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Capítulo 2
A CRIAÇÃO DOS CÉUS E
DA TERRA
Durante a redação deste capítulo, recorri diversas vezes aos dois primeiros capítulos de Gênesis. E, a cada leitura, perguntava-me: “Por que essa passagem é tão combatida?” O referido texto, além de belo e piedoso, é mais lógico que o Big Bang e mais verossímil que Darwin. Não obstante, até mesmo alguns seminários evangélicos, influenciados por uma incredulidade crônica, já não aceitam como verdade histórica os 11 primeiros capítulos da Bíblia. Seus professores, arrogantemente, ensinam que a narrativa da Criação e a História Primeva só podem ser recebidas alegoricamente.
Analisando a redação sagrada do ponto
de vista gramatical, verifico não haver aí parábola alguma. E, sim, um relato
histórico muito bem elaborado que, sequer, abusa dos adjetivos. Por que um
preconceito tão maligno contra o Santo Livro? Embora a História da Criação não
seja científica, jamais será contraditada pela verdadeira ciência. Além do
mais, é a resposta mais clara e confiável que possuímos à grande pergunta da
vida: “Como vieram a existir tudo quanto há no Universo?” Levemos em
consideração também que, sem o Criacionismo Bíblico, nenhuma doutrina cristã
tem sentido.
I. A COERÊNCIA DO CRIACIONISMO BÍBLICO
Cada religião possui o seu
criacionismo. Dos gregos à tribo mais escondida da Amazônia, é possível
encontrar uma narrativa da criação do Universo. Algumas fantásticas; outras
pueris. Mas todas igualmente absurdas. Tais mitologias são o resultado de uma
tradição oral que, transmitida por Adão e Noé a seus filhos, foi corrompida
pelo tempo. Em sua base, porém, há um fundo de verdade.
1. Criacionismo Bíblico.
É a doutrina da Bíblia Sagrada, cujo
principal objetivo é mostrar como vieram a existir os Céus, a Terra e o ser
humano. É uma verdade aceita não somente pela fé, mas também pela razão (Hb
11.3; Rm 1.19,20). O pecado de Adão e Eva, portanto, não conseguiu depravar
absolutamente o homem; não impede a criatura de reconhecer o Criador na
criação.
2. Os fundamentos do Criacionismo
Bíblico.
Três são os fundamentos do
Criacionismo Bíblico: 1) a Bíblia Sagrada; 2) a razão; e: 3) o testemunho da Criação.
a) A Bíblia Sagrada. As Sagradas Escrituras afirmam do início ao fim, que
Deus é o Criador dos Céus e da Terra (Gn 1.1; Sl 95.6; Ap 10.6). Ora, basta o
testemunho da Escritura, para que nos convençamos da verdade. Afinal, ela é a
inspirada e inerrante Palavra de Deus. Ora, se a Bíblia não for capaz de
convencer-nos, a quem recorreremos? (Lc 16.31).
b) A razão humana. Embora comprometida
pelo pecado, a razão ainda é eficiente para conduzir-nos ao Criador, conforme
Paulo enfatiza aos romanos: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o
seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
que foram criadas” (Rm 1.20). Todavia, não ignoramos que Satanás vem
entenebrecendo a compreensão do homem moderno (2 Co 4.4). Por isso, temos de
proclamar a Palavra de Deus a tempo e a fora de tempo.
c) A criação. Finalmente, a própria
Criação testemunha do Criador (Sl 19.1). No Salmo 104, o cantor sagrado
enaltece a Deus por sua obra, pois esta discorre sobre o Ser que tudo criou e
que a tudo preserva.
II. O MARAVILHOSO
PRINCÍPIO DA CRIAÇÃO
O que Deus fazia no princípio? Não é fácil
responder a essa pergunta, pois não dispomos de nenhuma informação acerca de
suas atividades entre os três primeiros versículos do capítulo um de Gênesis.
Todavia, permitam-me algumas conclusões, que acredito serem coerentes e
razoáveis. Antes de Deus fazer a Terra, Ele criou o tempo, o espaço e a sua
própria morada.
1. O tempo. Deus jamais faria a sua obra na
eternidade, porquanto esta é um atributo exclusivamente seu (1 Tm 6.16). O
Criador é sempiterno; a criação, temporal. Ao contrário dos gregos que
acreditavam na eternidade da matéria, os hebreus crêem que tudo quanto existe
no tempo, foi criado pelo Eterno (Hb 11.3). Aliás, nem a própria morada de Deus
é eterna. Sendo o tempo a duração relativa das coisas, gera-nos a noção de
presente, passado e futuro: um período contínuo no qual se sucedem os eventos.
Deus, porém, é o que é. Ele não está sujeito a qualquer sucessão de dias ou
séculos. Presente, passado e futuro são-lhe a mesma coisa. Logo, somente o
Eterno poderia criar o tempo.
2. O espaço. Contrariando o que muita
gente supõe, o espaço não é sinônimo de vácuo. Este nenhum tecido possui.
Aquele, entretanto, tendo a sua própria tela, não pode avançar além de suas
fronteiras. O Senhor o criou, a fim de conter a sua obra que, embora
vastíssima, é finita. Logo, o espaço também é finito. O Criador não se acha
limitado quer pelo tempo, quer pelo espaço; a criação, sim. Até os mesmos anjos
acham-se condicionados temporal e espacialmente, pois não podem estar em dois
lugares ao mesmo tempo.
3. Os Céus. Tendo já estabelecido o
tempo e o espaço, o Senhor cria, agora, a sua própria morada.
Na verdade, Ele não precisa de
habitação alguma, pois nem o céu dos céus pode contê-lo (2 Cr 6.18). Mas, Rei
do Universo que é, delimita um lugar, para nele situar a sua corte.
Sim, até o próprio céu necessita do
tempo e do espaço, pois é um lugar real, e não uma mera parábola. Embora não
ocupe a nossa dimensão, a região celeste tem de ser vista como realidade. Para
lá são levadas as almas dos que dormem em Cristo (Ap 6.9).
A Nova Jerusalém, a morada eterna dos santos,
também é um lugar bem real. Em breve, estaremos ali com o Senhor. Ajuda-nos,
Pai.
Já criados os céus, que não podem ser
confundidos com os planetas de nosso sistema solar, o Senhor chama os anjos à
existência. Assim o salmista descreve a ação divina: “Os céus por sua palavra
se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles” (Sl 33.6). Os seres
angelicais também foram criados pelo sopro divino, exatamente como o Senhor
procederia com o homem (Gn 2.7). O Criador, pois, dedicou especial atenção às
suas criaturas racionais; chamou-as à vida de maneira única e personalizada:
cada anjo é um anjo, cada homem é um homem. Semelhantes, sim; iguais, não.
4. A Terra informe. Ainda no princípio,
Deus criou a Terra, e pô-la exatamente naquela coordenada espacial, onde se
encontra até ao dia de hoje. Nosso planeta, já delimitado pelo tempo e pelo
espaço, ainda era vazio e não possuía a forma atual. O autor sagrado assim o descreve:
“A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo,
e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gn 1.2).
O que era a Terra nesse longínquo
princípio? Era um todo disforme coberto pelas águas, que escondiam um grande
abismo. Por essa razão, fazia-se necessária a presença do Espírito Santo que,
pairando por sobre as águas, dava sustentação gravitacional ao nosso planeta.
Pois o Sol, a Lua e os demais corpos do Sistema Solar ainda não haviam sido
criados, para manter-lhe a gravidade naquele quadrante específico do espaço.
III. A CRIAÇÃO DA LUZ
Deus não precisa de luz, pois a luz e
as trevas são-lhe a mesma coisa. Além disso, habita Ele em luz inacessível (Sl
139.12; 1 Tm 6.16). Sua obra, porém, dela necessita para subsistir. Por esse
motivo, para dar forma à Terra, o Senhor ordenou-lhe o aparecimento: “Haja luz”
(Gn 1.3).
1. A luz primeva. Somente o Pai das luzes
para dar luz à luz (Tg 1.17). A luz do primeiro dia não era gerada pelo Sol,
que só viria a existir no quarto dia da
Criação. Alguns a denominam de primeva.
Outros, de cósmica. Para mim, simplesmente divina, pois Deus mesmo é a sua
fonte.
Na Jerusalém Celeste, não teremos
qualquer necessidade do Sol, porque o próprio Criador será a Sem o Cordeiro,
onde estaríamos? Aprisionados em trevas espirituais até sermos lançados à
escuridão mais exterior Mt 8.12). luz da nova criação; a terra e os céus atuais
já terão passado (Ap 21.23; 22.5). Eis que tudo se fará novo.
A partir daí, não precisaremos mais
da luz primeva; nem da solar viremos a necessitar: a luz eterna, provinda do
ser divino, iluminará a cidade que o Pai, em seu inexplicável amor, arquitetou
e construiu para acolher-nos na eternidade. Aleluia!
2. Jesus, a luz do mundo. Sim, Deus é
luz e, nele, não há treva alguma (1Jo 1.5). Por isso, aprouve-lhe enviar-nos o
seu Unigênito como a luz do mundo (Jo 8.12). Em Jesus Cristo, somos recriados
para uma nova realidade espiritual.
Sem o Cordeiro, onde estaríamos?
Aprisionados em trevas espirituais até sermos lançados à escuridão mais
exterior (Mt 8.12). Mas, hoje, caminhamos na luz e vivemos no reino da luz e,
como a luz, resplandecemos (Fp 2.15). Só em Cristo isso é possível.
IV. O FIRMAMENTO E A
PORÇÃO SECA
Tendo já iluminado o espaço com a luz
primeva, o Criador passa, agora, a separar as águas que se achavam acima e
abaixo do firmamento. Não se pode explicar devidamente como isso aconteceu. Por
esse motivo, requeiro a sua licença, querido leitor, para tirar algumas
conclusões do texto sagrado.
1. Um planeta disforme e vazio. Até o
segundo dia da Criação, a Terra ainda não possuía uma forma definida. Na
ausência de atmosfera, suas águas ficavam tanto abaixo como acima do solo. Era
um todo confuso e disforme. Era necessário, pois, que o Senhor ordenasse o
caos, conforme registra o autor sagrado:
“E disse Deus: Haja firmamento no
meio das águas e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento e
separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E
assim se fez. E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde e manhã, o segundo
dia” (Gn 1.6-8).
2. O firmamento. Não posso definir o
firmamento de Gênesis como o espaço sideral, pois este, como já vimos, fora
criado logo no “princípio”. Também não posso confundi-lo com a porção seca do
terceiro dia. Resta-me, pois, focá-lo como a atmosfera terrestre. Justamente,
neste ponto, é que surge uma velha e incômoda pergunta: “Como explicar as águas
que se achavam acima do firmamento”?
Penso que o nosso planeta, antes do
Dilúvio, era envolvido por um escudo hídrico, que o protegia dos raios
ultravioletas do Sol, proporcionando saúde e longevidade aos filhos de Adão.
Sob uma atmosfera tão sadia, as feridas eram imediatamente cicatrizadas e a
expectativa de vida, mesmo sob o pecado, era quase milenar (Gn 5.27). Depois,
foi a existência humana definhando até chegar aos parâmetros atuais (Gn 50.26;
Sl 90.10). Aliás, sob aquela atmosfera, o corpo humano bastava para se curar.
Por ocasião do singular cataclismo,
porém, “as comportas dos céus se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra
durante quarenta dias e quarenta noites” (Gn 7.11,12). A partir de então, a
Terra ficou exposta aos raios daninhos do Sol. E, assim, deixou de ser aquele
imenso e belo paraíso dos antigos. Enfermando-se, nosso planeta adoenta-nos e
rouba-nos a vida. Quando, porém, o Senhor Jesus estabelecer o Milênio, a Terra
será curada, mas a morte ainda reinará até a consumação final de todas as
coisas.
3. A porção seca. Não era intenção do
Senhor criar uma terra encharcada, nem um imenso deserto. Trabalhando
harmonicamente a Criação, ideava um lugar com oceanos, mares e rios. E, cada um
destes, banhando continentes e ilhas. Por isso, no terceiro dia, separou, de
entre as águas, a porção seca, e fê-la aparecer simetricamente por todo o
planeta.
A atmosfera, agora, envolvia uma
terra que não era sem forma, nem vazia. A essas alturas, nosso planeta já era
um globo bem definido. Faltava apenas o aparecimento das placas continentais.
Então, ordena o Senhor: “Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e
apareça a porção seca. E assim se fez. À porção seca Deus chamou Terra e ao
ajuntamento das águas, Mares. E viu Deus
que isso era bom” (Gn 1.9,10).
V. O APARECIMENTO DO
REINO VEGETAL
Já havia mares e continentes, mas a
porção seca do planeta achava--se despida de árvores e nua de ervas. A vida ainda
não era possível no planeta. Para que ela se viabilizasse, Deus torna o reino
vegetal uma estonteante realidade.
1. O reino vegetal. O Criador tudo planejou com sabedoria. Quando lemos o
oitavo capítulo de Provérbios, maravilhamo-nos com a manifestação da sabedoria
divina. Em dado momento, parece mais um monólogo do Cristo que, embora ainda no
seio do Pai, descreve como tudo foi chamado à existência. Então, neste momento,
decreta o Senhor o surgimento do reino vegetal: “E disse: Produza a terra
relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua
espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez. A terra,
pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores
que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E viu Deus
que isso era bom” (Gn 1.11,12). Sem dúvida, foi algo maravilhoso. Do solo ainda
virgem e casto, brotaram árvores e ervas. Aquele chão, ainda tão jovem,
cobria-se agora de verde e, como num grande milagre, acobertava-se de flores.
Somente Deus poderia criar tanta maravilha.
2. A fotossíntese. A essa altura, cabe
outra indagação: “Como a vegetação poderia vingar sem o processo de
fotossíntese, já que o sol só viria a ser criado no quarto dia?” Ora, se ainda
não havia o Sol, a luz do primeiro dia já existia. E, provinda ela de Deus,
possuía os elementos necessários ao pleno desenvolvimento das árvores e ervas
que, por toda a parte, juncavam a Terra.
Não há contradição alguma entre a
Bíblia Sagrada e a verdadeira ciência. Afinal, aquele que criou as plantas
haveria de esquecer-se de algo tão básico como a fotossíntese?
VI. A CRIAÇÃO DO
SISTEMA SOLAR
Até ao quarto dia, o Espírito Santo
ainda pairava por sobre a Terra, a fim de emprestar-lhe forma e mantê-la em
suas coordenadas. Afinal, nosso planeta depende da força gravitacional do Sol.
Doutra forma, seria um astro errante, no qual a vida seria impossível. Por
isso, Deus cria o Sistema Solar.
1. A cosmologia bíblica. Nas Sagradas
Escrituras, encontramos uma cosmologia superior a qualquer sistema humano. Ao
repreender o povo de Judá, o profeta Jeremias descreve o mecanismo com que Deus
dotara o Universo: “Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as
leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz
bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis
fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de
ser uma nação diante de mim para sempre” (Jr 31.35,36). Para o pós-modernismo, as
leis fixas de que fala o profeta são inaceitáveis, porque tudo haverá de ser
absolutamente relativo. Se o Universo está em expansão, como aceitar a
cosmologia bíblica? Quanto a mim, sinto-me mais confortável com o Gênesis de
Moisés do que com o relativismo de Einstein.
2. A criação do Sol e da Lua. Já de
início, podemos afirmar que a Terra é mais velha do que o Sol e a Lua. Logo,
jaz sem qualquer sentido a Teoria do Big Bang, segundo a qual os corpos do
Sistema Solar e as galáxias vieram a existir em virtude da explosão de uma
partícula subatômica incrivelmente densa e quente.
Tal explosão não existiu. De acordo
com a Bíblia, o Sistema Solar veio a surgir como resultado desta ordem divina:
“Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazer separação entre o dia e a
noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. E sejam para
luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez. Fez Deus
os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar
a noite; e fez também as estrelas” (Gn 1.14-16).
Já criado o Sol, a Lua e as estrelas,
põe-se a Terra sob a sua influência gravitacional. No Universo, estabelecem-se
as quatro grandes forças: gravidade, eletromagnetismo, força nuclear forte e
força nuclear fraca.
3. A divisão do tempo. Se até agora, o
tempo era contado apenas em dias, a partir da criação do Sol, da Lua e das
estrelas, poderá ele ser dividido também em semanas, meses, anos, séculos e
milênios. Acrescente-se, ainda, que, a partir de agora, a Terra ganha mais um
movimento: a translação, a sua viagem anual em redor do Sol.
VII. O REINO ANIMAL
Não há contradição alguma entre a
Bíblia Sagrada e a verdadeira ciência. Estamos no sexto dia da criação. A terra
já está devidamente preparada para acolher, nutrir e preservar a vida. Assim,
Deus chama à existência o reino animal.
1. Os peixes e as aves. No quinto dia,
os peixes enchem os mares, e as aves ocupam os céus (Gn 1.21,22). Todos segundo
a sua espécie. Nenhuma espécie evolui de outra nem para outra; ao ambiente
natural, adaptam-se naturalmente. Em tudo, Deus é perfeito. Não esqueceu nenhum
detalhe. Ele fez desde os peixinhos que encerramos num aquário às enormes
baleias e tubarões, que amedrontam os que se fazem ao mar. Quanto às aves, do
rouxinol à soberba águia, há uma cadeia ininterrupta de pássaros. Somente um
Deus como o nosso para criar tão perfeitamente tudo quanto existe.
2. Os animais selvagens e domésticos. No dia
seguinte, vieram os animais domésticos e selvagens (Gn 1.24,25). Na obra divina,
não há espaço à teoria de Darwin. Observemos, por exemplo, a cadeia que existe
entre os felinos. Do gato mais diminuto ao leão mais orgulhoso, há uma cadeia
impressionante de vida.
Nenhuma espécie necessita de outra
para evoluir, pois todas já foram chamadas à vida exatamente como as vemos
hoje.
CONCLUSÃO
A criação de Deus é perfeita. Não só
perfeita, mas belamente sustentável. É o que descobrimos em Gênesis. Por esse
motivo, alegramo-nos todas as vezes que voltamos ao primeiro livro da Bíblia
Sagrada. As perguntas que a ciência não logrou responder são, em suas páginas,
todas elucidadas numa linguagem simples e claríssima. Portanto, voltemos a
pregar o Gênesis. Afinal, tudo quanto existe tem, nele, início. Sim, até mesmo
as doutrinas que tanto prezamos. No próximo capítulo, veremos como e por que
Deus criou o ser humano.
LIVRO : Notas sobre o
Pentateuco - Gênesis
CAPÍTULO 1
NO PRINCÍPIO
A Potestade e
Majestade de Deus na Obra da Criação
"No princípio, criou Deus os céus e a terra".
A primeira frase no cânon divino coloca-nos na presença d
Aquele que é a origem infinita de toda a verdadeira bem-aventurança. Não há
argumento elaborado em prova da existência de Deus. O Espírito Santo não trata
de nada dessa espécie. Deus revela-Se a Si. Faz-Se conhecer pelas Suas obras:
"Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das
Suas mãos" (SI 19:1). "Todas as tuas obras te louvarão, ó
Senhor" (SI 145:10). "Grandes e maravilhosas são as tuas obras,
Senhor, Deus Todo-poderoso!" (Ap 15:3).
Ninguém, a não ser um
infiel ou um ateu, procuraria um argumento para provar a existência de Um que,
pela palavra da Sua boca, chamou os mundos à existência e Se revelou a Si Mesmo
como o Deus Todo-poderoso e eterno. Quem, senão Deus podia criar alguma coisa?
"Levantai ao alto os olhos e vede quem criou estas coisas, quem produz por
conta o seu exército, quem a todas chama pelo seu nome; por causa da grandeza
das suas forças e pela fortaleza do seu poder, nenhuma faltará" (Is
40:26)."... os deuses das nações são vaidades; porém o SENHOR fez os
céus" (1 Cr 16:26).
No livro de Jó, capítulos 38 a 41, temos um apelo feito do
modo mais sublime, da parte do Senhor, à obra da criação, como um argumento
incontestável da Sua superioridade infinita; e este apelo, ao mesmo tempo em
que põe perante a compreensão a prova mais ardente e convincente da onipotência
de Deus, toca o coração, também, pela sua assombrosa condescendência. A
majestade, o amor, o poder e a ternura são divinos.
...
"E o Espírito de Deus se movia sobre a face
das águas".
Pôs- -se a
ponderar sobre o teatro das Suas futuras operações. Isto era um panorama
verdadeiramente sombrio: uma vista em que havia amplo lugar para o Deus de luz
e vida operar. Somente Ele podia iluminar as trevas, fazer brotar vida, substituir
o caos por ordem e fazer separação entre as águas, onde a vida pudesse
manifestar-se sem medo da morte. Eram operações dignas de Deus.
"E disse Deus:
Haja luz. E houve luz". Quão simples! E, contudo, como é próprio de Deus!
"Ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu" (SI 33:9). A
infidelidade pode perguntar: Como? Onde? Quando? A resposta é: "Pela fé,
entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que
aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hb 11:3). Isto satisfaz
o espírito dócil. A filosofia pode rir-se desdenhosamente por isto, e
declará-lo ignorância rude ou credulidade cega, própria de um século de
semi-barbarismo, mas completamente imprópria de homens que vivem num século
iluminado da história do mundo, quando o museu e o telescópio nos têm posto de
posse de fatos dos quais os escritores sagrados nada sabiam. Que sabedoria! Que
conhecimento! Ou antes, que loucura! Que falta de senso! Que inaptidão para
compreender o fim e o desígnio da Sagrada Escritura! Certamente, não é o
objetivo de
Deus fazer de nós astrônomos ou geólogos, ou ocupar-nos com
pormenores que o microscópio ou o telescópio põem diante de cada rapaz da
escola. O Seu objetivo é conduzir-nos à Sua presença como adoradores, com corações
e a razão ensinados e devidamente governados pela Sua Palavra.
Contudo, isto
nunca satisfaria o chamado filósofo, que, desprezando o que ele chama
preconceitos de mentes vulgares e tacanhas dos discípulos sinceros da Palavra
de Deus, pega ousadamente no seu telescópio, e com ele examina os céus
distantes, ou desce aos profundos recessos da terra em busca de stratum,
formações geológicas e fósseis — todos os quais, segundo os seus cálculos,
aperfeiçoam grandemente, se é que não contradizem absolutamente, o relato
inspirado. Com tais "oposições da falsamente chamada ciência" (1 Tm
6:20) nada temos que ver.
Acreditamos que todas as verdadeiras descobertas, quer em cima
nos céus,
quer em baixo na terra, ou nas águas debaixo da terra, concordarão
com o que está escrito na Palavra de Deus; e se não estiverem assim da harmonia
são perfeitamente desprezíveis, segundo o parecer de todo verdadeiro amante da
Escritura Sagrada. Isto dá grande tranquilidade ao coração em dias como estes,
tão férteis em especulações de saber e teorias estrondosas; que, afinal, em
muitos casos, cheiram a racionalismo e infidelidade positiva. É indispensável
ter o coração inteiramente fundado quanto à plenitude, a autoridade, perfeição,
majestade e inspiração plenária das Sagradas Escrituras. Ver-se-á como isto é a
única salvaguarda eficaz contra o racionalismo da Alemanha e a superstição de
Roma.
...
O ponto sobre o qual desejo agora falar é a criação das luzes.
"E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para
haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos
determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus,
para alumiar a terra. E assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o
luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e
fez as estrelas".
O sol é o grande centro de luz, o centro do nosso sistema. Em
redor dele giram os astros menores. Dele recebem, também, a sua luz. Por isso,
o sol pode, legitimamente, ser visto como um símbolo próprio d'Aquele que em
breve há de levantar-Se, trazendo cura nas Suas asas, para alegrar os corações
daqueles que temem o Senhor. A aptidão e beleza do símbolo é inteiramente clara
para quem, tendo passado a noite em vigília, presencia o nascer do sol dourando
com os seus raios o céu oriental. As neblinas e as sombras da noite são
dispersas, e toda a criação parece aclamar o regresso do astro de luz. Assim
será, em breve, quando aparecer o Sol da Justiça.
As sombras da noite fugirão,
e toda a criação regozijar-se-á com o raiar de uma "manhã sem nuvens"
— o alvorecer de um dia brilhante e interminável de glória
A Lua
A lua, sendo por si mesma opaca, recebe toda a sua luz do sol.
A lua reflete sempre a luz do sol, salvo quando a terra e as suas influências
intervém (1).
Tão depressa o sol se põe no nosso horizonte, a lua apresenta-se
para receber os seus raios de luz e refleti-los outra vez sobre o mundo na
escuridão; ou no caso de ser visível durante o dia exibe sempre uma luz pálida,
como resultado inevitável de aparecer na presença de maior claridade. E
verdade, como tem sido observado, que o mundo às vezes interpõe-se: nuvens
escuras, neblinas cerradas, e vapores gelados, também, levantam-se da
superfície da terra e ocultam da nossa vista a luz prateada da lua.
_(1) É um fato interessante que a lua, quando
vista através de um poderoso telescópio, apresenta o aspecto de uma vasta ruína
da natureza.
Contudo, assim como o sol é o símbolo lindo e
próprio de Cristo, do mesmo modo a lua nos lembra admiravelmente a Igreja. A
origem da sua luz está oculta para a vista. O mundo não O vê, mas ela vê-O; e é
responsável por refletir os Seus raios de luz sobre o mundo de trevas. O mundo
não tem meio de conhecer coisa alguma de Cristo senão por meio da Igreja.
"Vós", diz o apóstolo Paulo, "sois a nossa carta,... conhecida e
lida por todos os homens". E acrescenta: "Porque já é manifesto que
vós sois a carta de Cristo" (2 Co 3:2).
Que lugar de responsabilidade! Quão sinceramente deve ele
vigiar contra
tudo que impede o reflexo da luz celestial de Cristo em todos os
seus caminhos! Porém, como deve a Igreja refletir esta luz?- Permitindo que a
luz brilhe sobre ela em todo o seu brilho límpido. Se a Igreja tão somente
andar na luz de Cristo, há de, certamente, refletir a Sua luz; e isto
mantê-la-á sempre na sua própria posição.
A luz da lua não é sua. Do mesmo modo acontece com a Igreja.
Ela não é chamada para se mostrar a si mesma ao mundo. Deve, simplesmente,
refletir a luz que recebe. E obrigada a estudar, com santa devoção, o caminho
que o Senhor trilhou aqui no mundo; e mediante a energia do
Espírito Santo, que
habita nela, seguir nesse caminho. Mas, ah! O mundo com as suas neblinas,
nuvens, e os seus vapores, intervém e oculta a luz e mancha a epístola. O mundo
não pode ver muito dos traços do caráter de Cristo naqueles que se chamam pelo
Seu nome; na verdade, em muitos casos, eles apresentam um contraste humilhante,
em vez de uma semelhança. Possamos nós estudar Cristo devotamente, de modo a
podermos imitá-Lo mais fielmente.
As Estrelas
As estrelas são luminares distantes. Brilham noutras esferas,
e têm pouca ligação com este sistema, a não ser que pode ver-se a sua
cintilação. "Uma estrela difere em glória de outra estrela". Assim
será no reino futuro do Filho de Deus. Ele resplandecerá com brilho vivo e
eterno, o Seu Corpo, a Igreja, refletirá, fielmente, o Seu brilho sobretudo à
sua volta; enquanto que os santos, individualmente, brilharão nessas esferas
que o Justo Juiz lhes distribuir, como galardão do serviço fiel prestado
durante a noite da Sua ausência. Este pensamento deve animar-nos a uma mais
ardente e vigorosa diligência por conformidade com o nosso Senhor ausente
(veja-se Lc 19:12-19).
Em seguida são
introduzidas as ordens inferiores da criação. O mar e a terra são criados para
transbordar com vida. Alguns podem sentir-se autorizados a considerar as
operações de cada novo dia como simbolizando as várias dispensações e os seus
grandes princípios característicos de ação. Quero apenas dizer, a este
respeito, que existe uma grande necessidade, quando a Palavra de Deus é tratada
deste modo, de vigiar, com todo o zelo, a operação da imaginação; e também de
prestar a maior atenção à analogia da Escritura, de contrário corremos o
risco de fazer erros graves. Não me sinto disposto a entrar numa tal linha de
interpretação; portanto, limitar-me-ei àquilo que julgo ser o sentido claro do
texto sagrado.
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