Lição 03 – Davi, o rei-pastor
DAVI – O REI-PASTOR
QUEM FOI DAVI
Considerado o segundo rei de Israel e
fundador da monarquia unida, seu reinado ocorreu por volta de (1000-962 a.C), a
principal fonte da vida e da época de Davi encontra-se no material dos livros
de 1e2 Samuel e 1 Reis 1-2 esses relatos formam uma representação realista de
Davi feita por um historiador contemporâneo. O livro de 1 Crônicas contém
relatos paralelos e alguns acréscimos; também são encontradas numerosas
referências a Davi em livros do NT, o nome Dave pode significar: “amado”, “por
amor do Senhor” ou “porque o Senhor amava”. Davi nasceu em Belém de Judá, uma
cidade a cerca de dez quilômetros ao sul de Jerusalém, sabemos que ele era o
caçula de uma família que tinha muitos irmãos em 1 Samuel 16.10,11 relaciona
que Jessé pai de Davi apresentou ao profeta Samuel sete filhos e depois
apresentou a Davi, em 1 Crônicas 2.13-16 é citado mais duas irmãs. Sendo assim
entende-se que são ao todo dez filhos.
A primeira
menção a Davi é feita em um relato da visita do profeta Samuel a Belém para
escolher um sucessor para o rei Saul, o importante para Samuel e para a grande
nação de Israel era a garantia de que o Espirito do Senhor se apoderou de Davi.
Nos
primeiros anos de sua juventude, um acontecimento que chamou a atenção de toda
a nação foi a sua vitória sobre Golias, o gigante filisteu, o livro de 1 e 2
Samuel contém diversos detalhes sobre o desenrolar dessa história.
ASCENÇÃO DE DAVI AO PODER
Na batalha
em que o rei Saul e seus filhos foram mortos, inicia-se a ascensão de Davi ao
reinado de Israel (1Sm 31,1)
Com a morte de Saul e a derrota de seu
exército a nação de Israel (12 tribos) fica à mercê dos filisteus, que se
aproveitaram dessa situação e ocuparam imensas faixas territoriais de Israel.
Com a morte
de Saul as pretensões de sua casa foram perpetuadas por seu filho sobrevivente
Is-Bosete (Isbaal), que foi levado para Maanaim, na Transjordãnia, por seu
parente Abner, e que lá o proclamou rei (2Sm 2,8) tratava-se de um governo
refugiado, e que estava tentando governar um território considerável, que seria
o centro da palestina, Esdrelon, Galiléia e Galaad. Não existe evidencia de que
as tribos estariam reconhecendo a sucessão da dinastia de Saul, embora muitos
israelitas sem terem em vista um outro líder, aceitaram IS-bosete como sucessor
real. Por outro lado, Davi se torna rei (governante) de Judá em Hebrom (2Sm,
2,1-4). É certo que isso aconteceu com o consentimento dos filisteus, de quem
Davi era vassalo, acreditasse que dificilmente Davi ocuparia tal posição sem o
apoio e permissão direta dos filisteus, vemos isso pela não ocorrência de
qualquer tipo de conflito entre Davi e os filisteus nesse período, onde os
filisteus passaram a ser senhores dessas terras.
Davi era bem visto pelos filisteus, e já tinha
demostrado lealdade a seus príncipes (1Sm 29,6-9),
Então Aquis
(príncipe filisteu) chamou a Davi e lhe disse: "Juro pelo nome do Senhor
que você tem sido leal, e ficaria contente em tê-lo servindo comigo no
exército. Desde o dia em que você veio a mim, nunca desconfiei de você, mas os
governantes não o aprovam. (1 Samuel 29:6)
A política
dos filisteus era “dividir e reinar”, e como os habitantes de Judá tinham
recebido bem a Davi afinal ele era um deles, também era visto como um forte
líder e podia defender o povo e ser mediador entre eles e seus novos senhores
os príncipes filisteus. Juntou-se o útil ao agradável onde Davi foi aclamado
rei por consenso popular e ungido no antigo santuário de Hebron.
A ascensão
de Davi ao poder acarretava características novas a história de Israel. Ele era
um soldado experimentado, que devia muito de sua reputação as suas tropas
pessoais, ele também era senhor feudal com possessões privadas e que assumiu o
trono como vassalo de um poder estrangeiro. Além disso como rei de Judá,
necessariamente, agia sem o apoio das demais tribos, essa era uma medida
estranha aos padrões antigos, Davi não era considerado um chefe tribal pois sua
área de atuação incluía terras além de Judá. (1Sm 27,10;30,14;Jz1,1-21)
Com a
coroação o estado de Judá passa a ser controlado por Davi e ao norte estava o
que restara de Israel, sobre o qual Is-Bosete filho de Saul, tinha suas
pretensões. O reino estava dividido pela primeira vez, entre Judá ao sul e
Israel ao Norte.
O FIM DO REINADO DE IS-BOSETE
(ISBAAL)
O seu
reinado durou aproximadamente dois anos (2Sm 2,10), durante este tempo, as
relações entre os reis rivais, embora hostis, nunca chegaram ao ponto de uma
guerra aberta, um único conflito de que se tem conhecimento foi a respeito de
questões de fronteiras.
Ao que
parece com o passar do tempo, o povo hebreu foi percebendo que Is-Bosete não
era capaz de manter seu reinado muito menos uma guerra, ao que Davi que era
considerado um grande líder militar.
Davi vinha
relutando em aumentar a separação que já existia dentro Judá e Israel,
preferindo levar avante seus interesses não pelo confronto militar mas pela
diplomacia. Para tanto fez propostas aos habitantes das cidades de Jabes e
Galaad, que eram leais a Saul e sua dinastia, casou-se com a filha do rei
Gessur, um Estado arameu que ficava a leste do Mar da Galileia (2Sm 3,3), assim
ele ganhava aliados e enfraquecia Is-Bosete.
Is-Bosete
enfraquecido e em duvida da lealdade de seus súditos, acusou seu parente Abner
(que foi quem o levou para Maanaim, na Transjordãnia, e o coroou rei sucessor
de seu pai Saul), de ter tido relações com uma antiga concubina de Saul seu pai
(2Sm 3, 6-11) acusações essas que se verdadeiras poderia ter significado que
Abner tinha pretensões ao trono, consequente mente tinha interesse na queda de
Is-bosete.
Abner ficou
furioso com as acusações e vendo que sua vida corria risco tratou de transferir
sua aliança a Davi e persuadiu os anciãos de Israel a fazerem o mesmo.
Então Abner
enviou mensageiros a Davi com esta proposta: "A quem pertence esta terra?
Faze um acordo comigo e eu te ajudarei a conseguir o apoio de todo o
Israel". 2 Samuel 3:12-21
O jogo do
poder continua, e Abner é assassinado, mas o apoio total dos anciãos a Davi não
tinha mais retorno, o povo de toda a nação compreendeu que Davi era de fato o
rei de todo Israel, Is-Bosete foi então prontamente assassinado por dois de
seus “leias” oficiais, que levaram a sua cabeça a Davi esperando uma boa
recompensa, mas Davi desejoso de livrar-se de qualquer culpa ou suspeita de
cumplicidade nesse “triste” acontecimento, mandou executar sumariamente os
oficiais. Dessa forma não havendo mais ninguém para pretender a casa de Saul, o
povo aclamou a Davi, em Hebron, e lá numa aliança solene o aclamou rei de todo
o Israel.
Representantes
de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: "Somos sangue
do teu sangue. No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu quem liderava
Israel em suas batalhas. E o Senhor te disse: ‘Você pastoreará o meu povo
Israel, e será o seu governante’ ". Então todas as autoridades de Israel foram
ao encontro do rei Davi em Hebrom, e ele fez um acordo com eles em Hebrom
perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel. Davi tinha trinta anos de
idade quando começou a reinar, e reinou durante quarenta anos. 2 Samuel 5:1-4
Todos esses
incidentes ilustram a tradição e a cultura do povo hebreu no período. Mas o que
de fato decidiu a favor de Davi foi que o povo via nele, o homem sobre quem o
Espirito de Iahweh descansava.
O INICIO DO REINADO UNIFICADO DE DAVI
O reinado de
Davi sobre todo o território de Israel representava grande afastamento da
antiga ordem, vimos que sua ascensão não foi feita da maneira clássica, a base
de seu poder não era a confederação tribal, pelo contrário ele já era rei em
Judá ao sul, com o consentimento dos filisteus, e agora designado rei de todas
as tribos do Norte, Davi enfrentou a difícil tarefa de juntar a nação que
estava dividida entre norte e sul.
O novo Estado teve imediatamente de lutar para
sobreviver. Os filisteus compreenderam perfeitamente que a aclamação de Davi
constituía uma declaração de independência por parte da nação de Israel que
estava novamente unida. E isso os filisteus não iriam tolerar, sabiam que
tinham de destruir Davi e rapidamente.
Ao
saber que Davi tinha sido ungido rei de Israel, os filisteus foram com todo o
exército prendê-lo, mas Davi soube disso e foi para a fortaleza. Tendo os
filisteus se espalhado pelo vale de Refaim, Davi perguntou ao Senhor:
"Devo atacar os filisteus? Tu os entregarás nas minhas mãos? " O
Senhor lhe
respondeu:
"Vá, eu os entregarei nas suas mãos". (2 Samuel 5:17-19)
Davi sabia
que os filisteus não iriam tolerar um governante independente e tratou de se
prepara para o confronto, a primeira fase da luta foi travada perto de
Jerusalém (2Sm 5,18-25) os filisteus foram derrotados, mas tentaram empreender
um novo ataque, que culminou na sua total derrota onde Davi alargou seu
território de forma inimaginável.
Então Davi foi a Baal-Perazim e lá os
derrotou. E disse: "Assim como as águas de uma enchente causam destruição,
pelas minhas mãos o Senhor destruiu os meus inimigos diante de mim". Então
aquele lugar passou a ser chamado Baal-Perazim. (2 Samuel 5:20)
A CONSTRUÇÃO DO IMPÉRIO
Com a sua
casa em ordem (Israel unido), Davi estava livre para guerrear, e a sua primeira
grande guerra declarada foi contra o povo de Amon, ele conquista os amonitas, e
dando continuidade as guerras conquista o sul da Transjordãnia e a Síria, não
demos esquecer que Davi era um rei guerreiro.
A política
de Davi em questões religiosas foi ditada para dar ao Estado legitimidade aos
olhos do povo, como verdadeiro sucessor da antiga ordem de Israel. Assim ele
promoveu o novo santuário de Jerusalém, em que a Arca estava guardada, como uma
instituição oficial do Estado. Os assuntos religiosos eram administrados por
dois sumos sacerdotes, que eram membros do gabinete. Davi é reconhecido como um
generoso patrono do culto, tendo-o enriquecido de muitos modos, com a possível
finalidade de fortalecer a solidariedade nacional e promover a lealdade à
coroa, por meio da promulgação do culto oficial.
Apesar de
ser imperfeito Davi se sobressai na Bíblia como um dos grandes e mais bondosos
monarcas de Israel. Um homem que veio do povo, que ascendeu ao poder com a
ajuda popular e não esqueceu suas origens. Todos os anseios da população que
vivia naquele período foram projetados e realizados em Davi, a partir dele foi
consolidada a imagem de um rei a altura de uma nação
CONCLUSÃO
A
importância de Davi pode ser vista de pronto na posição que ele e sua família
ocuparam na história de Israel. Em um
dos extremos ele tinha Boaz e Rute como antepassados
Boaz casou-se
com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu, e o Senhor concedeu que
ela engravidasse e desse à luz um filho. As mulheres disseram a Noemi:
"Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu
nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na
velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete
filhos! " Noemi pôs o menino no colo, e passou a cuidar dele. As mulheres
da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: "Noemi tem um filho!
" e lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi. (Rute 4:13-22)
E no outro extremo, Jesus Cristo foi
seu descendente
e
Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, cuja mãe tinha sido mulher de
Urias; (Mateus 1:6)
Assim, ao todo houve catorze gerações de
Abraão a Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio
até o Cristo. Mateus 1:17
Um exemplo de adorador, ele não foi apenas um
pastor que se tornou em um guerreiro, foi também um grande músico, compôs mais
de 70 salmos, tocava muito bem a sua harpa e demonstrou habilidade na
organização do cântico ao assumir o reino de Israel.
É possível
que ao cuidar dos rebanhos de seu pai enquanto era jovem tenha desenvolvido
suas habilidades poéticas, e a vida nos campos de batalhas também lhe deu
muitas palavras de sabedoria, fé e esperança em Deus, que ele incluiu em seus
salmos, principalmente no inesquecível Salmo 23.
O Senhor é o
meu pastor; de nada terei falta. Em verdes pastagens me faz repousar e me
conduz a águas tranquilas; restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça
por amor do seu nome. Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não
temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
protegem.
Preparas um
banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha
cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. Sei que a bondade e a
fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do
Senhor enquanto eu viver. (Salmos 23:1-6)
Davi passou
para a história como o modelo da autoridade política justa, por isso, mesmo com
o fim da realeza os judeus permaneceram confiantes no ideal messiânico e ficaram
à espera do messias que iria reunir o povo, defendê-lo dos inimigos e
organizá-lo numa sociedade justa e fraterna. O Novo Testamento irá identificar
Jesus como descendente de Davi, como o Messias esperado, que veio para reunir
todos os homens e levá-los à vida plena, na justiça e fraternidade do Reino de
Deus.
Assim como
acontece com outros livros históricos do Antigo Testamento, mediante a mera
leitura se evidencia que 1 Samuel não foi escrito com mero objetivo histórico,
mas sua narração está fortemente ligada ao interesse religioso da antiga nação
de Israel, e do seu Deus (Iahweh – YHWH) além disso o registro está em completa
harmonia com o restante das Escrituras.
O objetivo
da união das 12 tribos, para maior glória de Iahweh (YHWH) teria fracassado se
não fosse o êxito da escolha do sucessor de Saul, Davi é apresentado como o rei
ideal, que obedece a Iahweh e serve ao povo, graças à sua relação de amor e
amizade com Deus.
Trabalho apresentado
por: Alexandre Palmares Professor de Escola Bíblica Dominical ADVEC – Penha -
RJ
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
JOHN BRIGHT,
História de Israel, 4ª edição. Paulus WYCLIFFE, Dicionário Bíblico, CPAD, 2012
http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Rei-Davi/39811075.html#
http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Quem-Era-Davi/69578683.html
http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Davi/64093282.html#
Numa
lição sobre Davi, não poderia faltar a figura do pastor.
Era esta a profissão de Davi na
casa de seu pai Jessé quando o profeta Samuel para lá foi enviado a fim de
ungi-lo como novo rei de Israel (I Sm.16:11).
O fato de
Davi ser um pastor diligente e cuidadoso (I Sm.17:34-37) foi, sem dúvida, um
fator preponderante para que o Senhor o escolhesse para cuidar de Israel. Seu
cuidado para com as ovelhas de seu pai era um indicador de sua bondade e de seu
zelo, requisitos indispensáveis para um bom governante.
Tanto assim
é que, mesmo quando Davi já ocupava o trono, Deus nunca permitiu que ele se
esquecesse de suas origens, tanto que, quando o profeta Natã é enviado para
anunciar-lhe que não construiria o templo, o Senhor se dirige a Davi
como o pastor que havia sido tirado de detrás das
ovelhas de Jessé
para que apascentasse o povo de Israel (II Sm.7:8). Aliás, não é por
acaso que, na capa da revista, o jovem pastor se encontra atrás das ovelhas.
Sabemos que
Israel, desde o início de sua formação, era um povo formado por pastores de
gado (Gn.47:3), a começar por Abraão, mas é com Davi que a figura do pastor é
associada ao governo do povo de Deus e ao próprio Deus.
É o próprio
Davi que em seu salmo mais conhecido faz a vinculação do Senhor com o pastor de
ovelhas (Sl.23), o que repete em outros salmos, como o Sl.100, v.g., vinculação
esta que foi consolidada pelo Senhor Jesus, que não só disse ser o bom Pastor
(Jo.10:11), como também nos ensina que devemos todos cuidar uns dos outros como
verdadeiros pastores de ovelhas, especialmente aqueles que são chamados para
apascentar o rebanho de Deus (I Pe.5:1-4).
Davi era,
assim, para Deus, sobretudo o pastor das ovelhas de seu pai e, no trono, assim também deveria se
comportar, como pastor das ovelhas do pai da nação, que é o próprio Senhor.
Tanto assim é que a ilustração utilizada para a denúncia do seu pecado por
parte do profeta Natã foi, também, relacionada à figura do pastor (II
Sm.13:1-7).
Para sermos
considerados homens segundo o coração de Deus, devemos ter a dedicação, o
cuidado e o amor que tem um pastor para com as suas ovelhas. Se somos filhos de
Deus (I Jo.3:2), participantes de Sua natureza (II Pe.1:4), temos de nos
comportar como o pastor de ovelhas, sabendo que o bom pastor dá a sua vida
pelas ovelhas, não é mercenário e não foge quando o lobo vem para devorá-las.
Davi era
“amado” de Deus (o
nome ―Davi‖ significa ―amado‖) porque era dedicado, zeloso e amava as suas
ovelhas, dando a sua vida por elas.
Temos esta
disposição? Temos este sentimento, este comportamento? O Senhor agradou-Se de
Davi por causa disto e como Ele não muda, também devemos nos esforçar para
assim nos comportarmos.
Que o estudo
destas lições possa nos encorajar a servirmos a Deus com a dedicação e a
disposição de coração que encontramos na vida de Davi e que, assim fazendo,
possamos ver o Filho de Davi nas nuvens do céu naquele grande dia, que tão
próximo está.
B) LIÇÃO
1 – DAVI E A SUA VOCAÇÃO
O chamado de
Davi mostra-nos, claramente, que Deus conhece o interior do homem e que é este
o fator preponderante na existência de alguém.
INTRODUÇÃO
Iniciamos
o quarto e último trimestre letivo deste ano de 2009, que tem como tema a vida de
Davi. Desde o 4º trimestre de 2002, não estudávamos uma personagem bíblica
em um trimestre. Davi é, sem dúvida, uma das mais importantes personagens da
Bíblia Sagrada, pois é nele que se forma a estirpe real de onde viria Jesus
que, por isso mesmo, é chamado de Filho de Davi.
As
Escrituras revelam que Davi foi escolhido por Deus para ser o novo rei de
Israel e o fundador da dinastia real messiânica porque era um ―homem segundo o
coração de Deus‖.
A vida de
Davi é um ensino a todos nós de como deve ser nossa dedicação e nosso amor a
Deus, mas, não nos
esqueçamos, apesar de ser um homem segundo o coração de Deus, Davi foi homem e,
por isso, teve também grandes fracassos espirituais.
I – AS
ORIGENS DE DAVI
Davi foi
o segundo rei de todo o Israel entre cerca de 1016 a 976 a.C., tendo assumido o trono com trinta
anos de idade (II Sm.5:2), o que faz com que sua data de nascimento seja
estabelecida por volta de 1046 a.C. Seu nome significa ―amado‖ ou ―predileto‖
e, segundo o site iremar.com.br, ―significa
predileto, amado e indica uma pessoa que aproveita todas as oportunidades de
sucesso que surgem mostrando competência e dedicação.‖ (http://www.iremar.com.br/index.php?q=Davi&con=conexao&inc1=header&inc2=footer& banner=rodape&site=nomesAcesso
em 24 maio 2007).
Davi surge
na história sagrada, pela vez primeira, no livro de Rute, onde o autor (que a
tradição diz ter sido o profeta Samuel), anuncia que o neto de Obede, filho de
Rute e Boaz, seria o rei Davi (Rt.4:17,22). Sua história, porém, é relatada nos
livros de Samuel e nos primeiros livros de Reis e de Crônicas.
Davi era
da tribo de Judá,
tribo esta que, naquela altura da história de Israel, em que pese a bênção de
Jacó que lhe prometia a supremacia (Gn.49:10), bem como a vida fiel de Calebe e
a sua densidade populacional (Js.14 e 15), havia vivido mais ou menos
marginalizada no meio do povo de Deus, tanto que, com exceção de Otoniel, o
primeiro juiz de Israel (Jz.3:9-11), não fornecera qualquer outra liderança
nacional até então.
Quando
surge na história sagrada, Davi é apresentado como o filho caçula de Jessé, filho de Obede e neto de Boaz e,
portanto, pelo que vemos do relato do livro de Rute, um grande proprietário de
terras na tribo de Judá. Sendo o filho mais novo, porém, Davi não tinha
qualquer posição de realce na sua família. Seus irmãos, além de mais velhos,
eram pessoas fortes e robustas que, por isso mesmo, haviam sido selecionadas
por Saul, o primeiro rei de Israel, para servirem como seus soldados (cf. I
Sm.8:11).
Tanto assim
é que Samuel, ao ver o primogênito de Jessé, Eliabe, logo se convenceu que
estava diante do escolhido do Senhor, dado o seu porte físico (I Sm.16:6,7).
Davi
trabalhava como pastor de ovelhas(I Sm.16:11) e, neste seu trabalho, sem que muito provavelmente
seu pai e seus familiares o soubessem, agia com dedicação e zelo, visto que,
apesar de ser pequeno, pôs sua vida em risco para proteger o seu rebanho (cf. I
Sm.17:34-36). Esta dedicação, este sentimento de compromisso com a tarefa que
lhe havia sido cometida pelo seu pai foi um dos fatores que levou o Senhor a
escolhê-lo para a tarefa de reinar sobre Israel.
Devemos,
desde já, verificar que a consciência do compromisso assumido, que a disposição
para cumprir com as tarefas que são cometidas por quem de direito é um traço de
caráter indispensável para quem quer servir a Deus. Davi foi chamado por Deus
como ―um homem segundo o coração de Deus‖ (I Sm.13:14), precisamente
porque, no silêncio, no anonimato, fazia questão de honrar o compromisso de
cuidar do rebanho que lhe fora confiado.
Este mesmo
sentimento de dedicação e de consciência do compromisso nas mínimas coisas
continua a ser observado por Deus, que conhece os corações (I Sm.16:7 ―in
fine‖). Jesus fez questão de lembrar, na parábola dos talentos, que um
requisito para que alguém alcance o gozo do Senhor é o de ter sido fiel sobre o
pouco (Mt.25:21,23). Por isso, o profeta nos aconselha a jamais desprezarmos o
dia das pequenas coisas (Zc.4:10a).
A
dedicação de Davi era tanta que seu pai, mesmo sem sequer saber onde se
encontrava o pequeno, sabia que ele estava a apascentar as ovelhas, tanto que
não houve dificuldade em achá-lo (I Sm.16:12).
Esta
dedicação e este compromisso são, pois, fatores importantíssimos aos olhos do
Senhor. Davi era um homem agradável a Deus por causa deste seu comportamento. Não foram as guerras que fizeram
Davi agradável ao Senhor, nem tampouco os salmos ou os esforços em prol da
obtenção de materiais para o templo, mas, sim, este sentimento de serviço, de
submissão. Este foi o fator que fez com que Deus escolhesse a Davi.
E nós, será
que temos este mesmo sentimento? Jesus, o Filho de Davi, tinha-o, como nos
mostra o apóstolo Paulo (Fp.2:5-8) e o escritor aos hebreus (Hb.10:7-9), que,
de resto, apenas confirmam aquilo que o próprio Senhor publicamente afirmou
(Mt.5:17), sendo testificado pelo Pai (Mt.3:17). Estamos imitando a Cristo?
Temos aprendido esta lição com Davi?
Davi, apesar
de ser integrante de uma família abastada e respeitada em sua tribo, não tinha
qualquer realce ou relevância segundo os critérios sociais então vigentes.
Filho
caçula, pastor de ovelhas, era pessoa sem importância aos olhos da sociedade,
que nem sequer foi convidado para participar do banquete que se seguiu ao
sacrifício que Deus mandara o profeta Samuel fazer em Belém. Entretanto, como
disse o próprio Deus a Samuel, Deus não olha para a aparência, nem para a
altura da estatura, mas, sim, para o coração do homem (I Sm.16:7).
– Devemos
ter esta consciência. Deus chamou a Davi por causa do seu interior,
da sua sinceridade, da sua disposição em servir. Deus não muda e continua a
agir deste modo: escolhe com base no interior das pessoas, não faz julgamentos
de acordo com a aparência ou com as convenções humanas, ou seja, os critérios
criados pela vida em sociedade. Jesus ensina-nos a proceder como o Senhor, não
julgando segundo a aparência, mas, sim, segundo a reta justiça (Jo.7:24).
Lamentavelmente,
nos dias difíceis em que estamos a viver, cada vez mais frequentes são os
julgamentos segundo a aparência e a prevalência das convenções sociais no meio
das igrejas locais, como, aliás, já denunciava Tiago em sua epístola
(Tg.2:1-13). Tomemos cuidado e aprendamos neste episódio bíblico a sublimidade
do interior humano.
Ante estas
palavras do Senhor a Samuel, o profeta mandou que passasse diante dele os
outros filhos de Jessé. Passaram diante de Samuel, então, os sete filhos que
ali estavam (I Sm.16:10), tendo Deus rejeitado a todos eles, inclusive os dois
outros guerreiros, Abinadabe e Samá (por isso, os únicos nomeados no texto
sagrado, nessa ocasião – I Sm.16:8-10).
Quando
passou diante dele o sétimo moço e o Senhor o recusou, Samuel, certamente,
ficou atônito. Deus havia lhe dito que de um dos filhos de Jessé havia Se
provido de um rei e o último acabara de ser rejeitado. Como Samuel, porém,
sabia em quem cria, indagou a Jessé se havia ainda outro filho.
Foi, então,
que Jessé deu notícia da existência de um oitavo, o menor, que estava a
apascentar as ovelhas. Davi era o menor, aquele que nem sequer era considerado
a ponto de ser convidado para participar do sacrifício e da refeição que lhe
seguiria (I Sm.16:11).
Mais uma vez
vemos como Deus vê diferentemente do homem. Aquele que havia sido desprezado,
desconsiderado, de que ninguém sentiu a falta, era o escolhido de Deus. Isto
ainda continua a acontecer, pois ―…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo
para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as
desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são, para que nenhuma
carne se glorie perante Ele‖ (I Co.1:27-29).
Temos a
visão divina para ver e compreender estas coisas, ou temos nos prendido às
coisas deste mundo e nos tornado cegos ante a obra do Senhor ?
Diante desta
notícia, Samuel, já sabedor de que se trava do escolhido de Deus, mandou que se
enviasse alguém para chamar o filho que restava, pois ninguém se assentaria em
roda da mesa enquanto ele não chegasse. Deus já começava ali a honrar Davi,
pois, de não-convidado, passara a ser o convidado de honra.
De
desprezado pelo próprio pai e pela família, passara a ser o homenageado do
profeta e ex-juiz de Israel. De rejeitado pelos homens, passara a ser o
escolhido de Deus. Davi, mesmo antes de ter conhecimento do seu chamado, já
prefigurava o Cristo que, de rejeitado pelos homens e por Israel
(Is.53:3;Jo.1:11), foi o escolhido de Deus para ser posto acima de todos
(Fp.2:9-11), a pedra rejeitada que foi posta por cabeça da esquina (At.4:11).
Muito se
discute sobre o número dos filhos de Jessé. O texto de I Sm.16 fala-nos que
havia sete filhos no banquete e que, depois, Davi foi chamado, o que faz com
que o número de filhos seja de oito, o que é confirmado por I Sm.17:12.
Em I
Cr.2:13-15, entretanto, Davi é apontado como o sétimo filho de Jessé, como se
Jessé tivesse apenas sete filhos e não oito como constou em I. Sm. Em I Cr.,
aliás, são dados os nomes de todos os filhos de Jessé, o que não ocorre em I
Sm., que apenas dá o nome dos três mais velhos (Eliabe, Abinadabe e Simeia ou
Samá), que eram os filhos de Jessé que faziam parte do exército de Israel (I
Sm.17:13).
Ali
ficamos sabemos os nomes dos outros três, a saber:
Netanel,
Radai e Ozem (I Cr.2:14,15). Diante desta divergência, há, inclusive, quem aí veja
uma―contradição da Bíblia‖, querendo, com isso, infirmar a origem divina do
texto sagrado.
Esta
dificuldade, por primeiro, não tem o condão de trazer qualquer dúvida quanto ao
fato de a Bíblia ser a Palavra de Deus.
A revelação
divina ao homem e o cumprimento de tudo quanto está nas Escrituras não pode ser
simplesmente anulado ou posto em dúvida porque dois textos, muito provavelmente
escritos num intervalo entre eles de mais de quinhentos anos (pois os livros de
Samuel foram escritos durante os reinados de Davi e Salomão e os livros das
Crônicas são obras posteriores ao cativeiro da Babilônia, muito provavelmente
escritos por Esdras), destoam quanto ao número de filhos de Jessé, uma
informação absolutamente secundária, para não dizer terciária, quaternária etc.
Por segundo,
tem-se que os livros das Crônicas são baseados em registros feitos
anteriormente (I Cr.4:38) e, nestes registros, que não foram inspirados pelo
Espírito Santo e, portanto, não são dotados de infalibilidade, não constava
senão o nome de sete filhos de Jessé. Por quê?
Ora, um
deles muito bem pode ter morrido sem deixar descendentes e antes mesmo de Davi
subir ao trono, quando, então, se teve o cuidado de fazer os registros a
respeito da família que então se tornou a família real. Isto é possível e não
pode ser refutado, e só esta possibilidade elimina a hipótese de ―contradição‖.
O importante
é que, em ambos os textos, Davi é apresentado como ―o filho menor‖, que é o
objetivo da revelação divina, ou seja, mostrar que a escolha de Davi foi divina
e fora de quaisquer parâmetros humanos, o que é relevantíssimo no que toca ao
desenvolvimento do plano de Deus para a salvação do homem.
Quando Davi chegou, a
Bíblia diz que ele era ruivo, formoso de semblante e de boa presença.
Esta descrição física do jovem mostra-nos claramente que Davi não era rejeitado
porque fosse defeituoso ou uma pessoa feia, mas, única e exclusivamente, porque
era ―o filho menor‖, em virtude das convenções sociais de seu tempo.
Era um rapaz
bonito, bem-apessoado, simpático e educado, mas que era desprezado por conta de
sua qualidade de filho caçula. Isto também impede que se diga que Davi era um
filho bastardo ou algo semelhante, como se chegou mesmo a apregoar.
Se o fosse,
isto, certamente, não impediria a escolha da parte de Deus, mas não podemos
inferir tal afirmação pois o texto sagrado não nos permite fazê-lo, visto que a
Bíblia jamais omitiria tal dado, caso ele existisse, como, por exemplo, vemos
no caso de Jefté (Jz.11:1,2).
Discute-se
se Davi era ―ruivo‖ mesmo ou se o termo não foi corretamente traduzido,
querendo dizer ―loiro‖ ou ―claro‖ em relação aos seus irmãos, que deveriam ser
mais escuros. Muitos acham que a expressão revela que Davi era ―bronzeado‖ ou
―moreno‖ (como traduziu a Nova Versão Internacional), em virtude de sua
exposição ao sol. De qualquer maneira, ele se distinguia dos seus irmãos na sua
aparência física.
Não tinha o
corpo atlético e ―sarado‖ de seus irmãos mais velhos, mas era de ―gentil
aspecto‖, ou seja, uma pessoa simpática que transmitia ternura e dulçor, algo
bem diferente da imagem que Israel tinha para um rei e que tanto havia se
adaptado à aparência física de Saul. Como os olhos humanos se enganam…
Quando Davi
chegou, Samuel somente o ungiu depois que o Senhor lhe mandou, prova de que
aprendera a lição de que só Deus conhece o coração do homem.
Apesar das
evidências, o profeta se manteve obediente à voz do Senhor e, quando o Senhor
confirmou que aquele era o escolhido, tomou o vaso de azeite e ungiu Davi no
meio de seus irmãos. Este ato, apesar de solene, foi sobretudo um ato
espiritual, que teve efeito imediato tão somente no interior de Davi, pois a
Bíblia diz que, a partir daquele instante, o Espírito de Deus Se apoderou de
Davi (I Sm.16:13).
Do
ponto-de-vista exterior, após aquela unção, todos tomaram a refeição e Samuel,
como nos diz o texto sagrado, levantou-se e tornou a Ramá. Enquanto isto, ―o
novo rei‖, no dia seguinte, voltou a apascentar as ovelhas de seu pai. Nada,
aparentemente, havia mudado, tudo como antes.
Na verdade,
porém, Davi não era mais o mesmo. Assim como Saul, quando ungido, tornou-se um
outro homem (I Sm.10:6), Davi também teve alterado o seu estado espiritual. No
entanto, se Saul profetizou logo em seguida ao apossamento do Espírito, o mesmo
não se deu com Davi.
No entanto,
diz-nos a Bíblia, o Espírito do Senhor se retirou de Saul, como resultado
direto da unção de Davi e, a partir de então, Saul ficou à mercê de um espírito
maligno, enviado da parte do Senhor, ou seja, por Sua vontade permissiva (I
Sm.16:14).
Como
estávamos ainda na dispensação da lei, vemos que o Espírito operava sob medida
e, diante da rejeição divina a Saul, não podia mais o Espírito habitar em Saul
quando se ungiu um novo rei.
Por isso, o
Espírito Se apoderou de Davi e, simultaneamente, Se retirou de Saul. Espiritualmente,
pois, já havia ocorrido a sucessão. Davi só viria a ocupar o trono muitos anos
depois, como teremos ocasião de verificar ao longo do estudo deste trimestre,
mas, diante de Deus, a sucessão já se fizera. Havia um novo rei, um novo ungido
em Israel.
O mesmo
ocorre nos dias hodiernos. Quando somos salvos pelo Senhor, o Espírito Santo
vem habitar em nós (Jo.14:17; Rm.8:9), sem que, para isso, porém, tenha de sair
de ninguém mais. Agora o Espírito Santo atua livremente, não mais por medida
(Jo.3:34), de sorte que podemos desfrutar da condição de templos do Espírito
Santo independentemente da conduta dos demais (I Co.6:19).
No entanto,
se entristecermos o Espírito Santo e, em mantendo nossa conduta pecaminosa, O
agravarmos (Ef.4:30; Hb.10:29), corremos sério risco de cairmos na mesma
situação de Saul, quando não um, mas até mesmo oito espíritos malignos podem
nos causar enorme e, por vezes, irremediável prejuízo espiritual em nossas
vidas (Mt.12:43-45; Lc.11:25-26; Hb.10:30,31).
LIÇÕES CPAD
Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco
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