Ética
Cristã, Vícios e Jogos
A
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Bíblia Sagrada enaltece a vida moderada, o
trabalho honesto e a boa administração da família (1 Co 10.23; Ec 3.10; 1 Tm
5.8). Desse modo, as Escrituras eliminam qualquer possibilidade de o cristão
envolver-se na prática dos vícios ou jogos de azar. No entanto, as estatísticas
indicam dados alarmantes dos prejuízos que são provocados por esse mal em nossa
sociedade.
Estima-se
que, depois do relato bíblico envolvendo o vinho fermentado por Noé (Gn
9.20-27), a primeira bebida alcoólica teria sido preparada na China, por volta
do ano 8.000 a.C. A análise de substâncias orgânicas em peças de cerâmica na
vila neolítica de Jiahu, no norte da China, no ano de 2006, revelou que elas
continham um drinque feito de arroz, mel e frutas silvestres, tudo fermentado
(GARCIA, 2007, p. 2). Na cultura da civilização sumeriana (3.000 a.C.), eram
produzidos 19 tipos de bebidas alcoólicas — sendo que 16 delas eram à base de
trigo e cevada — provavelmente o embrião da cerveja. A bebida era consumida
pelos aristocratas sumérios por meio de canudinhos de ouro (GARATTONI, ago.
2008).
Quanto ao uso de drogas alucinógenas, o
consumo da cannabis (conhecida como maconha) remonta ao ano 2.700 a.C. A
maconha teve sua origem no Afeganistão e na índia, sendo consumida para uso
medicinal e em rituais religiosos. Na Europa, era usada para fabricar papel e
tecido, tornando-se um dos principais produtos agrícolas, passando a ser usada
posteriormente como entorpecente (CARLINI, 2005).
A arqueologia registra que a origem dos
“jogos de azar” remontam à antiga Suméria, por volta do século III a.C. Os
sumérios implantaram um jogo que consistia em um grupo de dados fabricado em
ossos de animais com símbolos cunhados nas faces, com valores determinados e
específicos. Nesse jogo, o vencedor era aquele que alcançasse uma maior
pontuação, arremessando os dados. Essa cultura de jogatina também foi encontrada
no Egito — com tabuleiros (séc. II a.C.) —, e na Roma antiga — com o jogo de
dados e outros (séc. I a.C.). Historiadores afirmam que esses jogos somente
terminavam após um dos participantes perder todos os seus bens, muitos,
inclusive, perdiam a liberdade, tornando-se escravos (FERNANDES, 2012).
I. VÍCIOS: A DEGRADAÇÃO DA VIDA
HUMANA
Tudo aquilo
que escraviza o homem e o faz perder seus valores é qualificado como vícios que
resultam na degradação da essência humana. Uma definição genérica para vício é
“um hábito, ou prática, imoral ou mau; conduta imoral; comportamento depravado
e degradante” (HENRY, 2007, p. 596). Portanto, vício é o contrário da virtude,
assim como o errado diverge do certo e as trevas fazem oposição à luz. Durante
a Idade Média, os teólogos relacionaram os “vícios” aos denominados sete
“pecados capitais”. Os vícios eram identificados em um ou mais dos seguintes
pecados mortais: orgulho, avareza, lascívia, inveja, glutonaria, ira e
preguiça. Quanto a esses e aos demais pecados, somos exortados a rejeitar as
obras das trevas e nos vestir das armas da luz (Rm 13.12). O apóstolo dos
gentios enfatiza o comportamento ético do cristão como aquele que age na luz:
“não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções,
nem em contendas e inveja” (Rm 13.13). As vidas viciadas no álcool, cigarros e
demais drogas evidenciam ausência de paz de espírito, andam nas trevas e
necessitam de urgente libertação (Gl 5.16; 1 Jo 2.8).
1. O Pecado do Alcoolismo
O consumo do
álcool é tanto um vício como um pecado (Lc 21.34; Ef 5.18; 1 Co 6.10). A
embriaguez altera o raciocínio e o bom senso (Pv 31.4,5). O álcool retira a
inibição e a pessoa perde “a motivação para fazer o que é certo” (Os 4.11). O
alcoolismo leva à pobreza e a graves problemas de saúde (Pv 23.21,31,32). Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam o alcoolismo como a terceira
causa de morte no mundo. A igreja deve posicionar-se e trabalhar na prevenção
ao vício. O problema é de ordem espiritual, médica e psicológica. Muitas
pessoas fazem uso da bebida alcoólica como um meio de fuga para seus problemas.
Por conseguinte, precisamos sair da clausura dos templos e anunciar que Cristo
produz vida (Jo 10.10) e concede paz para a alma (Jo 14.27).
A maldição na família de Noé
A embriaguez do patriarca Noé resultou em
graves consequências para si e para sua família. Após o período do dilúvio, Noé
tornou-se lavrador da terra e plantou uma vinha (Gn 9.20). Na primeira colheita
da uva, ao fermentar um vinho, o patriarca embriagado ficou desnudo dentro de
sua tenda. Desinibido pelo efeito do álcool, tornou-se incapaz de perceber a
insensatez de sua atitude (Gn 9.21). O mesmo efeito de destempero acontece com
aqueles que agem sob o efeito do álcool. Por isso, as Escrituras advertem: “O
vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles
errar nunca será sábio” (Pv 20.1). Por essa razão, também Paulo recomendou a
abstinência de bebidas alcoólicas (1 Tm 3.3). A nudez de Noé foi flagrada pelo
seu filho Cam, que em lugar de resguardar seu pai decidiu depreciar sua honra
contando aos irmãos (Gn 9.22).
Os outros filhos de Noé, Sem e Jafé, de
maneira respeitosa, com o rosto virado em direção contrária, cobriram a nudez
do pai (Gn 9.23). Passado o entorpecimento, ao despertar de sua bebedeira e se
conscientizar dos fatos, o patriarca lançou sobre o filho de Cam um severo
juízo: “Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos” (Gn 9.25).
Por conseguinte, por causa da postura difamatória de Cam, toda a descendência
de Canaã ficou sob
maldição.
Apreende-se com tal episódio que o uso do álcool resulta em situações danosas e
constrangedoras para a família. Assim, para o cristão, prevalece a admoestação
bíblica: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos
do Espírito” (Ef 5.18).
2. A Escravidão das Drogas
As drogas
são substâncias químicas que provocam alterações no organismo. As drogas causam
dependência e o consumo excessivo provoca morte por overdose. As drogas afetam
também o funcionamento do coração, fígado, pulmões e até mesmo o cérebro. As
drogas ilícitas mais comuns são a maconha, a cocaína, o crack e o ecstasy. As
chamadas drogas lícitas, como o álcool e o cigarro, são igualmente prejudiciais
à saúde. As pessoas usam drogas principalmente para alterar o estado de
espírito em busca de paz. Entretanto, as drogas agridem o corpo que é templo do
Espírito Santo (1 Co 6.19,20) e invalidam o sacrifício de Cristo na cruz (1 Co
1.18). O cristão não deve usar e nem participar de movimentos que visam
legalizar as drogas.
Descriminalização do uso e venda de drogas
A
legislação brasileira verbera contra o uso e contra a venda de entorpecentes
(Lei nº 11.343/2006). Embora a referida norma abrandasse as penalidades para os
usuários, em comparação com as legislações anteriores, a norma em vigor ainda
considera crime “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo [entorpecentes]” (Art. 28). Todavia, tramitam no Congresso Nacional Projetos
de Leis (PL) que visam à descriminalização das drogas, isto é, que o uso de
drogas e sua venda não seja mais considerado crime.
O PL n° 7270/2014 autoriza a produção e o
comércio da maconha em todo o território nacional. Outro projeto de lei é o de
n° 7187/2014, que dispõe sobre o controle, a plantação, o cultivo e a
comercialização da maconha. Por fim, há ainda um Recurso Extraordinário (RE) n°
635659 que tramita no Supremo Tribunal Federal que tem o intuito de descriminar
o uso da maconha. Contudo, é importante frisar que mesmo com essas tentativas
de descriminalização, o uso e a venda de drogas até então é crime.
Assim como relatado neste capítulo, o
uso de entorpecentes é imoral, antiético, bem como prejudicial à saúde do
usuário e das pessoas do seu convívio social. Porém, alguns grupos nocivos à
sociedade anseiam a descriminalização das drogas. O condão de defesa
apresentado por esses apoiadores é que a criminalização das drogas cria cartéis
do narcotráfico, e que, “liberando” as drogas, essas quadrilhas seriam
desmobilizadas. Outra arguição é que o uso de drogas não pode ser considerado
crime, e, sim, problema de saúde pública. Com esses pretextos, como explicar
que mesmo regulamentado os medicamentos de “tarja preta” ou de antibióticos são
vendidos clandestinamente? Se o uso de entorpecentes é considerado crime e
mesmo assim milhares de pessoas utilizam, será que “liberando” o uso de drogas
diminuirá os usuários, e, assim, desafogará o sistema de saúde?
O exercício do domínio próprio
Aquele que vive na carne é escravizado
pelo pecado (Jo 8.34). A maior característica de quem vive no Espírito é a
manifestação do fruto do Espírito Santo. Segundo o teólogo David Lim, “o fruto
tem a ver com o crescimento e o caráter; o modo da vida é o teste fundamental
da autenticidade” (HORTON, 1996, p. 488). O fruto do Espírito consiste em nove
graças listadas em Gálatas 5.22,23, as quais são amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e temperança. O fruto
no singular refere-se à unidade que o Espírito Santo cria na vida daqueles que
se sujeitam a Ele (GOMES, 2016, p. 14). A virtude que parece ser o somatório de
todas as outras é tradução da palavra grega egkrateia, que significa
“temperança” ou “domínio próprio”. É autocontrole, autodisciplina e moderação.
É a qualidade que Cristo nos dá para andarmos no mundo conservando a nossa
santidade. Trata-se de um ato de repelir ou reprimir os desejos da carne por
meio do controle do Espírito Santo:
Ironicamente
os nossos desejos pecaminosos, que prometem autorrealização e poder,
inevitavelmente nos levam à escravidão. Quando nos rendemos ao Espírito Santo,
inicialmente sentimos como se tivéssemos perdido o controle, mas Ele nos leva a
exercer o autocontrole que seria impossível somente com as nossas próprias
forças. (RIBAS, 2009, p. 298)
Desse modo, o cristão controlado pelo
Espírito Santo não pode ceder às paixões carnais e nem tão pouco ser
escravizado pelo uso de quaisquer drogas ou entorpecentes. O vício — quer ele
seja lícito, quer seja ilícito — não tem lugar na vida de uma pessoa que
procura ser controlada pelo Espírito de Deus. Embora nem a idade nem a
experiência sirvam de garantia para o exercício do autocontrole, o fruto do
Espírito o produz na vida do crente. O texto paulino exorta o cristão a não ser
dominado por nada: “[...] todas as coisas me são lícitas, mas eu não me
deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6.12b).
II. JOGOS DE AZAR: A ARMADILHA PARA A
FAMÍLIA
Tudo aquilo
que abarca investimento sem retorno garantido, descomprometido com a ética e a
moral resulta em sérios prejuízos na família. A expressão “jogos de azar”, para
os efeitos penais, é definida como sendo o jogo em que o ganho e a perda
dependem exclusiva ou principalmente da sorte. Consideram-se jogos de azar: a)
o jogo dependente de sorte; b) apostas em qualquer outra competição. O décimo
mandamento do Decálogo condena a cobiça, que é a raiz de todos os jogos de azar
(Êx 20.17).
1. A Ilusão do Ganho Fácil
A sedução
dos jogos de azar ocorre pela esperança de se obter lucro instantâneo. As
pessoas são atraídas pela ilusão de ganhar dinheiro rápido e fácil sem o
esforço do trabalho. Jogam na expectativa de tirar a sorte grande e assim
resolver problemas financeiros. Ciente dessa realidade, o Estado brasileiro é
extremamente ambicioso na exploração da jogatina. Somente de loterias
legalizadas são nove modalidades: mega-sena, loto mania, dupla sena, loto
fácil, quina, instantânea, loteria federal, loteca e lotogol. E ainda existem
as casas de bingo, os jogos eletrônicos e também os jogos ilegais como os
caça-níqueis e o jogo do bicho, entre outros. O governo e os contraventores
lucram e lucram muito. Mas os jogadores tornam-se compulsivos, endividam-se,
arruínam a família e a própria vida. Depositar a esperança na sorte é pecado e
implica não confiar na providência divina (Jr 17.5-7).
O erro de confiar nas riquezas
No capítulo 6 do Evangelho de Mateus,
no Sermão do Monte, Cristo tratou, entre outros assuntos, acerca da oração e da
ansiedade. Discorreu sobre a tendência humana de acumular tesouros na terra (Mt
6.19,20). Cristo alertou que as riquezas não são permanentes e podem
rapidamente desaparecer. As possessões terrenas podem ser destruídas por três
maneiras: a traça, a ferrugem e os ladrões. Portanto, aqueles que depositam sua
fé e esperança nos bens materiais estão sujeitos a sofrer decepções e dores
profundas, pois “o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1 Tm
6.10). Para livrar o cristão do sofrimento de tais males, o Senhor nos orienta
a ajuntar tesouros nos céus, com a seguinte observação: “Porque onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21).
O Senhor não condenou o acúmulo de
dinheiro quando usado para fins de sobrevivência e conforto necessários ao
homem e sua família. A reprimenda de Jesus se refere à confiança irrestrita nas
riquezas que arrebata os pensamentos, os esforços e as energias na busca dos
bens terrenos. Sob esse aspecto, o cristão deve depositar sua esperança na
providência divina, e não na busca desenfreada e irresponsável de dinheiro
fácil por meio dos jogos de azar. Atitude diferente dessa implica não confiar
na provisão divina, que nos alerta a não andar inquietos quanto ao que comeremos,
beberemos ou com que nos vestiremos porque “decerto, vosso Pai celestial bem
sabe que necessitais de todas estas coisas” (Mt 6.31,32).
2. Os Males dos Jogos na Família
Os jogos de
azar causam destruições irreparáveis no ambiente familiar. O jogo vicia e
escraviza a ponto de migrar todos os recursos de uma família para o pagamento
de dívidas contraídas pelo jogador. Nos jogos de azar, o benefício de um
depende completamente do prejuízo do outro e normalmente são as pessoas de
baixa renda que sustentam a jogatina. Esses jogos fomentam a preguiça, a
corrupção, a marginalidade, a agiotagem, a violência e a criminalidade. Os
jogadores compulsivos descem ao nível mais baixo para continuar alimentando o
vício da jogatina. Em muitos casos tais jogadores perdem seus empregos, o
respeito de seus amigos e até o amor de suas famílias. As Escrituras nos
advertem a zelar pela família (1 Tm 3.4,5) e não cair em armadilhas, pois “um
abismo chama outro abismo” (Sl 42.7).
Jogos
de Azar: uma contravenção penal
O ordenamento jurídico brasileiro
classifica os delitos em duas naturezas: crimes ou contravenções penais. A
primeira é tida como um delito de maior potencial (delitos contra a vida, a
liberdade, etc.); já as contravenções penais são aquelas tidas como de menor
potencial (delitos contra a paz pública, a incolumidade pública e outros). Os
jogos de azar são classificados como contravenções penais (Art. 50, Decreto-Lei
n° 3.688/1941), ou seja, quem joga, presencialmente ou online, ou ainda administra
tal serviço está sujeito às penalidades legais.
Existem dois projetos de lei que
tramitam no Congresso Nacional que visam à legalização desses jogos: o projeto
de lei n° 442/1991 (Câmara dos Deputados), que reúne 14 propostas sobre
legalização de cassinos, bingos, caça-níqueis, jogo do bicho e jogos online; e
o projeto de lei n° 186/2016 (Senado Federal), que deseja legalizar o
funcionamento de cassinos, bingos, jogo do bicho e jogos em vídeo. O perigo
dessa prática desmedida é diverso, como apresentado nos tópicos anteriores,
assim como seria impossível o Estado fiscalizar esses estabelecimentos e, sem
dúvida alguma, seria o local “adequado” para o crime organizado lavar seu
dinheiro.
Doença comportamental
Todo e qualquer tipo de vício escraviza
o ser humano, e com o viciado em jogos não é diferente. Um incontável número de
jogadores perdeu tudo o que tinha em apostas variadas; eles não perderam apenas
dinheiro, perderam a dignidade, a confiança, o respeito e até a moral. O viciado
imagina que pode recuperar o dinheiro perdido e nesse afã aposta valores cada
vez mais altos até ficar completamente falido. O viciado é capaz de inventar
todo tipo de histórias para conseguir dinheiro e continuar alimentando o seu
vício — inclusive cometer crimes. Embora o vício em jogos seja considerado uma
doença patológica, a compulsão para jogar não é ocasionada por alguma
dependência química; trata-se de uma doença comportamental. A família não pode
ficar omissa diante de um quadro de vício patológico. Admitir o problema e
procurar a orientação de profissionais especializados é indispensável para o
tratamento do vício. Ignorar ou dirimir os fatos só trará constrangimentos,
vergonha e muito sofrimento.
3. As Consequências para a Saúde
Os jogos de
azar, assim como o álcool, o cigarro e as demais drogas, causam dependência
química e psíquica. Em 1992, a OMS concluiu que jogar faz mal à saúde e incluiu
o jogo compulsivo no Código Internacional de Doenças (CID). Quando em crise de
abstinência, o jogador sofre com tremores, náuseas, depressão e graves
problemas cardíacos. Cerca de 80% dos viciados em jogos de azar relatam algum
tipo de ideação suicida como uma forma de fugir da vergonha moral e de suas
dívidas. Tal como os outros viciados, os jogadores compulsivos tendem ao
desenvolvimento de doenças psiquiátricas. Maltratar o próprio corpo é
insensatez e afronta contra a vida outorgada por Deus (1 Sm 2.6; Ef 5.29,30).
As sequelas da ludopatia
A doença denominada de ludopatia
refere-se o jogo compulsivo ou patológico, que leva uma pessoa a não poder
resistir ao impulso de jogar mais e mais, provocando graves problemas
econômicos, psicológicos e familiares. O autoflagelo, seja psíquico, seja
físico, é comumente encontrado em pessoas diagnosticadas com essa patologia. De
acordo com a Organização Mundial de Saúde, a pessoa com um quadro de ludopatia
apresenta pelo menos cinco dos sintomas a seguir: necessidade de aumentar o
risco e as apostas; ficar o tempo todo preocupada com o jogo; apresentar
irritação e nervosismo se deixar de jogar; usar o jogo para escapar de
problemas; mentir para familiares e amigos para esconder seu real envolvimento
com o jogo; tentar se controlar e parar de jogar, e não conseguir; e fazer do
jogo uma prioridade que ameaça relacionamentos, oportunidades de trabalho e
carreira. E por fim, essa patologia quase sempre está associada a outros vícios
igualmente nocivos, tais como alcoolismo, tabagismo e consumo de drogas
ilícitas.
III. VIVAMOS UMA VIDA SÓBRIA, HONESTA
E FIEL A DEUS
A vitória do
cristão contra os vícios e os jogos de azar engloba a sobriedade, honestidade e
fidelidade ao Autor da vida. A ética cristã requer dos súditos do Rei um
comportamento digno e uma vida de moderação. Não é condizente com os salvos em
Cristo a extravagância, o destempero, o desequilíbrio ou qualquer outra atitude
que possa manchar o evangelho ou denegrir o bom nome de Cristo.
1. A Bênção da Sobriedade
A expressão grega nephálios refere-se
à sobriedade em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. O dicionário indica
aquele que ao contrário de embriagado, está desperto, consciente e com
capacidade de discernir. O termo também é utilizado para identificar vida
equilibrada. Trata-se da virtude daquele que controla as paixões da carne (Gl
5.24). Desse modo, a sobriedade abrange o comportamento moderado, a mente sã, o
bom juízo e a prudência (Rm 12.3; 1 Tm 1.5; 2 Tm 1.7). A orientação bíblica é
de abstinência de toda a imundícia, inclusive a dos vícios e dos jogos de azar
(Tt 2.12).
Abstinência é a melhor solução
No que diz respeito à abstinência
total de álcool, vez ou outra se levanta uma discussão acerca do uso do vinho
no Novo Testamento. O vinho servido nas bodas em Caná da Galileia (Jo 2.9), o
vinho usado por Cristo na instituição da Ceia do Senhor (Lc 22.20) e o vinho
recomendado por Paulo a Timóteo (1 Tm 5.23). O debate refere-se às seguintes
questões: Trata-se apenas do suco natural da vide ou de suco fermentado? Não
vou entrar no mérito da discussão etimológica dos termos gregos e nem nas
probabilidades de interpretação por considerar essa demanda estúrdia e
secundária (Tt 3.9). Somente, transcrevo abaixo a posição do Comentário Bíblico
Pentecostal:
A
completa abstinência é recomendável. Uma pessoa que abstém completamente do
álcool não se embriaga nem se tornará alcoólatra. Também não faria com que um
ex-alcoólatra recaísse no pecado. É melhor prevenir do que remediar!
(ARRINGTON, 2003, p. 1478)
Aquele
que se abstém não comete excessos. Esse procedimento mantém o cristão afastado
das críticas, das ruins suspeitas e da escravidão do vício. Não é possível
conceber um cristão embriagado, expondo-se ao escárnio e zombaria dominado pelo
efeito do álcool; ou seja, a abstinência total e absoluta é o ideal para o
exercício da fé genuinamente cristã.
2. Honestidade e Fidelidade
Uma pessoa
honesta não explora o seu próximo, mas conduz seus negócios com transparência
(Sl 112.1-5). Não retira seu sustento da jogatina à custa de quem perde
dinheiro nos jogos de azar (1 Ts 4.6). O verdadeiro cristão não busca amparo na
sorte, mas provê a si e sua família por meio do trabalho honesto (Gn 3.19). A
fidelidade do cristão é com a palavra de Deus. Mesmo que alguns vícios e jogos
de azar sejam lícitos pelas leis do Estado, o salvo em Jesus não se permite
contaminar. Os ensinos e os princípios bíblicos devem pautar a vida daqueles
que são fiéis ao Senhor (Sl 119.105).
O viver moderado do cristão
A vida sóbria é sinônimo de moderação.
A honestidade denota sinceridade. A fidelidade é o compromisso do crente salvo
com Deus e sua Palavra. Os vícios e os jogos de azar, legais ou ilegais, são
práticas reprováveis e prejudiciais à sociedade. Os vícios escravizam e
destroem as vidas e as famílias. De igual modo o fazem os jogos de azar.
Portanto, o cristão deve abster-se da prática de todo e qualquer vício e
dedicar-se ao trabalho honesto para o sustento de sua casa. Cabe ao salvo
resistir ao pecado e não se deixar dominar por coisa alguma (1 Co 6.12). O
viver moderado denota equilíbrio e vida santificada. Vida santa significa
cuidar e honrar, e não macular o próprio corpo conforme nos asseveram as
Escrituras: “que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e
honra” (1 Ts 4.4).
VALORES
CRISTÃOS
Consumo
de álcool em excesso afeta
desenvolvimento
do cérebro
em adolescentes
Adulto que ingeriu muita bebida alcoólica na
adolescência pode ser mais irresponsável, pois teve afetada uma parte do corpo
que controla a impulsividade, alerta especialista
15/11/2012
- 19h38minAtualizada
em 15/11/2012 - 19h38min
Não é por
falta de motivos que a medida de reforçar a proibição de venda de
bebidas alcoólicas a adolescentes em festas de formaturas do Ensino
Médio e Fundamental é recomendável. O diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e
Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Flavio Pechansky,
observa que o cérebro humano só termina de se desenvolver por volta dos 23
anos, e o consumo exagerado de álcool durante a adolescência lesiona estrutura
e funções que serão necessárias durante a vida.
O médico explica que a substância atinge todo corpo, mas primeiro a área do cérebro responsável pela inibição, por impor limites. Um adulto que ingeriu muita bebida alcoólica na adolescência pode ser mais irresponsável, pois teve afetada durante anos uma parte do corpo que controla a impulsividade.
- O que nos parece um consumo inocente, em um ambiente aparentemente controlado e socializador para os adolescentes tem outras implicações. O adolescente não bebe como um adulto, para degustar, ele bebe pelo efeito imediato para ficar desinibido e mais corajoso. Muitos dizem que nem apreciam o gosto do álcool - afirma Pechansky.
A combinação explosiva do consumo de altíssima quantidade em um curto período proporciona ainda danos na memória, com a morte de neurônios, e a abertura para ações impensadas como se envolver em brigas e não usar proteção durante o sexo.
O médico explica que a substância atinge todo corpo, mas primeiro a área do cérebro responsável pela inibição, por impor limites. Um adulto que ingeriu muita bebida alcoólica na adolescência pode ser mais irresponsável, pois teve afetada durante anos uma parte do corpo que controla a impulsividade.
- O que nos parece um consumo inocente, em um ambiente aparentemente controlado e socializador para os adolescentes tem outras implicações. O adolescente não bebe como um adulto, para degustar, ele bebe pelo efeito imediato para ficar desinibido e mais corajoso. Muitos dizem que nem apreciam o gosto do álcool - afirma Pechansky.
A combinação explosiva do consumo de altíssima quantidade em um curto período proporciona ainda danos na memória, com a morte de neurônios, e a abertura para ações impensadas como se envolver em brigas e não usar proteção durante o sexo.
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