quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Lição 03: A Conversão de Saulo de Tarso

 


OBJETIVO GERAL

Asseverar que a salvação é por meio da graça, acompanhada de arrependimento e fé do pecador como resposta á salvação.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

Apresentar a conversão de Saulo como ato da graça de Deus;
Relacionar a conversão de Saulo com a doutrina biblica da conversão;
Elencar três faculdades interiores que são transformadas na conversão

Texto Áureo

“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.3,4)

Verdade Prática

A verdadeira conversão a Cristo leva em conta o arrependimento, a fé em Jesus e uma completa transformação no pensamento, vontade e ação do homem.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 9.1-9

1- E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo-sacerdote,
2- e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
3- E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu.
4- E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me
persegues? 5- E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
6- E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
7- E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.
8- E Saulo levantou-se da terra e. abrindo os olhos, não via a ninguém. E guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
9 – E esteve três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Ao se encontrar com Jesus Cristo no caminho para Damasco, Saulo teve a sua vida completamente regenerada. A sua faculdade intelectual foi regenerada, pois seu encontro com o Senhor trouxe-lhe luz à mente. Sua faculdade emocional foi afetada, pois ao longo da vida do apóstolo, vemos sua profunda tristeza em perseguir seus irmãos em Cristo. E, final mente, a faculdade de sua vontade foi tocada. O apóstolo desejava apenas desgastar-se e deixar-se gastar pela causa do Evangelho. Assim, nada mais teria sentido para Paulo, senão, o de pregar o Cristo Crucificado. Que o Espirito Santo possa tocar nas faculdades intelectual, emocional e da vontade dos nossos alunos. Ore por isso. Clame por essa obra do céu.

INTRODUÇÃO

A conversão de Saulo de Tarso, indiscutivelmente, foi um dos mais importantes acontecimentos da história do Cristianismo. Saulo tornou-se um dos mais célebres defensores da doutrina de Cristo. Nesta lição, veremos como ele passou por uma mudança radical na forma de pensar acerca do nosso Senhor. No caminho para Damasco, de um modo poderoso, Jesus chamou à razão e entendimento de Saulo, e este mudou de atitude por meio de uma impactante experiência sobrenatural. Assim, se por um lado Cristo tomou a iniciativa; por outro, Saulo respondeu com arrependimento e fé.

PONTO CENTRAL:

 Jesus nos salva por meio da graça e nós respondemos com arrependimentos e fé.

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO

Para introduzir esta lição, fale um pouco do processo de conversão como a obra de salvação que Deus efetua no ser humano. Se Ele nos salva por graça mediante a fé, nós respondemos a essa graça com arrependimento e fé. Nesse sentido, com o auxilio da lousa, relacione as etapas em que essa obra gado por Deus aos pecadores que estão é efetuada por Deus e no homem.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para Deus (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador […]. A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de obediência a Jesus Cristo (2 Co 5:17; CI 3.10). Aquele que realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado […]. e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a Deus e de seguir a direção do Espírito (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1 Jo 2.29), ama aos demais crentes (1. Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1 lo 3.9; 5.18) e não ama o mundo (1 Jo 2.15,16)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1576).

CONHEÇA MAIS

*Sobre a conversão de Saulo

“Os versículos 3-9 [Atos 91 registram a conversão de Paulo fora da cidade de Damasco (cf, 22.3-16; 26.9-18). Que sua conversão ocorreu nessa ocasião, e não posteriormente na casa de Judas (v.11), fica claro à luz do seguinte: (1) Ele obedece as ordens de Cristo!…), Paulo e chamado ‘Irmão Saulo’ por Ananias […]. Para ler mais, consulte a “Bíblia de Estudo Pentecostal“, editada pela CPAD, pp.1648-49.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef 4.23,24) efetuadas por Deus e o Espírito Santo (3.6 [João]). Por esta operação, a vida eterna da parte do próprio Deus é outorgada ao crente (3.16; 2 Pe1.4; 1 Jo 5.11), e este se torna um filho de Deus (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e uma nova criatura (2 Co 5.17: Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm 12.2), mas é criado segundo Deus ’em verdadeira justiça e santidade’ (Ef 4.24). A regeneração é necessária porque, à parte de Cristo, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a Deus e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7.8: 5.12; 1 Co 2.14)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1576).

CONCLUSÃO

A conversão de Saulo foi provocada pelo impacto do resplendor de luz que ofuscou a sua visão e obrigou-o a reconhecer que não podia mais lutar contra Cristo. A conversão é, portanto, uma obra divina em que o homem responde com arrependimento e fé. Na conversão, a soberania de Deus “caminha de mãos dadas” com a responsabilidade humana. Por isso, o arrependimento e a fé conduzem o pecador a ser redimido pelo sangue de Cristo.

| CPAD – Adultos – Tema do Trimestre: O APÓSTOLO PAULO – Lições da Vida e Ministério do Apóstolo dos Gentios para a Igreja de Cristo | Lição 03: A Conversão de Saulo de Tarso

 

       RENDIÇÃO Atos 9:1-9

   Nesta passagem temos o relato da conversão mais famosa da história. Devemos penetrar na mente de Paulo o quanto pudermos, para então vermos que não se trata de uma conversão repentina, mas de uma rendição repentina. Algo a respeito de Estêvão subsistia na mente de Paulo e não podia apagar-se. Como podia um homem bom morrer assim? Para fazer calar essa insistente duvida Paulo se lançou à ação mais violenta possível.

  Muitas vezes acontece que quando um homem se dirige a realizar uma ação de cuja retidão tem certas dúvidas, redobra seus esforços e se esforça para convencer-se a si mesmo de que sua atitude é a correta, para silenciar suas dúvidas. Sua primeira ação foi perseguir os cristãos de Jerusalém. Isto só piorava as coisas porque estava obrigado a perguntarse a si mesmo que segredo fazia com que essa gente singela enfrentasse o perigo, o sofrimento e a perda de seus bens, serenos e sem medo de ninguém. De modo que, afundando-se ainda mais na ação violenta e com sanha redobrada se apresentou perante o Sinédrio.

   As ordens do Sinédrio tinham vigência em qualquer lugar em que houvesse judeus. Paulo ouviu que alguns cristãos escaparam a Damasco e pediu cartas que o creditassem para ir a essa cidade e reclamá-los por extradição. A viagem só piorou as coisas. Entre Jerusalém e Damasco havia cerca de duzentos e trinta quilômetros. A viagem devia fazer-se a pé e levaria em torno de uma semana. Os únicos acompanhantes de Paulo eram os oficiais do Sinédrio, uma sorte de força policial. Sendo fariseu, não podia tratar com eles; de modo que partia sozinho; e ao fazê-lo pensava, porque não tinha outra coisa a fazer. O caminho atravessava Galiléia e esta região trouxe para sua memória mais vividamente aquele Jesus. A tensão em seu interior aumentou. Assim chegou perto de Damasco.

   Damasco era uma das cidades mais velhas do mundo. Justo diante dela a rota subia o Monte Hermón, e lá abaixo estava Damasco, uma bela cidade branca em uma planície verde, "um punhado de pérolas em uma taça de esmeraldas", como alguém a chamou. Essa região tinha um fenômeno característico. Quando o ar quente da planície se encontrava com o ar frio da montanha, desatavam-se violentas tormentas elétricas. Nesse momento houve uma tormenta deste tipo e Cristo falou com Paulo através dela. E nesse momento finalizou a batalha e Paulo se rendeu a Cristo. De modo que entrou em Damasco mudado. E que grande mudança houve nele! Aquele que tinha tentado entrar em Damasco como uma fúria vingativa, o fazia guiado pela mão, cego e impotente como um menino.

   Todo o cristianismo está presente no que o Cristo ressuscitado disse a Paulo. “Levante-se, entre na cidade; alguém lhe dirá o que você deve fazer” (v. 6, NVI). Até esse momento Paulo esteve fazendo o que ele queria, o que ele considerava apropriado, o que sua vontade opinava. Deste momento em diante alguém lhe diria o que teria que fazer. O cristão é um homem que deixou de fazer o que ele desejava e começou a fazer o que Jesus Cristo quer que faça.

   UM ATO CRISTÃO DE BOAS-VINDAS

 Atos 9:10-19ª

 Sem dúvida alguma Ananias é um dos heróis esquecidos da Igreja cristã. Se for certo que a Igreja Paulo deve à oração de Estêvão, também é certo que se deve à fraternidade de Ananias. A reputação de Paulo chegou antes dele. Ananias recebeu a mensagem de Deus de que devia ir ajudá-lo. É levado dirige a uma rua chamada Direita. Esta era uma grande rua que corria do leste ao oeste da cidade. Estava dividida em três partes, um meio-fio central por onde se movia o trânsito, e duas calçadas para os pedestres caminharem e onde os mercados, sob toldos de lona, sentavam-se em seus pequenos negócios e ofereciam suas mercadorias.

   Quando essa mensagem chegou a Ananias deve ter parecido uma loucura. Deus lhe disse: "Vá e ajude o homem que veio para pôr você numa prisão e que teria amado assassiná-lo." Poderia ter-se aproximado de Paulo com suspeitas, como alguém que está realizando uma tarefa que lhe desgosta; poderia ter começado muito bem com recriminações e o culpando; mas não o fez; suas primeiras palavras foram: "Irmão Saulo". Que boas-vindas havia nessas palavras! É um dos exemplos mais sublimes do amor e perdão cristãos. Isso é o que Cristo pode fazer.

   Bryan Green nos conta que depois de uma de suas campanhas nos Estados Unidos pediu na reunião final que o povo ficasse de pé e em poucas palavras lhe dissessem o que ela significou para suas vidas. Levantou-se uma jovem negra. Não era uma boa oradora e disse o seguinte: "Através desta campanha encontrei a Cristo, e Ele me permitiu perdoar ao homem que assassinou a meu pai."

    Permitiu-me perdoar... essa é a essência do cristianismo. Em Cristo, Paulo e Ananias, os homem que tinham sido terríveis inimigos, uniramse como irmãos.

Atos (William Barclay)

 

     A  Conversão de Saulo 

Introdução

  As experiências de  Saulo e do estadista etíope se contrastam. Ambos fizeram uma viagem. Um era gentio, outro judeu.  O gentio vinha de Jerusalém, onde foi buscar bênçãos espirituais.  Saulo ia de Jerusalém a Damasco em vi- agem de perseguição aos crentes. O primeiro caso é exemplo do texto:  "Buscai, e achareis". O outro, do texto:  “Fui achado  daqueles  que  me  não  buscavam'’.  O  Senhor  foi gracioso a ambos os  viajantes.  Um recebeu a bênção que procurava: o outro, a que não buscava. Ambos foram abençoados e  continuaram a viver para Deus.

 I  - A Campanha Anticristã  de  Saulo (At 9.1,2)

  A igreja judaica havia sido estabelecida.  O Evangelho já tinha alcançado Samaria. Logo Pedro abriria a porta da Igreja aos gentios.  Alguém tinha, então, de levar o Evangelho "até aos confins da terra”. Eis o homem certo: Saulo de Tarso.  Não acompanhou Cristo na terra.  Contudo, não era inferior aos primeiros discípulos quanto ao zelo, conhecimento,  poder  e  trabalho.  A  vida  e  ministério  de  Paulo mostram  que  o  Senhor escolheu  o  tipo  de  homem  que  a situação exigia. Segundo a orientação de Deus, ele faria a religião de Jesus  ser uma religião para todos os homens.1.  Um  líder  religioso.  Saulo,  provavelmente  com  30 anos, era membro do Sinédrio, o concilio religioso judeu.O mesmo que condenou Jesus à morte. Isto é dado a entender pela posição que ocupava entre os judeus daquela época  (Gl  1.14),  e  também  pelo  papel  que  desempenhou  no processo de Estêvão (At 7.58), inclusive seu voto lançado (At 22.20).

 2. Um defensor zeloso.

 Com energia característica, Saulo se  dedicava  à  desarraigar  o  Cristianismo.  Para  ele.  um movimento  perigosíssimo.  Provavelmente  imaginasse  ser “do diabo”. Dizer que Jesus, crucificado após a condenação do Sinédrio como blasfemador, era o Messias e Filho de Deus  seria o cúmulo da blasfêmia.  E, quando Estêvão falou  na  anulação  da  Antiga  Aliança  e  na  destruição  do Templo,  Saulo  concluiu  que  tais  ensinos  ameaçavam  a verdadeira religião.  Como  se  os  crentes fossem  subversivos e anarquistas!  Resolveu, então, salvar o judaísmo me- diante a destruição do Cristianismo. Após o apedrejamento de Estêvão,  começou  sua tarefa em Jerusalém (At  8.1-3). Viu o movimento  se espalhar para outras cidades.  Então, pediu autorização a fim de prender os crentes em Damasco e levá-los para serem processados em Jerusalém.

  3.  Um  cruel perseguidor. 

 Saulo era normalmente bondoso  e  gentil.  Quando,  porém,  entrou  nele  o  espírito  da perseguição,  ficou  enfurecido  contra  a  Igreja.  Como  um animal selvagem, prendia homens e mulheres, lançando-os em cárceres, condenando-os a serem açoitados e até mor- tos. Até procurava forçá-los a blasfemar contra o nome de Cristo (At 22.4;  26.10,11;  1  Co  15.9; Fp 3.6).  Qual a explicação para tanta crueldade por parte de um homem devoto e piedoso? Primeiro, agiu “ignorantemente, na incredulidade"  (1  Tm  1.13;  cf.  Lc  23.34).  Em  segundo  lugar, seu zelo era mal orientado. Pensava que, com isso, tributa- va culto a Deus (Jo 16.2,3). O zelo religioso desprovido do amor de Deus sempre tem sido uma desgraça neste mundo (ver  1  Co  13).

 4.  A Igreja ameaçada.

  Cristo prometeu que nunca abandonaria a Igreja (Mt 28.20).

  Assegurava seus seguidores de que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18). Parecia, no entanto, que Saulo não sendo afastado do caminho, o Cristianismo seria exterminado. Tenham bom ânimo, discípulos de Cristo: Alguém está se preparando para levar Saulo cativo terminando assim sua carreira de perse- guições.

 II  - A Luz  Celestial (At 9.3)

1.     Iniciada  a  viagem.

 Levando na bagagem cartas ofi- ciais do Sinédrio, e acompanhado por um grupo de policiais do templo, Saulo iniciou sua viagem. Ia a Damasco para uma campanha anticristã por toda a cidade.  Confiava que seria bem recebido pelas autoridades. Afinal, o governador da cidade  era  amigo  do  sumo  sacerdote  (2  Co  11.32).  O grupo provavelmente viajava em cavalos e mulas. Levariam  cerca  de  uma  semana  percorrendo  em  torno  de  240 quilômetros de distância.  Saulo tinha bastante tempo para refletir durante  a viagem.

 2. A  viagem  interrompida.

  Por  volta do  meio-dia  (At22.6), Saulo e o grupo chegavam perto de Damasco. O fato de viajarem na parte mais quente do dia, quando normalmente  todos  descansavam,  demonstra  sua  impaciência  e pressa. Desejava começar a obra de perseguir os cristãos. Será que dúvidas profundas, fruto da meditação, o incomodavam tanto que buscava abafá-las iniciando logo sua obra? Ao aproximar-se de Damasco, “subitamente", brilhou uma luz do céu ao seu redor. Brilhava mais do que o próprio sol escaldante da Síria em pleno meio-dia (At 26.13).III  - A Voz  Celestial (At 9.4,5)1.  “Saulo,  Saulo, por que me persegues? "  O que estas palavras significavam para Saulo? Recebia uma mensagem pessoal  do  Céu.  No  Antigo,  como  no  Novo  Testamento, quando Deus chamava alguém pelo nome, era sinal de que tinha um cuidado especial por aquela pessoa. E que a chamava para um serviço especial (ver Gn 22.1: 46.2: Ex 3.4;1  Sm 3.4; Lc  19.5; At  10.3). Sabia que eram pronunciadas por um ser celestial. Portanto, estava sendo acusado de lutar contra Deus (At 5.39 - Saulo não havia seguido o conselho de  Gamaliel,  seu  professor).  As  palavras  continham  um desafio à sua retidão de conduta e crença. “Por quê?" Como Saulo,  zeloso pela Lei e por Deus,  iluminado pelas  palavras  de Moisés  e  dos  profetas,  chegou  ao  ponto  de  lutar contra Deus, pensando que servia a Ele

  2. “Quem  és,  Senhor?”

  Saulo tinha consciência de que algum ser celestial lhe aparecera. Ele bem conhecia narrativas de acontecimentos semelhantes no Antigo Testamento (Is 6.1-3; Ez  1.27,28: Dn  10.5-8). Não sabia, no entanto, a  identidade  do  visitante.  Era  um  dos  anjos,  o  Anjo  do Senhor ou o Senhor Deus em pessoa? Esta era a razão da sua pergunta.

 3.  “Eu  sou  Jesus,  a  quem  tu  persegues”.

  Que  susto enorme  para  Saulo!  O  ser  celestial  era  o  próprio  Jesus, considerado por ele  um impostor crucificado.  Estêvão  tinha razão!  O crucificado era verdadeiramente o Messias, glorificado e profetizado (At 7.55,56 e Dn 7.13,14). Note- mos que Cristo se revelou com o nome humano,  tão odiado  por Saulo.  Não  disse:  “Sou  o  Filho  de  Deus”,  nem: “Sou o Messias”. O próprio Jesus de Nazaré  foi glorifica- do (Jo  1.45,46,49,51).

IV - A Advertência  Celestial (At 9.5)

“Duro  é  para  ti  recalcitrar  contra  os  aguilhões”  (At26.14).

 1. A  ilustração.

  Nos dias de Paulo, empregavam-se bois para arar. Os bois, no começo, ficavam parados, dando coice para trás. Por meio de pontas metálicas agudas no madeiramento  do  arado  e  de  um  aguilhão  na  mão  do  arador, inflingia-se cruel sofrimento ao boi rebelde. Até que apren- desse a obedecer ao invés de dar coices.

 2. A  aplicação.

   Deus queria Saulo num serviço nobre, mas este resistia. Provocava sofrimentos a si próprio. Lon- ge de obedecer ao Altíssimo, era rebelde. Contra que aguilhões Saulo dava pontapés? A resposta tem conexão com o martírio de Estêvão.

   Estêvão foi acusado de blasfemar contra a Lei. Mostrava, porém, a mesma glória do rosto de Moisés ao descer do Sinai com a Lei (At 6.11,15; Êx 34.29). Saulo pensava que Estêvão fosse um  apóstata condenado ao inferno.  No entanto,  enquanto  era  apedrejado,  teve  a  visão  celestial  do trono de Deus (At 7.55,56). Saulo considerava Estêvão um inimigo dos líderes judeus. Estêvão, ao invés de amaldiçoá- los, orou invocando perdão para eles (At 7.60). A vida santa dos crentes perseguidos não deixou de causar impressão na consciência de Paulo.  Estêvão,  acusado de quebrar a Lei, morreu com a paz de espírito dos fiéis à vontade de Deus (At 7.59).  Apesar da retidão segundo a Lei exterior e sua paixão pela ortodoxia religiosa, Saulo, por certo, não possuía a satisfação espiritual vista no rosto do mártir.

  As palavras do Senhor dão a entender que o Espírito já falava à consciência de Saulo antes de ter este recebido a visão celestial.  A voz da consciência por certo estava dizendo: “Paulo, não acha que se enganou? Estêvão não tem cara de blasfemador.  Os  crentes  aos  quais  você persegue têm vidas puras.  Será que  eles  não  têm razão  ao  afirmar que Jesus é o Messias?” No início. Saulo deve ter rejeitado tais sugestões. Deviam ser do próprio Satanás, procurando desviá-lo  de  cumprir  seu  dever.  As  dúvidas,  no  entanto, continuavam dando origem a uma cruel luta interior.  Pela misericórdia de Jesus  elas chegaram  ao fim  no  momento da visão. Saulo realmente sofria na sua luta contra os aguilhões da consciência. As Instruções  Celestiais ־  V(At 9.6-8)

1.     Uma comissão peclicla.

 "Senhor, que queres que faça?” (At 22.10).

  As palavras indicavam uma entrega incondicional  ao  Cristo  glorificado  que  lhe  apareceu.  Tinha  sido dominado pela “iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Co 4.6;  Ap  1.16.17; cf. Lc  22.61,62).  As  palavras  revelam,  outrossim.  o  caráter enérgico de Paulo. Sempre pronto para o serviço. A entre- ga a Cristo que fez naquele instante caracterizou toda a sua carreira missionária.

  2.  Uma  comissão  concedida. 

   “Levanta-te,  e  entra  na cidade,  e    te  será  dito  o  que  te  convém  fazer".  Saulo, cego dos olhos físicos, foi levado pela mão até Damasco. Pretendia entrar na cidade como representante do Sinédrio e ser recebido com distinção e honra.  No entanto,  sua entrada foi bem diferente:  ferido,  abatido,  trêmulo  e já não ardia  em  fúria  contra  os  crentes.  Pelo  contrário,  estava disposto  a  aprender  humildemente  com  o  mais  simples cristão.

  3.  Uma comissão mudada.

  “E Saulo levantou-se da terra cruel. Levan Caíra por terra como judeu orgulhoso ״...ratou-se  como  crente  humilhado  e  quebrantado.  Num  só momento. Cristo o transformara de feroz fariseu em verdadeiro discípulo. Daquele momento em diante. Saulo era uma nova  criatura  em  Cristo  (2  Co  5.17).  Morrera  Saulo.  o fariseu; ressuscitara Saulo. o crente. A antiga comissão fora repudiada  (At 9.1.2)  pois  Saulo tinha recebido uma nova (At 26.16-18).VI  ־A Bênção  Celestial (At  9.9-19)

 1.  Uma  alma ferida.

   A  luz  celestial  temporariamente cegou a Saulo (At 22.11). Foi providencial, dando a Saulo tempo  para  meditar  sobre  sua  nova experiência.  Durante três  dias.  sem  comida nem água,  dedicou-se  à oração.  O aparecimento de Cristo mudou tudo para Saulo. Precisava de tempo e silêncio para se ajustar à mudança. Seus olhos foram vendados a fim de que os olhos espirituais se acostumassem à luz recebida.

 2. Um  mensageiro fiel.

  Após conversar com Saulo, o Senhor apareceu a um discípulo chamado Ananias.  Por seu  intermédio,  completaria  a obra  de  instruir a  Saulo, obra que Deus começou pessoalmente. Mesmo havendo a possibilidade de instruí-lo, Cristo lança mão de instru- mentos  humanos  para  tal  serviço  (At  10.3-6).  Ananias recebeu a ordem de ir a certo endereço procurar Saulo e ministrar  a  ele.  O  discípulo  ficou  assustado  ao  receber tal  ordem  (vv.  13,14).  Geralmente existe conexão entre as  visões  e  o  estado  das  pessoas  que  as  recebem.  Por isso, é provável que Ananias, tendo ouvido da comissão de  Saulo.  orasse  pela  proteção  da  igreja  em  Damasco. Por certo, não imaginava que sua oração fosse respondi- da exatamente  daquele modo!

  3.  A  bem-vinda  libertação.

   Obedientemente,  Ananias foi  andando  para  a  casa  onde  Saulo  estava  hospedado -  andou  realmente  pela  fé!  A  singela    e  obediência de  Ananias  é  demonstrada  no  seu  modo  de  se  dirigir ao  antigo  perseguidor: “Irmão  Saulo...”  Com  a  imposição  das  mãos  de  Ananias.  Saulo  foi  curado  da  cegueira.  Depois  foi  batizado  na  água,  e  começou  a  co- operar  na  igreja.

     Ensinamentos  Práticos  ־

   VII1.  A  comunhão  dos  seus  sofrimentos.

   “Por  que me persegues?”

    Esta  pergunta  é  como  espada  de  dois  gumes.  Repreende  os  perseguidores  e  consola  o  povo  de Deus. Expressa a contínua presença do Senhor com seus servos. É a identificação com os seus sofrimentos. Quando qualquer parte do nosso corpo é ferida, sentimos dores. Assim também o Cristo glorificado fica sendo, mais uma vez,  o varão  de  dores  quando qualquer membro  de  seu corpo  sofre.  No  dia  do  Juízo,  os  perseguidores  não arrependidos ouvirão:  “Em verdade vos digo que, quando  o  fizestes  a  um  destes  meus  pequeninos  irmãos,  a mim  o  fizestes”.

2.     O  dever da  cuidadosa  reflexão.

  “Por que me perse- gues?”

   Cristo  apela  à razão  do  homem.  “Vinde  então,  e argüi-me, diz o Senhor...” Deus quer levar todos a meditarem profundamente sobre a sua vida e o seu relacionamento com ele.Oxalá as pessoas meditassem mais! Males são pratica- dos por falta de reflexão. Por falta de se entender as conseqüências ou as verdadeiras razões do que se faz. A maioria  das  pessoas  são  impulsionadas  por  paixões  cegas. Enquanto isso, seu juízo fica adormecido. “O boi conhece o seu possuidor,  e  o jumento  a manjedoura do seu dono: mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende”  (Is  1.3).

  3. As conseqüências de se resistir a Deus.

  “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”. Já explicamos a figura. Vamos considerar as palavras como parábola do relaciona- mento entre o homem e seu Criador.

  3.1.     O boi. 

  Por que o homem é comparado a ele? É um animal valioso e depende do dono para suprir suas necessidades. Do boi se exige, com toda a razão, o serviço, que pode ser muito frutífero.

  3.2.  O  aguilhão.

  O instrumento, por doloroso que seja, é necessário por causa da natureza obstinada do boi. Quais os  aguilhões  que  Deus  emprega para  amansar a natureza rebelde  do  homem?  Bons  conselhos  de  amigos;  sermões bem aplicáveis: aflições: a operação do Espírito Santo sobre a consciência.

  3.3.  Os  coices.

   O boi estultamente dá coices quando sente  o  aguilhão,  que  assim dói muito mais.  Da mesma forma, há pessoas que zombam dos bons conselhos, rejeitam exortações, ficam zangadas quando o sermão ataca seus erros e, embora não possam empregar violência contra o povo de Deus, o perseguem com calúnias, zombarias e críticas. Mesmo assim, é duro recalcitrar contra os aguilhões.  “O caminho dos transgressores é áspero”. Lutamos  contra  o  nosso  próprio  bem,  quando  lutamos contra  Deus.

  4. Λ variedade  nas  conversões.

   A conversão de  Saulo foi  súbita,  violenta  e  espetacular.  Muitas  conversões  são assim. Como o carcereiro de Filipos, precisam de um ter- remoto para despertá-los a fim de reconhecerem seu peca- do  e  a  necessidade  de  salvação.  Outras,  como  Lídia  (At16.14).  abrem  seu coração com mais  naturalidade às suaves influências do Espírito Santo. O que Saulo fez de bom para  merecer  a  salvação?  Nada.  Pelo  contrário,  estava empenhado em perseguir a Igreja. Da profundidade da sua experiência podia dizer:  “Pela graça sois  salvos”.  A conversão  de  Lídia,  por  outro  lado,  resultou  da  sua piedosa busca por Deus nas reuniões de oração.

  A lição a ser meditada é que Deus trata com os indivíduos  de  diferentes  modos.  Alguém disse com  acerto:  “O Espírito Santo não tem hábitos”. Ele é livre e soberano em todas as suas operações.  Afinal, a questão não é como alguém foi convertido, e sim. se realmente recebeu a Cristo. Depois,  sua  vida  revelará  a  Cristo:  “Por  seus  frutos  os conhecereis".

   5.  O  mistério  da  regeneração.  "E  os  varões,  que  iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém”  (At 9.7).  "Os que estavam comigo,  viram a luz, sem contudo perceber o sentido de quem falava comi- go” (At 22.9). Os homens que acompanhavam Saulo ouviram um som. Mas não entenderam o que era falado. O verbo grego “ouvir” tem o sentido de "entender” também. A tradução  depende  da  regência.  Por  isso  a dúvida que  surge em traduções que colocam "ouvir” em ambas as passagens.

   Como os acompanhantes de Paulo, hoje, os não-convertidos  nada  compreendem  sobre  a  vida  espiritual:  "Ora  o homem  natural  não  compreende  as  coisas  do  Espírito  de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las. porque elas se discernem espiritualmente”  (1  Co  2.14).

  Muitas pessoas são espiritualmente cegas. A questão é: Desejam ver realmente ou preferem continuar cegas? A fé é  o  remédio,  porque,  em  assuntos  espirituais,    vemos depois de crermos.

  6.  Perguntas  da  alma  despertada.

    O  despertamento espiritual de Saulo foi evidenciado nas suas duas pergun- tas: “Quem és, Senhor?” e “Senhor, que queres que faça?" Estas perguntas  servem como teste do nosso crescimento na  graça.  Temos  desejo  de  saber  mais  e  mais  acerca  de Cristo? Nossa atitude é de obediência, buscando conhecer a sua vontade para nós?

  7. Da morte para a vida.

   “E esteve três dias sem ver..." (v. 9). Jonas passou três dias no grande peixe. Depois surgiu para um ministério renovado. Cristo ficou três dias sob a terra e, então, ressuscitou para uma nova vida. Da mesma forma, os três dias que Saulo passou na escuridão simbolizam  a morte  de  sua  antiga  vida e  a ressurreição  para  a nova. Os prazeres anteriores já não existem. Suas atividades passadas terminaram. Seus velhos amigos se foram. No silêncio e  na escuridão,  a  nova  vida  tomava  vulto.  Nova luz  se  acendia  em  sua  alma.  A  salvação  raiava  em  seu íntimo, e suas forças se reorganizavam para o cumprimento de novo ministério. Os novos amigos já chegavam à porta. Os dias de inatividade forçada podem servir para renova- ção espiritual.

  8.  Nada  é difícil denieds para o Senhor. Leia os vv.  10- 14. observando como Ananias parece estar explicando suas dificuldades  ao  Senhor.  Como  se  Deus  não  conhecesse muito bem a Saulo. Ananias, como muitos de nós, achava difícil considerar um problema muito grande solucionado e e agir com plena fé de que Deus já removera os obstáculos. Saulo  parecia  tão  fora  do  alcance  da  graça  divina!  Os melhores  servos  de  Deus,  geralmente,  eram  pessoas  que pareciam fora do alcance da religião.

  Se tivéssemos os olhos de Cristo!  Nunca consideraria- mos  ninguém  pecaminoso  ou  endurecido  demais  para  a graça salvadora, revelada em Jesus Cristo.

 9. Escolhido para  o serviço

  “Este é para mim um vaso escolhido..."

    O  mundo é o campo em que Deus opera.  E está cheio dos  seus instrumentos.  Cada ser humano pode ser  transformado  em  instrumento  de  Deus.  O  Senhor  vê tudo e sabe onde achar vasos para seu serviço. Dois fatos ocorrem  nas  conversões:  o  homem  recebe  um  poderoso Salvador e Deus um servo dedicado. Podemos testificar que achamos um grande Salvador? E o Senhor? Pode testificar que.  em nós.  achou um  servo fiel?10.  Sofrimento  e seniço. Jesus disse: "E eu lhe mostra- rei  quanto  deve padecer  pelo  meu  nome".  A  alegria  do Senhor sempre está conosco.  Mas,  em um mundo imperfeito como é este. não podemos imaginar que passaremos a vida  sem dificuldades.  Quando  sofremos por causa das nossas próprias falhas, isto não é surpreendente. As vezes, porém, ficamos perplexos quando fazemos o bem, e ainda passamos por momentos difíceis.  Pedro disse:  “Se, fazendo o bem. sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (1  Pe  2.20).

   11.  Caloroso aperto de mão  no  escuro.

 Quanto valeu a Saulo  o  toque  amistoso  da  mão  de  Ananias?  E  sua  voz bondosa? Foi motivo de alegria para o antigo perseguidor ser  chamado  '1irmão‘‘.  Desta  forma.  Saulo  soube  que  os cristãos já lhe tinham  perdoado.É só dessa maneira que a obra cristã pode ir adiante. As pessoas necessitam mais de nossa simpatia do que das cri- ticas. Precisam de um caloroso aperto de mão, não de olhar frio.

 12.“Eis que ele está orando".

  Ananias não tinha razão de  temer  um  encontro  com  o  terrível  Saulo  de  Tarso.  O Senhor já lhe explicara:  ‘'Pois eis que ele está orando‘‘.  A oração era uma evidência da conversão de Saulo. O caráter de Saulo foi marcado, durante todo o seu ministério,  pela incessante oração em prol dos convertidos. A nossa conversão traz o selo da oração?

A  Conversão de Saulo 

CLAUDIONOR DE ANDRADE


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