domingo, 27 de setembro de 2015

LIÇÃO 1 : GÊNESIS , O LIVRO DA CRIAÇÃO DIVINA






 
GÊNESIS, O LIVRO DAS ORIGENS
 INTRODUÇÃO

O Gênesis fascina-me o espírito. Tudo nele é relevante, didático, profundo, belo e devocional. Até as suas genealogias trazem-me preciosas lições. Da criação do Universo à morte de José, percorro um caminho que, apesar das agruras e provas, conduz-me logo ao Criador. Em cada página, encontro um Deus que, não se limitando a criar, deleita-se em revelar-se à criatura.
Neste livro, enterneço-me com os patriarcas. No Crescente Fértil, refaço-lhes as peregrinações desde a imponente Ur à rústica Betel. De suas vitórias, compartilho. Aos seus idílios, assisto. Que outro autor poderia descrever com tanta poesia o encontro de Jacó e Raquel? E a história de José? Não há quem não chore ao ler o drama do escravo hebreu que veio a governar o Império Egípcio. Em cada capítulo do Gênesis, tenho uma nova experiência com o Deus de Isaque e de Abraão. Iniciemos, pois, o nosso diálogo com uma literatura alta, rica e artisticamente bem trabalhada. Mas este não é o seu principal mérito. À semelhança dos demais livros da Bíblia Sagrada, o Gênesis é a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. Não veio à luz apenas para encantar-nos a estética, mas para encaminhar-nos à ética inigualável e perfeita do Criador.

I. A AUTORIA MOSAICA

O Gênesis foi escrito por um dos homens mais sábios da história. Filho de Anrão e Joquebede,  pertencia Moisés à casa de Levi, a mais conservadora das tribos hebreias (Ex 6.20; 32.26-28). Sua biografia é pontilhada por lances dramáticos e inexplicáveis. Ainda recém-nascido, foi preservado do infanticídio desencadeado pelo rei do Egito, visando à eliminação do povo de Israel (Êx 2.1-10).
Providencialmente adotado pela filha do Faraó, é l evado ao palácio, onde recebe a educação mais esmerada da época (At 7.22). Homem feito, saiu a ver as agruras de seus irmãos. E, na ânsia por ajudá-los, acaba por

matar um egípcio. Vê-se, então, forçado a refugiar-se em Midiã. Nesse diminuto reino localizado ao norte da Arábia, entrega-se ao pastoreio do rebanho de Jetro, seu sogro (Êx 3.1). Ali, solitário e reflexivo,  dispõe de espaço e tempo para meditar nos propósitos do Deus de Abraão. Que perguntas avivaram-lhe o espírito? E que indagações fez ao Eterno de Israel? Deus utiliza o isolamento de Midiã, para trabalhar-lhe a personalidade. No Egito, entre cativos e exatores, jamais se teria desenvolvido espiritualmente. Foi em seu exílio, que Moisés inteira-se de uma invenção que revolucionaria a transmissão do conhecimento: o alfabeto. Surgido na região do Sinai, seria logo adotado pela maioria dos povos. Providencialmente, o Senhor impediu que a sua Palavra fosse escrita em caracteres egípcios, pois tanto o demótico, conhecido pelo povo, como o hieróglifo, dominado apenas pelos sacerdotes, não possuíam a plasticidade e a segurança necessárias para registrar os inícios da História Sagrada.
Não sabemos em que período de seu ministério, Moisés escreveu o primeiro livro da Bíblia Sagrada. Mas podemos garantir que o Êxodo é uma sequência natural do Gênesis, pois, no original hebraico, ambos os livros acham-se ligados por uma conjunção aditiva.

II. DATA E LOCAL
Não é tarefa nada fácil precisar a data e o local em que Moisés escreveu o Gênesis. Para não nos perdermos em especulações, algumas absurdas e outras impiamente vazias, adotaremos a posição conservadora por ser a mais segura e racional.

. 1. Data
 É-nos permitido afirmar que o primeiro livro da Bíblia foi redigido entre 1445 e 1405 antes da era cristã, durante a peregrinação de Israel pelo Sinai. Eleger qualquer outra época, como a do pós-exílio babilônico, por exemplo, é atentar contra as evidências da própria Bíblia. Tanto os profetas quanto os apóstolos têm como certa a autoria mosaica de todo o Pentateuco, incluindo o Gênesis.


2. Local.

Já que sabemos ter Moisés escrito o Gênesis no século 15 antes de Cristo, concluímos que el e o redigiu no Sinai. Aliás, encontramo-lo em diversas ocasiões, durante a peregrinação de Israel pelo deserto, a registrar as palavras do Senhor (Êx 24.4; Nm 32.2; Dt 31.9). Ao seu dispor, excelente material de escrita. Doutra forma, o livro j amais teria chegado às gerações futuras.

 III. REIVINDICAÇÃO E TEMA

Todos os livros da Bíblia possuem, além do tema central, uma reivindicação específica. Por isso, devemos ler a Palavra de Deus com atenção e cuidado, para não lhe ignorarmos as demandas.

1. Reivindicação.
A principal reivindicação do Gênesis é que creiamos ser Deus o Criador dos céus e da terra. Aliás, é a primeira verdade que nos expõe o autor sagrado (Gn 1.1). Que nos curvemos humildemente, pois, à soberania divina. Ao aceitar semelhante demanda, confessa o salmista Etã: “Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste” (Sl 89.11).
 Quem l ê o Gênesis com devoção e amor, aceita de imediato a exigência divina. Sim, tudo pertence ao Senhor, inclusive você e eu. Aleluia!

2. Tema.

O tema do Gênesis faz-se acompanhar de sua reivindicação central: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Nesse livro, portanto, encontramos as origens dos céus, da terra, do ser humano, das nações e do povo de Israel. Acham-se nele, também, os esboços das doutrinas que professamos. O seu título, a propósito, significa exatamente isso: origem.

IV. OBJETIVOS DO LIVRO 

Além de uma reivindicação específica e de um tema central, o Gênesis foi escrito com, pelo menos, dois objetivos: fundamentar teológica e historicamente o êxodo hebreu e responder-nos às grandes perguntas da vida.

1. Fundamentar o êxodo hebreu.

Os leitores, ou ouvintes, imediatos do Gênesis foi a geração que o Senhor libertara do cativeiro egípcio. No momento mais crítico de sua história, era-lhes urgente saber três coisas essenciais. Antes de tudo, que o Jeová do Êxodo era o mesmo Elohim do Gênesis. Logo, o Criador dos Céus e da Terra não poderia deixar de apresentar-se como o Redentor de seu povo. Finalmente, o Deus que chamara Abraão a uma nova realidade espiritual, convocava-os, agora, a uma vida de liberdade numa terra boa, ampla e singularmente aprazível. Por isso, o Senhor se apresenta aos filhos de Israel como o El-shaday dos patriarcas (Gn 17.1; Ex 6.3).
O objetivo primacial do Gênesis, portanto, era fundamentar teológica e historicamente os filhos de Israel, a fim de que assumissem a sua identidade como povo de Deus. Eles deveriam saber que a sua liberdade não era fruto de um movimento político, nem de uma convulsão social, mas o cumprimento das alianças que o Senhor estabelecera com Abraão, Isaque e Jacó. Aliás, o próprio José, pouco antes de morrer, profetizara, no Gênesis, o Êxodo: “Eu morro; porém Deus certamente vos visitará e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó”. Em seguida, José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: “Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar os meus ossos daqui” (Gn 50.24,25). Nas Sagradas Escrituras, todos os atos de Deus são bem fundamentados teológica e historicamente. O que aconteceu no Êxodo alicerça-se no Gênesis. As alianças firmadas neste cumprem-se naquele. O mesmo podemos dizer com respeito a nossa salvação. O que teve início no primeiro livro da Bíblia plenifica-se no último.

2. Responder as grandes perguntas da vida.
 O Gênesis foi escrito também para responder-nos às grandes perguntas da vida. Em primeiro lugar, todos ansiamos por saber como vieram a existir os Céus e a Terra. A segunda indagação, não menos importante, é acerca da nossa própria origem. Se não obtivermos as respostas certas,

deixar-nos-emos aprisionar tanto pelas mitologias antigas como pelas modernas, que nos chegam diariamente travestidas de ciência. Adão não tinha qualquer dúvida quanto à criação, pois conhecia pessoalmente o Criador. Mas os seus descendentes, por parte de Caim, logo endeusaram a criatura, permitindo-se arrastar pelo sexo e por atos cada vez mais violentos. Sim, violência e sensualidade, os dois primeiros deuses da humanidade; daí, nasceram todos os ídolos.
Não demorou muito para que os filhos do próprio Sete caíssem nos mesmos pecados de Caim (Gn 6.1-3). Se não fosse o piedoso Noé, toda a raça humana teria perecido no Dilúvio.

A era atual em nada difere daquela época, conforme afiança o Senhor Jesus: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.37-39). Em consequência do pecado, o deus deste século não demorou a cegar e a perverter a mente da humanidade (2 Co 4.4). E, assim, a narrativa que Adão e Noé transmitiram aos seus filhos acabou por degenerar-se em mitologias blasfemas e grosseiras. A família de Sem, através de Abraão, ainda manteria, por alguns séculos, a pureza do criacionismo.
Mas, já no tempo do Êxodo, a tradição oral j á não era confiável. Por isso, o Senhor convoca Moisés não apenas para libertar Israel do Egito, como também perenizar, através da palavra escrita, a verdade sobre os inícios de todas as coisas.
Tendo em vista a pureza do Gênesis, rejeitamos a hipótese de que o autor sagrado foi buscar rescaldos nas mitologias babilônicas para redigir o primeiro livro da Bíblia. Supervisionado pelo Espírito Santo, selecionou os registros mantidos pelos hebreus, depurando a tradição oral da criação que o seu povo ainda conservava. É cl aro que, nessa tarefa, ele contou igualmente com a revel ação divina. De modo que, hoje, temos um texto confiável, lógico e coerente. Não temos qualquer dúvida quanto à inspiração divina do Gênesis, que compreendeu tanto a iluminação como a supervisão do Espírito Santo.

Moisés foi chamado por Deus no momento mais crítico da história de Israel, pois 
Faraó estava prestes a exterminar os hebreus. E, com eles, perder-se-iam a narrativa da criação e os registros genealógicos que nos remetem a Adão e ao próprio Deus (Lc 3,38). Além disso, a linhagem do Messias também seria destruída, tornando inviável o advento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não há como mesurar a importância de Moisés na História Sagrada. O seu necrológio, apensado ao Deuteronômio, faz jus à sua biografia: “Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o SENHOR houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e maravilhas que, por mando do SENHOR, fez na terra do Egito, a Faraó, a todos os seus oficiais e a toda a sua terra; e no tocante a todas as obras de sua poderosa mão e aos grandes e terríveis feitos que operou Moisés à vista de todo o Israel ” (Dt 34.10-12).

Bastava o Gênesis para que Moisés se imortalizasse. Mas a sua obra não parou aí; transcendeu, fazendo-se eterna. Séculos mais tarde, vamos encontrá-lo no Monte da Transfiguração. Ali, juntamente com Elias, conferenciava com o Verbo de Deus acerca do momento mais ingente da História Sagrada: a expiação da humanidade no Calvário. A profecia de Gênesis 3.15 cumpria-se plenamente.

 V. GÊNERO LITERÁRIO

Ao contrário de Homero, legou-nos Moisés uma cosmogonia altamente confiável. Se o primeiro dispôs apenas do engenho humano, o segundo foi assistido pelo Espírito Santo, que o inspirou, dirigindo-o em toda a redação da obra. Na composição do livro de Gênesis, por conseguinte, Deus providenciou todos os detalhes, para que tivéssemos uma obra inerrante e infalível: alfabeto, língua, gênero literário e estilo.


1. Alfabeto.

Conforme j á dissemos, o Senhor impediu que os primeiros cinco livros das Escrituras Sagradas fossem escritos nos caracteres egípcios. Se isso tivesse ocorrido, o Pentateuco teria desaparecido j á nas décadas seguintes, pois somente a elite cultural egípcia, da qual Moisés fazia parte, era capaz de dominá-los. Al ém do mais, a escrita ideográfica do Nilo estava fadada a desaparecer. Haja vista que, no período do Novo Testamento, os hieróglifos j á haviam sido substituídos, em todo o Egito, pelos alfabetos grego e latino. Dezoito séculos mais tarde, o francês Jean-François Champollion (1790-1832) enfrentaria dificuldades, a fim de resgatar o sentido daqueles signos línguísticos.
Por esse motivo, Deus isolou Moisés por quarenta anos em Midiã, para que o seu servo aprendesse o alfabeto sinaítico. Através dessa invenção
maravilhosa, ele teria condições de transmitir às gerações futuras os inícios da História Sagrada. Embora não se saiba quem de fato criou a linguagem alfabética, o certo é que ela veio a ser assimilada rapidamente pelos hebreus, fenícios, gregos e l atinos. Destes, veio a ser adotada pela maioria das línguas modernas. Durante o cativeiro babilônico, os escribas judeus houveram por bem substituir o alfabeto sinaítico pelo ashurith, conhecido também como quadrático devido à sua forma retangular. E, a partir do século 6º de nossa hera, apareceram os massoretas, cujo principal trabalho foi a vocalização do texto original hebraico, para que este não acabasse por perder a sua pureza fonética.
2. Língua.
Entre os idiomas antigos, tenho para mim que o hebraico era o mais perfeito. Simples e poético, apresenta uma gramática descomplicada e logo assimilável.
É claro que, no decorrer do Antigo Testamento, os livros do Pentateuco foram submetidos a vários processos editoriais. Mas todas essas intervenções foram orientadas e supervisionadas pelo Espírito Santo, visando preservar a integridade do texto sagrado.

3. Gênero literário.

Embora haja poesias e até hinos no Gênesis, o livro não é uma obra poética. Diferentemente de Homero, utiliza Moisés a narrativa histórica para registrar os começos do Céu, da Terra, da humanidade e do povo hebreu. 
A História da Criação seria, séculos depois, salmodiada pelos cantores de Israel. Mas, quando da redação do Gênesis, o Senhor levou Moisés a utilizar um gênero literário adequado à historiografia sagrada, realçando a credibilidade do primeiro livro da Bíblia.
4. Estilo.

Se o estilo é de fato o homem, em todo o Gênesis vemos a mão de Deus em tudo o que Moisés escreveu. Historiador sagrado, foi belo e poético em cada frase e oração. Até pequenas sentenças, como esta, adquirem beleza e ternura em sua pena: “Haja luz” (Gn 1.3). A História de José é outro exemplo da excelência literária do autor sagrado. Quem consegue l ê-l a sem lacrimejar? Enfim, o Gênesis é tão belo e singular que só podia ser divino. Escrito há mais de três mil e quinhentos anos, continua a encantar crianças, adolescentes, adultos e anciãos. O primeiro livro da Bíblia Sagrada, portanto, é uma história real, não uma parábola, nem uma coleção de alegorias, como sugerem os liberais e inimigos da Palavra de Deus. Se o interpretarmos doutra forma, j amais poderemos aceitar, como verdade, a História da Redenção.

 VI. CONTEÚDO

O Gênesis pode ser dividido em duas grandes seções: a História Primitiva e a História de Israel

1. A História Primitiva.
 Conhecida também como História Primeva, a História Primitiva ocupa-se dos primeiros dois milênios da estadia do homem na Terra, abrangendo os primeiros onze capítulos do livro: da Criação à Torre de Babel.


De forma sintética, mas profundamente cl ara, a Palavra de Deus mostra como vieram a existir o Céu, a Terra, os animais e o homem. Narra também a ocorrência do Dilúvio e o evento da Torre de Babel, revel ando como originou-se a diversidade cultural da humanidade.

2. A História de Israel.

A partir do capítulo 12, tem início a História de Israel. É uma narrativa 
soteriológica das biografias dos três grandes patriarcas da nação hebreia: Abraão, Isaque e Jacó. O relato é encerrado com a ascensão providencial de José ao governo egípcio.
Nessa seção, Deus estabelece suas alianças com os pais da família hebraica. De um lado, promete-lhes que os protegerá em suas peregrinações até introduzi-los na terra de Canaã. Do outro, os hebreus se comprometem a guardar-lhe os mandamentos e devotar-lhe uma adoração exclusiva e única. Todos fomos chamados a uma vida perfeita diante de El Shaday (Gn 17.1).

CONCLUSÃO


Como nos sairíamos sem o Gênesis? Ainda estaríamos presos às mitologias babilônicas, indianas e gregas. Sem el e, j amais poderíamos libertar-nos dos mitos pós-modernos, que nos chegam todos os dias como verdade e ciência. Enfim, sem as verdades do Gênesis, j amais teríamos alcançado a liberdade em Cristo, pois a doutrina da salvação tem, no primeiro livro da Bíblia Sagrada, a sua gênese. Por isso, agradeçamos a Deus por nos haver providenciado uma porção tão indispensável e bel a de sua inspirada e inerrante Palavra. Quanto mais o tempo passar, mais constataremos a exatidão da obra que nos legou Moisés. Leia o Gênesis com a sua família. No culto doméstico, abra a Bíblia neste livro e estude-o metódica e sistematicamente. Assim, você impedirá que os seus pequeninos sejam vítimas dos falsos postulados científicos como a Teoria do Big Bang e o Evolucionismo.



N. Lawrence Olson - o plano divino através dos séculos

Os séculos criativos
Segundo a Palavra de Deus a terra em que vivemos já passou por grandes mudanças que alteraram muito a sua superfície. Outras mudanças ainda ocorrerão. Estudaremos estas mudanças, pois nos ajudará em estudo posterior sobre o homem e os espíritos. Ao nos referirmos ao "mundo" entendemos que o termo inclui não somente o planeta, nossa habitação, como também o universo de estrelas, o espaço, a atmosfera, planetas e astros. Muitas referências bíblicas reúnem as palavras "céus" e "terra", dando a entender que a sua criação se deu na mesma época. Gn 1.1; Mt 24.35; Ap 21.1.
Quanto ao método usado por Deus na criação, há diferença de opinião da parte de dedicados servos de Deus. Há alguém que interpreta Gn 1.1 como sendo apenas uma declaração preliminar que antecede a narrativa da criação e que registra a maneira de transformar um mundo sem forma, num belo estado de "cosmos", que se teria realizado através de sete longos períodos chamados "dias". Há outros eruditos que são de opinião que Gn 1.1 refere-se à criação original do sistema solar no longínquo passado, em estado de perfeição; e que Gn 1.2 seria uma referência a uma calamidade que sofreu a terra tornada um "caos"; e que a narrativa detalhada que se segue é a descrição dum período de "reconstrução", de seis dias, no qual a terra foi restaurada à sua original ordem de beleza e harmonia. O esboço que se segue acompanha este pensamento.
A. A Criação Original, Gn 1.1.
 Esta passagem refere-se à criação dos céus ê da terra, isto é, ao sistema solar, no passado. Deus podia formar o universo, ou colocando em movimento certas forças que gradativamente resultaria num "cosmo" bem ordenado, ou também podia fazê-lo instantaneamente por um só mandamento do seu poder. Não vemos razão porque não foi por este meio. Não há conflito entre a Bíblia e a ciência autêntica. Por quanto tempo a criação permaneceu neste estado de perfeição nós não sabemos porque a Bíblia não o revela. Mas que foi um universo perfeito em todo o sentido, isso cremos, pois em Isaías 45.18 lemos: "Assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para ser habitada." Esta criação original poderia ter sido aquele "Éden, jardim de Deus" composto de um reino mineral, todo glorioso, a que se referiu Ezequiel no cap. 28.12-16, e em que Satanás o "querubim da guarda ungido" andava no brilho das pedras. Esse paraíso mineral faz lembrar do paraíso encontrado em Ap 21 e 2 em Ezequiel 28.13 é diferente do Éden, o lar de Adão. Gn 2.8. Mas o nome é o mesmo. Portanto, podemos concluir que o primeiro Éden pertencia a uma criação diferente, mas a terra é a mesma. Podemos concluir também que foi dessa posição exaltada que
Satanás ocupava, que ele aspirou ser igual ao Altíssimo (Isaías 14.12- 14), ocasião em que a grande ira de Deus contra esse anjo fez reduzir a terra original a um estado de caos absoluto, fato registrado em Gn 1.2; I Tm 3.6. A terra se teria tornado inabitável. Satanás e suas hostes ficaram sem morada certa. Este fato serve para explicar porque ele retornou ao Éden, seu antigo lar, procurando a expulsão dos novos donos, que eram Adão e Eva, e contra os quais teve ira. Pela mesma razão tem inimizade contra a raça humana até hoje. É a sugestão de alguns que os demônios são espíritos destituídos de corpos físicos, e que sempre o procuram (Mt 8.31), seriam os espíritos dos habitantes da terra no estado original. (Contudo, sabemos que não havia homens na terra original, pois em I Co 15.45 lemos que Adão foi o primeiro homem.)
B. A terra caótica. Gn 1.2.
Como já observamos em Isaías 45.18, a terra original não foi criada como um caos. Mas a terra tornou-se em caos, sendo submergida n’água. Não havia luz de espécie alguma. Nenhuma distinção havia entre terra e céus. Nenhuma terra seca havia e nenhum firmamento que dividisse as águas. E também nenhuma vida havia mais, a não ser alguma semente no fundo do oceano. Foi o castigo mais tremendo jamais aplicado a alguma criatura de Deus de que temos notícia. Que demonstração do poder destruidor de Deus quando tem de castigar alguém!
A descrição de Gn 1.2, "a terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo...", significa que sobre a face da terra havia só água. Luz, calor etc. não havia. Por quanto tempo durou essa condição não sabemos, mas presumivelmente podemos colocar neste espaço de tempo todas as eras geológicas que a geologia moderna ensina, que tudo isso existia antes dos "dias" da reconstrução da terra mencionados, no cap. 1 de Genêsis.
C. Os céus e a terra que agora existem. I Pe 3.7.
O registro de Gn 1.3-31; 2.1-3 não se refere à obra da criação original e, sim, a um período de tempo em que a terra ficou liberta de sua condição caótica. Considerar Os "dias" de Gênesis cap. 1. As razões para opinar que esses "dias" não eram períodos de 24 horas são as seguintes: três desses completaram-se antes do aparecimento do sol. A palavra "dia" nas Escrituras muitas vezes significa um período de tempo de duração indefinida, como em SI 95.8; Jo 8.56; I Co 6.2; e I Pe 3.8. Não há razão para dizer que o mundo tem só 6.0 anos. À cronologia bíblica data da criação do homem e não da criação do mundo..
É muito importante notar a correspondência existente entre a geologia e a narrativa de Gênesis cap. 1. A geologia afirma ter havido seis sucessivos períodos de criação da terra que se estendem por milhões de anos. Em linhas gerais são os mesmos estágios registrados em Gênesis cap. 1. Para a geologia a vida precede a luz, e a vida deve ter surgido debaixo do abismo. "E o Espírito de Deus pairava sobre as águas." Gn 1.2. A geologia confirma que o primeiro calor, não foi de origem solar, mas de origem química.
1) O Primeiro Dia. Gn 1.3-5. Nesta passagem encontramos duas palavras: "criar" e "fazer", fato que serve para indicar que a obra de Deus era mais na forma de reconstrução. A palavra "criar" é usada no versículo 1 e depois só no versículo 21, quando Deus "criou" os grandes animais marinhos. A obra do 1º dia não concerne ao sol, a lua e às estrelas, pois esses seres só aparecem no 49 dia. Antes houve o aparecimento de luz em si, separada das trevas.
Os cientistas costumam zombar da narrativa de Gênesis porque essa fala da luz como existente antes da criação do sol, que todos supunham ser a única fonte de luz. Mas hoje em dia a ciência já sabe da existência de luz "cósmica" na terra totalmente independente da luz solar.
2) O Segundo Dia. Gn 1.6-8. A obra desse dia era a instituição fio firmamento chamado "céus", ou seja a atmosfera em cima de nós, cujas nuvens retêm a umidade (as águas sobre o firmamento), separando-as das águas de sobre a terra. A geologia ensina o mesmo estágio na formação da terra.
3) O Terceiro Dia. Gn 1.9-13. No terceiro dia o relevo do solo transformou-se em grandes montanhas e enormes vales nos quais se ajuntaram as águas que foram chamadas "mares". A geologia ensina o mesmo fenômeno do aparecimento dos continentes na mesma seqüência da Bíblia. Os continentes produziram relva e árvore frutífera. A geologia também informa que a vida vegetal que produziu os vastos 'depósitos de carvão de pedra alimentava-se, não da luz solar, mas em meio à sombra. A madeira assim formada não ficou dura como é a madeira produzida à luz solar. A narrativa de Gênesis também coloca a vegetação como aparecendo antes da luz solar. Aparentemente a submersão das sementes nas águas não as destruiu e essas tornaram a brotar quando as condições o permitiram. Há abundantes evidências fósseis da existência dessas plantas primordiais, encontradas em toda parte da superfície terrestre.
4) O Quarto Dia. Gn 1.14-19. Esse dia viu aparecer o sol, a lua e as estrelas. O sol presidiria sobre o dia; a lua e as estrelas presidiriam sobre a noite. Dia e noite, anos e mudanças de estações resultariam daí e o tempo estava iniciado. Os "luzeiros" (vers. 14) seriam os "portadores" de luz e não necessariamente a luz em si. Com essa seqüência a geologia também concorda.
5) O Quinto Dia. Gn 1.20-23. Deus "criou" todas as aves e os animais marinhos no quinto dia. Também com essa seqüência a geologia concorda. Isto indica que toda a vida animal anterior havia perecido na calamidade que sobreveio à terra original. Muitos fósseis e ossos de aves e animais de espécies diferentes das de hoje são encontrados na superfície da terra.
6) O Sexto Dia. Gn 1.24-31. A obra dupla do sexto dia incluía animais terrestres e o homem. Estes animais provavelmente são os mesmos que conhecemos hoje. Tanto a geologia como o livro de Gênesis colocam o homem como o último da série a aparecer.
O fato de que toda vida vegetal e cada espécie de vida animal foram feitas "cada uma segundo a sua espécie" e capazes de se frutificar e multiplicar-se (Gn 1.1,24)prova que cada dia, por um ato instantâneo do poder de Deus, produziu uma obra perfeita e completa. Isto é confirmado pelo fato de que depois de cada dia (menos o segundo) e ainda depois da criação completada, Deus inspecionou a Sua obra e a pronunciou "boa". Gn 1.4,12,18,21,25,31.
A Teoria da Evolução. Ao comentar a criação do mundo não podemos dispensar um ligeiro comentário sobre a teoria da Evolução. Citaremos um parágrafo do livro "The Origin and Evolution os Life" (a Origem e Evolução da Vida) por H.F. Osborn. "Desde os tempos mais remotos do pensamento grego o homem avidamente procura descobrir alguma causa natural da evolução, no desejo de abandonar a idéia da criação sobrenatural". Isso constitui um franco reconhecimento do motivo da invenção da teoria da evolução. É para escapar à responsabilidade moral que a criatura tem perante o seu Criador. Infelizmente essa teoria ganhou aceitação totalmente desmerecida e aplica-se na maioria das escolas primárias, secundárias e demais instituições culturais, gozando ainda de popularidade nos púlpitos da ala modernista da religião.
De que consiste a teoria da Evolução?
 A "Evolução" é a teoria filosófica e especulativa que afirma que os vários elementos e substâncias químicos do mundo inorgânico e todas as inúmeras criaturas vivas do mundo orgânico tiveram origem comum e foram o resultado de efeitos cumulativos de mudanças, em si imperceptíveis e Essa teoria, que procura superar a narrativa bíblica sobre a criação, parte da pressuposição da existência da matéria e de força no universo, sem oferecer nenhuma explicação sobre a origem de nenhuma dessas. A matéria, segundo a teoria evolucionista, teria existido originalmente num vapor gasoso uniforme e altamente aquecido. A força seria nada mais do que a tendência dessa matéria de manter-se em movimento. Perguntamos se então não seria tão necessário o poder de um Ser Onisciente e Onipotente para criar a matéria e a força, com toda sua suposta capacidade para desenvolvimento e diversificação, como para criar os elementos separados, as plantas e os animais? A narrativa de Gênesis é plenamente razoável e científica e não exige mais fé do que exige a teoria evolucionista. De fato, ela é mais racional, e se exige menos fé para crer na eternidade dum Deus pessoal e no Seu poder criador, do que crer na existência hipotética e pressuposta da matéria e da força e no seu poder misterioso de desenvolver-se.
A Evolução Cósmica, isto é, das estrelas, da terra, do mar, do ar, e duma substância original comum, por enquanto nenhuma evidência apresentou para se tornar viável. Todas as pesquisas da astronomia indicam que a lei do universo é calcada na estabilidade e na ordem, e não transformação, provando que a teoria da evolução não passa de uma criação da imaginação humana.
No surgimento do inorgânico para o orgânico, a teoria da evolução requereria que, no remoto passado, e em razão dum acidente maravilhoso e combinação feliz e específica de forças e matéria, produziu-se a primeira centelha de vida que deu origem à primeira planta. Agora, se é verdade que todas as inúmeras formas e espécies de vida encontradas hoje no mundo em que vivemos evoluíram das substâncias inorgânicas, então duas coisas aconteceriam: primeira, as rochas forneceriam provas dessa emergência do inorgânico para o orgânico, e a própria natureza ao nosso redor revelaria certos agrupamentos de átomos que se estenderiam em direção da existência orgânica. Mas o próprio Charles Darwin admitiu que a geração espontânea é coisa "absolutamente fora de cogitação". Não se encontra em parte nenhuma do mundo qualquer sinal de vida orgânica que emergisse por si, dos elementos inorgânicos. O fato é que a matéria inorgânica não demonstra nenhum progresso, nenhum poder e nenhuma tendência de transformar-se em matéria viva.
A evolução admite que não se consegue encontrar o "elo" entre o reino vegetal e o animal. O próprio colaborador de Darwin, Alfredo R. Wallace, disse que a distância entre o reino vegetal e animal é tão grande que nenhuma explicação puderam formular sobre esse problema à base da matéria, suas leis e forças. No entanto, a evolução propõe o tal surgimento do inorgânico para o orgânico como teoria viável para explicar a verdadeira origem das coisas, deixando no entanto de explicar a origem da matéria, da força, a vida vegetal ou animal!
Se houvesse verdade na teoria evolucionista, não haveriam as diferentes espécies de vida e as linhas divisórias entre elas que verificamos na natureza. Antes haveria somente as formas individuais, uma se transformando na outra. Seria até impossível classificar as várias formas de vida, pois tudo estaria em estado de transmutação. Mas o que verificamos na natureza é um mundo claramente dividido em classes e espécies, cada uma separada da outra por barreiras contra a Evolução.
O fato é que existe um abismo intransponível entre o tipo de homem mais primitivo e o mais elevado tipo de animal, abismo que a ciência jamais conseguirá transpor. Por muito que os evolucionistas tenham procurado o "elo" inexistente entre o homem e o macaco, jamais o encontraram. O grande químico e cientista, Prof. Virchow, afirma,
"temos que reconhecer que não existe nenhuma prova fóssil dum tipo meras suposições. As conclusões seguem aparências, e não as leis cientificas das quais querem ser os grandes patronos.
O fato de que todas as diferentes espécies de animais e plantas foram criadas separadamente prova-se pelo fato de que, quando essas são cruzadas, a posteridade é sempre estéril. O cruzamento do jumento com a égua, por exemplo, produz a mula. A mula é produto híbrido e estéril! O fato de a raça humana em sua totalidade ser de uma só espécie e de origem comum, como Paulo informou aos atenienses em Atos 17.26, prova-se pelo fato de que quando as diversas raças se misturam, a sua descendência não é estéril e sim, fértil. Esse fato desfaz o argumento de certas pessoas, que somente a raça branca seja descendente de Adão.
"Adão não foi criado como um bebê e nem tão pouco como selvícola, mas como homem adulto, de inteligência perfeita. De outra forma não teria capacidade para pôr nomes aos animais do campo e às aves do céu. O fato de que seus descendentes demonstraram tão elevada capacidade para cultivar a terra, inventar instrumentos musicais e aparelhos mecânicos, construir cidades e torres e mesmo um navio como foi a arca de Noé, prova que os homens do período antediluviano eram inteligentes e capazes de grandes realizações. Gn4.2,17,21,2. Prova de que o homem desde então tem evoluído física ou intelectualmente, não existe." - Larkin.
Os proponentes da Evolução não conseguem explicar Jesus
Cristo, que era uma 'Raiz duma terra seca", e o cristianismo que surgiu sobre os ombros de doze homens, em oposição às crenças dos judeus, dos gregos e dos romanos. Também não sabem explicar como apareceu a nossa maravilhosa Bíblia que o próprio historiador H.G.Wells admite ser a fonte da civilização e não o produto da mesma.
E incrível como o mundo acadêmico e religioso, com tendências para o modernismo, tem engolido tão ingenuamente esta fantástica teoria que pelos próprios cientistas abalizados tem sido repudiada muitas vezes. Como pode uma teoria ganhar tal aceitação sem apresentar nenhuma prova? Certamente é um sinal dos tempos e acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça". I Ts 2.9- 12.
7) O Sétimo Dia. Gn 2.1-6. Nesse "dia" Deus descansou de Sua obra da criação do universo e de todos os seres vivos que o habitam.







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