quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Lição 2 - O Propósito do Fruto do Espírito




                    O Propósito do Fruto do      

                                         Espírito Santo

   E

ntender bem o propósito do Espírito Santo de Deus em nossa vida é algo muito importante, pois se isso não for feito corremos o risco de beirarmos a diversos extremos, como aconteceu com a Igreja de Corinto, que valorizava mais os dons espirituais do que as virtudes do fruto do Espírito Santo.
        Historicamente, sabemos que na promoção de muitos avivamentos alguns começaram a dar mais ênfase aos dons do que as virtudes, todavia, se cada cristão realmente seguir a Palavra de Deus, com certeza terá equilíbrio nesse ponto.

A Essência do Fruto do Espírito
       Ao entrarmos em contato com Gálatas 5, falando a respeito do Fruto do Espírito, podemos logo dizer que o singular é usado tão somente pelo fato de todas as virtudes virem do Espírito Santo.
         O propósito do Fruto do Espírito Santo é produzir no crente frutos, não obras, nem apenas qualidades morais. O Espírito trabalha na vida do cristão desejando que ele tenha qualidade de vida espiritual. As virtudes vêm do Espírito, com isso é possível entender que essa qualidade de vida espiritual não parte do próprio crente e não é resultado de seus meros esforços, antes essa produtividade acontece por causa da nova natureza que foi implantada no seu ser, de modo que agora o cristão sempre andará em novidade de vida (Rm 6.4; Ef 3.19). A qualidade de vida produzida pelo Espírito tem um nível que nenhum homem neste mundo pode conceder, que nenhuma Universidade ou Faculdade pode oferecer, antes tudo vem de cima, do alto (Tg 1.17). No momento em que o Espírito Santo passa a habitar no coração do crente, a colheita acontece de modo abundante.
        O pastor Raimundo de Oliveira, em sua obra As Grandes Doutrinas da Bíblia, ao fazer uma definição lacônica sobre o fruto do Espírito, afirma que:
Numa análise do fruto do Espírito, apontando o amor como o aspecto exaltado do mesmo fruto, escreve o Dr. Boyd: Gozo é o amor obedecendo. Paz é o amor repousando. Longanimidade é o amor sofrendo. Benignidade é o amor mostrando compaixão. Bondade é o amor agindo. Fé é o amor confiando. Mansidão é o amor suportando. Temperança é o amor controlando. (OLIVEIRA, 1987, p. 140)
 Essas virtudes dão uma qualidade de vida que não pode vir do nosso ambiente, da nossa cultura, nem podem ser produzidos por nós mesmo, antes é algo que vem do Espírito Santo de Deus. Nossa vida espiritual só tem qualidade quando na verdade é dominada pelo fruto do Espírito.

O Fruto do Espírito em Contraste com as Obras da Carne
        Em se tratando do homem natural, veja o que Paulo diz:
Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. (1 Co 2.14)
A imagem pode conter: texto        O homem natural tem bondade no seu ser e pode produzir coisas boas, as quais podemos denominar de obras. As obras estão no nível da carne, algumas podem ser boas e outras más. Paulo usa a expressão obras para denotar os esforços dos homens na realização de algo dependente de seus esforços. A qualidade de vida exposta por aqueles que seguem o princípio natural não permanece para sempre, é momentânea, isso porque nada vem de cima, mas nasce do próprio homem. Ao contrário do cristão, existe algo transcendental em sua vida, seus atos são dominados pelo amor, de modo que o que o crente realiza é devido àquilo que o Espírito Santo implantou no seu ser.
          O cristão vive sua vida espiritual dominada pelo Espírito Santo de Deus, a lei que age no seu interior é a do amor, por isso tem capacidade de cumprir com as exigências divinas.
         Na expressão latina: “Fructus utem Spiritusest...” (Mas o fruto do Espírito é...), a palavra fruto fala de proveito, rendimento, lucro, gozo e delícias. No grego veja que a palavra fruto está no nominativo, isso quer dizer que é o sujeito da frase, e o mais interessante é o artigo genitivo: “Karpòs toû Pnéumatòsestín...” O karpós pode ser entendido de modo literal como fruto (Mt 12.33), e também como resultado, ato e produto (Mt 7.16; Gl 5.22; Ef 5.9).
         A origem do fruto produzido pelo cristão vem diretamente do Espírito Santo de Deus. O homem por si mesmo não tem como produzir o fruto descrito em Gálatas, antes, por meio de uma ação divina é que esse princípio maravilhoso se torna abundante em sua vida.

A Vida Controlada pelo Espírito
          Vivendo no Espírito o cristão expressa uma nova vida, posto que o princípio da antiga lei já foi eliminado, agora o que lhe domina é a nova lei do Espírito (Rm 8.2). O importante de ser controlado pelo Espírito é porque Ele não é um código de lei para o crente, transformando-o em um legalista, porém as virtudes que se desenvolvem em sua vida vêm pela vida do Espírito.
         Uma pessoa pode fazer o bem para alguém devido a um código ou uma lei; outros podem andar juntos apenas por questão de conveniência, mas quanto ao verdadeiro cristão, mascarar as coisas é impossível, pois no seu interior está implantada a nova lei do Espírito.
        A vida no Espírito concede ao crente não somente transformação em suas ações, contudo pelo seu viver ele é capaz de conduzir outros a desejarem o que ele tem em sua vida (2Co 3.18). Jesus disse que devemos brilhar neste mundo como luz.
       O que torna os discípulos diferentes é o poder do ensino de Cristo em suas vidas, e também sua vocação espiritual (Ef 4.1), desse modo eles podem ser facilmente identificáveis. O sal torna-se diferente por causa do poder que impõe no meio dos alimentos.
        O cristão é tão diferente no mundo, assim como o sal é diferente entre os demais alimentos. Sabemos que o sal tem um poder antisséptico, deste modo, quando posto nas carnes ou alimentos, ele os preserva dos microorganismos. Os discípulos de Cristo são purificadores morais em um mundo de baixa moral.
           O cristão deve ter uma vida disciplinada e virtuosa que transmita qualidade moral, caso isso não ocorra poderá perder seu poder e a sua influência. O seu falar deve ser temperado com sal, para que os outros possam sempre querer ouvi-lo (Cl 4.6).
          Um cristão que não tem salinidade em sua vida só serve para ser jogado fora e pisado pelos homens. Lucas diz que é até perca de tempo colocar sal sem qualquer poder em um campo, pois desse modo o que se gastará é energia (Lc 14.35).
          O verdadeiro servo de Cristo procura viver o evangelho na prática e expressar uma vida de testemunho vivo, autêntico, resplandecendo como luz no mundo (Fp 2.15). O brilhar do cristão é resultado da sua comunhão com a luz maior, Jesus, porém, para brilhar nos lugares escuros, essa luz precisa estar em lugares estratégicos, sem qualquer interferência. Uma cidade sobre um monte é vista com maior facilidade por causa de sua posição de destaque. Jesus diz que é inapropriado colocar uma candeia debaixo da cama, logo ela serviria como um barril, mas a luz deve ser colocada no velador, pois somente assim brilhará de modo adequado.
          O cristão deve fazer de tudo para que sua luz seja sentida no mundo (Pv 4.18; Fp 2.15; Ef 5.1), pois agindo dessa forma o mundo perceberá a presença da Verdadeira Luz em sua vida. Ao procurar um meio para exercer sua influência, o cristão não busca sua autoglorificação, mas seu desejo é que todos possam ver as bênçãos recebidas por meio de Cristo Jesus.
         O brilhar dessa luz pode ser expresso por meio de serviço e atos generosos que procurem em tudo honrar aquEle que lhe concedeu o brilho espiritual (1Pe 2.12; Jo 15.8; 1Co 14.25).
          Uma coisa interessante no texto em relação à palavra fruto, Paulo fez questão de usá-la não apenas para contrastar com a palavra carne, antes, ele queria expor um aspecto pedagógico, pois obras não geram obras, mas fruto gera frutos; quer dizer, gera virtudes.  Vemos, então, a dinâmica do Espírito Santo na vida do crente, seu trabalho é levá-lo a produzir o que Deus implantou em seu ser, isto é, corresponder ao que é divino, ao próprio Cristo.
        Em comunhão com o Espírito Santo o cristão não produz um estilo de vida legalista, nem procura impor princípios morais à força, nem vive apenas falando de ética, antes, ele produzirá uma qualidade de vida que está acima de qualquer lei moral ou ética. Por vezes o crente ora, lê a Bíblia, participa de congressos e reuniões, tudo isso é importante, mas se a sua comunhão não brotar do Espírito Santo, tudo será em vão.
        Dirigido pelo Espírito o cristão é obediente, submisso, tem desejo de orar, ler a Bíblia e frequentar a Casa de Deus. A sua vida torna-se frutífera em todos os aspectos, porque ele não está tentando ter uma vida de qualidade apenas por sua força mental e moral, mas a transformação real em sua vida é por meio do Espírito, de modo que essa qualidade é visível, como disse o salmista, sempre dando fruto na estação própria (Sl 1.3). Quando o cristão é dirigido pelo Espírito está participando da natureza de Deus (Rm 3.21), por isso deseja expressar no seu viver prático as qualidades desse Ser Supremo (Mt 5.48). O Espírito implanta o seu fruto, que é a expressão do caráter de Deus, para que todos nós sejamos como Jesus Cristo.

O Espírito Santo e o Caráter do Crente
Na teologia organizada por Stanley M. Horton, segundo as palavras de David Lim, em se tratando do fruto do Espírito Santo, ele é bem direto em afirmar categoricamente que tem relação com crescimento e caráter. Observe:
Qual é o relacionamento entre os dons e o fruto do Espírito? O fruto tem a ver com o crescimento e o caráter; o modo de vida é o teste fundamental da autenticidade. O fruto em Gálatas 5.22,23, consiste nas “nove graças que perfazem o fruto do Espírito — o modo de vida dos que são revestidos pelo poder do Espírito Santo que neles habita”. Jesus disse: “Por seus frutos os conhecereis”. (Mt 7.16-20; [...] Lc 6.43-45) (HORTON, 1996, p. 488)
           A palavra caráter fala das qualidades inerentes de uma pessoa, essas qualidades determinam a conduta e a concepção moral. O fruto do Espírito, na vida do crente, trabalha para que o caráter de Cristo seja real, ou melhor, Ele deseja que a santidade que há em Deus brilhe em nosso ser.
        Na terra o cristão precisa viver procurando expressar o caráter de Cristo, alcançando o nível de sua espiritualidade (Hb 4.13). Podemos admirar o caráter de muita gente neste mundo, mas para termos o caráter de Jesus Cristo precisamos ter um viver dominado pelo Espírito Santo, pois Ele produzirá em nós a qualidade de vida que Deus deseja. Ao usar a palavra fruto, o apóstolo Paulo está evidenciando o caráter que Deus espera de seus filhos, na distinção entre fruto e dons é importante saber que nem todos os crentes terão os mesmos dons, mas em relação ao fruto do Espírito Santo, todos os crentes precisam ter.
        Ligados com o Espírito Santo de Deus todos os crentes são como uma grande árvore que produz o mesmo fruto. Os cristãos só podem ser como Jesus Cristo, mediante ao fruto do Espírito, quando Ele nos enche e nos domina, então, as virtudes cristãs aparecem (Cl 3.5,12).
        Podemos dizer que o Espírito Santo é o vigia da vida do crente. Ele passa a nos controlar de tal modo que não deixa entrar em nossa vida aquilo que contraria a vontade de Deus e age também para que não entre aquilo que não satisfaz a Deus.
        Quem não vive dominado pelo Espírito Santo não pode crescer, visto que ainda está dominado pelos desejos pecaminosos, os quais produzem um estilo de vida baixo, comprometido e que foge dos padrões divinos. A produtividade na vida do crente e a formação do seu caráter vêm quando o Espírito Santo habita, o qual nos leva a ter prazer na Palavra de Deus e nos concede uma vida maravilhosa (Sl 1.3; Jo 15.4,5).
        
  Certa vez, Jesus deixou claro que o relacionamento com Ele é o que leva à produtividade espiritual acontecer, daí a importância de o cristão desejar sempre permanecer em Cristo. Com os dons posso até fazer coisas grandiosas, mas sem estar ligado em Cristo, fora de Cristo e sem o fruto do Espírito, não tem como o homem ser como Jesus Cristo é.
         Uma vida nova e brilhante só é possível para quem está em Cristo (2Co 5.17), Ele coloca em nós o seu Espírito, que faz com que seus frutos apareçam, desse modo expressamos um estilo de vida que lhe agrada. Existem muitas árvores no meio dos salvos que precisam do machado divino, conforme falou João Batista.
        Árvores boas não podem ser cortadas, pois serão reconhecidas pelos frutos que produzem (Mt 7.20). Não há como se cometer injustiça para com um crente que tem qualidade de vida, que se manifesta pelo Fruto do Espírito, antes eles devem ser bem cuidados, pois já estão limpos pela Palavra (Jo 15.3).
       Em relação ao nosso caráter, o Espírito Santo de Deus trabalha para que essa transformação seja constante (2 Co 3.18), se deixarmos que o Espírito plante em nós o seu fruto, então, o caráter de Cristo irá aparecer (Gl 5.22,23).
        Pelo nosso simples esforço podemos alcançar um caráter básico, isso de modo bem lento, mas quando deixamos que o Espírito Santo atue em nossa vida, a verdadeira transformação acontece. Precisamos entender que, mesmo o Espírito Santo habitando em nossa vida, a transformação do nosso caráter é paulatina, não de maneira abrupta.
         No meio cristão percebe-se que no momento da conversão alguns crentes logo se tornam fortes e destemidos, mas outros vão lentamente caminhando em sua fé e no seu desenvolvimento espiritual. Para com estes, Paulo disse que os que são bem estruturados devem ajudá-los.
         Existem irmãos que se convertem a Cristo de todo coração, mas ainda existem coisas em sua vida que o Espírito Santo precisa mudar, especialmente no seu caráter, é bom lembrar de que essa atividade não é nossa, os líderes podem ensinar a Palavra, mas a transformação só quem pode fazer é Jesus.
        Pedro andava com Jesus, e pelo texto bíblico sabemos um pouco do seu caráter, em sua negação afirmando que não conhecia Jesus, ele até jurou. E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem. (Mt 26.72).
        Observe que a palavra grega órkos fala de um juramento que é feito com promessa (Mt 5.33), Pedro queria se fechar para proteger sua vida e não a comprometer em nada. Jesus disse que quando ele realmente se convertesse, então poderia apascentar suas ovelhas (Lc 22.32). Jesus não desprezou Pedro por sua fraqueza e mentira, mas procurou conduzir-lhe pela vereda da verdade, confrontando-o, sabendo que um dia esse homem iria avançar em sua vida espiritual. Como espirituais que somos, devemos dar tempo para que as pessoas sejam transformadas e possam desenvolver o caráter de Cristo (Hb 12.14; 1Pe 4.6).

As Obras da Carne e o Fruto do Espiríto
Jamais devemos nos esquecer de uma coisa: a formação do caráter de uma pessoa leva tempo, e Jesus esperou isso em muitos dos seus discípulos, amando-os até o fim (Jo 13.1). Jamais devemos nos afastar de alguém do nosso meio por alguma falha em seu caráter, antes, é primordial que primeiramente tratemos de dar tempo ao tempo, essa postura só adota quem tem o amor como fruto do Espírito em sua vida. Para que o caráter do cristão possa estar em desenvolvimento, ele precisa estar constantemente lendo e meditando na Palavra de Deus, pois ela dirá o que é melhor para sua vida; desenvolver o hábito de orar sempre (Lc 18.1), pois por meio da oração é que se tem comunhão com Deus; e expressar o amor, que é a grande prova da espiritualidade (1 Jo 4.7).

Testemunhando as Virtudes do Reino de Deus
        Pedro faz uma distinção importante de como os cristãos são chamados no mundo, e como são vistos pela visão divina. Na visão do mundo, os cristãos são apenas estrangeiros e peregrinos. A palavra peregrino no grego é paraikos, significa uma pessoa que é tratada como estrangeiro, que não tem direito de cidadania e que vive na terra temporariamente. A palavra forasteiro do grego é parepidemos, que é uma pessoa que vem de outra região para viver com os nativos, seria na verdade um refugiado.
         No aspecto espiritual, o povo de Deus é visto da seguinte maneira:
        a) Raça eleita. A palavra raça em grego é génos, fala de parentes, pessoas de várias naturezas que são agregadas e passam a ser uma família. A palavra eleita, elektós fala de escolhidos, separados, escolhidos por Deus para obter a salvação;
        b) Sacerdócio real. Hierateuma fala de um ofício de sacerdote, uma ordem, um corpo; real em grego é basileio, majestoso;
       c) Nação Santa. Ethnos, multidão que vive em conjunto, da mesma natureza, família. Santa. Hagios fala algo muito santo;
       d) Povo de propriedade de Deus. A palavra povo do grego é laós e significa tribo, nação, pessoas que são da mesma origem e língua. Na expressão “exclusiva”, temos a preposição grega eis que significa: dentro, em direção a, para.
       Então entenda o seguinte: o cristão neste mundo é apenas um forasteiro, um peregrino, pois sua cidadania é celestial, ele pertence a outro mundo e tem outro Dono, por isso o seu estilo de vida é diferente, suas metas e seus planos são totalmente distintos dos habitantes deste mundo. Essa é a razão de o cristão não aceitar os modelos impostos pela sociedade deste século, pois tal já segue o modelo da Pedra Principal, por isso foge das paixões carnais e tem um viver exemplar entre os pagãos.
       Todo cristão deve viver de modo exemplar por saber que a sua salvação custou um alto preço, sendo assim não pode se deixar dominar pelas tribulações, mas deve manter-se firme, uma vez que todos foram escolhidos por Deus por intermédio de Cristo para um propósito específico: ser propriedade exclusiva de Deus que o cristão procure desenvolver uma vida de total submissão, tanto para com as autoridades estatais como também com os senhores, isto é, os patrões.
          A submissão do crente às autoridades é uma prova de que no seu coração o orgulho e a anarquia não têm mais força. Sujeição, no grego, é hipotasso, um termo militar que fala do agrupamento, ajuntamento de tropa, que se organiza sob o comando de um líder, mas fora do contexto militar. Fala de cooperar, assumir responsabilidade voluntariamente e é nesse sentido que o crente faz uso dessa palavra.
        Todas as pessoas que não são dominadas pelo sentimento cristão, seja ela quem for, sempre manifesta o desejo de dominar e não de ser dominado, todavia, quando o cristão vive para Deus, procura viver em sujeição, isso para que o Senhor seja glorificado, como já dizia o apóstolo Paulo: fazei tudo para glória de Deus (1 Co 10. 31).
       O cristão age de modo que seja um exemplo para os pagãos, a fim de que o evangelho não seja motivo de escândalo, nem para que a sua vida seja como sal sem sabor, como luz fora do velador, ou debaixo da cama, antes é uma luz no lugar certo para glória de Deus.
       O procedimento sincero de um cristão nesse mundo reflete a sua íntima vida de comunhão com Deus, ou seja, o fruto do Espírito é manifesto pelo seu bom procedimento em sujeição total ao Espírito Santo de Deus (Gl 5.22). Pedro diz que tem de anunciar as virtudes daquEle que o chamou das trevas para a luz.
        A palavra virtude, no grego, é areté, fala de se expressar uma vida de excelência moral, é a manifestação do poder divino (Fp 4.8), quer dizer também a capacidade por meio da qual alguém se sobressai, quer seja pelo caráter, inteligência, poder, bondade ou valor. Quando o cristão se apresenta de modo insubordinado, desrespeitando as leis, as autoridades, é sinal de que ele não tem uma vida dominada pelo Espírito Santo, a Bíblia mostra que Daniel e seus companheiros nunca desrespeitaram as auto ridades de sua época, preferiram morrer na presença de  Deus do que dar uma resposta de desrespeito a Nabucodonosor (Dn 3.16). Daniel preferiu orar a Deus em seu quarto a fazer motim e revoltas contra o rei, ele confiava plenamente em Deus e na sua vida de fidelidade com Deus (Dn 6.10).
         Só mesmo um cristão transformado pode entender tudo isso e viver como Deus deseja, é isso o que Paulo fala em uma de suas cartas (Rm 13.1,2). A vida com Cristo destrona do coração do cristão o orgulho, a prepotência, a autossuficiência, o espírito de superioridade e suas próprias ideias, pois a humildade passa a ser um marco de destaque em sua vida, porque ele sabe quem realmente habita em seu ser (Gl. 2. 20).
          O Espírito Santo de Deus testemunhou sobre a Pessoa de Jesus Cristo (Jo 14.26; 15.26), Ele ainda continua, mas João diz que o Espírito Santo continua testemunhando ao coração do homem pecador, dando ênfase à obra realizada por Cristo no calvário e falando do valor das Escrituras.
          Vivendo no Espírito, o cristão procura testemunhar as virtudes do Reino de Deus por meio de uma vida exemplar, visto que agora é salvo e esta em um relacionamento íntimo com o Pai, desse relacionamento é que vem o fruto do Espírito.

1 Ὑµεῖςἐστετὸἅλαςτῆςγῆς (Vós sois o salda terra. Hálas    é neutro, é usado como         um símbolo de tempero moral,  sabedoria e personalidade na fala. A forma clássica está na septuaginta Mc 9.50). µωρανθῇ, quer       dizer desagradável, tedioso, estulto, tolo, néscio, imbecil. οὕτως λαµψάτωτὸφῶ ςὑµῶνἔµπροσθεντῶνἀνθρώπων: Assim, resplandeça esplendidamente a luz, que tem o sentido de verdade, pureza espiritual, razão,      mente  e  entendimento (Mt 6.23; Lc 11.35). O advérbio émprosthen, quer dizer, adiante, de, por diante. Perante os homens é que devemos brilhar.


                                                                  
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NOTAS : Conhecendo as doutrinas da bíblia - Myer Pearlman

3. Espírito regenerador.

Consideraremos as seguintes verdades relativas ao Espírito regenerador. Sua presença é registrada no Antigo Testamento, porém não é acentuada; seu derramamento é descrito, principalmente como uma bênção futura, em conexão com a vinda do Messias; e mostra características distintas.

(a) Operativo mas não acentuado. O Espírito Santo no Antigo Testamento é descrito como associado à transformação da natureza humana. Em Isa. 63:10,11 faz-se referência ao êxodo e à vida no deserto. Quando o profeta diz que Israel contristou o seu santo Espírito, ou quando se diz que deu seu "bom Espírito" para os instruir (Nee. 9:20), refere-se ao Espírito como quem inspira a bondade. (Vide Sal. 143:10.) Davi reconhecia o Espírito como presente em toda a parte, aquele que esquadrinha os caminhos dos homens, e revela, à luz de Deus, os esconderijos mais escuros de suas vidas. Depois de cometer seu grande pecado, Davi orou para que o Espírito Santo de Deus, a Presença santificadora de Deus, aquele Espírito que influencia o caráter, não lhe fosse tirado (Sal. 51:11). Esse aspecto, porém, da obra do Espírito não é acentuado no Antigo Testamento. O nome Espírito Santo ocorre somente três vezes no Antigo Testamento, mas oitenta e seis no Novo, sugerindo que no Antigo Testamento a ênfase está sobre operações dinâmicas do Espírito, enquanto no Novo Testamento a ênfase está sobre o seu poder santificador.

(b) Sua concessão representa uma bênção futura. O derramamento geral do Espírito como fonte de santidade é mencionado como acontecimento do futuro, uma das bênçãos do prometido reino de Deus. Em Israel o Espírito de Deus era dado a certos lideres escolhidos, e indubitavelmente quando havia verdadeira piedade, tal se devia à obra do seu Espírito. Mas em geral, a massa do povo inclinava-se para o paganismo e para a iniqüidade. Embora de tempos em tempos fossem reavivados pelo ministério de profetas e reis piedosos, era evidente que a nação era má de coração e que era necessário um derramamento geral do Espírito para que voltassem a Deus. Tal derramamento foi predito pelos profetas, que falaram que o Espírito Santo seria derramado sobre o povo numa medida sem precedentes. Jeová purificaria os corações do povo, poria seu Espírito dentro deles, e escreveria a sua lei em seu interior. (Ezeq. 36:25-29; Jer. 31:34.) Nesses dias o Espírito seria derramado com poder sobre toda a carne (Joel 2:28), isto é, sobre toda a classe e condição de homens, sem distinção de idade, sexo e posição. A oração de Moisés de que "todo o povo do Senhor fosse profeta" seria então cumprida (Num. 11:29). Como resultado, muitos seriam convertidos, porque "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Joel 2:32). A característica que distinguia o povo de Deus sob a velha dispensação era a possessão e revelação da lei de Deus; a característica que distingue seu povo sob a nova dispensação é a escrita da lei e a morada do Espírito em seus corações.

(c) Em conexão com a vinda do Messias, o grande derramamento do Espírito Santo teria por ponto culminante a Pessoa do Messias-Rei, sobre o qual o Espírito de Jeová repousaria permanentemente na qualidade de Espírito de sabedoria e entendimento, de conhecimento e temor santo, conselho e poder. Ele seria o Profeta perfeito que proclamaria as Boas-Novas de libertação, de cura divina, de consolo e de gozo. Qual é a conexão entre esses dois grandes eventos proféticos? Será a vinda do Ungido e a efusão universal do Espírito Santo? João Batista respondeu quando interrogado: "Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem apos mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo." Em outras palavras, o Messias é o Doador do Espírito Santo. Foi isso que o assinalou como o Messias ou o Fundador do Reino de Deus. A grande bênção da nova época seria o derramamento do Espírito e foi o mais elevado privilégio do Messias, o de conceder o Espírito. Durante seu ministério terrestre Cristo falou do Espírito como o melhor dom do Pai (Luc. 11:13); ele convidou os sedentos espiritualmente a virem beber, oferecendo-lhes abundante abastecimento da água da vida; em seus discursos de despedida prometeu enviar o Consolador a seus discípulos. Notem especialmente a conexão do dom com a obra redentora de Cristo. A concessão do Espírito está associada com a partida de Cristo (João 16:7) e sua glorificação (João 7:39), o que implica sua morte (João 12: 23, 24; 13:31, 33; Luc.24:49). Paulo claramente declara essa conexão em Gál. 3:13,14; 4:4-6 e Efés. 1:3, 7:13, 14.

(d) Exibindo características especiais. Talvez este seja o lugar de inquirir acerca do significado da declaração: "porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado". João certamente não queria dizer que nos tempos do Antigo Testamento ninguém haja experimentado manifestações do Espírito; todo judeu sabia que as poderosas obras dos dirigentes de Israel e as mensagens dos profetas eram provenientes das operações do Espírito de Deus. Evidentemente ele se refere a certos aspectos da obra do Espírito que não eram conhecidos nas dispensações anteriores. Quais são, então, as características distintas da obra do Espírito na presente dispensasão?
1) O Espírito ainda não havia sido dado como o Espírito do Cristo crucificado e glorificado. Essa missão do Espírito não podia iniciar-se enquanto a missão do Filho não terminasse; Jesus não podia manifestar-se no Espírito enquanto estivesse em carne. O dom do Espírito não podia ser reivindicado por ele a favor dos homens enquanto ele não assumisse sua posição de Advogado dos homens na presença de Deus. Quando Jesus falou, ainda não havia no mundo uma força espiritual como a que foi inaugurada no dia de Pentecoste e que posteriormente cobriu toda a terra como uma grande enchente. Porque Jesus ainda não havia subido aonde estivera antes da encarnação (João 6:62), e ainda não estivera com o Pai (João 16:7; 20:17), não podia haver uma presença espiritual universal antes que fosse retirada a presença na carne, e o Filho do homem fosse coroado na sua exaltação à destra de Deus. O Espírito foi guardado nas mãos de Deus aguardando esse derramamento geral, até que o Cristo vitorioso o reivindicasse a favor da humanidade.
2) Nos tempos do Antigo Testamento o Espírito não era dado universalmente, mas, de modo geral limitado a Israel, e concedido segundo a soberana vontade de Deus a certos indivíduos, como sejam: profetas, sacerdotes, reis e outros obreiros em seu reino. Mas na presente época ou dispensação o Espírito está ao dispor de todos, sem distinção de idade, sexo ou raça. Nesta relação nota-se que o Antigo Testamento raramente se refere ao Espírito de Deus pela breve designação "o Espírito". Lemos acerca do "Espírito de Jeová " ou "Espírito de Deus". Mas no Novo Testamento o título breve o "Espírito" ocorre com muita freqüência, sugerindo que suas operações já não são manifestações isoladas, mas acontecimentos comuns.
3) Alguns eruditos crêem que a concessão do Espírito nos tempos do Antigo Testamento não envolve a morada ou permanência do Espírito, que é característica do dom nos tempos do Novo Testamento. Eles explicam que a palavra "dom", implica possessão e permanência, e que nesse sentido não havia Dom do Espírito no Antigo Testamento. É certo que João Batista foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe e isso implica uma unção permanente. Talvez esse e outros casos semelhantes poderiam ser considerados como exceções à regra geral. Por exemplo, quando Enoque e Elias foram transladados, foram exceções à regra geral do Antigo Testamento, isto é, a entrada na presença de Deus era por meio do túmulo e do Seol (o reino dos espíritos desencarnados).

IV. O Espírito na experiência humana.

Esta secção concerne às várias operações do Espírito em relação com os homens.

1. Convicção.

Em João 16:7-11 Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo. O Espírito agirá como "promotor de Justiça", por assim dizer, trabalhando para conseguir uma condenação divina contra os que rejeitam a Cristo. Convencer significa levar ao conhecimento verdades que de outra maneira seriam postas em dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta. Os homens não sabem o que é o pecado, a justiça e o juízo; portanto, precisam ser convencidos da verdade espiritual. Por exemplo, seria inútil discutir com uma pessoa que declarasse não ver beleza alguma numa rosa, pois sua incapacidade demonstraria falta de apreciação pelo belo. Precisa ser despertado nela um sentido de beleza; precisa ser "convencida" da beleza da flor. Da mesma maneira, a mente e a alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem convencidas e despertadas pelo Espírito Santo. Ele convencerá os homens das seguintes verdades:
(a) O pecado de incredulidade. Quando Pedro pregou, no dia de Pentecoste, ele nada disse acerca da vida licenciosa do povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em detalhes sobre sua depravação para os envergonhar. O pecado do qual os culpou, e do qual mandou que se arrependessem, foi a crucificação do Senhor da glória; o perigo do qual os avisou foi o de se recusarem a crer em Jesus. Portanto, descreve-se o pecado da incredulidade como o pecado único, porque, nas palavras dum erudito, "onde esse permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse desaparece todos os demais desaparecem". É o "pecado mater", porque produz novos pecados, e por ser o pecado contra o remédio para o pecado. Assim escreve o Dr. Smeaton: "Por muito grande e perigoso que seja esse pecado, tal é a ignorância dos homens a seu respeito que sua criminalidade é inteiramente desconhecida até que seja descoberta pela influência do Espírito Santo, o Consolador. A consciência poderá convencer o homem dos pecados comuns, mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido da enormidade desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo."
(b) A justiça de Cristo. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais" (João 16:10). Jesus Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de Pentecoste, o derramamento do Espírito e a realização do milagre em seu nome convenceram a milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas também era a fonte única e o caminho da justiça. Usando Pedro, o Espírito os convenceu de que haviam crucificado o Senhor da Justiça (Atos 2:36, 37), mas também ele lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome (Atos 2:38).
(c) O juízo sobre Satanás. "E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (João 16:11). Como se convencerão as pessoas na atualidade de que o crime será castigado? Pela descoberta do crime e seu subseqüente castigo; em outras palavras, pela demonstração da justiça. A cruz foi uma demonstração da verdade de que o poder de Satanás sobre a vida dos homens foi destruído, e de que sua completa ruína foi decretada. (Heb. 2:14,15; l João 3:8; Col. 2:15; Rom. 16:20.) Satanás tem sido julgado no sentido de que perdeu a grande causa, de modo que já não tem mais direito de reter, como escravos, os homens seus súditos. Pela sua morte, Cristo resgatou todos os homens do domínio de Satanás, devendo estes aceitar sua libertação. Os homens são convencidos pelo Espírito Santo de que na verdade são livres (João 8:36). Já não são súditos do tentador; já não são obrigados mais a obedecer-lhe, agora são súditos leais de Cristo, servindo-o voluntariamente no dia do seu poder. (Sal. 110:3.) Satanás alegou que lhe cabia o direito de possuir os homens que pecaram, e que o justo Juiz devia deixá-los sujeitos a ele. O Mediador, por outra parte, apelou para o fato de que ele, o Mediador, havia levado o castigo do homem, tomando assim o seu lugar, e que, portanto, a justiça, bem como a misericórdia, exigiam que o direito de conquista fosse anulado e que o mundo fosse dado a ele, o Cristo, que era o seu segundo Adão e Senhor de todas as coisas. O veredito final divino foi contrário ao príncipe deste mundo — e ele foi julgado. Ele já não pode guardar seus bens em paz visto que Um mais poderoso o venceu. (Luc. 11:21, 22.)

2. Regeneração.

A obra criadora do Espírito sobre a alma ilustra-se pela obra criadora do Espírito de Deus no princípio sobre o corpo do homem.
Voltemos à cena apresentada em Gên. 2:7. Deus tomou o pó da terra e formou um corpo. Ali jazia inanimado e quieto esse corpo. Embora já estando no mundo, e rodeado por suas belezas, esse corpo não reagia porque não tinha vida; não via, não ouvia, não entendia.
Então "Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". Imediatamente tomou conhecimento, vendo as belezas e ouvindo os sons do mundo ao seu redor. Como sucedeu com o corpo, assim também sucede com a alma. O homem está rodeado pelo mundo espiritual e rodeado por Deus que não está longe de nenhum de nós. (Atos 17:27.) No entanto, o homem vive e opera como se esse mundo de Deus não existisse, em razão de estar morto espiritualmente, não podendo reagir como devia. Mas quando o mesmo Senhor que vivificou o corpo vivifica a alma, a pessoa desperta para o mundo espiritual e começa a viver a vida espiritual. Qualquer pessoa que tenha presenciado as reações dum verdadeiro convertido, conforme a experiência radical conhecida como novo nascimento, sabe que a regeneração não é meramente uma doutrina, mas uma realidade prática.

3. Habitação.

 Vide João 14:17; Rom. 8:9; 1Cor. 6:19; 2Tim. 1:14: 1João 2:27; Col. 1:27; 1João 3:24; Apo. 3:20. Deus está sempre e necessariamente presente em toda parte; nele vivem todos os homens; nele se movem e têm seu ser. Mas a habitação interior significa que Deus está presente duma maneira nova, mantendo uma relação pessoal com o indivíduo. Esta união com Deus, que é chamada habitação, morada, é produzida realmente pela presença da Trindade completa, como se poderá ver por um exame dos textos supra citados. Considerando que o ministério especial do Espírito Santo é o de habitar no coração dos homens, a experiência é geralmente conhecida como morada do Espírito Santo.
Muitos eruditos ortodoxos crêem que Deus concedeu a Adão não somente vida física e mental mas também a habitação do Espírito, a qual ele perdeu por causa do pecado. Essa perda atingiu não somente a ele mas também os seus descendentes. Essa ausência do Espírito deixou o homem nas trevas e na debilidade espiritual. Quando, não logo, pouco a pouco, ataca essas falhas, uma após outra, ora estas ora aquelas, entrando nos mínimos detalhes de modo tão cabal que, não podendo escapar à influência do Espírito, um dia esse homem será perfeito, glorificado pelo Espírito, e resplandecente com a vida de Deus".

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