quinta-feira, 2 de março de 2023

CPAD | Lição 11: O Avivamento e a Missão da Igreja

                     


                           

                                                             TEXTO ÁUREO

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.”

(Mc 16.15,16)

VERDADE PRÁTICA

Neste tempo marcado pela falta de fé, a Igreja só pode cumprir a sua missão se estiver imersa no avivamento espiritual.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Marcos 16.14-20

14- Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.
15- E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
16- Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17- E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas Línguas;
18- Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.
19- Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.
20- E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO
Professor(a), na lição deste domingo estudaremos o quanto o revestimento de poder advindo do Espírito Santo foi o propulsor da massiva salvação e evangelização pela Igreja do Primeiro Século, deixando-nos mo­delo de busca espiritual e dedicação a “Grande Comissão”. Uma característica comum a todos os cristãos avivados é, de fato, o comprometimento com Cristo e com a missão dada por Ele de fazer discípulos. O amor, a alegria e a gratidão por tão grande salvação impulsionam a busca do Espírito que, uma vez derramado, repercute uma vida completamente transformada. O fervor na busca pelo Consolador caminha junto ao fervor na busca pelas almas perdidas, pois essa é a maior missão da Igreja de Cristo.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Conhecer as características que evidenciam o avivamento da Igreja Primitiva;
II) Conscientizar de que o avivamento espiritual é indispensável para proclamar o Evangelho sob o poder do alto;

III) Explicar que o genuíno avivamento repercute em evangelismo e missões, juntamente com a manifestação dos dons e poder do Espírito Santo.
B) Motivação: Como bem sabemos, os discípulos custaram a crer que o Mestre havia ressuscitado; encontravam-se por demais dispersos e desanimados. Quantos discípulos de Jesus também não se encontram assim, hoje, dentro das igrejas? Muitos até trabalham na obra, porém, estão sem a chama do primeiro amor, a alegria e o entusiasmo que tinham quando receberam o Santo Espírito. Vigiemos e oremos a fim de que o desânimo e as distrações com os cuidados desta vida não sejam capazes de minar a nossa sede e fervor tanto na busca por Cristo quanto pela salvação dos perdidos.
C) Sugestão de Método: Previamente, selecione entre os membros de sua classe ou igreja um voluntário para contar um testemunho impactante de evangelização. Se possível, una o relato tanto do evangelista quanto do evangelizado. Evidentemente, estipule um tempo objetivo para isso. Estimule a todos em classe a também recordarem testemunhos pessoais e da imensa alegria de ganhar uma alma para Cristo. Por fim, peça que leiam Isaías 52.7,8 e clamem, a fim de que sejam “atalaias” de Deus nesta geração.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Após enfatizar que o avivamento espiritual é indispensável para proclamação eficaz do Evange­lho de poder neste mundo incrédulo, proponha a seguinte reflexão: Você tem buscado mais do Espírito Santo para exercer a Grande Comissão? Tem investido tempo e esforço no cumprimento da principal missão deixada por Cristo à Igreja?
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídio de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparac;ao de sua aula:
1) Para aprofundar o segundo tópico, o texto “O poder do Alto para evangelizar” demonstra, com base em Atos 1.8, que precisamos ser revestidos do poder do Espírito para testemunhar de Cristo até os confins da terra;
2) Para aprofundar o terceiro tópico, o texto “Ganhar almas é a missão suprema de todo discípulo de Cristo” enfatiza que a “Grande Comissão” e para todos os salvos, pois ganhar almas foi a principal tarefa do Senhor Jesus aqui na terra (Lc 19.10).

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, vimos que, nos seus primórdios, a Igreja era conhecida pelo seu dinamismo na evangelização, no discipulado e no cuidado com os neces­sitados como resultado do grande avivamento produzido pelo Espírito Santo. Depois que foram revestidos do poder, os discípulos nunca mais foram os mesmos. Eles receberam mais poder para cumprir o mandato de Jesus. Hoje, mais do que nunca, as igrejas cristãs precisam do avivamento espiritual para proclamar o Evangelho de Cristo no mundo que está em rebeldia contra Deus.

PALAVRA-CHAVE:

MISSÃO

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

“DÁ-ME O PAÍS”

“Que as nossas armas sejam as de John Knox. Este bravo campeão de Deus logrou alterar não apenas a política, como a própria história de seu país. Que segredo detinha Knox? Oração e confiança irrestrita na intervenção divina no curso natural dos negócios humanos. Nas caladas de sua aflição, orava: ‘Senhor, dê-me a Escócia senão morrerei! Dá-me a Escócia, senão morrerei!”‘. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a obra Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento, editada pela CPAD, pp.174,75.

O PODER DO ALTO PARA EVANGELIZAR
“Nos círculos pentecostais, nenhum aspecto dos propósitos do batismo no Espírito têm recebido mais atenção do que a sua utilização para a evangelização do mundo. Isso é firmemente baseado em Atos 1.8: ‘Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra’.

O livro de Atos é um comentário desses dois temas relacionados, que os discípulos receberiam poder quando o Espírito viesse sobre eles e de que eles seriam testemunhas de Jesus para todo o mundo. Quando Jesus disse aos seus discípulos que eles seriam suas ‘testemunhas’, o pensamento não é tanto que seriam seus representantes, embora isso seja verdade, mas sim que iriam atestar a sua ressurreição. A ideia do testemunho ocorre ao longo do livro de Atos; ela é aplicada geralmente aos discípulos (1.8,22; 2.32; 3.15; 5-32; 10.39,41; 13.31) e especificamente a Estevão (22.20) e a Paulo (22.15; 26.16).

A evangelização mundial pelos pentecostais, que aconteceu no século XX, é um testemunho da realidade da experiência pentecostal. Infelizmente, alguns historiadores e missiologistas da igreja moderna foram lentos ao reconhecer a tremenda contribuição do movimento pentecostal com relação à propagação do evangelho por todo o mundo” (PALMA, A. D. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo: Os Fundamentos e a Atualidade da Doutrina Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp.86-87).

AUXÍLIO TEOLÓGICO

GANHAR ALMAS É A MISS.AO SUPREMA DE TODO DISCÍPULO DE CRISTO
“Evangelismo pessoal e a obra de falar de Cristo aos perdidos individualmente: e levá-los ao Salvador (Jo 1.41,42; At 8.30). A importância do evangelismo pessoal vê-se no fato de que a evangelização dos pecadores foi o último assunto de Jesus aos discípulos antes de ascender ao céu.

Nessa ocasião, Ele ordenou a Igreja o encargo da evangelização do mundo (Mc 16.15). O alvo do evangelismo pessoal é tríplice: salvar os perdidos, restaurar os desviados e edificar os crentes. Ganhar almas foi a suprema tarefa do Senhor Jesus aqui na terra (Lc 19.10). Paulo, o grande homem de Deus, do Novo Testamento, tinha o mesmo alvo e visão (1Co 9.20). Uma grande parte dos crentes pensa que a obra de ganhar almas para Jesus e para os pregadores, pastores e obreiros em geral.

ontentam-se em, comodamente sentados, ouvir os sermões, culto após culto, enquanto os campos estão brancos para a ceifa, como disse o Senhor da seara (Jo 4.35). O ‘ide’ de Jesus para irmos aos perdidos (Mc 16.15), não é dirigido a um grupo especial de salvos, mas a todos, indistintamente, como bem revela o texto citado. Portanto, a evangelização dos pecadores pertence a todos OS salvos” (GILBERTO, Antônio. Prática do Evangelismo Pessoal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, p.10).

CONCLUSÃO

Os cristãos avivados demonstram compromisso com Deus, com Cristo, e com a missão da Igreja. Eles têm amor pela obra de Deus e cooperam com a evangelização local, regional e transcultural. Em várias igrejas cristãs, mesmo no século da falta de fé, há demonstrações de avivamento espiritual, com a manifestação dos dons do Espírito Santo e o fervor na busca pelas almas perdidas. Essa é a missão maior da Igreja do Senhor Jesus Cristo.

CPAD – TEMA: AVIVA A TUA OBRA – O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

| Lição 11: O Avivamento e a Missão da Igreja



Capítulo 11

O Avivamento e a Missão da Igreja

  J

á vimos no capítulo 5 que a Igreja era conhecida nos seus primórdios pelo seu dinamismo, evangelização e discipulado no cuidado com os necessitados. Tudo isso foi resultado do grande avivamento produzido pelo movimento do Pentecostes a partir do cenáculo, quando aqueles 120 irmãos receberam o batismo no Espírito Santo. Depois que foram revestidos de poder, os discípulos nunca mais foram os mesmos em obediência a Cristo. Se antes já tinham o desejo de evangelizar, depois do Pentecostes foram cheios de um poder sobrenatural. Avivados espiritualmente, os apóstolos abalaram o Império Romano e perturbaram os judeus, que não perceberam que um novo tempo havia chegado para Israel e para o mundo.

    O impacto do avivamento espiritual foi tão grande que causou inveja aos inimigos do evangelho. Depois da cura de um coxo de nascença na porta chamada Formosa (At 3), houve um tremendo alvoroço em Jerusalem. A multidão viu o homem, que era um pedinte conhecido, levantar-se e sair pulando no Templo, glorificando a Deus. A cidade ficou alvoroçada ao tomar conhecimento daquele grande milagre operado por Deus por intermédio de Pedro e João em nome de Jesus Cristo, o Nazareno" (At 3.6).

  Logo depois do Pentecostes, quando Pedro levantou-se cheio do Espirito Santo e explicou o significado daquele movimento espiritual, quase 3 mil almas aceitaram a Cristo como o seu Salvador (At 2.41). Com sinais, prodigios e maravilhas, os apóstolos pregavam com grande poder, como prova da aprovação de Deus ao seu ministério. A obra da evangelização da Igreja depois do Pentecostes começou de maneira dinâmica e eficaz: "E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!" (Mc 16.20). Foi a proclamação da mensagem de Cristo, com demonstrações de sinais e prodigios feitos por Deus.

  Isso não pode ser diferente nos dias de hoje. A igreja precisa do mesmo poder do Espírito Santo para cumprir a sua missão tanto em termos locais quanto regionais e transculturais. A situação do mundo hoje está muito pior em termos de incredulidade do que no tempo dos apóstolos. A incredulidade aumentou assustadoramente. Cumpre-se o que Jesus disse no seu sermão: "[...] Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?" (Lc 18.8b). Além da falta de fé por parte da maioria da humanidade, ainda existe a fé deturpada, cheia de enganos e mistificações, nas pregações de falsos apóstolos, falsos profetas e falsos pastores, que inventam diversas doutrinas para enganar as pessoas que não conhecem a Palavra de Deus. Há uma confusão terrível causada pelas mensagens distorcidas de certas igrejas que, em lugar de pregarem o verdadeiro evangelho de Cristo, anunciam "outro evangelho" (2 Co 11.4; GI 1.6,8).

  Diante dessa realidade espiritual confusa, de incredulidade e falsas doutrinas, a igreja precisa mais do que nunca ser cheia do Espírito Santo. Os crentes precisam buscar o batismo no Espírito Santo para que, individualmente e com as suas famílias, possam participar de igrejas cheias do poder de Deus. Sem esse poder, a missão da Igreja fica comprometida e fragilizada; mas com a unção do Espirito Santo, pode experimentar o que Jesus prometeu: "Mas recebereis a virtude do Espirito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1.8).

  Por incrível que possa parecer, grande parte do mundo ainda não ouviu o evangelho de Cristo. Mesmo com a Internet, as redes sociais, além dos meios de comunicação de massa, há países em que o povo não ouve falar de Deus ou de Jesus. Nos países comunistas, como a China e a Coreia do Norte, os governantes são verdadeiros agentes a serviço do Diabo, pois proíbem até mesmo as pessoas de conectar a Internet, além de monitorarem os telefones para ver se há algum tipo de aplicativo que se refere a Deus, a Cristo ou à Bíblia. Eles ficam apavorados! Têm medo de que o cristianismo seja aceito e progrida nos seus países. A igreja na China, mesmo as igrejas nos lares, tiveram um crescimento extraordinário. O comunismo tremeu. O tirano ateu e comunista mandou passar o trator por cima de mais de 400 templos em poucos anos para eliminar qualquer vestigio da cruz de Cristo, mas os seus dias estão contados. O Juízo Final já está preparado.

  Enquanto isso, o "Ide" de Jesus continua altissonante para os seus seguidores na sua Igreja:

  Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. (Mc 16.14-16)

   A ordem de Jesus para a evangelização dos povos "por todo o mundo" já sofreu revezes e retrocessos lamentáveis. Nações que nasceram sob a bênção de Deus, como os Estados Unidos, há anos assistem a decadência das igrejas evangélicas. Muitas fecharam os seus templos, outrora cheios de crentes, e foram vendidos para comércio, restaurantes, etc. Na Europa, a situação é pior. Grandes catedrais, que abrigaram milhares de cristãos, foram vendidas e tornaram-se bares, discotecas, restaurantes, casas de danças e até mesquitas muçulmanas!

  Por isso, é indispensável, urgente e imperioso que os crentes em Jesus, que ainda amam a Deus, a Cristo e à sua Palavra, busquem o avivamento espiritual diuturnamente, como clamou Habacuque: "Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, o Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2). Sem um poderoso avivamento, a missão da Igreja será frustrada. Não poderá fazer missões no âmbito local, regional e muito menos transcultural. Existe, contudo, uma solução:

   [...] e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararel a sua terra. (2 Cr 7.14)

  1-O AVIVAMENTO DEPOIS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

1. O Desânimo dos Discípulos

  Depois da sua ressurreição, tendo vencido a morte, o Inferno, o pecado e todos os poderes espirituais, Jesus apresentou-se triunfante e glorioso perante os seus discípulos, que estavam desanimados, incrédulos, como se estivessem órfãos, abandonados. Ao ouvirem o testemunho de Maria Madalena de que esta estivera no túmulo e constatado que Jesus ressuscitara, eles simplesmente não creram. Talvez tenham agido assim por ter sido Maria Madalena, uma mulher de um passado reprovável, ou mesmo pelo fato de ser mulher, a quem eles não valorizavam bem e nem The davam crédito. Estavam completamente desolados:

  E. partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes e chorando. E, ouvindo eles que Jesus vivia e que tinha sido visto por ela, não o creram. E, depois, manifestou-se em outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. (Mc 16.10-13)

   Eles esqueceram-se do que Jesus dissera-lhes antes quando estava a caminho da cruz:

   Não se turbe o vosso coração [...]. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vos me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis. (Jo 14.1,16-19-grifo acrescido)

  2. A Aparição de Jesus aos Discipulos

   Depois da sua ressurreição, ante o clima de incredulidade que dominou a mente dos apóstolos, Jesus apareceu aos onze, que estavam reunidos com as portas cerradas, pois estavam com medo dos judeus. Jesus pôs-se entre eles e disse: "Paz seja convosco"; e para que não tivessem dúvidas de que era mesmo Ele quem lhes aparecera de surpresa, Jesus mostrou-lhes as mãos furadas, bem como o seu lado, que fora perfurado por uma lança, e mostrou-lhes ainda "as mãos e os pés". Mesmo assim, eles não creram que era Jesus. Naquela ocasião, Jesus comeu "um peixe assado e um favo de mel", e fez isso perante eles (Lc 24.36-43). Lucas, que era "o médico amado" (CI 4.14), foi quem melhor registrou detalhes da aparição de Jesus aos discípulos após a sua ressurreição.

 3. O Avivamento após a Ressurreição

  Após se revelar aos apóstolos depois da ressurreição, Jesus demonstrou sobejamente que era Ele mesmo quem ressuscitara e que ali estava Ele vivo diante deles. Naquela ocasião impar, Jesus lançou-lhes no rosto "a sua incredulidade, por não haverem crido nos que o tinham visto ressuscitado" (Mc 16.11-14). Após aquele constrangimento, Jesus deu-lhes o mandado da "Grande Comissão" (16.15-16). Eles receberam a ordem de Jesus para que saíssem pregando o evangelho "por todo o mundo", sem exceção de lugar, região ou país.

   Jesus Cristo mandou que o evangelho fosse pregado "a toda criatura", sem exceção de etnia, condição social, política ou até mesmo nivel de cultura ou instrução. Ele definiu qual a condição por que uma pessoa pode ser salva (16.16). Num dos seus sermões magistrais, Jesus declarou direta e incisivamente a Nicodemos:

   Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. (Jo 3.18-19)

  4. Os sinais de uma Igreja Avivada

  Os discípulos, cheios do Espírito Santo, ouviram de Jesus o que haveria de acontecer se eles pregassem "o evangelho de Poder". Sinais dos céus haveriam de autenticar o ministério e a mensagem. Jesus prometeu mudanças tão grandes na vida deles que jamais imaginaram que poderiam ocorrer. Eles veriam sinais jamais vistos nas suas vidas. E o mais importante foi que aqueles sinais não se limitariam aos apóstolos e nem seriam temporários "para os tempos dos apóstolos", como dizem os chamados "cessassionistas", que entendem que o que ocorreu no cenáculo no Pentecostes teria sido algo "apenas para aqueles tempos". Jesus declarou de forma categórica e bem definida: "Estes sinais seguirão aos que crerem" (Mc 16.17a). Assim, o avivamento trazido por Jesus no seu ministério destina-se também às igrejas cristãs em todos os tempos e em todos os lugares até à vinda de Jesus. Só existe um requisito padrão e indispensável: a fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Desse modo, na sua última reunião com os discípulos, antes de retornar aos céus, Ele proclamou quais os sinais que indicariam alcançar os que nEle cressem:

  Expulsão de demônios

   Quando Jesus escolheu os doze discípulos, aos quais depois os chamou apóstolos (enviados), indicou-lhes qual seria a sua missão no início do seu ministério terreno:

  Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregal, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Cural os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. (Mt 10.5-8-grifo acrescido)

  Essa é a missão da Igreja para todos os tempos e lugares. A expulsão de demônios faz parte da Grande Comissão. No fim da sua missão terrena, Jesus falou aos apóstolos que, para cumprir a sua Grande Comissão, mesmo tendo aprendido com Ele a evangelizar no melhor e mais completo curso de evangelização que já houve na terra, eles precisavam, antes de tudo, de ser revestidos de poder (Lc 24.49); e Jesus fez-lhes a mais gloriosa promessa: os que nele crescem operariam sinais e maravilhas nunca vistas com o poder do Espirito Santo.

  "E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios" (Mc 16.17a). Em Atos dos apóstolos, temos registro de como se cumpriu esse sinal na vida dos seguidores de Jesus. Pedro foi tão cheio do Espírito Santo que as pessoas levavam os doentes para ficarem sob a sua sombra e serem curados, e até de cidades vizinhas traziam-se doentes e "atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados (At 5.16). O avivamento foi tão grande em Samaria que a cidade sentiu os efeitos do poder do evangelho de Cristo de forma extraordinária. Após a perseguição que se seguiu à morte de Estêvão, os discípulos foram dispersos por vários lugares. Filipe, o evangelista, cheio do poder de Deus, pregou em Samaria, e as multidões foram atraídas pela pregação dele, "[...] pois que os espiritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade" (At 8.7,8).

   Guiados por uma visão de Deus, os apóstolos Paulo e Silas dirigiram-se à Macedônia, região ao norte da Grécia, no continente europeu. Chegando ali, entraram na primeira cidade da região, chamada Filipos, onde pregaram na unção de Deus, e uma senhora chamada Lidia, vendedora de púrpura, de Tiatira, aceitou o evangelho com toda a sua família (At 16.14-15). Após essa auspiciosa experiência de ver uma rica mulher europeia aceitar a Cristo como Salvador, os apóstolos foram orar, como era o costume deles. De repente, apareceu diante deles uma jovem que possuia um

  espirito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altissimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espirito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu. (16.16-18-grifos acrescidos)

  Esse é um dos sinais mais eloquentes do poder de Deus na vida da Igreja, num mundo que "está no maligno" (1 Jo 5.19).

  Falar em línguas: "[...] falarão novas línguas" (At 16.17a).

Este sinal, que haveria de seguir os que creem no nome de Jesus, só ocorreu depois do Pentecostes, quando os 120 discípulos foram batizados no Espirito Santo no cenáculo, em Jerusalém (At 2.1-4). Foi o início da manifestação desse fenômeno espiritual. No Novo Testamento, vemos que o falar "novas linguas", ou "noutras linguas", continuou a ocorrer no seio da Igreja Primitiva, mas é sinal "para os que crerem" no nome de Jesus. Na casa de Cornélio, durante a ministração da Palavra, o Espírito Santo veio sobre os que ouviam, e estes falaram em línguas (At 10.46); ao chegar a Éfeso, na sua terceira viagem missionária, os crentes sequer sabiam quem era o Espírito Santo. Paulo impôs as mãos, e eles foram batizados no Espírito Santo, profetizaram e falaram em línguas (At 19.1-6). Paulo falava mais linguas do que todos os crentes de Corinto (1 Co 14.18).

  Há o falar novas linguas como evidência externa de que a pessoa foi batizada no Espírito Santo, e há também o "dom de variedade de linguas, que difere das linguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Não é um dom dado a todos os que quiserem. Assim como os outros dons, é dado "a cada um" como o Espírito quer (cf. 1 Co 12.11.30).

  Falar em novas linguas não é uma capacidade aprendida humanamente. Diz Carlson: "Falar em linguas é expressar-se com palavras que nunca aprendemos, mas que nos são comunicadas diretamente pelo Espírito Santo. Não se manifesta através de palavras pensadas de antemão ou vocalizadas pela pessoa que fala

  [...]. As linguas constituem um milagre vocal e não um milagre mental. A mente se faz espectadora, e os ouvidos a atendem [...]" 36 Este é um sinal evidente de que uma igreja é pentecostal: o falar novas línguas, desconhecidas para quem as fala, mas que podem ser entendidas por quem as ouve, por terem conhecimento delas, ou através do dom de interpretação de linguas.

  Pegar em serpentes

  Como é sabido, serpentes são animais que infundem muito medo à maioria das pessoas. Umas, por serem peçonhentas, levam à morte quem por elas for picado; outras, mesmo sem ser venenosas, causam medo e repugnância, pelo que se conhece a respeito dessas áspides. O sinal de pegar em serpentes a que se referiu Jesus foi, sem dúvida, em relação às que são venenosas. Por isso, pelo poder de Deus, no nome de Jesus, se necessário, o crente fiel poderá pegar numa serpente e não ser picado por ela e muito menos sofrer danos no seu organismo. É preciso muito cuidado para um crente não se exibir e sair pegando em serpentes por qualquer lugar. Entendemos que esse sinal pode ser visto quando, na missão de pregar o evangelho, alguém tiver de segurar um animal desse tipo. O apóstolo Paulo, por exemplo, era um gigante na fé, mas não saiu por al procurando serpentes para demonstrar o sinal.

   Quando Paulo e os seus companheiros estavam de viagem para a Itália e passaram pela ilha de Malta, foram acolhidos pelos moradores da ilha, que fizeram uma grande fogueira para aquecer os que escaparam da tempestade, sendo também intenso o frio naquele lugar. Desejando ajudar os outros, Paulo pegou uns galhos de vide e jogou-os no fogo para as  chamas aumentarem. Acontece que,

  [...] havendo Paulo ajuntado uma quantidade de vides e pondo-as no fogo, uma vibora, fugindo do calor, lhe acometeu a mão. E os bárbaros, vendo-lhe a vibora pendurada na mão, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida, visto como, escapando do mar, a Justiça não o deixa viver. Mas, sacudindo ele a vibora no fogo, não padeceu nenhum mal. E eles esperavam que viesse a inchar ou a cair morto de repente; mas tendo esperado já muito e vendo que nenhum incômodo the sobrevinha, mudando de parecer, diziam que era um deus. (At 28.3-6-grifos acrescidos)

  Não morrer se ingerir coisa mortifera: "[...] e, se beberem alguma coisa mortifera, não lhes fará dano algum"

  Esse é um sinal prometido por Jesus aos seus seguidores que creem no seu nome. Foi o único sinal que não foi visto em Atos dos Apóstolos e nem nas epistolas. Polêmicas tem havido ao longo dos anos sobre a autenticidade desse texto biblico. A exemplo do sinal de pegar em serpentes, a passagem em questão sobre beber líquido venenoso e não morrer tem sido criticada por certos exegetas e intérpretes da Biblia. Há quem diga que tais textos não fazem parte dos originais do Novo Testamento e que foram escritos "para enfeitar" a narrativa e não terminar de modo deprimente, pois os discípulos demonstraram incredulidade quanto à ressurreição de Jesus, e este os repreendeu "e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade" (Mc 16.14).

  Conheço o testemunho de uma irmã, pobre, lavadora de roupa, do Nordeste brasileiro, que levou os seus filhos para a casa onde trabalhava, que ficava num sítio numa cidade do interior. Ao cuidar das suas tarefas, mandou os filhos para o grande terreno do sítio para brincarem juntos. Porém, horas depois, o dono do sitio chegou apavorado e perguntou com estupefação: "Gente, pelo amor de Deus! Deixei umas fatias de melancia envenenadas para matar as raposas que estão invadindo meu terreno. E, agora, vi que alguém comeu as melancias! Esse veneno é mortal."

  A mãe das crianças ficou preocupada, pois viu que os seus filhos haviam comido as tais fatias de melancia envenenadas. Chamou as crianças, que brincavam normalmente, e perguntou se elas haviam comido as melancias. E elas responderam: "Sim, mamãe, comemos, mas, antes de comer, fizemos uma oração a Deus, como sempre fazemos em casa". O dono do sítio ficou tão perturbado que levou as crianças a um hospital para saber se elas estariam envenenadas e se poderiam morrer, mas ao serem examinadas, os médicos disseram que elas não tinham qualquer sinal de envenenamento. O homem ficou muito aliviado e admirado com aquele fato. A mãe e as crianças, servas de Deus, puderam testificar e glorificar o nome do Senhor Jesus Cristo, que prometeu livramento aos seus servos caso ingerissem alguma coisa mortifera, pois não lhes faria mal algum. Deus é Fiel!

  Impor as mãos sobre os enfermos e curá-los

  As enfermidades, sem exceção, são todas resultado do estado emocional e fisico que o ser humano passou a viver depois da Queda. Nem toda enfermidade é causada pelo pecado atual de uma pessoa, mas é consequência do pecado original que passou a todos os homens (Rm 5.12). Diante dessa realidade, Jesus prometeu aos apóstolos que estes, revestidos do poder de Deus, estariam capacitados ou ungidos para impor as mãos sobre os enfermos e, no nome de Jesus, curar as suas enfermidades (Mc 16.18c). Os apóstolos, usados por Deus, operaram grandes milagres que impactaram as cidades por onde passavam, além de atraírem os pecadores para aceitarem a Jesus como o seu Salvador.    Foram protagonistas de verdadeiros avivamentos espirituais em lugares que estavam fracassados espiritualmente.

  Pedro e João, ao chegarem diante da chamada Porta Formosa, depararam-se com um homem coxo, que lhes pediu uma esmola, mas Pedro, cheio do poder de Deus, disse a ele:

  [..] Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e tornozelos se firmaram. E, saltando ele, pós-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus. E todo o povo o viu andar e louvar a Deus; e conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à Porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro pelo que lhe acontecera. (At 3.6-10-grifo acrescido)

  Em Samaria, Filipe, cheio do poder de Deus, além de expulsar demônios, curou muitos enfermos (At 8.6,7); já em Lida, houve um grandioso avivamento. Quando Pedro ali chegou, falaram-lhe de um homem chamado Eneias, que estava paralitico há oito anos: "E disse-lhe Pedro: Eneias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta-te e faze a tua cama. E logo se levantou. E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor" (At 9.34-35); dali, Pedro foi para Jope, onde tomou conhecimento de uma mulher de nome Tabita, também conhecida como Dorcas, que estivera enferma e veio a falecer. Ao saberem os discípulos de Jope que Pedro estava em Lida, mandaram chamá-lo para que orasse por Tabita, mulher "cheia de boas obras e esmolas que fazia". Pedro atendeu o chamado deles e foi até onde o corpo dela jazia:

  Mas Pedro, fazendo-as sair a todas, pós-se de joelhos e orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, assentou-se. E ele, dando-lhe a mão, a levantou e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lhe viva. E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor. (At 9.40-42)

  Mais um extraordinário avivamento espiritual houve naquelas cidades.

    Na cidade de Listra, houve grande avivamento espiritual quando

Paulo, cheio do Espírito Santo, foi usado por Deus para curar um

coxo de nascença. Diz a Biblia:

   E estava assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o seu nascimento, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou. (At 14.8-10- grifo acrescido)

  Como já dissemos, esses sinais não foram apenas para a Igreja Primitiva, mas também para "todos os que crerem" no nome de Jesus em todos os tempos e lugares. No presente século, esses sinais estão à disposição da Igreja para demonstrarem o poder de Deus na vida dos crentes. São sinais que indicam a diferença entre uma igreja moderna, pós-moderna ou progressista. Estas não proclamam o evangelho de Cristo com siinais, prodigios e maravilhas; antes, defendem e pregam um chamado "evangelho politicamente correto", que tem como objetivo agradar aos homens e mulheres impios, que deixam de lado a santa Palavra de Deus.

   Uma igreja avivada, no entanto, apresenta sinais de que o Pentecostes está ativo no seu ambiente. Há uma demonstração de dons espirituais: (1) de variedade de linguas; (2) de interpretar linguas; (3) de profetizar; (4) dom da fé; (5) dons de curar; (6) dom de sabedoria; (7) de conhecimento; (8) de discernimento dos espíritos e (9) dom da ciência. Como os dons de curar são diversos, os dons do Espírito Santo não são apenas nove. Em várias igrejas cristãs, mesmo no século da falta de fé, há demonstrações de avivamento espiritual com a manifestação dos dons do Espirito Santo. Que Deus nos ajude a ver esse movimento espiritual, que é um verdadeiro dinamo para a missão da Igreja.

  II - O AVIVAMENTO E A MISSÃO DA IGREJA

  Como Jesus profetizou, após a sua ressurreição, os seus seguidores haveriam de ser batizados no Espírito Santo não muito depois daqueles dias e que receberiam "a virtude do Espírito Santo", que haveria de vir sobre eles e, em consequência, seriam as suas "testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra" (At 1.5-8). No Pentecostes, essa promessa gloriosa teve o seu cumprimento histórico, audível, visivel e real com sinais evidentes de que algo novo tinha ocorrido no seio da Igreja Primitiva.

  Como dissemos no capítulo 5 deste trabalho, o crescimento da Igreja Primitiva não só em termos espirituais, mas também em termos numéricos, foi grandioso. Grande número dos que ouviram a mensagem do evangelho foi batizado no Espírito Santo, e a igreja viu seu número crescer de 120 membros, que se reuniram no cenáculo, para quase 3 mil almas. "De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas" (At 2.41). No cenáculo, reuniram-se, esperando a promessa de Deus, cerca de cento e vinte discípulos, incluindo homens e mulheres (At 1.13,14). Houve um aumento extraordinário do número de cristãos em mais de 250%. Algo impactante jamais imaginado. Era o avivamento espiritual do Pentecostes. Antes se pregava na autoridade do nome de Jesus. Depois do Pentecostes, além de ter essa autoridade, eles passaram a pregar cheios de unção e poder do Espírito Santo. A missão da Igreja pode ser definida em termos de missões locais, regionais e transculturais.

  1. O Avivamento nas Missões Locais

  Evangelizando Jerusalém

Como já visto, em capítulo anterior, o modelo cristão de evangelização e missões é centrífugo, partindo de um centro para a periferia. Jesus definiu que o ponto inicial, a partir do qual a evangelização deveria ser levada a efeito, era Jerusalém:

  E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. (Lc 24.46-47)

  O avivamento espiritual, resultante do Pentecostes, produziu uma chama no coração dos seguidores de Jesus. Mesmo com perseguições, os apóstolos pregaram com ousadia o evangelho de Jesus Cristo. Por inveja, lançaram os apóstolos na prisão para silenciar-lhes a voz, proibindo-os de cumprir a ordenança de Jesus de pregar por todo o mundo e a toda criatura, mas o Senhor Deus interveio e livrou-os milagrosamente da prisão. Foram chamados ante as autoridades judaicas e declararam-lhes a sua missão:

  E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens. (At 5.27-29-grifo acrescido)

  Os apóstolos, inflamados com o poder do Espírito Santo, passaram a pregar com tanto entusiasmo e intensidade que of sacerdote, na sua reprovação aos servos de Deus, disse: "E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina [...]".

   Eles não descansavam, proclamando Jesus aos pecadores, mesmo num ambiente hostil e agressivo contra eles. No mesmo texto, a Biblia diz como eles trabalhavam para cumprir a ordem do Senhor de evangelizar, começando por Jerusalém: "E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo" (5.42). Este é o modelo de evangelização dinamica: não só pregar dentro das quatro paredes dos templos, mas também realizar a evangelização pessoal nas casas e em todas as cidades. Hoje, em muitos lugares do Brasil, há igrejas que não evangelizam, não pregam fora dos templos. Isso é incrível! Temos plena liberdade de expressar nossa mensagem, que nos confiada por Cristo, e muitos não sabem aproveitar para levar o evangelho "a toda criatura".

  Exemplo de evangelização local

  Trazemos aqui nossa experiência de missão local. Louvamos a Deus, amados leitores, pois, na Igreja Assembleia de Deus em Parnamirim, quando para cá nos trouxe Deus para pastorear e servir à sua Igreja, oramos ao Senhor, pedindo orientação sobre como trabalhar na sua obra, contribuindo para o crescimento do Reino de Deus nesse lugar. Foi o próprio Senhor que nos falou que o trabalho da igreja deveria ser chamado de Missão Paramirim, visando a evangelização local, regional e transcultural. Assim, sentimos a direção de implantar, aqui, a experiência dos Mutirões Evangelísticos que já havíamos levado a efeito, em congregações que dirigimos pela graça de Deus, em Natal, capital do Rio Grande do Norte.

  O mutirão evangelistico, realizado a cada três meses, é um modelo de trabalho em que toda a cidade é literalmente alcançada pela pregação do evangelho. A metodologia de trabalho é simples, mas muito eficaz, com a bênção e a aprovação de Deus. Aqui a descrevemos para que nossos amados irmãos, caso desejem, possam utilizar essa estratégia que tem contribuído para o crescimento da igreja e para a glória de Deus. Formamos equipes de evangelização, constituídas de "semeadores de Cristo", que saem para evangelizar todos os dias. Ela é dividida em três partes:

  a) Primeira parte - Campanha de Oração. Na semana que antecede a evangelização, fazemos uma campanha de oração em que todas as igrejas da cidade e do interior do campo eclesiástico façam orações em prol do mutirão evangelistico a ser realizado na semana seguinte. Nenhum trabalho de qualquer natureza pode ser realizado nesta semana, somente orações para que o Senhor Deus opere salvando almas e trazendo afastados de volta à igreja local. Nessa semana, formamos as equipes dos semeadores de Cristo e oramos por eles no fim de cada culto de oração.

  b) Segunda parte - Semana do mutirão evangelistico. Depois da semana de oração, realizamos o mutirão evangelistico propriamente dito.

  Evangelização pessoal. Pelas manhãs e tardes, todos os dias, equipes de evangelização, os semeadores de Cristo, reúnem-se no templo sede e em todas as congregações e igrejas do interior e saem para fazer evangelização pessoal de casa em casa, pelas escolas, nas delegacias, em clínicas médicas, nas ruas, nos transportes, nas paradas de ônibus em todos os lugares possiveis. Graças a Deus, tem sido grande o número de novos convertidos nesse mutirão de evangelização pessoal. Esperamos que, em todo o Brasil, as igrejas despertem-se para fazer esse tipo de evangelização: "E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo" (At 5.42).

   Cultos públicos. Nas igrejas e congregações, são realizados cultos públicos de evangelização nos dias normais de culto. Pela manhã e à tarde, na evangelização pessoal, as pessoas evangelizadas são convidadas a ir às igrejas mais próximas das suas casas. Todas as igrejas e congregações abrem as suas portas para a pregação do evangelho. Pessoas também aceitam a Jesus nesses cultos.

   Cultos ao ar-livre. Em cada mutirão, pela graça de Deus, realizamos mais de duzentos cultos ao ar-livre em casas de irmãos previamente contactados.

  Temos uma "equipe de apoio que se encarrega de providenciar a estrutura para a realização desses cultos. Essa equipe leva cadeiras, serviço de som, iluminação e outros itens necessários à realização dos cultos nas casas. Se houver necessidade, solicitamos permissão da Prefeitura para interditar uma rua a fim de permitir os cultos. Há uma escala prévia de pregadores para cada culto. Deus tem operado grandemente, e há muitas decisões para Cristo. No fim do Mutirão Evangelistico, geralmente no sábado, são realizados cultos ao ar-livre ou cruzadas em todos os bairros da cidade em Parnamirim e no interior. Como temos, pela bondade de Deus, 72 congregações em Parnamirim e mais 122 igrejas e congregações no interior do campo eclesiástico, realizamos quase 200 cultos no encerramento desse esforço evangelistico, que tem sido o fator mais eficaz para o crescimento da igreja. No entanto, a evangelização não se resume nos quatro mutirões por trimestre. Entre os mutirões, a evangelização continua com pelo menos dois cultos ao ar-livre por semana. Anualmente, são realizados mais de 3 mil cultos ao ar livre, nos quais muitas almas são ganhas para Cristo. Toda glória e honra são para Deus. É Ele que dá o crescimento (1 Co 3.7).

  c) Terceira parte - mutirão de discipulado. Depois do mutirão evangelístico, quando muitas almas aceitam a Cristo como o seu Salvador, é indispensável que as igrejas em que houve decisões promovam o discipulado imediatamente. Cada novo convertido deve ser contactado em, no máximo, 48 horas. Seja por visita pessoal, que é a maneira mais importante de demonstrar interesse pela sua vida, ou por contato telefônico, quando a visita torna-se inoportuna ou inconveniente, ou ainda por redes sociais, cujos contatos devem ter sido anotados nas fichas de decisões nos diversos trabalhos de evangelização levados a efeito durante o mutirão evangelistico.

  2. O Avivamento nas Missões Regionais

  Com base em Atos 1.8, quando Jesus disse que os seus discipulos receberiam o poder do Espírito Santo para serem testemunhas além de Jerusalém (evangelização local) e também na Judeia e Samaria, podemos dizer que a missão regional é a realizada em locais mais distantes do centro de ação inicial. Num Estado do Brasil, ou mesmo de outro país, há diversos municípios ou cidades do interior. São nossas "Judeias e Samarias" a ser alcançadas pelo trabalho de evangelização.

  Evangelizando Judeia e Samaria

  Em Jerusalém, ocorreu grande perseguição aos discipulos de Jesus, o que os fez mudarem-se para outros lugares (At 8.1). Cumpria-se o que Jesus dissera antes: "Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem (Mt 10.23).   Nos primordios da evangelização, a igreja foi motivada a sair de Jerusalém para outras cidades nas regiões da Judeia e de Samaria por causa da terrível perseguição aos cristãos, inclusive com o consentimento de Saulo. Filipe levou o evangelho a Samaria (At 8.4); depois, os apóstolos mandaram Pedro e João para reforçar e consolidar o trabalho iniciado por Filipe (8.14), e a ação missionária regional foi tão eficiente que os samaritanos receberam o Espírito Santo (8.17). Depois da sua conversão, Saulo de Tarso tornou-se um dos maiores evangelistas da história do cristianismo. Ele levou a mensagem do evangelho a muitos lugares.

  Missões regionais atualmente

  Nos dias de hoje, esperamos que o Senhor Deus desperte as igrejas locais, em centros metropolitanos, em cidades de porte médio e em municípios de pequeno porte para evangelizarem e cumprirem, assim, o mandado de Jesus, sem que jamais seja necessário haver perseguições. Pelo contrário, quando usufruimos em nosso país de liberdade constitucional para expressar nossa fé e proclamar o evangelho a toda criatura e em todos os lugares, devemos aproveitar essa bênção que não existe em muitos países, principalmente em países comunistas como a China, onde o governo marxista já destruiu centenas de igrejas; ou como na Coreia do Norte, onde milhares de cristãos estão presos e são torturados por não negarem o nome de Cristo. Que as asas da liberdade não se fechem sobre nós.

  III-O AVIVAMENTO E AS MISSÕES TRANSCULTURAIS

  Na promessa do revestimento de poder, Jesus disse em Atos 1.8 que os seus discípulos haveriam de levar a sua mensagem "[...] tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra". Em cumprimento a esse propósito, os discípulos saíram por todas as partes falando do amor e do poder de Cristo para a salvação dos pecadores. Era uma mensagem nova, jamais ouvida pelos israelitas e pelos povos alcançados pela pregação cristă. De Jerusalém, partiram para outras terras, além das fronteiras de Israel, dando inicio à missão transcultural. Eles ganharam almas para Cristo e abriram igrejas na Fenicia, em Chipre e em Antioquia (At 11.19).

  1. Primeira Igreja Missionária

  A igreja em Antioquia já realizava as missões locais, ou missões urbanas, e muitas pessoas aceitaram a Cristo como Salvador:

  E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor (At 11.20-21).

  Por causa do crescimento da igreja em Antioquia, os discípulos mandaram para lá Barnabé, que se tornou o seu primeiro pastor. Aquela igreja tornou-se a primeira igreja missionária. Barnabé e Saulo foram os primeiros missionários enviados para as missões transculturais. Diz Lucas:

  Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Niger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. (At 13.1-3)

  Mediante as suas viagens missionárias, Paulo pregou o evangelho de Cristo em muitas partes, alcançando boa parte da Europa e da Ásia. Foi por intermédio de Paulo que a  Europa pré-cristă tornou-se um continente cristão. Vale salientar que, por falta de amor e interesse pela evangelização constante e intensiva, a Europa, que deu tantos missionários ao mundo, tornou-se em pós-cristä, tornando-se o lugar mais carente do mundo do evangelho de Cristo. Os grandes avivamentos na Inglaterra, com John e Charles Wesley (1703-1791 / 1707-1788); com George Whitefield (1714-1770); na Alemanha, com o Conde Nicolas Zinzendorf (1700-1760), em 1720, entre os morávios; e no País de Gales, com Evan Roberts (1878- 1951), em 1904. Estes foram movimentos espirituais tão extraordinários que se espalharam para outras partes do mundo, chegando à América, com os peregrinos; alcançou a África, onde se destacou David Livingstone (1813-1873), de 1841 a 1873, ganhando muitas almas para o Reino de Deus; Hudson Taylor (1832-1905) foi missionário na China de 1853 a 1905, e houve outros missionários que deram as suas vidas à obra missionária transcultural a partir da Europa.

  2. A Decadência Espiritual da Europa

  O que aconteceu à Europa, que se tornou uma espécie de "vale de ossos secos" do cristianismo? As respostas já são conhecidas. Houve, sim, grandes igrejas, imensas catedrais repletas de crentes e até mesmo cruzadas gigantescas que reuniam milhares de pessoas, só que as igrejas acomodaram-se com o passar do tempo, e os grandes avivamentos acabaram esfriando. No seu lugar, a frieza espiritual foi paulatinamente tomando conta dos corações. Os pastores não mais buscaram a Deus com humildade, com oração, buscando a face do Senhor e confessando os seus pecados (2 Cr 7.14). O resultado foi trágico. O materialismo dominou a mente da maioria dos europeus.

  Deixaram o primeiro amor

  As igrejas cristãs na Europa deixaram de evangelizar com amor e com poder de Deus. O materialismo ateu tomou conta das escolas e universidades. As novas gerações não foram preparadas para enfrentar um mundo dominado pelo ateismo e pelo comunismo. E o pior de tudo: as famílias cristãs de todas as igrejas não fizeram o que a Biblia manda para que as novas gerações não se percam. Deixaram, portanto, de cultivar o ambiente espiritual nos seus lares.

  Deixaram de fazer o culto doméstico

  Como acontece com a maioria absoluta dos crentes atuais em todos os países, os pais não se colocaram no lugar de sacerdotes no seu lar. Está escrito no Antigo Testamento:

   Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; e escreve-as nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. (Dt 11.18-21- grifo acrescido)

  Essa exortação resume o valor do culto doméstico. Sem esse cuidado, gerações inteiras são perdidas, e todo o esforço de missões no passado passa apenas para a história. O salmista também traz a sua mensagem sobre a importância do culto doméstico:

  a) Os pais ensinam aos filhos: "Escutai a minha lei, povo meu;

inclinai os ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei a boca numa parábola; proporei enigmas da antiguidade, os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado" (SI 78.1-3).

  b) Os pais lembram as obras de Deus: "Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez" (78.4).

  c) Os pais devem fazer conhecer aos filhos a Lei de Deus: "Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que a fizessem conhecer a seus filhos, para que a geração vindoura a soubesse, e os filhos que nascessem se levantassem e a contassem a seus filhos" (78.5,6).

  d) Os filhos não devem esquecer-se das obras de Deus: "para que pusessem em Deus a sua esperança e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos e não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus" (78.7,8).

Infelizmente, a maioria dos crentes, pentecostais ou não, atualmente ignoram ou desprezam o valor da adoração a Deus nos seus lares. Não fazem mais o culto doméstico. Sem esse cuidado, as famílias europeias foram dominadas pela onda maligna da Teoria da Evolução; depois, foram influenciadas pelo materialismo ateu. As gerações mais antigas passaram, e as mais novas não querem saber de Deus. Há países no velho continente em que só 5% das pessoas frequentam uma igreja. Os Estados Unidos estão na mesma direção.

  3. Clamor pelo Avivamento Espiritual

  As missões transculturais são as atividades missionárias que cumprem a última etapa da missão da Igreja, "até aos confins da terra (At 1.8), e concretizam o ide imperativo de Jesus, que mandou os seus discípulos irem "por todo o mundo" e pregarem "o evangelho a toda criatura". Porém, esse objetivo missionário só pode ser alcançado se houver um avivamento espiritual em todas as pessoas nas igrejas, a começar pelos seus pastores, líderes ou dirigentes. Que Deus reavive a sua obra em todo o mundo! Oremos como Habacuque: "Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2).

   AVIVA A TUA OBRA – O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus




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