








UM CHAMADO A FAZER A VONTADE DE DEUS
Wagner Tadeu dos Santos Gaby
Eliel dos Santos Gaby
Eliel dos Santos Gaby
As pessoas a quem Jesus dirige essa parábola estavam de fato muito interessadas em obedecer à Lei. Contudo, não estavam muito preparadas para receber aquele a quem o próprio Deus enviou. Não se pode fazer apenas parte da vontade de Deus. A obediência à Lei acrescida à rejeição de Cristo, descamba para o legalismo e, na parábola que estamos estudando, equivale a um sim meramente verbal, contrariando os fatos e, por conseguinte, a vontade de Deus.
Sobre o legalismo, Champlin destaca que “esta expressão, como usada pelos teólogos cristãos, não tem nada contra a dignidade da lei, muito pelo contrário, fala de abusos dos propósitos da lei”.1 Ele destaca também que “muitos judeus convertidos ao cristianismo, que aceitaram o ensino de que Jesus era o Messias, ainda continuaram observando a lei pelas duas razões sugeridas, sendo que o judaísmo nunca promoveu um conceito de justificação pela fé, assim, legalismo, então, é o uso da lei como uma base de soteriologia e como o guia da vida espiritual, no lugar da justificação pela fé e a lei do Espirito como o guia da espiritualidade”.2
Pode ser que ao redor dos que ouviam a parábola, encontravam-se também muitos publicanos, meretrizes e pecadores que, ao contrário de alguns, não se arrependeram de seus pecados de forma legítima e autêntica. Eles estavam dispostos a acreditarem em Jesus, mas não estavam interessados em obedecer a vontade de Deus. Se os primeiros são legalistas, os segundos são os participantes da graça barata. Como vimos num tópico anterior, o verdadeiro arrependimento conduz à mudança de atitude. Quem possui uma fé genuína, fatalmente desejará fazer a vontade de Deus.
Em João 15.14 Jesus é enfático ao ensinar que nós seremos seus amigos se fizermos o que Ele manda: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”. Fazer a vontade de Deus era o eixo sobre o qual girava toda a religião de Israel. A Lei era a sua expressão clara e escrita. Champlin destaca que “o Senhor Jesus agora desejou acrescentar outro pensamento precioso: aqueles discípulos especiais de então para diante dificilmente poderiam ser classificados como meros servos, segundo ordinariamente se poderia entender, dentro das relações então comuns entre escravos e senhores, visto que dos servos só se poderia esperar servidão, pelo contrário, o Senhor Jesus elevou a posição de seus discípulos como seus iguais, isto é, como seus amigos, seus companheiros”.3
Contudo, agora chegamos a uma revelação plena e perfeita da vontade de Deus através de Jesus Cristo. Ele anuncia a vinda do Reino e chama à conversão: “Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17). Ela passa, afinal, através de sua pessoa. O Pai quer que os homens recebam aquele que Ele enviou. Não se trata de querer obedecer a Lei sem receber a Cristo. Também não se trata de desejar a Cristo, mas não querer obedecer a seus ensinos.
Através desta parábola precisamos compreender o perigo da indiferença espiritual. Alguns pensam que podem confessar que amam a Deus com seus lábios mas viver com o coração distante dele. Pensam poder encontrar a Deus prescindindo de Cristo. Outros há que vivem na austeridade da Lei, mas não querem receber a Jesus. A marca indelével da amizade com Deus é a aceitação de Cristo como Filho de Deus, e, isso é possível, a partir do momento em que O obedecemos.
O fundamento da obediência a Deus é manifestado no amor ao Senhor Jesus e a sua Palavra: “De todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.10-11). O Salmo 119 descreve que as santas escrituras devem guiar nossas vidas. Nos versículos 6 e 22, o salmista destaca que quando seguimos os seus ensinamentos não existem motivos para nos envergonharmos: “Então, não ficaria confundido, atentando eu para todos os teus mandamentos. Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos”.
No versículo 7 o salmista destaca a necessidade do cultivo de um coração íntegro: “Louvar-te-ei com retidão de coração, quando tiver aprendido os teus justos juízos. Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente”, e nos versículos 9, 10, 11 e 30 ele fala da observância de uma vida pura e que não se desvia dos mandamentos do Senhor: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. De todo o meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos”.
Davi tinha um desejo profundo de conhecer e obedecer ao Senhor, e o fervor deste desejo está evidenciado no Salmo 119.5-4 e a excelência deste desejo pode ser notada na ênfase das expressões “vivifica-me”, “ensina-me” e “faze-me atinar”. Moody destaca que “o perigo confrontando o salmista fá-lo pedir força e conforto. Ele percebe que a vivificação que ele deseja vem da compreensão dos ensinamentos de Deus”.4 No Salmo 119.33-40 o salmista usa a expressão “ensina-me e o seguirei” e na sequência pede pela orientação de Deus para que sua vida seja afastada da insensatez.
A obediência deve estar ligada à vontade de Deus. Para sair da indiferença espiritual, o ser humano precisa receber aquele que Deus enviou ao mundo. A pessoa de Cristo separa de forma bastante clara a humanidade perdida, composta até mesmo por religiosos que dizem fazer a vontade de Deus, mas não a fazem, e aqueles que serão admitidos no Reino. O caminho é o do arrependimento com a consequente mudança de atitude, em direção à obediência a Deus.
Texto extraído da obra “As Parábolas de Jesus:As verdades e princípios divinos para uma vida abundante.” 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018”.
Comentário Bíblico - Devocional (NT) - BÍBLIA THE WORD -
“Eu vou, senhor; e não foi” (Mt 21.28-32). A parábola de JESUS sobre os dois filhos nos convence de um ponto importante. Não é o que nós dizemos que revela a nossa atitude básica em relação a DEUS. É o que nós fazemos.
Eu conheço algumas pessoas que falam muito bem de religião e santidade. E eu sei que muitas delas são como os fariseus, que dizem estar prontos a obedecer a DEUS, mas não colocam a sua Palavra em prática diariamente. As palavras religiosas são as folhas que algumas pessoas usam para encobrir a sua falta de frutos. Parábola dos dois filhos e da vinha (Mt 21:28-32) - Todas as parábolas da bíblia - HERBERT LOCKYER -
Essa parábola é muitas vezes agrupada com a seguinte, a do Viticultor, uma vez que o tema das duas é o mesmo. Ambas se baseiam no cântico do vinhateiro, já examinado em nosso estudo parabólico de Isaías (5:1-7). Todos os que ouviam a JESUS estavam familiarizados com esse antigo cântico; portanto, deveriam ouvir essas duas parábolas com profundo interesse. Nessa primeira, vemos JESUS condenar o método que os líderes religiosos usaram para rejeitar o seu testemunho; na segunda (Mt 21:33-46), ele os condena por suas motivações. O segredo das duas parábolas se encontra nessas palavras: "Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que ele falava a seu respeito" (Mt 21:45). Seus inimigos sentiram o poder de sua verdade e contemplaram a sua misericórdia e, apesar de tudo isso, conspiraram contra ele para matá-lo.
Os líderes judeus tinham desafiado a autoridade de CRISTO. A pergunta que ele formulou quanto à procedência do batismo e da missão de João —se do céu ou dos homens— deixava-os nas garras de um dilema. Hesitaram entre o prudente e o vantajoso, e não encontraram resposta à pergunta. Essas autoridades tinham falhado completamente no plano de DEUS e, para levá-las a emitir um veredicto contra elas próprias, JESUS recorreu ao método simples de narrar histórias. Com grande habilidade, tocou nas falhas desses líderes religiosos, os quais condenavam a si próprios, fazendo-os perceber que falava a respeito deles. Essas duas parábolas, portanto, devem ser interpretadas com base no motivo que as gerou. A oposição entre justos aos próprios olhos e pecadores aparece em outras parábolas; por exemplo, a Parábola do fariseu e do cobrador de impostos. Os que se afirmavam religiosos rejeitaram a Palavra de DEUS, mas os desprezados a aceitaram. Os sacerdotes e os anciãos permaneceram inflexíveis diante da pregação severa de João Batista, mas grandes e famigerados pecadores se arrependeram ao ouvi-la. O filho que disse "Eu vou, Senhor...", mas não foi, era um retrato dos fariseus. Já o outro, o qual disse "Não irei...", mas depois se arrependeu e foi, representava os pecadores penitentes, como os cobradores de impostos e as meretrizes. Embora essa seja a interpretação inevitável da parábola, a aplicação é abrangente. Sempre que o evangelho for pregado no poder do ESPÍRITO, haverá pecadores que se arrependerão e se voltarão para o Salvador. Da mesma forma, haverá os correspondentes dos sacerdotes e dos anciãos judeus —religiosos, mas relutantes para se confessar também pecadores e perdidos aos olhos de DEUS como os mais dissolutos desse mundo. Presos à sua justiça própria e falsa obediência, não vêem a necessidade de um Salvador. Outras parábolas já apresentaram vários retratos de JESUS. Aqui somos apresentados a outra pessoa, pois o "homem" era o "pai" dos dois filhos. Seria esse um retrato de DEUS como podemos ver também na Parábola do filho pródigo? Alguns comentaristas dizem que o Senhor, como Pai, é a figura principal da parábola, e os seus filhos podem ser divididos em: obedientes e desobedientes. Talvez, pensando na criação em geral, DEUS seja o Pai de todos, exatamente como Jó se refere a ele como o Pai da "chuva". No entanto, filho pressupõe relacionamento por nascimento —o que só pode acontecer pela regeneração. Se não tivermos recebido o espírito de adoção, não temos o direito de chamar DEUS de Pai (Gl 4:5). Além disso, DEUS não exige que o sirvam os que não lhe pertencem. Uma vez salvos, o servimos, e a vinha é a esfera da nossa atuação. Há uma vinha para cada "filho" cuidar e, se ele a negligenciar, ninguém mais cuidará dela. Para cada um, ele tem uma tarefa específica que deve ser desempenhada enquanto for "hoje". Analisemos agora as duas respostas e as duas ações presentes na parábola —inconfundíveis e opostas entre si: Os dois filhos. Ambos os filhos, na parábola, ouviram a ordem do pai. Um recusou-se a obedecer, mas em seguida arrependeu-se; o outro prometeu obedecer, mas agiu em contrário. "Este foi tão desobediente quanto se tivesse recusado obedecer logo de início e, embora a sua promessa de fazer a vontade do pai tenha enganado os que o ouviam, fazendo-os pensar que era um filho cumpridor dos deveres, o pai não pôde satisfazer-se com uma conduta tão contrária à promessa que fizera." Ao receber a orientação do pai para ir trabalhar na vinha, o primeiro filho impulsivamente recusou-se a obedecer, mas logo arrependeu-se de sua recusa e obedeceu; o outro, no entanto, prometeu obediência, mas efetivamente não obedeceu. O primeiro filho disse: "Não irei". Essa foi uma resposta ímpia, cuja fonte era um coração perverso. Ele recusou-se rudemente a obedecer ao pai, e de caso pensado. Esse filho desobediente representa os que não professam, nem praticam a verdadeira religião. Não temem a DEUS — nem fingem. Não são hipócritas. Não são contraditórios. Sabem que são pecadores e o afirmam claramente. O segundo disse: "Eu vou, senhor, mas não foi". Disse uma coisa e fez. outra. Era contraditório. Havia um conflito entre o que dizia e o que fazia, entre o que prometia e o que cumpria. Na presença do pai ocultou a decisão de não obedecer. Suas palavras aduladoras eram mentirosas. O irmão dissera "não", mas em seguida arrependeu-se e foi. Nele, porém, não havia arrependimento. Professou-se obediente, mas não tinha intenção de obedecer, sendo pois hipócrita. Ele disse "Senhor, Senhor", mas não tinha o desejo de realizar a vontade do pai. Ambos os filhos encontravam-se numa posição falsa e insegura. Eram opostos quanto ao caráter; eram diferentes nos pensamentos e nas palavras, mas as suas respostas diferentes apenas demonstravam diferentes pecados. O primeiro filho era ousado e culpado de rebelião desavergonhada; o segundo filho era covarde e falso. O primeiro nem prometeu, nem teve intenção de obedecer; o outro prometeu obediência, mas não tinha intenção de cumprir a palavra. Não há por que preferir um a outro. Tornam-se diferentes somente no derradeiro ato, pois o primeiro, após a recusa brutal, arrepende-se de seu pecado e sai para atender ao pai. O outro não hesitou em prometer, mas não manteve a palavra. O seu irmão mudou de mau para bom, mas esse não mudou de bom para mau. Sua atitude já era premeditada. Não tinha nenhuma intenção de mudar.
As duas classes. Esses dois filhos tinham por objetivo servir de exemplo a dois tipos diferentes de pessoas.
O primeiro filho representava os cobradores de impostos, os pecadores e as meretrizes. Ao ouvirem a pregação de João Batista, esses dis-solutos, que foram rebeldes e tinham resistido frontalmente ao Senhor, arrependeram-se, obedeceram e tornaram-se filhos de DEUS. Antes disso, não se diziam obedientes. Viviam em franco pecado e não se surpreendiam quando os denunciavam dizendo que eram incorrigivelmente corruptos. Os "cobradores de impostos e as meretrizes" eram o símbolo dos ímpios na época. Essas pessoas eram pecadoras e sabiam disso. Porém, sob a pregação de João Batista, inspirada pelo ESPÍRITO SANTO, ocorre o milagre. A mensagem sobre o pecado e sobre o arrependimento penetrou no coração deles, e se arrependeram dos pecados, encontrando o caminho para se achegarem a DEUS e servi-lo na sua vinha. O segundo filho representava os fariseus, saduceus e escribas, que trajavam as vestes e a insígnia da religião, mas estavam tão longe de DEUS quanto os tidos por renegados e desprezados. Professavam ser do Senhor; no entanto, eram "desobedientes e rebeldes em todos os aspectos mais profundos da vida". Esses religiosos deveriam ser entre todos quem de fato professasse e detivesse a verdadeira vida de DEUS, mas isso não tinham. Por fora eram corretos e justos, sempre com um obsequioso "Eu vou, senhor" na ponta da língua; porém, eram destituídos do desejo e da boa vontade de obedecer. Tipificavam os hebreus do passado que disseram: "Tudo o que o Senhor falou, isso faremos"; no entanto, a história demonstra que falharam. Israel era como o filho que disse ao pai "Eu vou, senhor", mas não foi. Após transmitir sua narrativa simples e cheia de significado, JESUS pressionou os fariseus e os principais dos sacerdotes para que emitissem o seu veredicto. Esse, eles emitiram prontamente, e foi um veredicto que recaiu sobre eles próprios: "Qual dos dois fez a vontade do pai? Responderam-lhe: O primeiro". J JESUS então faz a aplicação disso aos que não se haviam arrependido em decorrência de suas palavras e obras: "Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de DEUS". Há mais esperança para os conscientemente ímpios, do que para os que se consideram santos. Os que dizem "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta" não conseguem perceber quanto estão em falência e empobrecidos espiritualmente. Respeitados como religiosos, foram enganados por Satanás, crendo que a justiça deles prevaleceria. Porém, deixando de ver que JESUS padeceu para salvar os pecadores e, morrendo sem terem a CRISTO como Salvador, perecerão eternamente, continuam a viver do lado de fora do reino. Contudo, JESUS não deixou de abrir a porta para os fariseus que se consideravam justos. Há um evangelho para eles na declaração do Mestre. Ele não disse "Os cobradores de impostos e as meretrizes entram no reino em lugar de vós", mas "adiante de vós", na vossa frente. Isso leva a crer que alguns deles talvez entrassem no reino após os pecadores salvos, e com alguns de fato isso se deu. Saulo de Tarso, que se tornou o apóstolo Paulo, foi um deles. Associando essa sua parábola ao poderoso trabalho de João de trazer os pecadores a DEUS, JESUS demonstrou ter mais autoridade para estabelecer aos homens mandamentos, cuja obediência resulta em vida eterna.


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