quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Lição 13 A Fidelidade de Deus


Capítulo 13 PAULO:

TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE


Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
— Filipenses 4.13


Quando Paulo escreveu aos filipenses, estava dentro de uma prisão em Roma. N a realidade, Filipos foi a cidade na qual ele formou a primeira congregação de cristãos na Europa (At 16.11; Fp 4.15). Foi uma igreja formada, na sua maioria, por gentios e com alguns judeus. Ao escrever essa carta, ele estava num local que tinha a guarda pretoriana que cuidava dele. Com algum tempo, ganhou o respeito dos pretorianos e podia comunicar-se com eles. Como prisioneiro em Roma, ele aguardava o tempo em que seria convocado pelo imperador para depor sobre suas atividades. Foi sua apelação que o levou para Roma. Porém, foi uma prisão prolongada de dois anos que o impedia de viajar e manter contato com as igrejas fundadas por ele.
         Entretanto, mesmo estando preso, física e geograficamente, o seu espírito não estava preso. Pelo contrário, parecia estar presente em cada uma das igrejas fundadas por ele. Sua mente ativada pelo Espírito Santo o fazia superar as tristezas da prisão onde estava. Quatro das suas epístolas — Filemom, Colossenses, Efésios e Filipenses — foram escritas na prisão. Na Carta aos Filipenses, Paulo não perde a postura de vitorioso, a despeito dos sofrimentos por que passava. Essas cartas foram escritas no período dos anos 62 e 63 d.C. O conteúdo dessa carta aos filipenses era o de exortação e gratidão àqueles pelo amor demonstrado para com ele no tempo de sua prisão. Especialmente no capítulo 4, o apóstolo Paulo destaca o espírito solidário nas suas necessidades.
        Paulo nos dá uma lição de como é possível superar as dificuldades, tanto materiais como as espirituais. Percebe-se que Paulo pressentia o fim do seu tempo de vida, mas ele não tem nenhuma atitude negativa ou pessimista. Pelo contrário, ele faz afirmações escatológicas e demonstra sua disposição para morrer por Cristo. Mesmo com o pressentimento de que podia ser mais um mártir do cristianismo, ele não se deixava vencer pela solidão, mas fazia questão de afirmar sua alegria pela presença de Deus na sua vida.

PAULO, PRISIONEIRO EM ROMA
Toda essa história começou em Jerusalém quando a notícia da chegada de Paulo alvoroçou judeus que viviam na Ásia e que o viam como um antijudeu que pregava uma doutrina que se confrontava com a doutrina judaica (At 21.17). Em Jerusalém, o apóstolo Paulo, depois de ter se encontrado com Tiago, não perde tempo e vai para o Templo. No Templo, ele foi reconhecido e acusado de provocador de discussões com a nova doutrina que pregava. O sumo sacerdote Ananias ordenou que o açoitassem e o prendessem, e o levaram para a fortaleza para não ser morto pelos opositores (At 21.37). Porém, Paulo pediu ao comandante que o tinha em guarda e solicitou dizer uma palavra à multidão agitada contra si. O comandante permitiu e Paulo fez a sua defesa, identificando-se como cidadão romano, mesmo sendo judeu. Foi conduzido ao Sinédrio que reuniu os sacerdotes para ouvi-lo e julgá-lo das acusações dos judeus (At 23.1-10). A celeuma aumentou entre os judeus, e Paulo esteve diante de Herodes, rei dos judeus; depois foi levado perante Félix e o rei Agripa. Festo o interrogou e ficou pasmado com a argúcia de palavras de Paulo, mas este apelou para César e, por isso, mais tarde, perante Festo, que era o governador da província, e a Agripa, o rei.

PAULO, UM HOMEM LIVRE, MESMO ESTANDO EM PRISÃO
 Matthew Henry, em sua Bíblia de Estudo, comentou no texto de 2 Coríntios 11.23, que diz: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes”. O comentário diz: “Paulo era mais do que um simples ministro de Cristo. Deus o havia contado como fiel e o colocado no ministério”. Diz mais: “Algemas lhe eram familiares; nunca um notório malfeitor esteve tantas vezes nas mãos da justiça. A cadeia, o poste de açoites e todos os outros castigos daqueles que são contados entre os piores dentre os homens eram as coisas com as quais ele estava acostumado”. Paulo desenvolveu um sentimento de que, mesmo estando preso, seu espírito continuava livre para ministrar por meio da palavra escrita o evangelho de Cristo.
       Paulo era homem como qualquer um de nós, que tinha uma personalidade forte e demonstrava as suas convicções no Cristo Salvador como objeto principal de seu ministério. Com esse objetivo, Paulo demonstrava sua total confiança e esperança para fazer a obra de Cristo, independentemente das perseguições e prisões. Porém, como homem, feito de carne e osso, Paulo tinha os seus medos e frustrações. A morte não o assustava, mas ele tinha em sua mente a consciência de que, com a ameaça de morte, ele estava pronto para morrer ou viver, porque a sua esperança na glória eterna era mais forte. Por outro lado, sua fé no Senhor Jesus era tão forte que o cativeiro vivido por ele não o impede de confortar e exortar a igreja em Filipos. Ainda que preso fisicamente, o seu espírito estava livre. N a Carta aos Efésios, Paulo se apresenta como “embaixador em cadeias” (E f 6.20). Em síntese, sua mensagem não estava presa, porque, mesmo estando preso num cubículo em Roma, sua missão de embaixador de Cristo era realizada. Ele sabia que o evangelho de Cristo não podia ficar restrito aos judeus. Por isso, o seu afã missionário o levou à Ásia Menor, à Macedônia, à Europa e a todas as ilhas daqueles mares, principalmente, os mares Egeu e Mediterrâneo.
         Conheci um servo de Deus na cidade de Vitória, ES, que estava preso a um leito de dor e sofrimento. Mas ninguém saía do seu quartinho humilde de enfermidade sem receber uma mensagem profética.

Destemor e Ousadia de um Preso em Cadeias
O apóstolo Paulo, pela providência de Deus, ao chegar a Roma foi tratado com benevolência, provavelmente, pela intervenção do centurião, que era o comandante chefe da guarda pretoriana e que passou a admirá-lo. Em Roma, foi-lhe permitido alugar uma casa pequena próxima da Guarda Pretoriana, e ele pôde viver um pouco mais à vontade, ainda que tivesse que manter seu punho ligado por uma algema a um legionário.
        Entretanto, mesmo estando algemado e não podendo locomover-se livremente, restrito à noite no cubículo de sua prisão, Paulo tinha seu espírito livre. Estava preso fisicamente, mas livre espiritualmente.
        Ao ter notícias das igrejas que ele plantou, não deixou de se preocupar com o estado espiritual dessas igrejas, particularmente, Efeso e Filipos. Mesmo tendo que ditar suas cartas e epístolas de forma audível para um amanuense diante do soldado que o vigiava, Paulo era ousado com o seu zelo pela vida espiritual daquelas igrejas. Ele se considerava “embaixador” dentro da prisão e não deixava de transmitir a Palavra de Cristo. Ele pediu oração à igreja em Efeso por si, mas reafirmava sua liberdade para falar a palavra do evangelho. Por isso, mesmo estando preso física e geograficamente, dizia ter a “boca livre” para falar de Cristo (Ef 6.20).
        Meu pai, pastor Osmar Cabral, em 1954, um dos pioneiros da obra pentecostal no Estado de Santa Catarina, foi enviado para pastorear uma recém-formada congregação em Chapecó, SC. Ele foi preso e levou chibatadas dos policiais da cidade, por ordem do delegado que odiava os evangélicos, apenas porque era pregador do evangelho. A igreja, com poucos crentes novos convertidos, pôs-se a orar para que o Senhor o tirasse da prisão. Dentro da prisão, quando inquirido sobre o que fazia, meu pai apenas disse ao delegado que pregava o evangelho de Cristo. Logo depois foi solto. Os verdadeiros crentes em Cristo não se intimidam com as perseguições nem com as ameaças de morte.



Alegria pela Fidelidade dos Filipenses
        Paulo escreveu aos filipenses: “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho” (Fp 1.7). Paulo agia com grande amor e demonstrava isso aos filipenses. Um líder verdadeiro, chamado por Deus para pastorear, é aquele que sabe amar e sabe demonstrar gratidão.
        Depois de expressar sua alegria pelos cristãos em Filipos, Paulo declarou àqueles irmãos que se lembrava deles sempre em oração, valorizando a história da formação daquela igreja. Ele demonstra sua alegria pelo testemunho da fidelidade dos filipenses que não temiam defender e confirmar todos os que receberam a Cristo por Senhor e Salvador. Mesmo estando prisioneiro, não se deixou amargurar por nada. Antes, ele regozijava diante de Deus porque os filipenses participavam da sua vida de modo especial, sofrendo com ele. Por isso, tinha-os com grande afeição no seu coração.
         Nos tempos modernos, nos deparamos com pretensas teologias, que são distorcidas da autêntica e genuína teologia neotestamentária. Essas novas “teologias” não admitem a realidade do sofrimento na experiência cristã, nem a fome, nem a nudez que os nossos pioneiros enfrentaram. Entretanto, Paulo tinha em seu corpo as marcas dos açoites que deixaram vergas em seus lombos; tinha as marcas das correntes que feriram seus tornozelos e braços nas prisões. Paulo passou por naufrágios, apedrejamentos e ficou enfermo algumas vezes em suas constantes viagens missionárias. Tudo isso e muito mais não roubaram a alegria do Espírito no coração de Paulo.

A Alegria que Supera a Adversidade
A escritura do texto de Filipenses 1.12-26 nos mostra que Paulo coloca a sua missão de pregador do evangelho acima de qualquer coisa no mundo. A paixão que o consumia era a pregação do evangelho de Cristo e, por essa paixão, ele estava disposto a enfrentar qualquer adversidade. Note isto: ele estava preso em Roma, mas as suas cadeias não o impediam de proclamar o evangelho e de se preocupar com as igrejas. Paulo entendia que nada podia diminuir a fé recebida e que tudo quanto havia enfrentado em suas viagens missionárias não o impediriam de anunciar a Cristo. Nada seria um entrave para o progresso da igreja de Cristo na terra. Para ele, o evangelho que pregava era mais poderoso do que cadeias e grilhões, e nenhuma circunstância de ordem política, material, física ou espiritual impediria o testemunho do evangelho. O testemunho das suas prisões produzia um sentimento de vitória nos cristãos da época, porque nada podia deter o poder do evangelho. Por isso, Paulo rejeitava a autopiedade. Não queria que ninguém ficasse com pena dele e perdesse o ardor, o foco maior da pessoa de Jesus Cristo.

PAULO, SUA ABNEGAÇÃO ANTE 0 SOFRIMENTO
Sua Disposição em Sofrer pelos Cristãos de Filipos
       “E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós” (Fp 2.17). Essa declara­ção abnegada de Paulo deveria servir para despertar as consciências da importância do espírito sacrifical no exercício do ministério cristão. É lamentável que o mercenarismo, a boa vida e o profissionalismo estejam tão fortes na vida da igreja moderna.
        Com a declaração feita por Paulo da sua abnegação e disposição para sofrer pela obra de Cristo, podemos entender a figura da “libação sobre o sacrifício” que estava disposto a fazer. Ele usou a figura dos sacrifícios no Antigo Testamento, especialmente, as ofertas de animais, como: um cordeiro, um carneiro ou um novilho. A libação acompanhava o holocausto e a oferta pacífica (Nm 15.1-10). Nessa libação, era usado vinho, ou mesmo “o sangue da vítima”, que era derramado no santuário. Na verdade, Paulo fez uma metáfora do significado desse rito durante os sacrifícios em Israel para falar que ele mesmo estava disposto a oferecer sua vida, seu sangue, como oferta perante o Senhor pelo sacrifício e serviço da fé feito pelos filipenses. A obra do evangelho realizada pelos nossos pioneiros requerida deles esse espírito sacrifical, e muitos deles deram suas vidas pelo Senhor. O serviço do evangelho tem sido mercantilizado e pouca gente está disposta a dar a sua vida pelo Senhor.

Paulo Lembra o Esforço de um Obreiro Fiel Chamado Epafrodito
Indiscutivelmente, Epafrodito foi um cristão exemplar. Era leal com Paulo e com os irmãos da igreja. Paulo o tratou como “um companheiro de milícia” que não restringia-se em servir a igreja de Cristo. Paulo lembra esse servo fiel aos filipenses (Fp 2.25), e carinhosamente o chama “Epafrodito, meu irmão”, porque era como se tivesse o seu próprio sangue nas veias. A fidelidade a Deus e a sua lealdade ao amigo Paulo o tornaram um modelo de crente e de servidor na obra de Deus. Estava sempre pronto a servir, mesmo correndo riscos de vida (Fp 2.30). Ele foi portador de uma oferta da igreja de Filipos para ajudar as despesas pessoais do velho apóstolo. Foi, também, portador de uma carta de Paulo à igreja de Filipos quando voltou de Roma para Filipos. Paulo dizia-se confortado por esse servo de Deus quando passava por alguma depressão e tristeza em momentos de solidão. Quando chegou a Roma, Epafrodito estava enfermo, mas não deixou de cumprir seu compromisso de levar a oferta da igreja para Paulo e de confortá-lo com as notícias dos irmãos filipenses. Ainda hoje Deus levanta gente do tipo Epafrodito para ajudar os seus líderes na igreja.

Paulo Faz Advertências contra um Grupo Judaizante no Seio da Igreja
A semelhança dos tempos atuais, quando a igreja é invadida por heresias, naqueles dias do primeiro século da Era Cristã, as igrejas estavam sendo invadidas por falsos pregadores com a introdução de ideias gnosticistas. Estava havendo, também, o ataque intelectual de judeus que se diziam convertidos a Cristo, mas não se desvencilhavam de crenças adotadas por um judaísmo gnosticista que negava o evangelho que Paulo pregava. Eram falsos mestres que se apresentavam como apóstolos, mas torciam a mensagem apostólica. Alguns desses judaizantes queriam impor costumes e ritos judeus para os cristãos como a circuncisão, a guarda do sábado, a dieta de alguns alimentos como forma de receberem a salvação plena em Cristo. Ainda em nossos tempos, nos deparamos no meio cristão com pastores que se dizem evangélicos fazendo cultos com ritos e costumes judaicos, como se a igreja fosse alguma sinagoga. A liturgia da igreja tem sua base na morte vicária de Cristo e na sua ressurreição. Por isso, nossa adoração difere da adoração dos judeus. O sistema judaico tem a sua importância histórica e escatológica, mas a igreja é a reunião de judeus e gentios formando um só povo (1 Pe 2.6-10) para servir ao Senhor Jesus.

PAULO ENSINA A VIVER COM EQUILÍBRIO
 Ser cristão não significa viver numa corda bamba ou ter que ser equilibrista. Ser cristão implica agir com atitude firme e convicta acerca da sua fé. Deve saber o que crê sem se deixar influenciar pelas novidades que não possuem respaldo bíblico. No capítulo 4 da Carta aos Filipenses, o apóstolo Paulo faz várias exortações à igreja de Filipos acerca de algumas distorções doutrinárias que estavam comprometendo a doutrina cristã e afetando a vida cotidiana da igreja, além de produzir dissensões e desarmonia entre os irmãos. Eram problemas de ordem social e também doutrinária.

Paulo Exorta à Firmeza Espiritual
      Paulo escreveu à igreja: “Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados” (Fp 4.1). Quando Paulo começa com a palavra “portanto”, ele a dizia depois de ter exortado acerca dos “inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18). Quem eram eles? Referia-se aos falsos obreiros que se introduziam no seio da igreja torcendo a doutrina cristã ensinada por Paulo e que promoviam dissensões entre os irmãos. Esses “inimigos da cruz de Cristo” deveriam ser desarticulados e expostos como falsos obreiros. Ora, depois dessas exortações, Paulo, mais uma vez, exorta os filipenses, porém de forma apelativa, quando diz: “estai assim firmes no Senhor”. Era, de fato, uma necessidade imperiosa na vida dos crentes a firmeza espiritual. Essas distorções vinham, especialmente, de um grupo judaizante que apresentava falsos mestres que negavam valores doutrinários da doutrina de Cristo e influenciavam os cristãos quanto à sua fé. A igreja não podia ceder aos falsos mestres que provocavam desavenças internas e dúvidas na mente dos crentes. A igreja deve permanecer firme no Senhor, porque as coisas de Deus são mais preciosas que as coisas terrenas. As convicções da obra redentora por meio da cruz de Cristo deveriam ser mais fortes que os conceitos desse grupo que se constitui, inegavelmente, em inimigos da cruz de Cristo. Mas Paulo exorta à firmeza na fé que produz a alegria, diferente da alegria do mundo, porque a alegria do Senhor produz força para a superação de todos os problemas e crises.

Paulo Adverte os Filipenses contra a Desarmonia entre si
Na história da igreja ao longo do tempo, as mulheres sempre estiveram presentes em maioria. Naturalmente, naqueles primeiros tempos da igreja, a sensibilidade das mulheres as atraiu para a mensagem cristã. N a igreja em Filipos, Paulo teve notícias de que estava havendo um conflito de opiniões e sentimentos diferentes entre duas mulheres especiais, Evódia e Síntique. Essas duas mulheres muito fizeram pela igreja nos seus primórdios, porém, naqueles dias, estava havendo esse conflito produzindo desarmonia na liderança da igreja. Tudo indica que essas mulheres exerciam certa liderança muito útil na igreja, mas que, ao entrar em conflito de opiniões, provocaram um mal-estar geral na igreja. Evódia e Síntique discutiam constantemente acerca de coisas da vida eclesiástica e não conseguiam ter um mesmo parecer. Em outra ocasião, o apóstolo Paulo disse à igreja em Corinto: “que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer” (1 Co 1.10). Sem dúvida, deixaram a direção do Espírito em suas vidas e permitiram que a força da carne predominasse suas mentes, e, com isso, a igreja estava dividida. Paulo roga às duas mulheres que mudassem de atitude, pois elas estavam promovendo a divisão e quebrando a autoridade apostólica. As crises provocadas por conflitos no seio da igreja devem exigir do pastor a habilidade pastoral que Paulo teve, mesmo estando distante daquela cidade. Paulo, então, exorta com ternura e atribui sua exortação ao Senhor da Igreja, Cristo Jesus.

Paulo Lembra Clemente, um Fiel Servidor
      No contexto de exortações feitas às duas mulheres e à igreja em Filipos no capítulo 4, Paulo lembra um homem especial chamado Clemente, pessoa que se destacava pela dedicação à obra do evangelho na cidade (Fp 4.3). N a história da igreja surgiram alguns Clementes e se atribui ao Clemente de Filipos a possibilidade de ser um dos eminentes “pais da igreja”. Entretanto, não se pode provar que seja ele o eminente Clemente da história dos pais da igreja. O que importa é que Paulo cita o seu nome como alguém comprometido com o evangelho e com a preservação da unidade da igreja onde servia como obreiro zeloso e dedicado.

O Controle da Mente para a Superação de Crises
      O apóstolo Paulo aprendeu em toda a história da sua vida que a superação de crises em quaisquer campos da vida pessoal precisa da ajuda do Espírito para controlar a mente. Nesse sentido, ele destacou algumas verdades que devem permear a nossa mente. Há um trabalho duplo: do Espírito Santo e do próprio crente. Para esse trabalho, ele escreveu: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). Nessa escritura paulina, não há nenhuma ideia sobre “o poder da mente”, mas ele mostra que o que prevalece é a mente de Cristo. Paulo escreveu aos corintos e disse-lhes: “[...] Mas nós temos a mente de Cristo” (1 Co 2.16). E preciso esvaziar a mente de coisas fúteis e enchê-la com pensamentos que se harmonizem com o evangelho.

Paulo Mostra o Segredo da Vitória sobre as Crises
       O apóstolo Paulo, depois de oferecer à igreja um chá amargo, oferece, logo depois, algo mais doce para aliviar a pressão provocada por algumas crises internas. No texto de Filipenses 4.10-13, Paulo não lhes passa uma reprimenda, mas recomenda “moderação” como atitude capaz de evitar dissensões e porfias como estava acontecendo com Evódia e Síntique (Fp 4.2,3). A moderação é uma qualidade de equilíbrio que desfaz o tumulto, a murmuração. Paulo queria a concórdia e a união de todos os cristãos de Filipos. Ora, além do conflito interno em termos de liderança provocado por Evódia e Síntique, ainda enfrentavam o ataque contra a doutrina recebida no início da fé. Paulo sabia que algumas coisas negativas como exasperação ante os problemas sociais e a ansiedade não são atitudes próprias de pessoas que vivem em Cristo Jesus. Por isso, ele disse: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e suplicas, com ação de graças” (Fp 4.6). Portanto, o equilíbrio mental e espiritual para pensar e agir na vida cristã requer concentração no exemplo de Cristo Jesus. Coração e mente precisam estar conectados em Cristo Jesus.

Em toda Crise É o Senhor quem nos Socorre
      E interessante perceber que, em nenhuma outra carta, Paulo permite um olhar sobre a sua personalidade, seus sentimentos. Ele expressa suas convicções, sua esperança e confiança, mas revela, também, seus medos e frustrações. Ao mesmo tempo em que declara que já aprendera a contentar-se sob quaisquer circunstâncias, na abundância e nas necessidades, na fome e na fartura, tendo tudo e não tendo nada, ele sentia-se capaz de superar essas dificuldades porque Cristo o fortalecia. Aos corintos, Paulo também falou do seu aprendizado na obra do ministério, e diz: “Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos; somos blasfemados e rogamos; até ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste mundo e como escória de todos” (1 Co 4.11-13).
        Quando Paulo diz que “tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13, ARA), estava, de fato, expondo seu sentimento de que poderia ser sacrificado em um tipo de morte provocada por sua prisão, mas entendia que tudo isso contribuía para a proclamação do evangelho. Por algum instante, ele vê na possibilidade da sua morte o futuro que lhe reserva de esperança e confiança no Cristo que lhe garante a vida eterna. Mas, entre morrer e viver, Paulo escolhe a vida para poder continuar a pregar o evangelho. Essa possibilidade produzia em seu coração a alegria produzida pelo Espírito Santo, que o tornava capaz de superar toda e qualquer crise. Estando na penúria, ele não se sentia pobre, e estando com abundância, ele usa o que Deus lhe deu para fazer a vontade de Deus.
        Enfim, aprendemos com Paulo que o contentamento (Fp 4.11) da sua alma era gerado pela suficiência de Cristo em todas as circunstâncias. Aprender a viver contente implica uma disposição para aceitar que Deus cuida de nós em meio às situações mais angustiantes. Aprendemos, também, que devemos submeter nossa mente a Cristo e ter nossos pensamentos controlados pelo Espírito Santo. Nunca seremos autossuficientes, mas dependeremos dEle sempre.

                                                       Nenhum texto alternativo automático disponível.  


Na vida cristã, o contentamento gerado pelo Espírito Santo torna o crente capaz de superar quaisquer crises.




Suficiência de Paulo (Filipenses 4:10-13)
NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO CONTEMPORÂNEO - F. F. BRUCE - Baseado na Edição Contemporânea de Almeida
Categoria: Comentário - © 1983, 1989 por Frederick Fyvie Bruce Hendrickson Publishers, Inc. - Traduzido pelo Rev. Oswaldo Ramos © 1992 por Editora Vida
 
Paulo chega agora a uma das principais razões por que está escrevendo. Se esta nota (4:10-20) era parte integrante da carta principal, o apóstolo a reservou para o fim com o objetivo de dar-lhe ênfase — sua expressão de gratidão pela oferta que Epafrodito lhe trouxera da igreja de Filipos.
4:10 Muito me regozijo no Senhor, significando “apresentei alegres agradecimentos ao Senhor” (quando recebi vossa oferta). Paulo agradece aos crentes filipenses a oferta que lhe enviaram, mas seu “regozijo” deriva principalmente da evidência que esse fato representa de os filipenses terem contínuo desejo ardente de cooperar com Paulo no evangelho.
Alguns comentadores acham a redação de Paulo aqui bastante estranha, em se tratando de uma expressão de gratidão: Dibelius se refere ao “agradecimento sem graças” de Paulo . Todavia, as palavras dele devem ser lidas à luz do mútuo e profundo afeto existente entre ele e a igreja filipense, e à luz do bem-documentado hábito financeiro de Paulo .
O advérbio finalmente pode implicar, se tomado só em si mesmo, que os filipenses permitiram que um longo período de tempo decorresse desde que haviam enviado a última oferta a Paulo ; todavia, o contexto nos revela que não há base para tal ponderação. É concebível, isto sim, que no endereçamento, ou cabeçalho da nota que lhe enviaram junto à dádiva, houvessem escrito algo assim: “Finalmente temos a satisfação de enviar-lhe uma oferta, mais uma vez,” e que Paulo , aproveitando a frase, lhes diga: “Finalmente, como vocês dizem...” Entretanto, o longo intervalo se deve, com toda probabilidade, ao costume de Paulo no que concerne à aceitação de presentes e ofertas por parte das igrejas. Ele deixa bem claro que, se só agora renovastes o vosso cuidado a meu favor, isso não se deveu a alguma interrupção no interesse da parte deles, mas antes, ao fato de faltar-lhes oportunidade para mostrá-lo. E por que não tiveram tal oportunidade? Porque o próprio apóstolo os privara dela.
Na Macedônia — especialmente em Tessalônica — e também em Corinto, Paulo verificara que se aceitasse ajuda financeira para si mesmo, da parte de seus convertidos, seus adversários deturpariam esta idéia,
com malícia, dizendo que Paulo queria viver às custas da igreja. (Tais detratores de Tessalônica aparentemente não faziam parte da igreja; os de Corinto, sim). Daí, talvez, o pedido de Paulo a seus convertidos, para que não lhe enviassem dinheiro para seu uso pessoal. Acima de tudo, quando o apóstolo começou a organizar um fundo de socorro à igreja de Jerusalém, seu grande anseio era que todas as dádivas entregues pelas igrejas fossem canalizadas para tal fundo; ele sabia, no entanto, que ainda assim haveria pessoas que aproveitariam a ocasião como pretexto para dizerem que o dinheiro arrecadado como ajuda aos pobres estava sendo desviado para o bolso do próprio Paulo . Sabemos que as igrejas macedônicas haviam feito o máximo no partilhamento de seus recursos, a fim de contribuir para aquele fundo de socorro (2 Coríntios 8:1-5).
Todavia, a esta altura o dinheiro dos pobres já havia sido coletado e enviado a Jerusalém. Durante visita a Jerusalém, ao lado de representantes das igrejas doadoras, Paulo foi preso. Depois de ter passado dois anos sob custódia, em Cesaréia, passou a morar numa casa em Roma, como prisioneiro domiciliar. Mudara a situação do apóstolo: seus amigos de Filipos entenderam que agora, finalmente, era oportuno enviar-lhe uma oferta, o que fizeram pela mão de Epafrodito.
4:11 Paulo demonstra grande apreciação pelo interesse dos bondosos filipenses, mas assegura-lhes que não estava em necessidade daquele tipo. A redação paulina parece sugerir que havia constrangimento, por causa do espírito independente e sensível do apóstolo, ao dizer “muito obrigado”, agradecendo uma oferta espontânea da parte de amigos tão amorosos e amados, os irmãos da igreja em Filipos.
A política financeira de Paulo era não viver às custas de seus convertidos. Ele achava que, à semelhança dos outros apóstolos e líderes cristãos, tinha o direito de receber sustento da parte dos convertidos, mas Paulo decidiu não usufruir desse direito (1 Coríntios 9:12; 2 Tessalonicenses 3:9). A bagagem de Paulo era bem leve; suas posses se limitavam às roupas do corpo e talvez algumas ferramentas de seu ofício, mais alguns papiros e pergaminhos mencionados em 2 Timóteo 4:13. Sabia como sobreviver com o mínimo; na verdade, forçara-se a aprender em como se contentar com pouco. Já aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação, diz Paulo , palavras que John Bunyan expandiria no cântico do menino pastor:
Estou contente com o que tenho, Seja pouco ou seja muito, E é alegria o que mais almejo, Senhor, Porque ela indica os que salvaste. Nesta peregrinação concede-me Medida total de alegria: Provação agora, bênção depois, Eis a bem-aventurança das gerações.
“Contentando-vos com o que tendes” (Hebreus 13:5) — eis, pelo que parece, o preceito geral da igreja primitiva. Esta atitude opõe-se de frente à ambição, contra a qual Jesus (cf. Lucas 12:15) e seus discípulos pronunciaram solenes advertências, descrevendo a “pessoa avarenta” como “idólatra” (Efésios 5:5).
A palavra traduzida por contentar-me (gr. autarkes) era comum no estoicismo denotando o ideal da pessoa totalmente auto-suficiente. Paulo a emprega a fim de expressar sua independência das circunstâncias externas. Estava sempre consciente de sua total dependência de Deus. O apóstolo era mais “suficiente em Deus” que auto-suficiente: “a nossa capacidade vem de Deus” (2 Coríntios 5:5).
4:12 Paulo acumulava vasta experiência em passar com menos do que o suficiente, em algumas ocasiões, e ter mais do que o suficiente, noutras ocasiões. Isso pouca diferença lhe fazia. Já aprendi a contentar-me, diz ele, tomando emprestado um termo do vocabulário das religiões místicas (“Eu me tomei adepto” é como F. W. Beare o traduz). Aprendi tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Só podemos imaginar o que é que Paulo considerava abundância — tudo que estivesse acima do mínimo necessário quanto à alimentação e vestuário, sem dúvida alguma. Sendo um homem educado em ambiente elevado, sua conversão significou a entrada num novo modo de vida. Ser cidadão de Tarso significava ser pessoa de grandes posses materiais. Entretanto, por amor de Cristo, Paulo havia dado “também por perda todas as coisas” (3:8), inclusive (podemos ter certeza) sua herança material; o apóstolo aprendeu, dali em diante, a sobreviver com o que pudesse ganhar mediante seu ofício de meio-ex- pediente, de “fazer tendas” (cf. 1 Tessalonicenses 2:9; 2 Tessalonicenses 3:8; Atos 18:3; 20:34).
4:13 Paulo não coloca a seu crédito o aprendizado da lição sobre estar sempre contente; é graças àquele que o capacita que o apóstolo diz: Posso todas as coisas naquele que me fortalece. Na verdade, quando se tomava mais consciente de sua fraqueza pessoal é que ele mais se certificava do poder de Cristo que nele residia. “Portanto, de boa vontade me gloriarei,” diz ele, “nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:9, 10).

Modelos de um Servo espiritual - (Filipenses 4:10-13) - MacArthur, J. (2001). Philippians (309). Chicago: Moody Press.O seu interesse por mim.
De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo. (4:10)
Dez anos se passaram desde que o ministério de Paulo em Filipos resultou na fundação da igreja naquela cidade. Os filipenses o haviam apoiado generosamente quando ele saiu de Filipos para ministrar nas cidades macedônias de Tessalônica e Bereia (At 17:1-13). Quando Paulo se dirigiu ao sul, em direção a Acaia, os Filipenses continuaram a lhe sustentarem até quando ele evangelizou Atenas e Corinto (Atos 17:14-18:18). Com o passar dos anos continuaram a se preocupar com Paulo, mas não tinham qualquer possibilidade de fornecer apoio a ele. A razão para esta falta não é dada na bíblia. Talvez tenha sido devido à preocupação com a sua própria pobreza (cf. 2 Coríntios. 8:1-2). Ou eles, apesar de ter tido conhecimento das necessidades do apóstolo, eram incapazes de localizá-lo. Mas, recentemente, surgiu uma oportunidade quando Epafrodito chegou a Roma, trazendo consigo uma generosa doação da parte dos Filipenses (4:18) pelo que Paulo se alegrou muito no Senhor. Ele se alegrou nem tanto por causa de se lembrarem de sua necessidade, mas porque deram provas de seu amor por ele. Sua alegria transbordava porque agora, finalmente, após dez anos, tinham reavivado a sua preocupação para com ele. O verbo grego traduzido "revivido" é um termo que descreve um renovo como no florescimento na horticultura. Os Filipenses tiveram "afeição generosa" para com Paulo, depois dessa afeição ficar adormecida por quase dez anos, mais uma vez floresceu. A declaração do apóstolo na verdade de que antes estavam preocupados, mas lhes faltou oportunidade foi destinado a dissipar qualquer mal-entendido sobre a parte dos filipenses para com ele. Paulo sabia que eles estavam pensando sempre nele antes disso, mas ele compreendeu que não tiveram oportunidade de apoiá-lo (cf. 2 Cor. 8:12).
A atitude graciosa de Paulo reflete a confiança do paciente na providência soberana de Deus. Ele tinha certeza de que Deus, no devido tempo, iria organizar suas circunstâncias, para satisfazer suas necessidades. Não houve pânico de sua parte, nenhuma tentativa de manipular as pessoas partiu de sua iniciativa própria. Paulo estava contente porque sabia que os tempos, estações, e as oportunidades da vida são controladas pelo "Deus soberano que faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade" (Ef. 1:11), fazendo com que "todas as coisas juntas contribuam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito "(Rom. 8:28). Aqueles que procuram controlar suas próprias vidas, inevitavelmente, serão frustrados. A confiança na providência de Deus é fundamental para o contentamento.
Providência e milagre são as duas maneiras como Deus age no mundo. Um milagre é a intervenção direta de Deus no curso natural do mundo. É um evento tão contrário ao curso normal dos acontecimentos que não há nenhuma explicação científica ou naturalista para tal que não seja o poder de Deus em ação. Não há uma compreensão natural para explicar a divisão do Mar Vermelho, ou a restauração da visão daqueles cegos de nascença, ou na ressurreição de pessoas da morte.
Por outro lado, a providência de Deus não é milagroso no sentido de que ela interrompe a ordem natural. Em vez disso, ele permite que todas as contingências, eventos, palavras, atos, decisões, e elementos da vida normal aconteçam dentro de Seu propósito sobrenatural de tecê-los todos juntos para caber exatamente no Seu plano . Isto é tão sobrenatural como um milagre. Salomão reconheceu o controle providencial de Deus sobre os acontecimentos, quando escreveu: "A mente do homem planeja seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos" (Provérbios 16:9;. Cf 19:21; Jeremias 10:23, Atos 4:27 -28; Fip 2:13).. Deus providenciou arranjos para José subir a uma alta posição no Egito para preservar o seu povo. Como explicou a seus irmãos: "Quanto a vocês, intentastes o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, a fim de alcançar este resultado presente, para preservar muitas pessoas vivas" (Gn 50:20). Deus também providenciou arranjos para Ester para que ela ocupasse uma alta posição a fim de salvar Israel, como Mardoqueu lembrou: "Porque, se você permanecer em silêncio, neste momento, socorro e livramento surgirão para os judeus a partir de outro lugar e você e a casa de teu pai perecereis. E quem sabe se você não tiver atingido esta alta posição por causa de um momento como este? "(Est. 4:14). Uma compreensão do controle de Deus, Sua soberania providencial sobre os eventos é fundamental para o contentamento.

UMA PESSOA SATISFEITA É SATISFEITO COM O POUCO Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. (4:11)
Para que os filipenses compreendessem a sua declaração no versículo 10, Paulo acrescentou rapidamente um aviso. O que ele quis dizer é que tinha aprendido a estar contente em qualquer circunstância que se encontrasse. Apesar de sua situação extremamente difícil, Paulo não estava descontente. Não importava se ele era um prisioneiro, vivendo em uma pequena casa, acorrentado a um soldado romano, vivendo com alimentação mínima. Nada disso afetava seu contentamento, porque ele estava satisfeito com o pouco que tinha. Sua satisfação não foi afetada pelos suas privações físicas.
A palavra grega traduzida como "ter o suficiente" no versículo 11 aparece somente aqui no Novo Testamento. Extra-bíblicamente a palavra grega foi usada para falar de ser auto-suficiente, ter o suficiente, ou não estar dependente dos outros. Um antigo escritor usou a palavra em referência a um país que era auto-suficiente e não tinha necessidade de importações. O verdadeiro contentamento vem apenas de Deus, e permite aos crentes serem satisfeitos e viverem satisfeitos no meio de qualquer problema.
A atitude de contentamento de alguém como Paulo ou a mulher sunamita, que quando lhe perguntaram o que ela precisava simplesmente respondeu: "Eu moro no meio do meu povo" (2 Reis 4:13), é incompreensível para a sociedade de hoje. As pessoas não se contentam com pouco ou muito. Na verdade, parece que aqueles que são os mais ricos são geralmente os mais miseráveis e descontentes. Em vez disso, as pessoas estão obcecados com a delinear as suas necessidades e exigindo que estas sejam satisfeitas por DEUS.
A necessidade humana tornou-se o valor número um em nossa cultura.
O descontentamento é o obscurecimento da distinção entre necessidades e desejos. Na prática, tudo o que se tornou uma mesma coisa "Necessidade" - Assim, os homens "precisam" de melhores empregos,CARROSchiques e lares maiores, jovens " precisam de "intermináveis encontros sexuais para liberar seus egos reprimidos; crianças" precisam " de liberdade de expressar-se fora da "servidão" do controle parental. Como um hamster (rato) correndo em volta e em uma roda e não chegando a lugar nenhum, as pessoas desesperadamente perseguem o contentamento que está sempre fora de alcance. Até mesmo a igreja começou a construir o seu ministério em torno da "necessidades sentidas" pelas pessoas.
Mas Paulo sabia que o fim principal do homem não é ter suas necessidades atendidas, mas glorificar a Deus e ter prazer em sua presença para sempre. Por isso, ele estava satisfeito com o que Deus graciosamente lhe concedeu. Como ele escreveu a Timóteo: "Se temos comida e cobertura, com isso estaremos contentes" (1 Tm. 6:8). Embora ele tenha escrito aos Coríntios: "O Senhor designou àqueles que proclamam o evangelho que vivam do evangelho" (1 Coríntios 9:14), Paulo muitas vezes optou por não exercer esse direito (cf. Atos 20:34; 1 Cor. 9:12, 15;. 1 Tessalonicenses 2:9;. 2 Tessalonicenses 3:8). Ele trabalhou duro, e estava disposto a deixar Deus controlar os resultados. Quando os tempos difíceis vieram, Paulo permaneceu contente, porque ele estava satisfeito com pouco.

UMA PESSOA SATISFEITA INDEPENDENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade (4:12)
Paulo expande seu pensamento sobre o que ele fez alusão no versículo anterior. A frase repetida duas vezes "eu sei" ... "eu também sei" revela que ele tinha aprendido por experiência e maturidade espiritual próprias para viver acima das suas circunstâncias e não deixá-las afetar o seu contentamento. Isso é uma lição importante para os crentes aprenderem, pois são as circunstâncias difíceis da vida que mais freqüentemente roubam nosso contentamento.
A declaração de Paulo eu sei estar junto com os humildes, estar com fome e padecer necessidade indica que ele tinha passado por sua quota de pobreza. Ele sabia o que era conviver com coisas materiais escassas. Ele também sabia como viver em prosperidade, a estar bem abastecido, e ter em abundância quando Deus graciosamente concedeu-lhe mais do que precisava. Seis desses termos se referem ao bem estar material, necessidades terrenas da vida, não às necessidades espirituais.
Paulo não era teólogo da torre de marfim, ele tinha vivido e ministrado nas trincheiras. Sua vida não era exatamente um depoimento para o evangelho da prosperidade. O ministério do apóstolo começou em Damasco, pouco depois de sua conversão. Paulo, cheio do ESPÍRITO SANTO, continuou a crescer espiritualmente e confundir os judeus que moravam em Damasco, provando que "este Jesus é o Cristo", ... os judeus conspiraram juntos para acabar com ele, mas sua trama não conseguiu matar Paulo.
Eles também vigiaram as portas da cidade de dia e de noite para que pudessem matá-lo, mas os seus discípulos o desceram de noite para baixo através de uma abertura na parede, utilizando um grande cesto. (Atos 9:22-25).
Em Listra, em sua primeira viagem missionária, recebeu hostilidade a ponto de "...havendo persuadido as multidões, apedrejaram a Paulo, e arrastaram-no para fora da cidade, cuidando que estava morto" (Atos 14:19).
Muitos dos crentes filipenses, sem dúvida, se lembravam do que aconteceu com Paulo e seu companheiro pregador, Silas, em Filipos: "Ele, tendo recebido tal ordem, os lançou na prisão interior e lhes segurou os pés no tronco. Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam.
"(Atos 16:22-24).
As coisas não ficaram muito melhor para o apóstolo, em Tessalônica, onde: "Mas os judeus, movidos de inveja, tomando consigo alguns homens maus dentre os vadios e ajuntando o povo, alvoroçavam a cidade e, assaltando a casa de Jason, os procuravam para entregá-los ao povo. Porém, não os achando, arrastaram Jason e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, os quais Jason acolheu; e todos eles procedem contra os decretos de César, dizendo haver outro rei, que é Jesus. Assim alvoroçaram a multidão e os magistrados da cidade, que ouviram estas coisas. Tendo, porém, recebido fiança de Jason e dos demais, soltaram-nos. E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus".(At 17:5-10)
Em Bereia também, Paulo foi perseguido, pois: "Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que também em Bereia era anunciada por Paulo a palavra de Deus, foram lá agitar e sublevar as multidões" (Atos 17:13). Forçado a fugir de Bereia, Paulo foi para Atenas, onde ele foi escarnecido e ridicularizado pelos filósofos gregos céticos reunidos no Areópago (Atos 17:18-34). De Atenas, o apóstolo foi para Corinto, onde, "Sendo Gálio pro cônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo contra Paulo, e o levaram ao tribunal", (Atos 18:12). Depois de ministrar durante três meses na Grécia, "uma conspiração [para matar Paulo ] foi formada contra ele pelos judeus quando ele estava prestes a embarcar para a Síria" (Atos 20:3). Quando chegou a Jerusalém, Paulo foi atacado e barbaramente espancado depois que judeus da Ásia Menor reconheceram-no no templo (Atos 21:26-30). Resgatado da morte certa pela ação rápida de um oficial romano (Atos 21:31-35), Paulo começou a sua longa estadia na prisão romana. Dois anos mais tarde, depois de audiências perante o Sinédrio e do governador romano não conseguir resolver a situação, Paulo exerceu o seu direito como cidadão romano de apelar para César. Depois de uma viagem marítima angustiante, que incluiu uma aterrorizante tempestade de duas semanas que terminou em um naufrágio (At 27), Paulo finalmente chegou em Roma (Atos 28). Depois de escrever esta carta aos Filipenses e ser solto, Paulo foi novamente preso em Roma.
Resumindo sua árdua, difícil e dolorosa vida, Paulo escreveu: " são ministros de Cristo? falo como fora de mim, eu ainda mais; em trabalhos muito mais; em prisões muito mais; em açoites sem medida; em perigo de morte muitas vezes; dos judeus cinco vezes recebi quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha raça, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez. Além dessas coisas exteriores, há o que diariamente pesa sobre mim, o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se é preciso gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas guardava a cidade dos damascenos, para me prender; mas por uma janela desceram-me num cesto, muralha abaixo; e assim escapei das suas mãos". (2 Coríntios 11:23-33). Com seus sofrimentos únicos e constantes Paulo tinha aprendido o segredo de se elevar acima deles. No meio de todas as suas provações manteve seu foco nas realidades celestiais (cf. Col. 3:1-2). Em 2 Coríntios 4:17 o apóstolo escreveu: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória;" Com essa perspectiva, é de se admirar que nenhuma quantidade de dor, sofrimento ou desapontamento poderia afetar seu contentamento?

UMA PESSOA SATISFEITA É FORTALECIDA PELO PODER DIVINO
Tudo posso naquele que me fortalece. (4:13)
Não importa quão difícil a sua luta pode ter sido, Paulo teve uma undergirding espiritual, um meio invisível de apoio. Sua adequação e suficiência veio de sua união adequada e suficiente com Cristo: "Fui crucificado com Cristo; e já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim, e a vida que agora vivo na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim "(Gl 2:20).
Quando Paulo escreveu "eu posso fazer todas as coisas" ele tinha em mente coisas físicas, coisas não espirituais. Ischuo (eu posso fazer) significa "ser forte", "ter poder", ou "ter recursos". É comumente traduzida como "dominado" (Atos 19:16), "predominante" (Atos 19:20), e "eficaz" (Tiago 5:16). O texto grego enfatiza a palavra traduzida como todas as coisas (uma referência às necessidades físicas; Cf. Vv 11-12), colocando-o em primeiro lugar na frase. Paulo era forte o suficiente para suportar qualquer coisa (cf. 1 Tm 1:12; 2 Tm 4:17). O apóstolo não, é claro, significa que ele poderia sobreviver fisicamente indefinidamente sem comida, água, sono, ou abrigo. O que ele está dizendo é que quando ele atingiu o limite de seus recursos e força, até o momento da morte, ele foi fortalecido com a força de Cristo. Ele conseguiu superar as dificuldades físicas mais terríveis por causa da força interior, força espiritual que Deus havia lhe dado.
Nas palavras de Isaías, "Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão. (Isaías 40:29-31)
Talvez a mais clara ilustração dessa verdade na vida de Paulo venha de 2 Coríntios 12:7-10: "E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte".
Paulo era atormentado por um "espinho na carne". Este foi o pior de todos os problemas para ele, por causa de sua "solicitude por todas as Igrejas" (2 Coríntios 11:28). Ele repetidamente pediu ao Senhor para livrá-lo desse tormento.
Mas em vez de livrá-lo, o Senhor apontou para Paulo a suficiência de Sua graça. O contentamento vem aos crentes que dependem da graça sustentadora de Cristo infundida em crentes quando eles não têm força própria. Nesse sentido, o contentamento é um subproduto da angústia.
Para qualquer dúvida a respeito da suficiência do poder de fortalecimento de Cristo, é o mesmo poder que Paulo descreveu em sua oração em Efésios 3:
"Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior; - Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,". (Ef 3:14-16, 20).
O poder de Deus que habita nos crentes é muito mais do que suficiente para reforçar e sustentá-los em qualquer julgamento. Contentamento pertence àqueles que depositam confiança no poder de DEUS em vez de seus próprios recursos. Jeremiah Burroughs observa: Um cristão encontra satisfação em todas as circunstâncias, obtendo força de Outro, saindo de si para Jesus Cristo, pela sua fé, agindo na fé em Cristo, e trazendo a força de Jesus Cristo em sua própria alma, ele fica habilitado a suportar tudo o que Deus estabelece para ele, e isso somente pela força que o crente acha em Jesus Cristo .... Há uma força em Cristo, não só para santificar e salvar-nos, mas a força para nos apoiar em todos os nossos fardos e aflições, e Cristo espera que quando estamos sob qualquer encargo, devemos agir na nossa fé Nele para recebermos a virtude e a força Dele. (A Jóia Rara do contentamento cristão, 63).
É importante notar que apenas aqueles que vivem uma vida de obediência à vontade de Deus pode contar com o Seu poder para sustentá-los. Aqueles que vivem num contínuo pecado são levados para a cova do desespero e não podem esperar que Deus vá trazê-los para o contentamento em suas circunstâncias contrárias. Na verdade, Ele pode até mesmo adicionar dificuldades e humilhá-los para trazê-los ao arrependimento.
D. Martyn Lloyd-Jones compara o fluxo do poder de Deus na vida do crente com a questão da saúde física: É análogo este assunto com todo o poder em sua vida como cristão. Saúde é algo que resulta de bem-estar. Saúde é o resultado de uma vida direita, e eu digo exatamente a mesma coisa sobre esta questão do poder em nossa vida cristã.
Deixe-me usar outra ilustração. Tome essa questão da pregação. Nenhum assunto é discutido com mais freqüência do que o poder da pregação. "Oh, como eu poderia ter poder na pregação?", diz o pregador, e ele ora de joelhos pelo poder. Eu acho que isso pode ser muito errado, se é a única coisa que o pregador faz. A maneira de ter poder é preparar cuidadosamente a sua mensagem e orar pedindo revelação a DEUS. Estude a Palavra de Deus, fazendo perguntas à bíblia, analisando-a, colocando-a em ordem, fazendo disso o máximo. É exatamente o mesmo em matéria de poder e capacidade de viver a vida cristã. Além disso a nossa oração por busca de poder e capacidade deve obedecer certas regras primárias de leis espirituais. Por isso, posso resumir o ensinamento como este. O segredo do poder é descobrir e aprender com o Novo Testamento o que é possível para nós em Cristo. O que tenho que fazer é ir a Cristo. Devo gastar meu tempo com ele. Eu preciso meditar sobre ele, devo chegar a conhecê-Lo. Isso era a ambição de Paulo "para que eu possa conhecê-Lo." Devo manter o meu contacto e comunhão com Cristo e devo concentrar-me em conhecê-Lo.
O que mais? Eu tenho que fazer exatamente o que Ele me diz. Devo evitar as coisas que iriam me prejudicar. Se no meio da perseguição queremos nos sentir como Paulo se sentiu, devemos viver como Paulo viveu. Devo fazer o que Ele me diz, tanto para fazer e não fazer. Devo ler a Bíblia, devo exercer, devo praticar a vida cristã, devo viver a vida cristã em toda sua plenitude. (Depressão Espiritual: Suas Causas e Cura [Grand Rapids: Eerdmans, 1965], 298-99).
O poder de Deus vai trazer contentamento para aqueles que não têm força própria, mas somente se eles têm vivido em retidão. Não há nenhuma solução rápida, nenhum atalho para contentamento. Ele vem apenas para aquelesque estão reforçados pelo poder divino, e que esse poder divino não venha de conselheiros, terapia ou de fórmulas auto-ajuda, mas apenas de uma vida piedosa consistente. 
 
RESUMO DO LIVRO DE FILIPENSES - Epístolas paulinas - 
Texto: Filipenses 4.10-13 - A Mente Contente
Os filipenses tinham enviado uma oferta a Paulo, e nos versos 10-19 ele agradece de maneira cristã.
1. Apreciação. “Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade”. Os filipenses tinham demorado em entrar em contato com Paulo, mas ele atribui esse atraso a causas além do controle dele. Pode ser que não tivessem alguém apropriado para levar o recado. A alegria de Paulo ergueu-se acima da dádiva, para agradecer o amor que deu origem à dádiva, e depois subiu mais alto para agradecer ao Doador. Paulo amava grandemente os seus convertidos, e o amor que tinham por ele era, afinal de contas, o amor de Cristo, a maior consolação e apoio dele. Paulo era grato, e sua felicidade aumentava muito mais por causa da generosidade atenciosa dos seus convertidos, não somente porque ele precisava de dinheiro, mas porque a oferta revelava a graça de Deus nas vidas deles. “Não digo isto como por necessidade”.
2. Contentamento. “Porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”. O pensamento dos versos 12 e 13 é:
“Não pensem que falo assim porque tenho sentido o aperto de passar necessidade. Pelo contrário, aprendi, seja qual for a minha condição, a ser independente das circunstâncias. Estou treinado para suportar as profundezas da pobreza, e também aprendi a lição de agüentar a abundância. Na vida como um todo, e em todas as circunstâncias, já dominei o segredo do viver — como ser o mesmo no meio de abundância e no meio de privações, quando fico repleto e quando passo fome”. Quando as circunstâncias furtam a paz do cristão, conseguem tirar dele uma das suas posses mais preciosas. Quando descobre que nenhuma circunstância ou pessoa pode roubar-lhe a calma, já possui o segredo da vitória. E isso se aplica à prosperidade também, porque ela pode se constituir em prova maior do que a adversidade. O apóstolo, porém, seja em abundância, seja em pobreza, mantinha sua mesma atitude de paz e confiança.
3. Poder. “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Se alguém dissesse a ele: “Irmão Paulo, você por certo tem grande força de caráter para se conservar paciente e vitorioso diante das adversidades e perseguições”, Paulo responderia: “Não mantenho essa atitude com minhas próprias forças; consigo todas essas coisas através de Cristo que me fortalece”. A comunhão que Paulo mantinha com o Cristo imutável conservou-o inabalável em todas as circunstâncias.

Por Apazdosenhor.org


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