quarta-feira, 25 de julho de 2018

Lição 5 - Santidade ao Senhor






INTRODUÇÃO

E
m Levítico, somos desafiados por uma doutrina imprescindível à nossa segurança espiritual: a santificação. Do primeiro ao último capítulo do livro, a preocupação do autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, é guindar os israelitas (e a nós também) a uma posição alta e privilegiada diante de Deus.
     Antes de tudo, observamos que foi necessário separar Israel dos outros povos, para que este se erguesse como testemunha da verdadeira fé. Vencida essa etapa, era urgente separar Israel para o serviço de Jeová, que continua a requerer de seus servos (entre os quais, nós) uma perfeição que, ainda hoje, parece inatingível: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1, ARA).
      Por que Deus nos demanda tal perfeição, se até mesmo, em seus anjos, acha Ele imperfeições e falhas? (Jó 4.18). Todavia, o padrão divino não pode ser rebaixado à condição humana; seu propósito é promover-nos às regiões celestiais.
       Apesar de vivermos numa dispensação agraciada e plena, não devemos supor que a santificação foi uma reivindicação apresentada somente a Israel. O apóstolo Pedro repete-a à sua congregação (1 Pe 1.16). O que nos resta a fazer? Aprendamos com os sacerdotes do Senhor o valor, a beleza e a força da doutrina bíblica da santificação.

I. A MARAVILHOSA DOUTRINA DA SANTIDADE
Já me perguntaram diversas vezes, por que a doutrina da santificação não é mais pregada em nossos púlpitos como outrora. Enquanto ponderamos uma resposta, recorramos a esse tão precioso ensino como no-lo apresentam as Escrituras Sagradas.

1.    A doutrina da santificação.
 Inserida no departamento soteriológico da Teologia Sistema, a doutrina da santificação pode ser definida como o ensino, cujo principal objetivo é levar o crente a separar-se do mundo, para consagrar-se inteiramente a Deus.
     O substantivo feminino “santificação” provém do verbo latino eclesiástico sanctificare que, numa primeira instância, significa “fazer santo”. Já na instância seguinte, pode significar também separar algo ou alguém para o uso sagrado.
      Se formos ao grego do Novo Testamento, constaremos que a palavra “santificação” provém do substantivo hagiasmos, que, por sua vez, procede do verbo hagiazo. De acordo com o Léxico de Thayer, o verbo hagiazo significa “reconhecer como venerável; honrar; separar algo das coisas profanas para dedicá-lo a Deus; consagrar; purificar tanto externa quanto cerimonialmente”. Tanto no grego, como no latim, o significado e a demanda da santificação não mudam. Se nesta língua somos chamados a separar-nos do mundo, naquela somos intimados a consagrar-nos inteiramente a Deus e ao seu serviço.
     Na língua hebraica, há também uma palavra específica para santificação. O vocábulo kadosh remete-nos ao mesmo sentido de santidade, separação e pureza, que encontramos no latim e no grego.

2.    O que é a santificação.
Já que definimos a doutrina da santificação, resta-nos, agora, descrever esse processo que, em nós, começa a ser operado desde o dia em que recebemos Jesus Cristo como nosso Salvador.
Em primeiro lugar, entendamos que a nossa santificação é da inteira vontade de Deus. Ouçamos atentamente o que Paulo recomenda aos irmãos de Tessalônica: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição” (1 Ts 4.3, ARA). Se é da vontade de Deus que nos santifiquemos, não podemos contrariá-la. Doutra forma, jamais poderemos adentrar a Jerusalém Celeste; ali estão vedados os que se dão à prática do pecado. Eis a advertência que nos faz o autor sagrado:

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. (Ap 21.8 , ARA)

       Em segundo lugar, há uma verdade ainda ignorada por muitos crentes: a doutrina da santificação deve ser pregada exclusivamente aos santos. Quanto aos que ainda não conhecem a Deus, que lhes seja proclamada a mensagem de arrependimento. O apóstolo Paulo, ainda escrevendo aos tessalonicenses, é bastante categórico ao exortá-los a uma vida de maior santidade perante Deus: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).
       Em terceiro lugar, não podemos confundir santidade com santificação. No exato instante em que aceitamos Jesus, somos imediatamente elevados à posição de santos; sendo já santos, estamos entre os demais santos. Isso não significa, porém, que o processo de nossa santificação haja se completado ali. Posto que a santificação é um processo, e não um ato, tem início ali, ao pé da cruz, uma ação longa e continuada que, levada a efeito pela Palavra de Deus, conduzir-nos-á à estatura de varões perfeitos, segundo o modelo que há Jesus Cristo.
       Com dito, a santidade deve ser vista como um posicionamento e não como um processo devidamente encerrado. Que agora somos santos, não há dúvida. Todavia, isso não significa que já estejamos plenamente santificados. Seremos constrangidos, durante a nossa peregrinação à Cidade Celeste, a buscar os meios da graça, a fim de alcançarmos a perfeição: oração, leitura da Bíblia, jejuns, frequência aos cultos e disciplina espiritual. Enquanto estivermos neste mundo, soar-nos-á aos ouvidos a exortação apostólica: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o SENHOR” (Hb 12.14).
       Em quarto lugar, a santificação é, de fato, uma obra específica do Espírito Santo. Atentemos a esta recomendação de Paulo ainda aos irmãos de Tessalônica: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo SENHOR, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts 2.13, ARA). Ora, a função do Espírito é santificar a Igreja de Cristo. Daí a razão de seu nome; seu ministério compreende a nossa inteira santificação.
        Cabe-nos, entretanto, dar-lhe total guarida, para que Ele opere com toda a liberdade em nosso ser. Doutra forma, jamais seremos admitidos entre os santos de Deus. Atentemos, também, a esta palavra de Pedro aos irmãos que se achavam dispersos: “Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). Que nos abramos à santificação que, em nós, quer operar o Espírito de Deus. Ele não pode ser entristecido por nossas atitudes mundanas, cruéis, incrédulas e apostatas.

II. O TEXTO ÁUREO DE LEVÍTICO
 Neste tópico, focalizaremos o texto áureo do livro de Levítico. Após o havermos considerado, concluiremos que ele continua tão atual hoje quanto no dia em que Moisés, há 3500 anos, o entregou aos filhos de Israel no deserto do Sinai. Leiamos o texto sagrado: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).

1.    “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes.” Por intermédio de seu fiel mensageiro, o Senhor dirige-se a toda a congregação dos filhos de Israel. Já não pode haver distinção entre dirigentes e dirigidos, nem se admite a divisão do povo de Deus entre clero e laicato. Agora, todo o povo de Israel faz-se congregação diante do Senhor, o corpo místico de Jeová no Antigo Testamento.
      Deus ordena a Moisés a falar a toda a congregação de Israel. Nesse caso, o verbo hebraico dabar não pode ser interpretado como uma elocução qualquer. Essa palavra deve ser ouvida, por todos nós, como se fora uma ordem expressa de Deus: declarar, comunicar, afirmar solenemente.
      Por intermédio de Moisés, o Senhor dirige-se não ao povo: o Israel visível. Mas à congregação: o Israel invisível e espiritual. A palavra “congregação”, em hebraico, é bastante específica: `edah é um termo que evoca, entre outras coisas, ajuntamento solene ou assembleia. Sendo assim, conforme já dissemos, os filhos de Israel devem ser vistos não como mera entidade política, mas como a Igreja do Senhor no Antigo Testamento. É claro que a soberania divina não se restringe à congregação; abrange a todos em qualquer tempo e lugar. Mas, com intimidade, Ele trata apenas com os seus queridos filhos.

2.    “Santos sereis.” Moisés, agora, transmite a ordem divina à congregação israelita: “Santos sereis”. Detenhamo-nos no substantivo “santo” segundo o original hebraico. O vocábulo qadowsh traz estes sentidos: sagrado, separado, apartado e santo. Isso não significa que a nossa santidade levar-nos-á a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.15, ARA).
      Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas nesta atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, embora estamos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.

3.    “Porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.” Neste ponto, o Senhor apresenta a razão de sua demanda à congregação de Israel: “Porque eu, o Senhor”. Sim, Deus é o Senhor. Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus filhos seja santo, porque Ele é santo. Como ignorar as prerrogativas daquEle que nos chamou à perfeição?
      O texto áureo de Levítico é tão claro e abrangente que nem mesmo os dirigentes máximos da nação sentiam-se eximidos dessa obrigação. Todos deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início, em seu coração, refletisse em seu semblante. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a completar a nossa carreira espiritual.

 III. A SANTIFICAÇÃO DA CLASSE SACERDOTAL
Os sacerdotes deveriam ser uma referência perfeita à nação de Israel no que tange à santidade e à pureza. Afinal de contas, eram os responsáveis pela santificação do povo, a fim de torná-lo propício diante de Deus.

1. Santidade exterior. Aos ministros do altar, o Senhor impusera uma série de restrições, para que não viessem a comprometer o ministério sagrado. O sumo sacerdote, por exemplo, não poderia desposar uma mulher qualquer a não ser uma virgem (Lv 21.7,14). Até mesmo em relação ao luto, deveriam os ministros do altar ser precavidos e cuidadosos (Lv 21.1-3). Tendo em vista o emblema da santidade divina que pesava sobre a classe sacerdotal, nenhum descendente de Levi poderia ser admitido no serviço divino se portasse alguma deficiência física (Lv 21.17-21).
      Embora não pertençamos à Casa de Levi, deveríamos nós, os obreiros de Cristo, ter uma postura mais santa e reverente. Às vezes, no púlpito, comportamo-nos como meros comediantes. Contamos piadas; lembramos pilhérias; evocamos imagens fortes e até sensuais. Imaginamos que, com uma desenvoltura mais leve e solta, levaremos o povo Deus ao Céu.
       Como se não bastasse, vemos alguns homens, tidos como de Deus, envolvidos em desinteligências, resmungos, escândalos e corrupção. Achamse eles tão acostumados à impenitência, que já não temem ofender o Espírito Santo. Seguindo a doutrina de Balaão e errando pelos caminhos dos nicolaítas, usam a Bíblia para corromper o povo de Deus. Por intermédio da teologia, desviam os jovens e transviam os companheiros de ministério. A Igreja de Cristo? Têm-na como um negócio vantajoso.
       O que falar dos divórcios já tão comuns entre os membros do ministério sagrado? Não nos enganemos! O mesmo Deus que não deixou impune Nadabe e Abiú continua a reivindicar, de cada um de seus trabalhadores, uma vida íntegra, imaculada e irrepreensível. Certa vez, um querido amigo disseme que Deus começaria a punir os maus obreiros com a morte. Na hora, achei a expressão um pouco carregada. Todavia, se acreditamos que o Deus de Levítico continua o mesmo, então que busquemos a misericórdia daquEle que, apesar de nossas maldades, quer restabelecer-nos prontamente.

2. Santidade interior. O sumo sacerdote tinha de portar uma lâmina de ouro que, posta em sua mitra, trazia esta advertência: “Santidade ao SENHOR” (Êx 28.36). A santidade do sacerdote, portanto, longe de ser formal, era um reflexo do que lhe ia na alma (Ml 2.7). Infelizmente, a classe sacerdotal, com o tempo, deixou-se levar por um culto formalista e apóstata, o que ocasionou a destruição de Jerusalém (Jr 5.31; 23.11). Como está a nossa santidade interior? Por vezes, exteriormente, parecemo-nos o mais santo e correto dos homens. Mas, em nosso coração, quanto pecado. Em nossa alma, quanta iniquidade. E, em nossa mente, quanta sujeira, cobiça, adultério e até homicídios. Se não fizermos uma pausa, a fim de buscar a Deus, corremos o risco de perder a alma. Já imaginou ser lançado no lago de fogo em consequência de uma vida interior pecaminosa e reprovada diante do santíssimo Deus?
       Que nós, obreiros de Cristo, guardemo-nos da pornografia e do contato com mulheres pecadoras e carregadas de concupiscência. Sejamos precavidos. Façamo-nos acompanhar pela esposa onde quer que estejamos. Não importa se você é um obreiro jovem, de meia idade ou até mesmo um velho. O inimigo de nossas almas (às vezes, somos nós mesmos) está pouco se importando com a nossa faixa etária. Meu querido pastor, Roberto Montanheiro, costumava dizer que, no jogo da tentação, o Diabo enfraquece o mancebo e fortalece o ancião.

4.    Santidade e glória. A santidade e a pureza da classe sacerdotal demonstravam a glória de Deus sobre todo o povo de Israel. Por esse motivo, os ministros do altar deveriam oferecer sacrifícios em primeiro lugar, por si mesmos, e depois por todo o povo (Lv 9.1-8). Se, pelo altar, deveria começar a santificação do povo, pelo mesmo altar deveria também ter início a punição dos ministros de Deus (Jl 1.3; 2.17; 1 Pe 4.17). Neste momento, o Senhor Jesus, por intermédio de seu Espírito Santo, está a requerer mais santidade e pureza de seus obreiros. Doutra forma, não subsistiremos às tormentas que, brevemente, se abaterão sobre a Igreja de Cristo.
      Fomos chamados a refletir a glória de Jesus Cristo onde quer que estejamos. Que todos vejam, em nossa face, o rosto de Cristo; em nossas mãos, a providência divina; e, em nossos pés, o Evangelho que alcança os confins da terra.
       É chegado o momento de voltarmos ao primeiro amor. Se nos curvarmos diante do Cordeiro, seremos renovados em línguas estranhas, receberemos dons espirituais e daremos uma sequência gloriosa ao nosso ministério. Evangelizemos. Lancemo-nos às missões. Trabalhemos enquanto é dia; a noite não demora a chegar.

 IV. UMA TAREFA QUASE IMPOSSÍVEL, A SANTIFICAÇÃO DE TODO DE TODO UM POVO
A santidade da classe sacerdotal deveria refletir-se, necessária e eficazmente, na vida diária de Israel como povo, como congregação e em cada família (Os 4.9-11).

1.    Povo santo. Por que o Senhor exigia santidade e pureza de seu povo? (Lv 11.44,45). Antes de tudo, para que Israel cumprisse, cabalmente, a missão para a qual havia sido chamado: ser uma bênção a todos os povos (Gn 12.13). Se atentarmos à História Sagrada, verificaremos que a santificação dos hebreus teve início no exato instante em que Deus chamou Abraão (Gn 17.17). A partir de sua vocação, os hebreus já tinham como obrigação, espiritual e moral, levar a Palavra de Deus a toda a terra, para que esta se enchesse do conhecimento do Senhor (Hb 2.14). Portanto, a menos que o povo de Deus seja puro e santo, a evangelização jamais alcançará todos os povos da terra. Requer-se, ainda, que este mesmo povo seja revestido do poder do Espírito Santo (At 1.8). Somente assim a proclamação do Evangelho será eficaz.
        Com muita tristeza, observamos que o título “evangélico”, que tanto nos dignificava até a década de 1980, não passava hoje de um rótulo velho e já lançado no monturo. Se, no passado, era ignominioso ser crente, atualmente é chique; constitui-se até num passaporte à ascensão social, política e econômica. Tenho encontrado alguns membros de minha querida denominação que, em nada, diferem de um mundano. Basta uma conversa de três ou quatro minutos, para concluir que, aquela pessoa, embora batizada nas águas, jamais teve uma experiência real com o Senhor Jesus.
      Se o povo de Deus não voltar a ser distinguido pela santidade, como haveremos de resgatar o Brasil da miséria em que se encontra?
       Antes de tudo, voltemos à doutrina da santificação. Santifiquemo-nos. Caso contrário, seremos envergonhados quando estivermos a conclamar a Igreja de Cristo a uma vida santa e piedosa. Obreiros do Senhor, choremos diante do Cordeiro de Deus.

2.    Congregação santa. O povo somente virá a ser santo se a congregação for pura, santa e separada do mundo. Eis porque, no Pentateuco, o povo todo de Israel era tido como a congregação do Senhor (Êx 12.3-6; Lv 4.15). Naquele tempo, não havia (e nem poderia haver) o que chamamos de laicismo, porque tanto os dirigentes do povo quanto este deveriam ser crentes; fiéis testemunhas do Senhor (1 Rs 8.5).
      A tenda, na qual Moisés entrava para falar com o Senhor, não pertencia a esta ou àquela tribo, mas a toda congregação de Israel (Êx 27.1). Portanto, todo o ajuntamento de Jeová deveria ser reconhecido por sua dedicação incondicional ao Senhor. Até os rebeldes e apóstatas reconheciam a distinção da assembleia de Jeová (Nm 16.3). Foi com esse status que Israel apossou-se da Terra Prometida.

Nenhum texto alternativo automático disponível.3.    Famílias santas. A congregação de Israel só viria a ser santa se cada família, em particular, fosse igualmente santa e dedicada ao Senhor. Por isso, Deus requeria que toda família comemorasse a Páscoa (Êx 12.3). Na prática, os sacrifícios pela congregação e pelo povo só teriam efeito, se cada unidade doméstica observasse a adoração ao Deus de Jacó, como o fazia o próprio patriarca (Gn 35.1-5).
      A família hebreia ideal é descrita no Salmo 128. Apesar de o divórcio ser tolerado na sociedade israelita, havia dispositivos severos para proteger a unidade familiar hebreia (Lv 18). Portanto, só com famílias realmente santas é que poderemos levar Cristo a todos os lares do Brasil e do mundo.

CONCLUSÃO
A santidade não é um mero ornamento na vida dos filhos de Deus. É um requisito obrigatório; mantém-nos firmes e inabaláveis no Senhor; dá-nos condições de propagar o Evangelho. Tendo como exemplo o compromisso do sacerdócio levítico com a santidade divina, devemos primar por uma vida irrepreensível diante de Deus e dos homens. Se somos, de fato, o sal da terra, por que não salgar a sociedade com um testemunho irrepreensível? E se somos a luz do mundo, por que as trevas já encobrem o povo de Deus?
      No desempenho de meu pastorado, tenho encontrado muitos crentes que, embora frequentem assiduamente os cultos, ainda não tiveram uma experiência pessoal com o Senhor; são perigosamente nominais. Estão na igreja, mas não são Igreja. O que lhes falta? Uma vida de santidade e pureza, que os diferencie o mundo. Que Deus nos ajude a reconduzi-los ao Senhor Jesus Cristo enquanto é dia.
      Santidade ao Senhor!
  
ADORAÇÃO, SANTIDADE E SERVIÇO
CLAUDIONOR DE ANDRADE

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                   PADRÕES DE MORALIDADE SEXUAL - BEP - CPAD

Hb 13.4 “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros DEUS os
julgará”.
O crente, antes de mais nada, precisa ser moral e sexualmente puro (cf. 2Co 11.2; Tt 2.5; 1Pe 3.2).
A palavra “puro” (gr. hagnos ou amiantos) significa livre de toda mácula da lascívia. O termo refere-se a abstenção de todos os atos e pensamentos que incitam desejos incompatíveis com a virgindade e a castidade ou com os votos matrimoniais da pessoa. Refere-se, também, ao domínio próprio e a abstenção de qualquer atividade sexual que contamina a pureza da pessoa diante de DEUS. Isso abrange o controle do corpo “em santificação e honra” (1Ts 4.4) e não em “concupiscência” (4.5). Este ensino das Escrituras é tanto para os solteiros, como para os casados. No tocante ao ensino bíblico sobre a moral sexual, vejamos o seguinte:
A intimidade sexual é limitada ao matrimônio. Somente nesta condição ela é aceita e abençoada por DEUS (ver Gn 2.24  ; Ct 2.7  ; 4.12  ). Mediante o casamento, marido e mulher tornam-se uma só carne, segundo a vontade de DEUS. Os prazeres físicos e emocionais normais, decorrentes do relacionamento conjugal fiel, são ordenados por DEUS e por Ele honrados.
O adultério, a fornicação, o homossexualismo, os desejos impuros e as paixões degradantes são pecados graves aos olhos de DEUS por serem transgressões da lei do amor (Êx 20.14  ) e profanação do relacionamento conjugal. Tais pecados são severamente condenados nas Escrituras (ver Pv 5.3  ) e colocam o culpado fora do reino de DEUS (Rm 1.24-32; 1Co 6.9,10; Gl 5.19-21).
A imoralidade e a impureza sexual não somente incluem o ato sexual ilícito, mas também qualquer prática sexual com outra pessoa que não seja seu cônjuge. Há quem ensine, em nossos dias, que qualquer intimidade sexual entre jovens e adultos solteiros, tendo eles mútuo “compromisso”, é aceitável, uma vez que não haja ato sexual completo. Tal ensino peca contra a santidade de DEUS e o padrão bíblico da pureza. DEUS proíbe, explicitamente, “descobrir a nudez” ou “ver a nudez” de qualquer pessoa a não ser entre marido e mulher legalmente casados (Lv 18.6-30; 20.11, 17, 19-21; ver 18.6  ).
O crente deve ter autocontrole e abster-se de toda e qualquer prática sexual antes do casamento. Justificar intimidade premarital em nome de CRISTO, simplesmente com base num “compromisso” real ou imaginário, é transigir abertamente com os padrões santos de DEUS. É igualar-se aos modos impuros do mundo e querer deste modo justificar a imoralidade. Depois do casamento, a vida íntima deve limitar-se ao cônjuge. A Bíblia cita a temperança como um aspecto do fruto do ESPIRITO, no crente, i.e., a conduta positiva e pura, contrastando com tudo que representa prazer sexual imoral como libidinagem, fornicação, adultério e impureza. Nossa dedicação à vontade de DEUS, pela fé, abre o caminho para recebermos a bênção do domínio próprio: “temperança” (Gl 5.22-24).
Termos bíblicos descritivos da imoralidade e que revelam a extensão desse mal. (a) Fornicação (gr. porneia). Descreve uma ampla variedade de práticas sexuais, pré ou extramaritais. Tudo que significa intimidade e carícia fora do casamento é claramente transgressão dos padrões morais de DEUS para seu povo (Lv 18.6-30; 20.11,12, 17, 19-21; 1Co 6.18; 1Ts 4.3). (b) A lascívia (gr. aselgeia) denota a ausência de princípios morais, principalmente o relaxamento pelo domínio próprio que leva à conduta virtuosa (ver 1Tm 2.9  , sobre a modéstia). Isso inclui a inclinação à tolerância quanto a paixões pecaminosas ou ao seu estímulo, e deste modo a pessoa torna-se partícipe de uma conduta antibíblica (Gl 5.19; Ef 4.19; 1Pe 2.2,18). (c) Enganar, i.e., aproveitar-se de uma pessoa, ou explorá-la (gr. pleonekteo, e.g., 1Ts 4.6), significa privá-la da pureza moral que DEUS pretendeu para essa pessoa, para a satisfação de desejos egoístas. Despertar noutra pessoa estímulos sexuais que não possam ser correta e legitimamente satisfeitos, significa explorá-la ou aproveitar-se dela (1Ts 4.6; Ef 4.19). (d) A lascívia ou cobiça carnal (gr. epithumia) é um desejo carnal imoral que a pessoa daria vazão se tivesse oportunidade (Ef 4.22; 1Pe 4.3; 2Pe 2.18; ver Mt 5.28).

QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR
1Tm 3.1,2 “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto
para ensinar.”
Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (3.1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de DEUS (3.1-10; 4.12) e pela igreja (3.10), porque DEUS estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Quem se disser chamado por DEUS para o trabalho pastoral deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 3.1-13; 4.12; Tt 1.5-9. Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada. A igreja da atualidade não tem o direito de reduzir esses preceitos que DEUS estabeleceu mediante o ESPIRITO SANTO. Eles estão plenamente em vigor e devem ser observados por amor ao nome de DEUS, ao seu reino e da honra e credibilidade da elevada posição de ministro.
Os padrões bíblicos do pastor, como vemos aqui, são principalmente morais e espirituais. O caráter íntegro de quem aspira ser pastor de uma igreja é mais importante do que personalidade influente, dotes de pregação, capacidade administrativa ou graus acadêmicos. O enfoque das qualificações ministerais concentra-se no comportamento daquele que persevera na sabedoria divina, nas decisões acertadas e na santidade devida. Os que aspiram ao pastorado sejam primeiro provados quanto à sua trajetória espiritual (cf. 3.10). Partindo daí, o ESPIRITO SANTO estabelece o elevado padrão para o candidato, i.e., que ele precisa ser um crente que se tenha mantido firme e fiel a JESUS CRISTO e aos seus princípios de retidão, e que por isso pode servir como exemplo de fidelidade, veracidade, honestidade e pureza. Noutras palavras, seu caráter deve demonstrar o ensino de CRISTO em Mt 25.21 de que ser “fiel sobre o pouco” conduz à posição de governar “sobre o muito”.
O líder cristão deve ser, antes de mais nada, “exemplo dos fiéis” (4.12; cf. 1Pe 5.3). Isto é: sua vida cristã e sua perseverança na fé podem ser mencionadas perante a congregação como dignas de imitação.
Os dirigentes devem manifestar o mais digno exemplo de perseverança na piedade, fidelidade, pureza em face à tentação, lealdade e amor a CRISTO e ao evangelho (4.12,15).
O povo de DEUS deve aprender a ética cristã e a verdadeira piedade, não somente pela Palavra de DEUS, mas também pelo exemplo dos pastores que vivem conforme os padrões bíblicos. O pastor deve ser alguém cuja fidelidade a CRISTO pode ser tomada como padrão ou exemplo (cf. 1Co 11.1;
Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2Ts 3.7,9; 2Tm 1.13).
O ESPIRITO SANTO acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (32,4,5; Tt 1.6). Isto é: o obreiro deve ser um exemplo para a família de DEUS, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Se aqui ele falhar, como “terá cuidado da igreja de DEUS?” (3.5). Ele deve ser “marido de uma [só] mulher” (3.2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. A tradução literal do grego em 3.2 (mias gunaikos, um genitivo atributivo) é “homem de uma única mulher”, i.e., um marido sempre fiel à sua esposa.
Conseqüentemente, quem na igreja comete graves pecados morais, desqualifica-se para o exercício pastoral e para qualquer posição de liderança na igreja local (cf. 3.8-12). Tais pessoas podem ser plenamente perdoadas pela graça de DEUS, mas perderam a condição de servir como exemplo de perseverança inabalável na fé, no amor e na pureza (4.11-16; Tt 1.9). Já no AT, DEUS expressamente requereu que os dirigentes do seu povo fossem homens de elevados padrões morais e espirituais. Se falhassem, seriam substituídos (ver Gn 49.4; Lv 10.2; 21.7,17; Nm 20.12; 1Sm 2.23; Jr 23.14; 29.23).
A Palavra de DEUS declara a respeito do crente que venha a adulterar que “o seu opróbrio nunca se apagará” (Pv 6.32,33). Isto é, sua vergonha não desaparecerá. Isso não significa que nem DEUS nem a igreja perdoará tal pessoa. DEUS realmente perdoa qualquer pecado enumerado em 3.1-13, se houver tristeza segundo DEUS e arrependimento por parte da pessoa que cometeu tal pecado. O que o ESPIRITO SANTO está declarando, porém, é que há certos pecados que são tão graves que a vergonha e a ignomínia (i.e., o opróbrio) daquele pecado permanecerão com o indivíduo mesmo depois do perdão (cf. 2Sm 12.9-14).
Mas o que dizer do rei Davi? Sua continuação como rei de Israel, a despeito do seu pecado de adultério e de homicídio (2Sm 11.1-21; 12.9-15) é vista por alguns como uma justificativa bíblica para a pessoa continuar à frente da igreja de DEUS, mesmo tendo violado os padrões já mencionados. Essa comparação, no entanto, é falha por vários motivos.
O cargo de rei de Israel do AT, e o cargo de ministro espiritual da igreja de JESUS CRISTO, segundo o NT, são duas coisas inteiramente diferentes. DEUS não somente permitiu a Davi, mas, também a muitos outros reis que foram extremamente ímpios e perversos, permanecerem como reis da nação de Israel. A liderança espiritual da igreja do NT, sendo esta comprada com o sangue de JESUS CRISTO, requer padrões espirituais muito mais altos.
Segundo a revelação divina no NT e os padrões do ministério ali exigidos, Davi não teria as qualificações para o cargo de pastor de uma igreja do NT. Ele teve diversas esposas, praticou infidelidade conjugal, falhou grandemente no governo do seu próprio lar, tornou-se homicida e derramou muito sangue (1Cr 22.8; 28.3). Observe-se também que por ter Davi, devido ao seu pecado, dado lugar a que os inimigos de DEUS blasfemassem, ele sofreu castigo divino pelo resto da sua vida (2Sm 12.9-14).
As igrejas atuais não devem, pois, desprezar as qualificações justas exigidas por DEUS para seus pastores e demais obreiros, conforme está escrito na revelação divina. É dever de toda igreja orar por seus pastores, assisti-los e sustentá-los na sua missão de servirem como “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (4.12).


CAPÍTULO DOZE - O ESPIRITO SANTO e a Santificação
- Timothy P. Jenney

Este capítulo focaliza o ESPIRITO SANTO e a santificação, embora toda a Trindade esteja envolvida. O plano é de DEUS Pai. Seu desejo é nada menos que a santificação do mundo inteiro e de todos os seus habitantes. JESUS CRISTO morreu para possibilitar esse plano, mas sua obra na cruz já foi concluída (Jo 19.30; cf. Hb 10.10-44). Hoje, o agente ativo na santificação é o ESPIRITO de DEUS. Seu papel principal nesse processo é indicado pelo título mais comum, o ESPIRITO SANTO, e pelos símbolos de purificação que o representam nas Escrituras: água e fogo. 1
O título "ESPIRITO SANTO" aparece 94 vezes no Novo Testamento (inclusive a única ocorrência de "ESPIRITO de santificação", em Rm 1.4). Títulos alternados do ESPIRITO aparecem bem menos frequentemente. 2 Embora alguns tal­vez argumentem que "ESPIRITO SANTO" seja simples abreviatu­ra de o "ESPIRITO do SANTO", o título não pode ser diluído tão levianamente. DEUS Pai tem muitos e incomparáveis atribu­tos, e qualquer um deles - a eternidade, a onipotência, a onisciência - poderia ter servido para identificar o ESPIRITO, não apenas a santidade. Os escritores do Novo Testamento empregam tão frequentemente a expressão "ESPIRITO SANTO" por reconhecerem a relevância do ESPIRITO para a santificação do mundo.
Os símbolos que os escritores sagrados usavam para re­presentar o ESPIRITO SANTO também são esclarecedores. Os rituais de purificação do Antigo Testamento (a respeito dos quais entraremos em pormenores depois) empregam o san­gue, a água e o fogo. O sangue indica o ministério de JESUS; a água e (até certo ponto) o fogo indicam o ministério do ESPIRITO SANTO. O ESPIRITO de DEUS é frequentemente simbo­lizado pela água (Is 44.3,4; Ez 36.25-27; Jl 2.23; Jo 7.38,39; cf. 19.34) ou em termos usualmente reservados para fluidos: "derramar" (Zc 12.10; At 2.17,18; 10.45), "cheio" (Lc 1.15; At 2.4; Ef 5.18), "ungido" (Is 61.1,2; cf. Lc 4.18) e até mesmo "batizar" e "batismo" (Jo 1.33; At 1.5; 1 Co 12.13). Mais frequentemente, o ESPIRITO é simbolizado pelo fogo (At 2.3; Ap 4.5) ou encontra-se em estreita relação este elemen­to (Mt 3.11; Lc 3.16). Eram símbolos poderosos aos ouvidos judaicos acostumados com os batismos e outros ritos de purificação do Judaísmo, no século I. Nossa maneira equivo­cada de entender a santificação e a obra do ESPIRITO SANTO talvez se deva em parte ao nosso desconhecimento daqueles ritos.
Geralmente, quando se menciona a obra do ESPIRITO SANTO no tocante à santificação, faz-se referência a um pro­cesso - ou experiência - que torna a pessoa mais santa. Alguns identificam esse processo com a salvação; outros, como uma experiência subsequente; outros ainda, como um processo que inclui as duas experiências anteriores e algo mais. Mas a obra santificadora do ESPIRITO é ainda mais ampla. Faz parte do plano integral de DEUS para a huma­nidade, da "história da salvação".3 Nesta definição, está incluída a sua obra em relação aos convertidos e aos não-convertidos.
Mesmo assim, pessoas há preocupadíssimas era saber como se aplica a elas a santificação, individualmente. E muita justa essa preocupação. Afinal de contas, o plano de DEUS para o mundo é levado a efeito através de uma pessoa por vez. As perguntas práticas a respeito da santificação podem ser pos­tuladas com muita simplicidade:
O que é a santificação? Acontece de uma só vez, ou é um processo? Como se relaciona com a salvação? O que significa ser santo (ou "santificado") ? Quem é responsável por nos tornar santos, e o que pode ser feito quando ficamos aquém da verdadeira santidade?
O crente poderá atingir um estágio de "perfeição cristã", tornando-se incapaz especar?
Antes de respondermos a essas perguntas, será útil defi­nir os nossos termos, explicar os limites do nosso estudo e passar em revista a doutrina da santificação no decurso da história da Igreja.

Definição de Santificação
Com base nos parágrafos anteriores, torna-se óbvio que a santificação é apresentada aqui no seu sentido mais amplo. A santificação é o processo mediante o qual DEUS está puri­ficando o mundo e os seus habitantes. Seu alvo derradeiro é que tudo, tanto as coisas animadas quanto as inanimadas, seja purificado de qualquer mancha de pecado ou de impure­za. Com essa finalidade, Ele tem proporcionado os meios de salvação mediante JESUS CRISTO. E, no fim dos tempos, Ele pretende consignar ao fogo tudo quanto não pode ou não quer ser purificado (Ap 20.11 - 21.1; ver também 2 Pe 3.10-13), e assim tirar da Terra tudo o que é pecaminoso.
A tarefa do ESPIRITO SANTO na presente etapa da história da salvação é quádrupla: (1) levar o mundo à convicção, (2) purificar o crente mediante o sangue de CRISTO, no novo nascimento, (3) tornar real na vida do crente o pronuncia­mento jurídico da justificação já feita por DEUS e (4) revestir o crente de poder, a fim de que este possa ajudar no processo de santificação de outras pessoas por meio (a) da proclama­ção do Evangelho ao descrente e (b) da edificação do crente.
É comum os teólogos empregarem o termo "santificação" somente com referência à terceira dessas quatro tarefas do ESPIRITO SANTO. Neste sentido mais estreito, A. H. Strong define a santificação como "aquela operação contínua do ESPIRITO SANTO, mediante a qual a santa disposição outorgada na regeneração é mantida e fortalecida".4 Charles Hodge concorda com o Catecismo de Westminster, que define a santificação como "a obra da livre graça de DEUS, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de DEUS, e habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a justiça".5 Nada temos que objetar a tais explica­ções, mas consideramos a definição de Millard Erickson a mais clara, segundo o nosso modo de entender essa parte do processo. Ele diz: "E uma continuação do que foi começado na regeneração, quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro dele. Em especial, a santificação é a operação do ESPIRITO SANTO que aplica à vida do crente a obra feita por JESUS CRISTO".

Os Rituais de Purificação
O Antigo Testamento ensina que uma coisa pode ser separada de DEUS por meio do pecado ou pela impureza. Pode-se obter o perdão do pecado pela oferta do sacrifício apropriado. A purificação da impureza exige que a pessoa passe pelo ritual apropriado. Esses rituais de purificação têm grande importância, por serem representações visuais de verdades espirituais.
São vários os rituais de purificação descritos em Levítico e Números. Podem ser divididos em duas categorias: (1) rituais para coisas que podem ser purificadas e (2) rituais para coisas que não podem ser purificadas. Todos os rituais da primeira categoria envolvem água. A forma mais simples dos rituais dessa categoria é que a pessoa contaminada tinha de lavar as suas roupas e ficava impura até o fim da tarde (Lv 11.38,40; 12.6; etc). Então, seria considerada pura e livre para ir aonde quisesse. Um grau um pouco maior de impure­za, tal como entrar em contato com os líquidos do corpo de outra pessoa, podia ser purificado pelo simples acréscimo de um banho ao ritual básico (Lv 15.1-32; Nm 19.11-13).
Maiores porções de impureza exigiam cerimônias mais complexas e ingredientes poderosos. A pessoa curada de infecção cutânea era borrifada sete vezes com água mistura­da com sangue. Em seguida, tinha de lavar suas roupas, raspar todos os cabelos do corpo, banhar-se e ainda perma­necer no estado de impureza por mais sete dias (Lv 14-1-9; cf. Nm 19.1-10,17-22). No oitavo dia, trazia um sacrifício, e o sacerdote pegava parte do sangue e do óleo do sacrifício e a ungia com a mistura. Então estaria pura (Lv 14.10-32). Havia exigências semelhantes para as casas que tinham sim­ples bolor (14.48-53).
Em determinadas condições, até mesmo a água podia ficar impura (Lv 11.33-35). Os rabinos de tempos posterio­res entravam em muitos detalhes para especificar a quanti­dade de água, o tipo de aspersão e até mesmo o batismo que cada tipo de impureza exigia para ser declarada pura. Levítico 11.36 contém mais um detalhe importante: a água de uma fonte ou de uma cisterna subterrânea sempre era considera­da pura. A água de uma fonte, por exemplo, era literalmente "água viva": movimentava-se e, portanto, estava sempre a renovar-se em uma fonte escondida. Com efeito, não podia se tornar impura.
Eis a relevância das "águas vivas". Gramaticalmente, significa "água que se movimenta ou flui", mas teologica­mente significa "água que nunca poderá ficar impura". Esta a razão de tantos rituais de purificação exigirem água "fresca" ou "corrente" (Lv 14.5,6,50-52; 15.13). Esse fato explica também por que DEUS se descreve a pecaminosa Jerusalém como "fonte de águas vivas" (Jr 2.13; 17.13) e por que os comentaristas podem dizer que a fonte e os rios, em Zacarias, são para a purificação (Zc 13.1; 14.8).24 Mais importante, explica por que JESUS se descreve como a Fonte das "águas vivas" (Jo 4.10,11; 7.38). Ele proporciona ilimitada purifica­ção a todos os tipos de pecados e impurezas.
Outros termos dos rituais de purificação passaram para o Novo Testamento, formando parte da teologia da santifica­ção. Incluem a "aspersão" (Hb 9.13-28; 10.22; 11.28; 12.24; 1 Pe 1.2), a "lavagem" (Mt 15.2; Jo 13.5-14; At 22.16; 1 Co 6.11; Ap 1.5) e o "batismo" (Rm 6.4; Ef 4.5; Cl 2.12; Hb 6.2; 1 Pe 3.21), bem como os termos mais genéricos para repre­sentar a santidade e a pureza (que serão tratados mais deta­lhadamente a seguir).
A segunda categoria dos rituais de purificação destinava-se a coisas cuja limpeza não era possível. Eram vários os materiais: vestes e couros com qualquer tipo de bolor destrutivo (Lv 13.47-59) ou uma casa da qual não fosse possível remo­ver o bolor (Lv 14.33-53). Geralmente, tais coisas deviam ser destruídas (Lv 11.33,35; 14.40,41,45), frequentemente pelo fogo (Lv 13.52, 55, 57). DEUS destruiu Sodoma e Gomorra pelo fogo (Gn 19.24; ver também Lc 17.29,30), assim como posteriormente fez à Jerusalém idólatra (Jr 4.4; 17.27). De Jericó, tudo deveria ser queimado, menos os artigos de metal (Js 6.17,24). E, quando Acã furtou dali alguns artigos, tam­bém foi queimado, juntamente com a família e todas as suas posses (7.12, 25). O mesmo tratamento recebeu a cidade de Hazor (11.11,13).
Se os rituais representam verdades espirituais, quais ver­dades DEUS pretende que aprendamos dos rituais de purifica­ção? Certamente nos ensinam que Ele é santo e exige a santidade do seu povo. Ensinam-nos também que DEUS de­seja que tudo se torne santo. Ele providenciou meios de limpar tudo o que era passível de limpeza, mesmo se o processo fosse dispendioso ou extensivo. Isto é, as "lavagens" (Nm 11.19, 21) ou "batismos" (ver Lv 11.32, onde "colocar na água" é o verbo hebraico taval - "mergulhar", "imergir") removiam o pecado, mas "salvavam" o material. Ele des­truía, usualmente pelo fogo, o material que não fosse passível de limpeza. Assim o arraial e o povo de DEUS eram mantidos limpos - ou santos.
Essa verdade tem uma aplicação espiritual poderosa aos que estão debaixo da nova aliança. DEUS, mediante o poder santificador do seu ESPIRITO, ainda está disposto a purificar as pessoas que querem abandonar seus pecados. Ele removerá os pecados e salvará tais pessoas. Mas os que não querem abrir mão deles, assim como os materiais mais contaminados no Antigo Testamento, devem ser destruídos juntamente com seus pecados, exatamente da mesma maneira: pelo fogo.

A Promessa Profética
Os profetas hebreus anteviam tempos em que DEUS puri­ficaria toda a raça humana e o mundo no qual ela habita. DEUS revelou que levaria a efeito essa grande obra de purifi­cação mediante o seu ESPIRITO: "Não por força, nem por violência, mas pelo meu ESPIRITO, diz o Senhor" (Zc 4.6). Como consequência, os profetas frequentemente emprega­vam vocábulos dos rituais de purificação realizados no Tem­plo para descrever a obra divina. Em Ezequiel, por exemplo, DEUS diz a Israel: "Então, espalharei água pura [heb. tehorim] sobre vós, e ficareis purificados [heb. tehartem]; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei [heb. 'ataher]. E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis... E vos livrarei de todas as vossas imundícias" (Ez 36.25-27,29).
DEUS promete, ainda, que restaurará Israel e Judá à sua terra e os purificará (Ez 37.21-23). As cidades seriam reedificadas, e a terra se tornaria como o jardim do Eden (36.33-35).
Essa purificação pelo ESPIRITO (bem como outros aspectos da sua obra) estaria a disposição de todos, no futuro - ho­mens e mulheres, judeus e gentios, jovens e velhos (Jl 2.28-32). Às vezes a visão diz respeito a chuvas purificadoras (Jl 2.23). Em outras ocasiões, trata-se de um rio poderoso a fluir do Templo para o país inteiro, trazendo purificação e outor­gando vida (Ez 47.1-12).
Zacarias profetizou que esse rio de "águas vivas" seria dividido em quatro partes e regaria a terra (Zc 14-4, 8), assim como no jardim do Eden (Ez 36.35; cf. Gn 2.10). Naquele dia, o Senhor reinará em Jerusalém, e todas as nações irão adorá-lo ali (Zc 14.16). A própria cidade de Jerusalém será tão santa que "se gravará sobre as campainhas dos cavalos: SANTIDADE AO SENHOR; e as panelas na Casa do Se­nhor serão como as bacias diante do altar. E todas as panelas em Jerusalém e Judá serão consagradas ao Senhor dos Exér­citos" (Zc 14.20,21; cf. Jr 31.40).
Os textos de Ezequiel e de Zacarias eram lidos anualmen­te na Festa dos Tabernáculos dos judeus.25 JESUS esteve pre­sente naquela festa pelo menos uma vez e "no último dia, o grande dia da festa, JESUS pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.37,38).
"Do seu ventre" (gr. ek tês koilias autou) não se refere ao ventre do crente, nem diretamente ao ventre do Messias, pois segundo alguns estudiosos, nenhum desses conceitos se acha nas Escrituras do Antigo Testamento. Refere-se a Jeru­salém, onde JESUS seria crucificado e onde o ESPIRITO SANTO seria derramado, no dia de Pentecoste.
Os judeus entendiam que Jerusalém - como o "umbigo da Terra"27 - e as palavras de JESUS referiam-se a dois trechos litúrgicos da festa: Zacarias 14 e Ezequiel 36. Tinham razão, mas apenas parcialmente. JESUS queria que soubessem que esse poderoso rio de águas vivas para a purificação, que os profetas viram em visões, era na realidade o ESPIRITO de DEUS. Sabemos disso, porque João passa a dizer: "E isso disse ele do ESPIRITO, que haviam de receber os que nele cressem" (Jo 7.39; cf. 4.13,14; 19.34). Não se trata do batismo no ESPIRITO (pelo menos não exclusivamente), mas de uma refe­rência à poderosa obra de santificação que o ESPIRITO realiza­ria entre o povo de DEUS nos últimos dias.

FONTE  APAZDOSENHOR.ORG

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