sexta-feira, 6 de julho de 2018

Lição 03 – Davi, o rei-pastor



                           Lição 03 – Davi, o rei-pastor


                            DAVI – O REI-PASTOR

QUEM FOI DAVI
     Considerado o segundo rei de Israel e fundador da monarquia unida, seu reinado ocorreu por volta de (1000-962 a.C), a principal fonte da vida e da época de Davi encontra-se no material dos livros de 1e2 Samuel e 1 Reis 1-2 esses relatos formam uma representação realista de Davi feita por um historiador contemporâneo. O livro de 1 Crônicas contém relatos paralelos e alguns acréscimos; também são encontradas numerosas referências a Davi em livros do NT, o nome Dave pode significar: “amado”, “por amor do Senhor” ou “porque o Senhor amava”. Davi nasceu em Belém de Judá, uma cidade a cerca de dez quilômetros ao sul de Jerusalém, sabemos que ele era o caçula de uma família que tinha muitos irmãos em 1 Samuel 16.10,11 relaciona que Jessé pai de Davi apresentou ao profeta Samuel sete filhos e depois apresentou a Davi, em 1 Crônicas 2.13-16 é citado mais duas irmãs. Sendo assim entende-se que são ao todo dez filhos.
A primeira menção a Davi é feita em um relato da visita do profeta Samuel a Belém para escolher um sucessor para o rei Saul, o importante para Samuel e para a grande nação de Israel era a garantia de que o Espirito do Senhor se apoderou de Davi.
Nos primeiros anos de sua juventude, um acontecimento que chamou a atenção de toda a nação foi a sua vitória sobre Golias, o gigante filisteu, o livro de 1 e 2 Samuel contém diversos detalhes sobre o desenrolar dessa história.

ASCENÇÃO DE DAVI AO PODER
Na batalha em que o rei Saul e seus filhos foram mortos, inicia-se a ascensão de Davi ao reinado de Israel (1Sm 31,1)
 Com a morte de Saul e a derrota de seu exército a nação de Israel (12 tribos) fica à mercê dos filisteus, que se aproveitaram dessa situação e ocuparam imensas faixas territoriais de Israel.
Com a morte de Saul as pretensões de sua casa foram perpetuadas por seu filho sobrevivente Is-Bosete (Isbaal), que foi levado para Maanaim, na Transjordãnia, por seu parente Abner, e que lá o proclamou rei (2Sm 2,8) tratava-se de um governo refugiado, e que estava tentando governar um território considerável, que seria o centro da palestina, Esdrelon, Galiléia e Galaad. Não existe evidencia de que as tribos estariam reconhecendo a sucessão da dinastia de Saul, embora muitos israelitas sem terem em vista um outro líder, aceitaram IS-bosete como sucessor real. Por outro lado, Davi se torna rei (governante) de Judá em Hebrom (2Sm, 2,1-4). É certo que isso aconteceu com o consentimento dos filisteus, de quem Davi era vassalo, acreditasse que dificilmente Davi ocuparia tal posição sem o apoio e permissão direta dos filisteus, vemos isso pela não ocorrência de qualquer tipo de conflito entre Davi e os filisteus nesse período, onde os filisteus passaram a ser senhores dessas terras.
 Davi era bem visto pelos filisteus, e já tinha demostrado lealdade a seus príncipes (1Sm 29,6-9),
Então Aquis (príncipe filisteu) chamou a Davi e lhe disse: "Juro pelo nome do Senhor que você tem sido leal, e ficaria contente em tê-lo servindo comigo no exército. Desde o dia em que você veio a mim, nunca desconfiei de você, mas os governantes não o aprovam. (1 Samuel 29:6)
A política dos filisteus era “dividir e reinar”, e como os habitantes de Judá tinham recebido bem a Davi afinal ele era um deles, também era visto como um forte líder e podia defender o povo e ser mediador entre eles e seus novos senhores os príncipes filisteus. Juntou-se o útil ao agradável onde Davi foi aclamado rei por consenso popular e ungido no antigo santuário de Hebron.
A ascensão de Davi ao poder acarretava características novas a história de Israel. Ele era um soldado experimentado, que devia muito de sua reputação as suas tropas pessoais, ele também era senhor feudal com possessões privadas e que assumiu o trono como vassalo de um poder estrangeiro. Além disso como rei de Judá, necessariamente, agia sem o apoio das demais tribos, essa era uma medida estranha aos padrões antigos, Davi não era considerado um chefe tribal pois sua área de atuação incluía terras além de Judá. (1Sm 27,10;30,14;Jz1,1-21)
Com a coroação o estado de Judá passa a ser controlado por Davi e ao norte estava o que restara de Israel, sobre o qual Is-Bosete filho de Saul, tinha suas pretensões. O reino estava dividido pela primeira vez, entre Judá ao sul e Israel ao Norte.

O FIM DO REINADO DE IS-BOSETE (ISBAAL)

O seu reinado durou aproximadamente dois anos (2Sm 2,10), durante este tempo, as relações entre os reis rivais, embora hostis, nunca chegaram ao ponto de uma guerra aberta, um único conflito de que se tem conhecimento foi a respeito de questões de fronteiras.
Ao que parece com o passar do tempo, o povo hebreu foi percebendo que Is-Bosete não era capaz de manter seu reinado muito menos uma guerra, ao que Davi que era considerado um grande líder militar.
Davi vinha relutando em aumentar a separação que já existia dentro Judá e Israel, preferindo levar avante seus interesses não pelo confronto militar mas pela diplomacia. Para tanto fez propostas aos habitantes das cidades de Jabes e Galaad, que eram leais a Saul e sua dinastia, casou-se com a filha do rei Gessur, um Estado arameu que ficava a leste do Mar da Galileia (2Sm 3,3), assim ele ganhava aliados e enfraquecia Is-Bosete.
Is-Bosete enfraquecido e em duvida da lealdade de seus súditos, acusou seu parente Abner (que foi quem o levou para Maanaim, na Transjordãnia, e o coroou rei sucessor de seu pai Saul), de ter tido relações com uma antiga concubina de Saul seu pai (2Sm 3, 6-11) acusações essas que se verdadeiras poderia ter significado que Abner tinha pretensões ao trono, consequente mente tinha interesse na queda de Is-bosete.
Abner ficou furioso com as acusações e vendo que sua vida corria risco tratou de transferir sua aliança a Davi e persuadiu os anciãos de Israel a fazerem o mesmo.
Então Abner enviou mensageiros a Davi com esta proposta: "A quem pertence esta terra? Faze um acordo comigo e eu te ajudarei a conseguir o apoio de todo o Israel". 2 Samuel 3:12-21
O jogo do poder continua, e Abner é assassinado, mas o apoio total dos anciãos a Davi não tinha mais retorno, o povo de toda a nação compreendeu que Davi era de fato o rei de todo Israel, Is-Bosete foi então prontamente assassinado por dois de seus “leias” oficiais, que levaram a sua cabeça a Davi esperando uma boa recompensa, mas Davi desejoso de livrar-se de qualquer culpa ou suspeita de cumplicidade nesse “triste” acontecimento, mandou executar sumariamente os oficiais. Dessa forma não havendo mais ninguém para pretender a casa de Saul, o povo aclamou a Davi, em Hebron, e lá numa aliança solene o aclamou rei de todo o Israel.
Representantes de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: "Somos sangue do teu sangue. No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu quem liderava Israel em suas batalhas. E o Senhor te disse: ‘Você pastoreará o meu povo Israel, e será o seu governante’ ". Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom, e ele fez um acordo com eles em Hebrom perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel. Davi tinha trinta anos de idade quando começou a reinar, e reinou durante quarenta anos. 2 Samuel 5:1-4
Todos esses incidentes ilustram a tradição e a cultura do povo hebreu no período. Mas o que de fato decidiu a favor de Davi foi que o povo via nele, o homem sobre quem o Espirito de Iahweh descansava.


O INICIO DO REINADO UNIFICADO DE DAVI
O reinado de Davi sobre todo o território de Israel representava grande afastamento da antiga ordem, vimos que sua ascensão não foi feita da maneira clássica, a base de seu poder não era a confederação tribal, pelo contrário ele já era rei em Judá ao sul, com o consentimento dos filisteus, e agora designado rei de todas as tribos do Norte, Davi enfrentou a difícil tarefa de juntar a nação que estava dividida entre norte e sul.
 O novo Estado teve imediatamente de lutar para sobreviver. Os filisteus compreenderam perfeitamente que a aclamação de Davi constituía uma declaração de independência por parte da nação de Israel que estava novamente unida. E isso os filisteus não iriam tolerar, sabiam que tinham de destruir Davi e rapidamente.
Ao saber que Davi tinha sido ungido rei de Israel, os filisteus foram com todo o exército prendê-lo, mas Davi soube disso e foi para a fortaleza. Tendo os filisteus se espalhado pelo vale de Refaim, Davi perguntou ao Senhor: "Devo atacar os filisteus? Tu os entregarás nas minhas mãos? " O Senhor lhe
respondeu: "Vá, eu os entregarei nas suas mãos". (2 Samuel 5:17-19)
Davi sabia que os filisteus não iriam tolerar um governante independente e tratou de se prepara para o confronto, a primeira fase da luta foi travada perto de Jerusalém (2Sm 5,18-25) os filisteus foram derrotados, mas tentaram empreender um novo ataque, que culminou na sua total derrota onde Davi alargou seu território de forma inimaginável.
 Então Davi foi a Baal-Perazim e lá os derrotou. E disse: "Assim como as águas de uma enchente causam destruição, pelas minhas mãos o Senhor destruiu os meus inimigos diante de mim". Então aquele lugar passou a ser chamado Baal-Perazim. (2 Samuel 5:20)

A CONSTRUÇÃO DO IMPÉRIO
Com a sua casa em ordem (Israel unido), Davi estava livre para guerrear, e a sua primeira grande guerra declarada foi contra o povo de Amon, ele conquista os amonitas, e dando continuidade as guerras conquista o sul da Transjordãnia e a Síria, não demos esquecer que Davi era um rei guerreiro.
A política de Davi em questões religiosas foi ditada para dar ao Estado legitimidade aos olhos do povo, como verdadeiro sucessor da antiga ordem de Israel. Assim ele promoveu o novo santuário de Jerusalém, em que a Arca estava guardada, como uma instituição oficial do Estado. Os assuntos religiosos eram administrados por dois sumos sacerdotes, que eram membros do gabinete. Davi é reconhecido como um generoso patrono do culto, tendo-o enriquecido de muitos modos, com a possível finalidade de fortalecer a solidariedade nacional e promover a lealdade à coroa, por meio da promulgação do culto oficial.
Apesar de ser imperfeito Davi se sobressai na Bíblia como um dos grandes e mais bondosos monarcas de Israel. Um homem que veio do povo, que ascendeu ao poder com a ajuda popular e não esqueceu suas origens. Todos os anseios da população que vivia naquele período foram projetados e realizados em Davi, a partir dele foi consolidada a imagem de um rei a altura de uma nação

CONCLUSÃO
A importância de Davi pode ser vista de pronto na posição que ele e sua família ocuparam na história de Israel. Em um dos extremos ele tinha Boaz e Rute como antepassados
Boaz casou-se com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu, e o Senhor concedeu que ela engravidasse e desse à luz um filho. As mulheres disseram a Noemi: "Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos! " Noemi pôs o menino no colo, e passou a cuidar dele. As mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: "Noemi tem um filho! " e lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi.  (Rute 4:13-22)
E no outro extremo, Jesus Cristo foi seu descendente
e Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, cuja mãe tinha sido mulher de Urias; (Mateus 1:6)
 Assim, ao todo houve catorze gerações de Abraão a Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio até o Cristo. Mateus 1:17
 Um exemplo de adorador, ele não foi apenas um pastor que se tornou em um guerreiro, foi também um grande músico, compôs mais de 70 salmos, tocava muito bem a sua harpa e demonstrou habilidade na organização do cântico ao assumir o reino de Israel.
É possível que ao cuidar dos rebanhos de seu pai enquanto era jovem tenha desenvolvido suas habilidades poéticas, e a vida nos campos de batalhas também lhe deu muitas palavras de sabedoria, fé e esperança em Deus, que ele incluiu em seus salmos, principalmente no inesquecível Salmo 23.
O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta. Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranquilas; restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.
Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver. (Salmos 23:1-6)
Davi passou para a história como o modelo da autoridade política justa, por isso, mesmo com o fim da realeza os judeus permaneceram confiantes no ideal messiânico e ficaram à espera do messias que iria reunir o povo, defendê-lo dos inimigos e organizá-lo numa sociedade justa e fraterna. O Novo Testamento irá identificar Jesus como descendente de Davi, como o Messias esperado, que veio para reunir todos os homens e levá-los à vida plena, na justiça e fraternidade do Reino de Deus.
Assim como acontece com outros livros históricos do Antigo Testamento, mediante a mera leitura se evidencia que 1 Samuel não foi escrito com mero objetivo histórico, mas sua narração está fortemente ligada ao interesse religioso da antiga nação de Israel, e do seu Deus (Iahweh – YHWH) além disso o registro está em completa harmonia com o restante das Escrituras.
O objetivo da união das 12 tribos, para maior glória de Iahweh (YHWH) teria fracassado se não fosse o êxito da escolha do sucessor de Saul, Davi é apresentado como o rei ideal, que obedece a Iahweh e serve ao povo, graças à sua relação de amor e amizade com Deus.

Trabalho apresentado por: Alexandre Palmares Professor de Escola Bíblica Dominical ADVEC – Penha - RJ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JOHN BRIGHT, História de Israel, 4ª edição. Paulus WYCLIFFE, Dicionário Bíblico, CPAD, 2012 http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Rei-Davi/39811075.html# http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Quem-Era-Davi/69578683.html http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Davi/64093282.html#






                 Numa lição sobre Davi, não poderia faltar a figura do pastor.

 Era esta a profissão de Davi na casa de seu pai Jessé quando o profeta Samuel para lá foi enviado a fim de ungi-lo como novo rei de Israel (I Sm.16:11).
O fato de Davi ser um pastor diligente e cuidadoso (I Sm.17:34-37) foi, sem dúvida, um fator preponderante para que o Senhor o escolhesse para cuidar de Israel. Seu cuidado para com as ovelhas de seu pai era um indicador de sua bondade e de seu zelo, requisitos indispensáveis para um bom governante.
Tanto assim é que, mesmo quando Davi já ocupava o trono, Deus nunca permitiu que ele se esquecesse de suas origens, tanto que, quando o profeta Natã é enviado para anunciar-lhe que não construiria o templo, o Senhor se dirige a Davi como o pastor que havia sido tirado de detrás das 

ovelhas de Jessé para que apascentasse o povo de Israel (II Sm.7:8). Aliás, não é por acaso que, na capa da revista, o jovem pastor se encontra atrás das ovelhas.
Sabemos que Israel, desde o início de sua formação, era um povo formado por pastores de gado (Gn.47:3), a começar por Abraão, mas é com Davi que a figura do pastor é associada ao governo do povo de Deus e ao próprio Deus.
É o próprio Davi que em seu salmo mais conhecido faz a vinculação do Senhor com o pastor de ovelhas (Sl.23), o que repete em outros salmos, como o Sl.100, v.g., vinculação esta que foi consolidada pelo Senhor Jesus, que não só disse ser o bom Pastor (Jo.10:11), como também nos ensina que devemos todos cuidar uns dos outros como verdadeiros pastores de ovelhas, especialmente aqueles que são chamados para apascentar o rebanho de Deus (I Pe.5:1-4).

Davi era, assim, para Deus, sobretudo o pastor das ovelhas de seu pai e, no trono, assim também deveria se comportar, como pastor das ovelhas do pai da nação, que é o próprio Senhor. Tanto assim é que a ilustração utilizada para a denúncia do seu pecado por parte do profeta Natã foi, também, relacionada à figura do pastor (II Sm.13:1-7).
Para sermos considerados homens segundo o coração de Deus, devemos ter a dedicação, o cuidado e o amor que tem um pastor para com as suas ovelhas. Se somos filhos de Deus (I Jo.3:2), participantes de Sua natureza (II Pe.1:4), temos de nos comportar como o pastor de ovelhas, sabendo que o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas, não é mercenário e não foge quando o lobo vem para devorá-las.

Davi era “amado” de Deus (o nome ―Davi‖ significa ―amado‖) porque era dedicado, zeloso e amava as suas ovelhas, dando a sua vida por elas.
Temos esta disposição? Temos este sentimento, este comportamento? O Senhor agradou-Se de Davi por causa disto e como Ele não muda, também devemos nos esforçar para assim nos comportarmos.
Que o estudo destas lições possa nos encorajar a servirmos a Deus com a dedicação e a disposição de coração que encontramos na vida de Davi e que, assim fazendo, possamos ver o Filho de Davi nas nuvens do céu naquele grande dia, que tão próximo está.

B) LIÇÃO 1 – DAVI E A SUA VOCAÇÃO
O chamado de Davi mostra-nos, claramente, que Deus conhece o interior do homem e que é este o fator preponderante na existência de alguém.

INTRODUÇÃO

Iniciamos o quarto e último trimestre letivo deste ano de 2009, que tem como tema a vida de Davi. Desde o 4º trimestre de 2002, não estudávamos uma personagem bíblica em um trimestre. Davi é, sem dúvida, uma das mais importantes personagens da Bíblia Sagrada, pois é nele que se forma a estirpe real de onde viria Jesus que, por isso mesmo, é chamado de Filho de Davi.
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé e atividades ao ar livreAs Escrituras revelam que Davi foi escolhido por Deus para ser o novo rei de Israel e o fundador da dinastia real messiânica porque era um ―homem segundo o coração de Deus‖.

A vida de Davi é um ensino a todos nós de como deve ser nossa dedicação e nosso amor a Deus, mas, não nos esqueçamos, apesar de ser um homem segundo o coração de Deus, Davi foi homem e, por isso, teve também grandes fracassos espirituais.

I – AS ORIGENS DE DAVI
Davi foi o segundo rei de todo o Israel entre cerca de 1016 a 976 a.C., tendo assumido o trono com trinta anos de idade (II Sm.5:2), o que faz com que sua data de nascimento seja estabelecida por volta de 1046 a.C. Seu nome significa ―amado‖ ou ―predileto‖ e, segundo o site iremar.com.br, ―significa predileto, amado e indica uma pessoa que aproveita todas as oportunidades de sucesso que surgem mostrando competência e dedicação.‖ (http://www.iremar.com.br/index.php?q=Davi&con=conexao&inc1=header&inc2=footer& banner=rodape&site=nomesAcesso em 24 maio 2007).
Davi surge na história sagrada, pela vez primeira, no livro de Rute, onde o autor (que a tradição diz ter sido o profeta Samuel), anuncia que o neto de Obede, filho de Rute e Boaz, seria o rei Davi (Rt.4:17,22). Sua história, porém, é relatada nos livros de Samuel e nos primeiros livros de Reis e de Crônicas.

Davi era da tribo de Judá, tribo esta que, naquela altura da história de Israel, em que pese a bênção de Jacó que lhe prometia a supremacia (Gn.49:10), bem como a vida fiel de Calebe e a sua densidade populacional (Js.14 e 15), havia vivido mais ou menos marginalizada no meio do povo de Deus, tanto que, com exceção de Otoniel, o primeiro juiz de Israel (Jz.3:9-11), não fornecera qualquer outra liderança nacional até então.

Quando surge na história sagrada, Davi é apresentado como o filho caçula de Jessé, filho de Obede e neto de Boaz e, portanto, pelo que vemos do relato do livro de Rute, um grande proprietário de terras na tribo de Judá. Sendo o filho mais novo, porém, Davi não tinha qualquer posição de realce na sua família. Seus irmãos, além de mais velhos, eram pessoas fortes e robustas que, por isso mesmo, haviam sido selecionadas por Saul, o primeiro rei de Israel, para servirem como seus soldados (cf. I Sm.8:11).
Tanto assim é que Samuel, ao ver o primogênito de Jessé, Eliabe, logo se convenceu que estava diante do escolhido do Senhor, dado o seu porte físico (I Sm.16:6,7).

Davi trabalhava como pastor de ovelhas(I Sm.16:11) e, neste seu trabalho, sem que muito provavelmente seu pai e seus familiares o soubessem, agia com dedicação e zelo, visto que, apesar de ser pequeno, pôs sua vida em risco para proteger o seu rebanho (cf. I Sm.17:34-36). Esta dedicação, este sentimento de compromisso com a tarefa que lhe havia sido cometida pelo seu pai foi um dos fatores que levou o Senhor a escolhê-lo para a tarefa de reinar sobre Israel.
Devemos, desde já, verificar que a consciência do compromisso assumido, que a disposição para cumprir com as tarefas que são cometidas por quem de direito é um traço de caráter indispensável para quem quer servir a Deus. Davi foi chamado por Deus como  ―um homem segundo o coração de Deus‖ (I Sm.13:14), precisamente porque, no silêncio, no anonimato, fazia questão de honrar o compromisso de cuidar do rebanho que lhe fora confiado.
Este mesmo sentimento de dedicação e de consciência do compromisso nas mínimas coisas continua a ser observado por Deus, que conhece os corações (I Sm.16:7 ―in fine‖). Jesus fez questão de lembrar, na parábola dos talentos, que um requisito para que alguém alcance o gozo do Senhor é o de ter sido fiel sobre o pouco (Mt.25:21,23). Por isso, o profeta nos aconselha a jamais desprezarmos o dia das pequenas coisas (Zc.4:10a).

A dedicação de Davi era tanta que seu pai, mesmo sem sequer saber onde se encontrava o pequeno, sabia que ele estava a apascentar as ovelhas, tanto que não houve dificuldade em achá-lo (I Sm.16:12).

Esta dedicação e este compromisso são, pois, fatores importantíssimos aos olhos do Senhor. Davi era um homem agradável a Deus por causa deste seu comportamento. Não foram as guerras que fizeram Davi agradável ao Senhor, nem tampouco os salmos ou os esforços em prol da obtenção de materiais para o templo, mas, sim, este sentimento de serviço, de submissão. Este foi o fator que fez com que Deus escolhesse a Davi.
E nós, será que temos este mesmo sentimento? Jesus, o Filho de Davi, tinha-o, como nos mostra o apóstolo Paulo (Fp.2:5-8) e o escritor aos hebreus (Hb.10:7-9), que, de resto, apenas confirmam aquilo que o próprio Senhor publicamente afirmou (Mt.5:17), sendo testificado pelo Pai (Mt.3:17). Estamos imitando a Cristo? Temos aprendido esta lição com Davi?
Davi, apesar de ser integrante de uma família abastada e respeitada em sua tribo, não tinha qualquer realce ou relevância segundo os critérios sociais então vigentes.
Filho caçula, pastor de ovelhas, era pessoa sem importância aos olhos da sociedade, que nem sequer foi convidado para participar do banquete que se seguiu ao sacrifício que Deus mandara o profeta Samuel fazer em Belém. Entretanto, como disse o próprio Deus a Samuel, Deus não olha para a aparência, nem para a altura da estatura, mas, sim, para o coração do homem (I Sm.16:7).
– Devemos ter esta consciência. Deus chamou a Davi por causa do seu interior, da sua sinceridade, da sua disposição em servir. Deus não muda e continua a agir deste modo: escolhe com base no interior das pessoas, não faz julgamentos de acordo com a aparência ou com as convenções humanas, ou seja, os critérios criados pela vida em sociedade. Jesus ensina-nos a proceder como o Senhor, não julgando segundo a aparência, mas, sim, segundo a reta justiça (Jo.7:24).
Lamentavelmente, nos dias difíceis em que estamos a viver, cada vez mais frequentes são os julgamentos segundo a aparência e a prevalência das convenções sociais no meio das igrejas locais, como, aliás, já denunciava Tiago em sua epístola (Tg.2:1-13). Tomemos cuidado e aprendamos neste episódio bíblico a sublimidade do interior humano.
Ante estas palavras do Senhor a Samuel, o profeta mandou que passasse diante dele os outros filhos de Jessé. Passaram diante de Samuel, então, os sete filhos que ali estavam (I Sm.16:10), tendo Deus rejeitado a todos eles, inclusive os dois outros guerreiros, Abinadabe e Samá (por isso, os únicos nomeados no texto sagrado, nessa ocasião – I Sm.16:8-10).
Quando passou diante dele o sétimo moço e o Senhor o recusou, Samuel, certamente, ficou atônito. Deus havia lhe dito que de um dos filhos de Jessé havia Se provido de um rei e o último acabara de ser rejeitado. Como Samuel, porém, sabia em quem cria, indagou a Jessé se havia ainda outro filho.
Foi, então, que Jessé deu notícia da existência de um oitavo, o menor, que estava a apascentar as ovelhas. Davi era o menor, aquele que nem sequer era considerado a ponto de ser convidado para participar do sacrifício e da refeição que lhe seguiria (I Sm.16:11).
Mais uma vez vemos como Deus vê diferentemente do homem. Aquele que havia sido desprezado, desconsiderado, de que ninguém sentiu a falta, era o escolhido de Deus. Isto ainda continua a acontecer, pois ―…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são, para que nenhuma carne se glorie perante Ele‖ (I Co.1:27-29).
Temos a visão divina para ver e compreender estas coisas, ou temos nos prendido às coisas deste mundo e nos tornado cegos ante a obra do Senhor ?
Diante desta notícia, Samuel, já sabedor de que se trava do escolhido de Deus, mandou que se enviasse alguém para chamar o filho que restava, pois ninguém se assentaria em roda da mesa enquanto ele não chegasse. Deus já começava ali a honrar Davi, pois, de não-convidado, passara a ser o convidado de honra.
De desprezado pelo próprio pai e pela família, passara a ser o homenageado do profeta e ex-juiz de Israel. De rejeitado pelos homens, passara a ser o escolhido de Deus. Davi, mesmo antes de ter conhecimento do seu chamado, já prefigurava o Cristo que, de rejeitado pelos homens e por Israel (Is.53:3;Jo.1:11), foi o escolhido de Deus para ser posto acima de todos (Fp.2:9-11), a pedra rejeitada que foi posta por cabeça da esquina (At.4:11).
Muito se discute sobre o número dos filhos de Jessé. O texto de I Sm.16 fala-nos que havia sete filhos no banquete e que, depois, Davi foi chamado, o que faz com que o número de filhos seja de oito, o que é confirmado por I Sm.17:12.
Em I Cr.2:13-15, entretanto, Davi é apontado como o sétimo filho de Jessé, como se Jessé tivesse apenas sete filhos e não oito como constou em I. Sm. Em I Cr., aliás, são dados os nomes de todos os filhos de Jessé, o que não ocorre em I Sm., que apenas dá o nome dos três mais velhos (Eliabe, Abinadabe e Simeia ou Samá), que eram os filhos de Jessé que faziam parte do exército de Israel (I Sm.17:13).

Ali ficamos sabemos os nomes dos outros três, a saber:
Netanel, Radai e Ozem (I Cr.2:14,15). Diante desta divergência, há, inclusive, quem aí veja uma―contradição da Bíblia‖, querendo, com isso, infirmar a origem divina do texto sagrado.
Esta dificuldade, por primeiro, não tem o condão de trazer qualquer dúvida quanto ao fato de a Bíblia ser a Palavra de Deus.
A revelação divina ao homem e o cumprimento de tudo quanto está nas Escrituras não pode ser simplesmente anulado ou posto em dúvida porque dois textos, muito provavelmente escritos num intervalo entre eles de mais de quinhentos anos (pois os livros de Samuel foram escritos durante os reinados de Davi e Salomão e os livros das Crônicas são obras posteriores ao cativeiro da Babilônia, muito provavelmente escritos por Esdras), destoam quanto ao número de filhos de Jessé, uma informação absolutamente secundária, para não dizer terciária, quaternária etc.
Por segundo, tem-se que os livros das Crônicas são baseados em registros feitos anteriormente (I Cr.4:38) e, nestes registros, que não foram inspirados pelo Espírito Santo e, portanto, não são dotados de infalibilidade, não constava senão o nome de sete filhos de Jessé. Por quê?
Ora, um deles muito bem pode ter morrido sem deixar descendentes e antes mesmo de Davi subir ao trono, quando, então, se teve o cuidado de fazer os registros a respeito da família que então se tornou a família real. Isto é possível e não pode ser refutado, e só esta possibilidade elimina a hipótese de ―contradição‖.
O importante é que, em ambos os textos, Davi é apresentado como ―o filho menor‖, que é o objetivo da revelação divina, ou seja, mostrar que a escolha de Davi foi divina e fora de quaisquer parâmetros humanos, o que é relevantíssimo no que toca ao desenvolvimento do plano de Deus para a salvação do homem.
Quando Davi chegou, a Bíblia diz que ele era ruivo, formoso de semblante e de boa presença. Esta descrição física do jovem mostra-nos claramente que Davi não era rejeitado porque fosse defeituoso ou uma pessoa feia, mas, única e exclusivamente, porque era ―o filho menor‖, em virtude das convenções sociais de seu tempo.
Era um rapaz bonito, bem-apessoado, simpático e educado, mas que era desprezado por conta de sua qualidade de filho caçula. Isto também impede que se diga que Davi era um filho bastardo ou algo semelhante, como se chegou mesmo a apregoar.
Se o fosse, isto, certamente, não impediria a escolha da parte de Deus, mas não podemos inferir tal afirmação pois o texto sagrado não nos permite fazê-lo, visto que a Bíblia jamais omitiria tal dado, caso ele existisse, como, por exemplo, vemos no caso de Jefté (Jz.11:1,2).
Discute-se se Davi era ―ruivo‖ mesmo ou se o termo não foi corretamente traduzido, querendo dizer ―loiro‖ ou ―claro‖ em relação aos seus irmãos, que deveriam ser mais escuros. Muitos acham que a expressão revela que Davi era ―bronzeado‖ ou ―moreno‖ (como traduziu a Nova Versão Internacional), em virtude de sua exposição ao sol. De qualquer maneira, ele se distinguia dos seus irmãos na sua aparência física.
Não tinha o corpo atlético e ―sarado‖ de seus irmãos mais velhos, mas era de ―gentil aspecto‖, ou seja, uma pessoa simpática que transmitia ternura e dulçor, algo bem diferente da imagem que Israel tinha para um rei e que tanto havia se adaptado à aparência física de Saul. Como os olhos humanos se enganam…
Quando Davi chegou, Samuel somente o ungiu depois que o Senhor lhe mandou, prova de que aprendera a lição de que só Deus conhece o coração do homem.
Apesar das evidências, o profeta se manteve obediente à voz do Senhor e, quando o Senhor confirmou que aquele era o escolhido, tomou o vaso de azeite e ungiu Davi no meio de seus irmãos. Este ato, apesar de solene, foi sobretudo um ato espiritual, que teve efeito imediato tão somente no interior de Davi, pois a Bíblia diz que, a partir daquele instante, o Espírito de Deus Se apoderou de Davi (I Sm.16:13).
Do ponto-de-vista exterior, após aquela unção, todos tomaram a refeição e Samuel, como nos diz o texto sagrado, levantou-se e tornou a Ramá. Enquanto isto, ―o novo rei‖, no dia seguinte, voltou a apascentar as ovelhas de seu pai. Nada, aparentemente, havia mudado, tudo como antes.
Na verdade, porém, Davi não era mais o mesmo. Assim como Saul, quando ungido, tornou-se um outro homem (I Sm.10:6), Davi também teve alterado o seu estado espiritual. No entanto, se Saul profetizou logo em seguida ao apossamento do Espírito, o mesmo não se deu com Davi.
No entanto, diz-nos a Bíblia, o Espírito do Senhor se retirou de Saul, como resultado direto da unção de Davi e, a partir de então, Saul ficou à mercê de um espírito maligno, enviado da parte do Senhor, ou seja, por Sua vontade permissiva (I Sm.16:14).
Como estávamos ainda na dispensação da lei, vemos que o Espírito operava sob medida e, diante da rejeição divina a Saul, não podia mais o Espírito habitar em Saul quando se ungiu um novo rei.
Por isso, o Espírito Se apoderou de Davi e, simultaneamente, Se retirou de Saul. Espiritualmente, pois, já havia ocorrido a sucessão. Davi só viria a ocupar o trono muitos anos depois, como teremos ocasião de verificar ao longo do estudo deste trimestre, mas, diante de Deus, a sucessão já se fizera. Havia um novo rei, um novo ungido em Israel.
O mesmo ocorre nos dias hodiernos. Quando somos salvos pelo Senhor, o Espírito Santo vem habitar em nós (Jo.14:17; Rm.8:9), sem que, para isso, porém, tenha de sair de ninguém mais. Agora o Espírito Santo atua livremente, não mais por medida (Jo.3:34), de sorte que podemos desfrutar da condição de templos do Espírito Santo independentemente da conduta dos demais (I Co.6:19).
No entanto, se entristecermos o Espírito Santo e, em mantendo nossa conduta pecaminosa, O agravarmos (Ef.4:30; Hb.10:29), corremos sério risco de cairmos na mesma situação de Saul, quando não um, mas até mesmo oito espíritos malignos podem nos causar enorme e, por vezes, irremediável prejuízo espiritual em nossas vidas (Mt.12:43-45; Lc.11:25-26; Hb.10:30,31).
LIÇÕES CPAD
Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco



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