje ...
Na profecia Deus fala ... De fato a fala pode ser até rude e gramaticamente
incorreta; pode ser uma mistura de linguagem antiga e moderna: pode gaguejar ou
fluir - realmente isto não tem importância ... A maioria de nós, é claro,
estamos familiarizados com discursos proféticos como os que são registrados na
Bíblia, e prontos para aceitá-los como a palavra de Deus. Estávamos acostumados
com o 'assim diz o Senhor' de Isaías ou Jeremias, mas ouvir um João ou uma
Maria hoje, no século vinte, falar do mesmo jeito ... ! Muitos de nós havíamos
convencido a nós mesmos que profecias tinham terminado com a chegada do Novo
Testamento (apesar de toda a evidência neo-testamentária que diz o contrário),
até que, de repente, através do impulso dinâmico do Espírito Santo, a profecia
reviveu. Agora gostaríamos de saber como pudemos ter interpretado maio Novo
Testamento durante tanto tempo!" Esta citação, enquanto surpreendente,
apresenta plenamente o ponto de vista do movimento carismático.
Observe
certas coisas nessa declaração:
a) A
afirmação de que a Bíblia é co-testemunha com a presente revelação em profecia.
b) Diz-se
que é possível alguém apresentar o que tem a dizer, hoje, como sendo uma
revelação nova, usando a expressão: "Assim diz o Senhor".
c) O autor
insiste que é permissível usar a primeira pessoa. Isto significa que se pode
dizer: "Eu, porém, vos digo", e ir além das Escrituras, acrescentando
alguma coisa à revelação já existente.
d) Ele diz
que o Espírito vai além dos registros de testemunhas passadas, isto é, além dos
testemunhos do VT e do NT.
e) Ele
considera que qualquer João ou Maria, hoje, podem profetizar com autoridade
igual à de Isaías, Jeremias, Pedro e Paulo.
Fica
perfeitamente claro que, uma vez que aceitamos a idéia de que o que é "em
parte" ainda continua, a evidência da autoridade final das Escrituras fica
enfraquecida, e qualquer João ou Maria pode dizer ter revelação divina
com autoridade igual à do VT e NT.
Que sejamos
avisados, e que falemos, constantemente, do perigo de tal ensino; todas as suas
implicações são realmente assustadoras.
11. Aqui e
no V. 12 temos duas ilustrações. A primeira trata do crescimento da infância à
maturidade, do parcial ao completo, não do imperfeito ao perfeito. Levou tempo,
e foi progressivo, à medida que as Escrituras chegavam à conclusão. Maturidade
é o fim do processo natural; aqui, o resultado é a Escritura completa. Outras
Escrituras
confirmam o uso da palavra "menino" como referindose a um estado
imaturo. Heb. 5: 11-14, fala de cristãos hebreus que haviam deixado de
progredir e estavam inclinados a apegar-se à Lei. O escritor repreende-os e
deseja que sejam homens maduros.
Em vez de
serem negligentes para ouvir (v. 11), na fase de alunos (v. 12), alimentados
com mamadeira (v. 13), deveriam progredir para se tomarem mestres,
alimentando-se de alimento sólido, e sendo caracterizados por percepção
espiritual e discernimento. Em I Cor. 3: 1-3 ele expõe aos coríntios a sua
condição pouco desenvolvida.
Ainda eram
meninos, com o crescimento interrompido, atrasados quanto ao desenvolvimento,
não espirituais. Em Ef. 4: 13-15, o apóstolo almeja ver os santos em Éfeso
deixarem de ser meninos (para que não sejam expostos à exploração dos falsos
mestres) e chegarem à maturidade. Assim também, aqui, o desenvolvimento de
"menino" para "homem" se apresenta para demonstrar a
revelação de Deus avançando até a conclusão.
12. Temos
agora a segunda ilustração da mesma verdade do V. 11.
Não tem nada
a ver com o céu, embora possamos aplicá-Ia desta maneira. O espelho é aquela
parte da palavra de Deus que tinha sido revelada até o tempo quando o apóstolo
escreveu. O único outro uso da palavra é em Tiago 1:23, onde também significa a
palavra de Deus. "Em enigma" significa uma coisa complicada, que
precisa de mais esclarecimento; algo precisa ser acrescentado para explicar o
seu significado. Corresponde, perfeitamente, com a idéia do estado parcial da
revelação no tempo quando estes dons estavam operando, esperando a revelação
plena da Bíblia completa. "Face a face" é a plena e clara revelação
das Escrituras. Vamos deixar a palavra de Deus confirmar esta interpretação. Em
Núm. 12, Deus defende Moisés dizendo que com os outros a revelação foi através
de uma visão ou sonho (correspondendo ao parcial), mas que com Moisés foi
"boca a boca" (correspondendo a "face a face"). É muito
interessante observar a semelhança entre as expressões em Núm. 12 e nesta
passagem.
Muitos se
opõe a esta interpretação, dizendo que estamos afirmando ter um conhecimento
maior do que o conhecimento de Paulo. Mas não é assim. Os apóstolos tinham todo
o conhecimento que era necessário para aquele tempo. "Conheço em
parte" volta aos vs. 9-10. Paulo estava cônscio da revelação parcial, e
estava profundamente cônscio que Deus estava constantemente revelando verdades
novas. Conhecimento mais completo é a revelação progressiva das Escrituras. Não
há nenhuma questão do conhecimento dele, ou nosso, chegar a ser igual ao
conhecimento de Deus. "Então conhecerei" significa chegar à revelação
final de Deus, como revelado nas Escrituras, cônscio de que Deus sempre nos
conheceu perfeitamente.
13.
"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor", quando todos os
dons tiverem desaparecido. A expressão "Agora, pois" (nuni de), é
temporal e lógica. Paulo está contrastando a natureza temporária dos dons
mencionados no v. 9 com a permanência da fé, esperança e amor. Estes são três
dos elementos essenciais do cristianismo.
Então, ele
afirma que o maior destes é o amor. A fé permanece na excelência de sua função,
e a esperança na clareza de sua visão, mas o amor excede a todos, no seu valor
superlativo. Não é que o amor excede à fé e à esperança em duração, mas sim,
que excede-as em importância, agora, como a verdadeira essência do
cristianismo, pois "o amor é de Deus" (I João 4:7) e "Deus é
amor" (I João 4:8). A questão de alguma ou todas estas graças continuarem
na eternidade não aparece neste versículo.
Vamos agora
ajuntar algumas das lições apresentadas neste capítulo:
a) A
excelência do amor em todo o seu inestimável valor e necessidade, e a terrível
perspectiva da sua ausência.
b) A
futilidade de oratória (v. 1), de amplo conhecimento (v. 2), e de ofertas
sacrificiais (v. 3), se não houver amor.
c) A riqueza
das variadas excelências do amor, cuja presença tanto enriquecerá as nossas
vidas.
d) As
excelentes qualidades do amor nos seus valores positivos e negativos.
e) As
afirmações positivas acerca do amor excluem as funções negativas, e as
afirmações negativas garantem a presença das funções positivas.
f) Observe
que, em contraste com a permanência do amor (v. 8), certos dons cessarão, serão
retirados, tendo realizado aquilo para o que existiram.
g) Note a
importância do tempo na revelação progressiva de Deus, quando as Escrituras
foram completadas. Este foi um marco importante (Quando os dons de sinal
cessaram. N do R).
A
Superioridade da Profecia
1
Coríntios 14:1-25
"Segui
a caridade, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de
profetizar.
Porque o que
fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o
entende, e em espírito fala de mistérios.
Mas o que
profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação.
O que fala
língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.
E eu quero
que todos vós faleis línguas estranhas, mas muito mais que profetizeis, porque
o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que
também interprete para que a igreja receba edificação.
E agora,
irmãos, se eu for ter convosco falando línguas estranhas, que vos aproveitaria,
se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou
da doutrina?
Da mesma
sorte, se as coisas inanimadas, que fazem som, seja flauta, seja cítara, não
formarem sons distintos,
como se
conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara?
Porque, se a
trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?
Assim também
vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se
entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar.
Há, por
exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação.
Mas, se eu
ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala
será bárbaro para mim.
Assim também
vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edíficação da
igreja.
Pelo que, o
que fala língua estranha, ore para que a possa interpretar.
Porque, se
eu orar em língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica
sem fruto.
Que farei
pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com
o espírito, mas também cantarei com o entendimento.
Doutra
maneira, se tu bendisseres com o espirito, como dirá o que ocupa o lugar de
indouto, o Amém, sobre atua ação de
graças, visto que não sabe o que dizes?
Porque
realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado.
Dou graças
ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.
Todavia eu
antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para
que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua
desconhecida.
Irmãos, não
sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e, adultos no
entendimeto.
Está escrito
na lei: Por gente doutras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e
ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor.
De sorte que
as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infíeis; e a profecia
não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis.
Se pois toda
a igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas estranhas, e entrarem
indoutos ou infiéis,
não dirão
porventura que estais loucos?
Mas, se
todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de
todos é julgado.
Os segredos
do seu coração ficarão manifestos, e assim, lançando-se sobre o seu rosto,
adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós."
Nesta seção
(vs, 1-25), Paulo está mostrando o contraste entre línguas e profecia, e
estabelece claramente que o dom de profecia deve ser preferido e procurado,
pois é mais produtivo. Havendo colocado o dom de línguas em último lugar nas
listas dos dons (12:28-30), e mostrado o prejuízo que pode causar se não for
interpretado, agora, nas palavras de H. Chadwick, ele "vai dar uma ducha
de água gelada sobre toda esta prática". É extremamente estranho que os
pentecostais e carismáticos não têm percebido isto, e ainda elevam este dom a
um lugar de supremacia nos seus pensamentos e conduta. (Fica claro que o que
dizem ser o dom, isto é, falar em êxtase, fazendo sons que mais parecem o
barulho dos animais de uma fazenda (como J. M. Davies o descreve), sem qualquer
vocabulário distinto, sem características gramaticais, e com poucos sons
vocálicos, não tem nada a ver com o dom dos dias primitivos.)
Também
convém afirmar que o dom de profecia era um dom fundamental (Ef. 2:20); um
irmão falava por revelação direta, o que não acontece hoje. Alguns tentam
ensinar-nos que este dom é permanente, e o comparam com a pregação, ensino
expositivo, ou com uma palavra do Senhor, inspirada pelo Seu Espírito. Isto não
pode ser sustentado pelas Escrituras. Hoje, falamos através das Escrituras já
completas; não existe revelação direta. Vamos dividir esta seção em três
partes:
a) O Teste
quanto a Edificação vs. 1-5
b) O Teste
quanto a Inteligibilidade vs. 6-12
c) O Teste
quanto ao Proveito vs. 13-25
1-2. Nestes
versículos, o apóstolo os exorta a procurar, ardentemente, o amor com todas as
suas excelentes virtudes, e juntamente com isto desejar dons espirituais, mas
especialmente o de profetizar.
Em seguida,
ele começa a contrastar línguas e profecia, e apresenta as suas razões pela
escolha de profecia como o dom superior. O dom de línguas era somente para com
Deus (quando não houvesse interpretação), mas o dom de profecia era para a
edificação da igreja, era dirigida ao homem. No V. 2, ele destaca que alguém
falando em língua estrangeira não é entendido pelos ouvintes, somente Deus o
entende. A razão por não ser entendido não se encontra no conteúdo da mensagem,
mas no meio de comunicação da mensagem; ele usava uma língua que ninguém
entendia, pois não há nenhuma menção de um intérprete. Ele poderia estar
expressando mistérios, isto é, verdades que antes não foram reveladas, e que
agora estavam sendo reveladas por Deus, mas
ninguém o
entenderia. Observe que esta pessoa falava com Deus, sugerindo uma fala
coerente e não sons ininteligíveis. Ele entendia o que estava falando. Isto é
muito importante, e dá apoio àquilo que vamos falar mais tarde sobre inteligibilidade.
Os carismáticos, e outros, geralmente supõem que aquele que falava não entendia
o
que dizia.
3-4. Em
contraste com o que dissemos acima, Paulo mostra, agora, que o profeta fala
"aos homens" (compare com "a Deus", no v. 2) para
edificação, exortação e consolação. Edificar significa informar a mente e
fortalecer a alma; tanto ilumina quanto capacita.
Exortar quer
dizer encorajar, animar, estimular, incentivar para mais esforço e devoção.
Consolar quer dizer ajudar, socorrer, apoiar em meio às tempestades da vida,
chegar ao lado e falar palavras de conforto e ternura, trazer uma palavra para
elevar o espírito e encorajar a alma. Este deve ser o resultado de todo o
ministério público. Paulo indica, no v. 4, que aquele que falava em línguas edificava-se
a si mesmo. Isto quer dizer que ele entendia o que falava.
Aquilo que
não pode ser entendido não pode edificar.
Observe que
o profeta edificava a igreja. O grau de edificação resultante do uso de cada
dom está no fato de que aquele que falava em línguas edificava uma só pessoa, a
si mesmo, enquanto que o profeta edificava a muitos, a igreja inteira.
Permita-me salientar, mais uma vez, que aquele que falava em línguas tinha que
entender o que falava para ser edificado. Se pudesse ser edificado sem entender,
a igreja toda poderia ser edificada do mesmo modo. Havia um certo egoísmo no
exercício de um dom que somente edificava aquele que falava, e o amor "não
busca os seus interesses" (13:5). Neste uso egoista do dorri é que estava
o abuso. Não tendo ninguém que entendesse a sua língua, ele poderia ter
edificado a todos usando a sua língua materna.
5. Paulo se
apressa a lhes assegurar que ele não queria que deixassem de usar o dom de
línguas. Ficaria feliz se todos possuíssem este dom, mas preferiria que
profetizassem. A profecia era superior, porque o proveito da igreja era maior.
Uma maneira de compensar a limitação das línguas era para aqueles que falavam
línguas ter a capacidade de interpretá-Ias. Isto indica que uma só pessoa
poderia possuir ambos os dons. O v. 13 supõe a mesma situação, enquanto que o
v. 28 mostra a possibilidade daquele que falava em línguas não possuir o dom de
interpretação. Se a mensagem fosse interpretada, ela então assumiria o caráter
de profecia, e a igreja era edificada.
O fato da
interpretação edificar a igreja indica que a mensagem era importante e
proveitosa, e não meramente um amontoado de sons.
Os vs. 6-12
salientam a importância de comunicação inteligente e distinta para garantir a
compreensão. Isto se vê ao notarmos certas expressões usadas nesta passagem:
"que vos aproveitaria?" (v. 6); "como se conhecerá?" (v.
7); "quem se preparará?" (v. 8); "como se entenderá?" (v.
9); "nenhuma delas é sem significação" (v. 10); "se eu ignorar o
sentido" (v. 11). Inteligibilidade é o que se espera daquele que fala (v.
6); de instrumentos musicais (vs. 7-9); de línguas (vs. 10-11); depois,
segue-se a exortação (v. 12).
6. Aqui, o
apóstolo contrasta a inutilidade do dom de línguas com o grande proveito de
revelação, conhecimento, profecia, ou doutrina.
Novamente, o
contraste está entre falar em outras línguas e falar na sua própria língua. De
acordo com o v. 30, revelação e profecia estão ligadas; a primeira é interior e
a segunda é a expressão externa.
O profeta
tem que ter uma revelação. Da mesma forma, conhecimento e ensino (doutrina)
estão ligados, pois o primeiro é necessário para o segundo. Mas a questão de
suma importância é: "que vos aproveitaria?" Este é o alvo de todo o
falar.
7-9. Três
instrumentos são mencionados para esclarecer a necessidade de distinção nos
sons: a flauta, a cítara, e a trombeta. O v. 7 indica que estes dois
instrumentos (flauta e cítara) eram bem-conhecidos; a flauta representa os
instrumentos de sopro, e a cítara instrumentos de corda. Mas estes, a fim de
apresentarem um som distinto, estavam sujeitos às leis de som, ritmo e tom,
para poderem produzir um som claro, ou uma melodia, que todos pudessem
apreciar. Paulo está enfatizando que sem interpretação, as línguas são sons
ininteligíveis, sem proveito aos ouvintes. No caso da trombeta, a clareza do
som era vital, no exército; se não fosse, tudo seria confuso (veja Núm.
10:1-10). Agora, o V. 9 aplica estes princípios ao ato de falar na igreja
local. A "língua", aqui, é a língua humana.
Sua ligação
com inteligibilidade é clara. Um discurso deve ser caracterizado por
simplicidade, clareza, e linguagem que pode ser entendida.
Se as
palavras que se falam não são inteligíveis, seria o mesmo que falar "ao
ar"; seriam palavras que nunca alcançariam as mentes e corações dos
ouvintes; seria como se não houvesse ouvintes.
Que todos os
irmãos que falam em público possam aprender esta importante lição.
10-11. A
terceira ilustração é a existência de muitas línguas no mundo; cada uma tem
suas próprias qualidades. Não existe língua sem palavras distintas. No v. 11,
Paulo imagina alguém falando numa língua estrangeira - para ele é só uma voz.
Tudo é incorn preensível à sua mente. O "bárbaro" seria um
estrangeiro que não falava grego. É claro que, para o bárbaro, a língua grega
era igualmente ininteligível. Qualquer um que viaja ao exterior já teve esta
experiência. Quando alguém falava em línguas, levantava uma barreira,
impossibilitando a comunhão. "Sentido", aqui, é literalmente
"poder". O poder da fala se encontra na sua inteligibilidade.
12. Paulo
agora os exorta, lembrando-lhes do seu zelo em procurar dons espirituais. A
palavra "espiritual", aqui, é diferente daquela em 12:1 e 14:1. J. N.
Darby a traduz "espírito"; mas o sentido parece ser dons ou
manifestações espirituais. Ele exorta-os a direcionar o seu zelo na edificação
da igreja. Edificar os outros era a coisa mais importante. Paulo volta
constantemente a este tema supremo pois, em comparação, tudo toma um lugar
secundário.
Os próximos
treze versículos (vs. 13-25) destacam o que é proveitoso.
É
extremamente importante observar que nesta passagem o apóstolo está tratando do
dom de línguas em operação, mas sem interpretação.
Nenhuma
interpretação foi necessária em Atos 2, porque os ouvintes podiam entender as
línguas. A utilidade do dom dependia, inteiramente, da sua interpretação, quer
seja por aquele que falava, quer seja por outro. Vamos considerar estes
versículos sob três aspectos:
a) Do ponto
de vista daquele que fala vs. 13-15;
b) Do ponto
de vista da igreja vs. 16-19;
c) Do ponto
de vista do visitante vs. 20-25.
13. Paulo
encoraja o irmão que tem o dom de línguas a orar pelo dom de interpretação. O
exercício do dom sozinho era muito limitado quanto ao seu valor, e de nenhum
proveito aos ouvintes.
Exercer o
dom de línguas era falar uma língua estrangeira, mas interpretar era traduzir a
mensagem com explanação no vernáculo, na língua que todos entendiam. Esta é a
premissa básica sobre a qual ele vai construir o seu argumento.
14. Agora
ele exemplifica o que vai acontecer quando não há intérprete.
"Porque"
estabelece a ligação; esta é a razão pela qual ele deve orar pela capacidade de
interpretar. Se não há interpretação, o espírito ora, mas o entendimento fica
infrutífero, significando que não há nenhum proveito para o ouvinte. "Se
eu orar em língua estranha" é o exercício do dom; "o meu espírito
ora", se refere ao seu próprio espírito sob a influência do Espírito de
Deus. "Meu entendimento fica sem fruto" não significa que a sua mente
não está envolvida, ou que fica de lado. Tal conclusão incrível é impossível,
especialmente depois de toda a ênfase que se deu no versículo anterior à
inteligibilidade. Paulo não diz que a mente não está envolvida; o que ele
realmente diz é que o entendimento fica infrutífero - infrutífero embora
envolvido. Nenhum fruto se produz no
ouvinte. O
contexto dá apoio a esta interpretação: "procurai abundar neles, para
edificação da igreja" (v. 12); "não sabe o que dizes" (v. 16);
"o outro não é edificado" (v. 17). O propósito total do dom é
alcançado quando o ouvinte ouve, e tira proveito, da interpretação.
15-16. Estes
versículos consideram o dom de línguas usado em orar, cantar, e abençoar.
(Observe que "bendisseres com o espírito" equivale a "ação de
graças" no V. 16.) O V. 15 enfatiza que isso deve ser feito com o
entendimento. Isso indica, claramente, que deve ser feito de tal maneira que
outros possam tirar proveito, como demonstrado nos vs. 14, 16. Portanto,
interpretação era necessário, senão o exercício do dom seria puramente egoísta;
somente aquele que falava teria proveito. O V. 16 deixa isto claro. Algum irmão
estaria dando graças numa língua estranha; haveria na congregação uma pessoa
interessada, que não poderia acompanhar, nem expressar comunhão com a ação de
graças (dizendo "Amem"), pois nada entenderia. Esta pessoa é chamada
de "indouto" e, comparando o V. 16 com os vs, 23-24, indica
claramente que seria um crente que ainda não estava na comunhão da igreja
local. Parece ser uma pessoa interessada (veja nota abaixo). E possível que,
havendo chegado à reunião e havendo ouvido o dom de línguas em operação,
ficasse confuso e perturbado pelo fato de não poder acompanhar inteligentemente
o irmão na sua ação de graças. É evidente que o uso de "Amem" nas
reuniões era uma ocorrência comum. Seu uso em Neemias 8:6, indica que era
também comum entre os filhos de Israel. Mesmo hoje em dia o seu uso significa
que o crente concorda, e expressa a sua aprovação, como se fosse a sua própria
oração.
Observe o
profundo interesse que o apóstolo manifesta no bem-estar espiritual do
visitante. Embora ele, evidentemente, não estava em comunhão, não deveria ser
ignorado, mesmo que, provavelmente, ocupasse esse lugar por causa da sua
imaturidade. No V. 23, a mesma expressão "indouto" é usada, mas
parece que se refere
a um
descrente, porque diz que o resultado de ouvir os profetas preensível à sua
mente. O "bárbaro" seria um estrangeiro que não falava grego. É claro
que, para o bárbaro, a língua grega era igualmente ininteligível. Qualquer um que
viaja ao exterior já teve esta experiência. Quando alguém falava em línguas,
levantava uma barreira, impossibilitando a comunhão. "Sentido", aqui,
é literalmente "poder". O poder da fala se encontra na sua
inteligibilidade.
12. Paulo
agora os exorta, lembrando-lhes do seu zelo em procurar dons espirituais. A
palavra "espiritual", aqui, é diferente daquela em 12:1 e 14:1. J. N.
Darby a traduz "espírito"; mas o sentido parece ser dons ou
manifestações espirituais. Ele exorta-os a direcionar o seu zelo na edificação
da igreja. Edificar os outros era a coisa mais importante. Paulo volta
constantemente a este tema supremo pois, em comparação, tudo toma um lugar
secundário.
Os próximos
treze versículos (vs. 13-25) destacam o que é proveitoso.
É
extremamente importante observar que nesta passagem o apóstolo está tratando do
dom de línguas em operação, mas sem interpretação.
Nenhuma
interpretação foi necessária em Atos 2, porque os ouvintes podiam entender as
línguas. A utilidade do dom dependia, inteiramente, da sua interpretação, quer
seja por aquele que falava, quer seja por outro. Vamos considerar estes
versículos sob três aspectos:
a) Do ponto
de vista daquele que fala vs. 13-15;
b) Do ponto
de vista da igreja vs. 16-19;
c) Do ponto
de vista do visitante vs. 20-25.
13. Paulo
encoraja o irmão que tem o dom de línguas a orar pelo dom de interpretação. O
exercício do dom sozinho era muito limitado quanto ao seu valor, e de nenhum
proveito aos ouvintes.
Exercer o
dom de línguas era falar uma língua estrangeira, mas interpretar era traduzir a
mensagem com explanação no vernáculo, na língua que todos entendiam. Esta é a
premissa básica sobre a qual ele vai construir o seu argumento.
14. Agora
ele exemplifica o que vai acontecer quando não há intérprete.
"Porque"
estabelece a ligação; esta é a razão pela qual ele deve orar pela capacidade de
interpretar. Se não há interpretação, o espírito ora, mas o entendimento fica
infrutífero, significando que não há nenhum proveito para o ouvinte. "Se
eu orar em língua estranha" é o exercício do dom; "o meu espírito
ora", se refere ao seu próprio espírito sob a influência do Espírito de
Deus. "Meu entendimento fica sem fruto" não significa que a sua mente
não está envolvida, ou que fica de lado. Tal conclusão incrível é impossível,
especialmente depois de toda a ênfase que se deu no versículo anterior à
inteligibilidade. Paulo não diz que a mente não está envolvida; o que ele
realmente diz é que o entendimento fica infrutífero - infrutífero embora
envolvido. Nenhum fruto se produz no
ouvinte. O
contexto dá apoio a esta interpretação: "procurai abundar neles, para
edificação da igreja" (v. 12); "não sabe o que dizes" (v. 16);
"o outro não é edificado" (v. 17). O propósito total do dom é
alcançado quando o ouvinte ouve, e tira proveito, da interpretação.
15-16. Estes
versículos consideram o dom de línguas usado em orar, cantar, e abençoar.
(Observe que "bendisseres com o espírito" equivale a "ação de
graças" no V. 16.) O v. 15 enfatiza que isso deve ser feito com o
entendimento. Isso indica, claramente, que deve ser feito de tal maneira que
outros possam tirar proveito, como demonstrado nos vs. 14, 16. Portanto,
interpretação era necessário, , senão o exercício do dom seria puramente
egoísta; somente aquele que falava teria proveito. O V. 16 deixa isto claro.
Algum irmão estaria dando graças numa língua estranha; haveria na congregação
uma pessoa interessada, que não poderia acompanhar, nem expressar comunhão com
a ação de graças (dizendo "Amem"), pois nada entenderia. Esta pessoa
é chamada de "indouto" e, comparando o V. 16 com os vs. 23-24, indica
claramente que seria um crente que ainda não estava na comunhão da igreja
local. Parece ser uma pessoa interessada (veja nota abaixo). É possível que,
havendo chegado à reunião e havendo ouvido o dom de línguas em operação,
ficasse confuso e perturbado pelo fato de não poder acompanhar inteligentemente
o irmão na sua ação de graças. É evidente que o uso de "Amem" nas
reuniões era uma ocorrência comum. Seu uso em Neemias 8:6, indica que era
também comum entre os filhos de Israel. Mesmo hoje em dia o seu uso significa
que o crente concorda, e expressa a sua aprovação, como se fosse a sua própria
oração.
Observe o
profundo interesse que o apóstolo manifesta no bem-estar espiritual do visitante.
Embora ele, evidentemente, não estava em comunhão, não deveria ser ignorado,
mesmo que, provavelmente, ocupasse esse lugar por causa da sua imaturidade. No
V. 23, a mesma expressão "indouto" é usada, mas parece que se refere
a um
descrente, porque diz que o resultado de ouvir os profetas seria o mesmo, tanto
na experiência do indouto como do descrente.
Será que
"indouto", indica uma pessoa que veio pela primeira vez?
Observe que
a versão de J. N. Darby traduz esta palavra "indouto" no v. 16 por
"um (cristão) simples", e no V. 23 por "(pessoas) simples".
17.
Mostrando o efeito do uso do dom de línguas sobre esta pessoa, Paulo manifesta
a sua preocupação com a reação de um cristão "indouto" com o que
acontece na igreja local. O ideal seria que esta pessoa ficasse profundamente
impressionada com o que viu e ouviu. Mas a língua não interpretada seria uma
barreira para ela, e ela não seria ajudada, de forma alguma. Não importa quão
inteligente fosse a adoração, não teria valor algum se as pessoas não entendessem.
Não haveria
edificação para os outros. Isto indica que o crente pode ser edificado através
de outras coisas, e não somente por ministério.
18-19.
Parece que Paulo excedia a todos no exercício do dom de línguas (em particular,
aparentemente). Tornando isto conhecido, ele mostra que não estava
menosprezando o dom, nem tinha inveja deles, de modo algum. É realmente um
toque magistral, e fortalece a sua posição para falar da óbvia exibição deste
dom por eles.
Observe a
expressão "em igreja" sem o artigo, no original; referese à igreja
local reunida (veja 11:18 para uma expressão semelhante).
Sempre
pertencemos à igreja local, mas somente estamos "em assembléia"
quando nos reunimos. Em seguida, ele afirma que preferiria falar cinco palavras
e ser entendido, do que falar dez mil palavras numa língua estrangeira. Seria
difícil imaginar um contraste mais forte, ou mais claro. Cinco palavras seria
uma declaração
curta e
objetiva, na língua que todos conheciam. Assim Paulo demonstra a superioridade
de profecia sobre o dom de línguas.
Parece que
ele não usava o seu dom de línguas nas reuniões públicas.
A sua
finalidade em falar nas reuniões era para instruir os outros, ensiná-los, e
edificá-Ios. Assim ele enfatiza a necessidade de inteligibilidade, clareza e proveito.
Nos VS.
20-25 há uma mudança no alvo do ministério. Até este ponto Paulo estava
demonstrando o prejuízo que poderia ser causado pelo uso do dom de línguas sem
interpretação. Agora ele vai mostrar a falsidade do valor que os coríntios
davam ao dom. Em vez de ser um sinal de bênção, era de fato sinal de juízo; em
vez de ser para crentes, era primariamente para descrentes. Observe o que se
destaca em cada versículo:
V. 20 A
Imaturidade e a Maturidade;
V. 21 A
Instrução das Escrituras;
v. 22 A Conclusão
das Escrituras;
v. 23 0
Resultado de Falar em Línguas;
V. 24,25 0
Resultado de Profecia.
20. Aqui o
apóstolo faz um apelo muito forte. Ele deseja que eles cresçam, deixem de ser
crianças (paidion) nas suas mentes, e prossigam à maturidade. Em toda esta
questão estavam se comportando como meninos. Estavam se alegrando, de uma
maneira infantil, no dom espetacular de línguas, e usando-o para exibirem-se a
si mesmos.
Ele
reconhece que devem ser bebês (nepiazo), não meninos, na malícia, mas devem ser
maduros na mente, evidenciando assim inteligência no uso do dom. Malícia, como
usada aqui, indica a atitude que haviam adotado e as más relações que
resultavam disto; um crescimento para entendimento corrigiria esta situação.
Este versículo estabelece o lugar vital que a mente ocupa na experiência
cristã, em contraste com a ênfase unilateral aos dons espetaculares.
Alguns
pensam que era malicioso usar o dom para exibição vaidosa de si mesmos, em vez
de para edificação.
21. Agora
Paulo cita a lei. Este termo geralmente se refere ao Pentatêuco, embora em João
10:34 se refira aos Salmos (Sal. 82:6); aqui, inclui os profetas,
especificamente Is. 28: 11-12 (veja também Deut. 28:49; Jer. 5:15). Ele queria
ensinar-Ihes uma lição através do acontecimento mencionado na passagem.
Refere-se a um tempo na história de Israel quando haviam virado as costas a
Deus, deixando de ouvir os Seus profetas, e se caracterizavam por pecado e
desobediência.
Deus então
informou-Ihes do Seu juízo, através da invasão dos assírios. Por toda a parte
ouviriam uma língua que não entenderiam.
Foi um sinal
de juízo; mesmo assim continuariam no seu pecado e recusariam escutar. Observe,
atentamente, o uso da palavra "línguas". Refere-se, sem dúvida, à
língua dos assírios. No v. 22, "de sorte que" indica que Paulo tira a
sua conclusão deste acontecimento do VT. Ele se refere ao dom de línguas pela
mesma palavra "línguas" que se usa neste versículo, estabelecendo
assim que era uma língua conhecida.
22. Paulo
tira a conclusão de que as línguas eram sinal para os incrédulos, e não traziam
nenhuma bênção, nem para Israel nem em Corinto (v. 23). Por outro lado,
profecia era um sinal para os crentes e tinha por finalidade abençoá-Ios, e
também poderia ser uma bênção para os descrentes (vs. 24-25). É bem provável
que qualquer judeu que conhecia Isaías 28 reconheceria que o falar em linguas
era um juízo sobre a nação. (É claro também que, se o dom de línguas fosse um
sinal para os descrentes, isto descarta, completamente, a idéia de que era a
evidência de que uma pessoa tinha sido batizada com o Espírito Santo, como os
carismáticos dizem.)
23. Paulo
agora descreve uma reunião da igreja local. O ajuntamento de toda a igreja
indica que naqueles dias primitivos era o costume de todos assistirem a todas
as reuniões. Devemos incentivar um mesmo senso de responsabilidade em cada
cristão, nos dias de hoje. Se em tal ocasião todos falassem em línguas (sem
dúvida os
coríntios
teriam achado isto maravilhoso), qual seria o efeito nos visitantes? Uma
torrente de sons ininteligíveis, numa língua estranha, lhes faria pensar que
todos tivessem enlouquecido. Não associariam esta confusão com a presença de
Deus. Em vez de serem abençoados, eles se afastariam, tendo certeza de que ali
não havia nada.
Observe como
o indouto, neste versículo, é um descrente, enquanto que no V. 16, como foi
notado, é um cristão.
24-25. Por
outro lado, se os profetas estivessem exercendo o seu ministério na língua da
região, então todos entenderiam, inclusive os visitantes, e resultados seriam
vistos. Estar cônscio da presença de Deus pode ser uma grande bênção, tanto
para santos como para pecadores.
O fato da
profecia não ser primariamente para os pecadores não quer dizer que não
poderiam receber uma bênção, sob a direção do Espírito Santo. Muitas pessoas
têm sido convertidas durante a Ceia do Senhor, ou até numa reunião de
ministério. O poder da presença de Deus, e da palavra de Deus, é uma realidade.
Vamos notar seis coisas que se afirmam destas pessoas:
a)
Convencido: isto se refere à convicção do pecado. Sua consciência começa a
operar. Ficando cada vez mais cônscio da presença de Deus, do Seu poder
penetrante (veja Heb. 4: 12), e da operação do Espírito Santo (João 16:8), ele
fica convencido da sua culpa e contaminação.
b) Julgado:
a palavra profética penetra no seu íntimo. Ele sente que está sendo examinado,
que todo o seu ser está sendo investigado.
A mulher
samaritana teve uma experiência deste tipo (João 4). "De todos"
qualifica tanto "convencido" como "julgado", indicando que
cada um que fala está intensificando a obra no íntimo desta pessoa. Desperta-se
nele o reconhecimento de que terá que prestar contas a Deus pela sua maneira de
viver.
c) Os
segredos do seu coração ficarão manifestos: ele se sente virado do avesso. Está
começando a se ver como Deus o vê. Seus pensamentos, desejos, motivos, o seu
homem interior, lhe estão sendo revelados. Humilhado e examinado, ele se sente
condenado por si mesmo. Tudo isto está produzindo arrependimento e voltando-o a
Deus.
d)
Lançando-se sobre o seu rosto: isto manifesta uma atitude da mais profunda
humildade. A luz que penetrou e iluminou a sua mente e o seu coração, leva-o a
prostrar-se perante Deus.
Ele se volta
para Deus. Quase que podemos ouvi-lo dizer: "Deus, tem misericórdia de
mim, pecador".
e) Adorará a
Deus: ao revelar ao homem a sua própria natureza Deus, ao mesmo tempo, Se
revelou ao homem. Ele reconhece, como nunca reconheceu antes, a presença de
Deus, e com a maravilha de tudo isso enchendo a sua alma, ele se prostra em
humilde adoração, dando-Lhe homenagem. Tudo agora lhe é tão real.
f)
Publicando que Deus está verdadeiramente entre vós: agora ele se toma uma
testemunha; a pessoa creu com o seu coração, e com a sua boca fará confissão
(Rom. 10:10). Sem dúvida, o seu testemunho quanto à presença de Deus entre eles
foi confessado imediatamente: "Deus está, verdadeiramente, entre
vós". Depois de deixá-Ios, certamente ele teria feito a mesma declaração a
todos com quem se encontrasse: "podem dizer o que quiserem acerca deles,
mas eu digo que Deus está ali". Eu entendo tudo isto como significando a
verdadeira conversão do descrente. Este resultado e testemunho é o contrário de
"estais loucos", no v. 23.
Temos
observado o efeito nos ouvintes ao ouvirem o ministério dos profetas. Eles
descobrem como a percepção da presença de Deus e a mensagem de Deus penetram na
sua alma, revelando a vida toda de cada pessoa. Cada um está aprendendo algo da
santidade de Deus, e também das suas próprias tendências pecaminosas. Cada um
se
prostrará, na mais profunda adoração, e dará testemunho ao fato de Deus estar
no ajuntamento, dizendo: "Este é o lugar onde o Deus verdadeiro
habita".
NOTAS
ADICIONAIS:
2 A palavra
"estranha" não consta nos manuscritos, e deve ser omitida deste
versículo. Veja os vs. 2, 4, 14, 19, 27.
16
"Indouto" é a tradução da palavra idiotes, e normalmente indica uma
pessoa física em contraste com um oficial do estado, ou uma pessoa sem
qualificações em contraste com uma pessoa qualificada. Ocorre somente mais duas
vezes: em Atos 4: 13, onde é traduzida "indoutos", talvez
referindo-se à falta de treinamento profissional; e em 11Cor. 11:6, onde é
traduzida "rude", provavelmente inábil na oratória; na opinião deles,
simples no seu modo de falar. A tradução de J. N. Darby é muito apropriada:
"um (cristão) simples", no V. 16; "(pessoas) simples", no
V. 23.
A
Regulamentação dos Dons (14:26-40)
"Que
fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação.
E se alguém
falar língua estranha, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua
vez, e haja intérprete.
Mas, se não
houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.
E falem dois
ou três profetas, e os outros julguem.
Mas se a
outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
Porque todos
podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos
sejam consolados.
E os
espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.
Porque Deus
não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.
As mulheres
estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam
sujeitas, como também ordena a lei.
E, se querem
aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é
indecente que as mulheres falem na igreja.
Porventura
saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?
Se alguém
cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
mandamentos do
Senhor.
Mas, se
alguém ignora isto, que ignore.
Portanto,
irmãos, procurai, com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas.
Mas faça-se
tudo decentemente e com ordem."
Nos vs.
1-12, o apóstolo Ihes apresentou os princípios de edificação e
inteligibilidade; nos vs. 13-25, ele descreveu os dons em operação, sendo que a
finalidade prática em vista é a sua utilidade.
Agora, nesta
seção, ele vai indicar a necessidade de regulamentar os dons, porque até dons
de Deus precisam ser controlados. No início e no final desta seção, ele
apresenta dois princípios que servem para governar o controle dos dons nas
reuniões públicas. (Vemos que são reuniões públicas que estão sendo
consideradas pelas palavras do V. 26: "quando vos ajuntais"; veja 11:
18.) Em primeiro lugar, ele afirma no V. 26: "Faça-se tudo para
edificação"; e, em segundo lugar, no V. 40: "Faça-se tudo
decentemente e com ordem".
Observe em
cada versículo a expressão "tudo"; todo aspecto de adoração deve
promover a edificação de todos os que estejam reunidos; e deve ser feito
decentemente, e de maneira digna, caracterizado por ordem divina.
Semelhantemente, o V. 33 diz: "Deus não é Deus de confusão, senão de
paz". Qualquer coisa que causa desordem e confusão, e não harmonia e paz,
não provém de Deus.
Observe
também que 16: 14 diz: "Todas as vossas coisas sejam feitas com
amor". Vamos considerar esta seção da seguinte maneira:
a) O
Controle dos Dons vs. 26-33;
b) O
Silêncio das Mulheres vs. 34-35;
c) A
Autoridade do Apóstolo vs. 36-40.
26. Agora
podemos considerar as atividades da igreja local. Paulo apresenta certas
atividades para depois, nos vs. 27-28, dar instruções para aqueles que falam em
línguas e, nos vs. 29-33, para as atividades dos profetas. Ele menciona, aqui,
cinco formas diferentes de atividade, que formam um contraste estranho com o
ministério "programado" que existe em tantos lugares. Claramente,
como foi notado no capítulo 11, não há indicação nenhuma do ministério de um só
homem, mas a reunião estaria aberta para diversos irmãos participarem de várias
maneiras. Pode ser que as palavras: "Faça-se tudo para edificação",
indiquem um desejo imoderado de participar e fazer ouvir a sua voz. Todos
poderiam estar envolvidos, mas deveriam considerar uns aos outros. Estes
princípios ainda devem ser aplicados nas reuniões da igreja local, apesar da
cessação dos dons de sinal.
Vamos notar,
brevemente, as atividades:
a) Salmo:
normalmente pensamos num Salmo de Davi, mas em outro lugar a palavra é
traduzida "cantar" (no V. 15, por exemplo), ou
"salmodiando" (Ef. 5: 19); portanto poderia se referir a um cântico
de louvor.
b) Doutrina:
isto se refere ao ensino das Escrituras, à exposição de uma passagem, e à
apresentação do seu conteúdo principal e sua aplicação.
c) Língua:
temos aqui um irmão falando numa língua estrangeira, quer seja em oração ou em
ministério.
d)
Revelação: provavelmente se refere à contribuição do profeta, tornando
conhecido aquilo que lhe foi revelado diretamente por Deus.
e)
Interpretação: o exercício do dom de interpretação é a tradução da substância
daquilo que foi dito por aquele que falou em línguas.
Temos a
impressão que a maioria desejava participar; em si isto é louvável, contanto
que não haja manifetação do ego. Nunca devemos perder de vista o princípio
governante, que toda a atividade deve ser para a edificação de todos, e assim
para a glória de Deus.
Todas as
vezes que um irmão participa somente para mostrar-se, ou destacar o seu dom,
não haverá glória a Deus nem bênção aos outros.
27-28. Ao
tratar daqueles que falavam línguas, ele estabelece certas regras para a
orientação de todos e para garantir ordem e edificação.
Em primeiro
lugar, ele indica um limite no número dos que participam: dois, ou quando muito
três. Eles não devem dominar a reunião, mas deixar lugar para os profetas. Em
segundo lugar, devem seguir-se uns aos outros, participando um por vez. Talvez
isso pareça estranho a nós, mas mostra, claramente, a natureza da confusão e
desordem contra as quais Paulo adverte nesta passagem. Em terceiro lugar, ele
indica que tem que haver interpretação; ele tem insistido nisto no capítulo
todo. Alguns acham que isso quer dizer um só interprete para os três que
falariam em línguas. Se assim fosse, isso garantiria que um só participaria de
cada vez, pois o próximo participante teria que esperar até que a interpretação
do primeiro terminasse. O V. 28 estabelece, com bastante clareza, o seguinte
princípio: se não houver intérprete, aquele que fala línguas deve permanecer em
silêncio. Segundo 12: 10, o dom de interpretação era dado a vários santos,
portanto todos saberiam se algum deles estivesse presente.
29. Ao
tratar dos profetas, a primeira condição é semelhante àquela estabelecida para
o dom de línguas, isto é, que os que falam sejam limitados a dois ou três. E
claro que os que participavam desta maneira eram reconhecidos como possuidores
deste dom, e este é um princípio importante. Embora não temos profetas, hoje em
dia, mas sim ensinadores, somente os que possuem este dom são reconhecidos.
O uso do
plural não permite o ministério por um só homem, mas o uso da palavra
"profetas" limita a função, e indica que ministério por qualquer um,
não deve ser permitido.
Vemos que os
"outros" devem julgar. Várias opiniões existem quanto a identidade
destes "outros". A própria palavra allos indica "outros do mesmo
tipo", isto é, profetas. Sem dúvida, irmãos acostumados a exercer este dom
teriam a sensibilidade espiritual necessária para testar a validade da
mensagem, como em I João 4: 1, enquanto que, em I Tess. 5: 19-21, é a igreja
local que prova o valor do ministério, pois aquilo que é ministrado no poder do
Espírito Santo acha uma resposta nos corações dos cristãos, que discernem a voz
de Deus, e fazem todo o esforço para por em prática as suas exigências.
30. Enquanto
um falava, outro poderia receber uma mensagem; sendo assim, o primeiro deveria
sentar-se. Não sabemos como se comunicavam. Poderia ser que o primeiro irmão
sentia ter cessado a iluminação, a energia e impulso do Espírito, e então
ficaria sabendo que o Espírito estava para usar outro profeta. Também poderia
ser
que o
segundo irmão indicasse de alguma maneira, por exemplo, ficando em pé, ou
levantando a mão, que tinha recebido uma revelação.
Assim a
soberania do Espírito era indicada, garantindo proveito a todos.
31. Agindo
assim, eles garantiam a ordem, e cada profeta podia entregar a sua mensagem, e
o grupo todo recebia ajuda. Todos poderiam aprender mediante a instrução, e
poderiam ser consolados e encorajados. Desta maneira a igreja local, com toda a
sua variedade de necessidades, recebia luz e poder e consolação e refrigério.
32-33. É
instrutivo observar que os profetas estavam totalmente em controle de si
mesmos. Isto está em contraste com 12:2, onde se afirma que antigamente eram
levados, escravizados, pelo espírito maligno. Aqui, embora estivessem sob as
influências sobrenaturais do Espírito Santo, o profeta estava em controle
total, sujeito à Sua orientação, assim podendo participar inteligentemente, ou
dar lugar a outro, se fosse necessário. A observância deste procedimento, na
igreja de Deus, manifesta como Deus é o Controlador supremo, e mostra que Ele é
um Deus que odeia desordem e confusão, e se deleita com paz e harmonia.
Portanto, se tudo é feito de maneira ordeira e com paz, Deus é honrado, e Seu
caráter verdadeiramente refletido; se confusão e desordem dominam, então Deus é
desonrado e dá-se uma impressão falsa do Seu caráter. Como é essencial que
esta ordem,
paz e harmonia prevaleçam quando os cristãos se ocupam em santas atividades no
sagrado serviço de Deus! Paulo diz, em concluir, que isso deve caracterizar
todas as assembléias dos santos.
Vamos tomar
cuidado para que não percamos de vista a santa dignidade que deve caracterizar
as reuniões.
34-35.
Algumas traduções ligam o final do V. 33 com o V. 34.
Como não há
pontuação no texto original inspirado, é deixado ao critério do tradutor ou
tradutores; portanto, pode ser traduzido:
"Como
em todas as igrejas dos santos, conservem-se as mulheres caladas nas igrejas"
(ARA). Isto indicaria qual era a prática normal nas outras igrejas, e que
Corinto estava sozinha ao permitir que mulheres falassem nas reuniões. Olhando
para 11: 16, vemos que Corinto estava sozinha ao permitir que as mulheres
tivessem as cabeças descobertas. Ao destacar a prática observada nas outras
igrejas, Paulo questiona o direito dos coríntios de se colocarem acima das
regras observadas por estas igrejas. Isto é muito atual, pois há muitos lugares
onde se diz que cada igreja local está sozinha, responsável somente ao Senhor;
isto é realmente verdade, porém eles estão usando esta verdade para fazer o que
bem querem, e introduzir costumes que são contrários à palavra de Deus e à
prática comum.
Esta atitude
é alheia ao ensino de Paulo. Ela viola o espírito de comunhão estabelecida
entre as igrejas. A prática de uma só igreja não estabelece a norma para as
outras. A verdade é que os costumes desta única igreja em Corinto são
totalmente condenados, pois é claro que, se todas as outras igrejas estivessem
praticando a mesma coisa, então estes costumes teriam sido aprovados pelos
apóstolos que haviam estabelecido estas igrejas. Uma igreja não deve
comprometer a comunhão com outras igrejas por introduzir práticas que são
contrárias à palavra de Deus. Convém destacar esta declaração geral: "As
mulheres estejam caladas nas igrejas". É absoluta.
Não há como
escapar. É simples, clara, objetiva e autoritária.
É um tanto
patético ver até onde alguns comentaristas irão para tentar escapar da força
desta declaração. Alguns colocam os dois versículos (os vs. 34-35) depois do V.
40. Outros sugerem que Paulo não escreveu estas palavras, mas que alguém
acrescentou-as mais tarde. Outros também dizem que o "falar" aqui se
refere à tagarelar, ou à mulher interrompendo para fazer perguntas, ou que
estes versículos se referem à reuniões que não são reuniões da igreja local,
embora não existe nada no contexto que indique tal distinção.
Alguns
sugerem que é só ensinar que se exclui, porém o v. 35 exclui toda a
participação pública, até mesmo fazer perguntas. Que o leitor observe, com
atenção, a variedade de traduções, todas declarando, com clareza, esta posição:
ARC:
"As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido
falar; mas estejam sujeitas".
ARA:
"Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido
falar; mas estejam submissas".
VR: "As
mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas
estejam submissas".
MS: "
As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não Ihes é permitido falar, mas
devem estar sujeitas."
AVT:
"As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é
permitido falar; mas estejam sujeitas".
NVI:
"Permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido
falar; antes permaneçam em submissão".
Não seria
mais sábio aceitar esta clara declaração e interpretar todas as outras à luz
dela? Observe que a palavra "estejam caladas" (sigao), no V. 34, é a
mesma que se encontra no V. 28: "esteja calado", o no v. 30:
"cale-se". Nestes dois últimos versículos é claro que quer dizer
"parar de falar publicamente". Agora vamos considerar a palavra
"falar" (laleo). Dizem que a palavra quer dizer tagarelar, mas a
etimologia de uma palavra usada no NT não é sua interpretação final, mas sim, a
maneira como ela é usada no NT, e especialmente, como é usada no contexto. Em
mais que 300 ocorrências, no NT , ela não tem esse significado. É usada de Deus
falando
(João 9:29);
de C,risto falando (João 17:1); do Espírito Santo falando (Atos 28:25). E usada
aproximadamente vinte e quatro vezes neste capítulo, sempre referindo-se a
falar e não a tagarelar. Isto é conclusivo quanto ao seu uso e significado. A
regra do V. 24 é positiva, explícita, e universal. Refere-se a todo ato de
falar e fazer perguntas na renião. O significado não pode ser confundido. Não
há nenhuma outra regra mais positiva do que esta no NT. Não importa quão plausíveis
sejam as razões dadas para desconsiderá-la, e permitir que as mulheres
participem, a linguagem do apóstolo é clara e positiva, e não pode ser
rejeitada sem incorrer na censura do v. 38. A proibição é absoluta nas reuniões
dos santos. A expressão "estejam sujeitas" (hupotassomai) destaca o
lugar de sujeição, ou submissão, que Deus lhe deu. "Como também ordena a
lei" se refere à narrativa da criação e à ordem dos sexos: o homem sendo
apresentado primeiro, depois a mulher; veja I Tim. 2: 13-14. A liderança está
nas mãos do homem. Tanto o homem como a mulher ocupam um lugar de honra que
lhes foi dado por Deus, e todas as pessoas piedosas reconhecerão que é assim, e
se sujeitarão à ordenança
da sabedoria
de Deus. As mulheres, se estiverem em dúvida sobre alguma questão, não devem
fazer perguntas publicamente, mas devem procurar a ajuda dos homens, em casa. A
palavra traduzida "maridos", enquanto usada em certos contextos desta
maneira, realmente quer dizer homens, como distintos de mulheres. O assunto é encerrado
com a forte declaração: "É indecente que as mulheres falem na
igreja". A palavra traduzida "indecente" (aischros) quer dizer
ignominioso, impróprio, indecoroso, vergonhoso.
36-38. Esta
longa seção (12: 1-14:40) chega à sua conclusão com um lembrete sobre a
autoridade apostólica. O apóstolo está cônscio da oposição que seus conselhos
vão provocar naqueles que querem desacreditar tudo o que ele lhes tem ensinado.
Portanto, ele lhes desafia em relação à palavra de Deus. Quando ele mencionou
"a lei" no V. 34, ele estava salientando-a como a palavra de Deus, e
o próprio Deus como a fonte definitiva daquela autoridade que requer a
obediência do Seu povo. Sempre existem pessoas e igrejas que querem fazer a
palavra de Deus significar aquilo que elas acham que deve significar, e assim
mostrar que são mais sábias do que Deus. A primeira pergunta se refere à fonte:
será que a palavra de Deus originou com eles? Se fosse assim, eles poderiam
determinar o seu significado. Será que eles foram a fonte da revelação? Sendo a
primeira das igrejas a desviar-se da palavra de Deus, especialmente em relação
à participação das mulheres (no contexto imediato), eles se estabeleceram como
uma autoridade superior, e portanto o apóstolo os censura. A segunda pergunta
se refere à recepção singular da palavra de Deus. Será que eles foram os únicos
receptores de tal revelação, visto que puderam introduzir tais costumes?
Poderiam eles agir independentemente e ignorar as outras igrejas? Isto era
arrogância mesmo! Autoridade independente não estava nas suas mãos.
Mas ainda
hoje encontramos a mesma atitude, e a mesma reivindicação de ser progressista e
liberal. Porém, tal progresso é realmente afastamento da palavra de Deus; e tal
libertação é o abandono da obediência a ela. Paulo toma uma posição firme
quanto à autoridade apostólica. Ele declara que seu ensino tem o caráter de um
mandamento do Senhor. Se alguém dissesse ser profeta (falando sob inspiração
divina), dissesse ser realmente espiritual (desejando agradar ao Senhor), então
que comprovasse estas afirmações por submissão ao ensino apostólico. Se tal
pessoa recusasse o ensino, suas afirmações seriam falsas e espúrias. O que
Paulo afirma não pode ser confundido: ele está escrevendo a palavra de Deus;
isto não pode ser ignorado, e cabe a cada um submeter-se a este ensino
caracterizado por autoridade apostólica, não importa que experiência ele alega
ter. O V. 38 é muito solene: "Mas, se alguém ignora isto, que
ignore". Ignorância voluntária é ignorância permanente; ignorância persistente
é ignorância culpável. Havendo mostrado a posição, segundo a mente de Deus,
Paulo não estava disposto a perder tempo discutindo com tais pessoas.
39-40. Aqui
temos as conclusões de Paulo sobre este assunto todo.
Usando
pouquíssimas palavras, ele avalia estes dois dons: "procurai, com zelo,
profetizar, e não proibais falar línguas". Desejai aquele, e tolerai este.
Tal conselho foi oportuno nos dias quando estes dons estavam operando. Observe
o positivo "procurai", e o negativo "não proibais".
Finalmente, como foi observado antes, "faça-se tudo decentemente em com
ordem".
Agora vamos
fazer um resumo do ensino deste capítulo:
a) A
supremacia do amor para enriquecer cada dom e capacitar a todos a servirem de
maneira aceitável.
b) A
importância de edificação, pois o exercício dos dons é vão a não ser que todos
sejam edificados na sua fé.
c) A
importância vital de inteligibilidade, para que todos entendam e tirem
proveito.
d) A
necessidade óbvia de ordem piedosa, para que visitantes sejam atraídos e não
repelidos, e para que as suas necessidades espirituais sejam plenamente
supridas.
e) A
importância de estar pronto a aceitar o princípio de liberdade controlada,
sobre o número de participantes (v. 29), submissão voluntária ao julgamento dos
outros (v. 29), e prontidão para dar lugar a outro (v. 30).
f) A
importância da autoridade da palavra de Deus, que deve ser obedecida tanto
pelas mulheres (vs. 34-35) quanto pelos homens (v. 37).
g) O perigo
de uma igreja local agir de maneira contrária à palavra de Deus e à prática de
outras igrejas baseadas naquela Palavra.
h) Aceitação
total da supremacia do ensino dos apóstolos e submissão total ao mesmo, como
sendo o mandamento do Senhor.
Jack
Hunter
Extraído
do Comentário Ritchie
Editora
Edições Cristãs
Leia mais: https://www.palavrasdoevangelho.com/dons-espirituais/
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SEÇÃO D1
O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
E DONS DO ESPÍRITO SANTO
Capítulo 3
Os Dons do Espírito Santo
A. DESCRIÇÃO DOS DONS
O grande reavivamento
espiritual que está varrendo o mundo hoje, tem
muitas vezes sido chamado de “Reavivamento Carismático”.
Esta frase tem sido empregada para descrever um aspecto extremamente importante deste reavivamento, o qual é a restauração à
Igreja das manifestações sobrenaturais que eram tão poderosamente
óbvias na Igreja Primitiva.
Estas manifestações, ou dons do Espírito, estiveram notadamente ausentes da Igreja por muitos séculos.Nos últimos cinquenta
anos, Deus tem restaurado estas características, e o seu programa de restauração tem se acelerado grandemente nos últimos vinte
anos.
A Renovação Carismática invadiu a cada canto da Igreja
Cristã, trazendo uma nova vida e poder ao Corpo de Cristo. A restauração destas bênçãos cria uma
grande necessidade de ensinamento sobre estes importantes assuntos.
Paulo disse à igreja de Corinto: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12:1). Com
certeza Deus tampouco quer que os crentes hoje sejam ignorantes.
1. Categorias dos Dons
Há muitos dons carismáticos menciona- dos na Bíblia. As
principais áreas de referências são: Rm 12:3-8; l Co 12:8-10; 28-30; Ef 4:11. Dentro do propósito deste breve estudo, limitar-nos-emos a uma consideração das nove manifestações encontradas
em l Coríntios 12:8-10. Para simplificar o nosso estudo
destas manifestações vamos classificá-las em três categorias:
a. Dons Verbais
1) Línguas
2) Interpretação de Línguas
3) Profecia
b. Dons de Revelação
1) Uma Palavra de Sabedoria
2) Uma Palavra de Conhecimento
3) Discernimento de Espíritos
c. Dons de Habilidades
1) Dom da Fé
2) Dons de Curas
3) Dons de Milagres
2. A Quem o Espírito Pode Usar na Operação de Tais Dons?
a. Qualquer Membro do Corpo pode ser usado (1 Co 12:7,11; 14:26,31). Nenhum membro deveria
ter falta de qualquer dom (1 Co 1:7).
b. Deveríamos Ser Cheios com o Espírito (Ef 5:18).
c. Temos que Ter o Desejo de Sermos Usados desta maneira (1 Co 12:31).
d. Não Deveríamos Ser Ignorantes com relação à operação dos dons (1 Co 12:31).
e. Temos que Desejar os Dons Espirituais (1 Co 14:1,6).
f. Deveríamos Ser Motivados por um Amor Genuíno ao Corpo (1 Co 13) e um desejo puro de edificar o Corpo (1 Co 14:12).
g. Deveríamos Buscar Ser Excelentes na operação dos dons (1 Co 14:12).
3. O Dom de Línguas (1 Co 12:10)
a. Duas Funções. Esta manifestação do Espírito tem duas funções.
Em primeiro lugar, como “línguas
devocionais”, o seu propósito é edificar a pessoa que as usa.
Em segundo lugar, como dom de línguas, o qual é usado juntamente com
o dom de interpretação delínguas, é para edificação de toda a igreja, e não somente o indivíduo.
b. Diretrizes Para o Uso de Línguas Numa Assembleia Pública:
1) O seu uso deveria ser motivado pelo amor (1 Co 13:1).
2) Tem que ser sempre acompanhado por interpretação (1 Co14:5,13,28).
3) Deveria ser limitado a três expressões por reunião (1 Co 14:27).
Qualquer crente que, alguma vez, já tenha falado em línguas é capaz de edificar o Corpo através de uma expressão em línguas. Portanto, você deveria estar preparado para fazer isto a qualquer hora. Procure estar totalmente entregue ao Espírito. Esteja descansa- do em sua mente e seja aberto ao Espírito Santo.Desenvolva uma sensibilidade com relação ao que o Espírito está tentando fazer ou dizer em qualquer culto em particular.
Quando o Espírito Santo quiser trazer uma expressão em línguas através de você, geral- mente
haverá uma conscientização interior disto por algum tempo antes que você fale de fato. Isto é geralmente
uma sensação suave no seu espírito, uma empolgação e antecipação crescentes. Isto se desenvolve numa
conscientização profunda que o Espírito trará uma expressão verbal e que esta expressão
está dentro de você. Você não tem que falar imediatamente. O espírito, dentro do profeta, está sujeito ao (controle do)
profeta (1 Co 14:32).
Você pode esperar silenciosamente pelo momento certo de falar. O Espírito Santo irá movê-lo claramente na hora certa. Ele
não interromperá o que já está acontecendo no culto. Ele nunca causará uma confusão, pois Ele não é autor de confusão (1 Co 14:33). Permaneça calmo e descansado, e quando o Espírito Santo mover a você, fale numa voz
audível normal, mas clara. Você não precisa gritar ou berrar.Você pode falar numa voz
normal, com ritmo cadenciado, procurando sempre fluir silenciosamente com o Espírito, o qual está lhe dando a expressão verbal.
Quando a expressão verbal estiver completa, todos devem esperar em Deus pela interpretação. Geralmente algum outro crente receberá a interpretação, mas quando isto não acontecer, então a pessoa que falou em línguas deve orar silenciosamente para que ela também receba a interpretação (1 Co 14:13).
4. A Interpretação de Línguas (1 Co 12:10)
É o dom que acompanha o dom de línguas, e são sempre usados juntos. É a capa-
citação sobrenatural, pelo Espírito Santo, de se interpretar uma expressão verbal
em línguas na língua natural da congregação. Não é o dom de tradução.
O intérprete não entende a língua empregada na expressão verbal que foi dada. A interpretação é tão sobrenatural
quanto a expressão verbal. No entanto, pelo dom do Espírito, o crente em
questão é capaz de tornar a expressão verbal inteligível, para que a congregação possa recebê-la e ser edificada por ela.
a. Quem Pode Usar Este Dom? A interpretação de línguas é dada “como o Espírito quer” (1 Co12:11). Qualquer crente
cheio do Espírito pode ser escolhido e ungido pelo Espírito para manifestar este dom.
Novamente, devemos buscar o desenvolvi- mento de uma sensibilidade ao Espírito Santo. Enquanto você estiver adorando a Deus
numa reunião de crentes, mantenha a sua mente e espírito abertos ao
Espírito Santo. Frequentemente, você sentirá de antemão que haverá uma expressão verbal em línguas e que Deus está dando a você sua interpretação. Quando a expressão verbal vier, espere
silenciosamente até que ela seja concluída. Inicialmente, talvez você tenha somente a primeira sentença da interpretação e uma vaga ideia do que se seguirá quando você começar a falar. Como todos os outros dons do Espírito, este também é operado pela fé. À medida que você começar
a expressar o que o Espírito está dando a você, fale numa voz audível, normal e clara. Tome cuidado de não falar “além da medida da sua fé” (Rm 12:6).
Evite avidamente que quaisquer pensamentos, sentimentos ou ideias pessoais comecem a entrar na interpretação. Deixe que os
seus próprios pensamentos estejam em descanso e que a sua mente seja um canal limpo, para que o Espírito Santo possa fluir através
dela. Quando a interpretação se completar e vocêsentir que o Espírito terminou tudo o que Ele queria falar, então pare! Não tente
interpretar a interpretação.Em outras palavras, não comece a dizer à congregação o que você “pensa” que a interpretação significa.
Deixe isto para a própria congregação. Após ter feito a interpretação, permaneça em silêncio enquanto a expressão verbal estiver
sendo julgada por aqueles em seu derredor. Se há muitos crentes presentes que são comumente usados nos dons vocais, eles deveriam julgar se as palavras são realmente de
Deus. O padrão pelo qual podemos julgar é semelhante ao que usaríamos para o julga-
mento de uma profecia, que é a próxima manifestação que consideraremos.
5. O Dom de Profecia (1 Co 12:10)
Simplesmente traduzida, a palavra profetizar significa “expressar palavras inspiradas”. De acordo
com
l Coríntios 14:31 todos os crentes podem exercitar este dom em determinadas ocasiões, como o Espírito quiser. Todos podem profetizar, um após o outro, e não mais que três, em qualquer reunião (1 Co14:29-33).
a. Seu Propósito.
O propósito de tais expressões proféticas é:
1) Edificar a Igreja. Isto significa estabelecer, fortalecer os crentes.
2) Exortar aos Crentes. Reavivá-los. Confrontá-los e desafiá-los.
3) Consolá-los. Falar palavras de consolo e encorajamento.
Frequentemente, as profecias incluem
todos estes três elementos.
b. Três Mal-Entendidos Sobre as Profecias:
1) Elas Não Devem Ser Confundidas com Uma Pregação. Muitos, hoje em dia, insistem que o dom de profecia é a habilidade de se pregar bem.
No entanto, a pregação e o ensino são geralmente o resultado da meditação em oração da Palavra de
Deus e de uma preparação meticulosa de nossa mente e espírito, para que possamos
ministrar um entendimento ao povo. Em contraste, o dom de profecia não é o resultado de um estudo meticuloso. É uma
expressão verbal espontânea pelo Espírito.
2) O Dom de Profecia Não é Para se Predizer o Futuro. Este dom é para “clarificar e encorajar no presente” ao invés de “predizer o futuro”. O seu propósito
é a Edificação, Exortação e Consolo e não a predição de eventos futuros. Sempre
que há um elemento de predição numa profecia, em geral é porque há um outro dom (palavra de conhecimento ou sabedoria) operando juntamente.
3) Este Dom Não é Para Uma Direção Pessoal. Se estivermos em necessidade de uma direção pessoal, deveríamos pedir isto ao próprio Jesus (Tiago
l :5). Também podemos buscar tal direção nas páginas da
Palavra de Deus, a Bíblia. Se uma expressão
profética vier a nós com instruções para o futuro,isto deveria apenas confirmar o que Deus já nos mostrou pessoalmente.
c. Ensinamento Bíblico Sobre o Dom
de Profecia:
1) É Para se Falar Sobrenaturalmente aos Homens (1 Co 14:3).
Isto transmite a mente do Senhor à igreja. O profeta está falando aos crentes, em nome de Deus, para sua edificação, exortação e consolo.
2) A Profecia Não Requer Nenhuma Interpretação. O dom de línguas requer um intérprete, mas o
de profecia não.
3) A Profecia Convence os Indoutos (1 Co 14:24, 25). Através da operação do dom de profecia:
• Eles serão convencidos de tudo.
• Serão julgados por tudo.
• Os segredos de seus corações serão
manifestos.
• Eles se prostrarão diante de Deus com humildade.
• Reconhecerão que Deus está verdadeiramente
entre nós.
• Adorarão a Deus.
4) A Profecia Funciona Para que os Crentes Possam Aprender (1 Co 14:31).
Isto não se refere ao ensinamento que normalmente vem da exposição da Palavra de
Deus através do ministério de um mestre. Ao contrário, é o aprendizado de verdades espirituais através da unção do
Espírito. Tais ensinamentos deveriam ser testados pela Palavra de Deus escrita, antes de serem digeridos.
5) Todos Deveriam Desejar e Procurar com Zelo Este Dom (1 Co 14:1,39).
Pois, desta maneira, podemos ser usados por Deus para o encorajamento do Seu povo.
6) A Pessoa que Estiver Operando Este Dom é Responsável Pelo Seu Uso
ou Abuso (1 Co14:32).
A profecia não é uma expressão vocal incontrolada. Nem tampouco
está o profeta sob qualquer espécie de transe ou controle mental. Ele também não está fazendo ou dizendo nada contra a sua vontade.
O espírito de profecia está sujeito ao profeta. É o profeta que está
falando, em nome de Deus, e o profeta tem
controle, em todas as ocasiões, de tudo que
ele ou ela estiver dizendo.
7) Em Razão de o Elemento Humano Ser Falível, as Profecias Devem Ser Julgadas (1 Co14:29).
Veja mais, sobre este ensinamento importante, na Seção D2.
8) Diretrizes Para Julgamento de Uma Profecia:
a) Nunca Contradirá a Palavra de Deus Escrita. Portanto, todas as expressões proféticas deveriam ser “testadas” pela Palavra de Deus. Deus nunca nos diria, por profecia, que fizéssemos algo que a Sua Palavra proíbe.
b) Sempre Exaltará a Jesus Cristo e Nunca o Difamará.
c) Edificará, Exortará e Consolará aos Crentes. Nunca deveria deixá-los confusos, aflitos e inseguros.
d) Deveria “Testificar” com a Maioria dos Crentes Presentes. Especialmente os mais maduros, os quais são eles próprios frequentemente usados na operação dos dons vocais.
e) Não Quebrará o Espírito da Reunião, Ainda que Ela Possa Mudar a Sua
Direção.
f) Se Tiver um Aspecto de Predição, Este Virá a se Cumprir.
g) É Aprovada Pelo “Teste do Fruto” (Mt 7:16). Falando sobre os falsos profetas, Jesus declarou:“Por seus frutos os conhecereis.” Deveríamos rejeitar qualquer uma das assim chamadas profecias que venham de alguém cuja vida e ações sejam um opróbrio à causa de Cristo.
9) Como Profetizar. Descanse. Não fique tenso. Espere silenciosamente no Senhor em
seu espírito.Mantenha a sua mente aberta para a Sua voz.
Quando você sentir o toque do Espírito dentro do seu espírito, entregue-se a Deus,
novamente, como um canal por onde Ele possa fluir.
Lembre-se que esse dom é operado pela fé.
Comece a falar tudo o que Deus der a
você. Continue com simplicidade. Enquanto você estiver falando esteja esperando n’Ele silenciosamente para obter o
resto da mensagem.
Não profetize além da medida da sua fé
(Rm 12:6).
Discirna quando o Espírito acabou de
falar e pare!
6. Uma Palavra de Conhecimento (1 Co 12:8).
Definição: Uma Palavra de Conhecimento é um fragmento
ou pequena parte do conhecimento de Deus que é dado a uma pessoa pelo
Espírito Santo.
Ela nos dá certos fatos e informações através da revelação sobrenatural do Espírito Santo. Estas informações eram anteriormente desconhecidas pela pessoa, e o conhecimento delas não poderia ter sido obtido de
nenhuma forma natural. Ele é transmitido
sobrenaturalmente.
a. Exemplos das Escrituras:
1) No Ministério de Jesus. Jesus sabia de certos fatos sobre Natanael antes de conhecê-lo (João1:47-50). Novamente, Jesus sabia de muitos fatos sobre a mulher de Samaria, ainda que Ele nunca a
tivesse visto anteriormente (João 4:16-20). Ela ficou maravilhada pela precisão do Seu conheci- mento com relação à sua vida passada e presente. O exercício desta Palavra de Conhecimento produziu posteriormente um grande reavivamento.
2) Na Igreja Primitiva. Ananias recebeu informações específicas, com muitos detalhes, sobre Saulo, o qual ele nunca havia
conhecido (Atos 9:10-20). Ele soube exatamente qual era
a rua e a casa em que Saulo estava. Ele soube que Saulo estava
orando naquele presente momento e que quando ele impusesse suas mãos sobre Saulo, ele receberia a sua visão.
3) Exemplo do Antigo Testamento. Deus revelou a Natã certos fatos e detalhes
com relação à transgressão de Davi (2 Samuel 12:1-14).
b. Distinção. Uma Palavra de Conhecimento é diferente do conhecimento humano obtido através de maneiras naturais.
Uma Palavra de Conhecimento não pode ser obtida por um aprendizado intelectual.
Tal conhecimento não pode ser obtido pelo
estudo de livros ou por uma carreira acadêmica de estudos numa faculdade ou universidade.
Ela não é tampouco a habilidade de se
estudar, entender ou interpretar a Bíblia.
c. O Seu Emprego nas Escrituras.
1) Para revelar o pecado: (2 Sm 12:1-10; At 5:1-11).
2) Para trazer as pessoas a Deus: (Jo 1:47-50; 4:18-20).
3) Para guiar e dirigir: (At 9:11).
4) Para ministrar um encorajamento em tempos de desânimo: (1 Rs 19:9).
5) Para transmitir um conhecimento sobre eventos futuros: (Jo 11:11-14).
6) Para revelar coisas escondidas: (1 Sm 10:22).
d. A Operação Deste Dom
1) É sobrenatural quanto ao seu caráter – não é obtido por lógica, dedução, raciocínio, etc., nem
pelos sentidos naturais, mas pela revelação sobrenatural através do Espírito Santo.
2) É operado pela fé – a pessoa que está recebendo a revelação faz isto pela fé.
3) A revelação é recebida em nosso espírito – não no intelecto ou nas emoções.
4) Não é essencialmente um dom vocal (At 9:11). Ele é recebido silenciosa e inaudivelmente dentro do espírito da pessoa.
5) Ele pode se tornar vocal ao ser compartilhado com outros (Jo 1:47; 4:18).
6) Qualquer cristão cheio do Espírito e que esteja disposto a ouvir a Deus pode experimentar o funcionamento deste dom.
7) É uma ferramenta valiosa no ministério de aconselhamento.
8) Uma ação e resposta em obediência são essenciais para que esta manifestação continue
funcionando em nosso ministério.
9) A Palavra de Sabedoria manifesta-se frequentemente junto com ele. Esta
é a sabedoriadivinamente transmitida para que saibamos o que fazer com relação a uma Palavra de Conhecimento ecomo aplicá-la
correta e sabiamente.
7. A Palavra de Sabedoria
(1 Co 12:8)
Esse dom está no princípio da lista por-
que ele é muito importante. Ele nos capacita a falarmos e agirmos com sabedoria divina e assim assegura o uso e aplicação corretos de outros dons. Quando a Palavra de
Sabedoria está ausente os outros dons podem ser usados de maneira
errada, o que causa muita confusão.
a. Definição. A Palavra de Sabedoria é um fragmento da sabedoria divina sobrenaturalmente transmitida
pelo Espírito Santo. Ela nos fornece a sabedoria imediata para que saibamos o que dizer ou fazer numa dada situação.
Deus frequentemente a dá junto com a Palavra de Conhecimento para que os crentes possam saber como aplicar esta Palavra de Conhecimento corretamente. Deus revelou a Ananias o paradeiro e
a condição de
Saulo através de uma Palavra de Conhecimento. Ele também lhe mostrou, pela Palavra
de Sabedoria, o que ele deveria fazer nesta situação difícil.
Nota: É uma palavra (logos) de sabedoria, e não o dom de sabedoria.
b. Ilustração. Um homem entra em dificuldades legais e consulta o seu advogado. O advogado não dá ao seu cliente toda a
sabedoria e conhecimento que ele tem. Ele extrai a palavra, ou a porção do seu conhecimento que se aplica às necessidades de
seu cliente, e transmite esta palavra. Igualmente, Deus,que sabe todas as coisas, extrai do
seu estoque infinito de sabedoria, a porção de sabedoria em particular que é necessária para um de Seus filhos. Ele envia isto pelo Espírito.
c. Distinção.
A PALAVRA DE SABEDORIA
1) Não é uma sabedoria natural.
2) Não é a sabedoria obtida por realizações acadêmicas.
3) Não é a sabedoria obtida pela experiência.
4) Não é nem a sabedoria para se entender a Bíblia.
5) Ela é sobrenatural quanto às suas características.
6) Ela é dada como o Espírito Santo quiser (1 Co 12:11).
7) Ela é dada para uma necessidade ou situação específica.
8) Ela não é o dom de sabedoria, mas a palavra de sabedoria.
d. Alguns Exemplos Bíblicos
1) Lucas 4:1-13. Jesus tentado no deserto. As respostas que Jesus deu a Satanás
foram palavras de sabedoria transmitidas pelo Espírito Santo.
2) Lucas 20:22-26. Os escribas tentaram armar uma cilada para Jesus, mas
a Palavra de Sabedoria, dada pelo Espírito, confundiu a todos eles.
3) João 8:3-11. Novamente os escribas e fariseus tentaram
armar uma cilada para Jesus, mas as Suas palavras sábias e a
maneira como Ele cuidou da situação confundiu Seus adversários.
4) Atos 6:1-5. Dando sabedoria na administração da igreja.
5) Atos 15:28. Resolvendo uma crise na igreja.
6) Atos 27:23,24. Deu a Paulo o controle da situação, o que resultou na salvação de muitas vidas.
e. Nota: A Palavra de Sabedoria foi prometida a todos os discípulos de Cristo: “Proponde pois em vossos corações não premeditar como haveis de responder; porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem” (Lc 21:14,15).
f. Observação. A Palavra de Sabedoria não é essencialmente um dom vocal mas
sim um dom de revelação. Ela é recebida silenciosamente
dentro do nosso espírito. Ela sai quando ela é expressa verbalmente em aconselhamentos, pregações, profecias, ou quando agimos baseados nela.
8. Discernimento de Espíritos (1 Co 12:10)
O discernimento de espíritos é um
assunto mais importante do que geralmente imaginamos. Se estedom espiritual fosse usado mais frequentemente com o seu complemento quando se expulsam
demônios ,muitos dos problemas que enfrentamos hoje seriam grandemente minimizados.
O discernimento dos espíritos é o terceiro dos dons de revelação. A Palavra de Sabedoria e a Palavra de
Conhecimento são os outros dois. É um dom divino transmitido
pelo Espírito Santo para que possamos penetrar na esfera espiritual para distinguirmos o espírito de Satanás (maus espíritos), o Espírito de Deus e o espírito humano. Através
dele podemos discernir a origem de certas ações, ensinamentos, circunstâncias,etc., que foram inspirados por seres espirituais.
Este dom é mais limitado que os outros
dois dons de revelação. A revelação dada neste caso é limitada à origem do comporta- mento em questão. No entanto, o discerni-
mento de espíritos é tão sobrenatural em sua operação
quanto qualquer um dos outros oito dons. Ele fornece à igreja informações que não são disponíveis
de nenhuma outra maneira.
a. A Função do Dom. O dom do discernimento dos espíritos nos dá um entendimento sobrenatural da natureza e atividade
dos espíritos. Ele nos capacita a distinguirmos se determinada atividade espiritual tem uma origem divina, satânica ou humana e revela a natureza dos espíritos em questão.
É fácil confundirmos as obras do espírito de Satanás com as
do Espírito de Deus.
Satanás sempre tenta falsificar as obras do Espírito Santo. Satanás é conhecido como o enganador, opai das mentiras, e a serpente.
Todos estes títulos significam a fraudulência sutil e artificiosa que ele usa para produzir
o mal sempre que possível. Muitas vezes as suas falsificações são tão plausíveis que
as pessoas podem ser inteiramente engana- das, a menos que alguém que exercite o dom sobrenatural de discernimento de
espíritos esteja presente. Se as atividades demoníacas estivessem tão obviamente exalando uma intenção perversa e repulsiva como tendemos a imaginar, não haveria nenhuma utilidade para este dom do Espírito.
Na narrativa da jovem com o espírito de
adivinhação em Atos 16, Paulo desafiou o espírito que talvez pudesse ter enganado facilmente
a outros servos de Deus. A jovem fez uma declaração perfeitamente verdadeira quando ela disse: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são ser- vos do Deus Altíssimo”, mas o espírito que estava falando era um mau espírito.
Por que um espírito mau faria propaganda dos apóstolos desta maneira? Porque não era de nenhumcrédito ou ajuda ao Evangelho ou seus ministros terem uma pessoa assim,
seguindo-os e sem dúvida,fazendo com que muitos pensassem que ela era um deles.
b. A Operação e Necessidade Deste Dom Hoje. O dom de discernimento de espíritos está experimentando
o seu próprio reavivamento em muitas partes do mundo
hoje em dia. Ele pode ser visto em ação no ministério
de muitos homens de Deus, na renovação atual. É absolutamente
essencial que este dom opere para que a Igreja possa realizar a sua missão por completo e destruir as obras do diabo. Há
tantos demônios no mundo, hoje, quanto havia na época em
que Jesus andou pela terra e nos dias da Igreja
Primitiva. O propósito deles ainda é declaradamente maligno. Este
dom sobrenatural é especialmente necessário para missionários e obreiros em
terras pagãs onde o espiritismo,satanismo e ocultismo são abundantes.
c. Como o Dom de Discernimento de Espíritos Funciona. A primeira e mais óbvia função deste dom é revelar a presença de espíritos malignos na vida das
pessoas ou igrejas. No entanto, ele também funciona para avaliar a fonte de uma
mensagem profética, de um ensinamento em particular, ou de alguma manifestação sobrenatural. A pessoa que exercita este dom será capaz de dizer se a fonte de uma
mensagem ou ação é demoníaca, divina ou meramente
humana.
Se for discernido que a fonte é demoníaca, a pessoa que exercita
esse dom geralmente será capaz de revelar:
1) A Natureza do Demônio. Isto se refere ao seu tipo de obra: mentir, causar
enfermidades (como por exemplo câncer, cegueira, surdez, etc.), um comportamento
impuro e coisas semelhantes.
2) O Nome do Demônio. Isto é geralmente revelado com a natureza do Demônio, ainda que não sejarealmente incomum ter-se a revelação do nome próprio do Demônio.
3) O Número de Demônios. Este é o caso da “legião”, ou Maria, da qual Jesus
expulsou sete demônios. Realmente não é incomum que uma pessoa seja possuída por mais de um espírito de uma só vez. Esta é
uma parte das informações reveladas pelo dom de discernimento de espíritos.
4) A Força de Determinados Demônios. Geralmente, durante um confronto com um espírito maligno, a pessoa que exercita o discernimento
de espíritos sabe por revelação qual, dentre os vários
demônios, é o mais forte e tem a maior autoridade.
5. Com Relação a Obter Informações. Muitas vezes, os próprios demônios dão muitas informações, verbalmente,
à pessoa que eles sabem que discerniu sobrenaturalmente a presença deles eque tem o
poder de expulsá-los. No entanto, já que podemos esperar que os demônios vão mentir, é uma
boa ideia tratarmos as informações que eles dão, com suspeitas e
contarmos com as informações sobrenaturalmente dadas pelo Espírito Santo.
d. O Discernimento de Espíritos nem Sempre Envolve a Fé Para Expulsar os
Demônios.
Ainda que o dom de
discernimento de espíritos seja essencial para uma
libertação eficaz, ele não é suficiente por si
mesmo. Ele precisa operar junto com os dons da fé e de operação de milagres. São os que exercitam estes dons que têm mais êxito na expulsão de demônios.
9. O Dom de Fé (1 Co 12:9)
Já que a fé lida com
o futuro e com o invisível – as coisas não fisicamente experimentadas – o dom de fé é a habilidade especial dada a alguém com o chamado de exercitar uma capacidade extraordinária
de crer.
Deus sobrenaturalmente esvazia
esta pessoa de qualquer dúvida e a enche com uma
fé especial que a capacita a realizar o propósito de Deus, apesar de todas as circunstâncias contrárias e
contraditórias da vida. É uma dispensação especial de fé que Deus concede a um crente cheio do Espírito quando a tarefa
que
Ele deu a este crente requer
mais que uma fé ordinária ou geral.
O dom de fé tem uma função vastamente superior àquela da fé geral, a qual cresce da
semente original da fé salvadora que Deus plantou em nosso coração (veja Rm 1:17). O grau da fé geral cresce com os estágios de desenvolvimento do crente (“pequena fé”, “grande fé”, etc.).A fé geral cresce como resultado de nos alimentarmos na Palavra, de sermos exercitados através das circunstâncias da
vida, e assim por diante. Ela pode desenvolver-se até um nível muito elevado. Contudo, o dom de fé tem uma função superior até mesmo ao mais alto nível de fé geral.
Alguns tradutores se referem ao dom de
fé como uma fé especial. Isto indica uma fé
concedida pelo Espírito Santo para satisfazer as nossas necessidades em
circunstâncias especiais e extenuantes. Isto ainda sugere que o dom de fé não reside permanentemente
em nenhum crente, mas sim que cada manifestação é um dom de fé separado. Um
episódio na vida de Elias ilustra isto quando ele declarou ao rei Acabe que não haveria chuva até que ele falasse a palavra e que depois
haveria chuva novamente de acordo com sua palavra (1 Rs 17:1). O seu dom de fé produziu o cumprimento miraculoso desta profecia.
Contrariamente, esta fé extraordinária estava faltando quando Elias se assentou debaixo de um zimbro,temeroso, desanimado e querendo morrer porque não era necessário naquele
momento (1 Rs 19:4). Elenão havia perdido a sua fé em Deus ou em Sua
Palavra. Sua própria fé foi fortalecida e o ensinou a crerem Deus e a se reanimar quando Deus lhe disse que Ele tinha outros sete
mil seguidores fiéis em Israel.
Deus quer que você saiba que você pode seguir adiante confiantemente, sabendo que quando exigências especiais são colocadas
sobre você, Ele lhe dará, sobrenaturalmente, uma fé especial paracapacitá-lo a cumprir os Seus propósitos.
a. Como o Dom de Fé Funciona? Parece que o dom de fé funciona duma maneira passiva, mas isto nem sempre
é assim. A proteção de Daniel dos leões (uma
ocasião passiva do dom de fé) parece contrastar com a ocasião em que Sansão matou o leão, o que é um exemplo do envolvi- mento ativo
do homem na manifestação
do poder de Deus. Este seria um exemplo da operação de milagres. Esta impressão de que o dom de fé funciona passivamente é porque ele geralmente é operado em cooperação com dons mais dramáticos (por
exemplo, a operação de milagres, os dons de curas, etc.).
O dom de fé também funciona quando
falamos a palavra de fé – “Cri, por isso
falei” (2 Co 4:13).Portanto, as palavras que um homem de Deus fala ao ser inspirado pelo Espírito são confirmadas por Deus
como se fossem Suas próprias palavras.
Os resultados nem sempre
são imediatos, mas eles são certos. Este dom pode funcionar de várias maneiras (por exemplo, para abençoar, para maldizer, para criar, para destruir, etc.).
Há alguns exemplos notáveis do dom de fé funcionando através da palavra falada:
1) Josué Ordenou que o Sol e a Lua Parassem (Js 10:12-14).
2) Elias Controlou o Tempo Através de Sua Palavra, “...nestes anos nem orvalho nem chuva haverá senão segundo a
minha palavra...”, “...e, por três anos e seis meses, não choveu sobre aterra” (1Rs 17:1; Tg 5:17).
3) Paulo Silenciou a El
imas. “...e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo” (At 13:11).
4) Pedro Julgou a Ananias e Safira (At 5).
As Escrituras ensinam o princípio da palavra de fé: “...tudo o que disser lhe será feito” (Mc 11:23),com relação à injunção: “Tende fé em Deus” (Mc 11:22) e a Jó 22:28 - “Determinando tu algum negócio,ser-te-á firme...”
10.Dons de Curas (1 Co 12:9).
As três referências a este dom em l Coríntios 12 estão nos versículos 9, 28 e 30. Em
cada uma destas,as palavras originais são: charismata iamaton. Ambas as palavras estão no plural, o que faz com que a tradução
correta desta frase seja dons de curas.
Os dons de curas funcionam sobrenaturalmente para
curarem doenças e enfermidades sem nenhuma espécie de meios naturais. É o poder do Espírito Santo que vem
por sobre o corpo de uma pessoa,dissolvendo suas enfermidades
e tirando suas dores para curá-la.
O uso dos substantivos no plural enfatiza
a abundância dos dons de cura de Deus
disponíveis aos homens que sofrem enfermidades. Isto também pode enfatizar que a cura de Jesus liberta de toda doença,fraqueza, praga, deformidade
e aflição. Isto também sugere que há uma grande variedade de
manifestações deste dom (1 Co 12:4-7).
O exercício dos dons de
curas não dá à pessoa que o exercita a habilidade de curar
todos os do entesem todo o tempo.
Algumas pessoas não compreendem bem este ponto e perguntam porque não entramos em hospitais elugares semelhantes e curamos a todos os que estão doentes. Até mesmo Jesus não fez isto. Ele apenas foia um lugar que poderia corresponder a um hospital moderno uma vez, quando Ele foi ao
tanque de Betesda,onde havia multidões de doentes. Mesmo assim, Ele escolheu apenas
um dentre todos eles e o curou.Muitas vezes lemos a respeito de grandes multidões de doentes que vieram a Jesus e vemos que Ele
“os curou a todos”. Um princípio importante da cura divina é que a pessoa precisa vir a Jesus como um exercício de fé e cooperação.
a. O Propósito dos Dons de Curas.
1) Libertar os Doentes e Aflitos e destruir as obras do diabo em corpos humanos (1 Jo 3:8; At10:38
e Lc 13:16)
2) Provar a Reinvidicação de Cristo de que Ele é o Filho de Deus (Jo 10:36-38).
3) Confirmar a Palavra (Mc 16:17- 20, At 7:29-39, 33).
4) Atrair as Pessoas ao Som do Evangelho (Mt 4:23, 25)
5) Trazer Glória a Deus (Mc 2:12; Lc 13:13; 18:43; Jo 9:2,3).
O Espírito Santo dá dons de curas aos
servos de Deus para que os transmitam a quem
quer que o Senhor deseje curar para os Seus próprios propósitos. Como todos os outros dons, os dons de curas não somente têm que ser dados, mas também têm que ser recebidos. Assim como há um princípio de fé com relação a como ministrar
estes dons, há também um princípio que trata com a maneira de recebê-los.Ezequias
teve dificuldades em receber o dom de cura
que Deus enviou a ele. A sua fé teve que ser edificadade uma maneira especial, através do milagre registrado em 2 Rs 20:8-11 (Veja também 2 Rs 5:10-14).Naamã teve dificuldade em
receber o dom de cura que Deus havia enviado a ele através de Eliseu. A cura em geral requer um duplo ato de fé: fé para receber e fé para administrar o dom de cura.
Ainda que haja exceções a esta regra,
Deus sempre deseja curar. No entanto, às vezes, os canais normais, através dos quais
o Seu poder de cura flui, não estão funcionando muito bem.
Isto pode requerer que Deus envie um dom de cura especial.
Às vezes, Deus comunica os dons de curas através dos canais de curas normais; em outras
ocasiões, através de meios extraordinários, de acordo com a Sua vontade (por exemplo, a sombra de Pedro).
11.Operação de Milagres
(1 Co 12:10)
Um milagre acontece quando Deus intervém no curso normal da natureza. O dom de operação de milagres
acontece quando Deus nos capacita com poder pelo Espírito
Santo a fazermos algo completamente fora do campo das habilidades humanas. Ele nos dá isto numa ocasião específica
para um propósito especial.
Todos os dons do Espírito são miraculosos, mas o uso da palavra “milagre”, neste caso, se refere aatos de poder.
a. Os Milagres Dão Uma Prova Inegável da Ressurreição. Se Jesus não estivesse vivo, o Seu nome não teria nenhum
poder para curar os doentes e operar milagres (At 4:33). Pedro convenceu aos judeus incrédulos da ressurreição de Jesus Cristo e
de sua necessidade de arrependimento por força do fato de que o nome de Jesus ainda
tinha poder para curar os doentes e operar milagres.
b. As Obras de Milagres em Nome
de Jesus, Foram Acompanhadas do Seguinte:
1) Deu Ousadia. Isto deu ousadia aos crentes para que pregassem a Cristo (At 4:29,30). As pessoas reconheceram que eles haviam estado com Jesus, o Operador de
Milagres (At 4:13).
2) Encorajou a Orar. Isto fez com que os crentes tivessem mais fome por
Deus (At 4:31).
3) Convenceu dos Pecados. Isto convenceu e condenou os homens por seus pecados (At 5:28,33).
4) Cinco Mil Foram Convertidos. Cinco mil pessoas se converteram, em um dia, através de um milagre (At 4:4; 5:14).
5) Glorificaram a Deus. Todos os homens glorificavam a Deus pelo que foi
feito (At 4:21).
6) Espalharam o Evangelho. Isto espalhou o Evangelho rapidamente (At 5:14-16).
Antes que Jesus começasse a operar milagres,
ninguém O seguia a nenhum lugar.
Ele deve ter pregado frequentemente na sinagoga, pois Lucas 4 diz que este era o Seu
costume. Mas,quando os milagres em Lucas 4:33-35 aconteceram, “a sua fama divulgou-se por todos os lugares em
redor daquela comarca” (Lc 4:37). Daí em diante as multidões se comprimiam ao Seu re-
dor para ouvirem as Suas palavras e para verem os Seus
milagres. “E grande multidão o seguia; porque via ossinais que operava sobre os enfermos” (Jo 6:2).
c. Onde Quer que os Discípulos Pregavam, Curavam os Doentes, Expulsavam os Demônios e Operavam Milagres, Multidões se Voltavam a Cristo.
1) Em Samaria. Samaria prestou atenção a Filipe, porque viam e ouviam os sinais que ele fazia (At8:6).
2) Em Sarona e Lida. Todos os habitantes de Sarona e Lida voltaram-se ao Senhor quando Pedro disse
a Enéias: “Jesus Cristo te dá saúde; levanta- te e faze a tua cama.” E ele se levantou imediatamente(At
9:34).
3) Em Jope. Muitas pessoas em Jope creram quando Pedro ressuscitou a Dorcas
(At 9:42).
4) Em Listra. O povo de Listra pensou que os deuses tivessem descido a eles quando eles viram ocoxo andar e saltar por causa da palavra de Paulo (At 14:8-18).
“E muitos sinais e prodígios eram feitos
entre o povo, pelas mãos dos apóstolos. E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens
como mulheres, crescia cada vez mais. De sorte que transportavamos enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de
Pedro,quando este passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais todos eram curados” (At5:12-16).
5) O Livro de Atos. O Livro de Atos termina com milagres em força total (At
28:8,9). Quando as pessoas viram a Públio curado, elas creram que se Deus podia curar uma pessoa, então Ele era
capaz e queria curar a todos que tinham necessidade de cura.
Quando as pessoas pensam e creem corretamente com relação a Deus, então elas recebem d’Ele o que Ele tanto deseja dar para elas.
d. Os Milagres nas Vidas dos Crentes. A operação de milagres é a capacitação do Espírito Santo,dando ao crente a habilidade de operar um milagre, em contraste com Deus operando milagres na vida de um crente. Assim sendo, muitos que
nunca receberam o dom de operação de milagres têm, muitas vezes,experimentado milagres
estupendos que Deus operou para eles.
1) Libertação. Milagres de libertação como o de Pedro em At 5:17-20 e novamente em At 12:1-10.Também o de Paulo e
Silas em At 16:15-30.
2) Transladação, “...o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco” (At
8:39).
Estes e muitos outros exemplos são milagres operados por Deus na vida dos crentes;
às vezes até mesmo sem a cooperação dos crentes. Estes não são, portanto, exemplos em que o dom de operação de milagres estava em funcionamento. Em contraste, agora apresentamos três casos em que este
dom estava funcionando.
e. Milagres Operados pelos Crentes.
1) Atos 19:11: “E Deus pelas mãos de
Paulo fazia maravilhas extraordinárias”.
2) Atos 9:40. Pedro ressuscitou a
Dorcas.
3) Atos 20:9-12. Paulo restaurou a vida de Ético.
f. Operação Prática Deste Dom
1) A Unção do Espírito Santo para
criar uma confiança e autoridade especiais.
2) Uma Palavra de Fé e autoridade.
Elias disse que o deus que respondesse por
fogo seria o Senhor de Israel. O fogo que desceu foium exemplo da operação de milagres.
3) Um Ato Ousado de Fé.
O cajado do pastor
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