TEXTO ÁUREO
“E, tendo orado,
moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito
Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.”
(At 4.31).
VERDADE PRÁTICA
Uma igreja cheia do Espírito Santo suporta aflições,
ora com poder e ousa no testemunho cristão.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Atos
4.24-31.
24
— E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a
voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o
mar e tudo o que neles há;
25
— Que disseste pela boca de Davi, teu servo:
Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?
26
— Levantaram-se os reis da terra, e os
príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
27
— Porque verdadeiramente contra o teu santo
Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos,
com os gentios e os povos de Israel;
28
— Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu
conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.
29
— Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas
ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra;
30
— Enquanto estendes a tua mão para curar, e
para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus.
31
— E, tendo orado, moveu-se o lugar em que
estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com
ousadia a palavra de Deus.
PLANO
DE AULA
1.
INTRODUÇÃO
A Igreja de Jerusalém, cheia do Espírito Santo,
enfrentava desafios com perseverança, oração e ousadia. Diante da perseguição,
os primeiros cristãos não recuaram, mas buscaram ainda mais a presença de Deus,
fortalecendo-se na comunhão e na oração. O Espírito Santo capacitou a igreja a
suportar aflições, permanecer firme na fé e proclamar o Evangelho com coragem.
Assim, aprenderemos que uma igreja cheia do Espírito não se intimida diante das
dificuldades, mas avança em sua missão com poder e autoridade.
2.
APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A)
Objetivos da Lição: I)
Identificar as características de uma igreja cheia do Espírito Santo,
destacando sua perseverança em meio às provações; II) Analisar a importância da
oração com poder na vida da igreja; III) Demonstrar como a ousadia espiritual
fortalece a pregação do Evangelho.
B)
Motivação: Diante dos
desafios da vida cristã, muitas vezes nos perguntamos: como a igreja pode
permanecer firme e influente em um mundo hostil? A resposta está na plenitude
do Espírito Santo. Uma igreja cheia do Espírito não se abala diante das
adversidades, mas persevera, ora com fervor e anuncia o Evangelho com ousadia.
Ao estudarmos esta lição, reflitamos sobre nosso papel como igreja e sobre como
podemos buscar essa mesma capacitação para impactar o mundo ao nosso redor.
C)
Sugestão de Método: Você
pode iniciar a aula promovendo uma reflexão, perguntando: “Como a igreja deve
reagir diante das dificuldades e perseguições?”. Após ouvir as respostas,
conduza a leitura de Atos e leve os alunos a identificarem as características
de uma igreja cheia do Espírito Santo. Em seguida, guie-os na análise da
importância da oração e, por fim, desafie-os a demonstrar como podem agir com
ousadia em sua caminhada cristã. Faça essa atividade de acordo com a exposição
da lição. Ela incentiva a participação ativa e leva os alunos a aplicarem os
princípios bíblicos à sua própria realidade.
3.
CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A)
Aplicação: Assim como a
igreja primitiva enfrentou desafios com oração, ousadia e fé no Espírito Santo,
somos chamados a viver da mesma forma hoje. Diante das adversidades, devemos
buscar a Deus com fervor, permanecer firmes na fé e proclamar o Evangelho com
coragem.
4.
SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A)
Revista Ensinador Cristão. Vale
a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e
subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.38, você
encontrará um subsídio especial para esta lição.
B)
Auxílios Especiais: Ao
final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de
sua aula: 1) O texto “A Corajosa Declaração”, localizado depois do primeiro
tópico, traz uma reflexão a respeito da perseverança cristã diante das
perseguições; 2) No final do segundo tópico, o texto “A Busca de Poder” traz
uma reflexão da relação entre oração e o poder do Espírito Santo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos como uma igreja cheia do
Espírito Santo se comporta. A partir do capítulo 4.24-31 do livro de Atos dos
Apóstolos, encontramos uma das principais marcas que caracterizam a igreja de
Jerusalém: a perseverança. Uma igreja perseverante é capacitada para dar
testemunho de sua fé mesmo que em meio ao fogo da provação (1Pe 4.12). Essa
igreja suporta as provações porque é cheia do Espírito. Por causa do Evangelho,
ela renuncia seu próprio bem-estar e não aceita ficar na “zona de conforto”. Na
verdade, sem a capacitação do Espírito, o Corpo de Cristo não suporta as provas
para cumprir sua missão no mundo. Outra marca uma igreja cheia do Espírito
Santo é a sua capacidade de orar com poder e, por isso, impactar o mundo ao seu
redor. Essa oração fortalece a igreja, capacita-a a testemunhar de maneira
eficaz. Da mesma forma, uma igreja cheia do Espírito Santo é marcada pela
ousadia para proclamar o Evangelho com poder. E, por isso, se tornar relevante
para o mundo.
Palavras-Chave:
ESPÍRITO SANTO
AUXÍLIO
BÍBLICO—TEOLÓGICO
“A CORAJOSA DECLARAÇÃO. A situação era difícil, porque Pedro e João
eram cidadãos leais. Eles deviam obedecer às autoridades constituídas,
especialmente em se tratando de autoridade religiosa. [...] Pedro estabeleceu,
para sempre, o princípio fundamental entre os limites da obediência cívica e do
dever cristão de testemunhar. Quando existe clara contradição entre os mandamentos
dos homens e os de Deus, de tal forma que obedecer a uns é desobedecer aos
outros, não sobra mais nenhuma dúvida quanto ao que o crente deve fazer. Juízes
justos têm de optar entre o caminho de punir e o de declarar inocente. Estes
sacerdotes, no entanto, não eram justos. Irritados contra os apóstolos não
ousavam fazer nada contra eles, ‘por causa do povo’. Medo do povo, e não o
senso de justiça, levou-os a soltar os apóstolos”. (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo
do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD,
2023, p.52).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos o que caracteriza, de fato, uma
igreja pentecostal. Suas características se tornam visíveis e estão diretamente
associadas à plenitude do Espírito Santo. A Primeira Igreja não foi perfeita,
como o livro de Atos deixa bem claro. Contudo, suas limitações eram superadas
por um viver diário sob a capacitação do Espírito Santo. Se queremos, de fato,
ser uma igreja relevante, devemos nos deixar encher do Espírito Santo.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
UMA
IGREJA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO
Amigo(a)
professor(a), a paz do Senhor. Nesta lição, veremos que a igreja primitiva
tinha uma qualidade diferenciada que a tornava capaz de suportar as aflições e
perseguições. Estamos falando da convicção da igreja em relação ao Evangelho. A
motivação dos primeiros cristãos frente aos desafios impostos pela sociedade,
bem como pelas forças imperiosas das trevas, era fruto da ação do Espírito
Santo em cada coração. A perseverança dos irmãos em testemunhar as verdades da
fé, mesmo em meio ao fogo das provações, refletia uma igreja convicta da sua
missão e comprometida com os princípios cristãos.
O
comprometimento da igreja primitiva não se via na beleza dos discursos, e sim
em fatos que podiam ser observados por quaisquer que questionassem a razão da
fé demostrada por cada irmão. Era uma igreja que não negociava seus valores,
não flertava com o pecado, nem flexibilizava suas práticas evangelísticas para
ser aceita pela sociedade. Tais práticas revelavam uma igreja fundamentada na
Palavra de Deus e cheia do Espírito Santo.
Lawrence
Richards, na obra Comentário Devocional da Bíblia (CPAD),
discorre que “os apóstolos tinham sido advertidos a não falar em nome de Jesus.
Eles tinham continuado a pregar. Não houve necessidade de uma investigação.
Tudo o que o sumo sacerdote precisava dizer era, ‘Não vos admoestamos nós
expressamente?’. Os apóstolos não se equivocaram. ‘Mais importa obedecer a Deus
do que aos homens’. Quanto à acusação de que os apóstolos estavam determinados
a ‘lançar sobre’ eles ‘o sangue desse homem’, eles eram culpados. Como
respondeu Pedro, ‘ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro’ (v.30). É
importante que nos lembremos de que, às vezes, podemos fazer o que é certo, ser
culpados perante a lei, e inocentes diante de Deus. [...] Infringir as leis da
nossa nação jamais é uma coisa insignificante. Mas há ocasiões, quando, como os
apóstolos, ‘mais importa obedecer a Deus do que aos homens’. Dessa maneira, nós
realmente mostramos um respeito reverente por Deus” (2012, p.724).
O comportamento observado na igreja primitiva serve de exemplo à igreja dos dias atuais. Não é difícil constatar que o nível de comprometimento da igreja atual em relação aos princípios bíblicos está muito aquém da igreja primitiva. Essa é uma verdade que deveria nos deixar extremamente desconfortáveis. Como fizeram nossos primeiros irmãos, devemos nos posicionar convictamente e corajosamente contra tudo o que se levanta contra o Senhor Jesus e reafirmar nossa fidelidade aos princípios e valores da Palavra de Deus. Que o Senhor nos encha com o Seu Espírito Santo para tal.
CPAD : A Igreja em Jerusalém — Doutrina, Comunhão e
Fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
Comentarista: José Gonçalves
Lição 4: Uma Igreja cheia do Espírito Santo
N |
este capitulo, conheceremos alguns aspectos
que caracterizam uma igreja cheia do Espirito Santo. Em alguns circulos
pentecostais, o avivamento é entendido quase que como sendo o sinónimo de
"movimento". Geralmente, o que se tem em mente quando se fala de um
derramamento do Espírito é a imagem de um ambiente carregado de emoções. É bem
verdade que há em todo avivamento um "movimento" sagrado do Espírito
e que, sem dúvida, as emoções não estão fora dele. O próprio Espírito é
movimento: "O vento sopra onde quer" (Jo 3.8, NAA), Deve-se ser
observado, contudo, que um avivamento não se resume a um "movi mento"
nem tampouco pode ser confundido com mero emocionalismo.
Quando
o fogo de um avivamento resume-se a experiências sensoriais, marcadas apenas
pela presença de demonstrações fisicas sem, contudo, apontar nenhuma mudança
interior ou de caráter, ele está fadado ao fracasso. Logo será esquecido.
Talvez isso explique muitos "movimentos" modernos onde se pensava que
o Espírito Santo estivesse presente não terem dado em nada. Nada lhes restou,
além de cinzas, Esse tipo de movimento não prevalece porque não está preparado
para o que vem depois dele, isto é, para o pós-avivamento.
Com a igreja de Jerusalén, essa dinâmica
deu-se de forma totalmente diferente. A igreja começou avivada e continuou
dessa forma porque estava energizada pelo poder do Espirito Santo e totalmente
preparada para o que poderia encontrar pela frente. Quando as adversidades
chegaram, ela não recuou, nem esmoreceu, mas, com resignação, ficou firme
diante dessas circunstâncias adversas.
"Respondendo, porém, Pedro e João, thes disseram: Julgai vós se é
justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus" (At 4.19). A
igreja de Jerusalém havia experimentado um grande avivamento que veio com o derramamento
do Espírito no Pentecostes (At 2.1-4).
Posteriormente, o encarceramento dos
apóstolos provocou uma sequência de fatos que demonstraram que o fogo do
Espírito não se havia arrefecido nem tampouco se apagado. Na verdade, houve uma
reação organizada e coordenada por parte do clero daqueles dias para barrar a
ação da igreja.
Não
houve, contudo, êxito nesse intento porque a igreja ainda estava impulsionada e
preparada pelo poder do Espírito. O que observamos nesse texto é uma igreja
totalmente determinada, firme e perseverante.
O expositor William Barclay comenta:
Nesta passagem, encontramos a
reação da Igreja crista no momento de perigo. Poder-se-ia pensar que, quando
Pedro e João regressaram e contaram o que lhes tinha acontecido, uma grande
depressão ter-se-ia abatido sobre a Igreja, ao considerarem os problemas que
tinham pela frente. Mas o que nem sequer lhes passou pela cabeça foi o fato de
terem de obedecer ao Sinédrio e deixar de falar de Jesus. Pelo contrário,
vieram-lhes à mente grandes convicções, e uma onda de força surgiu nas suas
vidas. (1) Eles estavam convencidos do poder de Deus. O Criador e Sustentador
de todas as coisas estava do lado deles.
Uma vez o enviado do Papa ameaçou Lutero com o que lhe aconteceria se
persistisse na sua atitude, e avisou-o que todos os que pareciam estar com ele
iriam abominá-lo. "Onde esta-ras então?", perguntou-lhe. "Então,
como agora", respondeu Laitero, "nas mãos de Deus". Para os
cristãos, aquele que está conosco é maior do que todos aqueles que podem estar
contra nós. (2) Estavam convencidos da futilidade da rebelião humana. A palavra
que traduzimos por "rugir" "Por que rugem as nações é usada para
designar o relinchar de cavalos espiri-tuosos: dão coices e abanam a cabeça,
mas acabam por subme ter-se à disciplina das rédeas. Assim, os homens podem
fazer gestos de desafio contra Deus, mas Deus prevalecerá sempre. (3) Trazem à
memória a lembrança de Jesus. Lembraram-se de como Ele tinha sofrido e como
tinha triunfado; e essa memória restaurou-lhes a confiança, pois basta ao
discipulo ser como o seu Senhor (4) Pediram a Deus que lhes desse coragem. Não
procuraram enfrentar a situação confiando nas suas próprias forças, mas
procuraram o poder que está acima de tudo. (5)
O resultado foi o dom do Espírito. A promessa cumpriu-se, e eles não
ficaram desamparados: receberam a coragem e a força necessárias para
testemunhar, quando o seu testemunho podia levar à morte.
Como observou Barclay, mesmo diante do perigo
de serem mortos, aqueles crentes não se intimidaram: "Respondendo, porém,
Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos
antes a vós do que a Deus" [ A t 4,19] Isso mostra a atitude de uma igreja
convicta da sua fë e firme nos seus valores. Ser perse-verante, portanto, não
significa aceitar as circunstâncias passivarnente nem tampouco ter uma atitude
quietista diante das adversidades.
Significa, sim, agir na força do Espírito
Santo tendo como lastro das suas ações a orientação da Palavra de Deus, mesmo
que isso signifique, como foi o caso aqui, enfrentamento. Esse fato fica bem
evidente quando vemos o apóstolo Pedro opondo-se ao Sinedrio, que era a
autoridade governamental judaica naqueles dias. Nesse caso, a igreja podia
desobedecer à autoridade constituida?
O teólogo Wayne Grudem respondeu:
Deus
não exige que as pessoas obedeçam ao governo civil quando essa obediència
implica desobedecer de forma direta a uma ordem do próprio Deus. Esse princípio
é indicado por várias passagens nos trechos da narrativa biblica. Encontramos
um exemplo claro no início da igreja. Depois de Jesus ter ordenado aos
apóstolos que pregassem o evangelho (cf. Mt 28.19,20), o Sinédrio, autoridade governamental
judaica, prendeu alguns deles e ordenou "que não falassem nem ensinassem
em nome de Jesus" (At 4.18). Os apóstolos Pedro e João, porém,
responderam: "Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e
ouvimos" (At 4.20) e, posteriormente, Pedro declarou: "É mais
importante obedecer a Deus que aos homens" (At 5.29). Trata-se de uma
afirmação clara do princípio de que Deus requer que seu povo desobedeça ao
governo civil nos casos em que a obediência ao governo implique desobediência
direta a Deus.
Deve ser observado com muito cuidado,
entretanto, que essas palavras não devem servir para alimentar algum ativismo
político, acreditando que há base biblica que justifique todo e qualquer tipo
de desobediência civil. As Escrituras não têm, portanto, o propósito de
autorizar nenhuma ideologia de natureza política ou religiosa para opor-se a um
governo civil pelo simples fato de discordar dele.
GREDEM,
Wayne. Hulitica Segundo a Bilia praneipos que todo cristão de conhear. São
Paulie Vida Nova, 2014
O
principio bíblico de que as autoridades devem ser respeitadas porque foram
constituídas por Deus continua de pé (Rm 13.1). O que está em foco aqui é que
uma igreja cheia do Espírito Santo está convicta da sua missão de pregar a
mensagem da cruz independentemente das circunstâncias. Nesse sentido, essa
igreja está disposta e perseverante para suportar o sofrimento e até mesmo
sentir satisfação quando isso acontecer (At 5.41).
"E, ouvindo eles isto, unânimes
levantaram a vaz a Deus e disseram: Senhos, tu és o Deus que fizeste o céu, e a
terra, e o mar, e tudo o que neles hat" (At 4.24). A primeira coisa que os
apóstolos fizeram ao serem soltos foi juntarem-se com os demais crentes.
Juntos, levantaram a voz a Deus em oração. Como demonstra o texto, essa oração terá
um efeito extraordinário não só na esfera espiritual, mas também na fisica. Ela
fez o lugar tremer. Antes, contudo, de qualquer manifestação sobrenatural,
houve uma ação humana extremamente necessária para que a oração tivesse efeito
a unidade da igreja. O texto diz que aqueles crentes oraram unanimes.
Lucas usa o termo grego homothymadon,
traduzido como "unanimes", com o sentido de com uma só mente e de
comum acordo. Na sua oração sacerdotal, Jesus orou pela unidade da igreja Jo
17.1-26). Na sua oração por unidade, Jesus mostra que realizou o propósito de
Deus: "Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a
fazer" (Jo17.4). Nesse aspecto, Ele mostrou que a unidade deve ser o
telos, isto é, o propósito, o fim último de Deus para a Igreja Jo 17.4,23).
Essa unidade era para ser vivenciada pela comunidade presente, isto é, os
discípulos (Jo 17.9), bem como a comunidade futura, a Igreja Jo 17.20).
Jesus também mostrou que a unidade não é
uniformidade: "E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam
um, como nós somos um" (Jo 17.22). A expressão "como nós somos
um" é uma referência à unidade da Trindade. Três pessoas diferentes, contudo,
numa só essência. Assim também deve ser a unidade da Igreja.
Pessoas diferentes, porém compartilhando de
um mesmo objetivo e vivendo em torno de um único propósito.
Ha,
ainda, alguns conceitos na oração sacerdotal de Cristo que envolvem a unidade
da Igreja que precisamos destacar. Em primeiro lugar, a unidade é mostrada como
sendo experimental: "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por
único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17.3).
Só há unidade na Igreja se os seus membros
conhecerem o Deus de Jesus Cristo. Sem o conhecimento de Deus não haverá
unidade. Dizendo isso de outra forma, se não houver experiência com Deus não
haverá unidade. Isso explica o processo de fragmentação que a igreja vem
enfrentando amiudamente. Pessoas carnais, egoistas e narcisistas jamais
conseguem viver em unidade. A igreja é um ambiente hostil para elas.
Por último, uma igreja unida estará pronta
para ser enviada ao mundo (Jo 17.18). Uma igreja desarranjada, dividida e
fragmentada não consegue sair para cumprir a sua missão.
Por fim, convém fazer alguns destaques da
unidade na diversidade:
Quatro
conceitos diferentes de unidade. Unidade espiritual
A igreja universal invisível é unificada
por um Espirito e evangelho comuns. Essa unidade pode não ser experimentada ou
testemunhada na história. Unidade relacional-Reconhecimento mútuo e comunhão entre
grupos cristãos. Esse pode ser o tipo de identidade mútua que os primos de uma
família teriam entre si. Pode ser muito superficial. Por exemplo, presbiterianos
e metodistas podem ter comunhão estreita numa base informal. Unidade de tarefa
Frequentemente grupos cristãos podem unir-se numa tarefa ou ministério comum.
Nesse tipo de unidade, podem existir diferenças significativas entre grupos que
são separados com o propósito de alcançar um objetivo comum. Os católicos
romanos e os protestantes, por exemplo, estão frequentemente unidos na
resistência ao aborto. Unidade organizacional Ligações políticas e estruturais
entre vários grupos cristãos. A identidade denominacional é um exemplo desse
tipo de unidade.
Voltamos
a tratar sobre a oração neste livro. Já haviamos feito isso no capítulo 2,
quando tratamos dos fundamentos de uma igreja modelo. Lucas destaca na sua
narrativa que, "tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam
reunidos" (At 4.31). A oração é portanto, um tema recorrente no livro de
Atos dos Apóstolos. A igreja de Jerusalém estava em constante oração. Ela está
presente em todos os avivamentos e, sem dúvidas, é o fundamento deles.
"E, tendo orado [...] todos foram cheios
do Espírito Santo" (Al 4.31). Na gènese da Assembleia de Deus no Brasil,
está uma reunião de oração. Em 1902, o pastor batista sueco de Chicago, J. W.
Hjerts-tröm, levantou uma campanha de oração às segundas-feiras. De acordo com
o escritor batista Adolfo Olson, que também participou desse avivamento, as
orações duravam a noite toda."
Quatro anos depois de iniciada essa oração,
mais precisamente em fevereiro de 1906, irrompeu o poderoso derramamento do
Espírito naquela congregação. E possivel observarmos no periódico batista sueco
Nja Wecko-posten que Hjertström encontrou muitas críticas por conduzir aquelas
reuniões de oração.
Esse avivamento foi marcado por várias
manifestações do Espírito, inclusive o falar em outras linguas. Muitas pessoas
vinham confessar os seus pecados. Olson detalha que muitas pessoas vinham de
longe, até mesmo de outras cidades, para participarem daquela reunião de
oração.
Três anos depois, em 1909, o avivamento
estava consolidado na Segunda Igreja Batista de Chicago. O pastor batista sueco
Gunnar Vingren diz que Deus deu a ele um forte desejo de ser batizado naquele
ano e, com esse fim, ele dirigiu-se à cidade de Chicago para participar de uma
Conferència para a Edificação Espiritual que estava acontecendo naquela igreja.
Vingren participou todos on dias, orando para receber o batismo pentecostal.
Ele, contudo, não foi batizado naquela Conferência. No dia imediato ao término
da Conferência, Vingren, juntamente com outros irmãos, dirigiram-se à casa do
irmão Otto Mellquist, onde era costume os irmãos orarem. Foi ali que ele foi
cheio do Espirito Santo e falou em outras linguas." E tendo orado cmmcixen
com exsadia a palavra de Deus" (At 4.31).
Os léxicos traduzem a palavra grega farnésia,
traduzida aqui como "ousadia", como significando confiança e,
especialmente, liberdade para falar. A ideia é de possuir autoridade. Esse
mesmo vocábulo é usado no Novo Testamento grego para referir-se à cousadia de
Pedro e João diante das autoridades religiosas quando foram questionados sobre
a sua fë: "Então, eles, vendo a ousadia de Pedro e João e infor mados de
que eram homens sem letras e indoutos, se maravilharam; e tinham conhecimento
de que eles haviam estado com Jesus" (At 4.13). Em outras palavras,
significa poder para testemunhar
O professor e escritor Tiago Rosas sublinha
esse fato quando diz:
Após a ressurreição e antes da ascensão, Jesus soprara uma porção do
Espirito sobre seus discipulos (Jo 20.22), mas eles necessitariam de mais que
aquela provisão temporária pré-Pentecoste; eles necessitaram do revestimento
completo de poder! Mais que o Espirito residente, eles precisariam do Espírito
presidente; mais que o Espirito consolador, eles precisariam do Espírito
empoderador! Não à tona Jesus os advertiu para que ficassem em Jerusalem até
que do alto fossem revestidos de poder (1 24.49), e lhes assegurou:
"receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo" (At 1.8).
O pastor Estevam Angelo de Souza, pioneiro da
evangelização no Nordeste, conta um incidente que aconteceu com ele nos anos 1950
e como sentiu a autoridade de Deus para enfrentar a situação:
Eu estava para realizar mais uma daquelas viagens de dezenas de dias.
Foi quando eu tive uma visão, na qual via um touro valente, acompanhado de
outros, que partiam furiosamente contra mim. Tomei uma pedra e atirei-a com
força na testa do touro. Este ficou tremendo por pouco tempo, mas logo disparou
numa violenta corrida, acompanhado do grupo que o seguia. Quando eu despertei,
disse à esposa: "Ore por mim, alguma coisa vai acontecer nesta viagem, mas
Deus me dará vitória". Num lugarejo chamado Mata Alta, municipio de Porto,
ao começar o culto, entrou um homem forte, enfiou um cacete de jucă na parede
de palha e veio sentar-se hem na minha frente, com o facão colins atravessado
sobre as pernas. Ele passou a me insultar, chamando-me de mentiroso, enganador,
exigindo que eu me calasse. Preguei cerca de 40 minutos, diante desse
"ouvinte" preocupante. Quando fiz o apelo, ele levantou-se e, de modo
furioso, exigiu que eu me calasse. Naquele momento, ao mesmo tempo que cu
falava com os olhos fitos no homem perverso, comunicava-me com o céu. Então, me
veio a resposta. Movido pelo Espírito Santo de Deus, disse-lhe: "O senhor
está cometendo um grande crime, passivel de processo e de cadeia. A lei maior
do Brasil, a Constituição Federal, no seu artigo 141, assegura a liberdade de
crença e o direito de pregar o evangelho, enquanto o artigo 108 do Código Penal
diz que insultar, ameaçar a ministro de qualquer culto religioso sujeita o
infrator à pena de prisão celular de três meses a um ano, além da multa de 500
a 3.000 cruzeiros (dispositivos legais e moeda da época)". Quando terminei
estas palavras, aquele homem, que era vermelhão, estava pálido e tremendo. Olhou
para a porta e saiu correndo, visivelmente assombrado. O grupo que o
acompanhava também o seguiu em desesperada carreira. Compreendi a visão que eu
tivera. A pedra atingiu em cheio a testa do touro valente. Tempos depois, soube
que o homem era um paraibano muito valente. Seus companheiros haviam ficado do
lado de fora, esperando que ele começasse o confronto, para então se
manifestarem, completando todo o trabalho, cuja finalidade maior seria fazer-me
silenciar de uma vez por todas. Soube depois que eles correram até longe, à
casa do patrão, implorando-o que os livrasse da cadeia. Vi repetir-se o que
aconteceu com Jacó, quando partiu de Siquém para Betel: "O terror de Deus
caiu sobre eles... e não perseguiram aos filhos de Jacó" (Gn 35.5).
Fatos assim não eram incomuns na
evangelização e implantação de igrejas no Nordeste. Tenho um amigo pastor que,
há muitos anos, fez um trabalho pioneiro em uma das cidades de nosso estado,
Piaui. Ele contou-me que, naquela pequena cidade do sertão nordestino, havia
uma feira-livre onde as pessoas reuniam-se para vender e comprar animais e
cereais. Ele viu ali um lugar propicio para a pregação da palavra. Antes,
contudo, de ir pregar naquela feira-livre, ele foi advertido por alguns irmãos
da igreja que ninguém se arriscava pregar ali porque havia um valentão da cidade
que não permitia isso acontecer.
Aquele pastor disse-me que, mesmo tendo sido
advertido, foi pregar naquela feira-livre. Quando ele começou a pronunciar as
primeiras palavras evangelisticas, viu um homem aproximar-se. Logo ele percebeu
que aquele cidadão estava portando um revólver na cintura. Era o valentão da
cidade. Ao aproximar-se do pastor, o valentão disse que ele parasse de pregar
aquela "besteira", pois, se não o fizesse, ele mesmo o faria.
Meu amigo disse que sentiu um calor começando
nas pernas e que tomou todo o seu corpo. Naquele momento, ele sentiu que o
poder do Espírito Santo viera sobre ele. Sentiu a autoridade de Deus tomando
conta do seu ser. Em vez de sentir-se intimidado, deslocou-se até onde se
encontrava o valentão e, fixando os olhos nos olhos dele, disse: "Quem é
você para chamar a Palavra de Deus de besteira'. Eu estou aqui pregando no nome
de Jesus, e você não pode me impedir". Naquele momento, o pastor viu
aquele homem ficar paralisado e, num gesto inusitado, pedir-lhe desculpas.
Tendo-se desculpado, foi embora. Meu amigo contou-me que só se deu conta da sua
ousadia depois que o valentão foi embora. Ele sabia que havia sido o Senhor que
o revestira de força da mesma forma como capacitara Sansão.
A
Igreja em Jerusalém — Doutrina, Comunhão e Fé: a base para o crescimento da
Igreja em meio às perseguições
José
Gonçalves
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