Capítulo 8 Aprovados por Deus em Cristo Jesus
94 | As Ordenanças de Cristo para as Cartas Pastorais
Dificilmente
poderemos encontrar um discipulado tão abrangente e eficaz quanto o que Paulo
conseguiu desenvolver na vida de Timóteo. Hoje, em grande parte das igrejas, já
se dá mais valor ao discipulado. Sem dúvida, somente através de uma integração
de um novo convertido no seio da igreja local, visando à consolidação de sua fé
cristã, é que se pode dizer que a missão evangelizadora está sendo
bem-sucedida. Os resultados de um discipulado eficaz só podem ser observados na
vida dos que permanecem firmes, servindo ao Senhor com alegria e segurança
espiritual. Evangelizar é a missão da Igreja. Discipular é tarefa do maior
significado na igreja local. Jesus não mandou apenas evangelizar, ou proclamar
as Boas-Novas de Salvação. Mas ordenou: “Portanto, ide, ensinai todas as
nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho m andado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém !” (Mt28.19,20
- grifo nosso). O verbo ensinar, nesse texto, tem o sentido de “fazer
discípulos de todas as nações”, ou de todas as etnias, especialmente, ou entre
os gentios. O ensino doutrinário cristão inclui o rito do batismo em águas, que
é a confirmação exterior da conversão de um a pessoa. Por isso, Jesus exortou a
que seus discípulos ensinassem as nações a “guardar todas as coisas” que ele
havia m andado. Com essa visão abrangente acerca do discipulado eficaz, Paulo
teve esmero no cuidado com a vida espiritual e moral de Timóteo. Ele não se
contentava em ver Timóteo apenas como um mensageiro, entregador de suas cartas
nas igrejas por ele fundadas. Porém, almejava, e conseguiu, ver no jovem
obreiro, um verdadeiro evangelista, um ministro do evangelho (cf. 2 Tm 4.5). No
trecho da carta, estudado neste capítulo, vemos que ele faz ligação com a seção
anterior, estudada no capítulo antecedente, quando o apóstolo declara sua
firmeza, na fé em Cristo, dizendo: “Eu sei em quem tenho crido” (2 T m 1.12), e
exorta seu discípulo a seguir o seu exemplo como obreiro e servo de Deus.
Nesta parte da carta, Paulo, o tutor espiritual de Timóteo, faz uma das mais
belas exortações acerca do ministério, dizendo: “Procura apresentar-te a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade” (2 T m 2.15). Paulo enviara Timóteo a um a igreja que
enfrentava problemas os mais diversos, de ordem espiritual, ética e moral. Ali,
em Efeso, havia falsos mestres e falsos ensinos, que tinham o objetivo de
desvirtuar a vida cristã. O s gnósticos eram divididos em dois grupos
basicamente. Uns ensinavam que seria necessário o homem afastar-se das
aglomerações humanas, para evitar a contaminação do pecado, e que a carne, ou o
corpo, não presta para nada. Só o espírito tinha valor. Eram os ascetas. Com
essa visão, surgiram os monges, e os seus monastérios. Outros eram licenciosos
e defendiam a ideia de que, se a carne não presta, deve ser destruída pela
prática de atos imorais, de prostituição, de homossexualidade, bebedeiras, e de
todo o tipo de depravação, abominável aos olhos de Deus. D e um a forma ou de
outra, os falsos mestres destilavam esses ensinos heréticos, que contaminaram
muitos crentes. Por isso, Paulo enfatizava o cuidado que Timóteo deveria ter
para ser um obreiro digno, íntegro, aprovado por Deus, diante da igreja e dos
não cristãos. No final da seção anterior, Paulo escreveu: “Portanto, tudo sofro
por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo
Jesus com glória eterna. Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também
com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinarem os; se o negarmos,
também ele nos negará; se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se
a si mesmo” (2.10,13). Para ser aprovado por Deus, o obreiro precisa suportar
os sofrimentos, as oposições, os desafios e, acima de tudo, as tentações. Som
ente com um caráter cristão, íntegro e forjado no relacionamento pessoal com
Cristo, é que um ministro do evangelho, em qualquer de suas funções, pode
vencer os embates contra a carne, o mundo e o Diabo, que tudo faz para
desestabilizar os servos de Deus, especialmente os que detêm posições de
liderança nas igrejas locais. M as Paulo tinha a convicção de que é possível
vencer todos os adversários e todas as coisas que se opõem à vida cristã. Ele
afirmou de modo categórico e firme: “Mas em todas estas coisas som os mais do
que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37).
I - A URGÊNCIA DE SE ACHAR APROVADO POR DEUS
No trecho da carta que antecede a esta seção,
Paulo já havia exortado Timóteo quanto à salvação (2 T m 2.20), quanto à
necessidade da perseverança nos caminhos do Senhor, bem com o com relação à
apostasia de muitos que, atraídos pelos falsos ensinos, afastaram-se da verdade
do evangelho de Cristo (2 Tm 2.11-13). Por isso, ele diz a Timóteo para trazer
“estas coisas à memória” e para não se envolverem em “contendas de palavras,
que nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes” (2 T m 2.14). Sem dúvida
alguma, em Efeso, os falsos mestres apreciavam provocar discussões entre os
crentes, visando suscitar dúvidas quanto à sã doutrina.
1.
Contendas que Pervertem É um a das características marcantes dos hereges ou dos
apóstatas julgarem-se “donos da verdade”, de terem descoberto “a última revelação”
de Deus, segundo suas pesquisas e ensinos deturpados. Normalmente, esses
“mestres” são presunçosos, arrogantes e até agressivos. Valem-se da lógica
humana, da retórica e das argumentações aparentemente fundadas na Bíblia para
impressionar os crentes incautos, que, via de regra, não gostam de estudar a
Palavra de Deus. Muitos sequer leem a Bíblia, e, quando muito, o fazem no
momento do culto, em que o dirigente convida para a “leitura oficial”. Depois,
fecham o livro sagrado, e só o abrem “na próxima semana, no próximo culto”. São
diversos os tipos de “contendas de palavras”, que eventualmente surgem no meio
cristão ou entre evangélicos e pessoas de outras denominações ou igrejas. O s
salvos em Cristo não devem estar em busca de discussões com pessoas de outras
igrejas. Mas, às vezes, oportunidades surgem inesperadamente, e muitos não
sabem o que dizer ante argumentações que questionam a fé, em especial, a fé
pentecostal. Já vi de perto, e até participei, de discussão entre irmãos
presbiterianos ou batistas acerca da doutrina da salvação. O s pentecostais, em
geral, entendem que a expiação feita por Cristo na cruz do Calvário foi para
todas as pessoas que o aceitam com o Salvador. O s irmãos batistas e
presbiterianos, em geral, entendem que somente “os eleitos” ou os
“predestinados” têm esse direito. Os pentecostais usam versículos bíblicos
para fundamentar sua posição. Os irmãos “calvinistas” também usam a Bíblia para
embasarem seus argumentos. Enquanto a discussão é respeitosa, num exercício de
afirmação da fé, ou de busca da verdade, é salutar. Mas há ocasiões, em que o
confronto torna-se “contendas de palavras, que nada aproveitam e são para
perversão dos ouvintes”. Entendemos que, na eternidade, encontraremos tanto
“arminianos” quanto “calvinistas” que forem fiéis a Cristo, lá, no céu. Os
falsos mestres são mais numerosos hoje do que nunca. E os servos de Deus
precisam estar bem preparados para saber argumentar em defesa de sua fé,
firmada na sã doutrina. Quando surgirem tais “contendas de palavras”, que
pervertem, e não levam a lugar nenhum, a melhor coisa é seguir o conselho de
Paulo a Tito: “M as não entres em questões loucas, genealogias e contendas e
nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs. Ao homem herege,
depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está
pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.9-11).
2.
0 Obreiro Aprovado
“Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). São várias as características
marcantes de um “obreiro aprovado” por Deus. No texto, Paulo apresenta duas
qualificações que são fundamentais e indispensáveis para essa aprovação.
1) “Que não tem de que se envergonhar” Era um
conselho pessoal a Timóteo, e não propriamente à igreja em que ele se
encontrava.
Era uma exortação à integridade espiritual e
moral, diante de Deus, da igreja local e diante dos homens.
Referia-se ao testemunho que um obreiro
cristão deve demonstrar. Jesus disse que o cristão é “sal da terra” e “luz do
mundo” (Mt 5.13). Ou seja, o crente em Jesus, e especialmente o obreiro, o
líder, na obra do Senhor, deve ser referência para o mundo! Em outra carta,
Paulo diz que o bispo deve ser “irrepreensível” (1 T m 3.2), de conduta
ilibada, que não apresente exemplo negativo de atitude ou ação que desabone sua
conduta. O obreiro fiel, além de não se envergonhar do evangelho de Cristo (Rm
1.16), “não tem de que se envergonhar” em sua conduta, em seu procedimento
pessoal; não tem o que esconder ou ocultar por ser desonroso em sua vida.
2) “Maneja bem a palavra da verdade”
O verbo manejar tem o sentido de trabalho
prático, de manejo, de operacionalidade. Manejar bem quer dizer saber trabalhar
um instrumento com eficiência, capacidade e competência.
No caso do manejo da Palavra de Deus, por
parte do obreiro, remete-nos àquele servo de Deus que sabe usar a palavra no
momento certo, e de forma certa. Ao falar para um doente, moribundo, o
pregador, o obreiro, o que visita, precisa ter cuidado. O doente espera um a
palavra de conforto, mesmo que esteja à beira da morte. Se o pregador vai falar
para pessoas não evangélicas, precisa ter muito cuidado no manejo da palavra.
Evangelizar é lançar a “rede” para pescar “os peixes” do mundo para Cristo.
Alguns
pregam muito, mas não sabem alcançar o coração dos ouvintes, na unção do
Espírito Santo e apenas emitem imprecações duras contra quem os ouve. Além de
exortar Timóteo a ser um obreiro aprovado, Paulo recomendou que ele evitasse os
“falatórios profanos” , que produziriam “maior impiedade” (2 T m 2.16). E cita
os nomes de dois falsos mestres, chamados “Himeneu e Fileto” , pois, segundo
ele, a palavra desses homens era tão má que haveria de roer “como gangrena” (2
T m 2.17,18). A gangrena é um a enfermidade que destrói a carne de um a parte
do corpo físico. A heresia destrói o “tecido” espiritual da igreja, causando um
a espécie de “necrose” espiritual. Além disso, esses falsos mestres, que já
tinham sido cristãos, “se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era
já feita, e perverteram a fé de alguns” (2 T m 2.19). Essa dupla era terrível.
E fizeram escola, pois, em muitas igrejas, nos dias atuais, há muitos discípulos
deles.
Há
muita gente se dizendo cristã, “discípulo” , “levita” e até pastores e
pastoras, totalmente desviados dos caminhos do Senhor. Vimos em uma rede social
duas “pastoras” lésbicas dizendo que a Bíblia que elas usam é a mesma usada
pelos heterossexuais. Estão pervertendo muitas pessoas, por usarem a Palavra de
Deus para justificar o que Deus abomina. São da mesma estirpe de Himeneu e
Fileto. Mas Paulo diz a Timóteo: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme,
tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o
nome de Cristo aparte-se da iniqüidade” (2 T m 2.19). A condenação desse tipo
de “crente” será maior ainda, pois estão usando a Palavra de Deus para
justificar seu estilo de vida condenado pelo Senhor.
II - DOIS TIPOS DE VASOS
O apóstolo Paulo, homem de muita erudição,
poliglota e profundo conhecedor da cultura de sua pátria e de outros povos,
conhecia bem os costumes de seu tempo. Ele fazia uso abundante de metáforas, ou
figuras de linguagem, para melhor expressar seu pensamento fértil. Depois de
exortar Timóteo a precaver-se ou afastar-se dos falsos ensinadores, Paulo usa a
figura dos utensílios que existem numa casa, normalmente, em residência de
pessoas ricas ou abastadas. E indica dois tipos de “vasos”. “Ora, numa grande casa
não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para
honra, outros, porém, para desonra” (2 Tm 2.20). “Grande casa” era o tipo de
residência de homens ricos.
1.
Vasos de Honra e Desonra
Paulo
se referia ao uso de “vasos de ouro e de prata”, que eram usados pelos donos da
“grande casa”, em ocasiões especiais, quando havia convidados de honra, como o
texto sugere, diferentes em sua natureza dos vasos “de pau e de barro”, que
tinham menos valor. H á intérpretes das Escrituras que diferem em suas
explicações sobre esses dois tipos de vaso, e sua aplicação à Igreja do Senhor
Jesus, mais particularmente, na igreja local. Quem seriam os vasos “para honra”
, ou vasos de honra? Pensamos que é razoável entender que, na “grande casa”, figura
da Casa do Senhor, há vasos de honra, que são os crentes fiéis, santos, os
quais são usados por Deus para honra e glória do seu nome.
Os
vasos “de pau e de barro” têm menos valor que os vasos de metais preciosos,
acima referidos. Tanto os vasos mais caros (de ouro e de prata) como os menos
valiosos, de pau e de barro, em princípio, têm utilidade numa casa. Mas, ao que
tudo indica, Paulo queria advertir a Timóteo da existência dos falsos mestres,
comparados a “vasos para desonra”, e os verdadeiros mestres, que seriam vasos
“para honra”. Entendemos que a figura pode aplicar-se não só aos líderes, ou
mestres no ensino da Palavra. Ela pode ser aplicada aos membros do Corpo de
Cristo, ou à Igreja, em sua amplitude. Os crentes fiéis, comprometidos com o
Senhor Jesus, são “vasos de honra”, enquanto os vasos “para desonra” são os
crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na Casa do Senhor.
Há
comentaristas que evitam a comparação dessa metáfora com a parábola do trigo e
do joio, na qual Jesus explica que o “trigo” são os crentes salvos,
verdadeiros, sinceros, os “filhos do reino”, que são colhidos para o celeiro de
Deus; e que o “joio” são os falsos crentes, os “filhos do maligno”, que têm
aparência de cristãos, mas são falsos, e serão lançados no fogo, no Juízo Final
(ver M t 13.24-30 e M t 13.36- 43). Porém, a analogia é válida, a nosso ver,
pois demonstra a natureza dos que são fiéis e dos que são infiéis na casa de
Deus.
2.
Desejos Ilícitos da Mocidade
No
texto, o apóstolo insere uma advertência para a vida pessoal de Timóteo. Paulo
sabia que Timóteo poderia ser alvo dos ataques perniciosos na área das
tentações carnais. Ele não estava imune ao assédio do Maligno, por meio dos
convites e insinuações perigosas perpetradas pelos agentes do Diabo contra os
jovens cristãos. Sendo solteiro, Timóteo certamente era visado por mensageiros
e mensageiras do Diabo para a prática do sexo ilícito. “Foge, também, dos
desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que,
com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22). Gordon Fee não entende
dessa forma. Acha que “os desejos da mocidade”, dos quais Timóteo deveria
fugir, seriam as “paixões voluntariosas da mocidade, que às vezes ama as
novidades, as discussões insensatas e as ‘contendas de palavras’ que com
frequência levam a brigas”. No nosso entender, Paulo se refere aos “desejos”
ilícitos da mocidade, principalmente na área da sexualidade.
Essa
solene exortação de Paulo é de grande valor e oportunidade, nos dias presentes.
A juventude cristã está sendo prejudicada de forma muito acentuada no que
concerne à pureza de pensamentos e na área do sexo. A filosofia liberalista e o
relativismo têm causado grande estrago no meio dos jovens evangélicos. As redes
sociais, os sites de relacionamento e de entretenimento oferecem espaço livre
para a interação sexual virtual e pornográfica. Muitos jovens (e adultos) têm
sido laçados pelas redes da fornicação, adultério e prostituição virtual. H á
uns quinze anos, pesquisas indicavam que 50% dos jovens evangélicos praticavam
o sexo antes do casamento. Hoje, as pesquisas dão conta de que esse percentual
tem aumentado significativamente. A organização Christian Mingle, dos Estados Unidos,
constatou que 63% dos solteiros praticam sexo antes do casamento. No Brasil, há
pesquisas não oficiais que indicam que esse índice alcança 57% dos jovens
evangélicos. Talvez seja muito mais.
Mesmo
que esses índices possam sofrer ajustes, indicam que grande parte da juventude
evangélica não valoriza a virgindade, como indicador de pureza moral. E isso é
preocupante, pois, ainda que não haja um versículo bíblico explicitamente
dizendo que não se deve fazer sexo antes do casamento, há inúmeras referências
bíblicas que indicam que o sexo antes do casamento é fornicação. Paulo mesmo
tem escritos nesse sentido. (Ler 1 Tm 1.10; 1 C o 5.1; Ap 21.8) O casamento é
uma aliança entre um homem e uma mulher que decidem unir-se pelos laços do
matrimônio. E instituição divina, criada por Deus, no princípio de todas as
coisas, ao criar o homem. Deus não uniu dois adolescentes, ou dois jovens, mas
um casal, com todas as potencialidades mentais e físicas para o relacionamento
conjugal, visando formar um a família e perpetuar a espécie humana. Mais grave
ainda é o envolvimento de jovens cristãos, rapazes e moças, com a
homossexualidade. Tem aumentado, e muito, o número de homossexuais nas igrejas
evangélicas. A falta de ensino sobre o assunto, com fundamento seguro na
doutrina bíblica; o relacionamento de jovens com homossexuais; o relativismo social,
que considera a prática homossexual algo “normal” e até “desejável” , “a forma
mais pura de amor”, no dizer de alguns ativistas; a influência perniciosa das
novelas, dos seriados, dos filmes e de outros programas na televisão,
constituem poderoso estímulo satânico à prática homossexual. H á igrejas de
homossexuais, em que “pastores” e “pastoras” usam a Bíblia para justificar o
que Deus abomina. E muitos jovens e adolescentes já caíram nas mãos do Diabo. E
por demais necessário o ensino fundamentado na Palavra de Deus sobre a
condenação explícita e cristalina contra o homossexualismo. N o Antigo
Testamento, Deus o denominou “abominação ao Senhor” (Lv 18.22; 20.13); N o Novo
Testamento, Paulo considera “paixões infames”, ato “contrário à natureza”, “torpezas”
(ver Rm 1.24-27). A união conjugal é de tamanha significância que é comparada à
união entre Cristo e a Igreja. E deve ser resultado de um namoro e noivado
segundo os padrões espirituais e morais, emanados da Palavra de Deus. O marido
deve amar sua esposa, “como também Cristo amou a igreja e se entregou por ela”
(Ef 5.25); a esposa deve ser submissa ao esposo “assim como a igreja está
sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido”
(E f 5.24). Desse modo, não faz sentido um jovem unir-se a um a jovem sem se
casarem, pois o namoro e o noivado não se revestem da responsabilidade que um
deve ter para com o outro. E um relacionamento que pode ser temporário. Mas o
casamento é uma relação séria e com propósitos bem definidos pelo Criador.
Assim, a inserção de Paulo desse conselho a Timóteo tem grande valor para os
dias atuais, contribuindo para a conscientização de nossos jovens acerca do
valor da pureza e da santidade no namoro e no noivado, visando a um casamento
aprovado por Deus.
3.
Com quem o Jovem Deve Andar
Paulo escreveu a Timóteo: “[...] e segue a
justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o
Senhor” (2 Tm 2.22). De um lado, o jovem obreiro deveria fugir dos desejos
ilícitos da mocidade, mas deveria, também, saber com quem acompanhar-se para
servir a Deus com pureza e santidade. Ele deveria seguir a “justiça, a fé, a
caridade e a paz, com os que, com um coração puro, invocam ao Senhor”. Já na
primeira carta, Paulo dera exortação idêntica a Timóteo, acrescida de outros
termos de grande valor: “M as tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a
justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão” (1 T m 6.11). A
repetição de tal recomendação reflete o cuidado e a preocupação de Paulo com a
integridade espiritual do jovem obreiro. O salmista também tinha essa visão
acerca de que companheiros um servo de Deus deve buscar: “Companheiro sou de
todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos” (SI 119.63).
Certamente, as amizades ruins, mesmo na igreja local, têm sido motivo de desvio
e morte espiritual para muitos crentes, em especial jovens e adolescentes.
III - PERSEVERANÇA NA PALAVRA E TRATO COM DISSENSÕES
1. Rejeitando “Questões Loucas” Após ensinar
sobre o que Timóteo deveria cultivar e obedecer, e também rejeitar, Paulo
acrescenta que ele deve rejeitar questionamentos que não produzem nem agregam
valor espiritual, moral ou cultural, que valorize o conhecimento e a vida
cristã. “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem
contendas” (2 Tm 2.23). Eram as questões e proposições levantadas pelos falsos
mestres ou hereges, que assediavam os irmãos na igreja de Efeso. O s hereges,
julgando-se “doutores da lei” , não entendiam o que diziam ou afirmavam. Mas
produziam enormes contendas, lançando uns contra outros, provocando desunião e
intrigas entre os próprios crentes.
2.
0 Servo do Senhor não Deve Contender
No
contexto das epistolas pastorais, via de regra, a expressão “servo do Senhor” é
mais aplicada aos ministros da Palavra, ou aos líderes das igrejas,
principalmente aos que se dedicam ao ensino. Não raro, nas igrejas, aparecem
irmãos, que possuem cursos de Teologia, ou de outras áreas acadêmicas, os quais
levantam argumentos pessoais contra doutrinas já consagradas ou estabelecidas
ao longo dos anos nas igrejas cristãs. Nada temos contra esses cursos, pois,
pela graça de Deus, possuímos alguns deles, que muito têm enriquecido nosso ministério
de ensino. Mas referimo-nos a ensinadores presunçosos, que procuram angariar
simpatia de grupos de crentes para si, a fim de formarem uma facção dissidente
no meio dos irmãos. Quanto confrontados pela liderança local, tornam-se
opositores velados ou declarados, e, muitas vezes, conseguem fazer dissensões
ou divisões. Tais “doutores” andam na contramão do Salmo 133, que diz que é
“bom ” e “suave”, “que os irmãos vivam em união”. Discordar de algo que merece
reparos é natural, mas provocar dissensão e contenda não é coerente com o amor
cristão.
Diante
dos fatos que conhecia, Paulo exorta a Timóteo a evitar tais contendas e
litígios, envolvendo a doutrina, e as provocações dos contendores que surgem no
meio da igreja local: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser
manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24). Conselho sábio,
de um pastor experiente, culto e bem firmado na sã doutrina cristã, a um jovem
obreiro, que ainda teria muito o que aprender, ao longo dos anos de seu
ministério.
Paulo diz que “não convém contender, mas, sim,
ser manso para com todos” . Há casos, reconhecemos, em que a liderança da
igreja comporta-se à altura das situações de litígio, usa de mansidão, de
compreensão e bondade, mas os opositores querem mesmo é fazer a divisão, abrir
uma igreja, criar um ministério dissidente, e tornarem-se
“pastores-presidentes”. Nesse caso, é melhor deixar com Deus, que a tudo julga
e a todos avalia com sua reta justiça. O líder cristão nunca deve fazer “o
jogo” dos dissidentes. Diz provérbios: “A resposta branda desvia o furor, mas a
palavra dura suscita a ira” (Pv 15.1). 3. Instruindo com Mansidão Completando
seu ensino quanto aos que se levantam contra a liderança da igreja, por
diversas razões, Paulo diz a Timóteo como deve o líder se comportar. Não
precisa contender, atendendo às provocações dos falsos mestres ou dos
dissidentes, os quais agem por ação maligna para causar descontentamento,
inquietação e desunião no meio dos irmãos: “instruindo com mansidão os que
resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a
verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja
vontade estão presos” (2 T m 2.25,26). O obreiro precisa saber administrar esse
tipo de conflitos com opositores.
CONCLUSÃO
A
liderança cristã é um desafio de grandes proporções. A igreja, mesmo no sentido
local, não é um a empresa, que se rege por leis e regras formais, embasadas nos
princípios jurídicos. A igreja local precisa de normas, no sentido da
administração eclesiástica, mas sua Lei M aior é a Palavra de Deus, a Bíblia
Sagrada. Na administração das igrejas, por vezes, surgem conflitos de ordem
espiritual, doutrinária ou humana. Daí por que há necessidade de preparo e
capacitação de líderes, que saibam não só ministrar o ensino, mas, com o uso
adequado dos princípios bíblicos, resolver questões diversas que podem
desestabilizar o ministério e a própria liderança. M as Paulo, em suas cartas a
Timóteo, nos dá preciosos ensinamentos sobre como tratar os conflitos nas
igrejas.
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