Capítulo 4 A
QUEDA DA RAÇA HUMANA
INTRODUÇÃO - livro O COMEÇO DE TODAS AS COISAS
O filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço é uma
lastimável charge da queda do homem. Trabalhando o roteiro de Arthur C. Clark,
o diretor Stanley Kubrick dá início à sua perambulação, focalizando uma
sociedade ainda distante do homo sapiens. Mais símios que humanos, suas
caricaturas lutam por sobreviver ao ambiente. Faltando-lhes víveres,
sobram-lhes instintos. Por uma fonte d’água, matam e morrem.
A história do
bizarro ajuntamento começa a mudar, quando um hominídeo defronta-se com um
estranho monólito. Após tocar a pedra finamente polida, apodera-se ele de uma
tíbia que, até então, servira-lhe de arma, e arremessa-a para o alto. No
instante seguinte, o cenário muda bruscamente. Agora, aparece um ônibus
espacial da extinta PAN-AMAM, conduzindo o Dr. Heywood R. Floyd até uma base
que orbita a terra. Como trilha sonora, Strauss e Wagner.
Quando do
lançamento do filme, em 1968, pensava-se que, decorridos 33 anos, o homem não
mais seria o lobo do homem. Para Stanley Kubrick, nosso maior adversário seria
o Hal 9000, um computador narcisista e com muita gana de poder.
Enfim, 2001. No espaço, nenhuma odisseia. Na
terra, a maior tragédia dos tempos pós-modernos. O ataque de 11 de setembro
mostra a selvageria do homem. Osso algum é lançado ao espaço. Milhares de
corpos, porém, misturaram-se aos escombros das Torres Gêmeas. Na história
humana, evolução alguma. Apesar do avanço tecnológico, continuamos a involuir.
Logo, não caímos para o alto; precipitamo-nos no abismo que sempre chama outro
abismo: o pecado. Nossa queda foi real e para baixo.
I. O QUE É A QUEDA
Na visão de Stanley
Kubrick, a aurora da humanidade era nada racional e selvagem. A evolução da
raça, porém, arrancou-nos à barbárie, lançando-nos a caminho de Júpiter. A
narrativa mosaica caminha em sentido contrário. O homem não evoluiu, mas
perigosamente involui à morte eterna. E, deste processo, só Cristo pode
libertar-nos. É o que nos ensina a doutrina da queda humana.
1. . A teologia da queda.
É a doutrina, segundo a qual o homem, por
haver desobedecido a Deus, comendo do fruto proibido, foi expulso do Éden,
estando, a partir daí, sujeito à morte espiritual, física e eterna.
Cristo, todavia,
trouxe morte à morte pela sua morte. Logo, crendo em Jesus, como seu Salvador,
o homem é restaurado espiritualmente, vendo-se livre da morte eterna. Quanto à
morte física, acalenta-nos a esperança da ressurreição.
2. O fundamento da
teologia da queda.
O principal
fundamento da teologia da queda encontra-se na Bíblia Sagrada. Através de uma
narrativa e de muitas proposições diretas e indiretas, a Palavra de Deus mostra
por que a criatura, após haver se rebelado contra o Criador, começa a involuir
até quase depravar- se totalmente.
Utopicamente, o homem, buscando fugir à
tragédia do Éden, olha para o futuro, como se este fosse acessar-lhe o paraíso
perdido: uma sociedade amorosa, justa e solidária. Mas o que se vê pela frente
é distópico. Por essa razão, a historiografia traça a trajetória humana
prosaica e poeticamente, como ressalta Aristóteles (384-322 a.C.): “O historiador
e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever em
prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que
aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido”.
De um modo geral,
todas as ciências, quer as humanas, quer as exatas, evidenciam os efeitos da
Queda. A medicina, por exemplo, tudo faz por alongar-nos a vida, mas os
próprios médicos acabam por sucumbir à morte.
3. Objetivos da teologia da queda.
Em linhas gerais,
estes são os objetivos da Teologia da Queda:
1) mostrar a
culpabilidade humana diante da santidade divina; 2) justificar o juízo de Deus
sobre o homem pecador; 3) provar que a depravação humana, apesar de suas
consequências, não foi total nem é irreversível; 4) esperançar os descendentes
de Adão sobre a eficácia da redenção cristã; 5) destacar que Jesus Cristo, como
a semente da mulher, é suficiente para desfazer as obras de Satanás; 6)
evidenciar ao crente a necessidade e a possibilidade de se ter uma vida santa
diante de Deus e dos homens; e: 7) levar a Igreja a proclamar a redenção
adâmica através do Evangelho de Cristo.
II. A POSSIBILIDADE DA QUEDA
Ao criar-nos,
dotou-nos o Criador com o livre-arbítrio. Sem este instituto, jamais seríamos o
que somos. Se por um lado, Deus não nos fez pecaminosos; por outro, não nos
equipou com o dom da impecabilidade. Portanto, fomos criados tanto quedáveis,
quanto ascendíveis, mas redimíveis sempre.
1. O dom da
impecabilidade.
Jesus Cristo foi o único ser humano impecável,
pois a sua humanidade era tão perfeita quanto a sua divindade. Por isso mesmo,
apresentou-se como o nosso fiel e suficiente sumo sacerdote (Hb 4.15). Nele, a
impecabilidade não era um dom; era um atributo, algo inerente à sua natureza.
Verdadeiro Deus, era e é natural e essencialmente santo. De um modo geral, todas as
ciências, quer as humanas, quer as exatas, evidenciam os efeitos da Queda.
Os anjos também não
foram criados com o dom da impecabilidade. Eles só vieram a adquiri-lo após
terem sido provados quando da rebelião de Satanás (Ez 28.15). Os que se
mantiveram fiéis ao Senhor tornaram-se impecáveis. E, desde então, são
conhecidos como santos e eleitos (Jó 5.1; Lc 9.26; 1 Tm 5.21). Por conseguinte,
já não há qualquer possibilidade de os anjos virem a pecar. O seu
livre-arbítrio, agora, leva-os tão somente a glorificar e a servir ao Criador.
Como seríamos se,
ao criar-nos, nos tivesse Deus dotado com a impecabilidade? Em primeiro lugar,
não seríamos; meramente existiríamos. A criatura racional, seja angélica, seja
terrena, tem de passar necessariamente pela etapa do livre- arbítrio; caso
contrário, jamais alcançará a plenitude do ser. Portanto, a provação é-nos
imprescindível à plenitude como seres racionais e livres (Tg 1.12). Que, neste
caso, não paire qualquer dúvida: a provação é necessária, não o pecado. Este
jamais nos será indispensável; aquela, sim (Tg 1.12).
2. A natureza
pecaminosa.
Se Deus, ao criar o
homem, não o dotou com a impecabilidade, tampouco fê-lo pecaminoso. Afinal,
estamos falando do Deus único, verdadeiro e santo (Lv 20.7). Ele não criou o
mal, nem pelo mal pode ser tentado (Tg 1.13). Sendo quem é, concedeu-nos o
livre-arbítrio, através do qual, nós, à semelhança dos santos anjos, poderíamos
ter alcançado, também, a condição de seres impecáveis.
O ser humano também
não foi criado moralmente neutro, nem infantilizado. Adão veio a existir de
forma santa, plena e racional; porém, não impecável. A provação viria, como de
fato veio. Logo, o homem caiu não por causa de sua pecaminosidade, mas em
virtude de sua pecabilidade. O mesmo pode-se dizer dos anjos. Eis o que
profetiza Ezequiel acerca do querubim pecador: “Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em que foste criado até que se achou iniqüidade em ti”
(Ez 28.15).
Portanto, o homem
foi criado perfeito. O uso indevido de sua liberdade, porém, levou-o à
imperfeição. Defrontamo-nos, aqui, com um aparente paradoxo. O livre-arbítrio
tirou-lhe a perfeição? Todavia, sem um arbítrio totalmente livre, seríamos
inviáveis e imperfeitos. Logo, a liberdade era imprescindível a Adão, porquanto
fora ele criado perfeito, mas não bom. Somente Deus é bom; a Santíssima
Trindade não pode ser melhor do que é.
Sábio em todos os
seus caminhos, dotou-nos Deus com o livre-arbítrio. Por isso, requer-nos ânimo
pronto e voluntário para adorá-lo (Rm 12.1).
3. A pecabilidade.
Se o homem não foi
criado com o dom da impecabilidade, e se o seu estado, ao vir à existência, não
era pecaminoso, como explicar a Queda? Só pode haver uma explicação. Deus o
criou pecável. Ou seja: com a possibilidade de pecar. A esse respeito, o Senhor
foi-lhe bastante claro: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16,17).
Então, Deus o criou
imperfeito? De forma alguma, pois tudo quanto o Senhor fez, perfeitamente o fez.
Assim, considera o sábio a obra divina: “Tudo fez Deus formoso no seu devido
tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa
descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim” (Ec 3.11).
Novamente,
defrontamo-nos com o paradoxo da perfeição divina. Na verdade, Deus fez o homem
perfeito. E, nessa perfeição, encontrava-se a pecabilidade. Sem esta, não
haveria livre-arbítrio.
E, sem o livre-arbítrio, a perfeição seria impossível.
Conclui-se, pois, que a perfeição humana requeria a possibilidade de pecar e de
não pecar. Nesse ponto, há que se ressaltar uma importante premissa. A
perfeição exigia a possibilidade, mas não a necessidade de pecar. Tanto os
anjos, quanto os homens, poderiam aperfeiçoar-se constantemente, sem a
experiência do pecado. Haja vista os anjos eleitos e santos. Estes, ao não
seguirem a Satanás, passaram da fase da pecabilidade para a da impecabilidade.
E o mesmo, acredito, poderia ter ocorrido com a família adâmica. Nossa comunhão
com Deus seria tão profunda e tão plena, que a árvore da ciência do bem e do
mal tornar-se-ia, com o tempo, desnecessária. Assim como os anjos já não
carecem de provação, pois obedecem a Deus perfeitamente e perfeitamente o
adoram, de igual modo dar-se-ia conosco (Mt 6.10; Hb 1.6).
O que aconteceria,
porém, se toda a humanidade tivesse vencido o pecado, com a exceção de uma
única pessoa? Deus, amando-nos como nos ama, enviaria o seu Unigênito, para que
morresse por essa pessoa única, pois Ele não nos ama apenas coletiva e
historicamente, mas individual e biograficamente nos ama com amor eterno.
Na vida do crente, por conseguinte, o pecado
não é uma necessidade, mas uma perigosa e, às vezes, fatal possibilidade. Eis o
que escreve João: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo,
o Justo” (1 Jo 2.1). O teólogo divino não diz “quando alguém pecar”, como se o
pecado fosse uma necessidade em nossa vida. Mas, sabiamente, adverte: “Se
alguém pecar”. Dessa forma, mostra ele que o pecado é apenas uma possibilidade
na carreira do cristão. Depreende-se, pois, que o discípulo de Cristo deve
lutar não propriamente contra o pecado, mas com suas imperfeições. Que o pecado
não é uma necessidade em nossa vida, reafirma mais adiante João: “Todo aquele
que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu,
nem o conheceu” (1 Jo 3.6).
Se por um lado, o
pecado não é uma necessidade, mas uma mera possibilidade; por outro, a
santidade é tanto uma necessidade, quanto uma real possibilidade em nossa
jornada para o céu. Por isso, professamos: “Cremos na necessidade e na
possibilidade de vivermos uma vida santa e irrepreensível diante de Deus e
perante os homens”. Portanto, recomenda o autor da Epístola aos Hebreus: “Segui
a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
É possível ser santo? Não somente possível, como necessário. A graça divina
leva-nos à santidade.
III. O AGENTE DA
TENTAÇÃO
Adão veio a existir
de forma santa, plena e racional; porém, não impecável. “Cremos na necessidade
e na possibilidade de vivermos uma vida santa e irrepreensível diante de
Ambrose Bierce (1842-1913), ao dicionarizar o inimigo, satirizou: “Diabo: o
autor de todos os nossos infortúnios e proprietário de todas as coisas boas
deste mundo”. Que Satanás existe e que se acha ao nosso derredor, buscando a
quem possa tragar, todos sabemos. Todavia, ele não é o autor de todos os nossos
infortúnios. Boa parte de nossos males e desventuras é consequência de nossas
decisões e escolhas. Nem por isso, deixa ele de ser o agente da tentação.
1. O primeiro pecado.
Cabe, aqui, uma
intrigante pergunta: Quem primeiro foi criado, o pecado ou o pecador? Nem um,
nem outro. Ora, se todas as coisas foram criadas por Deus, como Ele poderia ter
criado o pecado ou pecador? Tudo o que Deus faz, perfeitamente o faz. Logo, o
pecado nasceu do arbítrio livre e desimpedido que a criatura moral recebeu do
Criador. Daí, inferimos: a santidade divina é eterna; o pecado, não. Ele surgiu
no tempo e no tempo desaparecerá. Descreve o profeta Ezequiel o surgimento do
primeiro pecado: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado até que se achou iniquidade em ti” (Ez 28.15). Enquanto não havia
orgulho no coração do querubim, não existia nem pecado, nem pecador no
Universo. O amor divino era tudo em todos. Os anjos eram tão puros e amorosos
que, a cada ato do Criador, regozijavam--se (Jó 38.7). Mas, vindo o orgulho, o
pecado também chegou, revelando o pecador. A soberba é a mãe de todas as
transgressões (Pv 16.18).
2. O primeiro
pecador.
O querubim ungido é
o primeiro pecador. E, posto que imortal e irredimível, jamais perderá essa
condição. Todavia, a apostasia poderia ter sido inaugurada por um serafim. Ou,
por Miguel. Ou, talvez, por Gabriel. Ou, quem sabe, por um anjo de nenhuma
patente. Naqueles inícios, os seres angélicos eram todos pecáveis. Nenhum deles
havia sido agraciado, ainda, com o dom da impecabilidade. Se o pecado não
tivesse sido originado no céu, poderia ter surgido na terra? Acredito que sim.
Levemos em consideração a revelação de Ezequiel. O profeta, ao historiar a
rebelião contra o Senhor, não se refere apenas a Satanás; faz uma reverência
clara a Etbaal II, rei de Tiro. E, pela dicção da profecia, este era tão
deletério e nocivo quanto aquele. 3. O primeiro tentador. Assim Jesus qualifica
o adversário: “Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na
verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que
lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Satanás poderia
contentar-se em ser mais elevado que os demais anjos. Todavia, mentindo a si,
presumiu-se maior que Deus. Desde então, vem semeando suas inverdades tanto nos
corações dos mexeriqueiros, como na alma filosófica e no espírito teológico.
Mente grosseira e finamente. Homicida, levou Caim a assassinar Abel (1 Jo
3.12). Deus e perante os homens”.E, a
partir daí, não mais parou de matar. Inventa guerras, engendra revoluções,
incita levantes. Inspira genocídios e extinções.
4. O primeiro
impenitente.
A doutrina da depravação total cabe perfeitamente
ao Diabo, e não ao ser humano. À semelhança dos demais anjos, era superior a
nós (Sl 8.3-6). Ele criado já imortal; o homem, imortalizável. Houvesse Adão
obedecido ao Senhor, ainda estaria vivo. Se por um lado, a morte é algo
indesejável; por outro, é apresentada, em Cristo, como a nossa redenção eterna.
Se a recebemos por salário, podemos herdá-la como o maior dos ganhos (Rm 6.23;
Fp 1.21).
Desde que se
corrompera, Satanás não mais deu guarida à verdade (Jo 8.44). Quando mente, ou
mata, faz o que lhe é próprio; é da sua natureza a inverdade e o homicídio.
Portanto, ele é irredimível. Jamais voltará à congregação dos santos. O seu
lugar é no lago de fogo (Ap 20.10).
IV. A INTRODUÇÃO DO PECADO NO MUNDO
Historicamente,
Adão foi o terceiro a rebelar-se contra o Senhor. Em primeiro lugar,
apostataram Satanás e seus anjos. Depois, a mulher. E, só então, o homem. Não
obstante, foi Adão o grande responsável pela introdução do pecado no mundo. Por
que o juízo maior recaiu sobre ele? Apontemos as razões.
1. Adão era o
governador do mundo.
Deus confiou o
governo do mundo a Adão, a fim de que ele não apenas o governasse e lhe
descobrisse as ciências e culturas, mas principalmente para que viesse a
teologizá-lo (Gn 1.26). Cabia-lhe, pois, trazer à terra o Reino do Céu. Ele o
faria, repassando à esposa e aos filhos, o conhecimento e as ordenanças, que
lhe transmitira o Senhor. Mas, por não orientar devidamente a mulher, esta
fragilizou-se ante a dialética do adversário. Sua missão científica progredia;
a teológica começou a retroceder.
2. Adão era o guarda do Éden.
No Éden, competia a
Adão cultivar e guardar o paraíso (Gn 2.15). Que ele o haja aculturado, não nos
resta dúvida; o trabalho não lhe era contra a índole. Todavia, falhou em
custodiar o jardim. Ele sabia perfeitamente que existia um adversário, e que
este já havia turbado as regiões celestes. E, já expulso de lá, buscava agora,
por aqui, ampliar seus estragos e apostasias.
Adão não ignorava o
perigo que o rondava, mas o subestimou. Se nos mantivermos vigilantes, não
cairemos na mesma cilada.
3. Adão conhecia a
natureza do adversário.
Ao nomear os
animais, Adão passou a conhecer profundamente a biologia terrestre (Gn
2.19,20). Sabia que o leão era o rei das alimárias todas. Admirava a força do
boi e a mansidão do cordeiro. De igual modo, não ignorava a astúcia e o
fingimento da serpente. Bom zoólogo, bem que poderia ter alertado Eva quanto
àquele admirável réptil.
Pelo jeito, nenhuma advertência fez à mulher.
Deixou-a à mercê da víbora. Que esta falou, não há o que se duvidar. Se não
aceitarmos o fato, negaremos também o episódio da jumenta de Balão. Satanás
sabia que não podia derrubar o esperto e precavido Adão. Por isso,
instrumentalizou a serpente. E, tendo já enlaçado Eva, usou-a para seduzir Adão
que, voluntariamente, pecou contra o Senhor (1 Tm 2.14).
4. Adão introduziu
o pecado no mundo.
Eva pecou antes de
Adão, e Satanás, por seu turno, pecara muito antes de Eva. Todavia, o pecado
entrou no mundo não através da mulher, nem por intermédio do Diabo. O grande
responsável pela introdução da apostasia no mundo foi Adão. É o que esclarece
Paulo: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram” (Rm 5.12).
A serpente e a
mulher não deixaram de ser penalizadas. Entretanto, ao homem coube a
responsabilidade maior pela tragédia no Éden. Deus o condena a morrer, mas não
o condena à morte eterna, nem à segunda morte. Ali mesmo, em meio ao juízo, o
Senhor anuncia a redenção da humanidade.
CONCLUSÃO
Estamos no Século
XXI. Não houve odisseia alguma no espaço. Aliás, nem à Lua fomos mais. Isso não
significa que o homem tenha sufocado o desejo de aninhar-se nas estrelas. Naves
serão lançadas ao espaço, deixarão este sistema solar e perder-se-ão no
desconhecido. O ser humano, porém, jamais melhorará a sua índole, a menos que
receba a Cristo como o seu único e suficiente salvador.
Apesar de seus vôos
cada vez mais ousados, a queda do homem não foi para o alto. Moral e
eticamente, nunca estivemos tão baixo. Não precisamos de uma inteligência
artificial para infelicitar-nos; nossa razão, enferma pelo pecado, é mais que
suficiente para jogar-nos no inferno. Só o Senhor Jesus pode resgatar-nos dessa
queda fatal. Somente ele reverte os efeitos do pecado.
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