quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Lição 5: Paz de Deus: Antídoto contra as inimizades


                                    Definição sobre a Paz 


    Em toda a existência do homem o que ele sempre desejou e deseja é paz, tanto para a cidade como a paz interior. Na busca pela paz nas cidades, as autoridades têm feito de tudo para que ela esteja presente, isso aconteceu no tempo de César, ele até conseguiu trazer a paz para Roma, mas não a paz para a vida interior do homem.
      O mundo vive sem paz porque é habitado por pessoas que vivem dominadas pela natureza pecaminosa, essa posição é defendida por Tiago: “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” (Tg 4.1).
     A falta da paz na cidade tem origem na ausência de Deus. Paulo disse que quanto mais o homem fala em paz, mais haverá repentina destruição (lTs 5.3).
      Não é utopia, mas um mundo sem guerra, sem conflitos armados, sem brigas, com todos vivendo em tranquilidade, só será possível quando Jesus Cristo reinar e todos os seus súditos estiverem transformados. Jesus tanto trará a paz para o mundo como a paz interior, somente Ele tem autoridade para conceder paz (Jo 14.27).
      Na busca por uma definição precisa sobre a palavra paz, estudiosos e filósofos têm procurado descrevê-la de diversas formas. Na filosofia, alguns ensinaram que para a paz realmente acontecer era necessário evitar os prazeres e o aumento de bens materiais, pois quanto mais temos essas coisas, mas se avolumam as perturbações em todos os sentidos.
     Ensinaram também que caso uma pessoa deseje realmente ter paz, não deve deixar que as emoções fujam do controle, nem que outras pessoas dominem sua vida. Caso isso aconteça, ele facilmente cairá; por isso, para que não ceda a tais desejos o primordial é controlar a mente, fazer boas escolhas. Sendo assim, em relação às coisas que estão diante de seus olhos, ao seu redor, o melhor é manter-se negligente e jamais depender delas.
     Na definição filosófica, a paz desejada pelo homem só seria possível caso ele se mantivesse separado das coisas exteriores, refreasse seus desejos e se mantivesse desinteressado com o mundo que o rodeia. Note que a paz proposta pelos filósofos é sem vida e sem alegria, pois exclui o homem do próprio mundo em que vive e de seus prazeres, como se todo o problema estivesse nas coisas.
     A Bíblia sempre deu ênfase ao homem desfrutar das coisas deste mundo, posto que tudo o que Deus criou é bom e perfeito (Gn 1.31). Riqueza, poder e prazer no trabalho, todas essas coisas são bênçãos de Deus para o homem, delas ele precisa desfrutar com alegria.
     Não há poder nos objetos para conceder felicidade e paz. Jesus disse que a felicidade do homem não está na abundância de bens que alguém possui (Lc 12.15). Na obra de Humberto Rohden, O Pensamento Filosófico da Humanidade, a felicidade é retratada assim:

O estoicismo é, substancialmente, socrático, universalista; mas, diversamente dos cínicos, não pensa que a felicidade do homem consinta em não possuir nada, e sim em que não ser possuído de coisa alguma, seja de fora, seja de dentro. Pode o homem possuir externamente o que quiser, mas não deve internamente ser apegado a coisa alguma, de maneira que suas posses sejam a causa de sua felicidade, ou a falta dessas posses seja a causa de sua infelicidade. A felicidade não está naquilo que o homem possui, porém no modo como possui. (ROHDEN, s/d, p. 81)

     Jesus disse que o homem bom tira do seu tesouro coisas boas, ao contrário do homem mau, que tudo o que sai de sua vida será destruidor (Mt 12.35). Os que vivem sob o poder destruidor da natureza pecaminosa produzirão ações para a morte, mas os que desfrutam da comunhão com Cristo, tendo a paz como virtude do fruto do Espírito, produzirão um ambiente de alegria e harmonia.

A Paz na Definição Bíblica
   

      No Antigo Testamento, a paz é denominada Shalom, essa é uma saudação normalmente usada no dia a dia com a qual os judeus se cumprimentam. Na obra do pastor Billy Graham, fazendo uma definição da paz como fruto do Espírito, ele afirma que:

Paz traz a ideia de unidade, satisfação, descanso, segurança e tranquilidade. No Antigo Testamento a palavra é Shalom. Quando encontro algum amigo judeu o cumprimento com Shalom. E quando cumprimento um dos meus amigos árabes uso um termo semelhante que na língua deles significa paz, Shalom. (GRAHAM, 2009, p. 222)

     A palavra Shalom pode ser entendida como boa saúde, um bom viver, prosperidade e riqueza (Gn 43.27; Sl 38.3; Jó 15.21). Para os judeus, esse Shalom é visto como algo que faz com que a vida se torne uma vida de qualidade, eles não viam a paz apenas como uma ausência de guerras, uma vez que pessoas podem estar juntas sem que tenham harmonia, outras podem ter muitos bens, mas não desfrutam da verdadeira paz. O aspecto positivo da paz, na visão dos hebreus, é aquilo que age na produção de um bem para todos. Os judeus viam a paz como algo que contribuía para um estado permanente de felicidade, nela estava presente a bênção de Deus, de modo que o Shalom não seria uma mera saudação convencional, mas, sim, um agir divino para a promoção do bem e da felicidade daqueles que confiavam em Deus (Is 23.6). A Septuaginta carregou o mesmo significado do judaísmo, em sua forma eirene passou a ser traduzida por tranquilidade, felicidade, segurança, prosperidade, harmonia, unidade, acordo, quietude e descanso, certo que tudo isso vinha diretamente de Deus (Is 32.17; SI 4.8). 
     Quem tem a paz na vida está disposto a viver bem com todos. Vivendo na paz, Shalorn ou eirene, o homem poderá desenvolver relacionamentos saudáveis com o seu próximo, já que estaria vivendo na paz que lhe encaminharia para o bem, evitando comportamentos que prejudicasse o seu próximo. O salmista, querendo incentivar a todos a viverem bem, buscando relacionamentos estruturados, não diz primeiro: sejam unidos, pelo contrário, ele começa incentivando a todos a buscarem a paz, e que todos se empenhem por ela (SI 34.14) ainda que outros não queiram (Rm 12.18). Um homem de Deus sempre agirá buscando a paz com todos, nas páginas do Antigo Testamento os homens de Deus sempre procuraram promover a paz com o seu próximo (Js 9.15), eles agiam dessa maneira porque estavam em paz com Deus (Is 54.10; Jr 29.11). 
      Ter a paz na vida é algo muito singular, pois, ainda que os servos de Deus enfrentem problemas, lutas, desavenças e contrariedades, essa paz concede um bem-estar para a alma, para o corpo e uma serenidade grandiosa, e os conduzem a procurar viver harmoniosamente com o seu semelhante.

A Paz no Novo Testamento


      Nas saudações do apóstolo Paulo o eirene, isto é, paz, sempre estava presente; em Romanos 1.7 ele diz: “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.7).
     Cháris humin kaí eiréne (Graça a voz e paz). Pelas palavras finais de Paulo, percebemos que as pessoas às quais ele falava eram gentios convertidos, que agora estavam separados, ou seja, separados para viverem os ideais divinos, vivendo em Roma com cristãos verdadeiros, cheios da graça e paz, que pode soar como uma saudação pessoal, contudo ela vai muito mais além, indica a ação salvadora de Deus em suas vidas. Esses cristãos poderiam impactar Roma com o poder do Evangelho que estava em suas vidas. Em muitos outros textos Paulo fazia uso de eiréne como uma saudação (ICo 1.3; Gl 1.3; Fp 1.2; lTs 1.1; lTm 1.2), deixando claro aos irmãos que eles poderiam estar sempre bem, porque tinham recebido tudo o que precisavam para serem felizes. Paulo entendia que essa paz maravilhosa vinha de Deus por meio da fé (Rm 15.13), e levava os crentes a crer no gozo divino.              Vivendo na paz que vinha por meio da fé em Deus o cristão poderia praticar o bem para com todos os homens (Rm 2.10), isso porque ele desejaria estar em total e absoluta obediência, pois é do Senhor que vem a tranquilidade para a vida. O homem não pode criar sua paz, Paulo esclarece que a paz vem de Deus,por isso está acima da mente humana (Fp 4.7). Paulo sempre falou da importância da paz na vida do crente, e algo importante quando lemos João 14.27 é que Jesus poderia ter provido a paz na terra, pois em seus dias a falta de paz era grande, mas Ele desejou conceder aos seus filhos a sua paz. 
       Os discípulos de Jesus Cristo tinham muitos problemas, inclusive medo; cremos que o que eles mais desejariam ouvir do seu Mestre eram as seguintes palavras: “Eu os farei prosperar, darei boas condições de vida a todos, os melhores cargos e empregos”, mas, não foi bem assim, antes de morrer dos seus lábios saíram as palavras mais maravilhosas: 
   
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. (Jo 14.27)

    Essa paz presente no coração dos discípulos acalmou seus medos, suas desesperanças, seus anelos e suas ansiedades, eles procuraram viver certos de que o eiréne divino lhes conduziria a todo tipo de bem. 
    Quem vive na paz de Deus sempre batalha para que tudo concorra para o bem, Paulo disse que um crente que tem a paz na vida não intenciona criar dificuldade, mas procura desenvolver relacionamentos harmoniosos porque sabe que o desígnio de Deus é: que todos vivam em paz (1 Co 7.15). 
     Um casal cristão, que tem a paz de Deus, no momento em que surgir um conflito não pensará logo no divórcio nem em separação, como os dois tem ciência de que Deus os chamou para paz, seu alvo primordial é procurar desenvolvê-la. É triste dizer, mas em muitos lares cristãos as brigas e contendas são constantes, criando um ambiente de infelicidade, porque a verdadeira paz está ausente.
      Jesus morreu na cruz para promover paz no nosso interior e com o próximo (Ef 2.14-17). Paulo diz que Jesus derribou a parede de separação. No meu livro Cartas da Prisão, tratando sobre esse assunto, escrevo:

A palavra parede no grego é mesótoichon, muro. Note que essa palavra é composta, mésos fala de meio, ou no meio (Jo 19.18), isso como adjetivo, como substantivo fica o meio (Mc 7.31), no caso neutro funciona como um advérbio, nesse caso é usado como preposição com genitivo: no meio (Mt 14.24; Fp 2.15). Paulos está falando do muro que separava o pátio dos gentios e o dos judeus no Templo, nessa parede tinha um escrito que advertia aos gentios sob certas penalidades, inclusive a morte, se eles se atrevessem a entrar no lugar dos judeus. Essa inimizade o Senhor Jesus Cristo desfez, tudo isso foi feito por meio da cruz de Cristo, por meio dela todos têm acesso a Deus. (GOMES, 2015, p. 50)

    A paz que Deus dá aos crentes faz com que os relacionamentos sejam sólidos na igreja (Ef 4.2), observe que a paz que recebemos divinamente não está limitada apenas ao nosso interior, como um rio ela se alastra atingindo outras pessoas. E impossível um crente ter a paz de Deus e estar criando confusão, contendas e brigas na igreja, isso porque a paz de Deus é seu árbitro, é ela que decide tudo (Cl 3.15). 
     Quando a paz de Deus está no coração de cada membro da igreja, as decisões, atitudes, projetos, nada é feito baseado na buscada autopromoção, nem governado pelo espírito de louvor pessoal, pois quem decide tudo é a paz de Deus que age como um ser soberano, um juiz que dirime.
     O cristão que tem a paz sente-se responsabilizado em promovê-la com todas as pessoas (Hb 12.14), anelando que os relacionamentos sejam bem construídos, não cedendo aos desejos carnais na intenção de promover dissidência. Quem tem paz com Deus busca promover o que é bom, pois já foi justificado (Rm 5.1), o cristão é consciente que por meio de Jesus foi restabelecida sua paz com Deus (Cl 1.20), como então ele poderá trabalhar para desfazer essa paz?Na paz de Deus o nosso relacionamento é tanto vertical como horizontal, podemos nos voltar para o nosso Senhor em qualquer lugar e a qualquer momento, e chamá-lo de Pai, como fez seu Filho Jesus Cristo (Rm 8.15).

A Paz como Virtude Fruto do Espírito


   Acima descrevemos um tipo de paz que o homem não pode produzir, porque depende exclusivamente de Deus para tê-la e desenvolvê-la (Jo 14.27; 16.33). O restabelecimento da paz entre Deus e o homem, conforme já falamos, foi feita por Jesus, que concedeu restauração ao homem, o que é chamado de paz com Deus (Rm 5.1). O cristão tem tranquilidade na alma, firmeza, alegria e paz, porque por intermédio da cruz tudo isso foi conquistado (Cl 1.20).
      Matthew Henry em seu Comentário Bíblico do Novo Testamento, Atos a Apocalipse, falando sobre a paz como virtude do Espírito diz:
[...] Depois vem a paz com Deus e com a própria consciência, ou seja, uma harmonia pacífica de temperamento e comportamento em relação aos outros. (HENRY, 2012 p. 568).
    A paz como virtude do fruto do Espírito age no crente concedendo-lhe tranquilidade em meio ao desespero, tempestade, tumultos e agitação. A paz que reina em nosso coração é denominada de Paz de Deus, a qual vem precedida pela Paz com Deus.


Entendendo a Inimizade no Antigo e no Novo Testamento


     A inimizade nasce no momento em que o homem peca contra Deus no Éden, e logo se dará escatologicamente uma oposição ferrenha entre o homem e Jesus (Gn 3.15). A inimizade não é apenas um sentimento de ódio contra alguém, e sim contra tudo aquilo que é bom e perfeito. 
     A definição de inimizade descreve um sentido de oposição que se dá entre o bem e o mal e, biblicamente falando, os que são aliciados pelo mauconstituem-se inimigos de Deus (Tg 4.4). 
    Pela formação da palavra inimigo logo se pode perceber seu grande aspecto negativo, do latim a palavra inimigo é inimicu, o in aponta para não, amicus quer dizer amigo, depreende-se então que, inimigo quer dizer não amigo, alguém adverso, contrário e hostil. 
     Frente ao conceito descrito acima, podemos dizer que a inimizade se processa no campo da rivalidade, ressentimento, ideias e ações maléficas para com o próximo. No hebraico existem algumas palavras que são usadas para descrever um inimigo, a primeira é ar, descreve um inimigo que está acordado (1 Sm 28.16), como adversário aparece a palavra tsar (Gn 14.20) e o inimigo que odeia é chamado de sane (Êx 1.10). No grego, a palavra para inimigo é echtbrós. 
     Na palavra inimigo ou inimizade está expresso o ódio que alguém dominado pela obra da carne pratica. A Bíblia está repleta de exemplos de inimigos; Israel, o povo escolhido de Deus, sempre enfrentou grandes inimigos (Sl 6.10; Is 1.24), e a Palavra declara que todos os que são dominados por essa obra da carne sempre causam grandes males. 
      A inimizade é dominada pelo ódio e seu objetivo é prejudicar. Está relatado em Gênesis 4.5-8 que o primeiro homicídio na terra foi por causa da inimizade, por isso esse sentimento sempre foi combatido por Deus. Moisés escreveu para os israelitas afirmando que eles deveriam amar a todos, quer fosse judeu ou não (Lv 19.34), em o Novo Testamento o amor será ainda mais destacado, visto que o Espírito Santo estaria em cada crente produzindo as melhores virtudes do Espírito.
     Os que vivem na prática da inimizade, inclusive contra o povo de Deus, serão punidos (Lm 2.4; SI 97.1,3), essa castigo seria feito ou baseado segundo a lei da semeadura (Ex 21.24). O bom para todos nós é procurar sempre desenvolver boas amizades, jamais manifestando sentimento de ódio contra quem quer que seja, especialmente para com os que vivem em comunhão com o Senhor, pois os que os atacam estão atacando o próprio Deus.
      Deus falou para Abraão que iria abençoar os que lhe abençoassem, mas iria amaldiçoar todos quantos o amaldiçoassem (Gn 12.3), nesse caso se entende que quem se opusesse a um escolhido do Senhor estaria combatendo contra Ele mesmo, ou sendo seu inimigo (Ex 23.22).
      Nas páginas do Novo Testamento de modo diáfano, o termo inimigo, do grego echtbrós, pode ser entendido de diversas formas, em destaque podemos dizer que se trata de inimigos pessoais e contra os cristãos (Rm 12.19-21; G1 4.16). Também é dito que aqueles que fazem oposição aos servos do Senhor estão tentando combater contra Ele (At 13.10; Rm 5.10), e o grande inimigo dos que servem a Deus é Satanás; ele usa as pessoas para disseminarem o ódio de modo hostil, procurando de todas as formas acabar com todos (Mt 13.30; IPe 5.8). 
     Uma coisa interessante, no que diz respeito à inimizade no Antigo Testamento, é que Israel fora ensinado a odiar os seus inimigos, e incentivado a amar o seu próximo, que se trata dos seus conterrâneos e estrangeiros, mas quanto aos seus inimigos declarados, os quais sempre os estavam cercando, ele deveria odiar.
     
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicanos também omesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus. (Mt 5.43-48).

     Esse tipo de amor que era ensinado por Jesus está contrapondo-se ao costume judaico, como também o manual de disciplina do Kumran, que dizia: “Amar todos o que Ele escolheu, e odiar a todos o que Ele rejeitou”. Jesus fala da importância de se amar o inimigo, veja que Ele coloca o amor agápe em destaque, esse amor busca atingir o coração do inimigo, daquele que está dominado pelo ódio, então, é dever do cristão lutar para libertar o inimigo que está dominado pelo ódio. Esse amor é desenvolvido por meio de ações maravilhosas e atitudes de um verdadeiro servo de Deus. 
    O amor do servo de Deus deve ser expansivo, ou seja, não se direciona apenas a pessoas perfeitas, ou àquelas pessoas que têm notoriedade; antes, o amor do cristão deve ser como o amor do Pai, que abrange a todos indistintamente, é nesse particular que devemos ser perfeitos como Deus. Nós não somos perfeitos como Deus, pois o próprio Senhor Jesus fala nesse texto que devemos sempre ter sede pela justiça, uma prova de que não somos justos na íntegra. Precisamos sempre ser sedentos nas coisas espirituais.Podemos entender que os inimigos que Israel deveria odiar seriam aqueles que vivessem na prática do pecado, isso pode ser comprovado pelas seguintes passagens bíblicas (Dt 20.16-18; SI 26; 31.6), pois não podemos imaginar um Deus que ensina a amar e ao mesmo tempo manda odiar. Jesus ensinou que nós devemos amar ao próximo, ou seja, não deve haver em nossas atitudes qualquer artifício de ódio contra o nosso semelhante, porque esse princípio era também um mandamento (Mc 12.30,31).


O Comportamento do Cristão para com o Inimigo


    O comportamento do cristão fora da esfera congregacional é uma prova clara da ação do Espírito Santo de Deus em sua vida, além disso, um testemunho vivo para o mundo de que nossa vida é dirigida pelo Espírito Santo. O cristão deve manifestar um amor sincero e sem hipocrisia, deve sempre aborrecer o mal e apegar-se ao bem, deve ter um amor fraternal, deve ser incandescente, isto é, fervoroso de espírito e deve sempre servir ao Senhor. 
    O cristão precisa alegrar-se sempre na esperança diante de tudo aquilo que Deus lhe tem feito e prometido, sempre viver em oração e suportar as provações, deve ser hospitaleiro e suprir as necessidades dos outros, e manifestar uma atitude de abençoar os outros e orar pelos que os perseguem sempre; manifestar alegria para com os que estão alegres e ser complacente com os que estão tristes. 
    Quando um crente demonstra alegria para com aqueles que estão alegres, é sinal de que ele já tem domínio próprio e muita maturidade. 
     A harmonia deve ser um marco na vida dos cristãos, ela faz com que a competição egoística não se nomeie no meio deles, não há busca por coisas grandiosas, antes a simplicidade os domina, sendo assim não são convencidos e acomodam-se as coisas simples. 
     Os cristãos não podem pagar o mal com o mal, a sua preocupação é com aquilo que é moral e bom perante todos, viver em paz com todos é a meta de cada cristão. O crente também não vive procurando vingança, antes confia na providência de Deus em tudo. 
      O cristão deve ter um comportamento totalmente diferente diante dos seus inimigos. Quando os seus inimigos se encontrarem em dificuldades, o cristão deve tratá-los bem, assim estarão amontoando braças sobre suas cabeças; diante dessa delicadeza eles ficarão envergonhados (Rm 12.19-21). Nessa competição o cristão nunca deve perder para o mal, mas com o bem ele deve vencer a tudo e a todos. 
      Podemos dizer que o comportamento do crente diante de seus inimigos não é resultado de um esforço próprio, mas procede da comunhão que se tem com o Espírito Santo, pois é Ele quem faz com que os bons frutos apareçam (G1 5.22). Quando o crente, por meio de suas ações, manifesta um amor sincero para com o seu inimigo, é sinal de que de fato o fruto do Espírito está em sua vida e que realmente tem o caráter de Cristo, que pediu perdão por aqueles que o crucificaram (Lc 23.34). Teologicamente, podemos dizer que Deus quer que tenhamos paz com Ele, pois a inimizade que nos distanciava dEle foi desfeita por meio de Cristo Jesus (Rm 5.10), assim, reconciliados pelo evangelho, tendo o Espírito Santo na vida, podemos agora manifestar esse amor para com os nossos piores inimigos (Cl 1.23).














           Nenhum texto alternativo automático disponível.     Comentário Mattew Henry do Novo Testamento

Se formos cuidadosos para agirmos sob a direção e o poder do ESPÍRITO bendito, apesar de não sermos liberados dos estímulos e da oposição da natureza corrupta que resta em nós, esta não teria domínio sobre nós. Os crentes estão metidos num conflito em que desejam sinceramente essa graça que possa alcançar a vitória plena e rápida. Os que desejam entregar-se à direção do ESPÍRITO SANTO não estão sob a lei como aliança de obras, nem expostos a sua espantosa maldição. Seu ódio pelo pecado, e sua busca da santidade, mostram que tem uma parte na salvação do Evangelho.
As obras da carne são muitas e manifestas. Estes pecados excluirão do céu aos homens, todavia, quanta gente que se diz cristã vive assim e dizem que esperam ir para o céu!
Enumeram-se as qualidades do fruto do ESPÍRITO, ou da natureza renovada, que devemos manifestar em nosso caráter. E assim como o apóstolo tinha mencionado principalmente as obras da carne, não somente daninhas para os mesmos homens, senão que tendem a fazê-los mutuamente nocivos, assim aqui o apóstolo nota principalmente as qualidades do fruto do ESPÍRITO, que tendem a fazer mutuamente agradáveis aos cristãos, assim como a torná-los felizes. As qualidades do fruto do ESPÍRITO e seus resultados na vida cristã mostram evidentemente que eles são conduzidos pelo ESPÍRITO.

A descrição das obras da carne e do fruto do ESPÍRITO e suas qualidades nos diz que devemos evitar e resistir, e que devemos desejar e cultivar; e este é o afã e empresa sinceros de todos os cristãos reais. O pecado não reina agora em seus corpos mortais, de modo que lhe obedeçam (Rm 6.12), mas eles procuram destruí-lo. CRISTO nunca reconhecerá os que se rendem para serem servos do pecado. E não basta com que cessemos de fazer o mal, senão que devemos aprender a fazer o bem. Nossa conversação sempre deverá corresponder ao princípio que nos guia e nos governa (Rm 8.5).

Obra da Carne e o Fruto do ESPÍRITO - William Barclay
PAZ  - eirene ειρηνη - Lê-se Êremê - Paz

O Melhor da Vida
Havia poucas coisas que o mundo antigo desejava mais do que a paz. A busca pela paz era universal. O alvo de todas as filosofias antigas era ataraxia, a serenidade, a tranquilidade, a mente quieta. César talvez pudesse produzir um mundo em paz, mas o anelo dos homens era um coração em paz, uma paz não proclamada por César, mas por DEUS (Epiteto: Discursos 2.13.12). Nesta busca pela paz, há certas ideias que voltam sempre a ocorrer.

(a) A paz somente pode vir com a eliminação do desejo.
“ Se quiser tornar Pitocles feliz,” disse Epicuro, “não aumente os seus bens, mas diminua os seus desejos.
” Nada que se possa dar ao homem pode lhe trazer a paz. Deve-se retirar-lhe os desejos humanos instintivos que fazem da vida uma frustração e um campo de batalha.

(b) A paz somente pode vir com a morte da emoção. O homem deve tornar-se apathès, livre da emoção. Se permitir que outra pessoa controle o seu coração, ou que qualquer pessoa possua as chaves do mais intimo do seu ser, então a paz será perdida para sempre. Conforme diz Glover, os pensadores fizeram da vida um deserto, e chamavam-no de paz.

(c) A paz vem da aquisição da indiferença. Nesta vida tudo pode ser incluído entre duas classes. Há as coisas que estão dentro do controle de um homem, e as coisas que não estão. A única coisa que esta dentro do controle de um homem e sua mente, sua escolha moral, a atitude que adotara para com a vida e as circunstâncias. Diante de todas as coisas externas e de tudo quanto possa ser afetado por forças e circunstâncias fora do seu controle, o homem deve conservar indiferença total. A solicitude para com qualquer pessoa ou objeto deve ser estrangulada antes de nascer, conforme ensinavam os estoicos.

(d) A paz vem de uma total independência autossuficiente, da autarkeia.
O homem nunca deve tornar-se, em sentido algum, dependente de qualquer coisa fora de si mesmo. Sua vida deve ser totalmente autossuficiente, defendida pela resolução de que não se importará com nada.

Estas eram as ideias básicas da paz: “a ausência da dor física e da preocupação na mente,” conforme a definição de Epicuro. Fica bem claro que estes filósofos antigos viam a paz em termos de imparcialidade, auto isolamento e resistência contra a vida. A única coisa proibida era o envolvimento na situação humana externa. E fica bem claro que há uma diferença enorme entre isto, o modo de vida neo-testamentário e o ideal cristão.
Examinemos, então, a ideia neo-testamentária de paz. A palavra paz entrou no Novo Testamento com uma historia grandiosa. E a tradução da palavra hebraica shalôm. É verdade que shalõm significa paz, e como paz é traduzida na maior parte das referências em nossas Bíblias, embora existam outras possibilidades tais como: (BV): saúde (sal 38), .3bem-estar (como vai ele?) (Gn 43.27), prosperidade (riquezas e fama) (Jó 15.21). Shalõm realmente significa tudo quanto contribui para o bem do homem, tudo que faz com que a vida seja verdadeiramente vida. Entre nós, paz passa a ter um significado um pouco negativo. Tende a significar a ausência de guerra e de problemas. Por exemplo, se numa batalha, as hostilidades propriamente ditas chegassem ao fim, sem haver mais lutas, provavelmente diríamos que houve paz; mas bem certamente o hebreu não chamaria de paz uma situação onde há terras queimadas, e onde as pessoas ainda se olham com um tipo de suspeita aterrorizada. No pensamento hebraico a paz é algo muito mais positivo; e tudo quanto contribui para o sumo bem dos homens. A saudação salaam não expressa simplesmente o desejo negativo de que a vida da pessoa fique livre de problemas; expressa a esperança e a oração positivas de que ela possa desfrutar de todas as boas dádivas e bênçãos da mão de DEUS. Ao pensar no significado de paz, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, é essencial ter em mente o significado positivo da palavra.
Examinemos brevemente, então, a palavra eirènè conforme é usada na LXX.
i. Descreve a serenidade, a tranquilidade, o perfeito contentamento da vida totalmente feliz e segura. O caminho da retidão será a paz, e o efeito da retidão será a quietude e segurança para sempre (Is 32.17). O salmista deitar-se-á em paz e dormirá, porque é DEUS quem o faz repousar seguro (sal 4.8). Jeremias contrasta a terra da paz com a floresta do Jordão (Jr 12.5).
Esta palavra “paz” traz a calma e a serenidade da vida da qual o medo e a ansiedade foram banidos para sempre.
ii. Eirènè (Lê-se Êremê) é a palavra para descrever a perfeição dos relacionamentos.

(a) E a palavra da amizade humana. Os amigos de um homem são literalmente, em hebraico, “os amigos da minha paz” (Jr 20.10, ARA: “ íntimos amigos;” Jr 38.22, ARA: “bons amigos” ). A condenação que Isaias
faz dos homens maus e injustos é que não conheceram o caminho da paz. Têm sido destruidores de relacionamentos pessoais. Procura a paz, diz o salmista, e empenha-te por alcançá-la (sal 34.14). Faça tudo para endireitar o relacionamento com o seu próximo.

(b) É a palavra do relacionamento certo entre uma nação e outra, como, por exemplo, quando Josué faz a paz com os homens de Gibão (Js 9.15).

(c) É a palavra do relacionamento certo entre o homem e DEUS. Entre DEUS e os Seus, há uma aliança da paz, o que torna certo que será mais fácil serem removidas as montanhas e as colinas do que a misericórdia de DEUS afastar-se dos homens (Is 54.10). Jeremias declara que DEUS tem pensamentos de paz para com os homens (Jr 29.11).
É fácil ver quão importante é a palavra “paz.” É muito mais do que um estado negativo onde os problemas cessaram temporariamente. Descreve a saúde do corpo, o bem-estar e a segurança, a perfeita serenidade
e tranquilidade, uma vida e um estado em que o homem tem um relacionamento perfeito com o seu próximo e com o seu DEUS. Verdadeiramente, “paz” é uma palavra que entra no vocabulário do NT trazendo consigo aspectos de glória.

No NT a palavra paz, eirènè, ocorre oitenta e oito vezes, e em todos os livros. O NT é o livro da paz.
A ocorrência mais comum acha-se nas saudações. A saudação normal numa carta do NT é: “Graça a vós outros e paz” (Rm 1.7; 1 Co 1.3; 2 Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Fp 1.2; 1 Ts 1.1; 2 Ts 1.2; Fm 3; cf. 1 Tm 1.2; 2 Tm 1.2; Tt 1.4; 1 Pe 1.2; 2 Pe 1.2; 2 Jo 3; Ap 1.4). é uma saudação especialmente significativa. Graça é charis; charis é o substantivo de chairein que é o inicio normal de uma carta pagã. É usualmente traduzido: “Saudações!” , e pode significar, conforme já vimos: “A alegria seja contigo!” Paz é eirènè, e é a saudação normal e comum numa carta judaica. É como se os escritores cristãos tomassem e juntassem as saudações pagãs e judaicas e dissessem: “Em JESUS CRISTO realizou-se tudo quanto judeus e gentios já sonharam e desejaram para si mesmos e para os outros. Em JESUS CRISTO existe, para judeus e gentios, hebreus e gregos, tudo para o sumo bem dos homens.” Todas as bênçãos reúnem-se no bem-estar perfeito oferecido em JESUS CRISTO. No NT, paz tem certas origens: A paz provém da fé. A oração de Paulo pelos cristãos em Roma é que o DEUS da esperança os enchesse com todo o gozo e paz no seu crer (Rm 15.13). A paz provém da certeza da sabedoria, do amor e do poder de DEUS. A paz provém de apostar sua vida na fé de que aquilo que JESUS disse a respeito de DEUS é verídico.
A paz provém da fé que se aplicou à atuação. Há glória e honra e paz para todos quantos praticam o bem, para o judeu e o grego igualmente (Rm 2.10). A paz provém da obediência que se fundamenta na total confiança em DEUS. A vida cristã tem em primeiro plano a atividade intensa, e, como pano de fundo, uma passividade sábia em que o cristão descansa em DEUS.

A paz provém de DEUS. Paulo fala da paz de DEUS que excede todo o entendimento (Fp 4.7). Com toda a probabilidade, isto não quer dizer tanto que a paz de DEUS ultrapassa o poder da compreensão da mente
humana, mas que a paz de DEUS ultrapassa a capacidade de planejar da mente humana. A paz é muito mais uma coisa que DEUS dá, do que algo que o homem cria.
A paz é o dom de JESUS CRISTO. Quando o CRISTO ressurreto voltou para Seu próprio povo, Sua saudação foi: “Paz seja convosco” (Jo 20.19, 21, 26).
Mesmo assim, JESUS também deixou Sua ultima vontade e testamento:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14.27). Em ultima analise a paz não é algo que o homem alcança — é algo que ele aceita.
No NT, a paz tem significado que é mais frequente do que qualquer outro, e foi transmitido pelo pensamento e uso judaicos. A paz é o relacionamento certo em todas as esferas da vida.

(a) A paz é o relacionamento certo dentro do lar. Em 1 Co 7.12-16.
Paulo trata de um problema que fora levantado pela igreja de Corinto. Havia um partido dentro da igreja de Corinto que acreditava que, se um cônjuge num casamento se tornasse cristão e o outro permanecesse pagão, o cônjuge cristão deveria deixar o outro, rompendo e terminando, assim, o casamento. Paulo dá conselhos enfáticos contra tal comportamento. O dever do cônjuge cristão não é abandonar o cônjuge pagão, mas levá-lo a JESUS CRISTO. Passa, então, a citar a razão: “DEUS vos tem chamado a paz” (1 Co 7.15). Esta palavra “paz” descreve a união indissolúvel do relacionamento que existe entre o marido e a esposa dentro do lar.

(b) A paz e o novo relacionamento entre os judeus e os gentios. JESUS, disse Paulo, é a nossa paz, porque de dois povos fez um, e derrubou o muro de hostilidade que estava no meio. Criou nEle mesmo um novo homem para tomar o lugar dos dois, fazendo a paz por este modo (Ef 2.14-17).
Há um quadro duplo aqui. O Templo em Jerusalém consistia de uma serie de átrios em ordem crescente de santidade e separação. O átrio mais externo era o Átrio dos Gentios onde qualquer homem de qualquer nação podia entrar. Havia, depois, o Átrio das Mulheres, além do qual as mulheres não podiam penetrar a não ser que fosse para fazer algum sacrifício estipulado. Mais para dentro ainda, havia o Átrio dos Israelitas, além do qual não podia penetrar qualquer leigo. O átrio mais interior era o Átrio dos Sacerdotes, na extremidade do qual havia o Templo propriamente dito e o SANTO Lugar, e onde ficam os altares. Entre o Átrio dos Gentios e o Átrio das Mulheres havia um cercado bem baixo chamado o cel.; e encaixada nele, em intervalos, havia uma inscrição: “Nenhuma pessoa de outra raça deve entrar no cercado e plataforma em volta do Lugar SANTO.
Quem for encontrado agindo assim será responsável pela sua própria morte, que se seguirá.” Havia, bem literalmente, um muro de divisão entre os judeus e os gentios, uma separação total. Aquele muro foi edificado pelos judeus, mas do lado dos gentios havia uma parede invisível de ódio, suspeita e antissemitismo que excluía o judeu. Com a vinda de JESUS, a parede de separação foi derrubada; a diferença radical foi apagada. Nas orações matutinas judaicas havia uma expressão de ações de graças da parte do homem judeu, em que agradecia a DEUS por não ter nascido gentio, escravo ou mulher. Mas a grande declaração de Paulo é que em CRISTO não há nem judeu, nem grego, nem escravo, nem liberto, nem homem, nem mulher (Gl 3.28). Em JESUS CRISTO as barreiras estão derrubadas, e só nEle pode ser estabelecido o relacionamento certo entre uma nação e outra, e entre uma raça e outra.

(c) A paz descreve o novo relacionamento que deve existir dentro da Igreja. Na Igreja, os cristãos devem manter a unidade do ESPÍRITO no vinculo da paz (Ef 4.3). Em Colossenses, Paulo usa uma metáfora: “Seja a paz de CRISTO o arbitro em vossos corações” (Cl 3.15). A palavra “arbitro” é proveniente dos jogos esportivos, referindo-se ao arbitro que dá suas decisões. Dentro da Igreja a paz de DEUS deve ser o arbitro de todas as decisões dentro do nosso coração.
As decisões não devem ser governadas pela ambição pessoal, desejo de prestigio, amargura ou espirito implacável; devem, sim, ser governadas pela paz de DEUS; devem ser feitas num relacionamento pessoal com os homens que é possibilitado exclusivamente por um relacionamento com DEUS.

(d) A paz descreve o relacionamento cristão entre um homem e outro.
É dever de cada cristão esforçar-se por criar e manter esse relacionamento. O cristão deve esforçar-se em prol da paz com todos os homens (Hb 12.14). O cristão deve labutar para ser achado em paz por CRISTO, ou seja, num relacionamento certo com seu próximo (2 Pe 3.14). A condenação dos maus é que não conheceram o caminho da paz (Rm 3.17). Há aqui uma promessa e uma advertência subentendidas. Ninguém pode fazer uma obra mais cristã do que estabelecer o relacionamento certo entre os homens. E DEUS certamente não considerara inocente o homem que perturba os relacionamentos pessoais dentro da Igreja. O pacificador está fazendo a obra de DEUS; o provocador de contendas está fazendo a obra do diabo.

(e) A paz descreve o novo relacionamento entre o homem e DEUS. Temos paz com DEUS porque, mediante a obra de JESUS CRISTO, entramos num relacionamento certo com Ele (Rm 5.1). JESUS fez a paz, ou seja:estabeleceu um relacionamento certo, entre DEUS e o homem, pelo sangue da Sua cruz (Cl 1.20). Através da obra de JESUS CRISTO, o medo, a alienação, o terror e a distância já não existem e temos intimidade com DEUS. Bem pode ser dito que o novo relacionamento é resumido na nova palavra pela qual podemos, mediante JESUS, dirigir-nos a DEUS. O próprio JESUS chamava DEUS de Abba (Mac 14.36), e mediante o ESPÍRITO nos é possivel usar a mesma palavra (Rm 8.15). Abba, na Palestina antiga, como yába ainda o é entre os árabes hoje, era a palavra com a qual uma criancinha dirigia-se ao pai no circulo familiar. Uma tradução em nossa língua pareceria grotesca, pois o significado é “papai.” Que infinita diferença esta no clamor aterrorizado de Manoá, dizendo para a esposa: “Certamente morreremos, porque vimos a DEUS” (Jz 13.22).
A paz e o relacionamento completamente novo que JESUS CRISTO possibilitou entre o homem e DEUS. Fica claro que esta paz tem um valor infinito; e sabemos que alcançá-lá não é uma tarefa fácil humanamente falando. Já dissemos que ela é o dom de DEUS, porque no NT Ele é chamado de o DEUS da paz pelo menos seis vezes (Rm 15.33; 16.20; Fp 4.9; 2 Co 13.11; 1 Ts 5.23; Hb 13.20,21).
Mas, embora todas as dádivas de DEUS sejam feitas gratuitamente, há também um sentido em que não são oferecidas de graça. Devem ser intensamente desejadas e buscadas com grande esforço. Destarte, o NT usa três grandes palavras para a parte do homem na busca desta paz. Devemos buscar a paz e persegui-la (“empenhe-se por alcançá-la” — ARA) (1 Pe 3.11).
Devemos ser zelosos para sermos achados por ele em paz (2 Pe 3.14).
A palavra traduzida por buscar é zêtein, e significa fazer da paz o objeto de todos os nossos esforços. A palavra traduzida por perseguir é diõkein, que significa perseguir ate alcançar, como um caçador faria. A
palavra traduzida por ser zeloso é spoudazein que significa procurar uma coisa com entusiasmo ardente. A paz que consiste em relacionamentos certos não se obtém de modo fácil ou automático, mas quando a desejamos de todo o coração e a buscamos com toda a nossa mente, usando todas as nossas faculdades para achá-la e mantê-la, DEUS abre a Sua mão e a dá abundantemente.

INIMIZADE - Obra da Carne eo Fruto do ESPÍRITO-William Barclay
echthra - εχθρα - Lê-se Festrá - Inimizade
B, ARC, ARA, Mar.: Inimizades; BJ, P, BV: ódio; BLH; as pessoas ficam inimigas; M: brigas. Outras traduções de outras ocorrências da palavra:
RSV: hostil ou hostilidade (Rm 8.7; Ef 2.14, 16). M: inimizade tradicional entre famílias (Ef 2.16); W: inimizade mutua (Ef 2.16); P. elementos conflitantes (Ef 2.14).
Não é necessário gastar muito tempo discutindo o significado de echthra; echthros é a palavra grega normal para um inimigo, e echthra, para a inimizade.
No próprio NT, ocorre somente em duas outras passagens. Em Rm 8.7
Paulo escreve que a mente que se fixa na carne é hostil a DEUS, ou, conforme diz NEB: “O ponto de vista da natureza inferior é inimizade contra DEUS.” Em Ef 2.14,16 é usada para a parede divisória de hostilidade que faz separação entre o judeu e o gentio até que ambos se tornem um só em JESUS CRISTO.
No mundo antigo havia três tipos de inimizade, e estas continuam sendo reproduzidas na vida humana.
i. Havia inimizade entre uma classe e outra dentro da mesma cidade do mesmo pais. Platão disse que em cada cidade havia uma guerra civil entre os que possuem e os que não possuem. Pode haver em qualquer
comunidade uma guerra de classes que as pessoas de disposição maligna podem facilmente fomentar visando atingir seus propósitos pessoais maldosos.

ii. Havia a inimizade entre os gregos e os bárbaros. Esta, disse Platão, era uma guerra que não conhecia fim; e Sócrates implorava que Homero nunca fosse omitido do currículo educacional do jovem grego, porque
Homero demonstra a separação eterna entre o grego e o bárbaro. Para os gregos, havia num sentido literal uma diferença entre os gregos e os bárbaros. “Havia,” escreve T. R. Glover, “alguma diferença natural entre os gregos e os bárbaros. Não se podia ir contra a Natureza; e a Natureza planejara dois tipos distintos do homem — o grego e o não-grego — e a diferença era fundamental” (T. R. Glover: Springs of Hellas, pag. 32).
Deve ser notado quão essencialmente arrogante era esta distinção grega. Como, perguntava insistentemente Ctesias, o historiador antigo, homens que só sabiam latir chegariam a governar o mundo? Ora, este teste do idioma grego relegava nações altamente civilizadas, tais como o Egito, a Fenicia, a Pérsia, a Lídia tão próspera, a categoria de barbaras.  Aristóteles pensava que o próprio clima do mundo mantinha esta diferença.
Aqueles que habitavam no norte, nos países frios, tinham bastante coragem e ânimo, mas pouca perícia e inteligência; aqueles que habitavam no sul, na Ásia Menor, conforme o nome que agora damos a região, tinham bastante perícia, inteligência e cultura, mas pouco ânimo ou coragem.  Somente os gregos viviam num clima projetado pela Natureza para produzir o caráter perfeitamente equilibrado e harmonizado (Aristóteles: Política 7.7.2). Para os gregos, estes “bárbaros” eram por natureza escravos, e era perfeitamente correto para um grego superior reduzi-los a escravidão, comprá-los e vendê-los. Esta atitude para com o não-grego ressaltava-se vividamente num adjetivo que Plutarco aplica a Heródoto, o historiador antigo. Heródoto tinha uma curiosidade insaciável, e poderíamos dizer que era de alcance mundial. Para eles, grandes façanhas permaneciam grandes façanhas, quer realizadas por um grego, quer não. Era, conforme J. L. Myers escreve a respeito dele em The Oxford Clássica Dictiomry: “ isento do preconceito e intolerância raciais”. E o resultado é que Plutarco rotula-o com a palavra Philo bárbaros, amigo dos bárbaros, como se a palavra fosse uma condenação (Plutarco: De Mal. Her. 857 A).
É de relevância que dois dos lugares onde ocorre a palavra echthra (Ef 2.14, 16) referem-se ao relacionamento no mundo antigo entre judeus e gentios. Havia realmente uma parede de hostilidade, uma inimizade
tradicional antiga, entre judeus e gentios. Era uma ojeriza que existia em ambas as partes. Os romanos podiam falar da religião judaica como sendo superstição bárbara (Cicero: Pro Flacco 28), e do povo judaico como o mais vil dos povos (Tácito. Histórias 5.8). Na mesma passagem, Tácito diz a respeito dos judeus que tem uma lealdade inabalável uns aos outros, mas um ódio hostil a todos os demais homens. Diodoro Siculo repete o ditado de que os judeus supõem que todos os judeus sejam inimigos (31.1.1.3). Apiao declarou que os judeus juraram pelo DEUS do céu, da terra e do mar que nunca demonstrariam boa vontade a qualquer homem de outra nação, e especialmente que nunca fariam isso com os gregos (Joseio: Contra Apião 1.34; 2.10). Por outro lado, os judeus consideravam os gentios impuros. Casar-se com um gentio era o mesmo que ter morrido. Nos seus momentos mais amargos, os judeus podiam considerar os gentios como animais imundos, odiados por DEUS, e destinados a serem combustível para o fogo do inferno. O antissemitismo não e nenhum fenômeno novo, e a exclusividade judaica faz parte da essência do judaísmo. A cortina de ferro do preconceito racial e da amargura inter-racial Nilo e coisa nova. O espirito que produz os motins raciais é a segregação das cores e tão antigo quanto a civilização — e desde o seu inicio e condenado pela ética e fé cristãs.

iii. Há a inimizade entre um homem e outro. Neste caso, é mais simples definir echthra em termos do seu antônimo. Echthra é o antônimo exato de agapê. Agapê, amor, a suprema virtude cristã, é a atitude mental que nunca permitira sentir amargura para com homem algum, e que nunca buscara outra coisa senão o sumo bem dos outros, independentemente de qual seja a atitude dos outros para com ela .Echthra é a atitude da mente e do coração que coloca as barreiras e que tira a espada; agapê é a atitude do coração e da mente que alarga o circulo, que estende irmão da amizade e que abre os braços do amor. A primeira é uma obra da carne; a outra e qualidade do fruto do ESPÍRITO.

PAZ - Dicionário Teológico
- [Do hb. shalom;do gr. eirene; do lat. pacem] Nas Escrituras, paz não significa apenas ausência de guerras, ou de, conflitos. De acordo com os profetas e apóstolos, é a serenidade que o ESPÍRITO SANTO nos infunde no coração mediante a fé que depositamos na providência divina (Is 26.3; Fp 4.7).
Como qualidade do fruto do ESPÍRITO, a paz é a profunda quietude do coração firmada na convicção de que DEUS está no comando de todas as coisas (GL 5.22,23).
Num tempo de necessidade e insegurança, esta foi a oração de um homem que vivia a paz como qualidade do fruto do ESPÍRITO: “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se multiplicaram o seu trigo e o seu vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança” (SL 4.7,8).

PAZ - Dicionário Portugues
s. f. 1. Estado de um país que não está em guerra; tranqüilidade pública. 2. Repouso, silêncio. 3. Tranqüilidade da alma. 4. União, concórdia nas famílias. 5. Sossego. — Paz-de-alma: pessoa inofensiva, pacífica.


Paz - Comentário Bíblico Wesleyano
A coroa de tudo. É a qualidade da mente para o qual os homens lutam, sangram e morrem e ainda que escapa milhões. É mais do que perdoar a si mesmo e viver consigo mesmo. É um sentimento de relação harmoniosa com a de mais significativo ambiente de DEUS, o céu, a justiça, a verdade, e os homens de boa vontade. Não é tanto o ajuste de circunstâncias externas como a realidades internas e finais. Ela respira a calma durante a tempestade e dá uma âncora para a alma. É uma fonte de força e coragem, esperança e confiança. Mas, também, não é uma conquista. É um resultado de uma relação que produz um hábito da mente.

inimizades são violações de amor em sentimento ou em ato.

Paz .Comentário Bíblico - John Macarthur - NT (Tradução M4ycqn)
Se a alegria fala da alegria de coração que vem de estar bem com DEUS, então a paz ( eirēnē ) refere-se a tranquilidade de espírito que vem da relação de poupança. O verbo tem a ver com a ligação em conjunto e se reflete na expressão moderna "ter tudo juntos ou em comum" Tudo está no lugar e como deveria estar.Assim como a alegria, a paz não tem nenhuma relação com as circunstâncias. Os cristãos sabem que "DEUS faz com que todas as coisas contribuam juntamente para o bem daqueles que amam a DEUS, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rom. 8:28). Porque DEUS está no controle de todos os aspectos da vida de um crente, como suas circunstâncias podem aparecer a partir de uma perspectiva humana, não faz diferença final. É por isso que JESUS pode dizer sem qualificação para aqueles que confiam nEle: "Não se turbe o vosso coração" (João 14:1). Não há absolutamente nenhuma razão para que um crente seja ansioso ou viva com medo.JESUS é o Príncipe da Paz, tanto no sentido de que Ele é extremamente pacífico em Si mesmo e no sentido de que Ele outorga Sua paz para aqueles que são Dele. Mesmo quando enfrentou Satanás face-a-face no deserto, JESUS teve perfeita paz, sabendo que seu Pai celestial estava continuamente com Ele e supriria todas as suas necessidades (Mt 4: 1-11.). É a Sua própria paz que Ele lega a seus discípulos: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." (João 14:27)."As coisas que você aprendeu e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, praticai essas coisas", disse Paulo; "E o DEUS de paz estará convosco" (Fp 4: 9.). Porque eles têm o DEUS da paz em seus corações, os crentes não precisam "estar ansioso por nada", tendo "a paz de DEUS, que excede todo o entendimento, [para] guarda [seus] corações e [suas] mentes em CRISTO JESUS" ( v. 6-7).

Inimizades está no plural e se refere a atitudes de ódio, que resultam em conflitos entre indivíduos, incluindo os conflitos amargos. Atitudes erradas invariavelmente trazem ações erradas.

Paz - Coleção Comentários Expositivos Hagnos - Hernandes Dias Lopes
A palavra grega eirene, traduzida por “paz”, refere-se fundamentalmente à paz com DEUS. Era usada para descrever a tranquilidade e a serenidade que goza um país sob um governo justo. Significa não apenas ausência de problemas, mas, sobretudo, a consciência de que nossa vida está nas mãos de DEUS.
Virtudes ligadas ao nosso relacionamento com o próximo. “... longanimidade, benignidade, bondade...” (Gl 5.22b). Essas três virtudes estão conectadas com a nossa relação com o próximo: longanimidade é paciência para com aqueles que nos irritam ou perseguem, benignidade é uma questão de disposição, e bondade refere-se a palavras em Gálatas 5.22, tinham tudo em comum, estavam em comum acordo.
Inimizades.
A palavra grega exthrai, traduzida por “inimizades”, significa hostilidade, animosidade. Trata-se daquele sentimento hostil nutrido por longo tempo, que se enraiza no coração. A ideia é a de um homem que se caracteriza pela hostilidade para com seu semelhante. É o oposto do amor.

Paz - Comentário Biblico Moody
É o dom de CRISTO (Jo. 14:27) e inclui uma reação interior (Fp. 4:6) e relacionamento harmonioso com os outros (contraste com Gl. 5:15,20)
inimizades - é algo latente, passando pelas porfias, que é algo operante (indicando neste caso disputas devidas ao egoísmo), pelas dissensões (antes, divisões)
Tradução do hebraico “SHALOM”, que não significa apenas ausência de guerra, inimizade e brigas, mas inclui também tranqüilidade, segurança, saúde, prosperidade e bem-estar material e espiritual para todos (Sl 29.11; Jo 20.21).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Paz de Deus, antídoto contra as inimizades
O ser humano busca a paz. Todos desejam viver em paz. Sem paz a vida é difícil, angustiosa, frustrada, amargurada, traumática, violenta, impossível. A paz é uma espécie de direito natural. Em tese, todo ser humano nasceu com o direito de viver em paz. Entretanto, a paz é concomitantemente interrompida, obstaculizada e impedida pelos homens. Quem não se lembra do longo conflito entre judeus e mulçumanos?! E entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte?!
Atualmente, o conflito mais aterrador do mundo é a guerra civil na Síria. O Estado Islâmico tem dizimado famílias inteiras, religiões minoritárias e inimigos políticos, que segundo ele, não merecem viver. O conflito é tão intenso que um fenômeno na região tem chamado a atenção: o surgimento da Brigada Babilônia, uma milícia cristã armada de combate ao terror do Estado Islâmico. Aqui não é o fórum adequado para se discutir as implicações éticas desse fenômeno, mas é uma simples descrição de um fato que remonta as consequências da ausência da paz.
Entretanto, por detrás de um conflito bélico de grandes proporções, está um coração humano impaciente, angustiado e revoltado a ponto de explodir. Nosso Senhor disse que é do coração que “procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt 15.19). Logo, não é só em proporções mundiais que a ausência da paz está presente. Mas principalmente em proporções micros. Aqui, seu efeito é danoso, terrível. A ausência da paz na família é trágica. Na igreja local, desvia a motivação espiritual e nos torna carnais. No relacionamento com o colega, alimenta as rixas e as rivalidades. E uma tragédia humana! Na maioria das vezes, a busca pelo entendimento se torna ineficaz. Assim, acordos são desrespeitados e rompidos.
Todavia, a paz que a Bíblia se refere (do grego eirenè) é a que excede todo entendimento. E a paz que vem de Deus, que naturalmente não se refere a alguma suspensão frágil ou promessa superficial de trégua. Ela não depende dos acordos ou dos acontecimentos impostos pela “legislação ética” do sistema mundano contemporâneo. Essa paz depende única e exclusivamente de Deus, e para vivê-la não dependemos do estado externo das coisas que estão ao nosso redor. Filipenses 4.7 mostra que essa paz guardará o nosso coração e nosso sentimento. E isso que o Espírito Santo quer fazer na vida de nossos alunos. Boa aula!





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