terça-feira, 21 de agosto de 2018

Lição 9 : JESUS, O HOLOCAUSTO PERFEITO



                                                             INTRODUÇÃO 

Só viremos a entender plenamente a obra da salvação, em Jesus Cristo, se nos voltarmos com devoção e temor à teologia do holocausto, o principal sacrifício levítico. Quando o ofertante apresentava essa oferta ao Senhor, encenava ele, de maneira vívida e dramática, a História Sagrada. Uma interface perfeita com João 3.16; sublime teologia. Quem melhor compreendeu a sua doutrina foi o autor da Epístola aos Hebreus. Inspirado pelo Espírito Santo, ele divisou, nos animais oferecidos periodicamente a Jeová, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
       Estudaremos, neste capítulo, a instituição do holocausto: história, teologia, referência simbólica e cumprimento em Jesus. Sem o sacrifício dos sacrifícios, não podemos entender o plano da nossa salvação. O presente estudo, por conseguinte, além de formalmente tipológico, é essencialmente soteriológico; requer uma exegese correta que harmonize profetas e apóstolos, pois estes jamais estiveram em desarmonia.
       Que Deus nos permita a perceber a maravilhosa doutrina da salvação e a desenvolvê-la em nossa jornada terrena.

 I. HOLOCAUSTO, O SACRIFÍCIO POR EXCELÊNCIA 

Como já vimos, a religião noética gerou grandes santos e teólogos como Jó, Melquisedeque e Abraão. E, pelo que nos é permitido inferir do texto sagrado, cada um deles, em seu próprio turno, serviu a Deus com sacrifícios cruentos.
Nesse sentido, o rei de Salém, por ter uma teologia bem mais messiânica e soteriológica, foi além das oferendas animais. Ao receber o pai dos hebreus, em seu domicílio, Melquisedeque apresentou-lhe uma oferta que, em virtude de sua essência, unia o Antigo ao Novo Testamento. Neste tópico, mostraremos por que o holocausto é o ofertório por excelência.

1. Definição de holocausto. O termo holocausto provém do vocábulo hebraico `olah, que significa ascender ou ir para cima. É uma referência tanto à fumaça da oferta queimada, em si, como à devoção e a entrega amorosa dessa mesma oferta ao subir à presença de Deus (Lv 1.9). Sacrifício dos sacrifícios. Foi por essa razão, que Paulo considerou o desprendimento dos irmãos filipenses, em favor da obra missionária, como um holocausto de cheiro suave ao Senhor (Fp 4.18).
       O holocausto era o mais importante sacrifício do culto hebreu (Lv 1.1-3). Consistindo no oferecimento de aves e animais limpos, requeria a queima total da vítima; era pleno e incondicional (Lv 1.9). Tendo em vista a sua relevância, inaugurava todas as solenidades diárias, sabáticas, mensais e anuais do calendário litúrgico do Antigo Testamento.
       O holocausto era conhecido também como oferta queimada.
       Ao oferecê-lo ao Senhor, o crente hebreu fazia-lhe uma oração que, apesar da ausência de palavras, era eloquente e persuasiva; implicava em sua total submissão ao querer divino. Assim como a vítima do sacrifício dera-se ao altar sem resistência, assim também o fazia o adorador naquela instância; entregava-se resignadamente a Deus. Tal atitude remetia-o ao Calvário.
        Jesus Cristo é o holocausto perfeito.
       Quando nos conformamos plenamente à vontade do Filho, oferecemos ao Pai o mais sublime dos holocaustos; mostramos-lhe que, pela ação intercessora do Espírito Santo, já estamos crucificados com Cristo. A partir de agora, não sou eu quem vive, mas Jesus Cristo vive em mim.

2. A antiguidade do holocausto. O holocausto é também o mais antigo sacrifício da História Sagrada. Introduzido mui provavelmente por Abel, foi observado durante todo o período do Antigo Testamento. É o cerimonial que mais caracteriza o culto levítico; descreve, gestualmente, a peregrinação da alma penitente da Queda, no jardim do Éden, à Redenção, no monte Calvário.
        Pelo que depreendemos da narrativa sagrada, após a morte de Jó, o holocausto, como o praticara os primeiros descendentes de Noé, não demoraria a desaparecer. Manter-se-ia, porém, no clã de Abraão, o ramo mais nobre de Sem; messiânico e soteriológico.
       Em Canaã, se o holocausto noético foi alguma vez oferecido, não tardou a dar espaço a celebrações sórdidas, lascivas e criminosas. Naqueles templos e lugares altos, dominados por régulos tiranos e sanguinários, prostituição e homicídio litúrgico eram livremente praticados. Já no Egito, sacrifícios como o holocausto eram algo impensável. Se bovinos e ovinos eram deuses, por que lhes tirar a vida?
       Nas escavações arqueológicas realizadas nos entornos das pirâmides, animais mumificados são descobertos em nichos e santuários. Aqui, um macaco; ali, um falcão. E quanto ao boi? Era intocável; personificava a Terra. Imolá-lo? Sacrilégio dos sacrilégios aos olhos egípcios.
       No Cairo, capital do Egito, existe um museu em que é possível constatar que os ídolos, nos quais Faraó depositava toda a sua confiança, eram absurdamente esdrúxulos. Cada um deles, embora tivesse corpo de homem, carregava uma cabeça de animal. Até deus com cara de cachorro pode ser visto ali entre múmias de reis e carcaças de nobres.
       Já que a religião egípcia tinha o holocausto como algo abominável, como descrever-lhe a soteriologia? Para mim, semelhante religião nem soteriologia possui. O mais acertado seria qualificá-la de tanatologia: doutrina ou estudo da morte. Isso porque, no Egito, empregavam-se todos os recursos para dar a Faraó, após o seu falecimento, confortos, regalias e honras. O reino do Nilo
mais parecia uma imensa casa funerária.
       A bem da verdade, os egípcios não acreditavam na vida eterna, mas numa morte sem fim. No mundo além, dependiam do mundo aquém. Nem mesmo Aquenáton que, reinando no século XIV antes de Cristo, buscou estabelecer um culto monoteístico em ambos os Egitos (alto e baixo), logrou uma doutrina da salvação que tivesse a Deus como redentor. Adorando o Sol, ignorou o Criador dos Céus e da Terra.
      Retornemos, agora, aos descendentes de Noé que perseveraram em seguirlhe as pisadas.

3. O holocausto no período patriarcal. Se considerarmos o sacrifício que Abel ofereceu ao Senhor uma espécie de holocausto, então essa oferenda foi, de fato, a mais antiga da História Sagrada (Gn 4.4). O costume seria preservados pelos filhos de Abraão em Isaque e Jacó (Gn 8.20; 22.13).
        A religião divina, como Adão e Noé a transmitiram a seus descendentes, foi preservada nos holocaustos que, sem interrupção, foram oferecidos ao Senhor desde Abel até a destruição do Templo de Esdras, no ano 70 de nossa era. Cada vez que um desses crentes imolava um animal, profetizava ele, tipologicamente, a morte de Cristo no Calvário. Em cada oferenda, sustentada pela fé, havia uma súmula da soteriologia que hoje professamos.

4. O holocausto no período mosaico. Após a saída dos filhos de Israel do Egito, o Senhor instruiu Moisés a sistematizar o culto divino, para evitar impurezas pagãs. Quanto ao holocausto, por exemplo, apesar de já ser uma tradição na comunidade de Israel, teria de observar preceitos e normas. A partir daquele momento, haveria um altar específico para as ofertas queimadas (Êx 31.9). Tudo deveria ser executado de acordo com as normas estabelecidas por Deus (Lv. 1—6).
        Em sua peregrinação, os israelitas retornam livremente ao holocausto. Se, no Egito, era abominação imolar um animal a Jeová, agora, naquele deserto
inóspito, o sacrifício de animais veio a constituir-se na parte mais bela e nobre da religião hebreia. Os sacerdotes, agora, ofereciam redis inteiros ao Senhor.
        Como puderam eles criar tantos animais, não apenas consumo próprio, como também para oferecê-los a Deus? Se em prados verdejantes e junto a águas tranquilas já é difícil tanger bois e carneiros, o que fazer em regiões ermas e abrasadoras? Quando nos pomos a servir a Deus, tudo Ele dispõe a nosso favor. À noite, orvalhava o maná para o sustento do povo. Durante o dia, providenciava o pasto àqueles rebanhos que se esparramavam pelo Sinai.
       A instituição e a continuidade do culto levítico, no deserto, constitui, em si, um grande milagre. Uma religião como a hebreia que, litúrgica e teologicamente, requer animais, perfumes, incensos e pães, não pode sobreviver sem uma logística perfeita. Num grande centro urbano, não haveria problemas; fornecedores de matérias-primas não faltam. Mas, no Sinai, já distante do Egito e ainda longe de Canaã, adorar ao Senhor, com os rigores e demandas do culto levítico, era um desafio cotidiano. Sem mencionar a construção do Tabernáculo em si.

5. O holocausto na Terra de Israel. Após a conquista de Canaã, os holocaustos continuaram a ser oferecidos livremente ao Deus de Abraão. Josué celebrou uma importante vitória sobre os cananeus com holocaustos e ofertas pacíficas (Js 8.31). Gideão, ao ser comissionado pelo Senhor para libertar Israel, ofertou-lhe um holocausto (Jz 6.26). Quanto a Samuel, ofereceu o mesmo sacrifício ao Poderoso de Jacó, antecipando uma grande vitória sobre os filisteus (1 Sm 13.9,10). A reforma de Ezequias foi marcada por generosos holocaustos (2 Cr 29.7-35). Após o retorno do exílio, os judeus, agradecidos a Deus pela restauração de seu culto, também ofereceram-lhe holocaustos que iam além de suas posses (Ed 8.35).
        A essa altura, o que era tradição adâmica e noética torna-se instituição religiosa em Israel. Agora, o holocausto é visto como a principal liturgia do culto israelita. Se fizermos uma pesquisa no âmbito da história, da cultura e
da antropologia, concluiremos que apenas a linhagem de Sem observou a prática de ofertas queimadas ao Senhor. Quanto aos camitas, que povoaram a África e partes do Oriente Médio, e aos jafetitas, que colonizaram a imensa região da Eurásia, temos evidências de que não deram continuidade a oferenda com que Noé inaugurara a segunda civilização humana.
        As etnias acima citadas praticavam sacrifícios cruentos; nenhum desses, porém, assemelhava-se ao holocausto semítico. Entre os povos tidos como bárbaros, houve (e ainda há) abate ritual de animais e de seres humanos. Mas holocausto, semelhante ao hebreu e com a sua essência teológica, não; é algo exclusivo de Israel, a linhagem mais nobre e representativa de Sem. E, por se falar em sacrifícios humanos, veremos, daqui a pouco, por que esse tipo de oferenda jamais seria aceito por Deus.

 II. A IMPLICAÇÃO TEOLÓGICA DO HOLOCAUSTO

 Em todo sacrifício levítico, subjaz uma teologia que tem, em sua natureza, uma soteriologia que nos remete, de imediato, à morte vicária de Jesus Cristo. Sendo assim, precisamos descobrir aquilo que não seria incorreto chamar de a mecânica teológica do holocausto.

1. A consciência do pecado humano. Quando um crente hebreu propunha-se a oferecer um holocausto ao Senhor, a primeira coisa que lhe vinha ao coração era a sua própria culpabilidade (Sl 51.5). Ele sabia que, em Adão, todos haviam pecado; ninguém seria tido por inocente diante de Deus. Até mesmo o recém-nascido, apesar de ainda não ter a experiência do pecado, já carregava, em si, a essência da ofensa adâmica (Rm 3.23; 5.12).
        Se a situação do peregrino é tão desfavorável, o que fazer?
        Ele não poderia apresentar a si próprio a Deus, pois não ignorava a pecaminosidade que lhe ia na alma. Por isso, buscava num animal tenro, bom e geneticamente perfeito (símbolo de um intermediário eficaz); uma ponte que o conduzisse a Deus. Sem o saber, o penitente evocava perspectivamente,
pela fé, ali, junto àquele altar, o sacrifício do Senhor Jesus Cristo no Calvário. O Filho de Deus haveria de morrer, de fato, em favor de todos os filhos de Adão: pelos contemporâneos da cruz, pelos que viriam a nascer e pelos que já haviam morrido.

2. A consciência da justiça divina. Já diante do altar, esse mesmo crente sabia que, confrontado pela justiça de Deus, merecia apenas uma coisa: a morte; o salário mais adequado ao pecado adâmico. Nesse impasse, a pergunta vinha-lhe à mente: “Como aplacar um Deus irado?”. Se, por um lado, ele sabia que Deus é justo, por outro, não ignorava que a justiça divina jamais deixava de vir acompanhada por um amor que, incompreensivelmente, se dá. Por essa razão, apresentava ao Senhor a vítima do holocausto, como a rogar-lhe: “Nele, perdoa-me”. E, pela fé, era não apenas perdoado, mas justificado imediatamente.
        A justificação não é uma doutrina exclusivamente apostólica; no âmbito profético, era já conhecida e praticada junto ao trono divino. O salmista, ao discorrer sobre a ousada ação de Fineias no episódio de Baal-Pedor, reconhece: “Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para sempre” (Sl 106.31, ARA).
       No episódio narrado pelo autor sagrado, observa-se que Fineias assim agiu porque fora movido por uma fé incomum na santidade divina. E, por essa mesma fé, foi justificado. O mesmo acontecia àquele que, crendo na justiça divina, apresentava-lhe um holocausto. No ato da matança e da queima do animal, mostrava ele a Deus a sua confiança num sacrifício vicário que alcançaria o mundo todo. No ato do holocausto, desfilava diante de Deus toda a soteriologia do Novo Testamento.

3. A consciência da propiciação diante de Deus. O que o crente hebreu mais ansiava era tornar-se propício a Deus. Todavia, ninguém poderia fazê-lo
por si só, a não ser por meio de um intermediário, que fosse visto pelo justíssimo Deus como alguém igualmente justo, santo, inocente e eficaz como salvador; o próprio Filho de Deus.
        Nos tempos dos patriarcas, ainda não se tinha um retrato do Messias como hoje encontramos nos Salmos e nos Profetas.Davi, em vários de seus cânticos, descreveu a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Já Isaías, no capítulo 53 de seu livro, pinta o Servo de Jeová em tons fortes e inapagáveis.
        Ambos os autores sagrados já não precisavam do holocausto para saber que o Filho de Deus, ao vir a este mundo como homem, teria o mesmo destino do animal oferecido a Deus numa oferta queimada. Eis porque o rei de Israel, numa evocação messiânica, lembra a transitoriedade do holocausto na soteriologia messiânica: “Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres” (Sl 40.6, ARA).
      Davi, como bom teólogo, sabia que o homem, para tornar-se propício diante de Deus, carece não propriamente de um animal perfeito, mas de um perfeitíssimo medianeiro. Já antevendo não apenas o Messias, mas também o Consolador, roga ele a Jeová, depois de haver quebrantado duplamente a lei divina:

Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário. (Sl 51.9-12, ARA)

        Observemos que Davi, embora almejasse a aceitação de Deus, não lhe ofereceu um único holocausto. Sua compreensão das coisas divinas ia além da pedagogia das oferendas e dos sacrifícios. Naquele momento, ofertório algum, ainda que duplamente cruento, ser-lhe-ia útil. Por essa razão, evocando
implicitamente a intermediação de Jesus Cristo, o Holocausto dos holocaustos, confessa sua confiança no verdadeiro Mediador entre Deus e os homens: “Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51.16,17, ARA).
       Não procuramos, aqui, ao evocar Davi e Isaías, invalidar o holocausto na compreensão da soteriologia bíblica. Sem esse sacrifício, o profeta e o rei jamais viriam a entender adequadamente a mecânica da redenção que Deus, em Jesus Cristo, nos providenciara antes mesmo da fundação do mundo.



4. A consciência de um sacrifício perfeito diante de Deus. Assombrado pela justiça divina, indaga o profeta:

Resultado de imagem para Lição 9 : JESUS, O HOLOCAUSTO PERFEITOCom que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. (Mq 6.6-8 ARA)

       Sim, indaga Miqueias: “Com que me apresentarei ao SENHOR?”. Buscando a propiciação divina, o crente hebreu poderia oferecer diversas coisas a Deus: bezerros, carneiros e azeite. Numa instância já desesperada, não hesitaria em dar-lhe o próprio filho; o primogênito da alma. Vejamos a inadequabilidade desses ofertórios. Iniciemos por examinar a oferta que mais dor custaria a um pai.           Antes de tudo, deixemos bastante claro, que Deus jamais exigiu sacrifícios
humanos. A razão é bastante simples. Não obstante o custo espiritual, moral e espiritual que tal demanda acarretaria ao adorador, o seu efeito redentor e soteriológico seria inútil perante a justiça divina. Se todos pecaram e carecem da glória de Deus, quem estaria apto a morrer vicariamente por alguém? Um recém-nascido? Embora ainda inocente, já traz em si a semente do transgressão adâmica. Até mesmo os três homens mais justos da História Sagrada não seriam capazes de se darem vicária e salvificamente em favor dos transgressores, como o próprio Deus o demonstra através do profeta Ezequiel:

Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, cometendo graves transgressões, estenderei a mão contra ela, e tornarei instável o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e eliminarei dela homens e animais; ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o SENHOR Deus. (Ez 14.13,14, ARA).

      No entanto, se o Senhor Jesus Cristo estivesse nessa mesma cidade, Ele, em virtude de sua justiça vicária, certamente morreria; ela, porém, seria poupada. Foi o que disse mui sabiamente o sumo sacerdote Caifás: “Vós nada sabeis, nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação” (Jo 11.49,50, ARA). Ao registrar o fato, o apóstolo João, com a sua elevadíssima acuidade teológica, assim interpretou a alocução de Caifás:

Ora, ele não disse isto de si mesmo; mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação e não somente pela nação, mas também para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos. (Jo 11.51,52, ARA).

Inspirados por esse modelo teológico, como explicaremos a experiência de Abraão ao ser instado pelo Senhor a oferecer-lhe Isaque? O patriarca, como o melhor teólogo da época, depois de Melquisedeque, sabia que, seja desta seja daquela forma, haveria de recobrar o filho, pois tinha irrestrita fé na promessa divina. Mas, ainda que viesse a imolar o seu querido unigênito, a morte deste poderia ser doxológica, mas jamais soteriológica e redentora, porque Abraão já havia sido justificado ao crer em Deus (Gn 15.6). No instante extremo da provação, o Senhor interveio, não permitindo que o hebreu lhe imolasse o filho da promessa (Gn 22.11-13). Vicariamente, o ser humano é ineficaz até para si mesmo. Se a nossa morte fosse suficiente para salvar-nos, bastaríamos optar pelo suicídio, e a nossa situação, diante de Deus, estaria resolvida de vez. O suicídio, todavia, não tem qualquer eficácia remidora. Se assim fosse, Judas Iscariotes estaria hoje no Paraíso junto ao Senhor Jesus. Mas sabemos que, perdendo-se ele, foi para o seu próprio lugar.
       Se a morte do meu primogênito é ineficaz para tornar-me aceitável diante do Senhor, o que lhe entregarei? Rios de azeite? O fruto da oliveira pode (e deve) ser apresentado ao Senhor como dízimo e ação de graças, mas, soteriologicamente, que eficácia tem? Afinal, não somos salvos pelas obras, mas pela fé em Jesus Cristo. Logo, tais ofertas servem apenas evidenciar-nos a salvação; somos salvos não pelas boas obras, mas à prática de obras boas, meritórias e que mostrem, por intermédio delas, o nosso compromisso com o Pai Celeste.
        Restam-nos, agora, os bezerros de um ano e os carneiros tenros e bons. Tornar-nos-ão propícios a Deus? Como símbolos e tipos são eficazes. Mas, vicariamente, não. Se a simbologia e tipologia desses animais fossem recebidas pela fé, o adorador não deixaria de ver, em cada um deles, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Caso contrário, a morte desses bichos não passaria de um desperdício litúrgico, um pesado encargo ao crente, um enfado ao sacerdote e um enojamento ao Senhor.
         O adorador que, pela fé, oferecia um holocausto ao Senhor, demonstrava a
eficácia desse sacrifício, em sua vida, na prática da justiça, no exercício da misericórdia e na vivência do amor divino em seu cotidiano. E, no final de tudo, veria naquele bezerro ou naquele carneirinho, o Cordeiro de Deus.

III. JESUS CRISTO, O HOLOCAUSTO PERFEITO

 Para que o Filho de Deus se tornasse o holocausto perfeito, a fim de redimir a humanidade, três coisas foram-lhe necessárias: a encarnação, o sofrimento e, finalmente, a morte e a ressurreição.

1. A encarnação de Cristo. A encarnação de Cristo foi o cumprimento cabal e perfeito da profecia de Davi: “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste” (Sl 40.6).
      O que o Messias, por meio do salmista, diz é que, sendo os holocaustos transitórios, restava-lhe apresentar-se voluntária e eternamente, perante o Pai, para ser a oferta e o ofertante, a fim de redimir a humanidade (Hb 10.110). Foi na condição de Homem Verdadeiro que o Senhor Jesus foi provado em todas as coisas, exceto no pecado, para mostrar a eficácia de seu maravilhoso e definitivo sacrifício.

2. O sofrimento de Cristo. Assim como a vítima do holocausto era, antes de ser queimada, repartida em pedaços, foi o Senhor Jesus submetido a todos os sofrimentos, angústias e dores (Is 53). Ele sabia o que era padecer.
      O autor da Epístola aos Hebreus garante que o Filho de Deus, durante o seu ministério terreno, apresentou ao Pai constantes rogos, clamores e lágrimas (Hb 5.7).
       Da encarnação à morte, Ele foi implacavelmente provado em todas as coisas. Mas, nem por isso, deixou de apresentar um fiel testemunho como o Cordeiro de Deus (Jo 1.29).

3. A morte e a ressurreição de Cristo. O auge do sofrimento do Filho de
Deus, como nosso perfeito holocausto, foi a sua morte no Calvário. Antecedendo o seu sacrifício, rogou ao Pai que lhe afastasse aquele cálice (Mc 14.36). No entanto, Ele sabia que a morte na cruz era a sua missão, o ápice de seu ministério. Em sua morte, a nossa vida.
       Na verdade, foi morto e sepultado (Mt 27.59-66). No terceiro dia, entretanto, eis que ressurge dos mortos como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Mt 28.1-10). Com a sua ressurreição, Jesus Cristo plenifica o sacrifício perfeito, como ofertante e oferta.

CONCLUSÃO 

Neste capítulo, refletimos sobre o sacrifício perfeito de Jesus Cristo. Ele é o Holocausto dos holocaustos. Ele morreu eficazmente por mim e por você. Por essa razão, mantenhamos uma vida de santidade e pureza, a fim de sermos fiéis testemunhas do Evangelho. Não ignoremos o sacrifício de Cristo. Se o fizermos, sobre nós recairá o justo juízo de Deus (Hb 10.26,27).

                                                       Resultado de imagem para Lição 9 : JESUS, O HOLOCAUSTO PERFEITO

HOLOCAUSTO (Enciclopédia Ilumina)
Sacrifício em que a vítima era completamente queimada em sinal de que o ofertante se dedicava completamente a DEUS (Êx 29.18; Hb 10.6).
 
 
ALTAR (Enciclopédia de Bíblia,Teologia e Filosofia)

Lugar de se entrar em contato com o poder divino ou com os mortos, por meio de um sacrifício e de oferendas. As religiões primitivas supunham que o altar de uma divindade seria o lugar onde ela manifestava a sua presença. O altar (do latim, altus, estrutura elevada), presumivelmente chamava a aténção do poder invocado. Oferendas eram postas nessas estruturas a fim de aplacar ou solicitar o favor do deus do altar.
Altares pagãos. Eram de muitos tipos, formatos e dimensões. Na Idade do Bronze Antiga, r.lguns altares eram de meras pedras arrumadas. Na Idade do Bronze Moderna, alguns altares eram retangula­res, feitos de tijolos ou de pedras, erguidos com cimento de argila. Alguns altares eram estruturas imensas, e outros eram pequenos. Montões de pedras também serviam de altares, entre os povos pagãos.

Semitas. Eram similares aos altares acima descritos, em diferentes épocas. Altares foram edificados por Noé(Gên. 8:20), Abraão, em Siquém (Gên. 12:7), Isaque, em Beerseba (Gên. 26:25), Jacó, em Siquém (Gên. 33:20) e em Betel (Gên. 35:7), Moisés, em Refidim (Exo. 17:15) e Horebe (Exo. 24:4). Na cultura semita, os altares usualmente eram erigidos com propósitos sacrificiais, mas não exclusivamente. Muitos eram feitos de rocha natural, com canais para que escorresse o sangue; ou eram montes de terra ou rochas escavadas, com valetas ao redor, com o mesmo propósito. Cria-se que o sangue derramado sobre o altar estava carregado com o poder da divindade, sendo assim útil para vários ritos de purificação e busca de poder.

Altar do tabernáculo.

Na verdade, dois eram os altares do tabernáculo. Um deles, que ficava na metade oriental do átrio, era de «bronze», recoberto de madeira de acácia (Exo. 27:1-8). As suas dimensões eram 2,5 m x 2,5 m x 1,5 m. Era o altar dos holocaustos. Tinha chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser transportado. Não havia topo, e talvez contasse com uma armação gradeada de metal, cheia de terra, o que explica como era resistente ao fogo ali posto. O segundo desses altares era menor, com 0,5 m x 0,5 x 1,0 m, de madeira de acácia recoberto de ouro (Exo. 30:1-10). Tinha quatro chifres e uma borda de ouro, com argolas e varas para ser transportado. Era o altar do incenso, símbolo de nossas orações e intercessões (Lev. 16:12).
Dos templos. No átrio exterior (Jer. 36:10) do templo de Salomão, em Jerusalém, estava localizado um vasto altar de bronze, com 4,5 m de altura e 9,0 m de comprimento. Era uma réplica em tamanho grande do altar do tabernáculo, ao qual se obtinha acesso por um lance de escadas. O interior oco do mesmo era cheio de pedras e terra, e o resplendor do mesmo podia ser visto do átrio abaixo (II Crôn. 4:1). Orações eram feitas diante desse altar, e sacrifícios eram ali oferecidos. Existiu por quase três séculos. Acaz (735-717 A.C.) removeu esse altar para o lado norte, pondo um altar seu no local original. O novo altar tornou-se o centro das atividades. Talvez o altar original tenha sido finalmente restaurado ao seu lugar (II Crô. 33:16), como parte das reformas. Todavia, parece que o altar de Salomão, ou suas partes essenciais de metal, foram removidas por Nabucodonosor para a Babilônia (Jer. 52:17-20). O segundo templo tinha seus altares, provavelmente dois, segundo certa tradição. Antíoco Epifânio levou um altar de incenso, todo de ouro, no ano de 169 A.C. (I Mac. 1:21). Dois anos mais tarde ele profanou o altar dos holocaustos (I Mac. 1:54). Posteriormente, os Macabeus restauraram ambos os altares (I Mac. 4:44-49). Não se sabe qual a disposição exata dos altares no templo de Salomão, que substituiu o templo mais antigo. Apenas sabe-se que o altar dos holocaustos era uma pilha de pedras não-lavradas, ao qual se obtinha acesso por meio de uma rampa, e não por meio de degraus.
No Novo Testamento. A fé do N.T. eliminou o judaísmo suntuoso e complexo. Templos humildes substituíram o templo de Jerusalém e seus móveis. No inicio, os templos cristãos eram apenas as residências dos crentes. Tudo quanto fazia parte do judaísmo, passou então a ser considerado típico das realidades espirituais. O batismo reteve certos aspectos da imersão judaica de prosélitos, e de conceitos de purificação inerentes às abluções. A Ceia do Senhor reteve as idéias de sacrifício, expiação e comunhão. Mas agora —o altar— é a alma do crente, onde a adoração a DEUS é levada a efeito. Conforme diz um hino: «Meu coração é o altar, e Teu amor é o fogo».

O uso literal que se faz da palavra «altar», no Novo Testamento, alude ao altar do templo de Jerusalém, figurando por oito vezes nos evangelhos: Mat. 5:23,24; 23:18-20; Luc. 11:51. Ou alude a vários altares (Rom. 11:3; I Cor. 9:13; 10:18; Heb. 7:13; Tia. 2:21). O vocábulo é usado em sentido figurado, em Apo. 6:9; 8:3,5; 9:13, etc.

O altar pagão mencionado no sermão feito no Areópago (no grego, bomós), é mencionado em Atos 17:22,23. Trazia a inscrição: «Ao DEUS Desconheci­do». Ver a passagem no NTI, onde há uma completa exposição. Uma outra referência pagã é ao altar de Pérgamo, em Apo. 2:13, o trono de Satanás. Foi um dos mais famosos altares do mundo antigo. Ver o artigo sobre Pérgamo, altar de. Foi descoberto em 1871 e levado para a Alemanha, onde foi reconstruído e agora está no Museu de Berlim. Ver também no NTI, o trecho de Apo. 2:13, quanto a notas completas.
Simbolismo do altar
Trata-se do lugar onde podemos nos aproximar de DEUS, mediante sacrifício e oração; lugar onde DEUS vem ao encontro das necessidades humanas, confor­me as exigências por ele estabelecidas. O altar fala da «comunicação» entre DEUS e os homens; esse é o lugar onde um homem pode encontrar-se com o poder divino. O altar é igualmente o lugar onde o homem pode trazer seus dons a DEUS, onde pode prestar serviço e lealdade.

Em Heb 13:10. Um entendimento cristão
Temos um altar, do qual não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo.
Um altar. Essa palavra indica tudo quanto CRISTO fez em sua vida, em sua expiação e em seu ofício medianeiro. Nada de específico é indicado, como a cruz, a mesa da Ceia do Senhor, ou o próprio CRISTO. Antes, o autor sagrado junta todas as idéias de acesso e aproximação a DEUS, que fazem parte da expiação, do perdão, da aceitação e da filiação, e se refere a elas sob o símbolo de um «altar»; porquanto esse era o símbolo da aproximação de DEUS, por parte de homens pecaminosos. O autor sagrado era dono de uma mentalidade mística, e não sacramentalista; portanto, dificilmente ele podia ter a eucaristia ou Ceia do Senhor em vista, porquanto isso também ê apenas símbolo da comunhão com CRISTO, e não um meio mágico para a mesma. Se qualquer coisa específica está em foco, na palavra «altar», então só pode ser o «santuário celestial», onde CRISTO entrou, a fim de oferecer o seu sangue expiatório, obtendo assim acesso até à presença mesma de DEUS Pai. (Ver Heb. 6:20 ; 9:12). Torna-se imediatamente evidente que o altar cristão não é de natureza a precisar de refeições sacrificiais, e nem é acompanhado por práticas cerimoniais. Ultrapassou e substituiu a tudo isso.

Esse altar é o mesmo que se encontrava no antigo tabernáculo. O altar não era o ofertante, e muito menos ainda a vitima. Era o lugar onde a vitima era apresentada e morta. Em parte alguma CRISTO é chamado de altar, e nem a cruz recebe tal nome. De fato, o décimo primeiro versículo, o principal ponto da passagem, não dá apoio a tal idéia.

Do qual não têm direito. Aqueles que repeliam a provisão de acesso em CRISTO, retornando aos antigos caminhos, rejeitavam o altar de DEUS, pelo que também não tinham mais direito a ele. Ou aqueles que nunca se tinham aproximado de CRISTO, mas antes, permaneciam nos antigos caminhos, por se recusarem a reconhecer o novo caminho de acesso a DEUS, automaticamente se tinham eliminado de seus benefícios, condenando a si mesmos às futilidades do antigo caminho. As palavras os que ministram apontam para os que se apegavam às normas legalistas e cerimoniais, e não meramente para os sacerdotes, que realmente efetuavam os ritos.

Culto verdadeiro. O coração humano se deleita em cerimônias externas e em ritos elaborados. E relativamente fácil levar um cordeiro a um templo, fazer uma peregrinação a Meca ou a Roma, freqüentar um culto na igreja, revestir-se dos paramentos externos da religião. Essas coisas nos confortam com o pensamento agradável que, pelo menos, fizemos coisas que agradam a DEUS. Mas o verdadeiro culto é o sacrifício (dedicação) absoluto do próprio ser. (Ver Rom. 12:1-2). (AL I IB LAN NTI)


EXPIAÇÃO, DIA DA (Tesouro de Conhecimentos Bíblicos)
EXPIAÇÃO, DIA DA
-Do hebraico “yõm hakkippürim”, e o grande dia de expiação e penitência geral em Israel, celebrado no décimo dia do sétimo mês (Etanim).

O Dia da Expiação todos os judeus de todos os séculos e em todos os países sempre têm comemorado com respeito e temor, apesar de se tratar de um ato que pertencia à lei de Moisés. Certamente muitos já leram na Bíblia o que está descrito em Levítico capítulo 16, que narra detalhes quanto à comemoração desse dia, e o que está em Levítico 23.29: “Porque toda alma, que nesse dia se não afligir, será eliminada do seu povo”. Nos versículos seguintes estão algumas determinações para serem observadas nesse dia. Talvez, alguns dos prezados leitores não tenham entendido a razão do Dia da Expiação no Antigo Testamento, e as ordens exageradas para a celebração desse dia, com alto sentimento de respeito que deviam merecer as coisas sagradas.

O Dia da Expiação foi estabelecido pelo próprio DEUS, a fim de que o sumo sacerdote oferecesse sacrifícios de expiação, por tudo quanto tivesse sido usado ou estivesse a serviço do Senhor: “E o sacerdote, que for ungido... expiará o santuário, a tenda da congregação, o altar; igualmente para expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação” (Lv 16.32,33).

O fato da repetição desse ato pelo sacerdote, isto é, da repetição do Dia da Expiação, indica que a Lei não fez nada perfeito, ao mesmo tempo que apontava a fraqueza e a inutilidade dos mandamentos, e a necessidade de alguém que realizasse um sacrifício único e definitivo pelo povo.
Celebrado no equinócio de setembro, era um dia de penitência solene instituído para expiar todas as faltas cometidas no ano e que não haviam sido perdoadas. Era o tempo quando, simbolicamente, o mês sagrado ou sabático havia atingido a plenitude. Somente nesse dia, o sumo sacerdote podia entrar na parte do templo chamado o SANTO dos Santos e devia apresentar-se com roupas brancas, diferentes das demais roupas dos sacerdotes em geral. O fato de se exigir que o sumo sacerdote se apresentasse com vestes brancas, em contraste com as roupas douradas que usava em outras ocasiões, indicava que naquele dia ele não representava um simples oficiante de todos os dias, mas como o escolhido de Jeová, como que a apontar para aqueles que estão perto de DEUS, os quais possuem vestiduras brancas.
Sete dias antes da Expia-ção, o sumo sacerdote deixava sua casa, em Jerusalém, e passava a residir em dependência do templo. Havia sempre um substituto designado para o caso de vir ele a tornar-se incapacitado para o desempenho de seus deveres ou para o caso de morte. O cuidado com o sumo sacerdote, para não se contaminar, ia ao ponto de se prescreverem duas aspersões com cinzas de uma vitela vermelha, no terceiro dia da semana do Dia da Expiação, sobre o sumo sacerdote, tudo isso na suposição de que ele pudesse ser inconscientemente contaminado por algum cadáver.
Era tão importante a cerimônia do Dia da Expiação, que não se podia admitir que o sumo sacerdote errasse ou esquecesse qualquer ponto da execução. A fim de evitar qualquer falha, na véspera desse grande dia, o sumo sacerdote devia fazer demonstração real do que ia realizar no dia seguinte, a fim de evitar qualquer equívoco. Após esta demonstração, ele prestava juramento perante os anciãos, de que não alteraria qualquer dispositivo dos ritos daqueles dias.

Outra coisa que todos devem conhecer acerca do Dia da Expiação é que o sumo sacerdote não podia dormir durante a noite toda. A fim de não ser apanhado pelo sono, passava a noite lendo e comentando as Escrituras.
Havia a obrigação do jejum e do descanso sabático para todo o povo.
No Dia da Expiação, as ofertas (dois bodes, um carneiro e um touro) eram colocadas na entrada do santuário. Depois de tirar a sorte sobre os dois bodes: um era para o Senhor e o outro era o bode emissário. Em seguida, o touro era imolado pelo sumo sacerdote como sacrifício pelos seus próprios pecados e pelos da sua casa; o sumo sacerdote entrava no santuário e envolvia o pro-piciatório numa nuvem de incenso, para não ser aniquilado pela visão de DEUS; aspergia a arca e o propiciatório uma vez com o sangue e depois mais sete vezes diante da arca e do propiciatório. Depois era a vez do sacrifício pelos pecados do povo.
0 bode, que recebera a sorte de ser de “yahweh” era consagrado a DEUS, imolado, e seu sangue também era aspergido no santuário, em cima e diante do propiciatório. A seguir, havia a purificação do tabernácu-lo da reunião, o lugar SANTO, e afinal a purificação do altar dos holocaustos. De acordo com os ritos, prescritos para o ato propriamente expiatório nos sacrifícios pelos pecados, esfregava-se no altar o sangue misturado dos dois animais. Tudo purificado. Assim, DEUS, o SANTO por excelência, pôde novamente entrar em contato com o povo. A cerimônia do bode emissário era a seguinte: o sumo sacerdote estendia as mãos sobre a cabeça do bode, carregando-o com os pecados da comunidade, e o animal era conduzido ao deserto para que levasse consigo todas as iniqüi-dades cometidas pela nação a uma terra não habitada (Lv 16.22). Mais tarde, tornou-se costume estraçalhar o bode, atirando-o na rocha; semelhante rito de afastamento encontra-se na purificação do leproso (Lv 14.4-7, 49-51). A carne dos animais imolados era queimada.
Quando havia Sinédrio em Israel, ele tinha o encargo de examinar o sumo sacerdote, no tocante ao conhecimento do ritual e da significação do serviço que ia realizar. Essa comissão devia instrui-lo no caso de notar deficiência no sumo sacerdote.

Esta festa judia não é mencionada no Novo Testamento; no entanto, a idéia de expiar aparece constantemente nos escritos neotestamentários, não no sentido de jejum, como também era conhecida (O Jejum), e sim relacionada à função redentora de CRISTO, o sumo sacerdote para sempre.
Atualmente, em todo o mundo os judeus também comemoram o Dia da Expiação, porém com alterações e formas um pouco diferentes. Eles, em nossos dias, não podem oferecer sacrifícios, pois sacrifícios somente poderíam ser oferecidos no recinto do templo em Jerusalém e eles não possuem o templo. Contudo, anualmente, eles consideram o “YÕm Kippür” um dia solene que, como se expressam os rabinos, faz até os peixes tremerem dentro da água.
Muito antes da hora da solenidade, a sinagoga já está repleta, pois nenhum pode ficar em casa nesse dia. Os adoradores usam longas vestes de linho, com capuzes brancos e têm também o chale que usam na oração. Nessa ocasião, os judeus, descalços e em jejum, lamentam em alta voz por causa dos seus pecados, gesticulam em desespero para obterem o perdão divino e a paz que tanto anseiam. Convém acentuar que eles têm este costume: usualmente, sepultam seus mortos com vestes brancas e capuz, e bem assim com o chale que usam na oração, para cobrir a cabeça.
Fazem parte da cerimônia do Dia da Expiação nos dias atuais estas manifestações: primeiramente, vão ao cemitério, oram sobre os sepulcros de seus entes queridos já falecidos; logo após vão até as margens de um rio, sacodem suas vestes, e viram os bolsos pelo avesso por sobre as águas, porque desejam que seus pecados sejam afogados, isto é, sepultados; a seguir, batem com as mãos no rosto, arrancam os cabelos, demonstrando desespero e tristeza pelos pecados. Eles julgam que essas manifestações exteriores podem conseguir favor e perdão divinos.

Eles ainda conservam a idéia da oferta de sacrifícios que a lei de Moisés exigia; por essa razão, no Dia da Expiação oferecem sacrifícios substituídos por uma ave qualquer que o rabino sacrifica. O culto do Dia da Expiação é iniciado à noite, pois o dia judaico tem início às seis horas da tarde, e muitos devotos permanecem na sinagoga a noite inteira.
Todos os sacrifícios e cerimônias do Antigo Testamento eram apenas sombras de um sacrifício perfeito, capaz de cobrir e perdoar todos os pecados. O sangue de animais não tem qualquer poder nem valor diante de DEUS. O grande e real sacrifício do verdadeiro Dia da Expiação foi realizado por JESUS CRISTO. O único sangue que purifica, justifica e perdoa é o sangue de JESUS CRISTO, o Filho de DEUS (Hb 5.7; 7.25).

“Porque CRISTO não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de DEUS; nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no SANTO dos Santos com sangue alheio... Assim também CRISTO, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9.24,25,28).
Somente nesse dia, o sumo sacerdote podia entrar na parte do templo chamada o SANTO dos santos e devia apresentar-se com roupas brancas
O culto do Dia da Expiação é iniciado d noite, pois o dia judaico tem início às seis horas da tarde
 
 
Gn 8:1-22 (Comentario Biblico Moody)
8:4. As montanhas de Ararate. Depois de 150 dias, a arca repousou sobre um dos picos de uma alta cordilheira na Armênia. Urartu, palavra acadiana cognata de Ararate, usada em antigos documentos para designar a Armênia. A montanha atualmente chamada Ararate tem 5.204,92 ms. 
A história do dilúvio babilônico, que faz parte da Épica Gilgamesh, conta que o seu herói, tal como o Noé bíblico, construiu uma arca, introduziu nela espécimes do reino animal e, depois do dilúvio ancorou no Monte Nisir, a leste do rio Tigre. 

20. Levantou Noé um altar (mizbêah) ao Senhor. Quando Noé saiu para a claridade do novo dia, a coisa mais natural que tinha a fazer foi encontrar um local de terreno elevado para edificar um mizbêah. Foi o primeiro altar edificado sobre a terra purificada. Noé reconheceu o fim do trágico juízo e o despontar de um novo dia de esperanças e promessas. Edificar o altar foi sua maneira de expressar seu louvor e ação de graças a Jeová. 
Ele ofereceu holocaustos (‘ôlâ). A palavra holocaustos deriva-se do verbo 'eileih, "subir". A sugestão aqui é que, quando o sacrifício é consumido, a fumaça sobe a DEUS, levando, em certo sentido, a gratidão e a adoração do ofertante. Foi um sacrifício verdadeiramente propiciatório (cons. II Sm. 24:25), oferecido em sincera adoração, partindo de profunda gratidão. E assim o DEUS eterno foi agradado. Noé encontrou favor diante dEle.
Gn 22:1-19 (Comentario Biblico Moody)

12) Abraão e Isaque. 22:1-19. 
O supremo teste da fé e obediência de Abraão veio depois da partida de Ismael, quando todas aS esperanças para o futuro estavam alojadas em Isaque. 

1. Pôs DEUS Abraão à prova. O nissa hebraico, provar (E.R.C., tentar), significa um teste que revelaria a fé de Abraão como nada ainda o conseguira fazer. Ele tinha de dar prova de obediência absoluta e incontestada fé em Jeová, obedecendo até mesmo de olhos fechados, passo a passo, até que a fé se destacasse clara como o sol do meio-dia. Abraão passou pelo fogo mais ardente, permaneceu firme sob as maiores pressões e suportou a mais difícil tensão, para emergir da prova em completo triunfo. 

2. Nenhum teste seria mais severo do que aquele que agora DEUS lhe impunha. E nenhuma obediência seria mais perfeita do que a de Abraão. Quando DEUS o chamou, o patriarca respondeu imediatamente. Mesmo sabendo que estava à sua frente, disse calmamente aos seus servos: "Esperai aqui... eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós" (v. 5). Sua fé em DEUS que vê e se encarrega de tudo, garantiu-lhe que tudo estava bem. Ele confiou em Jeová para a execução de Suas promessas. "Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que DEUS era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar. E daí também em figura ele o recobrou" (Hb. 11:17-19). A fé via além do sacrifício e estava pronta a obedecer. 
Moriá. O lugar do sacrifício não pode ser positivamente identificado. II Crônicas 3:1 parece localizá-lo no local do Templo de Salomão. A tradição tem-se apegado a esta opinião, e seria difícil encontrar um local mais aceitável. A viagem a pé de Berseba deve ter levado a maior parte dos três dias. Oferece-o ali em holocausto. A palavra hebraica usada aqui, 'eila, literalmente, levante-o, significa oferecer a vitima como um todo em holocausto, em sinal de completa dedicação. Não se faz nenhuma referência a matar o rapaz. A intenção original de Jeová, ao que parece, foi a de garantir a oferta completa, mas interferir antes que a vitima fosse morta. O propósito de DEUS, em parte, foi o de apresentar uma lição objetiva sobre a Sua aversão aos sacrifícios humanos que eram abertamente praticados pelos pagãos por todos os lados. 

7,8. Conforme os dois lentamente subiam a encosta da montanha, o jovem observador perguntou: Onde está o cordeiro para o holocausto? Que cena patética! A resposta do pai foi dada sem delongas: DEUS proverá para si. . . o cordeiro para o holocausto. O verbo significa "ver". Na verdade, Abraão dizia que Jeová era capaz de ver e providenciar à Sua maneira. Ele tinha em seu coração uma segurança calma de que DEUS seria capaz de cuidar dos detalhes. Abraão não sabia que o rapaz seria poupado da experiência da morte. Mas tinha a fé para crer que o Onipotente providenciaria o necessário à Sua maneira e na hora exata. Paulo penetrou nas profundezas desta verdade quando disse: "Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas cousas?" (Rm. 8:32). 

9,10. Tudo estava em seu devido ligar sobre o altar. O filho amado das promessas estava amarrado e prostrado sobre a lenha que ele mesmo trouxera sobre os ombros. O fogo estava pronto. Tudo estava calmo e quieto. A faca afiada foi desembainhada e levantada. 

12,13. De repente a voz do céu quebrou o silêncio. DEUS ordenou que Abraão deixasse a faca de lado, desamarrasse as correias que prendiam o rapaz e que trouxesse o carneiro preso entre os arbustos. Essa foi a hora suprema de Abraão. DEUS experimentara o seu coração e estava satisfeito. Novamente Isaque se colocou ao lado de seu pai, uma testemunha da misericórdia, da graça e da provisão do Senhor (cons. v 14). Foi por isso que JESUS disse. "Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia e viu-o, e alegrou-se" (Jo. 8:56). O homem de DEUS retornou a Berseba iluminado com o senso da presença de DEUS. Jamais tornaria a ser o mesmo. As grandes promessas foram renovadas, e foi-lhe assegurado que as bênçãos da aliança seriam dele e e de seus descendentes.
 

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